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Embargos de Declaração

Prof. Me. Moisés de O. Matusiak


Disciplina: Processo Penal IV
Unicruz
Natureza jurídica
“Há divergência na doutrina quanto à natureza
jurídica dos embargos de declaração. Predomina
o entendimento de que se trata de recurso,
embora haja vozes em sentido contrário. Ainda
que se trate de impugnação para o mesmo órgão
prolator da decisão, e não para uma instância
superior, e por isso tenha um acentuado caráter
de retratação, os embargos de declaração são
meio voluntário para a reparação do gravame
causado por decisão judicial, utilizado na mesma
relação processual, possuindo assim, natureza
recursal.” (BADARÓ, 2016)
“Conquanto alguns autores afirmem que os
embargos de declaração não têm,
propriamente, natureza recursal, constituindo
meio para correção da decisão (Julio Fabbrini
Mirabete e Fernando Capez), é mais sólido o
entendimento de que se trata de recurso, na
medida em que são instrumentos voluntários
de impugnação de decisões, exercitáveis no
seio da mesma relação processual.” (REIS e
GONÇALVES, 2016)
Previsão legal
“Para impugnar as decisões proferidas por juiz
singular (primeiro grau, portanto), utiliza-se o
art. 382 do CPP.
Em se tratando de acórdãos proferidos por
tribunais, os embargos declaratórios estão
previstos nos arts. 619 e 620 do CPP.” (LOPES
JR., 2015)
“Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2
(dois) dias, pedir ao juiz que declare a sentença,
sempre que nela houver obscuridade, ambigüidade,
contradição ou omissão.
[...].
Art. 619. Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de
Apelação, câmaras ou turmas, poderão ser opostos
embargos de declaração, no prazo de dois dias
contados da sua publicação, quando houver na
sentença ambiguidade, obscuridade, contradição ou
omissão.” (Código de Processo Penal)
“O CPP apresenta uma duplicidade de
tratamento para os embargos de declaração:
(i) cabem embargos de declaração dos
acórdãos proferidos pelos Tribunais (CPP, arts.
619 e 620); (ii) há previsão, no Título da
sentença, sem nominá-lo (CPP, art. 382),
tendo ficado conhecido com embarginho.”
(BADARÓ, 2016)
Nos Juizados Especiais Criminais, a Lei
9.099/95 prevê os embargos declaratórios no
art. 83.
“Art. 83. Cabem embargos de declaração
quando, em sentença ou acórdão, houver
obscuridade, contradição ou omissão.” (Lei
9.099/95)
Embargos de declaração e decisões
interlocutórias
“Todo ato judicial que tenha um caráter decisório, ainda
que mínimo, é passível de embargos declaratórios, mesmo
que seja considerado “irrecorrível”, como sucede com as
decisões interlocutórias simples. Pode parecer
contraditório dizer “decisão irrecorrível” mas impugnável
por embargos de declaração, mas não o é. A garantia
constitucional da motivação das decisões judiciais e a
própria legitimidade do exercício do poder jurisdicional no
curso do processo penal impõem a clareza e possibilidade
de compreensão dessas decisões, sejam elas recorríveis ou
não. O que está em discussão é o direito das partes de
saberem o que e por que tal ou qual decisão foi tomada.”
(LOPES JR., 2015)
“Embora sem previsão legal, os embargos de
declaração também são cabíveis contra
decisões interlocutórias. Aliás, o novo Código
de Processo Civil admite o cabimento dos
embargos de declaração “contra qualquer
decisão judicial” (art. 1022, caput).” (BADARÓ,
2016)
“Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra
qualquer decisão judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual
devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
III - corrigir erro material.” (Código de Processo Civil)
“Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação
extensiva e aplicação analógica, bem como o
suplemento dos princípios gerais de direito.” (Código
de Processo Penal)
Hipóteses de cabimento
“No CPP, os embargos de declaração são
cabíveis quando houver ambiguidade,
obscuridade, contradição ou omissão (arts.
