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Rev. Bras. Anest.

1992; 42: Supl. 14, 39 --59

Artigo Diverso

Questões Comentadas da Prova do Título Superior em


Anestesiologia -- 1991
J R C Braz, M J Conceição, G F Duval Neto, L S Garrido, G M Labrunie, J C A Carvalho

Braz JRC, Conceição MJ, Duval Neto GF, Garrido LS, Labrunie GM, Carvalho JCA - Commented Questions on
the1991 Anesthesiology Board Examination

Prova realizada no dia 03 de novembro de 1991, na cidade de Porto Alegre, sede do XXXVIII Congresso Brasileiro de Anestesiologia

QUESTÕES TIPO S -- DE 1 A 57 esquerda da média). A somatória de todos esses quadrados,


dividido pelo número de elementos da amostra menos um, nos dá
INSTRUÇÕES -- Cada questão tem cinco respostas sugeridas. a variância. A raiz quadrada da variância é o desvio padrão. O
Selecione a que melhor se enquadra em cada caso e marque a desvio padrão, portanto, diferente da variância, volta a apresentar
respectiva letra no caderno de respostas de acordo com o as mesmas unidades de medida da variável. O desvio padrão
número da questão.
expressa o grau de dispersão de uma amostra em torno da média;
01 - As provas sorológicas antígeno/anticorpo positivas para não permite, entretanto, ser somado ou subtraído da média, calcu -
hepatite são um achado casual relativamente freqüente em lar o valor máximo e valor mínimo da amostra.
anestesiologista, em casos de hepatite do tipo:
Resp. d
a) A
Refs:
b) não A não B
Oliva Filho A L - Elementos de Estatística. Rev Bras Anest 1990;
c) B
40: 119-132
d) crônica recurrente
Pace N L - Research Design and Statistics, em Clinical Anesthesia,
e) crônica tóxica
Barash P G , Cullen B F, Stoelting R K, Philadelphia, Lippincott,
Comentário: A hepatite B tem sido diagnosticada através de 1989: 45-68.
provas sorológicas, pelo aparecimento de antígenos de superfície, Carvalho J C A, TSA
de anticorpos de superfície ou de anticorpos nucleares. O desen -
03 - A estimulação do receptor alfa-2 pré-sináptico deter -
volvimeto de provas sorológicas positivas para hepatite B, de
mina:
maneira frustra em anestesiologistas, é um fato relativamente
freqüente. a) vasoconstrição
b) midríase
Resp. c
c) relaxamento gastrointestinal
Refs: d) taquicardia
Arnold W P - Environmental Safety Including Chemical Depend - e) inibição da liberação de noradrenalina
ence, em Anesthesia, Miller R D, New York, Churchill Livingstone,
1990: 2407-2420. Comentário: A estimulação do receptor alfa-2 pré-sináptico
Moyes D G - Uncommon Diseases and Anesthesia, em General determina inibição da liberação de noradrenalina, enquanto que a
Anesthesia, Nunn J F, Utting J E, Brown Jr B R, London, Butter - estimulação de receptor alfa-1 pós-sináptico produz vasoconstri -
worths, 1989: 760-769. ção, midríase, relaxamento gastrointestinal, contração dos esfinc -
Duval Neto G F, TSA teres gastrointestinais e da bexiga e taquicardia.
02 - O desvio padrão: Resp. e
a) permite calcular o valor máximo da amostra Refs:
b) permite calcular o valor mínimo da amostra Stoelting R K - Pharmacology and Physiology in Anesthetic Prac -
c) é igual ao quadrado da variância tice, Philadelphia, J B Lippincott Co, 1987: 629.
d) avalia o grau de dispersão da curva de distribuição Dunett L R, Lawson N W - Autonomic Nervous System. Physiology
e) não deve ser utilizado para dados com distribuição normal and Pharmacology, em Clinical Anesthesia, Barash P G, Cullen B
F, Stoelting R K, Philadelphia, J B Lippincott Co, 1989: 179.
Comentário: O desvio padrão é definido como a raiz quadrada Braz J R C, TSA
da variância. Calcula-se a distância entre cada elemento da a -
mostra e a média, e eleva-se ao quadrado (para se obter um 04 - Amina simpatomimética com maior potência agonista
número positivo, uma vez que as diferenças serão números posi - beta-1 adrenérgica:
tivos ou negativos, dependendo do elemento estar à direita ou à a) dobutamina

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COMISSÃO TSA/SBA

b) metaraminol cia cardíaca, das necessidades de O 2 e quando do aparecimento


c) efedrina de fístulas artério-venosas e diminui com o aumento da pós-carga.
d) isoproterenol Resp. c
e) dopamina
Refs:
Comentário: A catecolamina que apresenta maior potência Thys D M, Kaplan J A - Cardiovascular Physiology, em Anesthesia,
agonista em relação aos receptores beta-1 - adrenérgicos é o Miller R D. 3ª Ed., New York, Churchill Livingstone, 1990: 551- 584.
isoproterenol, seguido da dobutamina, dopamina, efedrina, adre - Durrett L R, Lawson N W - Autonomic Nervous System. Physiology
nalina, metaraminol e noradrenalina. and Pharmacology, em Clinical Anesthesia, Barash P G, Cullen B
Resp. d F, Stoelting R K, Philadelphia, Lippincott, 1989: 165-226.
Refs: Garrido L, TSA
Durrett L R, Lawson N W - Autonomic Nervous System. Physiology 08 - Paciente submetido a RTU de próstata, sendo utilizado
and Pharmacology, em Clinical Anesthesia, Barash P G, Cullen B como líquido de irrigação água destilada. Após 50 min de
F, Stoelting R K, Philadelphia, J B Lippincott Co, 1989: 178-179. cirurgia, surgiram sinais de intoxicação pela água. Este
Merin R G - Autonomic Nervous System, em Anesthesia, Miller R quadro acarreta:
D, 3 th Ed, New York, Churchill Livingstone, 1990: 488-489.
a) aumento de HAD e aldosterona
Braz J R C, TSA b) aumento de HAD e diminuição de aldosterona
05 - Sinal de Babinski positivo significa lesão do (a): c) diminuição de HAD e aumento de aldosterona
a) trato extrapiramidal d) diminuição de HAD e aldosterona
b) córtex cerebral e) diminuição de HAD e manutenção de aldosterona
c) trato piramidal
Comentário: O fator volumétrico (hipervolemia) é mais eficaz e
d) sistema límbico
predomina sobre o fator eletrolítico (hiponatremia); há diminuição
e) formação reticular
do HAD e da aldosterona, apesar dos níveis baixos de sódio
Comentário: O sinal de Babinski positivo, caracterizado por extracelular.
extensão do hálux e abertura em forma de leque dos demais dedos, Resp. d
em resposta a um forte estímulo tátil aplicado na porção plantar do
pé, significa lesão do trato piramidal. Refs:
Vianna P T G - Função Renal e Anestesia. Rev Bras Anest, 1980;
Resp. c 30: 83-101.
Ref: Guyton A C - Regulação do Volume Sangüíneo, do Volume de
Stoelting R K - Pharmacology and Physiology in Anesthetic Prac - Líquido Extracelular e da Composição do Líquido Extracelular
tice, Philadelphia, J B Lippincott Co, 1987: 583-586, 593- 594. pelos Rins e pelo Mecanismo da Sede. Em Tratado de Fisiologia
Braz J R C, TSA Médica, Rio de Janeiro, Guanabara, 1989: 340-349.
06 - Paciente intubado, em assistência respiratória, toler - Labrunie G M, TSA
ando uma F iO2 abaixo de 0,4 e com PaO 2 acima de 90 mmHg 09 - O volume de filtração glomerular, na pessoa normal, é
e PaCO2 de 46 mmHg. Podemos: de aproximadamente:
a) extubá-lo imediatamente a) 180 l/dia
b) mantê-lo em ventilação mecânica b) 120 l/dia
c) iniciar o desmame com IMV c) 20 l/dia
d) aumentar um pouco a PEEP d) 14 l/dia
e) aumentar um pouco a F iO2 e) 6 l/dia
Comentário: Se o paciente tolera uma F iO2 abaixo de 0,4, tem Comentário: A fração de filtração glomerular é em média aproxi -
boa oxigenação arterial e mantém a normocarbia, podemos iniciar madamente 125 ml/min ou 180 l/dia, sendo que os túbulos reab -
o processo de desmame com a IMV (ventilação mandatória inter - sorvem mais de 99% do filtrado glomerular, resultando em 1 a 1,5
mitente), com freqüências iniciais de 8 a 10 vpm, reduzindo-se l/dia de urina.
gradualmente de acordo com a clínica e a gasometria arterial.
Resp. a
Resp. c
Refs:
Refs:
Guyton A C - Formação de Urina pelo Rim: Filtração Glomerular,
Basile Filho A, Capone Neto A - Síndrome de Angústia Respiratória
Função tubular e Depuração Plamática. Em Tratado de Fisiologia
do Adulto - primeira parte. Rev Bras Anest, 1988: 431-443.
Médica, Rio de Janeiro, Guanabara, 1989: 316-328.
Benunof J L - Respiratory Physiology and Respiratory Function
Vianna P T G - Função Renal e Anestesia. Rev Bras Anest, 1980;
During Anesthesia. Em Anesthesia, Miller R D, Vol. 1, New York,
30: 83-101.
Churchill Livingstone, 1986: 1115-1163.
Labrunie G M, TSA
Conceição M J, TSA
07 - Fator que diminui o débito cardíaco:
a) aumento da pré-carga 10 - Droga que aumenta o tônus do esfíncter inferior do
b) bloqueio parassimpático esôfago:
c) aumento da pós-carga
d) exercício extremo a) propranolol
e) fístula artério-venosa b) cimetidina
c) dopamina
Comentário: O débito cardíaco é alterado por vários fatores: d) morfina
aumenta quando ocorre aumento do volume sistólico, da freqüên - e) neostigmina

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CONCURSO TSA - 1991

Comentários: O refluxo gastroesofágico é dependente do gra - b) aumento do volume extracelular


diente de pressão entre o esfíncter inferior do esôfago e a pressão c) aumento do volume intracelular
intra-gástrica. Quando a pressão gástrica se eleva, suplantando a d) aumento do volume circulante
pressão do esfíncter inferior do esôfago, o refluxo gastro-esofágico e) movimento de água do intra para o extracelular
acontece. Algumas situações clínicas e farmacológicas contribuem
Comentário: A diminuição do sódio extracelular leva à di -
para o aparecimento de refluxo: gestação, hérnia de hiato, obesi -
minuição da osmolaridade do extracelular. A água se difundirá do
dade, atropina, glicopirrolato, opióides.
extracelular para o intracelular, aumentando o volume intracelular
A neostigmina e o edrofônio são drogas que aumentam o tônus
e diminuindo o extracelular. A conseqüência de perda de volume
de esfíncter inferior do esôfago através do sistema nervoso au -
do extracelular é uma diminuição do volume circulante.
tônomo.
Resp. c
Resp. e
Refs:
Refs:
Skeie B, Askanazi J, Khambatta H - Nutrition, Fluid and Electrolytes,
Buckley F P - Anesthesia and Obesity and Gastrointestinal Disor -
em Clinical Anesthesia, Barash P G, Cullen B F, Stoelting R K,
ders, em Clinical Anesthesia, Barash P G, Cullen B F, Stoelting R
Philadelphia, Lippincott, 1989: 721-751.
K, New York, J B Lippincott Co., 1989: 1117-1131.
Giesecke A H, Egbert L D - Perioperative Fluid Therapy - Crystal -
Gibbs C P - Manegement of Aspiration Pneumonitis, em Anesthe -
loids, em Anesthesia, Miller R D, New York, Churchill Livingstone,
sia, Miller R D, New York, Churchill Livingstone, 1990: 1293-1319.
1986: 1313-1328.
Duval Neto G F, TSA
Carvalho J C A, TSA
11- Paciente do sexo masculino, 30 anos, 70 kg, estado
14 - A clonidina é:
físico ASA 1. Volume de líquido extracelular esperado:
a) antagonista dos receptores alfa-2
a) 42 l
b) agonista seletivo dos receptores beta-1
b) 28 l
c) antagonista dos receptores alfa-1
c) 14 l
d) agonista seletivo dos receptores alfa-2
d) 11 l
e) antagonista dos receptores beta-1
e) 3 l
Comentário: Existem poucos agonistas puros dos receptores
Comentário: No paciente descrito a água corporal total corre -
alfa. A fenilefrina e a metoxamina são agonistas seletivos alfa-1. A
sponde à 60% do peso corpóreo (42 l). Deste volume, 40% encon -
clonidina é um agonista seletivo alfa-2. Tem indicação clínica nos
tra-se no intracelular (28 l) e 20% no extracelular (14 l). O líquido
estados hipertensivos, já que a estimulação de alfa-2 produz efeitos
extracelular engloba o intersticial (11 l) e o intravascular (3 l).
simpaticolíticos.
Resp. c
Resp. d
Refs:
Refs:
Skeie B, Askanazi J, Khambatta H - Nutrition, Fluid and Electrolytes,
Merin R G - Pharmacology of the Autonomic Nervous System. Em
em Clinical Anesthesia, Barash P G, Cullen B F, Stoelting R K,
Miller R D, Anesthesia, Vol. 1, 2ª Ed.,New York, Churchill Living -
Philadelphia, Lippincott, 1989: 721-751.
stone, 1986: 945-982.
Martins V F - Equilíbrio Hidroeletrolítico, em SAESP, TSA-Curso
Foex P - The Heart and the Autonomic Nervous System. Em Nimmo
de Atualização, Gozzani J L, Rebúglio R, Rio de Janeiro, Atheneu,
W, Smith G, Anaesthesia, Vol. 1, Londres, Blackwell Scientific
1990: 114-122.
Publication, 1989: 115-161.
Carvalho J C A, TSA
Conceição M J, TSA
12 - A PaO 2 da gasometria expressa:
15 - A terbutalina:
a) O 2 ligado à hemoglobina
b) O 2 dissolvido no plasma a) é ß 1 agonista
c) O 2 ligado à hemoglobina + O 2 dissolvido no plasma b) é uma catecolamina
d) O 2 ligado à hemoglobina - O 2 dissolvido no plasma c) causa hipopotassemia
e) O 2 dissolvido no plasma - O 2 ligado à hemoglobina
d) ativa a fosfodiesterase
e) é metabolizada pela catecol-o-metiltransferase
Comentário: O oxigênio está presente no sangue em duas
formas: ligado à hemoglobina e dissolvido no plasma. Apesar da Comentário: A terbutalina é um ß 2 agonista, usada no
sua insignificante contribuição para o Conteúdo Arterial de tratamento da asma, não catecol, portanto não metabolizada pela
Oxigênio, o O 2 dissolvido é importante porque é ele que determina COMT. A ativação do receptor ß 2 causa ativação da adenilatoci -
a magnitude do gradiente de pressão parcial que o O 2 vai sofrer clase que, a partir do ATP, forma o AMP cíclico, que age no músculo
para atingir os tecidos. A PaO 2 da gasometria expressa o oxigênio liso dos brônquios, causando broncodilatação. A fosfodiesterase
dissolvido no plasma. inativa o AMP cíclico em 5-AMP. A estimulação dos receptores ß 2
nos músculos provoca entrada de K nas células, baixando o
Resp. b potássio plasmático.
Refs: Resp. c
Bowe E A, Klein E F - Acid Base, Blood Gas, Electrolytes, em
Clinical Anesthesia, Barash P G, Cullen B F, Stoelting R K, Phila - Refs:
delphia, Lippincott, 1989: 669-706. Wood M - Drugs and Respiratory System. In Drugs and Anesthesia.
Hug C C - Monitoring, em Anesthesia, Miller R D, New York, Pharmacology for the Anesthesiologists. Wood M, Wood A J J, 2 nd
Churchill Livingstone, 1986: 411-463. Ed., Baltimore, Williams e Wilkins, 1990: 537-551.
Hoffman B B, Lefkowitz R J - Cathecolamines and Sym -
Carvalho J C A, TSA pathomimetic Drugs. In the Pharmacological Basis of Therapeutics.
13 - Conseqüências da diminuição do sódio extracelular: Goodman e Gilman, 8 th Ed., New York, 1990: 205-206.
a) aumento da osmolaridade extracelular Labrunie G M, TSA

