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Copyright ©2019 By ORG. Anderson Orzari Ribeiro; Vani Xavier de Oliveira Júnior e Autores Diversos
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, através de quaisquer meios.
EDITORA ILLUMINARE
Caixa Postal 49 — Torres — RS — 95560-000
www.editorailluminare.com.br
Edição
Laura Salles
Revisão Geral
Milena Moraes
Diagramação e Capa
Sarah Schoenberg
ISBN 978-85-85005-56-6
CDD: 869.4.
CDU: 821.134.3-3
1
Relatos e Propostas de Inclusão no Ensino de Química
Volume III
Org.
Anderson Orzari Ribeiro
Vani Xavier de Oliveira Júnior
1
COLABORADORES
1
SUMÁRIO
2
PREFÁCIO
Este livro faz parte de uma coleção de 3 (três) livros organizados a partir
dos Trabalhos de Conclusão elaborados pelos alunos do curso de formação
continuada Especialização em Ensino de Química, ofertado pela Universidade
Federal do ABC (UFABC), na modalidade EaD.
Os livros foram organizados pela união de trabalhos que abordaram
temáticas semelhantes, tais como o emprego da Experimentação, do Lúdico, de
Paródias, de Aula Invertida, de adaptações para alunos com necessidades
especiais, entre outros.
O curso de formação continuada tem como objetivo discutir conteúdos
teóricos e práticos relacionados ao ensino de Química. As atividades
apresentadas nas disciplinas contemplam propostas teóricas e práticas que
abrangem o conhecimento científico e tecnológico relacionado aos componentes
curriculares da área.
Em linhas gerais, a proposta leva em consideração a filosofia de trabalho
interdisciplinar que norteia a atuação da UFABC, privilegiando uma visão
integrada do conhecimento científico relacionado à área de Química. O curso,
oferecido na modalidade EaD, também busca possibilitar aos professores
momentos para discussões sobre a prática docente diária, bem como
proporcionar um espaço para a reflexão sobre o ensino e a aprendizagem.
A primeira turma do curso foi ofertada entre fevereiro de 2017 e
dezembro de 2018. O público alvo foram professores da educação básica que
trabalham com as disciplinas de Ciências, Biologia, Física ou Química. O curso
foi composto pelo oferecimento de 18 (dezoito) disciplinas com conteúdo de
Química, das quais o aluno precisou cursar um mínimo 12 (doze). Além destas,
foram oferecidas as disciplinas “Metodologia científica” e o “Trabalho de
Conclusão de Curso”.
Em todas as disciplinas do curso as atividades propostas versaram, no
seu início, sobre a contextualização social, econômica e científica dos conteúdos
propostos. Após a contextualização geral, um conjunto específico de conteúdos
de Química foi trabalhado. Estes conteúdos estão relacionados ao tema de cada
disciplina e foram definidos com base nos conceitos apresentados nos
Parâmetros Curriculares Nacionais. Por fim, nas últimas atividades de cada
disciplina, os alunos propuseram e realizaram uma atividade prática que foi
executada durante seu trabalho diário como professor. A elaboração, execução
e discussão dos resultados obtidos nesta atividade prática foram acompanhados
e discutidos com os professores e tutores do curso, e puderam compor o
Trabalho de Conclusão do Curso do aluno.
3
A proposta para a discussão entre os alunos tem como objetivo
proporcionar momentos de aprendizagem a partir da experiência dos próprios
professores-alunos. A interação mediada pela vivência de cada um pode
propiciar um debate que abarque, ora ou outra, temas fundamentais para a
prática diária do aluno (que é professor). E, por tais conclusões emergirem dos
resultados e discussões provindas de sua própria experiência docente, em
conjunto com experiência de seus pares, o aprendizado atingido pode ser mais
significativo.
Como resultado das atividades trabalhadas durante a primeira turma do
curso observamos resultados bastante positivos. Os alunos relataram em
pesquisas de opinião que aproveitaram a oportunidade para promover uma
complementação na sua formação inicial, e puderam conhecer um conjunto novo
de recursos técnicos, materiais didáticos e de metodologias que poderão ser
utilizadas por eles em suas atividades diárias
Diante deste contexto, alguns dos trabalhos de conclusão de curso
elaborados pelos alunos foram selecionados para serem apresentados em
formato de uma coleção literária.
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SOBRE OS AUTORES
5
Metodologias para inclusão de surdos no ensino de Química
Samara Dilio Franzol, Érica Gislaine Aparecida de Miranda, Heloisa França
Maltez
1. Introdução
1
social de alunos surdos não se limita à presença de um intérprete na sala de
aula. Há necessidade da adaptação de materiais para todas as disciplinas e
necessidade de melhor formação de professores para que valorizem a
diversidade na escola de forma concreta e eficaz.
Para que a inclusão exista de fato, o aluno com deficiência precisa de
uma organização escolar que envolva proposta pedagógica, acessibilidade,
adequação curricular e práticas educacionais, de modo que não haja apenas a
inserção de presença física do estudante no espaço escolar, mas que as
carências dele no quesito educacional sejam supridas. É necessário que
diferentes ações complementares ocorram. Adoção de apenas uma forma de
trabalho na escola limita diversas outras possibilidades e contribuições para
atender a diversidade, trazendo uma visão reducionista, que pode acarretar em
prejuízos para alunos com processos de aprendizagem diferenciados. (VIVEIRO
e BEGO, 2015).
Diante do exposto, percebeu-se a necessidade de desenvolver
atividades com os deficientes auditivos, tomando por base a teoria de interação
social de Vygotsky.
Os seres humanos criam continuamente instrumentos e sistemas de
signos, que lhes permitem conhecer e transformar o mundo, ao mesmo
tempo em que estes os transformam, impelindo o desenvolvimento de
novas funções psíquicas. (TUNES et al, 2005, p.684).
2
sejam humanos, materiais, metodológicos, entre outros, significativos para
promover um ensino de qualidade no espaço escolar para todos os alunos.
Considerando este panorama geral, este texto reflete o resultado de um
estudo que teve como objetivo criar metodologias de ensino para alunos surdos
na disciplina de Química. A pesquisa mostra a importância da Língua Brasileira
de Sinais na construção do conhecimento e identidade dos surdos. Existe uma
ausência de procedimentos metodológicos que privilegiem a experiência visual
do surdo no processo de ensino e aprendizagem.
2. Breve histórico
Na antiguidade (4000 a.C. – 476 d.C.), acreditava-se que o pensamento
e a linguagem só podiam ser adquiridos pela audição, portanto, os surdos não
eram considerados seres humanos competentes. Na Idade média (476 d.C. –
1453 d. C.), os surdos eram desprezados pela igreja, pois não eram capazes de
verbalizar as orações. Essas crenças só caíram por terra na Idade Moderna
(1453 – 1789), quando os surdos foram ensinados a falar, ler e escrever. Desta
maneira, a língua de sinais foi desenvolvida com a criação de sinais metódicos.
Na Idade Contemporânea (1789 – 1900), então, a língua de sinais é difundida
por vários países.
Antigamente, os surdos eram considerados surdos-mudos e utilizavam
os gestos como meio de comunicação, o que influenciou Hernest Huet, em 1857,
a fundar uma escola de surdos no Brasil, denominada Instituto Nacional de
Educação de Surdos, no Rio de Janeiro (INES-RJ), cuja grade curricular voltava-
se para uma metodologia que atendesse às necessidades dos alunos, para que
estes pudessem desenvolver a linguagem e o conhecimento. Além disso,
procurava proporcionar uma base educacional sólida, para que tivessem a
possibilidade de aprender a ler e a escrever de acordo com a língua majoritária
da sociedade ouvinte.
Apesar dos aspectos positivos e de os sinais terem conquistado espaço
na educação de surdos, em 1880, no Congresso de Milão, o método oral puro
foi imposto e a língua de sinais proibida. A oralização foi estabelecida devido à
superioridade incontestável da fala sobre a língua de sinais. Acreditava-se que
somente dessa maneira os surdos seriam reintegrados na vida social. Esse fato
3
provocou revolta nos surdos, pois a proibição de sua própria língua prejudicaria
suas identidades, cultura e educação.
Na década de 70 surgiu a comunicação total. A ideia dessa filosofia é de
que os surdos conseguiram se encaixar no modelo do ouvintismo, criando assim
uma política de assimilação em que os professores utilizam a língua de sinais
como ferramenta para o aprendizado da língua oficial do país, a língua
portuguesa, destacando o desenvolvimento da escrita e da leitura e
desvalorizando completamente a riqueza e o valor linguístico e cultural dos
surdos. (GÓES, A. M. et al., 2011)
A imposição das regras de normalização representou grande tensão
entre surdos, devido à violência contra a cultura surda, marcada até hoje na
história da educação de surdos.
3. Legislação e políticas
Atualmente, há uma série de leis em relação à educação de surdos, à
língua de sinais, à cultura surda e à acessibilidade de comunicação para que
eles possam estudar e trabalhar e ser incluídos na sociedade.
Entre os anos de 1960 e 1970, adotou-se uma Educação Integradora,
assegurando aos deficientes o direito de serem incluídos junto aos demais
alunos. Em 1990, aprimorando a proposta anterior, lançou-se a política de
Educação para todos, de inclusão escolar, que teve como objetivo principal
educar todos no mesmo espaço. Também na década de 90, foi criada a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9.934, de 20 de dezembro de
1996, que teve como meta garantir às pessoas surdas, em todas as etapas e
modalidades da educação básica, nas redes públicas e privadas de ensino, a
aquisição da língua nativa dos surdos. A Lei Federal nº 10.436, de 24 de abril de
2002 (BRASIL, 2011), reconhece a língua de sinais como língua oficial dos
surdos brasileiros.
A partir desta Lei, temos o Decreto nº 5.296, de 02 de dezembro de 2004,
que regulamenta as Leis de Acessibilidade (10.048/2000 e 10.098/2000),
priorizando o atendimento às pessoas surdas com serviços de atendimento
prestados por intérpretes da Língua Brasileira de Sinais. E o Decreto nº 5.626,
de 22 de dezembro de 2055 (BRASIL, 2011), instituiu o ensino aos surdos na
língua de sinais em escolas ou salas próprias de surdos, implementando a
4
disciplina de Libras como obrigatória em todas as grades curriculares dos cursos
de licenciatura, pedagogia e fonoaudiologia, exigindo a presença de intérpretes
em espaços onde há alunos surdos e a formação de professores de língua de
sinais, por meio da licenciatura ou graduação em Letras/Libras, e de intérpretes,
por meio do bacharelado também nessa graduação. Ainda há a Lei nº 12.319,
de 01 de setembro de 2010 (BRASIL, 2011), que reconhece a profissão de
tradutor e intérprete da língua brasileira de sinais.