382 e 619). Na Lei 9.099/1995, são previstos
no caso de obscuridade, contradição, omissão
ou dúvida (art. 83).” (BADARÓ, 2016)
O CPC de 2015 alterou o texto do art. 83 da
Lei 9.099/95, excluindo a hipótese de
embargos declaratórios no caso de dúvida.
“ambiguidade – quando parte da decisão
permite duas ou mais interpretações
inconciliáveis, de forma a impedir a conclusão
acerca de seu real significado;” (REIS e
GONÇALVES, 2016)
“ambiguidade: é aquela decisão que se pode
tomar em mais de um sentido, é equívoca,
indeterminada, imprecisa ou incerta;” (LOPES
JR., 2015)
“obscuridade – falta de clareza da decisão,
que se torna, no todo ou em parte,
ininteligível;” (REIS e GONÇALVES, 2016)
“obscuridade: no sentido de ser difícil de
entender, confusa, enigmática, vaga;” (LOPES
JR., 2015)
“contradição – quando algumas das proposições
insertas na decisão não se concilia com a outra;”
(REIS e GONÇALVES, 2016)
“contradição: é a decisão que contém um conflito
de ideias, uma dicotomia, uma incompatibilidade
entre as teses expostas ou entre as teses e o
dispositivo. Contraditório aqui é empregado no
sentido de ilogicidade da própria decisão, em que
a fundamentação não conduz à conclusão ou a
fundamentação é incompatível em si mesma;”
(LOPES JR., 2015)
“omissão – caracteriza-se pelo silêncio da decisão
acerca de matéria que deveria apreciar.” (REIS e
GONÇALVES, 2016)
“... omissão: trata-se da “falta” juridicamente
relevante, ou seja, a falta de enfrentamento de todas
as teses acusatórias ou defensivas, sejam fáticas ou
jurídicas, ou ainda, de valoração da prova produzida no
processo. Nas decisões interlocutórias proferidas no
curso da instrução, a omissão pode existir em relação
aos pedidos de diligências e provas postulados pelas
partes e não decididos pelo juiz.” (LOPES JR., 2015)
Interesse recursal
“O gravame é inerente ao fato de se ter uma
manifestação jurisdicional ambígua, obscura,
contraditória ou omissa. Não há prejuízo mais
evidente do que estar submetido a uma
decisão incompreensível ou incompleta. O
interesse recursal está vinculado à (in)eficácia
da garantia da motivação das decisões
judiciais.” (LOPES JR., 2015)
“Quanto ao interesse, cabe destacar que
mesmo a parte beneficiada pela decisão pode
ter interesse em interpor embargos de
declaração. O gravame advirá de uma decisão
judicial, ainda que favorável, que não seja
plenamente compreensível e inteligível, com
clareza, ou que seja incompleta.” (BADARÓ,
2016)
Legitimidade
“Os embargos de declaração podem ser
interpostos pelos sujeitos que têm
legitimidade geral para recorrer (CPP, art. 577,
caput): Ministério Público, querelante,
acusado e seu defensor.” (BADARÓ, 2016)
“No que tange aos requisitos objetivos, estão
legitimados a embargar o Ministério Público,
assistente de acusação, o querelante e o réu
(ou querelado).” (LOPES JR., 2015)
Tempestividade
“Nos procedimentos em geral, os embargos
serão opostos no prazo de 2 dias, contados da
intimação, e serão endereçados ao juiz (na
hipótese de sentença) ou ao relator (na
hipótese de acórdão). Nos procedimentos do
Juizado Especial Criminal, porém, o prazo
para oposição dos embargos declaratórios é
de 5 dias (art. 83, § 1º, da Lei n. 9.099/95).”
(REIS e GONÇALVES, 2016)
“O prazo para interposição dos embargos de
declaração é de dois dias (CPP, arts. 382 e 619), a
contar da data da intimação da decisão, sentença
ou do acórdão.
No STF, o prazo é de 5 dias (RISTF, art. 337, § 1º);
no STJ, será de 2 dias (RISTJ, art. 263, caput).