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16 - Situação na qual um paciente inalando O 2 a 100% man- quando em contato com álcalis e calor. Grãos muitos pequenos
tém a PaO 2 abaixo do normal: diminuem os interstícios por onde devem fluir os gases, aumen -
a) hipoventilação por dose excessiva de narcótico tando a resistência ao fluxo, porém, quanto menores os grãos maior
b) paciente com comprometimento da difusão, por fibrose será a capacidade de absorção, pelo aumento da superfície de
intersticial contato.
c) paciente com embolia pulmonar Resp. a
d) cardiopatia congênita com shunt D-E sem hipertensão pul -
Refs:
monar
Orkin F K - Anesthetic Systems. Em Anesthesia, Miller R D, Vol. 1,
e) cardiopatia congênita com shunt E-D sem hipertensão pulmonar
2ª Ed., New York, Churchill Livingstone, 1986: 117-160.
Comentário: As causas de hipoxemia (PaO 2 abaixo do normal) Jones M J - Breathing Systems and Vaporizers. Em Nimmo W,
são: hipoventilação (dose excessiva de narcóticos), comprometi - Smith G, Anaesthesia, Vol. 1, Blackwell Scientific Publications,
mento da difusão (fibrose intersticial), desequilíbrio ventilação-per - Londres, 1989: 327-342.
fusão (embolia pulmonar), shunt D-E (passagem de sangue venoso Conceição M J, TSA
diretamente para a circulação sistêmica) e inalação de misturas 19 - A hipóxia de Fink ocorre durante o (a):
hipoxiantes (grandes altitudes). Destas causas, apenas o paciente
com shunt D-E não consegue normalizar a PaO 2 com a inalação a) indução com óxido nitroso
de O 2 a 100%. b) uso de óxido nitroso em cirurgias de fossa posterior
c) emergência da anestesia com óxido nitroso
Resp. d d) ventilação pulmonar com oxigênio à 100%
Refs: e) entubação após desnitrogenização
West J B - Fisiologia Pulmonar Moderna. São Paulo, Manole Ltda.,
1986: 21-48 Comentário: A hipóxia por difusão, descrita por Fink, acontece
Kirklin J W, Barrat-Boyes B G - Atrial Septal Defect and Partial durante a emergência de anestesia geral inalatória com óxido
Anomalous Pulmonary Venous Connection. In Cardiac Surgery, nitroso. Este gás, pelo seu baixo coeficiente de solubilidade
New York, John Wiley e Sons, 1986: 463-497. sangue/gás, passa rapidamente aos alvéolos. Quando interrom -
pida a sua administração, determina diluição do oxigênio neste
Labrunie G M, TSA
espaço levando à diminuição da PaO 2, seguindo a lei das pressões
17- A transfusão de sangue homólogo exerce efeitos imu - parciais de Dalton.
nossupressores inespecíficos, podendo dessa forma es -
timular o crescimento de tumores malígnos. Esse fenômeno Resp. c
está relacionado com: Refs:
a) diminuição da síntese de prostaglandina E Medrado V C - Anestésicos Inalatórios, em Farmacologia, Silva P,
b) diminuição de secreção de interleucina 2 3ª Ed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1989: 356-366.
c) produtos de degradação do plasminogênio Eger II E I - Uptake and Distribution, em Anesthesia, Miller R D, 3ª
d) leucopenia aguda Ed., New York, Churchill Livingstone, 1990: 85-104.
e) aumento de tromboplastina tecidual Garrido L, TSA
Comentário: A transfusão de sangue homólogo exerce efeitos 20 - CAM (BAR) é a CAM na qual 50% dos pacientes:
imunossupressores inespecíficos. Esse efeito pode ser considerado a) não reagem à picada de agulha
terapêutico no caso de transplantes renais, entretanto pode aumen - b) reagem ao estímulo auditivo
tar a suscetibilidade para infecções e estimular o crescimento de c) não tossem quando entubados
tumores malignos. O mecanismo com que o sangue homólogo atua d) estão acordados
na carcinogênese está relacionado com: aumento da síntese de e) têm bloqueadas suas respostas autonômicas à incisão da pele
prostaglandina E, diminuição de secreção de interleucina 2 e com
Comentário: A CAM (BAR) (blocked the adrenergic response)
aparecimento de produtos de degradação do fibrinogênio no plasma.
é definida por Roizen como a concentração alveolar mínima do
Resp. b anestésico inalatório onde 50% dos pacientes têm bloqueadas
Refs: suas respostas adrenérgicas à incisão da pele. Dentre as diversas
Miller R D - Transfusion Therapy, em Anesthesia, Miller R D, New CAM: CAM acordado, CAM incisão, CAM entubação e CAM (BAR),
York, Churchill Livingstone, 1990: 1467-1499. esta última é a que apresenta maiores valores.
Miller R D - Currents Perspectives on Blood Transfusion, em Resp. e
Review Courses Lectures, 1990: 57-61 (Suplement to Anesthesia
and Analgesia). Refs:
Roizen M F, Horrigan R W, Frazer M B - Anesthetic doses blocking
Duval Neto D F, TSA adrenergic (stress) and cardiovascular responses to incision - MAC
18 - Com relação à cal sodada: BAR. Anesthesiology, 1981; 54: 390-398.
a) grãos menores aumentam a capacidade de absorção do CO 2 Medrado V C; Anestésicos Inalatórios, em Farmacologia, Silva P,
b) a sílica serve para amolecer a mistura 3ª Ed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1989: 356-366.
c) é compatível com todos os agentes inalatórios conhecidos Garrido L, TSA
d) grãos pequenos oferecem menor resistência ao fluxo dos 21 - Características farmacológicas dos anestésicos locais:
gases.
e) o principal componente da mistura é o hidróxido de sódio a) são bases fracas que apresentam pKa abaixo do pH fisi -
ológico
Comentário: A cal sodada é uma mistura de hidróxidos, na qual b) o início de ação de um anestésico local reflete a difusão de
predomina o hidróxido de cálcio. A sílica é acrescentada à mistura sua forma ionizada através da membrana neuronal
para endurecê-la, atenuando a formação de pó, que poderá ser c) a extração plasmática da bupivacaína (durante a primeira
inalado pelo paciente. A cal sodada é incompatível com o tricloroeti - passagem) pulmonar é dose dependente e pode ser al -
leno. Este agente inalatório se decompõe em produtos tóxicos terada pela administração de propranolol

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CONCURSO TSA - 1991

d) a lipossolubilidade dos anestésicos locais é a principal b) a pós-carga diminui mais que a pré-carga
determinante do tempo de atividade dos mesmos, en - c) a freqüência cardíaca aumenta
quanto que a sua ligação proteica determina a sua potência d) o débito cardíaco depende mais da pós-carga
e) a adição de adrenalina aos anestésicos locais aumenta o per - e) a posição do paciente não influencia a pré-carga
centual de droga não ionizada
Comentário: A denervação simpática produz vasodilatação
Comentários: Os anestésicos locais são bases fracas que arteriolar, que entretanto não é máxima; a diminuição da resistência
possuem pKa superiores ao pH fisiológico. Como resultado disso, periférica (pós-carga) é pequena, ao redor de 15%. Os vasos de
menos da metade do anestésico local existe sob a forma não capacitância (pré-carga), entretanto, são muito afetados, com
ionizada e lipossolúvel em um pH de 7,4. grande prejuízo do retorno de sangue ao coração. O posiciona -
A capacidade de penetrabilidade de um anestésico, através da mento do paciente pode ter muita influência na manutenção da
membrana neuronal e tecidos, é dependente da sua forma básica pré-carga. A freqüência cardíaca diminui, provavelmente re -
N- ionizada, o que é relacionado com o período de latência da lacionada à queda da pressão atrial direita e da pressão nas
droga. grandes veias ao atingirem o coração direito.
A lipossolubilidade de um anestésico local está intimamente Resp. a
relacionada com a sua potência anestésica, enquanto que a sua Refs:
ligação com as proteínas constituintes da membrana neuronal Bridenbaugh P O, Greene N M. Spinal (subarachnoid) neural block,
influencia a duração de seu efeito. em Neural Blockade in Clinical Anesthesia and Management of
A adição de adrenalina aos anestésicos locais acidifica o meio Pain, Cousins M J, Bridenbaugh P O, Philadelphia, Lippincott,
(anti-oxidante) e aumenta a forma catiônica dos mesmos. 1988: 213-251.
O pulmão é capaz de extrair anestésicos locais (lidocaína, Covino B G, Lambert D H - Epidural and Spinal Anesthesia, em
bupivacaína e prilocaína) da circulação. Após uma rápida entrada Clinical Anesthesia, Barash P G, Cullen B F, Stoelting R K, Phila -
dos anestésicos locais na circulação venosa, a extração pulmonar delphia, Lippincott, 1989: 755-786.
limita a concentração de droga que alcança a circulação sistêmica, Carvalho J C A, TSA
para se distribuir no coração e cérebro. O firt-pass pulmonar da
bupivacaína é dose dependente, podendo ser saturado. O propra - 24- Paciente submetido a anestesia peridural para cirurgia
nolol altera o seqüestro de bupivacaína pelo pulmão, mostrando a de membros inferiores, apresenta, no pós-operatório ime -
possibilidade de um receptor pulmonar comum para as duas drogas. diato, intensa dor lombar e paraplegia. Causa provável:
Resp. c a) síndrome da artéria espinhal anterior
b) aracnoidite adesiva
Refs: c) hematoma peridural
Stoelting R K - Local Anesthetics, em Pharmacology and Physiol - d) abscesso peridural
ogy in Anesthetic Practice, Stoelting R K, Philadelphia, J B Lippin - e) polirradiculoneurite
cott, 1987: 147-168.
Ritchie J M - Local Anesthetics, em Pharmacological Basis of Comentário: O hematoma peridural ocorre quase que exclusi -
Therapeutics, Gilman A G, Rall T W, Nies A S, Taylor P, New York, vamente em pacientes portadores de alguma alteração da coagu -
Pergamon Press, 1990: 311-331. lação sangüínea. A possibilidade de sua ocorrência na ausência
Duval Neto G F, TSA dessas alterações é remota. Em todos os casos relatados o esta -
belecimento dos sinais é rápido, com deficit neurológico, lombalgia
22- Anestésico local que melhor evidencia o bloqueio difer - intensa, ou ambos. O diagnóstico e eventual descompressão cirúr -
encial de fibras nervosas, durante sua utilização clínica: gica devem ser feitos dentro de um máximo de 12 horas, caso
a) bupivacaína contrário a seqüela neurológica será permanente.
b) lidocaína Resp. c
c) prilocaína
d) etidocaína Refs:
e) procaína Cousins M J, Bromage P R. Epidural Blockade, em Neural Blockade
in Clinical Anesthesia and Management of Pain, Cousins M J,
Comentário: A maior vantagem da bupivacaína sobre os outros Bridenbaugh P O, Philadelphia, Lippincott, 1988: 253-360.
anestésicos locais parece ser na área de obstetrícia, isto é, quando Covino B G, Lambert D H - Epidural and Spinal Anesthesia, em
utilizado em analgesia obstétrica, por via peridural, fornece ade - Clinical Anesthesia, Barash P G, Cullen B F, Stoelting R K, Phila -
quada analgesia sem significante bloqueio motor. O bloqueio dif - delphia, Lippincott, 1989: 755-786.
erencial de fibras causado pela bupivacaína tem sido largamente Carvalho J C A, TSA
utilizado em analgesia pós-operatória e em certos tipos de dor
crônica. 25- Paciente em bom estado geral, consciente, em 2º dia de
pós- operatório de tireoidectomia radical. Ao realizar a
Resp. a primeira refeição apresenta sinais de aspiração pulmonar. A
Refs: causa mais provável da aspiração é lesão:
Covino B G - Clinical Pharmacology of Local Anesthetic Agents, em a) unilateral do laríngeo externo
Neural Blockade, Cousins M J, Bridenbaugh P O, Philadelphia, J b) bilateral do laríngeo superior
B Lippincott Co., 1988: 111-144. c) unilateral do laríngeo recorrente
Strichartz G R - Local Anesthetics, em Anesthesia, Miller R D, New d) bilateral do laríngeo recorrente
York, Philadelphia, Churchill Livingstone, 1990: 437-470. e) unilateral do frênico
Duval Neto G F, TSA
Comentário: A lesão bilateral do nervo laríngeo superior resulta,
23- Na anestesia subaracnóidea realizada com anestésico lo - em alteração da voz, perda da sensibilidade da laringe e do seio
cal hiperbárico sem epinefrina, estando o bloqueio sensitivo piriforme; isto pode determinar aspiração. A rouquidão ou a voz
em T4 e o paciente normovolêmico: cavernosa pode ser determinada por lesão do ramo laríngeo ex -
a) a pré-carga diminui mais que a pós-carga terno, ramo do laríngeo superior, que inerva o músculo crico -

