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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO

QUÍMICA DO PETRÓLEO
Aula 3
QUALIDADE DO PETRÓLEO

Profa. Vanessa Cristina Santanna


1
Qualidade do petróleo
• As propriedades de um óleo cru são importantes para a análise
da viabilidade da produção dos derivados.
Constituição e Composição Química

• Tissot e Welte (1978) apresentaram estratégias de determinação


da composição química do óleo cru.
– Destilação do petróleo obtendo cortes, estreitos ou longos,
associados a análises físicas ou químicas.

Densidade, volatilidade, viscosidade, teor HC

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Qualidade do petróleo

• Em termos práticos, o petróleo é qualificado a partir de


análises físicas e químicas rápidas e baratas.

• Estas propriedades permitem determinar os rendimentos e


tipos de seus derivados e suas características de
escoamento e estocagem.

• Apesar de apresentarem grande facilidade de cristalização à


temperaturas ambiente, o petróleo parafínico e parafínico-
naftênico, são os de melhor qualidade pois produzem
derivados de melhor qualidade necessitando menor grau de
refino.

3
Qualidade do petróleo

QUALIDADE DO PETRÓLEO

PETRÓLEO PARAFÍNICO E PARAFÍNICO-NAFTÊNICO

PRODUZEM DERIVADOS DE NECESSITAM NÃO PRODUZEM


MELHOR QUALIDADE, MENOR GRAU DE ASFALTOS
ALTO TEOR DE LEVES REFINO MAIORES CUIDADOS
E MEDIOS, BAIXO TEOR DE PARA O
ENXOFRE ESCOAMENTO E
E NÃO SÃO ÁCIDOS ESTOCAGEM

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Propriedades Físico-Químicas

• Massa específica
– Definição: é a relação entre
a massa da matéria e o
volume que esta massa m
ocupa. =
– A massa específica nos
V
informa se a substância de
SI : Kg / m 3
que é feito um corpo é mais,
ou menos compacta. Sistema inglês : lb / ft 3
Propriedades Físico-Químicas

• Densidade relativa: é definida como a relação


entre a massa específica desse produto a uma
dada temperatura e a massa específica de um
padrão a mesma temperatura.
• Padronizar: 60oF (15,56oC).

 amostra d(60/60)
dr =
 padrão

d mistura =
 mistura
d mistura =
 x i i
 padrão  padrão
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Densidade – Métodos de determinação

• Densímetro de vidro: usado para toda faixa de densidade


de líquidos.
• Consiste em um flutuador de vidro, com uma haste onde há
uma escala graduada em API ou densidade relativa - ABNT
NBR 7148:2001/ASTM D1298-99.
• A leitura é feita na haste, no ponto de tangência do
densímetro no líquido.

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Densidade – Métodos de determinação

– Picnômetro:
• Aparelho de vidro especial.
• A determinação da densidade pelo
picnômetro consiste em pesar
determinado volume de amostra à
temperatura constante.
• Pesa-se, em seguida, igual volume
de um padrão, por exemplo a
água, nas mesmas condições. A
relação entre as massa obtidas
representa a densidade da
amostra.

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Densidade – Métodos de determinação
• Pesa o picnômetro vazio m picnômetro

• Pesa o picnômetro cheio de amostra m1 = mamostra + m picnômetro


• Esvazia e lava-se o picnômetro

• Em seguida com o picnômetro seco acrescenta-se água destilada e o pesa.


m2 = m H 2O + m picnômetro
• De posse de m picnômetro
, m1 e m2 a massa da amostra que ocupa o volume
V do picnômetro, e a massa de água que ocupa o mesmo volume V podem
ser finalmente determinadas por meio de operações algébricas, e assim se
pode obter a densidade relativa (em relação à água) da amostra aplicando-
se:
mamostra
d amostra, H 2O =
mH 2 O
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Densidade – Métodos de determinação
– Densímetro digital - ASTM D4052-11
• Usado para sólidos e líquidos.
• Mede a frequência oscilatória de um tubo em U carregado com
a amostra. A frequência é uma função da densidade da
amostra; alta densidade, baixa frequência.
• Utiliza o método comparativo, assim como o picnômetro.
• A principal vantagem é a faixa de temperatura.