Nos Juizados Especiais Criminais, o prazo para os
embargos de declaração é de cinco dias (Lei
9.099/1995, art. 83, § 1º).” (BADARÓ, 2016)
Regularidade formal
“Os embargos de declaração devem ser opostos
por escrito, com as razões inclusas, em que a
parte demonstre o ponto a ser aclarado.
A exceção a essa regra fica por conta dos Juizados
Especiais Criminais, em que o art. 83, § 1º da Lei
n. 9.099/95 possibilita a interposição de
embargos declaratórios oralmente ou por escrito
e também amplia o prazo, que será de 5 dias.”
(LOPES JR., 2015)
“Os embargos de declaração devem ser
interpostos por escrito, mediante petição (CPP,
art. 620, caput), não sendo possível a
interposição oral, por termo nos autos, segundo a
regra geral do art. 578, caput. Isso porque, o art.
620, caput, exige que do “requerimento”
constem os pontos em que o acórdão é ambíguo,
obscuro, contraditório ou omisso, sob pena de o
relator indeferir, de plano, os embargos, nos
termos do § 2º do mesmo art. Trata-se, portanto
de recurso que precisa ser fundamentado.”
(BADARÓ, 2016)
“Diverso, porém, é o regime de interposição
dos embargos de declaração no procedimento
sumaríssimo dos Juizados Especiais Criminais,
em que há regra expressa prevendo a
interposição oral dos embargos de declaração
(Lei 9.099/1995, art. 83, § 1º).” (BADARÓ,
2016)
“Art. 620. Os embargos de declaração serão
deduzidos em requerimento de que constem os
pontos em que o acórdão é ambíguo, obscuro,
contraditório ou omisso.
§ 1o O requerimento será apresentado pelo
relator e julgado, independentemente de revisão,
na primeira sessão.
§ 2o Se não preenchidas as condições
enumeradas neste artigo, o relator indeferirá
desde logo o requerimento.” (Código de Processo
Penal)
“Art. 83 [...].
§ 1º Os embargos de declaração serão opostos
por escrito ou oralmente, no prazo de cinco
dias, contados da ciência da decisão.” (Lei
9.099/95)
Contraditório
“Como regra, uma vez interpostos os embargos de
declaração, não há contraditório, ou seja, não há
manifestação da outra parte, apenas do juiz.
Contudo, quando houver possibilidade de radical
modificação na decisão (efeitos modificativos ou
infringentes), que possa, inclusive, inverter o gravame
[...], é aconselhável que o juiz determine a intimação
da parte contrária (que poderá ser afetada pela nova
decisão proferida) para que apresente contrarrazões.
Trata-se de uma medida salutar, com vistas a dar
eficácia ao contraditório e que em nada prejudica a
celeridade do recurso e do processo.” (LOPES JR., 2015)
“Não há previsão de manifestação do embargado, até
mesmo porque os embargos, em tese, não poderiam
agravar sua situação. [...]. Todavia, em respeito ao
contraditório, e principalmente se houver possibilidade de
o julgamento ter efeitos infringentes, o juiz deve abrir vista
à parte contrária para contrarrazões. Aplica-se, no caso, por
analogia, mas com as devidas adaptações, o § 2º do art.
1.023 do CPC/2015 [...]. A adaptação, para respeitar a
isonomia, é que o prazo de manifestação deverá ser de dois
dias, no caso embargos de declaração contra sentença ou
acórdão dos TJs e TRFs, pois esse é o prazo que o
embargante tem para recorrer já apresentada suas razões.”
(BADARÓ, 2016)
“Art. 1023 [...].
§ 2º O juiz intimará o embargado para,
querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco)
dias, sobre os embargos opostos, caso seu
eventual acolhimento implique a modificação
da decisão embargada.” (Código de Processo
Civil)
Efeitos
“Os embargos de declaração terão efeito devolutivo
delimitado ao âmbito da ambiguidade, obscuridade,
contradição ou omissão. De se ver, contudo, que se trata de
uma “devolutividade” diferente da maioria dos recursos, na
medida em que os embargos de declaração são recursos do
juiz a quo para o juiz a quo. Numa acepção vulgar, portanto,
talvez esse fosse o verdadeiro “efeito devolutivo”, na
medida em que a matéria seria devolvida a quem proferiu a
decisão recorrida. Por outro lado, em se considerando que
o duplo grau implica que a decisão seja revista por órgão
superior, isto é, diverso do que proferiu a decisão, os
embargos de declaração não seriam, propriamente,
dotados de efeito devolutivo.” (BADARÓ, 2016)
“Quanto ao efeito suspensivo, na verdade os
embargos declaratórios interrompem o prazo
para interposição de qualquer outro recurso,
desde que a decisão seja recorrível, é claro.