Revista Brasileira de Anestesiologia S 43


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COMISSÃO TSA/SBA

tireóideo, o qual mantém a tensão da corda vocal. Obstrução Braz J R C, Castiglia Y M M, Vane L A - Anesthesia para Disfunções
respiratória por lesão bilateral do laríngeo recorrente pode ocorrer, Endócrinas. Em: Cremonesi E, Temas de Anestesiologia, Savier
por paralisia das cordas vocais, junto à linha média, devido a Ed. Livros Médicos Ltda., São Paulo, 1987: 261-290.
paralisia dos músculos abdutores, com alteração da voz (fraqueza Tasch M D - Endocrine Disease and Implications for Management
e rouquidão) e necessitando de intubação traqueal e traqueostomia of Anesthesia. In: Stoelting R K, Barash P G, Gallangher T J -
posteriormente, para manter a ventilação adequada. Paralisia uni - Advances in Anesthesia, Year Book Medical Publishers, Chicago,
lateral do recorrente, usualmente, não requer tratamento, porque Vol. 2, 1985: 103-166.
na maioria das vezes, a voz permanece normal, bem como a via Conceição M J, TSA
aérea permanece livre.
28- O nitroprussiato de sódio:
Resp. b
a) bloqueia os receptores alfa
Refs:
b) bloqueia os receptores alfa e beta
Braz J R C, Castiglia Y M M, Vane L A - Anestesia para disfunções
c) bloqueia os receptores beta
endócrinas, em Temas de Anestesiologia, Cremonesi E, São
d) age diretamente na musculatura lisa dos vasos
Paulo, Sarvier, 1987: 274.
e) promove vasodilatação através de seus metabólitos
Sebel P S - Thyroid and Parathyroid Disease, em Anaesthesia,
Nimmo W S, Smith G, Oxford, Blackwell Scientific Publications, Comentário: A ação do nitroprussiato de sódio realiza-se
1989: 776-777. através de sua ação direta na musculatura dos vasos, sem exercer
Braz J R C, TSA qualquer ação a nível dos receptores adrenérgicos. Seus metabóli -
26- Em paciente diabético tipo II, fazendo uso de clor - tos são desprovidos de ação vasodilatadora.
propamida, é correto pensar-se com relação ao trans-op - Resp. d
eratório:
Refs:
a) está contraindicado o uso de soluções salinas a 0,9% Magalhães L C - Vasodilatadores, em Farmacologia, Silva P, 3ª
b) o tiopental sódico poderá ter seus efeitos acentuados Ed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1989: 603-618.
c) a clorpropamida tem duração de efeito de até 60 horas Vieira J L - Hipertensão Induzida, em Temas de Anestesiologia,
d) se ocorrerem crises hipertensivas, tratar com esteróides Cremonesi E, São Paulo, Savier, 1987: 137- 160.
e) existe risco aumentado de acidose lática
Garrido L, TSA
Comentário: As sulfoniluréias estimulam a liberação de insulina
29- No músculo esquelético, o estado de acomodação da
pelo pâncreas e podem acentuar os efeitos dos tiazídicos, barbitúri -
membrana extrajuncional é causado por:
cos e anticoagulantes orais. O uso de esteróides nestes pacientes
pode desencadear hiperglicemia. O tempo de duração da clor - a) baixo potencial de placa, que não atinge o limiar de ação
propamida varia de 4 a 12 horas. O volume extracelular pode ser b) portão voltagem-dependente fechado, tempo-dependente
reposto com soluções salinas a 0,9%. As biguanidinas é que aberto
tendem a induzir a acidose lática. c) portão voltagem-dependente aberto, tempo-dependente fe -
Resp. b chado
d) depleção dos quanta de acetilcolina na terminação nervosa
Refs: e) portão voltagem-dependente aberto, tempo-dependente aberto
Tasch M D - Endocrine Disease and Implications for Management
of Anesthesia. Em Stoelting R K, Barash P G, Gallagher T J - Comentário: Na membrana muscular, que se justapõe à mem -
Advances in Anesthesia, Year Book Medical Publishers, Chicago, brana da placa motora, em situação de repouso, o portão voltagem-
Vol. 2, 1985: 103-166. dependente está fechado e o tempo-dependente aberto. O poten -
Braz J R C, Castiglia Y M M, Vane L A - Anesthesia para disfunções cial de ação deflagra a abertura do portão voltagem-depen-dente,
endócrinas. Em: Cremonesi E, Temas de Anestesiologia, Savier que se manterá aberto até que caia a diferença de potencial. O
Ed. Livros Médicos Ltda., São Paulo, 1987: 261-290. portão tempo-dependente, de inativação, se fechará logo após a
Conceição M J, TSA abertura do outro portão, e só se abrirá quando o voltagem-depend -
27- No paciente mixedematoso: ente se fechar, para restabelecer o estado de repouso. Com isto a
membrana extrajuncional mantém um estado de acomodação que
a) não é recomendável o uso de esteróides impede nova contração muscular, embora seja mantido um poten -
b) existe aumento do volume sangüíneo circulante cial de ação.
c) a cloropromazina está indicada antes da indução
d) não é recomendável o uso de atracúrio Resp. c
e) a cetamina pode ser um bom agente indutor Refs:
Comentário: Pacientes com hipotireoidismo avançado são con - Standaert F G - Neuromuscular Physiology. In Anesthesia, Miller R
siderados de alto risco. As cirurgias eletivas são contraindicadas D, 3rd Ed., New York, Churchill Livingstone, 1990: 659-684.
Guyton A C - Potenciais de Membrana e Potenciais de Ação. Em
até que o paciente torne-se um eutireóideo. Estes pacientes de -
Tratado de Fisiologia Médica, 7ª Ed., Rio de Janeiro, Guanabara,
senvolvem vasoconstrição crônica com queda no volume
1989: 83-97.
sangüíneo circulante, tolerando mal as perdas sangüíneas. Há
risco de regurgitação e aspiração (íleo paralítico). A cloropromazina Labrunie G M, TSA
deve ser evitada, pois pode provocar hipotensões graves e hipo - 30- O uso de pancurônio em paciente cirrótico tem como
termia. Não existe contraindicação ao uso de bloqueadores característica:
neuromusculares adespolarizantes e a cetamina pode ser um bom
agente indutor. Os corticoesteróides podem ter boa indicação, já a) a instalação do bloqueio é mais rápida
que estes pacientes não respondem bem aos vasoconstritores. b) o volume de distribuição da droga está aumentado
c) sua farmacocinética não se altera
Resp. e d) a meia vida de eliminação está diminuída
Refs: e) a dose inicial deve ser metade da normal

S 44 Revista Brasileira de Anestesiologia


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CONCURSO TSA - 1991

Comentário: Nos cirróticos o volume de distribuição está Petersen H - Obstetric Anesthesia, em Clinical Anesthesia, Barash
aumentado. A fração livre, que é a parte ativa na placa mioneural, P G, Cullen B F, Stoelting R K, Philadelphia, J B Lippincott Co.,
fica diminuída, causando resistência inicial a sua ação, traduzida 1989: 1215-1251.
pelo aumento do tempo de latência. O maior volume de distribuição Duval Neto G F, TSA
causa ainda aumento da meia vida de eliminação, aumentando o
tempo de eliminação e ocasionando um efeito cumulativo, havendo
necessidade de diminuição das doses subseqüentes.
33- Características farmacocinéticas no paciente obeso:
Resp. b
a) aumenta meia vida de eliminação de drogas lipofílicas
Refs: b) diminui o clearance de drogas lipofílicas
Braz J R, Vianna P T G - Farmacocinética dos Bloqueadores c) aumenta o volume de distribuição de drogas hidrofílicas
Neuromusculares. Rev Bras Anest, 1988; 30: 15-24. d) aumenta a meia vida de eliminação de drogas hidrofílicas
Wood M - Neuromuscular Bloking Agents. In Drugs and Anesthesia. e) diminui o volume de distribuição de drogas hidrofílicas
Pharmacology for Anesthesiologists, Wood M, Wood A J J, 2 nd Ed.,
Baltimore, Williams e Wilkins, 1990: 271-318. Comentário: O aumento do tecido adiposo modifica a dis -
Labrunie G M, TSA posição cinética das drogas. As drogas lipofílicas têm seu volume
de distribuição aumentado, o que, na vigência de um clearance
31- A troponina: mantido, leva a um aumento de sua meia vida de eliminação. As
a) retarda a transmissão neuromuscular drogas hidrofílicas não sofrem alterações significativas na sua
b) está presente no sarcoplasma farmacocinética.
c) é destruída pela fosfodiesterase Resp. a
d) facilita a ligação actino-miosina
e) aumenta a permeabilidade da membrana ao potássio Ref:
Buckley F P - Anesthesia and Obesity and Gastrointestinal Disor -
Comentário: A troponina é um complexo de 3 cadeias de poli - ders, em Clinical Anesthesia, Barash P G, Cullen B F, Stoelting R
peptídeos: troponina I, troponina T e troponina C, que se localiza em K, Philadelphia, Lippincott, 1989: 1117-1131.
grupos, a intervalos regulares, na molécula da tropomiosina, sobre Carvalho J C A, TSA
o filamento actina. Troponina e tropomiosina agem na formação das
ligações actino-miosina durante a contração muscular. 34- Característica cárdio-circulatória do paciente com cir -
rose hepática e hipertensão portal:
Resp. d
a) aumento da resistência periférica
Refs: b) diminuição do volume circulante
Guyton A C - Contração do Músculo Esquelético. Em Tratado de c) aumento do débito cardíaco
Fisiologia Médica, 7ª Ed., Rio de Janeiro, Guanabara, 1989: 98- 110. d) aumento da responsividade às catecolaminas
Campbell L T - Nerve and Skeletal Muscle. In Anaesthesia, Nimmo e) aumento da diferença artério-venosa de oxigênio
W S, Smith G, Londres, Blackwell, 1989: 105-114.
Labrunie G M, TSA Comentário: A função cardiovascular no paciente cirrótico com
hipertensão portal é caracterizada por um estado hiperdinâmico,
32- Situação clínica, em anestesia obstétrica, na qual a di -
com alto débito cardíaco, baixa resistência periférica, pressões de
minuição da resistência vascular periférica é mais crítica:
enchimento de câmaras cardíacas normais, freqüência cardíaca
a) insuficiência mitral normal e pressão arterial normal. O volume circulante está aumen -
b) comunicação inter-ventricular tado. O fluxo sangüíneo periférico é maior do que as necessidades
c) síndrome de eisenmenger metabólicas, a diferença artério-venosa de oxigênio é pequena e a
d) insuficiência aórtica saturação de oxigênio no sangue venoso é alta. A responsividade
e) persistência do canal arterial do sistema cardiovascular às catecolaminas está diminuída.
Comentário: Todas as situações citadas se beneficiam com a Resp. c
diminuição da resistência vascular periférica, causada por drogas ou Refs:
técnicas anestésicas, com exceção da síndrome de Eisenmenger. Gelman S - Anesthesia and the Liver, em Clinical Anesthesia,
A síndrome de Eisenmenger consiste de uma doença vascular Barash P G, Cullen B F, Stoelting R K, Philadelphia, Lippincott,
pulmonar obstrutiva, que resulta em hipertensão vascular pulmonar 1989: 1133-1162.
e, shunt da direita para esquerda com hipoxemia. É um problema Nocite J R - Anestesia e função hepática. Anestesia nas disfunções
sem possibilidade de correção cirúrgica. O índice de mortalidade hepáticas, em Temas de Anestesiologia, Cremonesi E, São Paulo,
materno durante a gestação oscila em torno de 30%, quando Sarvier, 1987: 223-231.
comparado com índice de mortalidade de 4% de mães portadoras Carvalho J C A, TSA
de tetralogia de Fallot ou coartação de aorta. O maior perigo de
descompensação dessa síndrome é a diminuição de resistência 35- O recém-nascido, em relação ao adulto, apresenta:
vascular periférica, a qual leva a um aumento no shunt e fenômenos a) menor volume extracelular
tromboembólicos, fatos que diminuem ainda mais o fluxo sangüíneo b) menor perda de calor por m 2
pulmonar. Os bloqueios regionais devem ser utilizados com imenso c) maior débito cardíaco (ml.kg -1.min-1)
cuidado nessa situação, devido ao bloqueio simpático. d) desvio do eixo do QRS para a esquerda
e) densidade urinária mais alta
Resp. c
Comentário: O recém-nascido, em relação ao adulto, apresenta
maior volume líquido extracelular; maior relação superfície/massa
Refs: corporal e por isto maiores perdas de calor e necessidades calóri -
Stoelting R K - Pregnant Patient, em Anesthesia and Co-existing cas (m 2), além de menor capacidade de concentração urinária, o
Diseases, Stoelting R K, Dierdorf S F, McCammon R L, New York, que resulta em densidade urinária relativamente baixa. Apresenta
Churchill Livingstone, 1988: 749-806. também hipertrofia ventricular direita e desvio do eixo da QRS para

Revista Brasileira de Anestesiologia S 45


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COMISSÃO TSA/SBA

a direita. Seu débito cardíaco é 30 a 50% maior por quilograma de Cremonesi E, Mizumoto N - Anestesia para Neurocirurgia. Em:
peso corporal que o do adulto, por necessitar mais oxigênio e como Cremonesi E, Temas de Anestesiologia, Sarvier Editora, São
compensação pela presença da hemoglobina fetal. Paulo, 1987: 333-351.
Hunter A R - Anaesthesia for Neurosurgery. Em Gray T C, Numm
Resp. c
J F, Utting J E, General Anaesthesia, 4ª Ed., Vol. 2, Butterworth,
Refs: London, 1980: 1219-1243.
Gregory G A - Anestesia Pediátrica, em Tratado de Anestesia, Conceição M J, TSA
Miller RD, 2ª Ed., São Paulo, Manole, 1989: 1809-1815.
Todres I D - Growth and Development, em A Practice of Anesthesia 38- Paciente de dois anos deverá ser submetido à anestesia
for Infants and Children, Ryan J F, Todres I D, Coté C J, Goudsouz - geral para estudo urodinâmico em investigação de refluxo
ian N, Orlando, Grune & Stratton, 1986: 5-16. vesicoureteral. Droga de escolha para ser utilizada no mo -
mento da leitura do perfil da pressão ureteral e cistouretero -
Braz J R C, TSA grama:
36- Criança de 1 ano, ASA I, com 9 kg e sem receber medi - a) halotano
cação pré-anestésica, submeteu-se à anestesia inalatória b) enflurano
com halotano para cirurgia de correção de hérnia umbilical, c) midazolam
recebendo como hidratação solução glico-fisiológica a 1/4, d) óxido nitroso
contendo 50 mg de glicose e 22,4 mg de cloreto de sódio por e) isoflurano
ml da solução, na velocidade de 6 ml.kg -1.h-1 A cirurgia de-
Comentário: Sedativos e anestésicos inalatórios, a exceção do
morou 1 hora e a criança foi enviada a sala de recuperação
óxido nitroso, diminuem a pressão dos esfíncteres vesico ureterais
pós- anestésica (SRPA), onde continuou a receber a mesma
alterando os resultados dos estudos de urodinâmica; a atropina
hidratação e na mesma velocidade. Após 6 horas na SRPA, a
também deve ser evitada. No momento da leitura, o único an -
criança apresenta-se intensamente sonolenta, respondendo
estésico a ser usado deve ser o óxido nitroso.
apenas a estímulos dolorosos. Causa mais provável do
quadro: Resp. d
a) hipernatremia Ref:
b) hiponatremia Liu W S, Wohg K C - Anesthesia for Genitourinary Surgery, em
c) hipopotassemia Clinical Anesthesia, Barash P G, Cullen B F, Stoelting R K, Phila -
d) hipoglicemia delphia, Lippincott, 1989: 1105-1116.
e) hipocalcemia Garrido L, TSA
39- Caracteriza a posição de Rose:
Comentário: A hidratação de crianças com solução glico- fisi -
ológica a 1/4, por período prolongado e em volume acima do a) decúbito lateral, perna contralateral fletida a 30 o
necessário pode provocar diluição plasmática, com hiponatremia e b) decúbito dorsal, elevação da parte superior do tórax, hiper -
formação de edema cerebral, provocando, caso não haja correção, extensão da cabeça, céfalo-declive de 15 o
retardo na recuperação anestésica e quadros clínicos de coma c) decúbito lateral, perna contralateral fletida a 30 o, cabeça em
superficial, confusão mental e mesmo convulsões. hiperextensão
d) decúbito ventral com dois coxins sob o tórax, cabeça em
Resp. b posição lateral
Refs: e) decúbito dorsal, céfalo-aclive de 15 o
Berry F A - Renal Function and Fluid Distribution: Fluid and Elec - Comentário: A posição de Rose previne a aspiração de sangue
trolyte requirements, em Anesthésie Pédiatrique, Balagny E, Cler - nas amigdalectomias, por drenar o sangue para a cavidade oral.
gue F, Conseiller C et al, Paris, Arnette, 1988: 27-33. Posição supina, com os ombros elevados, por coxim, de modo que
Ryan J R, Todres I D, Coté C J, Goudsouzian N G - A Practice of o pescoço se encontre em nível inferior, promovendo hiperexten -
Anesthesia for Infants and Children, Orlando, Grune & Stratton, são.
1986: 117.
Resp. b
Braz J R C, TSA Refs:
37- Com relação às embolias gasosas durante neurocirurgia: Katayama M - Anestesia em Otorrinolaringologia. Em SAESP, TSA
Curso de Atualização. São Paulo, Atheneu, 1990: 301-306.
a) são mais freqüentes durante a fase intracraniana Rocha H P C - Anestesia em Otorrinolaringologia. Rev Bras Anest,
b) o ar, normalmente, se introduz de forma brusca 1981: 157-162.
c) há indicação do uso de vasoconstritores
d) bradicardia e hipertensão são sinais precoces Labrunie G M, TSA
e) infusão de manitol (0,5 g.kg -1) atenua o problema 40- Droga mais efetiva no controle do vômito pós-operatório,
em cirurgia ambulatorial:
Comentário: A embolia gasosa durante a craniotomia, ocorre a) metaclopramida
por lesão nas paredes dos vasos. Raramente ocorre no b) prometazina
fechamento do crânio e dificilmente durante a fase intracraniana da c) droperidol
cirurgia. A entrada de ar normalmente é progressiva, e a taquicardia d) clorpromazina
acompanhada de hipotensão são sinais precoces desta compli - e) escopolamina
cação. O uso de vasoconstritores está indicado, já que elevam a
pressão arterial, favorecem a abertura dos capilares e facilitam a Comentários: Estudos realizados com pacientes submetidos a
circulação colateral, levando as bolhas para a circulação sistêmica, cirurgia ambulatorial (pediátricos e adultos) mostram que o droperi -
onde podem ser mais facilmente absorvidas. dol pode ser muito efetivo no controle da náusea e vômito pós-op -
eratório. Entretanto, se doses altas dessa droga forem utilizadas
Resp. c
em cirurgia ambulatorial podem aparecer para-efeitos, como
Refs: sonolência e desorientação, os quais podem retardar a alta hospi -

