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-2) Explique o sentido e o significado das contradições da sociedade capitalista no

século XX e das novas formas de autoridade, dominação e poder na teoria crítica


frankfurtiana de Max Horkheimer e/ou Theodor W. Adorno

Primeiramente, para objeto de análise sobre o sentido e significado das contradições da


sociedade capitalista no século XX, temos a teoria crítica como principal instrumento. Esse
modo de análise, estabelece os vínculos entre os acontecimentos sociais em que os
fenômenos aconteceram, principalmente fenômenos colossais e catastróficos como as grandes
guerras. Fator econômico, político e suas variadas estruturas estão todas interligadas e ai está
a função a teoria crítica, fazer a relação entre esses pontos e estudar os fenômenos em todos
os âmbitos, principalmente no “processo histórico” ou seja, nos fatores que levaram ao
acontecimento, e também, nos fatores sociais resultantes.

“A teoria não é mera observação do fenômeno social em sua imediatez (forma


fenomênica, aparência), mas a busca da sua compreensão no processo
histórico e na totalidade dinâmica” página 2

Assim a teoria crítica foge da análise imediata, como dito, a “aparência”. Veremos que a
interpretação imediata da sociedade é a lógica capitalista do século XX, que está
intrinsicamente ligada com a efetividade e consumo, o modo de produção capitalista e do
processo civilizatório, a lógica industrial. Ou seja, esse novo sistema industrial, como veremos,
influenciou o inconsciente e a mentalidade de toda a sociedade que chamaremos de uma
espécie de pensamento abstrato, e dentro dessa lógica de dominação inconsciente existe
também uma luta de classes, o capital monopolizador como força hegemônica dessa relação.
Dentro dessa análise discutiremos sobre como esse tipo de organização e hegemonia pode ser
prejudicial para o ser, e coloca ele como um instrumento do capital, um objeto, causando
consequentemente patologias.

“O pensamento abstrato gera a percepção entre os seres humanos como


personificação de funções econômicas e políticas. Aquele que pensa
abstratamente α) vê o ser humano como um objeto, um instrumento: um
trabalhador será identificado inteiramente com o seu trabalho. Não será visto
como uma pessoa e β) não vê e compreende a realidade concreta dotada de
um sentido, mas somente como um conjunto de parte e fragmentos existentes
em si mesmos, que formam um massa amorfa de “determinações sólidas e
firmes”. Página 3

Dentro dessa lógica, para seguirmos na nossa análise de compreender


como essa forma de dominação atua, é preciso analisarmos como principal
força que organiza essa hierarquia hegemônica do capital a chamada
“racionalidade instrumental”. Essa racionalidade é a lógica do capital, vemos
que ela é desprovida de uma reflexão, da razão filosófica, ela abre mão disso
em prol da eficiência do capital, é uma razão “formal e técnica”.

“O fim da transcendência e o início da razão como conservação e


administração da realidade. A razão instrumental retira do mundo
moderno a transcendência (etimologicamente, “ir de um lugar ao outro”,
“ultrapassar certos limites”), suprime a filosofia da história e o valor das
revoluções filosóficas e políticas, passando a ser a força, a potência que
conserva a ordem social dentro dos limites dos valores da burguesia: da
posse privada, do individualismo, da vontade de reconhecimento
pessoal, da liberdade pessoal.” Página 8

Como dito anteriormente, a lógica aqui implantada é a de totalidade social, a


dureza que a sociedade industrial se impõem, faz com que todos os indivíduos
sigam um mesmo comportamento sem refletir autenticamente sobre as
realidades dos fatos. Por exemplo, o indivíduo vai até um Shopping center
comprar roupas, de modo prático, utiliza seu cartão, e segue uma linha de
montagem, uma moda, um padrão. Essa lógica de ser eficiente, rápido, faz
com que o indivíduo deixe de contestar o porquê dele estar naquele espaço
comprando as roupas, ou de como aquelas roupas foram feitas, por quem
foram feitas. Assim o espaço capitalista suprimi do indivíduo um espírito
contestador, espontâneo, esse novo espírito capitalista empoe espaços novos
unicamente voltados em sua maioria para o consumo. Essa estrutura de
manipulação do todo social faz parte da estrutura que estamos analisando do
capitalismo monopolista.

