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FACULDADE INTEGRAL DIFERENCIAL – DeVry/FACID

CURSO DE MEDICINA
FARMACOLOGIA

TERESINA
2017
RATCVS

Relatório apresentado a disciplina de


Farmacologia como registro de aula prática do dia 03 de abril de 2017.
Professor: Joubert Aires

TERESINA
2017
1. INTRODUÇÃO
A utilização de animais em atividades práticas na área médica remonta ao
início do desenvolvimento da medicina. Várias técnicas e conhecimentos foram
adquiridos a partir do uso de animais em experimentações. No Brasil a
regulamentação do uso desses seres em atividades práticas somente se tornou
oficial em 2008, sendo realizada pelo Concea, controle de experimentação
animal.
Um dos critérios que normatizam a experimentação animal é a utilização de
métodos alternativos, que substituam o uso dos bichos por técnicas que
simulem os efeitos que seriam encontrados nos animais, através de programas
de computador, cadáveres preservados, por exemplo, reduzindo a dor e o
sofrimento deles.​Segundo Renata Diniz et al (2006), a tendência mundial entre
as escolas médicas é o abandono do uso de animais vivos em aulas práticas
quando o resultado, já demonstrado na literatura científica, é previsto.​
No sentido de atender essa tendência de substituição do uso animal, a
presente prática faz uso do RATcvs, ​uma simulação de uma preparação
experimental de rato normal e rato pithed para investigar as ações de drogas
no coração e no sistema cardiovascular. A partir da utilização dessa ferramenta
o estudante objetiva obter resultados já determinados pela literatura sem
precisar levar a óbito um número expressivo de animais, possibilitando um
julgamento prudente a respeito da real necessidade do uso dos seres de
acordo com os resultados esperados da prática.
2. METODOLOGIA

Foi feito, para realização da prática, o download do simulador Rat


Cardiovascular System (Ratcvs), versão 3.3.3. Inicialmente é feita a escolha da
simulação do tipo de rato a ser utilizado: “normal rate” ou “Pithed rate”, o pithed
rate é o rato com a as vias da medula espinhal que conectam o cérebro e o
sistema cardiovascular destruídas. Após isso, foi feito controle, onde através de
gráficos o programa analisa traços de pressão arterial, freqüência cardíaca e
força contrátil, e faz a mesma análise a partir da injeção da droga escolhida no
rato . No final obtem-se um comparativo do rato do grupo controle com o
animal que fez uso da drogas.
As drogas analisadas foram:
1. Noradrenalina - 20 ug/kg
2. Noradrenalina -20 ug/kg (​pithedrat)
3. Adrenalina - 20 ug/kg
4. Adrenalina - 20 ug/kg (​pithedrat)
5. Propranolol - 100 mg/kg
6. Propranolol - 20 mg/kg
7. Propranolol - 20 mg/kg + Adrenalina 20 ug/kg
8. Isoprenalina - 20 ug/kg
9. Fenilefrina - 20 ug/kg
10. Prazosina - 10 mg/kg
11. Prazosina - 10 mg/kg + Adrenalina 50 ug/kg
12. Gliceriltrinitrato - 20 mg/kg
13. Cromocalina - 20 mg/kg
14. Glibenclamida - 100 mg/kg
15. Glibenclamida - 100 mg/kg + Cromocalina 20 mg/kg
16. Angiotensina II - 1ug/kg
17. Digoxina - 10 mg/kg
18. Digoxina - 10 mg/kg (observar por mais tempo)
19. Milrinona - 20 mg/kg
20. Verapamil - 5 mg/kg
21. Verapamil - 5 mg/kg + Propranolol 100 mg/kg
22. Verapamil - 100 mg/kg
23. Captopril - 50 mg/kg
24. Losartana - 50 mg/kg
25. Losartana - 50 mg/kg + Angiotensina II 1ug/kg
3.RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Noradrenalina 20​ug/kg

A noradrenalina é um potente agonista alfa, tem relativamente pouco efeito


sobre beta dois. Foi observado com o uso da noradrenalina da ​20​µg/kg o
aumento da pressão arterial, sistólica e diastólica, pelo aumento da
resistência vascular periférica nos leitos vasculares, houve aumento na
força de contração do coração e uma ligeira diminuição da frequência
cardíaca devido a atividade reflexa vagal.