S 46 Revista Brasileira de Anestesiologia


Vol. 42: Supl. 14, 1992
CONCURSO TSA - 1991

talar. A dose ideal oscila entre 0,63 até 1,25mg, ou seja, 7,5 até Gallagher T J, Civeta J M - The Multiple Trauma Patient: Assesment
15mg/kg de peso; doses ainda menores tem sido preconizadas and Anesthesia. Em Gallagher T J, Advances in Anesthesia, Vol.
como efetivas na ação antiemética. 1, Year Book Medical Publishers, Chicago, 1984: 89-131.
A metoclopramida é menos efetiva na ação antiemética quando Conceição M J, TSA
comparada com o droperidol, embora não leve a para-efeitos
importantes.
A escopolamina tem sido utilizada como antimético por via
43- Droga que mantém as características farmacocinéticas e
transdérmica, com efetividade muito variável e com incidência de farmacodinâmicas no paciente idoso:
para-efeitos bastante significante (secura, alterações visuais, dis -
foria). a) atracúrio
b) etomidato
Resp. c c) vecurônio
Refs: d) isoflurano
White P - Outpatient Anesthesia, em Anesthesia, Miller R D, New e) fentanil
York, Churchill Livingstone, 1990: 2025-2059.
Wetchler B V - Outpatient Anesthesia, em Clinical Anesthesia, Comentário: No idoso, todos os opióides têm T 1/2 beta aumen -
Barash P G, Cullen B F, Stoelting R K, Philadelphia, J B Lippincott, tada; o isoflurano e o halotano apresentam menor CAM e o
1989: 1339-1364. etomidato tem aumentado em 61% a T 1/2 beta; entre os blo -
Duval Neto G F, TSA queadores neuromusculares adespolarizantes, somente o atra -
cúrio não apresenta clearance diminuído ou término de ação
41- Paciente na sala de recuperação pós-anestésica, com retardado.
cateter na artéria pulmonar, apresenta os seguintes valores:
pressão de oclusão da artéria pulmonar de 25 mmHg, índice Resp. a
cardíaco de 1,8 l.min -1.m-2 e resistência vascular sistêmica Refs:
de 2700 dinas.seg.cm -5. O diagnóstico provável é de: McLeskey C H - Anesthesia for the Geriatric Patient, Annual Re -
a) choque séptico fresher Course Lectures, 1990: 165.
b) choque hipovolêmico McLeskey C H - Anesthesia for the Geriatric Patient, em Clinical
c) choque cardiogênico Anesthesia, Barash P G, Cullen B F, Stoelting R K, Philadelphia,
d) nenhuma alteração hemodinâmica Lippincott, 1989: 1301-1338.
e) choque anafilático Garrido L, TSA
Comentário: O paciente em choque cardiogênico apresenta 44- Quanto a função respiratória no idoso:
alta pressão de oclusão da artéria pulmonar (15 mmHg), baixo a) o trabalho respiratório está diminuído
índice cardíaco (2,5 1.min -1.m-2) e resistência vascular sistêmica b) o volume de fechamento está diminuído
elevada (1400 dinas.seg.cm -5). c) a PaO 2 se mantém
Resp. c d) a superfície de troca está diminuída
e) o volume expiratório forçado no 1º segundo se mantém
Refs:
Feeley T W - A Sala de Recuperação, em Tratado de Anestesia, Comentário: No idoso, a função respiratória é afetada com as
Miller R D, 2ª Ed., São Paulo, Manole, 1989: 1999. diminuições do VEF 1 e da PaO 2, o aumento do trabalho respi -
Shoemaker W C - Physiologic Monitoring of the Critically Ill Patient, ratório, além do volume de fechamento aproximar-se da CRF;
em Textbook of Critical Care, Shoemaker W C, Ayres S, Grenvik A essas alterações levam a ocorrência de ‘‘alçaponamento ’’ de ar,
et al, 2 nd Ed., Philadelphia, J B Saunders Co.,1989: 155-157. aumentando o diâmetro dos poros de Kohn, expandindo os
Braz J R C, TSA espaços alveolares e conseqüentemente diminuindo a superfície
42- Paciente com 18 anos de idade, após atropelamento, é de troca.
hospitalizado consciente mas com sinais clínicos de cho - Resp. d
que. A laparotomia exploradora revela laceração de baço e
Refs:
fígado, que após 4 horas de cirurgia é reparada. Na sala de
MacLeskey C H - Anesthesia for the Geriatric Patient, em Clinical
recuperação pós-anestésica observa-se hemiplegia direita.
Anesthesia, Barash P G, Cullen B F, Stoelting R K, Philadelphia,
Suspeita diagnóstica:
Lippincott, 1989: 1301-1338.
a) hematoma extradural Muravchick S - Anesthesia for the Elderly, em Anesthesia, Miller R
b) trombose intracerebral à esquerda D, 3ª Ed., New York, Churchill Livingstone, 1990: 1969-1984.
c) lesão de base do crânio
d) acidose no líquido céfalo-raquidiano Garrido L, TSA
e) isquemia cerebral hipovolêmica 45- Paciente de 70 anos, em uso de captopril 25 mg de 12/12
horas, furosemida 40 mg/dia, digoxina 0,25 mg/dia, sub -
Comentário: No politraumatizado, apesar de consciente, mas metido a cirurgia abdominal, sob anestesia inalatória com
com história suspeita de traumatismo craniano, não podemos halotano e vecurônio. Durante o ato anestésico recebeu
esquecer o chamado ‘‘espaço lúcido ’’, sobretudo quando ocorrem cloreto de potássio 1g gota a gota iv e lanatosidio 0,4 mg iv.
hematomas extradurais, por ruptura da artéria meníngea média. O Na sala de recuperação apresentou arritmia ventricular
estado neurológico pode se agravar no trans-operatório imediato freqüente, bloqueio AV do 1º grau e flutter atrial. Causa
de atos cirúrgicos para a correção de outras lesões. provável:
Resp. a a) intoxicação digitálica
Refs: b) hiperpotassemia
Araújo J P, Cremonesi E - Anestesia para Cirurgia de Urgência. c) falência ventricular aguda
Em: Cremonesi E, Temas de Anestesiologia, Sarvier Editora de d) hipocalcemia
Livros Médicos, São Paulo, 1987: 199-216. e) hipercarbia

Revista Brasileira de Anestesiologia S 47


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COMISSÃO TSA/SBA

Comentário: A intoxicação digitálica causa náuseas, bloqueio Duval Neto G F, TSA


do nódulo AV e/ou arritmias ventriculares, podendo surgir taquiar - 48- Paciente com oligúria pós-anestésica apresenta os
ritmias atriais. O paciente idoso é mais sensível à toxicidade do seguintes resultados de análise de uma amostra de plasma e
digital. Hipopotassemia e hipercalcemia aumentam o risco de urina:
intoxicação digitálica. A falência ventricular e a hipercarbia não são
causas de flutter atrial. Sódio urinário < 25 mEq/L
Relação osmolaridade urinária/plasmática > 1.8:1
Resp. a
Relação uréia urinária/plasmática > 20:1
Refs:
Roden D M, Woosley R L - Anthiarrhythmic Drugs. In Drugs and Podemos pensar em:
Anesthesia. Pharmacology for Anesthesiologists. Wood M, Wood a) oligúria fisiológica
A J J, Baltimore, Williams e Wilkins, 1990: 461-491. b) necrose tubular aguda
Carneiro E F - A Ação da Digital e da Quinidina. Em O Eletro - c) insuficiência pré-renal
cardiograma. 3ª Ed., Rio de Janeiro, Atheneu, 1983: 545- 551. d) insuficiência renal crônica
e) obstrução ureteral
Labrunie G M, TSA
46- Paciente operado de hérnia inguinal direita sob raquian - Comentário: A oligúria (50-400 ml/24 horas ou menos de 20
estesia, apresenta, na sala de recuperação pós- anestésica, ml/hora) no período pós-operatório é um fato não muito raro. O
agitação psicomotora. Causa provável: importante é o diagnóstico da etiologia pré-renal, renal ou pós-re -
a) hipocapnia nal. Examinando os eletrólitos, osmolaridade, uréia, creatinina em
b) retenção urinária relação as suas concentrações séricas e plasmáticas podemos
c) extensão do bloqueio chegar a um diagnóstico. A oligúria devido a problemas pré-renais
d) choque pirogênico (DEEC, baixo débito) é caracterizada por uma tentativa do rim de
e) hipotensão liquórica conservar o sódio corporal, dessa forma, aumentando o volume
intra-vascular. Como resultado dessa tentativa, o sódio urinário cai
Comentário: São causas de agitação no período pós-operatório ( 40 mEq/L) e a concentração urinária se eleva (400 mOsm/L). A
imediato distensão da bexiga por retenção urinária, dor, hipoxemia, excreção de sódio diminuída e a concentração urinária alta confir -
hipercapnia e distensão do estômago. A raquianestesia, já em fase mam a atividade tubular intacta.
de regressão, não estende seu nível de bloqueio. As substâncias
Resp. c
pirogênicas elevam o ponto fixo do termostato hipotalâmico, pro -
vocando respostas do organismo para atingir a nova temperatura Refs:
como calafrios, tremores e sensação de frio até que a hipertermia Feeley T W - The Postanesthesia Care Unit, em Anesthesia, Miller
se instale. Hipotensão liquórica acarreta cefaléia e distúrbios da R D, New York, Churchill Livingstone, 1990: 2113-2133.
visão. Stoelting R K - Renal Diseases, em Anesthesia and Co-existing
Resp. b Diseases, Stoelting R K, Dierdorf S F, McCammon R L, New York,
Churchill Livingstone, 1988: 409-443.
Refs:
Feeley T W - The Postanesthesia Care Unit. In Anesthesia, Miller Duval Neto G F, TSA
R D, 3 rd Ed., New York, Churchill Livingstone, 1990: 2113-2133. 49- Sinal eletrocardiográfico que pode preceder o apare -
Guyton A C - Temperatura Corporal. Regulação Térmica e Febre. cimento de fibrilação ventricular, em casos de hipotermia
Em Tratado de Fisiologia Médica, Rio de Janeiro, Guanabara, profunda acidental ( 30 oC):
1990: 673-682. a) onda T achatada
Labrunie G M, TSA b) extrassístoles ventriculares bigeminadas
c) bloqueio AV de 2º grau (tipo Mobitz)
d) onda J
47- Segmento da medula espinhal mais propenso a sofrer al - e) infradesnivelamento do segmento ST. (+ de 0,2 mV)
terações isquêmicas e hipóxicas:
a) C 3 Comentário: Em torno de 30% dos pacientes hipotérmicos há
b) S 1 o aparecimento de onda J no ECG, a qual é uma deflexão posi -
c) L 2 tiva/negativa localizada logo após o complexo QRS; embora não
d) L 1 estando presente em todos os pacientes hipotérmicos, quando
e) T 4 aparece é um sinal precursor de fibrilação ventricular. Ele é mais
notado à nível de V 2 e o seu aparecimento se dá em temperaturas
Comentários: As diferentes porções de medula possuem difer - abaixo de 30 oC.
entes sensibilidades à hipóxia e a isquemia. A região cervical é bem Resp. d
mais vascularizada do que os segmentos torácicos. O quarto
segmento torácico é o mais propenso a sofrer lesões secundárias Refs:
a fenômenos hipóxicos ou isquêmicos. Mecca R S - Postanesthesia Recovery, em Clinical Anesthesia,
Barash P G, Cullen B F, Stoelting R K, Philadelphia, J B Lippincott,
Além da anestesia regional, alguns procedimentos cirúrgicos
1989: 1397-1425.
(aneurismectomias torácicas), posições (flexões laterais-nefrec -
Brown Jr. B R - Inadvertent Hypothermia in the Surgical Patient, em
tomias) podem causar ou cooperar para as lesões acima citadas. General Anesthesia, Nunn J F, Utting J E, Brown Jr. B R, London,
Resp. e Butterworths, 1989: 650-654.
Refs: Duval Neto J F, TSA
Norlander O - Complications of Regional Anesthesia, em General
50- Droga que determina o seguinte perfil hemodinâmico:
Anesthesia, Nunn J F, Utting J E, Brown Jr. B R, London, Butter -
worths, 1989: 1106-1112. Aumento da freqüência cardíaca
Usubiaga J E - Neurological Complications Following Epidural Aumento do débito cardíaco
Anesthesia. Int Anaesth Clin, 1975: 13-15. Diminuição da resistência periférica total

S 48 Revista Brasileira de Anestesiologia


Vol. 42: Supl. 14, 1992
CONCURSO TSA - 1991

Diminuição da pressão da artéria pulmonar 10 µg.kg-1, empregando-se solução diluída para 1:10 (adrenalina
Diminuição da pressão arterial 1:10.000).
Resp. c
a) norepinefrina
b) dopamina Refs:
c) dobutamina Donegan J H - Ressuscitação Cardiopulmonar, em Tratado de
d) isoproterenol Anestesia, Miller R D, 2ª Ed., São Paulo, Manole, 1989; 2217.
e) epinefrina Gregory G A - Ressuscitation of the Newborn, em Textbook of
Critical Care, Shoemaker W C, Ayres S, Grenvik A et al, 2ª Ed.,
Comentário: O isoproterenol é um agente estimulador puro dos Philadelphia, W B Saunders Co, 1989: 53.
receptores beta adrenérgicos. Aumenta a freqüência de descarga Braz J R C, TSA
do nó S-A, a freqüência de condução do nódulo A-V e reduz o
período refratário do músculo cardíaco. Isto resulta numa taqui - 53- Durante cardioversão sincronizada paciente com taqui -
cardia, que é acompanhada pelo aumento da contratilidade cardia ventricular subitamente desenvolve fibrilação ven -
miocárdica. O débito cardíaco está aumentado, mas, das drogas tricular. A conduta mais apropriada é:
apresentadas, é a única que reduz a pressão arterial. A redução a) Infusão contínua de lidocaína (1 mg.min -1)
da resistência periférica total é causada pela vasodilatação induz - b) intubação traqueal
ida pelo agente. A pressão na artéria pulmonar também está c) desfibrilação imediata
reduzida. d) abertura do tórax para desfibrilação direta
Resp. d e) atropina na dose de 1 mg IV