5. A atividade proposta
Foi desenvolvido um tabuleiro de um jogo. O participante escolhe uma
letra: A, B, C ou D e também um número: 1, 2, 3, 4, 5 ou 6, tudo em libras.
Figura 1: Tabuleiro do jogo desenvolvido
6
Figura 2: Resultado possível da ação de um participante
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Figura 4: Tabuleiro do jogo utilizado durante a aula
7. Observações
Os alunos relataram que a aula foi muito interessante e importante para
o processo de ensino e aprendizagem deles. Comentaram o quanto foi
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significativa a interação real com o mundo dos surdos. Em seguida, reproduções
dos comentários feitos pelos estudantes sobre a atividade aplicada.
Aluno 1 - ouvinte: “O jogo desenvolvido foi muito bom e muito bem
aplicado pela professora. Além de aprendermos Química, a gente aprende libras,
que no meu ponto de vista é muito bom que os alunos aprendam, pois todos
conseguiriam conversar com pessoas surdas.”
Aluno 2 - surdo: “F
oi muito legal o jogo na libras eu gostei o jogo e entendi melhor os alunos
ouvinte também participou.”
Aluno 3 - ouvinte: “Foi uma atividade sensacional. Além de incluir todos
é uma atividade divertida. É por isso que nós dobramos nossos joelhos e
pedimos mais professoras como a Samara.”
Aluno 4 - surdo: “Escola jogos libras ensinou aula melhor aluno ouvinte
participou.”
Aluno 5 - ouvinte: “Eu achei sobre o jogo, que desenvolve o
conhecimento dos alunos sobre libras. Foi bem legal e divertido, conhecemos os
sinais, alguns alunos já conhece mais a maioria não. Todos queriam ir de novo,
foi um jogo bem legal. Adorei”.
Aluno 6 - surdo: “A professora passou um jogo que ela explicou que
muito legal que todos os alunos participam da brincadeira dela, eu achei muito
legal. Todo mundo aprendeu.”
Aluno 7 - ouvinte: “O jogo foi uma ótima atividade educativa e com
prêmios supimpas, por meio do uso de libras os alunos selecionavam um número
e uma letra. Após efetuarem os passos supracitados, eles deveriam usar libras
para identificar a substância química. Esta atividade além de educativo foi muito
saborosa com o bis como prêmio”.
Viveiro e Bego afirmam que é necessário buscar estratégias e métodos
de ensino para bons resultados de aprendizagem:
9
Em rodas de conversa entre professora, intérpretes e alunos foi
comentado sobre o desenvolvimento do jogo e principalmente a necessidade de
tempo para elaborar atividades em libras.
Foi abordada, ainda, a ausência de recursos, por parte do governo, para
o aprimoramento das aulas, uma vez que não há nem mesmo um material de
apoio, como apostilas, em Libras, para tal finalidade. Isso seria um facilitador no
processo de aprendizagem, mas na atual conjuntura torna-se contraditório ao
que é dito pelo poder público no quesito acessibilidade. O intérprete tem de se
adaptar às exigências de interpretação e garantir a eficácia do trabalho no
sentido de viabilizar a compreensão das informações passadas aos deficientes.
O conhecimento de questões relativas aos gêneros discursivos e suas
implicações também é necessário, uma vez que cada contexto discursivo pede
ajustes linguísticos que demandam trabalhos distintos em cada uma das línguas
utilizadas. Eles, os intérpretes, trabalham ativamente no processo de ensino-
aprendizagem, não só interpretando conteúdos, mas se envolvendo nas formas
de inclusão real do aluno, conversando e trocando informações com o professor,
colaborando para a construção de uma prática pedagógica adequada ao
estudante surdo.
É relevante comunicar que, com frequência, durante explicações mais
prolongadas sobre um conceito “faltam sinais” ao intérprete, entretanto, o/a
professor(a) prossegue os ensinamentos para os demais, sem perceber as
dificuldades dos alunos surdos. Nestes casos, o intérprete precisa interagir e
tornar mais acessíveis os conteúdos e a construção dos conceitos, buscando
produzir enunciados que façam sentidos, sem comprometer a perda das
informações mais relevantes. Após o jogo, a interação do professor com o aluno
surdo (sem a mediação do intérprete) foi mais proveitosa, algo que, conforme os
próprios alunos, é difícil em todas as aulas.
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Na prática, somente a presença do intérprete não garante que todas as
necessidades educacionais dos surdos sejam atendidas. Os alunos comentaram
sobre a importância de todos os professores reverem suas próprias práticas e/ou
recursos de ensino para terem êxito na educação dos surdos.
Considerações finais
11
Referências
12
Aulas práticas no ensino de Química para alunos com autismo
Taciana Cristina de Oliveira Sergent, Aline Alves Ramos, Paula Homem-de-
Mello
1. Introdução
13
sala de aula, de modo que não ocorra a exclusão destes alunos (GILLBERG,
2009).
No ensino de Química, disciplina que instiga questionamentos sobre a
compreensão da vida moderna, bem como os fatos cotidianos que permitem a
evolução das espécies e estudo da matéria, o aluno pode desenvolver sua
capacidade crítica e transformadora, uma vez que participa da tomada de
decisões nas situações ao redor. Para que ocorra a inclusão de todos os alunos
no ensino de Química é fundamental que o professor busque estratégias e
métodos diferenciados, como aulas práticas e experimentais, com o intuito de
respeitar os limites dos alunos e potencializar suas habilidades (CAVALCANTI;
FREITAS, 2010).
Por se tratar de disciplina que requer abstração, o aprendizado de
Química pode ser ainda dificultado quando os alunos apresentam limitações na
compreensão e assimilação da linguagem pela resistência na socialização
(SFALCIN, 2006).
Dentre as caracterizações do autismo, a Síndrome de Asperger tem
destaque, devido ao desenvolvimento precoce destes sujeitos, que apresentam,
em aspectos gerais, mais interesse pelas áreas exatas, além de apresentarem
alta capacidade cognitiva, mas dificuldades elevadas na relação social,
apresentando dificuldade para considerar o ponto de vista de terceiros
(WILLIAMS E WRIGHT, 2008).
Para Queiroz (2004), os alunos com autismo, especialmente aqueles com
Síndrome de Asperger, dependem de aulas dinâmicas, planejadas, estruturadas
e adequadas para que ocorra a aprendizagem. Quando suas limitações são
respeitadas e suas habilidades exploradas, a aprendizagem acontece de
maneira significativa, instigando o interesse de todos os alunos. As aulas
práticas de Química representam neste momento de possibilidades aos
discentes, motivando à participação coletiva e inclusão de alunos autistas, pois
a disciplina permite a valorização dos sujeitos ao aplicar os conteúdos na
realidade cotidiana.
Este capítulo é iniciado com uma breve abordagem sobre o ensino de
Química no cenário atual, mencionando os parâmetros curriculares nacionais
para o ensino médio como a regulamentação da disciplina de Química. Ao final,
são sintetizadas algumas iniciativas de aulas práticas experimentais realizadas
14
em sala de aula para o ensino de Química, baseadas em pesquisas já publicadas
que abordam a temática.
16
[...] a preocupação com o aprendizado das Ciências
Naturais nas salas de aulas aproximou tal área às
Ciências Humanas e Sociais, reforçando a percepção da
Ciência como construção e desenvolvimento do ser
humano junto à sociedade, e não como verdade natural.
Desde então, o processo de construção do conhecimento
científico pelo estudante passou a ser predominante na
discussão do aprendizado (KRASILCHIK, 2009, p.66).
17
aos docentes, discutindo a produção de contextos e temas educacionais que
condizem com a realidade do aluno (BRASIL, 2002).
Em relação ao Ensino Médio, os PCNs estão subdivididos em áreas do
conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias, ciência da natureza,
matemática e suas tecnologias, ciências humanas e suas tecnologias. A
proposta desta segmentação é completar a educação básica de forma
responsável, proporcionando a formação crítica e transformadora dos alunos,
além de qualificar os indivíduos para o exercício cidadão e práticas
profissionalizantes, capacitando os alunos de maneira contínua e progressiva a
fim de alcançar uma aprendizagem de qualidade (KRASILCHIK, 2009).
No caso do ensino de Química, os PCNs direcionam à necessidade do
trabalho com a compreensão e inserção da realidade aos conteúdos,
possibilitando aos discentes a potencialização das capacidades cognitivas,
permitindo o raciocínio lógico em situações de desafios, bem como a ampliação
de recursos que possibilitem a execução dos exercícios cidadãos dentro da
aprendizagem (BRASIL, 2002).
Em Ciências Naturais e suas tecnologias, o processo de ensino-
aprendizagem representa uma herança cultural da ressignificação da
importância e relevância da natureza para a sociedade e para o homem
(VARGAS, 2004). É proposto trabalhar com as competências e habilidades dos
sujeitos, afirmando a necessidade da interdisciplinaridade que reúne as
experiências dos docentes, levando o aluno a entender e debater os contextos
reais da sociedade, além de intencionar a solução de problemas por meio de
abordagens inovadoras de modo que ocorra o enriquecimento discente
(BRASIL, 2002).
Para Moraes (2005), o documento esquiva-se um pouco da aplicação da
interdisciplinaridade para limitar-se apenas as afirmações da necessidade de
sua presença nos currículos escolares. O autor faz uma crítica ao conhecimento
compartilhado e fragmentado que as disciplinas proporcionam aos estudantes,
cabendo à discussão interdisciplinar resolver os problemas educacionais,
inovando o currículo a fim de torná-lo mais significativo por meio do diálogo entre
as áreas.
Para a disciplina de Química, houve uma atualização dos Parâmetros
Curriculares Nacionais em 2006, propondo que a formação do aluno esteja
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voltada à adoção de atitudes conscientes sobre a necessidade de preservação
do planeta. Além disso, a contextualização é tratada com ênfase, permitindo que
o professor explore os conteúdos de maneira ampla, dentro da realidade
discente, como destacado em
19
3. O Autismo e a Síndrome de Asperger
O termo autismo surgiu no ano de 1911, criado pelo psiquiatra Paul Eugen
Bleuler para referenciar casos de esquizofrenia caracterizados por uma postura
mais retraída dos sujeitos. O primeiro relato deu-se em 1943, pelo médico Leo
Kanner, após a conclusão de seus estudos sobre um grupo de crianças com
características incomuns no modo de agir socialmente, tanto em casa e quanto
na escola (GAUDERER, 2007).
