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Coletânea

Concurso do Município de Laranjeiras do Sul

ADMINISTRATIVO
ESPECIFICOS 5
SERVIÇOS PUBLICOS
1. Conceito
Segundo Hely Lopes Meirelles, serviço público é todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob
normas e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade ou simples conveniências
do Estado.
A professora Maria Sylvia Di Pietro define serviço público como “toda atividade material que a lei atribui ao Estado
para que a exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente às necessidades
coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente público”.

1.1. Escolas ou correntes doutrinárias


a) Essencialista ou materialista: uma atividade é considerada serviço público em decorrência de suas características
essenciais.
b) Escola subjetivista: serviço público é aquele prestado somente pelo Estado, seja por meio dos órgãos da
Administração Direta, seja mediante as entidades da Administração Indireta.
c) Escola formalista: uma atividade é serviço público quando assim definida pelo ordenamento jurídico (legal ou
constitucional) e, consequentemente, regida pelo regime jurídico-administrativo (regime de direito público). O
regime jurídico a que está submetida a atividade é que define-a como serviço público, ou não. Este é o critério
adotado no sistema jurídica pátrio.

2. Princípios ou requisitos
(C C E S A R M G)
Cortesia: Traduz-se em bom tratamento ao público;
Continuidade: Os serviços públicos, por vezes, atendem a necessidades inadiáveis da população, por isso são
vedadas interrupções em sua prestação. Há situações, entretanto, em que se admite a interrupção da atividade,
sem que fique caracterizada a descontinuidade na prestação do serviço. Conforme dispõe o art. 6º, § 3º, da Lei
8.987/95, isto pode ocorrer: a) em situações de emergência; b) devido a razões de ordem técnica ou de
segurança das instalações; e c) em função do inadimplemento do usuário, considerado o interesse da

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comunidade. Nas duas últimas hipóteses, a interrupção só pode ser feita após aviso prévio (na primeira tal medida é
logicamente impossível);
Eficiência: Serviço satisfatório, qualitativa e quantitativamente;
Segurança das instalações: prevenção de riscos de acidentes;
Atualidade: modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e
expansão do serviço;
Regularidade: prestação regular, de modo a atender à expectativa do usuário quanto ao momento de sua prestação;
Modicidade das tarifas: a remuneração pela prestação do serviço deve ser fixada de forma a possibilitar ao prestador o
retorno de seu investimento, mas vedando-se a obtenção de lucros extraordinários ou a prática de margens
exorbitantes de faturamento; e
Generalidade: Impõe serviço igual para todos os usuários, indiscriminadamente.

3. Classificação
3.1. Quanto ao alcance:
A) Coletivos ou gerais (uti universi) são aqueles prestados a destinatários indeterminados (polícia,
iluminação pública, calçamento, limpeza urbana, conservação de logradouros públicos, policiamento
urbano). Esse tipo de serviço é prestado conforme as possibilidades do Estado, não gerando para os
destinatários direito subjetivo à sua fruição;
B) Singulares ou individuais (uti singuli) são os serviços que atingem destinatários determinados, sendo
pois, mensurável a utilização individual (coleta domiciliar de lixo, fornecimento domiciliar de água,
energia elétrica, o serviço postal, telefônico). Diferentemente do que ocorre com os serviços coletivos, os
destinatários têm direito subjetivo à prestação dos serviços singulares, desde que preencham os requisitos
mínimos para tanto;
3.2. Serviços públicos próprios e impróprios: essa classificação admite duas concepções:
A) Na lição da professora Di Pietro, próprios são os serviços essenciais à vida em coletividade e de
titularidade do Poder Público prestados diretamente, por meio de seus órgãos ou entidades, ou
indiretamente por delegação à iniciativa privada. Por sua vez, impróprios são aqueles que podem ser
prestados por particulares sem que haja qualquer delegação do Estado, pois este não detém sua
titularidade. O papel do Poder Público, pela relevância de tais serviços, limita-se a regulamentar, fiscalizar
e controlar a iniciativa privada que o exerce. Em verdade, não podem estes serviços ser considerados
serviços públicos, mas apenas atividades de interesse coletivo desenvolvidas por particulares.
B) Da lavra de Hely Lopes Meirelles, próprios são os serviços que, pelo fato de corresponderem de
forma mais próxima às atribuições do Estado e aos interesses primeiros da comunidade, são
prestados apenas pelo ente estatal ou por suas entidades administrativas de direito público, no uso de
sua supremacia sobre o particular. Impróprios, por sua sorte, são aqueles que não
correspondem às necessidades primárias da coletividade, de forma que podem ser prestados
pelo Estado, por suas entidades administrativas ou mediante delegação à iniciativa privada;