Refs: Comentário: O desenvolvimento de fibrilação ventricular du -


Hug C C - Management of the Hemodynamically Unstable Patient, rante cardioversão sincronizada em paciente com taquicardia ven -
1989 Annual Refresher Course Lectures ASA; 126. tricular é indicação de desfibrilação imediata com carga de 200 a
Durrett L R, Lawson N W - Autonomic Nervous System Physiology 300 joules.
and Pharmacology, em Clinical Anesthesia, Barash P G, Cullen B Resp. c
F, Stoelting R K, Philadelphia, Lippincott, 1989: 165-226.
Refs:
Carvalho J C A, TSA Safar P - Cardiopulmonary - Cerebral Resuscitation, em Textbook
51- Característica do choque séptico, após otimização da of Critical Care, Shoemaker W C, Ayres S, Grenvick A et al, 2 nd Ed.,
pré-carga: Philadelphia, W B Saunders Co., 1989: 19-21.
Schwartz A J, Campbell F W - Cardiopulmonary Resuscitation, em
a) aumento da resistência vascular periférica Clinical Anesthesia, Barash P G, Cullen B F, Stoelting R K, Phila -
b) diminuição do volume sistólico delphia, J B Lippincott Co., 1989: 1495-1497.
c) diminuição do débito cardíaco
d) diminuição da contratilidade miocárdica Braz J R C, TSA
e) diminuição da pressão venosa central
54 Durante cirurgia sobre a coluna vertebral, e monitori -
Comentário: O choque séptico, após otimização da pré-carga,
zação do com potencial evocado, observa-se aumento da
caracteriza-se por elevação de débito cardíaco, secundário à taqui -
latência na resposta ao estímulo, com desaparecimento das
cardia com volume sistólico normal. Um volume sistólico normal na
ondas iniciais específicas. Possivelmente está ocorrendo:
presença de pré-carga normal e pós-carga diminuída significa
contratilidade miocárdica diminuída. Estudos recentes documen - a) destruição das raízes do corno posterior
taram diminuição da fração de ejeção do ventrículo esquerdo e do b) compressão da medula espinhal
ventrículo direito, durante os estágios iniciais hiperdinâmicos do c) destruição de raízes do corno anterior
choque séptico. O volume sistólico é mantido por aumento do d) artifício técnico por estímulos de fibras C
volume diastólico final. Na terapêutica clínica desta entidade, após e) fenômeno de reentrada a nível medular
a otimização da pré-carga, nossas atenções devem se voltar para Comentário: O potencial evocado é uma forma de monitorar
a contratilidade miocárdica. a integridade do SNC, no paciente inconsciente. Existem vários
Resp. d tipos de estímulos; visual, auditivo, somatosensorial, etc, que
Refs: produzem uma resposta a nível cortical. Ocorre uma latência entre
Pearl R G - Management of the Patient in Shock. International o estímulo e a resposta, normalmente de 15 msec, seguida de
Anesthesia Research Society, 1990: Review Course Lectures: ondas que duram 100 msec e que representam atividade elétrica
92-97. em outras áreas do SNC. O prolongamento da latência e o
Parker M M, Shelhamer J H, Bacharach S L et al. Profound but desaparecimento destas ondas, significa comprometimento ao
Reversible Myocardial Depression in Patients With Septic Shock. longo da via de transmissão. Durante cirurgias sobre a coluna, o
Ann Inter Med, 1984; 100: 483-90. comprometimento da via sensitiva pode ser monitorado desta
forma, indicando a compressão medular pelas manobras cirúrgi -
Carvalho J C A, TSA cas.
52- A dose de adrenalina (ug.kg -1) recomendada na reversão Resp. b
da parada cardíaca em criança é:
Refs:
a) 100 Hug Jr. C C - Monitoring. Em Anesthesia, Miller R D, 2ª Ed., Vol. 1,
b) 2 Churchill Livingstone, New York, 1986: 411-463.
c) 10 Jenkinson J L - Neuroanesthesia. Em Nimmo W S, Smith G,
d) 50 Anesthesia, Vol. 1, Blackwell Scientific Publications, Oxford, 1989:
e) 200 576-593.
Comentário: Em crianças e lactentes, a posologia recomen - Conceição M J, TSA
dada de adrenalina em manobras de ressuscitação cardíaca é de

Revista Brasileira de Anestesiologia S 49


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COMISSÃO TSA/SBA

55- Nos rins, a instalação de ventilação com pressão posi - Jaffe J h, Martin W R - Opioid Analgesics and Antagonists. In the
tiva com PEEP determina: Pharmacological Basis of Therapeutics. Goodman e Gilman. 8 th
a) aumento da excreção de sódio Ed., New York, 1990: 510-517.
b) aumento de débito urinário Labrunie G M, TSA
c) diminuição da filtração glomerular
d) aumento do clearance de água livre QUESTÕES TIPO M -- DE 58 A 95
e) diminuição de aldosterona INSTRUÇÕES -- Cada questão tem uma ou mais respostas cor -
retas:
Comentário: A instalação de PEEP leva a diminuição da
excreção de sódio, do débito urinário, da filtração glomerular e do A) se apenas 1,2 e 3 são corretas
clearance de água livre; as alterações hemodinâmicas, como B) se apenas 1 e 3 são corretas
diminuições do débito cardíaco e da atividade dos barorreceptores C) se apenas 2 e 4 são corretas
aórticos e carotídeos, ao determinarem aumento da atividade D) se apenas 4 é correta
simpática renal, promovem anti-diurese e anti-natriurese. Adicion - E) se todas são corretas
almente, ocorre também aumento da liberação de ADH e ativação
58- Fator(es) que pode(m) provocar hipercapnia:
do sistema renina-angiotensina, com o aumento da liberação de
aldosterona. 1 - diminuição da complacência pulmonar
2 - aumento do consumo de oxigênio
Resp. c 3 - aumento do espaço morto
Refs: 4 - diminuição da resistência de vias aéreas
Vender J S - Complications and Physiologic Alterations of Positive
Airway Pressure Therapy, Anesthesiology Clinics Of North Amer - Comentário: Todas as causas de aumento do consumo de
ica, 1987; 5: 807-819. oxigênio, aumentam a produção de gás carbônico. A diminuição
Pierson D J - Complications Associated With Mecanical Ventilation, da complacência conduz a hipoventilação com retenção de CO 2.
Critical Care Clinics, 1990; 6: 711-724. O aumento do espaço morto pode produzir efeitos de reinalação
de CO 2, e as freqüências ventilatórias elevadas com amplitudes
Garrido L, TSA curtas, produzem um efeito de ventilação do espaço morto, com
56- Substâncias que estimulam os quimioreceptores da dor: acúmulo de CO 2.
a) serotonina, bradicinina, substância P Resp. A
b) histamina, bradicinina, íons K Refs:
c) enzimas proteolíticas, histamina, encefalina Benumof J L - Respiratory Physiology and Respiratory Function
d) β endorfina, serotonina, enzimas proteolíticas During Anesthesia. Em Miller R D, Anesthesia, Vol. 1, 2ª Ed., New
e) encefalina, serotonina, bradicinina York, Churchill Livingstone, 1986: 1115-1163.
Prough D S, Marshall B E - Thoracic Anaesthesia. Em Nimmo W e
Comentário: Os quimioreceptores da dor são ativados pela Smith G, Anaesthesia, Vol. 1, Londres, Blackwell Scientific Publi -
serotonina, bradicinina, íons K e enzimas proteolíticas, entre ou- cations, 1989: 537-575.
tros. A encefalina e a β endorfina fazem parte das substâncias
opiáceas do SNC, atuando no sistema de analgesia. A substância Conceição M J, TSA
P, um neurotransmissor das fibras aferentes nociceptivas, age 59- A hipoxia determina a nível da circulação pulmonar:
mediando o aumento da permeabilidade capilar nos estímulos 1 - vasodilatação
nocivos, mas é incapaz de ativar os neuroreceptores periféricos 2 - aumento da capacitância
nociceptivos. 3 - diminuição da resistência
Resp. b 4 - vasoconstrição
Refs: Comentário: A hipoxia representa o estímulo mais potente, e
Guyton A C - Sensações Somáticas: II. Dor, Dor Visceral, Cefaléia fisiologicamente talvez, a mais importante causa de vasoconstrição
e Sensações Térmicas. Em Tratado de Fisiologia Médica, 7ª Ed., pulmonar, ao contrário do que ocorre na circulação sistêmica. Esta
Rio de Janeiro, Guanabara, 1990: 442-482. vasoconstrição garante a homeostasia pulmonar, redistribuindo o
Gozzani J L - Dor, em SAESP/TSA. Curso de Especialização, São fluxo sangüíneo de tal forma, que as áreas não perfundidas passem
Paulo, Atheneu, 1990: 374-381. a atuar no mecanismo de trocas gasosas.
Labrunie G M, TSA Resp. D
57- Antagonista opióide puro: Refs:
a) nalorfina Benumof J L - Respiratory Physiology and Respiratory Function
b) naloxona During Anesthesia. Em Anesthesia, Miller R D, Vol. 1, 2ª Ed., New
c) butorfanol York, Churchill Livingstone, 1986: 1115-1163.
d) levalorfan Bergman N A - Pulmonary Circulation in Relation to Anaesthesia
e) buprenorfina and Pulmonary Oedema. Em Gray C T, Nunn J F, Utting J E,
General Anaesthesia, Vol. 1, 4ª Ed., Londres, Butterworth & Co.
Comentário: O antagonista opióide puro é a naloxona. Nalorfina Ltda., 1980: 477-491.
e levalorfan são antagonistas-agonistas e os demais são agonis - Conceição M J, TSA
tas-antagonistas.
60- Quanto à circulação pulmonar
Resp. b 1 - a circulação brônquica está aumentada na bronquite crônica
Refs: 2 - a circulação Tebesiana drena para o lado direito do coração
Wood M - Opioid Agonists and Antagonists. In Drugs and Anesthe - 3 - hepatopatias podem levar à hipoxemia por aumento do
sia. Pharmacology for Anesthesiologists, 2ª Ed., Wood M, Wood A shunt
J J, Baltimore, Williams e Wilkins, 1990: 129-178. 4 - a pressão alveolar é menor que a arterial na zona 1 de West

S 50 Revista Brasileira de Anestesiologia


Vol. 42: Supl. 14, 1992
CONCURSO TSA - 1991

Comentário: A circulação brônquica que, juntamente com a 63- Lesão(ões) cardíaca(s) mais freqüente(s) em tumores
tebesiana e a pleural drenam no lado esquerdo do coração e carcinóides metastáticos:
formam o shunt direita-esquerda, pode aumentar em pacientes 1 - insuficiência tricúspide
com bronquite crônica; na zona 1 de West a pressão alveolar é 2 - estenose mitral
maior que a arterial determinando alta relação V/Q. Hepatologias 3 - estenose pulmonar
crônicas levam a hipoxemia por aumento do shunt intrapulmonar. 4 - dupla lesão aórtica
Resp. B
Comentário: A insuficiência tricúspide e a estenose pulmonar
Refs: representam o tipo de lesão valvular cardíaca mais freqüentemente
Benumof J L - Respiratory Physiology and Respiratory Function causada por metástases de tumores carcinóides. As válvulas do
During Anesthesia, em Anesthesia, Miller R D, 3ª Ed., New York, lado esquerdo do coração são poupadas, devido a capacidade das
Churchill Livingstone, 1990: 505-550. células pulmonares de inativarem as substâncias ativas secretadas
Harrison R A - Respiratory Function and Anesthesia, em Clinical por esse tipo de tumor.
Anesthesia, Barash P G, Cullen B F, Stoelting R K, Philadelphia,
Resp. B
Lippincott, 1989: 877-904.
Refs:
Garrido L, TSA Stoelting R K - The Gastrointestinal System, em Anesthesia and
Co-Existing Diseases, Stoelting R K, Dierdorf S F, McCammon R
L, New York, Churchill Livingstone, 1988: 393-408.
61- Na eletrocardioscopia transoperatória: Buckley F P - Anesthesia and Obesity and Gastrointestinal Disor -
1 - todo complexo QRS aberrante indica extrassístole ventricu - ders, em Clinical Anesthesia, Barash P G, Cullen B F, Stoelting R
lar K, New York, J B Lippincott Co., 1989: 1117-1131.
2 - V 5 é a melhor derivação para monitorizar isquemia de parede Duval Neto G F, TSA
lateral 64- A resposta ao estresse cirúrgico é caracterizada por:
3 - o mais importante fator para diagnóstico de arritmias é o
tempo de duração do complexo QRS 1 - diminuição de insulina
4 - D II é uma boa derivação para monitorizar onda P 2 - diminuição de testosterona
3 - aumento de hormônio de crescimento
Comentário: A monitorização do segmento ST em V 5, embora 4 - aumento das catecolaminas
tenha limitação, nos dá idéia da perfusão da coronária descendente
Comentário: Em resposta ao estresse cirúrgico, o eixo hipófise-
anterior e circunflexa que irriga a parede lateral; para diagnóstico
adrenal libera hormônios catabólicos como do crescimento, ACTH,
de arritmias faz-se necessário o mapeamento da onda P que
anti-diurético e catecolaminas. Por outro lado ocorre uma série de
aparece muito bem em D II; nem todo complexo QRS aberrante é
alterações metabólicas, caracterizada por hiperglicemia e balanço
arritmia ventricular podendo ser um batimento prematuro auricular
nitrogenado negativo, ao lado de menor liberação de hormônios
com condução aberrante.
anabolizantes, como insulina e testosterona.
Resp. C Resp. E
Refs: Refs:
Kaplan J A, Thys D M - Electrocardiography, em Anesthesia, Miller Graf G, Rosenbaum S - Anesthesia and the Endocrine System, em
R D, 3ª Ed., New York, Churchill Livingstone, 1990: 1101-1128. Clinical Anesthesia, Barash P G, Cullen B F, Stoelting R K, Phila -
Clements F M, Bruijn N P - Non Invasive Cardiac Monitoring, Critical delphia, J B Lippincott Co., 1989: 1209-1210.
Care Clinics, 1988; 4: 435-454. Hall G M - Endocrine and Metabolic Responses to Surgery and
Garrido L , TSA Anaesthesia, em Anaesthesia, Nimmo W S, Smith G, Oxford,
62- Quanto à circulação hepática: Blackwell Scientific Publications, 1989: 396.
Braz J R C, TSA
1 - o suprimento arterial é menor que o da veia porta
2 - a veia centrolobular recebe o sangue drenado pelos
sinusóides hepáticos 65- A insulina:
3 - os hepatócitos centrais são mais susceptíveis à hipóxia
1 - estimula a lipólise
4 - no espaço porta encontramos artéria, veia e ducto biliar
2 - estimula a neoglicogênese
Comentário: Mais de sessenta por cento do suprimento 3 - inibe a síntese proteica
sangüíneo hepático é feito pela porta que possui uma saturação da 4 - estimula a glicogênese
oxihemoglobina em torno de 65%; por este motivo, os hepatócitos Comentário: A liberação de insulina determina efeitos anabóli -
que se situam mais ao centro dos lóbulos hepáticos tornam-se mais cos, com aumento da glicogênese, da lipogênese e da síntese
susceptíveis à hipóxia; nos espaços porta encontramos artéria, veia proteica e efeitos anti-catabólicos, como diminuições da glico -
e ducto biliar e o sangue que drena pelos sinusóides hepáticos vai genólise, neoglicogênese, lipólise de proteólise, além de inibição
à veia centrolobular. da formação de corpos cetônicos.
Resp. E Resp. D
Refs: Refs:
Sherlock S - Diseases of the Liver and Biliary System, 7ª Ed., Horton J N - Anaesthesia and Diabetes, em Anesthesia, Nimmo W
Londres, Blackwell, 1985: 6-7, 182. S, Smith E, Oxford, Blackwell Scientific Publications, 1989: 748.
Gelman S - Anesthesia and the Liver, em Clinical Anesthesia, Graf G, Rosenbaum S - Anestesia and the Endocrine System, em
Barash P G, Cullen B F, Stoelting R K, Philadelphia, Lippicott, 1989: Clinical Anesthesia, Barash P G, Cullen B F, Stoelting R K, Phila -
1133-1162. delphia, J B Lippincott Co., 1989: 1204-1205.
Garrido L, TSA Braz J R C, TSA