A partir da iniciação de Leo Kanner, os estudos voltados às deficiências e
necessidades especiais adquiriram mais espaço, objetivando encontrar
informações apropriadas para justificar e auxiliar as pessoas com os diferentes
distúrbios que afetam o desenvolvimento humano. A caracterização mais comum
dos autistas pode ser considerada como:
20
de emoções e sentimentos do aluno, além da baixa autoestima, surtos, ausência
de empatia e dificuldade de organização (BOSA, 2002).
A principal definição do autismo caracteriza-o como um transtorno
invasivo do conhecimento, afetando a evolução, manifestando-se antes dos três
anos de idade, comprometendo os aspectos humanos fundamentais da
comunicação, socialização e imaginação (SOARES, 2017). O autismo está
associado a diferentes tipos de síndromes, variando quanto aos sintomas, o que
explica a definição de que o autismo se trata de um espectro de transtornos
(RODRIGUEZ, 2006).
A Síndrome de Asperger assemelha-se aos comportamentos do autismo,
mas a principal diferença é a capacidade linguística superior e elevada
capacidade cognitiva (WILLIAMS; WRIGHT, 2008). O diagnóstico da Síndrome
de Asperger ainda é complexo, pois em muitas situações a classificação dos
indivíduos que apresentam as predisposições à síndrome acaba determinada
com hiperatividade, déficit de atenção, desordem emocional e comportamental,
além de distúrbios relacionados à aprendizagem ou até mesmo às altas
habilidades, entre outras observações clínicas.
De acordo com Gauderer:
21
uma relação apropriada entre as atividades executadas e os objetivos do ensino
(FERREIRA, 2013).
Para Rodriguez (2006), os alunos com deficiências percebem, aprendem,
adaptam e pensam tal como os demais sujeitos, seguindo os princípios e
padrões gerais, diferenciando-se apenas na rapidez e/ou eficiência do processo,
ou seja, enquanto um aluno sem deficiência aprende em um ritmo mais
acelerado, os alunos com necessidades educacionais especiais demoram um
tempo a mais para que a assimilação seja completada de maneira significativa.
Neste contexto, a educação realizada por meio da ludicidade e dinamismo
não se resume apenas a uma diversão, mas representa um meio de enriquecer
efetivamente o desenvolvimento das capacidades humanas. A aprendizagem
direcionada por meio da adoção de estratégias lúdicas proporciona a
assimilação das tarefas de maneira significativa, transformando a realidade a um
processo imaginativo, presente no contexto de cada aluno. Para Soares (2017,
p.49): “A ludicidade ajuda aos alunos com autismo a interagirem com o mundo
ao seu redor, com seus amigos e familiares, tornando-os participativos no
desenvolvimento de suas habilidades”.
Portanto, as oportunidades que os autistas encontram em um ambiente
de aprendizagem lúdico podem proporcionar um desenvolvimento potencial dos
aspectos motores, cognitivos, afetivos, sociais, emocionais e educacionais,
desde que ocorra um trabalho estruturado e planejado, respeitando os limites
discentes (WILLIAMS; WRIGHT, 2008).
O professor assume o papel de mediador das atividades lúdicas,
selecionando-as com propósito pedagógico, adequando as tarefas aos alunos,
de modo que ocorra o desenvolvimento gradativo da cognição e comportamento,
permitindo a construção das capacidades humanas, além de formação da
identidade e conquista de autonomia dos alunos, com ou sem deficiências ou
distúrbios. Rodriguez (2006, p.53): completa afirmando que: “Os métodos e
técnicas desenvolvidas pelo professor para aprendizagem do autista devem
considerar adaptações, diante do mundo próprio que ele constrói e de suas
dúvidas”.
As particularidades do autista exigem a utilização de recursos e materiais
apropriados, considerando a mediação do professor para potencializar as
habilidades discentes, permitindo reconhecer as limitações de cada sujeito, além
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de desconstruir a deficiência e valorizar as principais características do aluno
(FERREIRA, 2013).
As atividades lúdicas permitem ao autista a aquisição do conhecimento
por meio de descobertas, experiências e interesse. O professor deve explorar
cada aspecto do lúdico nas atividades elaboradas, levando os alunos ao
desenvolvimento dos sentidos científicos e acadêmicos.
23
necessidades especiais, pois ao brincar a criança
apresenta características de um ser completamente livre,
motivado por uma necessidade intrínseca de realização
pessoal (GILLBERG, 2009, p.36).
24
com habilidade e com experiência, em ensinar na presença destes pontos fortes
e fracos tão singulares”.
O docente que tem alunos com autismo em sala de aula precisa entender
que a aprendizagem depende da exploração das ações relacionadas ao ensinar,
considerando as diferentes estratégias que completam o desenvolvimento da
criança, exigindo avaliações constantes do professor a fim de atender os
aspectos da capacidade do aluno. Esta ação não pode estar restrita apenas ao
desenvolvimento das habilidades acadêmicas, mas precisa considerar os estilos
de aprendizagem, as relações em grupo, as habilidades independentes e
qualquer situação que reflita na aquisição do conhecimento e potencialização da
aprendizagem (MELO, 2011).
A princípio, o professor precisa insistir na busca pelas estratégias de
acolhimento, a fim de atender as necessidades dos autistas, proporcionando
situações que não sugiram mudanças constantes no alcance da aprendizagem
(PEETERS, 2008).
A observação docente é fundamental para identificar as necessidades dos
alunos. A aprendizagem consiste em um contexto amplo, que envolve as
pequenas conquistas do aluno, demonstrando interação e avanços no
comportamento. Outro fator que precisa ser reduzido na rotina do aluno é a
distração, comum aos autistas, que pode levar o aluno a reagir às situações
externas à aprendizagem, como a contagem dos passos do professor durante a
explicação, por exemplo. Deste modo, identificar o que mais distrai o aluno com
autismo caracteriza um passo importante para auxiliar seu desenvolvimento
(MELO, 2011).
O professor precisa envolver sequências às atividades, de modo que o
aluno associe a ordem de realização, concretizando detalhes a fim de relacionar
situações de aprendizagem. Estas sequências remetem à rotina de trabalho,
compensando as dificuldades do autista ao estabelecer hábitos sistemáticos.
Um aspecto importante que precisa ser percebido pela escola é a não
generalização do autismo, pois alunos com autismo não aprendem em situações
específicas de generalização, ou seja, acreditando que todo o autista é igual no
desenvolvimento. Sendo assim, compreender as características do aluno
representa a identificação da estratégia adequada de aprendizagem (PEETERS,
2008).
25
A Síndrome de Asperger caracteriza, na maioria dos casos, sujeitos com
capacidade intelectual entre normal e acima da média, considerando os níveis
de desenvolvimento das funções cognitivas como mais elevados, incluindo a
memória. Em situações práticas, as dificuldades se dão em razão das
literalidades, dificuldades de compreensão e diferenciação das informações
(QUEIROZ, 2004).
Para Maldaner (2009), o desenvolvimento da capacidade de abstração
dos indivíduos com Síndrome de Asperger caracteriza-se como um processo
mais difícil, em relação à percepção destes alunos, que em muitas situações,
apresenta limitações para entender aquilo que não se pode tocar, por exemplo.
Neste contexto, é fundamental um trabalho direcionado, permitindo que a
aprendizagem ocorra a partir de situações do contexto do aluno, relacionando o
ensino ao cotidiano, sendo favorável esta possibilidade na disciplina de Química,
especialmente quando se trata de aulas práticas, dinâmicas e lúdicas.
De acordo com Sfalcin (2006, p.547): “A Química decorada não é
aprendida, logo, os sujeitos com Asperger não vão encaixar o ensino no dia-a-
dia, bloqueando a aprendizagem e dificultando o desenvolvimento deste aluno”.
Portanto, para o ensino de Química, assim como as demais disciplinas da área
de Ciência da Natureza, o ensino deve proporcionar a ludicidade, cabendo ao
professor a adoção de estratégias metodológicas que envolvam a utilização de
aulas práticas, realizadas em laboratórios ou em sala de aula, desde que o
estímulo à contextualização e ludicidade estejam inseridos na proposta de
ensino.
Sfalcin (2006) chama ainda atenção para o fato de que, apesar da
necessidade de ludicidade na disciplina de Química, ainda deve existir a
realização de atividades que estimulem o pensamento abstrato e lógico,
propriedades relacionadas à área de Ciências da Natureza.
Sendo assim, cabe ao professor a adoção de estratégias que favoreçam
o equilíbrio entre a teoria e a prática da disciplina.
26
com necessidades educacionais especiais ou não
(VILELA, 2010, p.47).
28
atividades que atendam as possibilidades dos alunos, com ou sem necessidades
educacionais especiais (RAMOS, 2010).
Apesar da necessidade de interação com os colegas, o aluno com
Síndrome de Asperger depende de atividades voltadas para suas
potencialidades, estabelecidas para o êxito individual no processo de ensino-
aprendizagem, diante de uma proposta de trabalho estruturada para a motivação
e estímulo do aluno, minimizando as chances de ansiedade e desistência do
indivíduo.
Algumas atividades são indicadas para a consolidação do processo de
ensino-aprendizagem dos alunos com Síndrome de Asperger, como caça-
palavras e palavras cruzadas envolvendo conceitos químicos, atividades que
relacionem figuras aos estudos, jogos entre a turma, registros de experimentos
e a realização de experiências (WILLIAMS; WRIGHT, 2008).
As primeiras atividades realizadas, que incluem a identificação das
habilidades do aluno, devem ser fáceis, com objetivos claros e graus de
dificuldades baixos, a fim de que o professor consiga diagnosticar o
conhecimento do aluno com Síndrome de Asperger, elaborando atividades
individuais para iniciação da inclusão deste aluno na disciplina de Química.
Como sugestão, Morgan (2009) propõe atividades de caça-palavras, com
direcionamento, ou seja, com legendas para que o aluno procure determinadas
palavras, envolvidas no conteúdo de Química. Estas atividades estimulam o
raciocínio, mas não exigem um elevado grau de conhecimento das
especificidades da disciplina, bastando ao aluno encontrar as palavras
mencionadas em quadros. A variação pode ocorrer, ampliando a colocação das
palavras, iniciando com horizontal e vertical para expandir para palavras de trás
para frente e na diagonal.