No segundo gráfico observado abaixo, foi feito o uso da noradrenalina no


pitchedrat, ​isso simplifica muito a interpretação dos resultados
experimentais, já que remove os reflexos do barorreceptor central​. ​Assim,
constatou-se um maior aumento na pressão arterial, devido a anulação do
reflexo vagal, um aumento na frequência cardíaca e a força de contração
permaneceu praticamente a mesma.
2.1 Adrenalina 20​µg/kg

A adrenalina é um dos mais potentes vasopressores conhecidos, ao


administra-la houve um aumento na pressão arterial, esse aumento se
configura devido a ação inotrópica e cronotrópica positiva do fármaco, ou seja,
houve o aumento da força de contratilidade do coração e da frequência
cardíaca. Isso porque atua diretamente sobre os receptores beta um,
predominantes no miocárdio.​No experimento controle encontraram-se como
dados: ABP = 150,3 mmHg, HF = 9,1 e HR = 315,9 BPM. Após a utilização do
medicamento, obteve-se ABP de 150,3 mmHg, HF de 9,8, e HR de 344, 7
BPM.

No pichedrat, no segundo gráfico, não há grandes alterações, os aumentos


se mantêm, já que todos os efeitos explicitados se referem diretamente ao
mecanismo de ação da adrenalina e não aos reflexos provocados por ela no
organismo.

2.2 Propranolol 100mg/kg e propranolol 20mg/kg

O propranolol é um fármaco bloqueador dos receptores beta adrenégicos,


por agir diretamente no coração, possui ação ino, crono, dromo, batmotrópica
negativa. A dose de 20mg/kg apresentou uma pequena redução da pressão
arterial, por agir no receptor beta 1 presente no rim, diminuição da frequência
cardíaca e da força de contratilidade do coração.

Na dose de 100mg/kg obeserva-se uma redução de todos esses fatores de


forma mais acentuada.Porém, o propranolol tem uma biodisponibilidade baixa e
dependente da dose (KATZUNG, 2014), por isso que, ao se utilizar o
Propranolol de 20 mg/kg, observou-se que os valores das variáveis foram ABP
= 142 mmHg, HF = 7,5, e HR = 287,2 BPM, comparados com os do controle,
que foram ABP = 150,3 mmHg, HF =9,2, e HR = 306,3.

2.3 Isoprenalina20​µg/kg

A isoprenalina ou isoproterenol é um potente agonista não seletivo dos


receptores beta, com afinidade muito baixa para os receptores alfa.O
isoproterenol diminui a resistância vascular periférica. Ocorreu, na simulação,
diminuição da pressão arterial, aumento da força de contratilidade do coração e
da frequencia cardíaca, ambos elevações acentuadas. O débito cardíaco
aumenta na presença dos efeitos inotrópicos e cronotrópicos positivos do
fármaco na presença de diminuição da resistência vascular periférica.
(GOODMAN, 2012)
2.4 Fenilefrina20​µg/kg

A fenilefrina é um agonista alfa um seletivo, ativa os receptores beta apena em


altas concentrações. Provoca acentuada vasoconstrição arterial. Observou-se
aumento da pressão arterial, a frequência cardíaca permaneceu a mesma e
houve uma pequena redução da força de contração do coração.

2.5 Prasozin 10mg/kg

É um bloqueador dos receptores adrenérgicos alfa 1 seletivo, inibe a


vasoconstrição induzida por catecolaminas endógenas, assim, induz a
diminuição da resistência vascular periférica e do retorno venoso ao coração.
No gráfico observa-se diminuição da pressão arterial, manutenção do
batmotropismo e aumento da frequencia cardíaca, pelo efeito de taquicardia
reflexa causa pelo prasozin.
3.6.1 Prasozin 10mg/kg + adrenalina 50​µg/kg

Quanto aos valores das variáveis estudadas, o rato controle


apresentou ABP = 149,1 mmHg, HF = 9,3, e HR = 306,3 BPM. Após o uso da
prazozina, foram encontradas ABP = 131,4 mmHg, HF 9,2 =, e HR = 397,4
BPM; e com adrenalina, ABP = 121,9 mmHg, HF = 10,1, e HR = 445,3 BPM.
Como já exposto, a prazozina reduz a pressão arterial, por agir em receptores
α, além de causar certa taquicardia reflexa. Após a utilização de adrenalina, a
ABP sofreu considerável decréscimo, por tal fármaco ser um vasodilatador,
além de ter havido aumento expressivo da HF e da HR, pois este também age
em receptores β cardíacos, com efeito inotrópico e cronotrópico positivo.
2.6 Gliceriltrinitrato 20mg/kg

O controle apresentou ABP = 152,7 mmHg, HF = 9,2, e HR = 306,3 BPM.