Revista Brasileira de Anestesiologia S 51


Vol. 42: Supl. 14, 1992
COMISSÃO TSA/SBA

66- A atropina: 69- Aspectos da eletrofisiologia cardíaca durante hiperpotas -


1 - produz bradicardia em pequenas doses semia:
2 - tem seus efeitos tóxicos potencializados pela fisiostigmina 1 - a despolarização espontânea é diminuída (fase IV)
3 - facilita a liberação de noradrenalina 2 - a fase II é alargada
4 - tem efeito mais prolongado que o pirrolato 3 - a magnitude e a velocidade da fase O estão diminuídas
4 - o complexo QRS está encurtado
Comentário: A atropina em pequenas doses produz bradi -
cardia, cujo mecanismo não é claro. Bloqueia a inibição da lib - Comentários: A condutância ao potássio para o exterior da
eração da noradrenalina produzida por efeitos colinérgicos nas célula é aumentada durante a hipercalemia. As células não podem
terminações adrenérgicas. A fisiostigmina bloqueia os efeitos tóxi - acumular cargas positivas durante a fase IV do ciclo cardíaco;
cos da atropina sobre o SNC. A atropina tem duração de efeito conseqüentemente a despolarização espontânea diminui.
menor do que o pirrolato. Durante a hipercalemia, o potencial de membrana tende para
Resp. B valores menos negativos, o que diminui a quantidade de canais de
sódio disponíveis para participar do potencial de ação, resultando
Refs:
em diminuição de magnitude e velocidade da fase O.
Merin R G - Pharmacology of the Autonomic Nervous System. Em
Miller R D, Anesthesia, Vol. 1, 2ª Ed., New York, Churchill Living - O complexo QRS se alarga e a fase II se encurta, devido a
stone, 1986: 945-982. diminuição de ativação dos canais de condução lenta do cálcio, os
Foex P - The Heart and the Autonomic Nervous System. Em Nimmo quais são voltagem dependentes.
W, Smith G, Anaesthesia, Vol. 1, Londres, Blackwell Scientific Resp. B
Publications, 1989: 115-161. Refs:
Conceição M J, TSA Stoelting R K - Water and Eletrolyte Desturbances, em Anesthesia
67- Quanto aos bloqueadores dos canais de cálcio e suas and Co-Existing Diseases, Stoelting R K, Dierdorf S F, McCammon
ações no sistema cardiovascular: R L, New York, Churchill Livingstone, 1988: 445-471.
Lake C L - Cardiovascular Anatomy and Physiology, em Clinical
1 - a nifedipina causa taquicardia reflexa Anesthesia, Barash P G, Cullen B F, Stoelting R K, London, J B
2 - todos levam à diminuição da MVO 2 Lippincott, 1989: 947-977.
3 - o verapamil diminui a freqüência cardíaca
4 - o diltiazem diminui a freqüência cardíaca Duval Neto G F, TSA
70- A metoclopramida:
Comentário: Os bloqueadores dos canais de cálcio inicialmente
foram utilizados apenas para diminuir o consumo de oxigênio pelo 1 - aumenta o tônus do esfíncter esofágico inferior
miocárdio, principalmente nas anginas de esforço; a nifedipina 2 - eleva o pH do conteúdo gástrico
exerce seu maior efeito diminuindo a pós-carga e por isso é uma 3 - pode determinar sintomas extrapiramidais
das drogas de escolha para uso em pacientes com hipertensão 4 - é antagonista de receptor H 2
arterial; é associada à uma taquicardia reflexa; o verapamil e o Comentário: A metoclopramida acelera o esvaziamento
diltiazem induzem bradicardia, por depressão das células dos gástrico por estimular a motilidade do trato gastrointestinal superior
nódulos SA e AV. e relaxar o esfíncter pilórico. Não tem efeito sobre os receptores H 2
Resp. E e não modifica o pH do conteúdo gástrico. Pode determinar
Refs: sintomas extrapiramidais por bloqueio de receptores dopaminérgi -
Rubenstein E B, Escalante C - Hypertensive Crisis, Critical Care cos centrais.
Clinics, 1989; 5: 477-495. Resp. B
Guimarães A C - Farmacologia da Angina do Peito, em Farmacolo - Refs:
gia, Silva P, 3ª Ed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1989: Stoelting R K - Phychological Preparation and Preoperative Medi -
578-589. cation, em Anesthesia, Miller R D, New York, Churchill Livingstone,
Garrido L, TSA 1986: 381-397.
68- A amrinona: Imbelloni L E, Maia C P - Efeitos do uso de Metoclopramida e
Cimetidine como Medicação Pré-anestésica no pH e olume do suco
1 - aumenta o índice cardíaco gástrico. Rev Bras Anest, 1985; 35: 463-68.
2 - altera pouco a freqüência cardíaca
3 - altera pouco a pressão arterial média Carvalho J C A, TSA
4 - tem efeito inotrópico positivo em pacientes betabloqueados 71- Diminui(em) a biotransformação de drogas anestésicas
nos microssomos hepáticos:
Comentário: A amrinona é a primeira droga inotrópica positiva
que pode ser utilizada por via oral, desde a introdução dos digitáli - 1 - propranolol
cos; promove vasodilatação modesta e aumento do índice 2 - cimetidina
cardíaco; a freqüência cardíaca e a pressão arterial média não são 3 - halotano
significativamente afetadas. Seu efeito inotrópico positivo tem sido 4 - alcoolismo agudo
demonstrado mesmo em pacientes em uso de betabloqueadores, Comentário: A diminuição do fluxo sangüíneo hepático (propra -
reserpina ou digitálicos. nolol, halotano) reduz a velocidade de captação de drogas an -
Resp. E estésicas pelo fígado e, conseqüentemente, retarda sua biotrans -
Refs: formação. A inibição enzimática (cimetidina, halotano, alcoolismo
Lawson N - Use of Inotropes and Vasopressors, Annual Refresher agudo) também diminui a biotransformação de drogas pelo sistema
Course Lectures, 1990: 412. P-450 dos microssomos hepáticos.
Souza A D - Digitálicos, em Farmacologia, Silva P, 3ª Ed., Rio de Resp. E
Janeiro, Guanabara Koogan, 1989: 556-569.
Garrido L, TSA

S 52 Revista Brasileira de Anestesiologia


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CONCURSO TSA - 1991

Resp. B
Refs: Refs:
Fragen R J, Avram M J - Nonopioid Intravenous Anesthetics, em Dundee J W, Wyant G M - Intravenous Anesthesia, 2 nd Ed.,
Clinical Anesthesia, Barash P G, Cullen B F, Stoelting R K, Phila - Edinburgh, Churchill Livingstone, 1988: 188.
delphia, Lippincott, 1989: 227-253. Vianna P T G, Braz J R C - Anestesia Venosa, em Anestesiologia,
Cremonesi E - Interação de Drogas e Anestesia. Aspectos Gerais. Posso I P, São Paulo, Panamed Editorial, 1986: 239.
Rev Bras Anest, 1983; 33: 41-9.
Braz J R C, TSA
Carvalho J C A, TSA
75- A ação da morfina no receptor Mu determina:
72- No exame e preparo pré-anestésico do paciente portador
de doença cardíaca isquêmica e hipertensão arterial: 1 - taquicardia
2 - dependência física
1 - ECG normal não exclui cardiopatia isquêmica 3 - hipertensão
2 - a fração de ejeção do VE é importante no prognóstico 4 - depressão respiratória
3 - bloqueadores de canal de cálcio não devem ser suspensos
4 - beta-bloqueadores devem ser suspensos por 24 horas Comentário: Em conseqüência da ação da morfina no receptor
Mu, pode-se ter analgesia, bradicardia, sedação, depressão respi -
Comentário: O ECG de repouso é normal em 25-50% dos ratória, euforia e dependência física. Opióides, como a pentazo -
pacientes portadores de cardiopatia isquêmica. A fração de ejeção cina, que agem no receptor sigma podem provocar disforia, delírio,
do ventrículo esquerdo e a discinesia do mesmo são os fatores midríase, alucinações, taquicardia e hipertensão.
mais importantes para se estabeler o risco anestésico-cirúrgico e
o prognóstico do paciente. Beta-bloqueadores e antagonistas de Resp. C
canal de cálcio não devem ser suspensos no período pré- op - Refs:
eratório, pois aumentam o risco de acidente isquêmico associado Bayle P L, Stanley T H - Narcotic Intravenous Anesthetics, em
a hiperatividade do sistema adrenérgico durante a anestesia. Anesthesia, Miller R D, 3 th Ed., New York, Churchill Livingstone,
Resp. C 1990: 287.
Stoelting R K - Pharmacology and Physiology in Anesthetic Prac -
Refs: tice, Philadelphia, J B Lippincott Co., 1987: 71.
Nocite J R - Fisiopatologia da Hipertensão Arterial e Avaliação do
Paciente Hipertenso. Rev Bras Anest, 1988; 38: 257-62. Braz J R C, TSA
Tinker J H, Roberts S L - Anesthesia Risk, em Anesthesia, Miller R 76- Com relação ao oxigênio em estado líquido:
D, New York, Churchill Livingstone, 1986: 359-380. 1 - o aumento da demanda não altera a pressão do tanque
Carvalho J C A, TSA 2 - é mais econômica esta forma de armazenagem
3 - a temperatura dentro do tanque é de -75 graus Celsius
73- A ação gabaérgica do benzodiazepínico determina:
4 - o peso do tanque indica a quantidade do líquido
1 - abertura dos canais de sódio
2 - abertura dos canais de cloro Comentário: Em grandes hospitais, o oxigênio é armazenado
3 - despolarização da membrana na forma líquida. Esta forma de armazenagem é mais econômica.
4 - hiperpolarização da membrana O aumento da demanda provoca queda na pressão do tanque.
Como a temperatura crítica do oxigênio é -118.4 graus centígrados,
Comentário: Os benzodiazepínicos exercem seus efeitos ocu - a temperatura dentro do tanque deve ser mantida entre -150 a -175
pando os receptores benzodizepínicos que modulam a atividade graus para evitar a evaporação. A quantidade do líquido dentro do
do ácido gama aminobutírico (GABA), o maior neurotransmissor tanque pode ser medida pelo seu peso.
inibitório do cérebro. Os receptores benzodiazepínicos se consti -
Resp. C
tuem em parte do complexo do receptor GABA na membrana
subsináptica do neurônio efetor e sua ativação pelos ben - Refs:
zodiazepínicos determina abertura dos canais de cloro e hiperpo - White D C - Gas Supplies and Flowmeters. Nimmo W e Smith G,
larização da membrana, a qual torna-se resistente à excitação Anaesthesia, Londres, Blackwell Scientific Publications, Vol. 1,
neuronal. 1989: 312-326.
Litt L and Rampil I J - Physics and Anesthesia. Em Miller R D,
Resp. C
Anesthesia, Vol.1, New York, Churchill Livingstone, 1986: 75-116.
Refs:
Conceição M J, TSA
Reves J G, Glass P S A - Nonbarbiturate Intravenous Anesthetics,
em Anesthesia, Miller R D, 3 th Ed., New York, Churchill Livingstone, 77- Paciente portador de DPOC será submetido a laparo -
1990: 247. tomia exploradora de urgência, sob anestesia geral, com
Stoelting R K - Pharmacology and Physiology in Anesthetic Prac - ventilação controlada mecânica. É aconselhável:
tice, Philadelphia, J B Lippincott Co., 1987: 117. 1 - fluxo inspiratório baixo
Braz J R C, TSA 2 - umidificação dos gases
3 - tempo expiratório prolongado
74- Após injeção intravenosa de diazepam, a ocorrência de 4 - pressão negativa na fase expiratória
2º pico plasmático se deve à:
1 - recirculação hepática de metabólitos Comentário: O fluxo inspiratório deve ser baixo para evitar fluxo
2 - absorção dos metabólitos depositados na mucosa gástrica turbulento e o tempo expiratório prolongado, para que o pulmão
3 - recirculação êntero-hepática do diazepam tenha tempo de expelir todo o volume corrente, evitando assim
4 - absorção do diazepam depositado na mucosa gástrica seqüestro de ar nas vias aéreas terminais. Está contra-indicada a
pressão negativa na fase expiratória pela possibilidade de colapso
Comentário: A recirculação êntero-hepática do diazepam como de vias aéreas e seqüestro de ar nos pulmões. A umidificação de
substância livre e de seus metabólitos com atividade farmacológica gases durante a cirurgia pode beneficiar estes pacientes, já que o
(desmetil-diazepam) pode provocar segundo pico plasmático, 6 a ar seco resseca as secreções pulmonares, dificultando sua elimi -
8 horas após a sua injeção intravenosa. nação.