Não se trata de suspender, mas sim de
interromper o prazo dos demais recursos, na
medida em que deverá fluir por inteiro.”
(LOPES JR., 2015)
“Uma vez que o Código de Processo Penal não disciplina as
consequências da oposição dos embargos para a fluência
dos prazos para os demais recursos, aplicam-se, por
analogia, as disposições da legislação processual civil em
relação à matéria: de acordo com a redação do art. 1.026,
caput, do Novo Código de Processo Civil, a oposição dos
embargos acarreta a interrupção do prazo para outros
recursos. Assim, o manejo dos embargos faz com que o
prazo para a interposição de outro recurso passe a ser
contado novamente em sua integralidade, a partir do
julgamento dos aclaratórios. A oposição de embargos por
qualquer das partes acarreta a interrupção do prazo
também para o adversário.” (REIS e GONÇALVES, 2016)
“Art. 1.026. Os embargos de declaração não
possuem efeito suspensivo e interrompem o
prazo para a interposição de recurso.” (Código
de Processo Civil)
“Nos Juizados Especiais Criminais, de acordo
com a nova redação dada ao art. 83, § 2º, da
Lei n. 9.099/95 (Lei n. 13.105/2015) a
oposição dos embargos também implica
interrupção do prazo para a interposição de
outros recursos, e, não mais, a mera
suspensão desse prazo.” (REIS e GONÇALVES,
2016)
“Excepcionalmente, contudo, os embargos
terão efeitos modificativos (também
denominados efeitos infringentes): quando do
reconhecimento do defeito decorrer,
necessariamente, a alteração do que foi
julgado.” (REIS e GONÇALVES, 2016)
“Trata-se de uma modificação da decisão por imposição
lógica, como sucede, por exemplo, na sentença
condenatória que fixa a pena em 2 anos de detenção, por
um delito cometido sem violência ou grave ameaça, e
determina a expedição de mandado de prisão, por negar o
direito de apelar em liberdade. O réu, antes da apelação,
interpõe embargos declaratórios, alegando uma grave
omissão: o não enfrentamento da possibilidade de
substituição da pena, nos termos do art. 44 do CP. O juiz,
acolhendo o pedido, declara o ponto omisso e, com isso,
modifica substancialmente a sentença, na medida em que
substitui a pena privativa de liberdade por uma restritiva de
direitos.” (LOPES JR., 2015)
“Mas há casos em que a modificação é mais profunda,
especialmente quando há contradição entre a fundamentação e a
decisão, ou grave omissão, em que a decisão dos embargos de
declaração acaba por modificar completamente a natureza da
sentença. Imagine-se uma decisão que, na fundamentação e análise
da prova, afirme autoria e materialidade, tomando o caminho da
condenação. Contudo, inexplicavelmente, o dispositivo absolve o
réu. O Ministério Público apresenta embargos de declaração
apontando a grave contradição entre a fundamentação e o
dispositivo. Se acolhidos os embargos, haverá, claramente, efeitos
modificativos ou infringentes, pois o juiz deverá refazer o
dispositivo, com a respectiva dosimetria e proferindo uma sentença
condenatória.” (LOPES JR., 2015)
“Os embargos declaratórios têm efeito iterativo ou
regressivo, pois atribuem ao próprio juiz ou tribunal,
que ditou a decisão, o poder de reexaminá-la, ou seja,
regressa para o mesmo órgão decisório.” (LOPES JR.,
2015)
“Os embargos de declaração não têm “efeito
regressivo”. Embora o próprio juiz ou turma que
proferiu a decisão embargada volte a analisar a
questão, não se trata de juízo de retratação, mas
julgamento do recurso pela mesma autoridade
jurisdicional que proferiu a decisão recorrida.”