Depois da utilização da droga, os valores foram ABP = 143,2 mmHg, HF = 9,1,
e HR = 354,3 BPM.​É um potente dilatador do músculo liso vascular, diminui a
pré-carga cardíaca. Nesse sentido, observou-se no gráfico a diminuição da
pressão arterial, manutenção da força de contração cardíaca e aumento da
frequência cardíaca.

2.7 Cromocalina 20mg/kg

O rato controle apresentou ABP de 151,5 mmHg, HF = 9,1, e HR = 315,9 BPM.


Com o fármaco, as variáveis atingiram os valores de ABP = 92,3 mmHg, HF =
4,9, e HR = 421,4 BPM.​A cromocalina é um ativador dos canais de potássio,
possui propriedades vasodilatadoras que parecem ser independentes do
endotélio vascular e tem relação com o aumento da condutância de canais de
K+ que induz a hiperpolarização do músculo liso vascular. Observa-se
diminuição da pressão arterial, diminuição da força cardíaca e aumento da
frequência, como reflexo ao batmotropismo negativo da droga.
2.8 Gibenclamida 100mg/kg

A gibenclamida é um antidiabético do grupo sulfonilureia, que atua sobre as


células beta do pâncreas estimulando a produção de insulina e normalizando o
quadro hiperglicemiante. Tal fármaco não interfere, isoladamente, no sistema
cardiovascular. Por isso, a pressão arterial ficou constante, não havendo
qualquer alteração, a força de contratilidade do coração também foi constante e
a frequência cardíaca não teve modificação, ficando constante

2.8.1 Gibenclamida 100mg/kg e cromocalina 20mg/kg


Foi constatado ao fazer o uso da gibenclamida aliada a cromacalina que a
primeira manteve constante as variáveis como mencionado e acromacalina
também manteve seus resultados: diminuição da pressão arterial,
batmotropismo constante e aumento da frequência cardíaca.
2.9 Angiotensina ll1​ µg/kg

A angiotensina ll é um hormônio produzido no rim a partir da liberação de


renina e da ação da enzima conversora de angiotensina, a qual faz a
conversão de angiotensina I em angiotensina II. Essa substância atua nos
túbulos renais promovendo a reabsorção de água e sódio, além de ser
precursora da aldosterona, hormônio responsável por reabsorção e
vasoconstricção. Foi possível comprovar seu mecanismo de ação observando
no gráfico o aumento acentuado da pressão arterial, permaneceram os
mesmos níveis da força de contratilidade do coração e houve uma pequena
redução da frequência cardíaca.

2.10 Digoxina 10mg/kg


A digoxina é um glicosídeo digitálico indicado no tratamento da insuficiência
cardíaca congestiva quando o problema dominante é a disfunção sistólica.
Esse fármaco age inibindo a adenosina trifosfatase, e, assim, inibe também a
bomba de sódio e potássio. Os efeitos inotrópicos positivos da digoxina
resultam de um aumento de Ca++ intracelular. Com isso, os principais efeitos
eletrofisiológicos “indiretos” dos glicosídeos são a hiperpolarização, o
encurtamento dos potenciais de ação e o aumento da refratariedade do nodo
atrioventricular. (GOODMAN, 2012).

Foi observado após a aplicação da digoxina que ocorreu um leve aumento


da pressão arterial, que pode ser explicado pelo efeito vasoconstrictor arterial
direto dos digitálicos. Houve acentuada elevação da força de contração
cardíaca, já que o medicamento é inotrópico positivo, aumenta a concentração
de cálcio intracelular, e em relação a frequência cardíaca não houve alteração.