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3.3. Quanto ao objeto
A) Serviços administrativos: são os serviços que o estado presta com o objetivo de melhor estruturar-se
para o desempenho de funções administrativas, objetiva atender a suas necessidades internas ou preparar
outros serviços que serão prestados ao público (ex.: imprensa oficial);
B) Serviços industriais ou comerciais: são os que produzem renda para quem os presta, mediante a
remuneração da utilidade usada ou consumida, remuneração, esta, que, tecnicamente, se denomina tarifa
ou preço público, por ser sempre fixada pelo Poder Público, quer quando o serviço é prestado por seus
órgãos ou entidades, que quando por concessionários, permissionários ou autorizatários; e
C) Serviços sociais: atendem a necessidades coletivas em que a atuação do Estado é essencial, mas que
convivem com a iniciativa privada, tal como ocorre com os serviços de saúde, educação, previdência,
cultura, meio ambiente; são tratados na Constituição no capítulo da ordem social e objetivam atender aos
direitos sociais do homem considerados direitos fundamentais pelo art. 6° da CF.

4. Regulamentação e controle dos serviços públicos e suas formas de prestação


• Fundamento constitucional:
“Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através
de licitação, a prestação de serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu
contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou
permissão;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
IV - a obrigação de manter serviço adequado.”
• A titularidade do serviço público é sempre da entidade política. Esta poderá se desincumbir de sua tarefa
diretamente, ou indiretamente, mediante delegação da sua prestação a terceiros.
• Prestação direta do serviço público: abrange tanto aquele prestado pela Administração Direta como pela
Administração Indireta.
• Prestação indireta do serviço público: quando a prestação se dá por delegação do Poder Público a pessoas
(físicas ou jurídicas) não integrantes da Administração, os delegatários de serviços públicos.
• Se a titularidade dos serviços públicos é sempre do Estado, quando estes serviços são desempenhados pelos
particulares, haverá sempre o dever, por parte do Estado, de regulamentar (dispor sobre as normas jurídicas a
eles aplicáveis) e controlar o serviço público (poder-dever de fiscalização sobre a adequada prestação do
serviço).

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5. Modalidades de delegação

Concessão Permissão Autorização


Contrato de adesão Ato administrativo
Instrumento para formação
Contrato Administrativo (precário e “revogável” a precário e revogável a
de vínculo
qualquer tempo) qualquer tempo
Necessariamente por tempo determinado, admitida a Pode ser feita por
Vigência prorrogação prazo indeterminado
Sempre exige licitação, mas
Obrigatoriedade de Sempre exige licitação na
não necessariamente na Não exige licitação
licitação modalidade concorrência
modalidade concorrência
Pessoas jurídicas ou
Sujeitos passivos Pessoas Físicas ou Jurídicas
consórcio de empresas
Exigência de lei Exige lei autorizativa, salvo os casos do art. 2º da Lei nº Não exige lei
autorizativa 9.074/95 autorizativa