Para os alunos com habilidades de raciocínio mais elevadas, Vilela (2010)
propõe a escolha de cruzadinhas com fórmulas moleculares. Nesta atividade,
porém, o aluno precisa apresentar uma capacidade de compreensão mais
avançada, acompanhando as aulas, pois a escrita na cruzadinha vai depender
da interpretação de fórmulas moleculares das substâncias. Apesar do nível de
dificuldade ser maior nesta proposta de atividade, o professor ainda pode iniciar
a socialização do aluno com Síndrome de Asperger, propondo a interação com
os grupos ou pares para auxílio na finalização da atividade, demandando
29
conhecimento acerca das limitações, habilidades e particularidades do aluno,
evitando conflitos e situações de constrangimento, levando o aluno a não querer
participar de nenhuma aula mais.
Outro meio de proporcionar a participação dos alunos de Síndrome de
Asperger nas aulas de Química é realizando experimentos simples, que podem
ser atividades em sala ou laboratório, sem necessitar de produtos específicos,
permitindo a utilização de objetos e materiais do cotidiano do aluno. Nesta
proposta, o estudante, auxiliado pelo docente, realiza os experimentos e registra
o que observou, determinando a mediação pela representação em desenhos
(BUENO, 2007).
Na atividade, os alunos com Síndrome de Asperger que apresentam
limitações maiores, podem participar de uma aula com os colegas,
caracterizando a socialização e inclusão dos sujeitos. Ao observar e registrar os
experimentos, mesmo aqueles alunos com maiores dificuldades de
relacionamento acabam inseridos, diante da possibilidade de continuar em seu
mundo particular, mas pertencendo ao espaço comum, com os demais alunos
da sala de aula. O nível de raciocínio nesta atividade pode ser classificado como
mediano, pois o envolvimento do aluno poder estar limitado apenas à
observação e registro (RAMOS, 2010).
Morgan (2009) ainda propõe a realização de atividades práticas, como o
experimento da “Bolha Gigante”, para o qual são empregados apenas
detergente, água, xarope de milho, palitos e barbante. A princípio, o professor
coloca o detergente, água e xarope em uma bacia e, em seguida, os alunos
fazem círculos com barbantes, de tamanhos diferentes. Em uma das partes do
círculo, amarra-se o palito e, à medida que mergulham o barbante na bacia,
retiram a assopram, criando bolhas gigantes de sabão. Esta atividade, além de
simples, permite diversão aos alunos, proporcionando a participação daqueles
com Síndrome de Asperger, pois não exige socialização e, conforme a
dificuldade do aluno, ele pode realizar seu experimento individualmente, apenas
observando. O professor precisa, nesta atividade, explicar a presença do xarope
de milho, que auxilia no impedimento da evaporação da água.
Segundo Vilela (2010), atividades com tabuleiros de Química também
podem permitir a participação dos alunos com Síndrome de Asperger, mas estes
jogos dependem da aproximação maior entre professor e alunos, devendo o
30
docente conhecer as limitações de seu aluno, bem como sua interação com os
colegas, pois não se trata de uma atividade individual. Nos tabuleiros de
Química, a possibilidade de os alunos jogarem para avançarem as casas,
dependerá das respostas aos questionamentos acerca do conteúdo,
previamente planejadas e preparadas pelo professor.
Considerações Finais
Deste modo, as aulas de Química podem acontecer com diversão e
aprendizagem simultaneamente, proporcionando a inclusão dos alunos,
independente das limitações ou habilidades discentes. Quando existe a
participação de todos, em atividades práticas, simples e experimentais, os
alunos tendem a interessar-se mais pelo processo de ensino-aprendizagem,
ampliando o desenvolvimento dos estudantes e direcionando o professor à
prática da inclusão escolar.
Referências
31
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33
Química para todos: adaptação curricular para o ensino de atomística a
alunos com Deficiência Intelectual
Larissa Paula J. da Silva Pezzotti, Janaina de Souza-Garcia
1. Introdução
34
pelo despreparo dos docentes em lidar com situações adversas, principalmente
nos anos mais elevados do ensino.
Durante o ensino fundamental II e médio, a dinâmica em sala de aula
muda, cada professor tem apenas 50 (cinquenta) minutos para desenvolver seu
conteúdo com a turma e é nessa hora que surgem as dificuldades com a
aprendizagem dos alunos incluídos nas salas regulares, fazendo com que muitos
sejam deixados de lado por falta de tempo, pois precisam de um momento com
o docente para que o material adaptado adequado seja trabalhado durante as
aulas. A partir desse despreparo muitos alunos incluídos acabam se tornando
indisciplinados por estarem ociosos, ajudando a tumultuar ainda mais as aulas.
Nas disciplinas que possuem grande grau de abstração, os alunos com
deficiência simplesmente não participam das aulas, pois muitos professores
acreditam que ele não vai acompanhar. Se faz necessário mudar essa postura,
pois cada aluno é único e possui sim suas limitações, mas com uma capacidade
imensa de desenvolver atividades relacionadas ao conteúdo, desde que estas
sejam adaptadas às suas limitações pessoais, desenvolvendo sua autoestima e
aumentando sua participação nas aulas.
36
ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, em razão de sua
deficiência. (BRASIL, 2015, p.28)
Art.54
III – atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. (ECA, 1990,
p.9).
37
atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os
alunos ditos normais” (BRASIL, 1994, p.19).
A lei 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – em seu
artigo 59, recomenda, entre outros, que o sistema de ensino assegure currículo,
métodos, recursos para atender às necessidades dos alunos com deficiência
intelectual, porém também menciona que “o atendimento educacional será feito
em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das
condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes
comuns do ensino regular”.
Em 1999 o Decreto nº 3.298, regulamento à Lei nº 7.853/89, estabelece
“Políticas Nacionais para integração de portadores de deficiência [...]”, definindo
a educação especial como modalidade transversal e frisando sua atuação
complementar no ensino regular.
Em 2001 a Resolução CNE/CEB nº 2 – Diretrizes Nacionais para a
Educação Especial Básica – sanciona que o sistema de ensino precisa
matricular todos os alunos, ficando a cargo das instituições de ensino organizar-
se para atender os educandos com necessidades especiais. (BRASIL, 2001, p.1
art.2º) A Lei nº 10.172/2001, que dispõe sobre Plano Nacional de Educação,
estipula que a escola inclusiva precisa garantir o atendimento à diversidade
humana.
A Convenção da Guatemala de 1999, refletiu no Brasil o Decreto nº
3.956/2001, que garante os mesmos direitos humanos e liberdades
fundamentais às pessoas com deficiência, estabelecendo “Eliminação de Todas
as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência”.
Houve uma preocupação na formação dos professores de educação
básica e, com a resolução CNE/CP nº 1/2002, garantiu-se que as instituições de
ensino superior organizassem seu currículo para assegurar a formação docente
voltada à diversidade, conhecendo as especificidades dos alunos com
necessidades educacionais.
A Lei nº 10.436/02 reconhece a Língua Brasileira de Sinais e institui que
seja garantida sua divulgação por formas institucionais, sendo também incluída
como disciplina obrigatória na formação de professores e de fonoaudiologia.
(BRASIL, 2002, p.1) A Portaria nº 2.678/02, aprova o Sistema Braile, seu uso,
38
ensino, produção e difusão, em todas as formas de Ensino, aconselhando seu
uso em todo território nacional.
O Decreto nº5.296/04, sanciona a Leis nº 10.048/00 e nº 10.098/00, que
estabelecem normas e critérios para a acessibilidade de pessoas com
mobilidade reduzida. O Decreto nº 5.626/05 ratifica a Lei nº10.436/02 e insere a
Libras como disciplina curricular obrigatória na formação docente e torna como
segunda língua o ensino de língua portuguesa a alunos surdos, tornando a
educação bilíngue no ensino básico regular.
Em 2006 foi lançado pela Secretaria dos Direitos Humanos, Ministério da
Educação, UNESCO e Ministério da Justiça, o Plano Nacional de Educação em
Direitos Humanos que, dentre outras ações, implementa a inclusão de pessoas
com deficiência e desenvolve ações que possibilitem o acesso e permanência
na educação superior.
Em 2007 com o Plano de Desenvolvimento da Educação, estabeleceu-se
eixos físicos para que, de fato, ocorra a inclusão, como acessibilidade
arquitetônica nas escolas, criação de salas de recursos e formação docente em
Atendimento Educacional Especializado (AEE), para atendimento especializado.
O Decreto nº 6.094/07, garante acesso e permanência no ensino regular,
com compromisso de educação para todos, assegurando o atendimento às
necessidades especiais aos alunos especiais nas escolas públicas. (BRASIL,
2007, p.1)
Em 2009 com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
deficiência aprovada pela ONU, estipula que os Estados devem assegurar uma
educação inclusiva em todos os níveis de ensino, não podendo excluir as
pessoas com deficiência em nenhuma fase do sistema educacional, e que o
sistema seja de qualidade, igualitário e gratuito.
A Resolução nº 4/2009 institui que o AEE deve ser oferecido no
contraturno da escolarização, ocorrendo prioritariamente nas salas de recursos
das escolas públicas, instituições de caráter comunitário, confessional ou
filantrópico sem fins lucrativos conveniados à Secretária da Educação.
Decreto nº 7.611/2011 revoga o decreto nº 6.571/08 e estipula como dever
do Estado uma educação com público-alvo da educação especial, determinando
que o sistema educacional seja inclusivo, em todos os seus níveis, que a
aprendizagem seja ao longo da vida e que evite exclusão pela deficiência.
39
Assegura uma educação básica gratuita e compulsória e que garanta
adaptações de acordo com as necessidades individuais, com medidas de apoio
individuais efetivos, em ambientes que facilite o desenvolvimento social e
acadêmico, sendo sua oferta preferencialmente na rede regular de ensino.
A partir de 2011 com o Decreto nº 7.480, a Educação inclusiva deixou de
ser definida pela Secretaria de Educação Especial (SEESP), do Ministério da
Educação (MEC), e passou a ser vinculada à Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI).