Revista Brasileira de Anestesiologia S 53


Vol. 42: Supl. 14, 1992
COMISSÃO TSA/SBA

Resp. A por anestésico local é dependente da freqüência com que esse


Refs: neurônio está estimulado. O neurônio em repouso é menos sen -
Nocite J R, Cagnolati C A - Anestesia no Paciente com Insuficiên - sível ao bloqueio por anestésico local do que o nervo repetidamente
cia Respiratória, Rev Bras Anest, 1983: 199-206. estimulado.
Stoelting R K, Dierdorf S F, McCammon R L - Obstrutive Airways A adição de adrenalina ao anestésico local reduz a sua ab -
Disease. In Anesthesia and Co-Existing Disease, 2 nd, New York, sorção sistêmica aumentando a intensidade do bloqueio, por
Churchill Livingstone, 1988: 195-225. aumentar rapidamente, a captação neuronal do mesmo após sua
Labrunie G M, TSA injeção.
78- O óxido nitroso aumenta o(a): Resp. B
1 - resistência vascular pulmonar Refs:
2 - fluxo sangüíneo cerebral Stoelting R K - Local Anesthetics, em Pharmacology and Physiol -
3 - atividade do músculo esquelético ogy in Anesthetic Practice, Stoelting R K, Philadelphia, J B Lippin -
4 - atividade da vitamina B 12, interferindo na enzima metionina cott Co., 1987: 148-168.
sintetase Carpenter R L - Local Anesthetics, em Clinical Anesthesia, Barash
P G, Cullen B F, Stoelting R K, Philadelphia, J B Lippincott Co.,
Comentário: O óxido nitroso aumenta a resistência vascular 1989: 371-403.
pulmonar, o fluxo sangüíneo cerebral e a atividade do músculo Duval Neto G F, TSA
esquelético. Inativa a vitamina B 12, componente da enzima metion -
ina sintetase, prejudicando sua ação. 81- Dado as seguintes densidades à 37 oC:
Resp. A água 0,9934
líquor 1,0003
Refs:
bupivacaína 0,5% em água 0,9993
Brodski J B - Toxicity of Nitrous Oxide. In Nitrous Oxide, Egger II E
I, London, Arnold, 1985: 259-279. lidocaína 2% em água 1,0007
Wood M - Inhalational Anesthetic Agents. In Drugs and Anesthesia. 1 - a baricidade da bupivacaína é 1,0059
Pharmacology for Anesthesiologists. 2 nd Ed. Wood M, Wood A J J, 2 - a baricidade da lidocaína é 1,0066
Baltimore, Williams e Wilkins, 1990: 225-270. 3 - espera-se comportamento clínico hiperbárico de ambas as
Labrunie G M, TSA soluções de anestésico local
4 - espera-se comportamento clínico hipobárico da bupivacaína
79- Podemos afirmar em relação à biotransformação do ha -
lotano: Comentário: A baricidade de uma solução de anestésico local
1 - é capaz de induzir sua própria biotransformação é a relação entre sua densidade e a do líquor. É o indicador mais
2 - metabolismo redutivo libera fluoretos inorgânicos simples de como será o comportamento clínico do anestésico
3 - a via oxidativa é a predominante quando injetado no líquor. Soluções com baricidade igual a 1 são
4 - a indução enzimática está aumentada entre anestesistas denominadas isobáricas, aquelas com baricidade maior que 1 são
hiperbáricas, e aquelas com baricidade menor que 1 são hipobári -
Comentário: Exposições repetidas ao halotano aumentam sua cas. Como a densidade do líquor varia de 0,0003 acima e abaixo
biotransformação, demonstrando que o halotano pode induzir sua do valor de 1,0003, para se comportarem como isobáricas ou
própria biotransformação. A via principal é a oxidativa, produzindo hiperbáricas em todos os pacientes as soluções devem ter barici -
ácido trifluoracético, íons brometo e cloreto. Os íons brometos dade respectivamente abaixo de 1,0000 e maior que 1,0006. No
podem ser responsáveis por sonolência pós-operatória. Na vigên - exemplo acima, as baricidades da bupivacaína e da lidocaína são
cia de hipoxemia, a via redutiva é ativada, formando-se maior respectivamente 0,9990 e 1,0003.
quantidade de íons fluoreto, aumentando a hepatoxidade do halo - Resp. D
tano. A exposição de anestesistas a concentrações subclínicas de
halotano, estatisticamente, aumenta a capacidade de metabo - Refs:
lização da droga por indução enzimática. Bridenbaugh P O, Greene N M. Spinal (subarachnoid) neural block,
em Neural Blackade In Clinical Anesthesia and Management of
Resp. E Pain, Cousins M J, Bridenbaugh P O, Philadelphia, Lippincott,
Refs: 1988: 213-251.
Alves Neto O - Biotransformação Relacionada à Toxidade de Covino B G, Lambert D H - Epidural and Spinal Anesthesia, em
Anestésicos. Rev Bras Anest 1986; 36: 449-475. Clinical Anesthesia, Barash P G, Cullen B F, Stoelting R K, Phila -
Wood M - Inhalational Anesthetic Agents. In Drugs and Anesthesia. delphia, Lippincott, 1989: 755-786.
Pharmacology for Anesthesiologists. 2 nd Ed. Wood M, Wood A J J, Carvalho J C A, TSA
Baltimore, Williams e Wilkins, 1990: 225-270.
82- Paciente em uso crônico de diuréticos pode apresentar:
Labrunie G M, TSA
1 - maior sensibilidade aos bloqueadores neuromusculares
80- A intensidade do bloqueio da condução nervosa produz - despolarizantes
ida por determinada concentração de anestésico local é de - 2 - hiperpolarização da placa transmembrana
pendente do(a): 3 - maior sensibilidade à neostigmina na reversão do bloqueio
1 - grau de estimulação neuronal 4 - maior sensibilidade aos bloqueadores neuromusculares ade -
2 - percentual da fração não ionizada que se liga ao canal de spolarizantes
sódio na sua forma inativa
3 - adição de adrenalina a 1:200.000 ao anestésico local Comentário: A queda do potássio extracelular induzida pelos
4 - seu metabolismo à nível de microssoma hepático diuréticos aumenta o potencial da placa transmembrana, causando
hiperpolarização e aumento da resistência à despolarização. Disto
Comentário: A molécula do anestésico local tem acesso ao resulta uma maior sensibilidade aos agentes não despolarizantes
receptor, no canal do sódio, somente quando esse canal está na e necessidade de maior dose de anticolinesterásicos para a re -
situação aberta e inativado. Devido a isso a intensidade do bloqueio versão do bloqueio.

S 54 Revista Brasileira de Anestesiologia


Vol. 42: Supl. 14, 1992
CONCURSO TSA - 1991

Resp. C 2 - manter hipocarbia


Refs: 3 - detectar desvio de circulação da D para a E
Pederneiras S G - Interação de Drogas com Relaxantes Neuromus - 4 - expandir o pulmão hipoplásico antes da cirurgia
culares, Rev Bras Anest 1988; 38: 63-73. Comentário: Na anestesia do recém-nascido com hérnia dia -
Wood M - Neuromuscular Blocking Agents. In Drugs and Anesthe - fragmática congênita não se deve empregar o óxido nitroso, para
sia, 2 nd Ed. Wood M, Wood A J J, Baltimore, Williams e Wilkins, evitar distenção do tubo digestivo, manter a PaCO 2 em torno de 25
1990: 271-318. mmHg, para elevar o pH ( 7,50), reduzir a pressão na artéria
Labrunie G M, TSA pulmonar e melhorar a oxigenação, empregar monitorização
83- O feto está adaptado a baixas pressões de O 2 quando transcutânea do O 2 e CO 2 em regiões acima e abaixo do canal
comparado com o adulto. Essa(s) adaptação(ões) inclue(m): arterial, para detectar alterações no desvio da direita para a
esquerda. Não se deve tentar expandir o pulmão hipoplásico antes
1 - capacidade de transporte O 2 pela hemoglobina fetal (HbF), da correção cirúrgica, pois serão necessárias pressões excessivas
em torno de 2,5 g/100ml que certamente resultarão em pneumotórax, além de excessiva
2 - poliglobulia fetal distenção do tubo digestivo.
3 - deslocamento da curva de dissociação da hemoglobina fetal Resp. A
(HbF) para direita Refs:
4 - o efeito Bohr, o qual atua em cada lado da barreira placentária Gregory G A - Anestesia Pediátrica, em Tratado de Anestesia,
Comentário: A capacidade de transporte da hemoglobina fetal Miller R D, 2ª Ed., São Paulo, Manole, 1989: 1845-1847.
é alta em relação a do adulto, girando em torno de 17 g/100ml. O Berry F A - Neonatal Anesthesia, em Clinical Anesthesia, Barash
deslocamento da curva de dissociação da hemoglobina fetal é para P G, Cullen B F, Stoelting R K, Philadelphia, J B Lippincott Co.,
esquerda quando comparada com a do adulto (P 50 de 17 mmHg 1989: 1267-1269.
para 27 mmHg), devido a baixa concentração de 2,3 DPG na Braz J R C, TSA
molécula desse tipo de hemoglobina. Esse fato facilita a transferên - 86- Em neurocirurgia, os anestésicos voláteis a 1 CAM:
cia de O 2 da placenta para o feto. Em PaO 2 de 30 mmHg, a
hemoglobina do feto é saturada em 80%, enquanto a do adulto em 1 - elevam o fluxo sangüíneo cerebral
apenas 50%. 2 - reduzem o consumo regional de O 2 (CMRO 2)
3 - aumentam a pressão intracraniana
O efeito Bohr atua dos dois lados da barreira placentária, nas
4 - mantém a auto-regulação sangüínea cerebral
hemoglobinas materna e fetal, favorecendo a passagem de O 2 do
espaço inter-viloso para o feto. Comentário: Os agentes voláteis tem sido usados com cautela
Resp. D em neurocirurgia, porque determinam elevação no fluxo sangüíneo
cerebral, com elevação da pressão intracraniana. Ao mesmo tem -
Refs:
po, reduzem o CMRO 2 e se as concentrações não forem elevadas
Pedersen H - Obstetric Anesthesia, em Clinical Anesthesia, Barash
a autoregulação da circulação cerebral é mantida.
P G, Cullen B F, Stoelting R K, Philadelphia, J B Lippincott Co.,
1989: 1215-1251. Resp. E
Finter M - Anesthetic Considerations in Preeclampsia-Eclampsia, Refs:
em ASA Refresher Courses in Anesthesiology, Barash P G, Ameri - Cremonesi E, Mizumoto N - Anestesia para Neurocirurgia. Em:
can Society of Anesthesiology, 1986,Vol. 14, 125. Cremonesi E, Temas de Anestesiologia, Sarvier Editora Ltda., São
Duval Neto G F, TSA Paulo, 1987: 333-351.
Castro J L, Couto da Silva J M, Saraiva R A - O Uso do Isoflurano
84- Em relação ao adulto, o recém-nascido apresenta:
em Anestesia para Neurocirurgia. Rev Bras Anest 1989; 39: 107-
1 - hipoxemia mais precoce 111.
2 - maior incidência de atelectasia
Conceição M J, TSA
3 - maior demanda de O 2
4 - maior relação VD/VT 87- Paciente de 38 anos, transplantado renal há oito meses,
será submetido à colecistectomia; utiliza 150 mg de pred -
Comentário: O recém-nascido, em relação ao adulto, apresenta nisona, 200 mg de azatioprina e 900 mg/dia de carbonato de
menor capacidade residual funcional, a qual é ainda mais diminuída lítio. Em termos de interação de drogas pode-se esperar:
durante anestesia geral inalatória, maior demanda de O 2 (pelo
menos o dobro) e por isso, hipoxemia mais precoce, maior espaço 1 - potencialização da ação do pancurônio pelo carbonato de lítio
morto endógeno (VD/VT) (40% contra 30% no adulto) e maior 2 - potencialização da ação da succinilcolina pelo carbonato de
incidência de atelectasia, porque apresenta alvéolos menores, lítio
pressão intrapleural de zero ao término da expiração e parede 3 - potencialização da ação da succinilcolina pela azatioprina
4 - antagonismo aos efeitos dos bloqueadores neuromusculares
torácica muito distensível, ou seja, apresenta redução das forças
adespolarizantes pela azatioprina
que mantém o volume alveolar.
Resp. E Comentário: Nos transplantes de rim o problema da interação
Refs: de drogas é patente; a azatioprina, estruturalmente similar à
Gregory G E - Anestesia Pediátrica, em Tratado de Anestesia, aminofilina e portanto um inibidor da fosfodiesterase, produz au -
Miller R D, 2ª Ed., São Paulo, Manole, 1989: 1812-1813. mento da força de contração muscular, antagonizando os efeitos
Todres I D - Growth and Development, em A Practice of Anesthesia dos bloqueadores neuromusculares adespolarizantes e potenciali -
for Infants and Children, Ryan J F, Todres I D, Coté C J, Goudsouz - zando os efeitos da succinilcolina; já o carbonato de lítio, por alterar
ian N, Orlando, Grune & Stratton, 1989: 9-10. as passagens de sódio e potássio na membrana celular, determina
ação mais prolongada de ambos os tipos de bloqueadores
Braz J R C, TSA neuromusculares. A monitorização da função neuromuscular é
85- Na anestesia para correção de hérnia diafragmática importante no sentido de se titular a dose necessária para o efeito
congênita, deve-se: desejado.
1 - não utilizar N 2O Resp. E

Revista Brasileira de Anestesiologia S 55


Vol. 42: Supl. 14, 1992
COMISSÃO TSA/SBA

Refs: dependente, e conseqüentemente, aumenta a capacidade de aco -


Bevan D R, Bevan J C, Donati F - Muscle Relaxants in Clinical modação do fluxo sangüíneo redistribuído pela vasoconstrição
Anesthesia, 1ª Ed., Chicago, Year Book Medical Publishers, 1988: pulmonar hipóxica; b) hiperventilação e hipocapnia aumentam a
389-413. resistência vascular pulmonar no pulmão dependente e inibem o
Ramanathan S - Obstetric Anesthesia, 1ª Ed., Philadelphia, Lea & reflexo de vasoconstrição hipóxica no pulmão não dependente,
Febiger, 1988: 307-323. aumentando o shunt e reduzindo a PaO 2; c) volumes correntes
Garrido L, TSA inferiores a 80 ml/kg e superiores a 15 ml/kg induzirão, respecti -
vamente, a atelectasias e aumento da resistência vascular pul -
88- É esperado encontrar-se no paciente grande queimado
monar no pulmão dependente; d) CPAP discreta no pulmão não
após o 3º dia de evolução:
dependente ajuda a manter a permeabilidade dos alvéolos, mel -
1 - diminuição do Na intracelular horando as trocas gasosas.
2 - aumento do K intracelular
3 - arritmias com os bloqueadores neuromusculares adespola - Resp. E
rizantes Refs:
4 - lesão renal pela presença de hemoglobina e mioglobina Ruiz Neto P P, Gomide do Amaral R V - Anestesia para Cirurgia
Torácica. Rev Bras Anest, 1986; 36: 59-74.
Comentário: As alterações eletrolíticas dos grandes queimados Eisenkraft J B, Cohen E, Kaplan J A - Anesthesia for Thoracic
são: aumento de Na intracelular; o potássio migra da célula, Surgery, em Clinical Anesthesia, Barash P G, Cullen B F, Stoelting
causando diminuição do K intracelular e aumento de seu nível R K, Philadelphia, Lippincott, 1989: 922-25.
plasmático, o que ocasiona arritmias com os bloqueadores muscu -
lares despolarizantes a partir do segundo dia. Os agentes despo - Carvalho J C A, TSA
larizantes são rapidamente eliminados devido à elevada filtração 91- Na estenose aórtica a:
glomerular, diminuindo sua ação terapêutica. A filtração glomerular 1 - raquianestesia é boa indicação
está aumentada, mas existem numerosos pigmentos no filtrado, o 2 - bradicardia é bem tolerada
que ocasiona lesão renal. 3 - pré-carga deve ser diminuída
Resp. D 4 - pressão arterial diastólica deve ser mantida
Refs:
Comentário: Na estenose aórtica, deve-se evitar durante a
Fernandes J, Araújo Neto J P, Coelho H S M - O Grande Queimado.
anestesia: redução na resistência periférica (contra-indicação rela -
Fisiopatologia. Rev Bras Anest 1977; 27: 486-487.
tiva da raquianestesia), bradicardia, taquicardia, disritmia e de -
Turner D A B - The Burned Patient. In Anaesthesia. Nimmo W S,
pressão miocárdica. O débito cardíaco deve ser mantido com
Smith G, Oxford, Blackwell, 1989: 1473-1485.
pré-carga adequadamente elevada, assim como devem ser man -
Labrunie G M, TSA tidas a pressão arterial diastólica e a perfusão coronária.
89- Artroscopia de joelho realizada sob anestesia regional, Resp. D
em regime ambulatorial. Nervo(s) periférico(s) que neces -
sita(m) ser(em) bloqueado(s) para realizar o procedimento: Refs:
Hug C C Jr - Anestesia para a Cirurgia Cardíaca, em Tratado de
1 - nervo femoral Anestesia, Miller R D, 2ª Ed., São Paulo, Manole, 1989: 1524.
2 - nervo femoral cutâneo lateral Hunsley J E, Weston G A - Cardiac Anaesthesia, em Anaesthesia,
3 - nervo obturador Nimmo W S, Smith G, Oxford, Blackwell Scientific Publications,
4 - nervo ciático poplíteo externo 1989: 596-597.
Comentário: Os bloqueadores de nervos periféricos são Braz J R C, TSA
utilizáveis em procedimentos ambulatoriais, realizáveis à nível de 92- Paciente masculino, 50 anos, com fratura exposta de
membros inferiores, como no caso de artroscopias de joelho. fêmur, apresenta no RX do tórax alargamento do mediastino
Nessa situação existe a necessidade de bloquear o nervo femoral, e hemotórax extenso. O estudo angiográfico não demonstra
o nervo obturador e o nervo femoral cutâneo lateral, o que pode nenhuma anormalidade, mas o paciente apresenta di -
ser realizado através da técnica descrita por Winnie ou seja, ficuldade respiratória e alterações na gasometria arterial.
bloqueio peri-vascular ‘‘3 em 1", que além de permitir a realização Antes da indução anestésica está (ão) indicado (s):
do procedimento proposto, confere uma excelente analgesia resi -
dual pós-operatória. 1 - ventilação com pressão positiva com O 2 a 100%
2 - intubação traqueal imediata acordado
Resp. A 3 - fixação do gradil costal e traqueostomia
Refs: 4 - drenagem imediata do hemotórax
White P F - Outpatient Anesthesia, em Anesthesia, Miller R D, New
York, Churchill Livingstone, 1990: 2025-2059. Comentário: Na presença de pneumotórax, ou hemotórax, a
Kallos T - Anesthesia and Orthopedic Surgery, em Clinical Anes - drenagem toráxica é procedimento mandatório, antes da indução
thesia, Barash P G, Cullen B F, Stoelting R K, Philadelphia, J B anestésica. A intubação traqueal e a ventilação com pressão
Lippincott Co., 1989: 1163-1184. elevada, na presença de hemotórax pode resultar em problemas
cardiovasculares graves, até mesmo precipitando parada cardíaca.
Duval Neto G F, TSA
90- No paciente com tórax aberto e em decúbito lateral:
Resp. D
1 - FiO 2 alta causa vasodilatação no pulmão dependente
2 - o volume corrente deve ser de 10 a 12 ml/kg Refs:
3 - a hipocapnia aumenta o shunt e reduz a PaO 2 Araújo Filho J P, Cremonesi E - Anestesia para Cirurgia de Urgên -
4 - CPAP no pulmão não dependente pode ser útil cia. Em: Cremonesi E, Temas de Anestesiologia, Sarvier Editora
de Livros Médicos, São Paulo, 1987: 199-216.
Comentário: Vários fatores podem modificar as alterações de Gallagher T J, Civeta J M - The Multiple Trauma Patient: Assesment
ventilação e perfusão durante anestesia com o tórax aberto: a) and Anesthesia. Em Gallagher T J, Advances in Anesthesia, Vol.
fração inspirada de oxigênio alta causa vasodilatação no pulmão 1, Year Book Medical Publishers, Chicago, 1984: 89-131.