(BADARÓ, 2016)
“Os embargos de declaração poderão ter o
chamado efeito extensivo, previsto no art. 580
do CPP. Por exemplo, tendo havido omissão na
análise da ilegitimidade de parte do Ministério
Público, se os embargos de um dos réus forem
acolhidos, e, suprindo a omissão, seja
reconhecida a carência da ação, obviamente a
decisão valerá para todos os acusados.”
(BADARÓ, 2016)
Embargos de declaração meramente
protelatórios
“Evidente que o acusado tem o direito à
ampla defesa que implica poder se valer de
todos os recursos que a lei lhe possibilita.
Recorrer é usar o direito de defesa. Mas há
uma linha, nem sempre claramente
demarcada, mas que não há como negar que
pode ser ultrapassada, que separa o uso do
abuso do direito de defesa.” (BADARÓ, 2016)
“Também não podem ser equiparados os embargos
meramente protelatórios aos embargos conhecidos e
julgados improcedentes. Improcedência significa não
ter razão no mérito recursal, mas não significa,
consequentemente, que o único propósito do
recorrente foi protelar, sem qualquer outro objetivo.
Assim, somente os embargos de declaração claramente
abusivos, sem nenhum outro propósito a não ser
retardar o trânsito em julgado, cuja matéria de fundo é
manifesta e gritantemente improcedente, por não
haver qualquer omissão, contrariedade ou obscuridade
a ser sanada, é que poderá gerar tal efeito.” (BADARÓ,
2016)
Nesse ponto, as regras do CPC/2015, dispostas
nos artigo 1026, §§ 2º, 3º e 4º, são aplicáveis
ao Processo Penal?
“Art. 1026. [...].
§ 2º Quando manifestamente protelatórios os embargos de
declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada,
condenará o embargante a pagar ao embargado multa não
excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa.
§ 3º Na reiteração de embargos de declaração manifestamente
protelatórios, a multa será elevada a até dez por cento sobre o
valor atualizado da causa, e a interposição de qualquer recurso
ficará condicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção
da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a
recolherão ao final.
§ 4º Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2
(dois) anteriores houverem sido considerados protelatórios.”
(Código de Processo Civil) (Grifei)
“Por outro lado, não nos parece possível
aplicar, no Processo Penal, a multa prevista no
Código de Processo Civil, pois seria criar, por
analogia, uma sanção não prevista em lei.
Além disso, o valor da multa que o
embargante pagará ao embargado tem por
base o “valor da causa” (CPC/2015, art. 1026,
§ 2º) ou o “valor atualizado da causa”
(CPC/2015, art. 1026, § 3º), o que é inaplicável
no processo penal.” (BADARÓ, 2016)
No Processo Penal, existe o precedente
julgado pelo STF na Ação Penal 470, que
determinou o imediato reconhecimento do
trânsito em julgado do acórdão condenatório,
independentemente da publicação do acórdão
nos segundos embargos, com finalidade
meramente protelatória.
“No Processo Penal, reconhecido o caráter
meramente protelatório dos embargos de
declaração em recurso especial ou
extraordinário, o que se tem feito é
determinar a baixa dos autos,
independentemente da publicação do acórdão
ou de eventual interposição de outro recurso,
para o início do cumprimento da pena.”
(BADARÓ, 2016)
“Trata-se, porém, de regra de jurisprudência,
que ainda não definiu, claramente, quando
considerar os embargos de declaração
protelatórios nem, muito menos, se isso
poderá se dar nos primeiros embargos, ou
somente em caso de reiteração dos
declaratórios com caráter eminentemente
protelatório.” (BADARÓ, 2016)
Referências
BADARÓ, Gustavo Henrique. Manual dos
Recursos Penais. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2016.
LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal. 12ª
ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
REIS, Alexandre Cebrian Araújo; GONÇALVES,
Vitor Eduardo Rios. Direito Processual Penal
Esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 5ª
ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

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