A Lei nº 12.764/12, institui o a Política Nacional de Proteção dos Direitos
da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Em 2014, instituiu o Plano
Nacional de Educação (PNE), que determina:
Universalizar, para as pessoas com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação, na faixa etária de 4 a 17 anos,
o acesso à educação básica e ao atendimento
educacional especializado. O AEE é ofertado
preferencialmente na rede regular de ensino, podendo ser
realizado por meio de convênios com instituições
especiais, sem prejuízo do sistema educacional inclusivo.
(BRASIL, 2014, p.7)
40
simples estado de mudança, e como dependente de um
desenvolvimento organizacional e pedagógico contínuo
no sistema regular de ensino. (AINSCOW,1999, apud
MITTLER, 2003, p.35)
41
trabalho e envolver a família nesse processo. O professor precisa estar
preparado para construir o saber, preparando meios para desenvolver seu
trabalho, somente assim a inclusão escolar sairá do papel e será efetiva nas
vidas dos alunos.
Um ponto de partida para desenvolver estratégias para se trabalhar com
alunos especiais é a organização e adaptação do currículo, assim
proporcionando artifícios necessários para a aprendizagem de todos. É
necessária uma avaliação individual do aluno, percebendo suas características
e capacidades e, a partir daí, desenvolver as adaptações pertinentes. Segundo
Stainback e Stainback (1999) pode-se usar estratégias para abranger essas
necessidades, entre elas:
● O uso de objetivos de ensino flexível: embora exista um objetivo
em comum para todos os alunos, é necessário proporcionar objetivos
específicos individualizados, adequando a necessidade individual de cada aluno;
● Adaptação da atividade: montar estratégias e adaptações das
atividades propostas em sala, permitindo que todos os alunos participem das
atividades, desenvolvendo meios para atingir os objetivos esperados durante as
aulas;
● Adaptações múltiplas: pode-se utilizar várias adaptações
simultaneamente a fim de enriquecer o processo de ensino aprendizagem,
como, por exemplo, adequação de vocabulário, desenhos, jogos, uso de
calculadoras, entre outros.
Uma estratégia relatada é o ensino em multiníveis, que proporciona o
trabalho individualmente de acordo com as necessidades de cada aluno e inclui:
trabalhar o currículo em níveis menos complexos, relacionando-o com o
cotidiano do aluno, reduzindo padrões de desempenho, em ritmo mais lento, ou
mesmo adaptando ou substituindo-o de acordo com o necessário para garantir
o êxito do aluno, tomando cuidado para não limitar as possibilidades dos alunos.
43
relacionará. Dessa forma, a autonomia do professor, no
sentido da seleção, preparação, organização e execução
das atividades pedagógicas é um passo a ser dado na
construção de seu trabalho. Por essa razão, serão
apresentados aspectos das estratégias de abordagem do
texto escrito: os resumos, exercícios, vocabulário
(CHIAPPINI, 2007, p.118).
44
A seguir são propostas algumas atividades úteis para trabalhar conceitos
abstratos, como atomística, com alunos com deficiência Intelectual,
proporcionando um maior envolvimento e participação, incluindo-os
efetivamente durante as aulas.
Foram elaboradas 4 atividades para trabalhar o tema atomística. Estas
foram desenvolvidas pensando na dinâmica de uma sala de aula, podendo assim
ajudar tanto alunos com deficiência intelectual quanto alunos com alguma
defasagem no ensino. A proposta é trabalhar os modelos atômicos, desde o
modelo de Dalton até a distribuição eletrônica em camadas no modelo de Bohr.
As atividades também proporcionam desenvolvimento físico, neurológico,
psicomotor, capacidade de concentração, noção espacial e percepção visual.
Figura 1: Desenho “ligue os pontos” elaborado para trabalhar os modelos atômicos com alunos
com deficiência intelectual.
45
7. Proposta 2: Modelos Atômicos – quebra-cabeças
Outra atividade consiste de um quebra-cabeça que apresenta os modelos
de Dalton, Thomson, Rutherford e Bohr (Figura 2). Espera-se que o aluno, que
já visualizou as diferenças entre os modelos na atividade anterior, seja capaz de
usar esse conhecimento para montar o quebra-cabeça. O objetivo da atividade
é reforçar as diferenças entre os modelos, ajudando o aluno a compreender a
evolução da teoria atômica.
Figura 2: Quebra-cabeça elaborado para trabalhar os modelos atômicos com alunos com
deficiência intelectual.
46
8. Proposta 3: modelo de Dalton - tamanho dos átomos e símbolos
atômicos
Essa atividade tem como objetivo aprofundar os conceitos básicos,
conhecer os símbolos dos elementos e os tamanhos dos átomos, introduzir o
aluno ao mundo atômico e desenvolver a habilidade de representar os átomos.
Consiste em uma atividade do tipo “Recorte e cole”. O material consiste em duas
cartelas sendo uma a representação gráfica dos átomos conforme modelo de
Dalton, com variação do tamanho dos átomos correspondendo ao seu número
atômico, e a outra uma tabela com os nomes dos átomos, símbolo dos elementos
e número atômico, conforme Figuras 3 e 4.
Figura 3: Tabela elaborada para trabalhar o modelo atômico de Dalton, tamanho dos átomos e
símbolos dos elementos.
47
Figura 4: Material gráfico elaborado para representar o tamanho do átomo conforme o modelo
atômico de Dalton.
48
Essa atividade possibilita o desenvolvimento de habilidades motoras e
cognitivas durante o processo.
49
O jogo consiste de um tabuleiro que representa os níveis eletrônicos dos
átomos conforme o modelo atômico de Bohr, acompanhado de cartas
correspondentes aos elementos da tabela periódica e algumas peças que
representam os elétrons que serão distribuídos nas camadas eletrônicas. Uma
imagem gráfica de um átomo contendo o núcleo e as camadas eletrônicas foi
utilizada no tabuleiro. As cartas de alguns elementos químicos consistem em
símbolo, número atômico, massa e ilustrações de sua utilização.
O jogo de tabuleiro pode ser jogado individualmente, dupla ou trio,
dependendo da disponibilidade de materiais e necessidades encontradas
durante a aula:
● Cada jogador recebe um tabuleiro e algumas peças que representaram
os elétrons. Esse material será utilizado para fazer a distribuição
eletrônica dos elementos posteriormente;
● As cartas contendo os elementos químicos são embaralhadas e dispostas
na mesa;
● Cada jogador deverá tirar uma carta do monte. Após todos os jogadores
retirarem suas cartas inicia-se a distribuição eletrônica seu tabuleiro,
conforme elemento selecionado, utilizando as pecinhas entregues a eles
no início do jogo;
● Ganha quem terminar a distribuição primeiro e corretamente.
50
O intuito do jogo é aumentar a compreensão sobre distribuição eletrônica
em camadas, proporcionando ao aluno uma interação com os colegas durante a
aprendizagem. Se o jogo for executado individualmente pode-se analisar o
empenho, dedicação e assimilação do conteúdo trabalhado em sala de aula.
Considerações Finais
Referências
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do Ensino Médio em uma unidade didática sobre o tema tabela periódica.
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53
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https://www.youtube.com/watch?v=58xkET9F7MY. Acesso em:03/10/2018
54
Compreensão e apropriação da linguagem Química por alunos do Ensino
Médio
Alessandra Oliveira Nunes, Aline Alves Ramos, Paula Homem-de-Mello
1. Introdução
2. A Linguagem Química
56
Segundo Atkins e Jones (2006), a disciplina Química transcorre em três
níveis: o primeiro é representado pela matéria e suas transformações (nível
macroscópico); o segundo pelo mundo da mudança, o que é imperceptível a olho
nu (nível microscópico) e o terceiro é o nível simbólico, que descreve os
fenômenos químicos por símbolos e equações matemáticas.
Muitos estudantes quando iniciam o ensino médio apresentam
dificuldades em compreender as representações químicas, pois a veem como
extremamente abstrata e, para muitos, incompreensível. Tais fatos podem
desmotivar alguns alunos em relação à prática do processo ensino
aprendizagem que, por sua vez, se distancia da consolidação da sistematização
de conhecimentos no sistema cognitivo (SANTOS; GRECA, 2005). Outro fator
que dificulta esse processo e presente em muitos estudantes, é a dificuldade em
“ler e escrever”, como consequência da defasagem do processo de
desenvolvimento de competências e habilidades durante o Ensino Fundamental
que comprometem à aquisição de novos aprendizados da Química.
(FRANCISCO JR, 2010).
A linguagem química é caracterizada por fazer uso de vários tipos de
representações simbólicas através de reações químicas, leis, modelos atômicos,
teorias, fórmulas, etc., que interferem significativamente no aprendizado dos
alunos. Muitos estudantes apresentam dificuldades na compreensão dos
diferentes tipos de representações químicas, alegando que não entendem o que
o professor explica; que a disciplina é difícil e que não gostam de Química. Essas
justificativas informais, associadas com as dificuldades de aprendizagem que
alguns alunos apresentam, acabam desestimulando-os para o aprendizado da
disciplina e quando o fazem, é para garantir nota para serem promovidos.
(MILARÉ et al., 2009).
A linguagem científica tem características próprias que a diferem da
linguagem comum e foi se definindo ao longo do processo evolutivo da Ciência.
As peculiaridades da linguagem científica podem torná-la incompreensível para
o aluno. Precisam ser desenvolvidas ações a partir da valorização da linguagem
cotidiana para a aquisição da linguagem científica pelo aluno e, portanto, são
inseparáveis para a construção do processo educativo dos conceitos químicos.
A Química tem uma linguagem própria, saber interpretar e traduzir essa
57
linguagem técnica para a linguagem tradicional faz com que se consiga
compreender o assunto que está sendo tratado. (GEPEQ, 2005).
Uma forma de desenvolver o aprendizado em Química é a prática da
leitura. O professor precisa instigar os alunos a desenvolver o hábito da leitura
através de diferentes portadores de textos (rótulos, artigos; análise de
propagandas; bulas de remédios; etc.). Os Parâmetros Curriculares Nacionais
do Ensino Médio discorrem sobre quais são as competências e habilidades que
precisam ser desenvolvidas, como a representação e comunicação são
competências que precisam ser desenvolvidas no ensino da Química, de acordo
com os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, as habilidades
intrínsecas dessa competência, são:
58
dificuldades podem ser identificadas através de dados estatísticos obtidos
através instrumentos avaliativos, como o SAEB (Sistema de Avaliação da
Educação Básica). De acordo com Francisco Júnior (2010), para atenuar essas
dificuldades, o professor precisa buscar, como por exemplo a leitura e
elaboração de perguntas e respostas, praticar a descrição, reflexão e discussão
de trechos de textos lidos para a aquisição do aprendizado dos conceitos
científicos.