S 56 Revista Brasileira de Anestesiologia


Vol. 42: Supl. 14, 1992
CONCURSO TSA - 1991

Conceição M J, TSA Refs:


93- O soco precordial está indicado em: Tobin M J - Respiratory Monitoring During Machanical Ventilation,
Critical Care Clinics, 1990; 6: 679-709.
1 - taquicardia ventricular Moon R E, Camporesi E M - Respiratory Monitoring, em Anesthe -
2 - bloqueio cardíaco completo sia, Miller R D, 3ª Ed., New York, Churchill Livingstone, 1990: 1129-
3 - fibrilação ventricular 1164.
4 - taquicardia supraventricular
Garrido L, TSA
Comentário: O soco precordial é recomendado em algumas
QUESTÕES TIPO G -- DE 96 A 100
situações monitorizadas, como fibrilação e taquicardia ventricu -
lares, que se iniciaram há pouco tempo e em situações de assistolia INSTRUÇÕES -- As questões tipo G são constituídas de gráficos
ventricular devido a bloqueio cardíaco completo. Nas três si - ou figuras. Correlacione os números 1, 2, 3, 4 e 5 as letras A, B,
tuações, o soco pode servir como desfibrilador mecânico ou car - C, D e E.
dioversão e restaurar o ritmo normal. 96- Pressão nas vias aéreas exercida pelas várias modalida -
Resp. A des de ventilação:
Refs:
Donegan J H - Ressuscitação Cardiopulmonar, em Tratado de
Anestesia, Miller R D, 2ª Ed., São Paulo, Manole, 1989: 2204.
Safar P - Cardiopulmonary - Cerebral Resuscitation, em Textbook
of Critical Care, Shoemaker W C, Ayres S, Grenvik A et al, 2ª Ed.,
E E E
I I I
Philadelphia, W B Saunders Co., 1989: 15-16.
Braz J R C, TSA A
O
94- Nos casos de pacientes intoxicados pelo monóxido de
carbono, podemos encontrar:
B
1 - alta afinidade do CO pela hemoglobina O
2 - pressão arterial de oxigênio normal
3 - alta saturação da carboxihemoglobina
4 - aumento da vida média da carboxihemoglobina C
O
Comentário: O principal problema na intoxicação pelo mo -
nóxido de carbono (CO) é sua alta afinidade (230 a 270 vezes maior
que a do O 2) pela hemoglobina. Altos níveis de carboxihemoglo - D
bina, deslocam a curva do oxigênio para a esquerda, conduzindo O
a hipóxia tecidual. A PaO 2 pode estar normal, principalmente se a
saturação de oxigênio for derivada (como na maioria dos equi -
pamentos) e não medida diretamente. E
O
Resp. A
Refs:
Shapiro B - Respiratory Care: Specific Clinical Syndromes. Em
Miller R D, Anesthesia, 2ª Ed., Vol. 3, Churchill Livingstone, New 1 - ventilação mecânica
York, 1986: 2215-2228. 2 - IMV
Turner D A B - The Burned Patient. Em Nimmo W S, Smith G, 3 - CPAP
Anaesthesia, Vol. 2, Blackwell Scientific Publications, Oxford, 1989: 4 - alta freqüência
1473-1485. 5 - ventilação espontânea
Conceição M J, TSA Comentário: A ventilação mecânica caracteriza-se por picos de
95- Quanto ao comportamento da pressão expiratória final pressão intratraqueal, determinados pela fase inspiratória do ven -
de CO2 (PETCO2) em pacientes com ventilação controlada: tilador (D). Na respiração mandatória intermitente (C) alternam-se
picos de pressão com a insuflação da máquina com períodos de
1 - aumento gradual pode indicar aumento da produção de CO2
ventilação espontânea. No CPAP é mantida uma pressão con -
2 - diminuição gradual pode indicar diminuição da perfusão
stante na via aérea (B). O gráfico E caracteriza a ventilação de alta
pulmonar
freqüência e o A a ventilação espontânea.
3 - diminuição súbita pode indicar embolia pulmonar maciça
4 - aumento súbito pode indicar hipoventilação

Comentário: Em pacientes com prótese ventilatória a cap - Resp. 1D, 2C, 3B, 4E, 5A
nografia é uma monitorização de grande valia no que tange à
precocidade de algumas suspeitas diagnósticas. Assim, aumento
súbito da P ETCO2 pode indicar aumento do débito cardíaco, lib - Refs:
eração brusca de torniquetes e injeção de bicarbonato de sódio; Basile Filho A, Capone Neto A - Síndrome de Angústia Ventilatória
aumentos graduais podem indicar hipoventilação e aumento da do Adulto, segunda parte: Tratamento. Rev Bras Anest 1989; 39:
produção de CO 2; diminuições bruscas podem indicar diminuição 55-64.
do débito cardíaco, embolia pulmonar maciça, desconexão de Mushin W W, Rendell-Baker L, Thompson P W, Mapleson W W -
ventilador e obstrução do tubo traqueal; diminuições graduais Autonomic Ventilation of the Lungs, Capítulo 1, Physiological As -
podem significar diminuição da perfusão pulmonar e diminuição do pects of Controlled Respiration, 3 rd Ed., Blackwell Scientific Publi -
consumo de oxigênio. cations, 1980: 2-32.
Resp. A Conceição M J, TSA

Revista Brasileira de Anestesiologia S 57


Vol. 42: Supl. 14, 1992
COMISSÃO TSA/SBA

97- Correlacione a pressão no colédoco (% do controle) com 2 - bloqueio sensitivo T 5, sem epinefrina
os opióides: 3 - bloqueio sensitivo T 1, sem epinefrina, efedrina IV
4 - bloqueio sensitivo T 1, sem epinefrina
5 - bloqueio sensitivo T 5, com epinefrina, hipovolemia
Comentários: A anestesia peridural, com bloqueio sensitivo até T5,
está associada a pequenas alterações hemodinâmicas, graças à ação
260 A de mecanismos compensatórios. Se o bloqueio se estende até T1, a
vasoconstrição compensatória está prejudicada, além dos nervos cár -
dio-aceleradores estarem comprometidos. A epinefrina, absorvida a
Pc (% DO CONTROLE)

220 partir do espaço peridural, determina efeitos beta adrenérgicos, com


elevação do débito cardíaco, diminuição acentuada da resistência
180 B periférica e hipotensão arterial. A hipovolemia, diminuindo o débito
cardíaco, acentua a hipotensão arterial determinada pelo bloqueio com
C epinefrina. A efedrina, de ação alfa e beta (preponderante) agonista,
atua preferencialmente nos vasos de capacitância e no coração, au -
140
mentando o débito cardíaco e a pressão arterial, sem grandes ele -
D vações da resistência periférica.
100 E Resp. 1D, 2A, 3C, 4B, 5E
2 6 10 14 18 t(min)
Refs:
Cousins M J, Bromage P R - Epidural Neural Blockade, em Neural
1 - fentanil Blockade in Clinical Anesthesia and Management of Pain, Cousins
2 - morfina M J, Bridenbaugh P O, Philadelphia, Lippincott, 1988: 253-360.
3 - meperidina Covino B G, Lambert D H - Epidural and Spinal Anesthesia, em
4 - naloxona Clinical Anesthesia, Barash P G, Cullen B F, Stoelting R K, Phila -
5 - pentazocina delphia, Lippincott, 1989: 755-786.
Carvalho J C A, TSA
Comentário: Em doses equipotentes, o fentanil é o opióide que
mais aumenta a pressão nos ductos biliares, seguido, em ordem 99- Distribuição sensitiva dos nervos no tornozelo e pé:
decrescente, pela morfina, meperidina e pentazocina. A naloxona,
opióide antagonista, além de não elevar a pressão nas vias biliares,
B A
antagoniza o efeito na pressão biliar dos outros opióides. 1 - fibular superficial
Resp. 1A, 2B, 3C, 4E, 5D 2 - fibular profundo
3 - sural
Refs:
4 - safeno
Gilman S - Anesthesia and the Liver, em Clinical Anesthesia, D
C 5 - fibular comum
Barash P G, Cullen B F, Stoelting R K, Philadelphia, J B Lippincott
Co., 1989: 1152. E
Stoelting R K - Pharmacology and Physiology in Anesthetic Prac -
tice, Philadelphia, J B Lippincott Co., 1987: 79.
Braz J R C, TSA
98- Efeitos cardiovasculares da anestesia peridural. Corre -
Comentário: O nervo fibular comum, ramo do nervo ciático,
lacione:
inerva a face lateral da perna; seus ramos, nervos fibular superficial
e fibular profundo inervam o dorso do pé e da fenda interdigital entre
o 1º 2º dedos, respectivamente. O ramo terminal do nervo femoral,
% Alteração o safeno, inerva a face medial da perna e do tornozelo; o nervo
sural, de origem ciática, inerva a pele da face póstero- lateral do
+ 50 calcanhar e face lateral do pé até a base do 5º dedo.
Pressão arterial média Resp. 1D, 2E, 3C, 4A, 5B
+ 40
Resistência periférica total Refs:
+ 30 Murphy T M - Bloqueios Nervosos, em Tratado de Anestesia, Miller
Débito cardíaco
RD, 2º Ed., São Paulo, Manole, 1989: 1059-1066.
+ 20 Amaral J L G, Rodrigues R C - Anestesia de Membro Inferior, Rev
Bras Anest 1988; 38(supl 8): 99-107.
+ 10 Braz J R C, TSA
0
A
-- 10 C
-- 20 B
-- 30
D E
-- 40
1 - bloqueio sensitivo T 5, com epinefrina

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Vol. 42: Supl. 14, 1992
CONCURSO TSA - 1991

100- Correlacione os valores percentuais da deposição, em Comentário: O presente estudo mostra a grande tendência do
fetos normais e hipóxicos, da lidocaína injetada na mãe, anestésico local do tipo amida que é injetado na mãe, de maneira
com os diferentes órgãos aonde essa se deposita: intencional (tratamento de arritmia ventricular com lidocaína) ou de
maneira acidental (injeção peridural com administração intra-vas -
cular acidental) de se depositar em tecidos fetais bem perfundidos,
PERCENTUAL DA DOSE INJETADA (%)

particularmente cérebro, fígado ( first pass) e coração. Esse fato é


15 exacerbado em situações de hipoxia fetal, devido ao ‘‘íon trapping ’’,
F Normal
que é o resultado da variação do pH, que aumenta a concentração
* F Hipóxico de formas catiônicas no lado fetal, o que impede o seu retorno à
* p < 0,05 circulação materna.
10
Resp. 1C, 2D, 3E, 4A, 5B
* Refs:
Pedersen H - Obstetric Anesthesia, em Clinical Anesthesia, Barash
5 * P G, Cullen B F, Stoelting R K, Philadelphia, J B Lippincott Co.,
1989: 1215-1251.
Covino B G - Toxicity and Distribution of Lidocaine in Nonas -
phyxiated and Asphyxiated Baboon Fetuses, Anesthesiology,
0 1981; 54: 182-186.
A B C D E
Duval Neto G F, TSA
1 - fígado
2 - pulmão
3 - rim
4 - cérebro
5 - coração

Resumo de Literatura
A Latência do Bloqueio Neuromuscular Induzido pelo Vecurônio é Menor em Pacientes Submetidas
a Cesariana

Em dois grupos de mulheres de mesma faixa etária, um constituído por dez pacientes submetidas a
cesarianas eletivas e outro constituído por outras dez mulheres não-grávidas, foram invest igadas a
latência do bloqueio neuromuscular induzido pelo vecurônio e as condições da intubação traqu eal
quando quetamina (1,5 mg.kg -1) e vecurônio (100 µg.kg-1) foram utilizados em indução de seqüência
rápida. Foi efetuada estimulação supramáxima do nervo ulnar com "train-of-four" cada 20 seg, e
registrada a resposta eletromiográfica do adutor do polegar. O início do bloqueio neuromuscul ar (50%
de bloqueio) foi mais rápido no grupo de cesarianas (80 ± 30 seg) do que no grupo controle (144 ± 43
seg). As condições de intubação traqueal com 50% de bloqueio foram adequadas em ambos os
grupos. Da mesma maneira, a latência para 90% de bloqueio foi menor no grupo de cesarianas do
que no grupo controle. O tempo de recuperação do bloqueio, avaliado pela relação T 1/T0 = 25%, foi
maior no grupo de cesarianas do que no grupo controle (28 ± 10 min respectivamente). Os autores
concluem que a administração de vecurônio à base de dose relacionada ao peso, resulta em iníci o
mais rápido e recuperação mais lenta do bloqueio neuromuscular em pacientes grávidas submeti das
a cesarianas eletivas, em relação a mulheres não-grávidas.

Baraka A, Tabboush Z, Bijjani A - Onset of vecuronium neuromuscular block is more rapid in pat ients
undergoing caesarean section. Can J Anaesth 1992, 39: 135-138.

COMENTÁRIO: Embora sejam necessárias outras investigações, parece que a diferença observa da
nos dois grupos é devida ao maior débito cardíaco nas grávidas, levando a droga mais rapidament e
ao local de ação e saturando os receptores mais precocemente em relação às não-grávidas. (JR
NOCITE)

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