6. Extinção das concessões


6.1. Advento do termo contratual ou reversão: o contrato foi adequadamente cumprido, extinguindo-se em
virtude do encerramento de seu prazo de duração. Extinguido o contrato, os bens reversíveis são transferidos ao
patrimônio público, e o poder concedente indeniza o concessionário quanto à sua parcela não depreciada ou
amortizada (art. 36). Pretende-se evitar, com essa determinação, que a prestação do serviço se deteriore nos últimos
anos do prazo da concessão, por falta de investimento do concessionário. Ao garantir legalmente a indenização desses
investimentos, torna-se mais fácil ao poder concedente exigir o cumprimento o dever de atualidade do serviço,
correspondente à manutenção dos equipamentos, instalações e demais exigências do serviço;
6.2. Encampação: também chamada de resgate, a encampação é a extinção do contrato de concessão, antes do
prazo estipulado, em virtude de interesse público superveniente. Ocorre assim: o Poder Executivo envia ao Poder
Legislativo um projeto de lei específica autorizando a adoção da medida. Se aprovado o projeto, convertendo-se em lei,
o Poder Executivo calcula o valor da indenização relativa à parcela não depreciada ou amortizada dos bens
reversíveis, e efetua o pagamento da indenização ao concessionário. Finalmente, após a quitação da indenização, o
Poder Executivo (atuando como poder concedente) declara, por decreto, a encampação.
6.3. Caducidade: é a extinção da concessão em virtude da inexecução total ou parcial do contrato pelo
concessionário. O art. 38, § 1º, da Lei, elenca as hipóteses de inadimplemento ou adimplemento falho. O
procedimento a ser observado para a eventual declaração de caducidade da concessão é o seguinte: 1º) o poder
concedente comunicará à concessionária a ocorrência de uma das hipóteses do art. 38, § 1º, da Lei, dando-lhe
prazo para sanar as irregularidades; 2º) decorrido o prazo sem a adoção das providências cabíveis, deverá ser
instaurado processo administrativo para apurar a inadimplência da concessionária, onde lhe será assegurado
o direito ao contraditório e à ampla defesa; 3º) comprovada no processo a falta na prestação dos serviços, o
poder concedente, mediante decreto, poderá extinguir a concessão. Uma vez extinta a concessão, são integrados
ao patrimônio público todos os bens necessários à continuidade da prestação do serviço (reversão). Por
outro, lado tem o poder concedente a obrigação de indenizar a concessionária por todas as parcelas ainda não
depreciadas ou amortizadas dos investimentos realizados nos bens que sofreram a reversão. Não há
necessidade de que a indenização seja prévia, pois a Lei afirma que ela será calculada no transcurso do processo de

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apuração. Além disso, do valor da indenização inicialmente encontrado deve ser descontado o valor das
multas e dos danos causados pela concessionária;
6.4. Rescisão: nos termos da Lei 8.987/95 (art. 39), é a extinção do contrato em virtude de
inadimplemento contratual do poder concedente. Cabe à concessionária, frente a tal situação, interpor uma
ação judicial, especificamente para tal finalidade. Este, reconhecendo a falta do Poder Público, decretará a extinção da
concessão;
6.5. Anulação: decorre sempre de ilegalidade presente durante a licitação ou quando da celebração do contrato.
Como ponto diferencial, relativamente às demais modalidades de extinção, essas sempre decorrem de um fato
superveniente, ocorrido após a celebração do contrato, e produzem efeitos proativos, dali em diante. Já a anulação
decorre de ilegalidade anterior ou concomitante à celebração do contrato, e produz efeitos retroativos.
6.6. Falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do titular, no caso de
empresa individual

QUESTÕES DE CONCURSO
1.(CESPE Técnico Judiciário - Área Administrativa 2010 TRE/MT - adaptada) Serviço público é toda atividade material que a lei
atribui diretamente ao Estado, sob regime exclusivo de direito público; assim, as atividades desenvolvidas pelas pessoas de d ireito
privado por delegação do poder público não podem ser consideradas como tal.

2.(CESPE Técnico Judiciário - Área Administrativa 2010 TRE/MT - adaptada) Tanto os serviços públicos prestados por pessoas da
administração descentralizada quanto os prestados por particulares colaboradores devem ser controlados pela administração, devendo
a entidade federativa respectiva aferir a forma de prestação, os resultados e os benefícios sociais alcançados, entre outros aspectos.

3.(CESPE Técnico Judiciário - Área Administrativa 2010 TRE/MT - adaptada) Considera-se de execução direta o serviço público que
é prestado diretamente pelo Estado ou que, mesmo executado por entidades diversas das pessoas federativas, é objeto de
regulamentação e controle por parte delas.

4.(CESPE Técnico Judiciário - Área Administrativa 2010 TRE/MT - adaptada) Em atenção ao princípio da livre iniciativa, apenas os
serviços prestados pelas pessoas de direito privado que integram a administração pública indireta podem sofrer uma disciplina
normativa que os regulamente.

5.(CESPE Analista do TCU 2007) Segundo a corrente doutrinária conhecida como essencialista, não é possível identificar um núcleo
relativo à natureza da atividade que leve à classificação de uma atividade como serviço público.

6.(CESPE Analista Judiciário TRT 9° Região 2007) Prevalece o entendimento de que o conceito de serviço público deve ser pautado
pelo critério orgânico ou subjetivo, segundo o qual serviço público é aquele prestado pelos órgãos ou entidades de natureza pública.