Por outro lado, a interdisciplinaridade no estudo da Química deve
contemplar relações entre as diferentes disciplinas a fim de valorizar as
competências que cada uma possui, propiciando a contextualização do
conhecimento adquirido a partir de conteúdos próximos do contexto de vida do
aluno e, ainda “como instrumento pedagógico capaz de atribuir significado ao
conhecimento escolar”. (MORTIMER, 2006).
A abordagem dos conceitos químicos não pode estar desvinculada dos
saberes das outras disciplinas (geografia, matemática, história, língua
portuguesa, etc.), se isso acontecer tornará a aprendizagem da Química mais
complexa. O professor de Química precisa estabelecer um elo entre a química e
as demais disciplinas.
Uma prática pedagógica interdisciplinar em química necessita de um
professor que “conhece bem sua matéria, que tem uma boa compreensão entre
as várias disciplinas e que conheça como os alunos constroem seus
conhecimentos, desenvolvem suas capacidades mentais e na prática saber
estimular esse processo de ensino-aprendizagem” (FORTES, 2009). A
interdisciplinaridade proporciona a interpretação de acontecimentos
estabelecendo ligações com vários campos científicos, contribuindo para um
entendimento amplo do conhecimento químico (BRASIL, 1999, 2002, 2006).
A linguagem química é universal, independentemente da língua pátria,
sendo construída ao longo do tempo a partir das disparidades de pensamentos,
discussões, comprovação de teorias e validações. Por ocasião de sua
especificidade, os compostos químicos receberam nomenclaturas próprias.
Algumas dessas atribuições perduram até hoje e outras foram modificadas para
facilitar a comunicação entre as comunidades científicas do mundo e facilitar o
acesso, a compreensão e apropriação da linguagem, porém à proporção que
novos compostos foram sendo sintetizados criou-se a premência de um critério
59
para nomeá-los e expressá-los por meio de símbolos correspondentes. Portanto,
na linguagem química, podemos associar as sentenças às equações químicas,
as quais expressam o que ocorre em uma reação química, ou seja, os resultados
devem representar o que ocorre antes e depois da reação.
A representação de uma equação química para alunos da primeira série
do ensino médio, não tem o mesmo significado do que a equação apresentada
para um aluno da terceira série do ensino médio, isso acontece porque no
decorrer do ano letivo, o aluno vai se apropriando dos conceitos químicos
apresentados pelo professor (NOGUEIRA et al, 2012).
O professor desempenha um papel primordial nesse processo de
aprendizagem e precisa realizá-lo passo a passo, para que o aluno construa o
conhecimento se apropriando da linguagem científica.
60
dificuldades e retificar seus equívocos. Algumas questões referentes ao
conhecimento da linguagem química precisam estar claras:
✔ Dada certa equação química, quais as informações que
podem ser representadas?
✔ Qual a relevância da linguagem universal utilizada para
representar uma equação química?
✔ A representação e compreensão da linguagem química tem
caráter interdisciplinar?
✔ O aluno consegue relacionar diferentes imagens com
símbolos de segurança e de risco usados no dia a dia?
61
atividades sejam realizadas sequencialmente. As atividades 1 e 2 podem ser
aplicadas durante uma semana (duas aulas), enquanto a atividade 3 deve dispor
de um tempo maior para ser desenvolvida. As atividades podem ser aplicadas a
alunos de todas as séries do ensino médio. Seguem as atividades propostas.
Atividade 1
Esta atividade consiste em duas questões:
- Questão 1: O aluno deverá ler, articular e interpretar diferentes símbolos e
códigos de linguagem demonstrados através da reação química de combustão
completa do gás metano, que está descrita em três idiomas diferentes e
descrever o resultado da analogia realizada.
- Questão 2: O aluno irá analisar quatro diferentes imagens (um frasco de vidro
contendo ácido sulfúrico; um rio contendo peixes mortos, em consequência da
contaminação da água pelo vazamento de uma substância química tóxica
desconhecida; um frasco de plástico contendo álcool etílico e a foto da usina
nuclear de Angra dos Reis do Rio de Janeiro) associando-as à diferentes
símbolos de risco e segurança (perigoso; nocivo ao meio ambiente; explosivo;
tóxico; radioativo; descarga elétrica; líquido ou gás inflamável e corrosivo).
Segue como Atividade 1 pode ser apresentada para os alunos: As
fórmulas químicas, assim, como as equações químicas são tipos de
representações que integram um conjunto de recursos essenciais para a
compreensão de uma transformação química. Dadas as duas situações
problemas abaixo, leia, análise e responda o que está sendo proposto:
62
Atividade 2
Para esta atividade é necessário fazer uma distinção entre alunos do
primeiro ano em relação aos alunos do segundo e terceiro ano devido à diferença
de maturidade em relação ao conhecimento e sistematização dos conceitos
químicos estudados ao longo do ano letivo. A atividade consiste na leitura de
uma carta, cujo gênero textual é informal. A carta intitulada “Carta de um
químico apaixonado” traz à tona diferentes termos pertencentes à linguagem
científica que são pertinentes ao ensino e aprendizagem da química, com o
intuito de validar os conceitos estudados ao longo do ano letivo.
Para os alunos do 1º ano é proposto que após a leitura da carta,
respondam às perguntas propostas e reescrevam a carta substituindo os termos
grifados por palavras pertencentes à língua portuguesa (pensando nas palavras
em que a carta original – sem termos científicos - teria sido escrita). Em relação
às perguntas propostas cabe aos alunos identificar e associar os nomes dos
elementos químicos e seus respectivos símbolos; palavras relacionadas à
formação das substâncias químicas e palavras relacionadas à estrutura atômica.
Para os alunos dos 2º e 3º anos, além de responder as questões propostas aos
alunos do 1º ano, devem reescrever a carta sob as mesmas orientações dadas,
mas também responder a outros questionamentos em relação aos conceitos
químicos.
Segue a Atividade 2 proposta: Leia atentamente a “Carta de Um
Químico Apaixonado”.
63
“Berílio Horizonte, zinco de benzeno de 1998.
Querida Valência,
64
1. Após a leitura cada “Carta de um químico apaixonado”, responda as
seguintes questões:
a. Identifique os elementos químicos citados na carta, escreva os
seus nomes e respectivos símbolos químicos.
b. Quais são as palavras que caracterizam a estrutura atômica?
c. Quais são os termos que se referem as substâncias químicas?
d. Reescreva a carta substituindo as palavras grifadas por termos que
correspondem à língua pátria (língua portuguesa).
Atividade 3
A atividade 3 foi planejada para aplicação em duas etapas aos alunos
dos 1º e 2º anos do ensino médio:
1ª etapa: os alunos analisam cada imagem e classificam-nas como materiais
naturais (aqueles que não foram submetidos à ação humana) e materiais
sintéticos (aqueles que foram submetidos à ação humana, ou seja, que
passaram por transformações industriais e tecnológicas).
2ª etapa: em grupo, os alunos escolhem dois tipos de materiais sintéticos para
desenvolver uma pesquisa, elencando o contexto histórico, matéria prima
empregada, principais características do processo de obtenção do produto,
principais reações químicas que ocorrem durante a transformação da matéria-
prima para a obtenção do produto final e as aplicações no mercado de consumo.
65
Os alunos desenvolvem a atividade proposta em dois dias, idealmente
em consonância com os professores das disciplinas de Língua Portuguesa,
Matemática, Geografia e Física. Os professores dessas disciplinas podem
desenvolver outros tipos de avaliações pertinentes às necessidades das suas
disciplinas.
Os alunos devem ser orientados a consultar livros didáticos e
paradidáticos. No caso das escolas em que uma das autoras (AON) do presente
capítulo leciona, é indicado aos alunos que podem utilizar como apoio o material
disponível na “Sala de Leitura” e, ainda, em pequenos grupos (em torno de vinte
alunos), subdivididos em trio, usarem o espaço “Acessa São Paulo” - sala de
informática - sob a orientação do monitor responsável das escolas.
A seguir, cada grupo apresenta a atividade de pesquisa para os
demais alunos e o professor da sala de aula. Terminada as apresentações de
cada grupo, o professor faz as intervenções necessárias, socializando as
principais informações com o grupo e os demais alunos da sala.
Segue a atividade 3 proposta: A quantidade e variedade de materiais
que temos à nossa volta são enormes. Classificá-los de acordo com sua origem
é uma maneira que serve para direcionar à sua aplicabilidade.
66
a. Classifique os materiais abaixo como naturais ou sintéticos:
67
b. Escolha dois tipos de materiais sintéticos, pesquise o seu contexto histórico,
o processo de produção de cada produto, as principais reações químicas
envolvidas e sua aplicabilidade no comércio e/ou indústria. O conteúdo da
pesquisa deverá ser apresentado para os integrantes da sala de aula, conforme
orientações dadas pelo seu professor.
Considerações finais
69
Outro fato observado é a timidez dos alunos e a falta de objetividade e
dinamismo na apresentação do conteúdo pesquisado, implicando na qualidade
e clareza das informações elucidadas. Isso reforça a necessidade do
desenvolvimento e a prática de atividades interdisciplinares (seminários, mostra
cultural, teatro, músicas, dentre outros), para que em conjunto as diferentes
disciplinas possam desenvolver diferentes habilidades e competências que, por
sua vez, possam contribuir para o aprimoramento e aprendizado do aluno.
A prática da leitura é extremamente relevante para o desenvolvimento
da linguagem escrita e o enriquecimento da linguagem oral. Os alunos do ensino
médio possuem muita dificuldade na escrita e interpretação de texto, dados que
são confirmados a partir de avaliações diagnósticas em que o aluno precisa
integrar a leitura e a escrita para a promoção do desenvolvimento de suas
habilidades e competências.
A interdisciplinaridade é fundamental no processo de ensino e
aprendizagem, assim a escola precisa desenvolver projetos de estudo em que
as disciplinas da grade escolar possam desenvolver atividades que garantam o
desenvolvimento pleno das habilidades e competências do aluno. Os projetos
interdisciplinares propostos aqui contribuem para o desenvolvimento do
processo de construção do conhecimento do educando e permite ao aluno
construir saberes sob diferentes perspectivas
A aprendizagem da Química não é uma tarefa fácil de ser realizada.