2.11 Digoxina 100mg/kg

Ao aplicar uma dose maior de digoxina, o rato veio a óbito logo após a
aplicação.
2.12 Milrinona 20mg/kg

A milrinona é um fármaco utilizado no tratamento da insufiência cardíaca


congestiva, da classe dos inibidores da fosfodiesterase, enzima que hidrolisa o
AMP cíclico. A inibição, então, resulta no aumento de AMP cíclico nos miócitos
do músculo liso e cardíaco. Coletivamente, portanto, a inibição da PDE melhora
o débito cardíaco através de inotropia e reduzindo a pós-carga e a pré-carga
(GOODMAN, 2012). No gráfico observa-se diminuição da pressão arterial, por
seu efeito vasodilatador, aumento da inotropia cardíaca como também uma
elevação da frequência cardíaca.

2.13 Verapamil5 mg/kg

O verapamil bloqueia o fluxo de cálcio para dentro da célula do músculo do


coração e das artérias (bloqueador do canal lento ou antagonista de íons
cálcio). O bloqueio dos canais de cálcio para as células musculares cardíacas e
vasculares melhora a quantidade de oxigênio oferecida ao músculo do coração
(ANVISA, 2012).

No gráfico observa-se queda da pressão arterial sistêmica, já que a chegada


de mais oxigênio nos vasos provoca dilatação, diminuindo, assim, a resistência
vascular periférica. Houve também diminuição acentuada da força de contração
cardiaca, pois o bloqueio dos canais de cálcio impede sua entrada no nó
sinoatrial e atrioventricular, bloqueando a despolarização, produzindo, assim,
um efeito batmotrópico negativo. Na frequência cardíaca também foi observada
uma diminuição, já que o verapamil tem efeito cronotrópico negativo direto.

2.13 Verapamil 5mg/kg e propranolol 100mg/kg

O mecanismo de ação de ambos já foi citado anteriormente, portanto, ao injetar


as duas drogas associadas observou-se diminuição acentuada da pressão
arterial, um por diminuir a resistência vascular periférica, outro por ser um
fármaco beta bloqueador. Além disso, observou-se que no momento que o
propranolol é injetado (indicado no gráfico) há um aumento do intervalo de
tempo entre as contrações cardíacas e a frequência cardíaca diminui ainda
mais pela ação do bloqueio de beta no coração.

2.14 Verapamil 100 mg/kg

Após a administração de uma dose maior do cloridrato de verapamil


observou-se queda brusca de todas as variáveis, evidenciando o efeito
dromo, batmo,
inotrópico
negativo do fármaco. Contata-se a possibilidade de óbito ao administrar tal
dose no rato.

2.15 Captopril 50mg/kg

O captopril é um anti-hipertensivo da classe dos inibidores da enzima


conversora de angiotensina. A angiotensina II, substância produzida a partir da
ação da enzima, estimula reabsorção de sódio e água nos túbulos renais além
de promover vasocontrição, ações essas também promovidas pela
aldosterona, substância que deriva da angiotensina ll.

Houve, após administração da droga, diminuição da pressão arterial pela


inibição da ECA, logo, diminuição do volume circulante. A força de contração
cardíaca não se alterou já que o fármaco não age diretamente no coração e
frequência cardíaca aumentou devido a atividade reflexa.

2.16 Losartana 50mg/kg

A losartana é um fármaco anti-hipertensivo da classe dos antagonistas dos


receptores AT1 da angiotensina. Ao antagonizar os efeitos da angiotensina da
Ang II, esses agentes relaxam o músculo liso e dessa maneira provocam
vasodilatação, aumentam a excreção de sal e água, reduzem o volume
plasmático e diminuem a hipertrofia celular (GOODMAN, 2012).

No gráfico após uso da losartana no animal, observou-se a diminuição já


esperada da pressão arterial, com permanência dos níveis de força contrátil do
coração e aumento da frequência cardíaca, como efeito reflexo.
2.17 Losartana 50mg/kg e Angiotensina II 1µg/kg

Foi possível constatar que a adição de angiotensina II não provocou


alterações no efeito já observado da losartana.
3.0 CONCLUSÃO

Ao longo da realização da atividade prática foi possível observar os efeitos


no sistema cardiovascular das vinte drogas sugeridas. Por meio das variáveis,
pressão arterial, força de contralidade cardíaca e frequência cardíaca foi feita a
comprovação gráfica dos efeitos cardiovasculares já preditos na literatura de
cada uma das drogas, compilando com os resultados o mecanismo de ação de
delas.

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