“O indivíduo consciencioso pensa e age segundo à lógica do


desempenho das tarefas ordenadas (quanto maior o desempenho, maior
as gratificações pessoais), de modo que, tudo aquilo que distraia a sua
atenção, e prejudique o seu desempenho, deve ser abandonado,
suprimido, recalcado. Sua visão de mundo é acrítica e passiva,
produtiva e pragmática, focada na realização mais eficientemente
possível do seu trabalho e desprovida do questionamento da finalidade
de sua ação e das consequências derivadas.” Página 12

Começamos a elucidar de uma maneira mais dinâmica, o método no qual essa


força hegemônica de produção atua na sociedade capitalista do século XX.
Entendemos agora que é possível essa força de dominação causar crises na
sociedade, causar desequilíbrios e contradições, em outras palavras o
indivíduo abre mão de si mesmo gerando um desequilíbrio. Veremos em
seguida mais contestações históricas de como essa força passou a atuar, como
se originou, e como está disseminada no inconsciente de toda sociedade
capitalista.

Como dito a teoria crítica exerce sua reflexão utilizando parâmetros como
grandes catástrofes que sucederam na sociedade, assim como as grandes
guerras do século XX. Esse fato gerou uma série de consequências na maneira
que a sociedade está estruturada, veremos que a ascensão do líder
carismático, com a supressão de outras formas de dominação como o pai de
família junto a carência de certezas. Outro método imperativo de pensamento
é a crença no progresso, com a vitória do capitalismo, o homem passa a ver a
crença no progresso como uma única filosofia de vida, ser rico é o sinônimo de
uma vida boa e feliz.

Como vimos a questão da massificação do eu, essa supressão dos indivíduos


serem “esterilizados” de sua subjetividade. Essa forma de estruturação da
sociedade capitalista desenvolve uma violência desenfreada, como se o
indivíduo estivesse totalmente alienado a seguir regras e ordens, deixando de
pensar por si mesmo, ele é capaz de efetuar monstruosidades, assim como foi
o extermínio dos judeus pelos alemães na grande guerra. Ou seja, o judeu foi
tratado como um objeto de uso, podemos dizer que nas fábricas essa mesma
lógica se implantou, cargas horárias extensas, tratamentos desumanos, tudo
pelo progresso e pelo rendimento. Até hoje isso acontece na sociedade,
principalmente na china, onde existe o trabalho praticamente escravo. Já foi
constatado relato de trabalhadores serem obrigados a usarem fábricas para
um maior rendimento.

“- a desorientação e frustração na sociedade industrial e nacional


aumenta a vontade de realização das pulsões destrutivas (ódio, fúria,
pulsão da agressão, pulsão de destruição, pulsão da morte), bem como
de viver sob a tutela do homem providencial e do líder carismático (ideal
do eu, regressão à horda primitiva).” Pag 14

Entramos aqui então no campo da dominação dos indivíduos, podemos


analisar então que a dominação e o poder é um mecanismo usado para
controlar e suprimir essa sociedade industrial. Ou seja, quanto maior a
disciplina maior o resultado dos cidadãos cumprirem as leis e manterem o
sistema produtivo funcionando, por isso a importância em se enraizarem
valores de nação, aprender o hino nacional na escola, e outros valores de
militarização fortemente implantados. É como se as autoridades impusessem
formas de pensar e normas de agir para a maioria seguir. Assim, esse modo de
operar do estado, de fazer essa massificação dos homens, junto com a
ideologia de consumo e de produtividade do capital, juntos geral grandes
conflitos na sociedade com consequências de desequilíbrio geral

“Logo, quando a ciência e a técnica, o poder político e econômico,


desprovidos de valores éticos humanistas, libertários e igualitários, e providos
da ilimitada vontade de dominação, exploração e apropriação de bens,
promovem uma nova forma de irracionalidade, violência e destruição da
natureza e dos seres humanos. Para Horkheimer e Adorno, Auschwitz
representa, portanto, um acontecimento catastrófico que hipertrofiou a razão
instrumental.” Pag 17

Dentro dessa mentalidade do dominação do estado e das autoridades, temos


a chamada “mentalidade do ticket”, que tem como um pilar principal o medo
que causa na população, em conjunto com outros elementos como a alienação
no trabalho ( o indivíduo que opera sempre a mesma máquina por muito
tempo, e sem descanso, não tem tempo para refletir sobre outras questões de
sua vida, sobre sua questão emocional, sobre o modo como leva sua vida, se
alimenta e etc), o consumismo ( o indivíduo é levado sempre a consumir,
estimulado sempre a alimentar esse acúmulo do capital, em todas as esferas,
na televisão, nas novelas, nas revistas, sempre influenciado a consumir por
propagandas até subliminares, todo o seu meio cultural está imerso no
consumismo), tudo isso gera um indivíduo que não reflete, como já dito, ele
passa a não ser capaz de pensar por sí espontaneamente, passando a ser um
ser que aceita tudo passivamente e não contesta qual é o seu papel e qual a
sua influência perante os acontecimentos que sucedem em seu tempo
histórico.

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