Existem outros fatores que implicam no desenvolvimento pleno do aprendizado
e que não podem ser desconsiderados, como: falta de estrutura física das salas
de aula, que são compostas por elevado número de alunos por turma; tempo
limitado de aula por semana (os alunos das escolas públicas têm semanalmente
noventa minutos de aula); ausência de laboratório experimental e materiais; falta
de perspectiva da maioria dos alunos em relação ao desenvolvimento de uma
carreira profissional promissora e ausência de projetos interdisciplinares, ao
longo do ano letivo, que são capazes de integrar as diferentes áreas do
conhecimento.
O professor precisa inovar o método de trabalhar, inserindo diferentes
estratégias de ensino que são capazes de aproximar o aluno a um universo que,
muitas vezes, parece intangível e assim garantir a construção do conhecimento
70
sem menosprezar a individualidade de cada educando, que apesar de ser uma
tarefa árdua, é possível de ser executada.
Referências
71
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72
Resgatando as concepções prévias sobre química dos alunos de Ensino
de Jovens e Adultos (EJA) pelo método educacional psicodramático
Sergio Luiz Maximo, Aline Alves Ramos, Paula Homem-de-Mello, Maisa
Helena Altarugio
1. Introdução
A Química é uma ciência experimental e, partindo desde princípio, a
realização de experimentos pirotécnicos e “mágicos” se fazem lendários na
mística educacional do adolescente que adentra o ensino médio. No entanto, as
estruturas precárias de algumas escolas de nosso país, principalmente as
públicas, trazem certa decepção aos educandos que, por muitas vezes, passam
pelo ensino fundamental e médio sem realizar um experimento ou alguma
atividade lúdica (LUTFI, 1992).
Ainda, o ensino de Química pode enfrentar certos preconceitos tais como
ser a ciência da ‘regra de três’, lidar com materiais que fazem mal à saúde, dentre
outros (GIORDAN,1999). Além disso, os educandos costumam enfrentar muitas
dificuldades para abstrair e trabalhar com os aspectos microscópicos dos
conceitos químicos, transformando essa soma de barreiras em uma enorme
lacuna de compreensão e aplicação dos conteúdos exigidos pelos Parâmetros
Curriculares Nacionais- PCN (BRASIL, 1999; 2002).
Mesmo o uso da experimentação no ensino de Química, exige do
professor uma boa formação inicial pois
Muitos professores não utilizam experimentação com a frequência que
gostariam por não terem desenvolvido um bom domínio de laboratório
durante a formação inicial. Isso porque grande parte das atividades
realizadas na graduação tem caráter de comprovação das teorias.
(MACHADO; MOL, 2008)
Outro ponto levantado por Machado e Mol (2008) são os livros didáticos,
um dos principais instrumentos de aprendizagem utilizados pelos professores
que apresentam, por vezes, roteiros experimentais inadequados que aparecem
apenas em finais de capítulos ou, apenas no guia do professor, faltando uma
vinculação com o conteúdo e maior caráter investigativo. Lutfi (1992) indicava
que a existência de livros didáticos de Química que contêm mais de 1000
exercícios e nenhum experimento retira o foco da Química ser uma ciência
experimental e se tornar uma ciência teórica, massiva e abstrata. A falta de
relação entre teoria e prática deve-se também à falta de inovações
73
metodológicas por parte de alguns professores e, principalmente, à má
infraestrutura das instituições, ficando dessa forma o aprendizado pautado
apenas em teorias.
Uma alternativa às aulas experimentais que requerem materiais
específicos ou espaços adequados, está no uso de recursos que exigem baixo
investimento, com a utilização de materiais alternativos de baixo custo, dos quais
a literatura está repleta de sugestões. Ainda assim, é possível utilizar
demonstrações ou então exibir vídeos fazendo uso de equipamentos que são
mais comuns nas instituições de ensino (aparelhos de DVD, TV, projetor).
Devido ao alto custo das atividades culturais (tais como cinema, teatro,
internet, jornais, museus etc.) a maioria dos estudantes de escolas públicas de
nosso país depende exclusivamente do que lhes é oferecido dentro do ambiente
escolar, o que torna o papel da escola e do educador primordiais na formação
científica e cultural dos estudantes.
Por outro lado, é verdade, crianças e adultos estão cada vez mais ligados
às tecnologias de comunicação e informação (TICs) independentemente de sua
classe social. Assim, profissionais da educação têm tentado transformar esse
instrumento de grande valor educacional, também em uma maneira de inclusão
(ARROIO, 2006). Frequentemente, o educando não nota a quantidade de
informações ligadas à Química no seu cotidiano, onde ocorre veiculação de
conteúdos e vivências de todos os tipos: emoções, sensações, atitudes, ações,
conhecimentos entre outros, o que leva a amplas discussões sobre o que pode
ser real, ficção, abstrato, concreto ou simplesmente compreender o que de fato
está ocorrendo. As aulas de Química, se adequadamente trabalhadas, podem
ter um papel investigativo, ajudando, inclusive a desmistificar e afastar falsas
visões dessa ciência.
74
Ensinar ciências, não é fácil. Aprender é menos ainda. É notório o fato
de a experimentação despertar um forte interesse entre alunos de
diversos níveis de escolarização. Não existe nada mais fascinante no
aprendizado da ciência do que vê-la em ação. E diferente do que
muitos possam pensar, não são necessárias a utilização de
sofisticados laboratórios, nem uma ênfase exagerada em sua
aplicação, como também não são necessárias grandes verbas para
montagens de laboratórios didáticos ou mesmo uma série de
demonstrações efetivas e estimulantes, tanto para o professor, como
para seus alunos. O que custa sim, os olhos da cara, é a possibilidade
de um aluno, ao terminar a oitava série, sem jamais ter adentrado a um
laboratório didático ou colocada em prática uma simples demonstração
que traduza o fenômeno observado em símbolo posto na lousa. Como
aprender ciências apenas com um quadro e giz e ouvindo a voz do
professor? Ciência é muito mais que saliva e giz. A importância da
inclusão da experimentação está na caracterização de seu papel
investigativo e de sua função pedagógica em auxiliar o aluno na
compreensão dos fenômenos sobre os quais se referem os conceitos.
Muitas vezes parece não haver a preocupação em esclarecer aos
alunos a diferença entre o fenômeno propriamente dito e a maneira
como ele é representado quimicamente, por exemplo. (NANNI, 2004,
apud GUEDES; BARCELLOS; LOUREIRO, 2012)
75
mas tendo em vista que sua atuação deve ser a de mediador da aprendizagem,
tornando o educando autônomo e protagonista (ALTARUGIO, 2017).
O princípio do MEP é induzir o indivíduo a procurar seus recursos e
saberes próprios para que se possa, dentro da interação professor-aluno, ter
posturas ativas, espontâneas, soltas e criativas (ALTARUGIO, 2017). Como a
dramatização é o centro do Psicodrama, o aluno e educador são convocados a
encenar e viver, no ambiente de construção coletivo de conhecimento, indo além
dos seus próprios conflitos e medos. Usamos como material, a história da vida,
a experiência cotidiana do aluno ou do grupo. Ressaltamos ainda que o MEP
respeita e valoriza muito os componentes afetivos, fazendo com que aumente o
desenvolvimento intelectual com maturidade afetiva.
O psicodrama pedagógico é uma metodologia constituída de atividades
integradas por trabalhos em grupo, jogos e dramatizações e pode ser
instrumento em quaisquer níveis de ensino, além da possibilidade de ser
combinada com outros métodos e atividades de ensino, como avaliação e
trabalho em equipe, favorecendo a aquisição do conhecimento e o
aperfeiçoamento das relações (NUNES; ARANTES 2012). Quanto ao uso da
dramatização como recurso didático no ensino, Romaña (2004) salienta que este
não é um privilégio das disciplinas de humanidades, como se poderia pensar.
Para ela, todos os conhecimentos podem ser trabalhos dessa maneira.
Este tipo de abordagem pretende ser uma prática pedagógica mais
humana e enriquecedora, no sentido que busca aproximar aquilo que o aluno já
sabe, dos conhecimentos científicos trazidos pelo professor, dando mais sentido
ao aprendizado.
3. A aplicação do método
Apresentamos aqui um relato sobre o uso do MEP no ensino de Química
para Jovens e Adultos de primeiro ano do ensino médio, de uma escola da rede
pública da grande S. Paulo. Consideramos que o MEP faz sentido para o alunado
do EJA, por se tratar de um público que foi obrigado por algum motivo a
interromper os estudos (entrada no mercado de trabalho precoce, maternidade
não planejada, sobrevivência etc.) e que por conta desse afastamento, os
conteúdos formais de ensino podem parecer áridos e com pouco significado. No
caso do grupo em questão, o objetivo da aula era levantar e auxiliar os alunos a
76
refletirem sobre as suas concepções prévias a respeito da Ciência Química,
antes que eles fizessem um contato formal com os conteúdos da disciplina.
O MEP é estruturado em três planos de vivência dramática, ou passos,
que Romaña (1985) chamou de Real, Simbólico e Fantasia. Cada um deles
está associado, respectivamente, a um nível de aproximação ao conteúdo:
aproximação intuitiva ou afetiva; racional ou conceitual e funcional e
correspondendo cada qual a um nível de operação do pensamento (análise,
síntese e generalização).
No plano Real, que é o primeiro passo, busca-se uma aproximação
intuitivo-afetiva do participante com conceitos próprios sobre o assunto tratado
na situação de aprendizagem. Em um clima de relaxamento, propôs-se à turma
um resgate de memórias sobre situações que evidenciassem conceitos
relacionados à Química. Nesse momento, os alunos estão fazendo as análises
das suas próprias ideias, separando as que são pertinentes à proposta ou não,
segundo suas próprias concepções, experiências, histórias de vida. Assim, cada
um dos participantes foi estimulado a registrar em uma folha a primeira ideia que
veio à sua cabeça. As palavras que se destacaram nos relatos foram:
Medicação, Drogas, Produtos de limpeza, Vulcão, Armamentos, Bombas, Gases
tóxicos, Bomba de efeito moral, Rios, Gasolina, Produtos de beleza. Um aluno
declarou que não sabia nada de Química. Terminada o registro, foi solicitado que
a sala se dividisse em dois grandes grupos A e B, para que socializassem suas
ideias.