7.(CESPE Advogado BASA 2004) Incumbência do poder público, a prestação de serviço público será exercida de forma direta ou
indireta. Determina a Constituição Federal que o regime a ser adotado no caso da prestação de serviço público de forma indireta será o
de concessão ou permissão, sempre precedido de licitação.

8.(CESPE Defensor Público de Alagoas 2009) Os serviços públicos uti singuli são aqueles prestados à coletividade, que têm por
finalidade a satisfação indireta das necessidades dos cidadãos, tais como os serviços de iluminação pública e de saneamento.

9.(CESPE Especialista em Regulação de Aviação Civil ANAC 2009) Na concessão de serviço público, o poder concedente transfere ao
concessionário apenas a execução do serviço, continuando titular do mesmo, razão pela qual pode rescindir o contrato
unilateralmente por motivo de interesse público.

10. (CESPE Técnico de Nível Superior do MDIC 2008) De acordo com o princípio da continuidade dos serviços públicos, se uma
pessoa satisfizer às condições legais, ela fará jus à prestação de determinado serviço, sem qualquer distinção de caráter pessoal.

11. (CESPE Técnico Judiciário do STJ 2008) A exigência de que o administrador público atue com diligência e racionalidade,
otimizando o aproveitamento dos recursos públicos para obtenção dos resultados mais úteis à sociedade, se amolda ao princípio da
continuidade dos serviços públicos.

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12. (CESPE Técnico Judiciário TRT 9° Região 2007) Em regra, não viola o princípio da continuidade do serviço público a
suspensão de um serviço, após aviso prévio, decorrente de falta ou atraso de pagamento.

13. (CESPE Delegado de Polícia Civil ES 2006) Em caso de inadimplência, torna-se possível, após prévio aviso, a realização de corte
no fornecimento de serviços públicos essenciais ao usuário e remunerados por tarifa, sem que se configure a descontinuidade na
prestação do serviço.

14. (CESPE Técnico Judiciário - Área Administrativa 2010 - adaptada) A concessão pode ser contratada com pessoa física ou
jurídica e por consórcio de empresas.

15. (CESPE Técnico Judiciário - Área Administrativa 2010 - adaptada) A concessão, caracterizando-se como contrato
administrativo, pode ser outorgada por prazo indeterminado.

O fornecimento de energia elétrica da casa de Rosa foi suspenso por falta de pagamento. Rosa alega ser pobre e que está
desempregada, razão pela qual pretende ingressar com ação judicial visando restabelecer o serviço. Com base na situação hipotética
acima e acerca dos serviços públicos e do controle da administração pública, julgue os itens seguintes.

16. (CESPE Consultor Fazendário do Estado ES 2009) Rosa poderá impetrar mandado de segurança contra o diretor responsável
da concessionária de serviço de energia elétrica, mesmo sendo essa uma empresa privada não integrante da administração pública.

17. (CESPE Consultor Fazendário do Estado ES 2009) No caso de Rosa, a interrupção por falta de pagamento do serviço de
energia elétrica viola o princípio da continuidade do serviço público.

18. (CESPE Técnico Judiciário - Área Administrativa 2010 - adaptada) Permissão de serviço público é a delegação, a título
precário, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu
desempenho, por sua conta e risco.

19. (CESPE Técnico Judiciário - Área Administrativa 2010 - adaptada) A permissão de serviço público, diferentemente da
concessão, configura delegação a título precário e não exige licitação.

20. (CESPE Técnico Judiciário - Área Administrativa 2010 - adaptada) A autorização é ato administrativo vinculado por meio do
qual a administração consente que o indivíduo desempenhe serviço público que não seja considerado de natureza estatal.

“Nunca estude com pressa. Muitos concurseiros, na ânsia de parecerem produtivos, estudam com pressa e
esquecem de que o estudo é apenas um meio para aprender a matéria e passsar na prova - e não um fim em
si mesmo. Querem fazer 300 exercícios de Direito Constitucional em 20 minutos. Não que seja errado fazer
rapidamente exercícios, pelo contrário é excelente. Desde que não seja em detrimento da qualidade. É
melhor fazer quinze exercícios e aprender efetivamente do que fazer 300 e nada aprender.”
(Trecho extraído do livro “Os Sete Hábitos do Concurseiro”, Elyesley Silva, Ed. Impetus)

GABARITO
1. E 5. E 9. C 13. C 17. E
2. C 6. E 10. E 14. E 18. C
3. E 7. C 11. E 15. E 19. E
4. E 8. E 12. C 16. C 20. E

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