O segundo passo é o plano Simbólico. Nesta etapa, realizada após o
compartilhamento dos relatos, entramos em uma aproximação racional ao tema,
solicitando que os grupos sintetizassem coletivamente, através de desenhos, os
relatos mais marcantes de cada grupo. Abaixo, na Figura 1, temos a síntese do
Grupo A.
77
Figura 1: Síntese realizada pelo grupo A.
78
Figura 2: Síntese realizada pelo grupo B.
(a) (b)
(c)
79
problema da fome mundial, (b) a seringa, representando os medicamentos, que
julgaram de fundamental importância para a saúde da sociedade, e (c) a água
com gás, porém não souberam justificar. O grupo B (Figura 4) chama a atenção
para o tratamento da água, sendo a justificativa baseada na realidade vivida por
eles – os alunos relataram residir em área de ocupação sem saneamento básico.
A ideia proposta para os alunos nesse passo era uma tentativa de “retirar
da Química o rótulo de vilã”, construído por razões e acontecimentos históricos
(SANTOS; RIBEIRO; RIBEIRO, 2015). Para a teoria do Psicodrama, essa seria
uma imagem conservada culturalmente, ou seja, a cultura é mantenedora de
práticas convergentes que conservam as ações, pensamentos e afetos dos
indivíduos, inibindo sua capacidade de adaptar-se adequadamente a novas
situações (MORENO, 2013). Por meio do Psicodrama é possível resgatar a
80
espontaneidade e a criatividade dos indivíduos, libertando-o dos
comportamentos estereotipados e das convenções sociais.
Diante da sociedade, parece que nos últimos anos, imagem da ciência
tem tomado outros caminhos, pelo menos no que se refere à sustentabilidade
ambiental (SANTOS; RIBEIRO; RIBEIRO, 2015). No contexto da educação,
onde esse exercício é fundamental, a utilização de metodologias diferenciadas,
como o MEP, tem grande potencial para induzir os educandos à reflexão sobre
visões conservadas não apenas sobre a Química e o ambiente, mas
principalmente sobre o papel do cidadão. A utilização de recursos didáticos
apoiados na história da ciência e na divulgação científica (MOURA; VIANNA
FILHO, 2015) é outro exemplo do que tem sido tentado com o objetivo de mudar
conceitos prévios adquiridos pelos alunos.
Considerações finais
81
que irá gerar reflexão, ação e ampliação dos seus saberes, na direção de formar
cidadãos mais humanos e criativos.
Referências
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____________. Psicodrama pedagógico: método educacional psicodramático.
Campinas: Papirus, 1985
______________. Construção coletiva do conhecimento através do psicodrama.
Campinas: Papirus, 1992, 112p.
____________. Pedagogia do drama: 8 perguntas & 3 relatos. São Paulo: Casa
do Psicólogo, 2004.
SANTOS, A.S.; RIBEIRO, A.T.; RIBEIRO, M.A.P. Imagem pública da Química
apresentada nos artigos on-line da revista Ciência Hoje. Exatas Online, 2015,
vol. 6, n.1, pág. 49-67. Disponível em
http://www2.uesb.br/exatasonline/images/V6N1pag49-67.pdf
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Produção e aplicação de jogos didáticos para o processo ensino
aprendizagem no ensino de Química da Fundação Casa
Elaine Silva Guimarães, Érica Gislaine Aparecida de Miranda, Álvaro Takeo
Omori
1. Introdução
Vários estudos e pesquisas mostram que o ensino de Química é, em
geral, tradicional e totalmente desvinculados do dia-a-dia e da realidade em que
os alunos se encontram. Nessa situação, o ensino de Química torna-se maçante
e monótono, fazendo com que os próprios estudantes questionem o motivo pelo
qual lhes é ensinado tal conteúdo, mostrando-se desinteressados nos estudos,
pois não se sentem motivados em relação ao processo ensino aprendizagem.
Segundo Melo (2005), muitos estudos a respeito de atividades lúdicas,
demonstram que o jogo didático além de ser fonte de descoberta e prazer para
o aluno, está inserido também no contexto social e histórico refletido na cultura.
Macedo (2005) afirma que mediante o jogo didático, vários objetivos podem ser
atingidos, relacionados à cognição, afeição, socialização, motivação e
criatividade.
A falta de recursos didáticos na sala de aula e a carência de diversos
materiais didáticos capazes de despertar a curiosidade e o interesse dos alunos
em relação aos conteúdos abordados, motivaram me para a obtenção dos
resultados apresentados neste texto. O objetivo central foi construção de uma
proposta de ensino aprendizagem para alunos da Fundação Casa, com
conteúdos relacionados à Tabela Periódica Interativa buscando despertar o
interesse nos alunos em questão ao processo ensino aprendizagem.
Ao lecionar a disciplina na Fundação Casa, carecemos de uma
diversidade de ferramentas para despertar a curiosidade e levar aos alunos a
um ambiente propício para discussão do tema abordado na disciplina de
Química. Sabendo das dificuldades de recursos acessíveis à sala de aula, sugeri
a construção deste trabalho como ponto de partida para novas propostas de
aprendizagem em conteúdos significativos sobre a Tabela Periódica Interativa.
Cada adolescente tem uma criança no seu interior. Por isso, considero
que esta proposta pode despertar o interesse em cada um deles, em participar
do jogo proposto e como resultado esperado busca-se atingir os objetivos de
uma aprendizagem mais significativa. Assim, foram trabalhados dois jogos
didáticos: o primeiro é um jogo confeccionado com caixinhas de achocolatado
que envolve elementos e símbolos da tabela periódica, composto pela mesma
quantidade dos elementos químicos presentes na tabela periódica interativa,
onde dentro das caixinhas colocamos um cartão com o símbolo, o nome do
elemento químico, o número de massa e o número atômico do elemento químico;
fora da caixinha apresentamos o desenho que pertence a esse elemento
84
químico. O outro jogo foi confeccionado com caixinhas de fósforo, onde ao lado
de fora estava o nome e o desenho que pertence o elemento químico, e dentro
estava os componentes desse elemento.
Os resultados obtidos nesse trabalho forneceram indicativos positivos em
relação ao processo ensino aprendizagem, embora alguns alunos da Unidade
tenham dificuldades em relação a aprendizagem.
85
3. A importância das atividades lúdicas no ensino aprendizagem
Grandes teóricos precursores de métodos ativos da educação (Decroly,
Piaget, Vigotsky, Elkonin, Huizinga, Dewey, Freinet, Froebel) frisaram
categoricamente a importância que os métodos lúdicos proporcionam à
educação de crianças, adolescentes e adultos, pois nos momentos de maior
descontração e desinibição, oferecidos pelos jogos, as pessoas se
desbloqueiam e descontraem, o que proporciona maior aproximação, uma
melhoria na integração e na interação do grupo, facilitando a aprendizagem.
Vários autores têm apresentado jogos e destacado sua eficiência para
despertar o interesse dos alunos pela Química (BERTOLDI, 2003). A maioria
desses autores destaca os jogos como elementos motivadores e facilitadores do
processo de ensino e aprendizagem de conceitos científicos. Destacam que o
objetivo dos jogos ou das atividades lúdicas não se resume apenas a facilitar
que o aluno memorize o assunto abordado, mas sim a induzi-lo ao raciocínio, à
reflexão, ao pensamento e, consequentemente, à (re)construção do seu
conhecimento.
Os jogos na educação são contemplados no Referencial Curricular
Nacional de Educação Infantil (RCNEI), como uma função importante para a
prática pedagógica agindo como um recurso didático, favorecendo o processo
de desenvolvimento, de ensino e de aprendizagem.
86
para o Ensino de Química para alunos da Fundação Casa. Buscamos verificar
as possibilidades do uso de jogos educativos como elemento de resgate de
lacunas do processo de aprendizagem dos alunos e como recurso mediador e
facilitador da construção do conhecimento (SANTANA 2006).
Aqui apresentamos os resultados obtidos em aulas que empregaram dois
tipos de jogos: um chamamos de dominó químico e o outro jogo de memória.
O jogo chamado dominó químico foi confeccionado com caixinhas de
fósforo. Dentro da caixinha foram colocados os componentes dos elementos
químicos e fora foram colocados os desenhos e os nomes de cada elemento
químico. Entretanto, não foi possível a obtenção de resultados práticos a partir
deste jogo, pois não se pode entrar caixas de fósforos mesmo que vazias na
Unidade da Fundação Casa.
O jogo chamado memória química é um jogo didático, confeccionado com
caixinhas de achocolatado, que envolve elementos e símbolos da tabela
periódica interativa, composto pela mesma quantidade dos elementos químicos
presentes na tabela periódica interativa. Dentro de cada caixinha colocamos um
cartão onde constava o símbolo, o nome do elemento químico, o número de
massa e o número atômico do elemento químico, onde e onde ele é encontrado;
fora da caixinha tínhamos o desenho que pertence a esse elemento químico e o
nome desse elemento. Colamos com cola quente cada caixinha que é um
componente químico da tabela periódica, em uma madeira grande, formando
assim, a estrutura da tabela periódica.
Este jogo didático foi aplicado aos alunos do Ensino Médio que estão
cumprindo medidas socioeducativas na Fundação Casa. Entretanto, pode ser
aplicado em qualquer escola com o tema abordado na grade curricular.
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Regras do jogo
Objetivo: Marcar o maior número de pontos, respondendo corretamente as
definições de cada elemento químico ou corrigindo as respostas de outros
participantes.
Preparação: Cada jogador colocar as plaquinhas dentro de cada caixinha
correspondentes com os conteúdos de cada elemento químico.
Após aplicação dos jogos tornou-se necessário a realização de uma pesquisa e
avaliação dos jogos e atividades lúdicas através da aplicação de um questionário
para o grupo de alunos, onde o questionário possuía questões sobre os jogos e
atividades desenvolvidas e os alunos deveriam avaliar os jogos e dar as suas
opiniões e sugestões
Considerações finais
Com a abordagem e aplicação do jogo didático, foram verificados
melhores resultados no empenho do processo ensino-aprendizagem entre os
alunos. O jogo oferece estímulo e o ambiente necessários para propiciar o
88
desenvolvimento espontâneo e criativo dos alunos além de permitir que o
professor amplie seus conhecimentos sobre técnicas ativas de ensino e
desenvolva suas capacidades pessoais e profissionais, estimulando-o a recriar
sua prática pedagógica (Brasil, 1999).
Conclui se, então, que o trabalho realizado foi de suma importância para
o ensino-aprendizagem dos alunos.
Referências
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