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Densidade Relativa e Grau API

• A densidade relativa:
 amostra
– Relação entre a massa
dr = 141,5
 padrãoa uma dada
específica o
API = − 131,5
temperatura e a massa dr
específica de um padrão
60o F = 15,6o C

• Grau API:
– É uma forma de expressar a
DENSIDADE (oAPI) CLASSIFICAÇÃO
densidade do petróleo, através
de um índice adimensional. API  40 EXTRA-LEVE

Quanto maior for a densidade 40 > API > 33 LEVE


do petróleo, menor será o seu 33 > API > 27 MÉDIO
grau API, ou mais pesado será
o petróleo. 27 > API > 19 PESADO

19 > API > 15 EXTRA-PESADO

API  15 ASFÁLTICO11
Viscosidade
• Viscosidade é a medida da resistência de um fluido à
deformação causada pela aplicação de uma força.
Tensão de
• Principais tipos: cisalhamento
– Absoluta (  ): definida como a

medida da resistência do fluido
ao escoamento ou ainda como a = 
= Pa  s
força por unidade de área
requerida para manter o fluido
 Taxa de
em velocidade constante no cisalhamento
espaço considerado.
Viscosidade
– Cinemática (  )é aquela medida dinâmica
por um sistema de geometria
 m2
que utiliza-se da gravidade para
sua obtenção de medida. v= =
 s
Massa específica 12
Viscosidade

Viscosímetro rotativo Fann modelo 35A (viscosidade absoluta)

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Tensão Superficial

• As moléculas na superfície de um líquido estão


sujeitas às fortes forças de atração das moléculas.
• As moléculas da superfície do líquido sofrem
apenas atração lateral e inferior. Esta força para o
lado e para baixo cria a tensão na superfície, que
faz a mesma comportar-se como uma película
elástica.
• Tensoativos:
– São moléculas anfifílicas;
– Diminui a tensão superficial.

14
Tensão Superficial

15
Tensão Superficial

Método do capilar – quando usado


corretamente, esse método é o mais exato
para determinação de tensões superficiais,
pois não envolve perturbação da
superfície.

gh r
=
2 cos 

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EXERCÍCIOS

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Ensaios de Volatilidade

18
DESTILAÇÃO

19
DESTILAÇÃO
• É definida como o potencial de uma substância
de passar para o estado vapor.
– As substâncias mais voláteis de uma mistura são
aquelas que no estado puro tem a maior pressão de
vapor (maior tendência de escapar do líquido).
• Petróleo nas CNTP: gases, líquidos e sólidos
• Emulsão coloidal Δ frações (f =T)
PE
• A separação do petróleo em constituintes é feita
por destilação, através do procedimento
conhecido como ponto de ebulição verdadeiro –
(PEV).
20
PEV
solenóide
água
• ASTM D-2892 e D-5236
• Para cada fração
condensada anota-se o válvula
seu volume recuperado e
a temperatura do vapor.

Aquecimento de
compensação
• Constrói-se curva volume
coletor
recuperado versus
temperatura do vapor.
termopar

regulagem de
aquecimento

21
PEV

• As frações básicas do refino


compõem os derivados do
petróleo.

22
Intemperismo
• Definido como a temperatura na qual 95% do produto
está vaporizado à pressão atmosférica (ASTM D1837).
• Aplicado para o GLP e retrata as
condições de vaporização a
pressão e temperatura
atmosférica.
• Serve como indicativo do teor
de hidrocarbonetos mais
pesados que o propano e
butano - C5+ -presentes no GLP.
• presença de pentanos torna
insuficiente a vaporização do
GLP e inadequada a sua
queima, pela formação de
fuligem.
23
Intemperismo

No GLP, os HC com ponto de ebulição maior que o valor da


especificação de 2°C são o neopentano, o isopentano e o normal
pentano, com pontos de ebulição de 9°C, 27°C e 36°C,
respectivamente.

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Intemperismo
• Resumo do ensaio:
– o produto é refrigerado por meio
de uma serpentina, coletando-se
100 mL de líquido no tubo
evaporação.

– Deixa-se o líquido evaporar sob


condições especificadas e
observa-se a temperatura
quando 95% em volume da
amostra houver sido evaporada. Queima
inadequada,
formação de
fuligem.

MAIOR MAIOR PRESENÇA DE MAIOR DIFICULDADE DE

INTEMPERISMO PENTANO VAPORIZAÇÃO DO GLP


Ponto de fulgor
• Definido como a menor temperatura, na
qual o produto se vaporiza em quantidade
suficiente para formar com o ar, uma
mistura capaz de se inflamar
momentaneamente, quando se incide uma
centelha sobre a mesma.

• A quantidade de vapor formado não é


suficiente para sustentar a combustão da
amostra.

• É aplicado aos derivados médios e pesados,


QAV, óleo diesel, óleos combustíveis,
asfaltos e lubrificantes básicos.

• Ponto de Combustão: menor temperatura


em que a amostra se vaporiza em
quantidade que proporciona sua combustão
contínua, por período mínimo 5 de
segundos.
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Ponto de fulgor
• Resumo do ensaio:
– sobre a amostra, colocada em um
recipiente próprio (cuba) sujeita a
aquecimento constante,

– incide-se uma chama a intervalos


regulares.

– O ponto de fulgor corresponde à


temperatura em que ocorre o
primeiro “flash” da amostra.

MENOR O PONTO MAIOR O TEOR DE MAIOR A FACILIDADE


DE FULGOR LEVES VAPORIZAÇÃO 27
ENSAIOS DE ESCOAMENTO

28
Ponto de névoa (cloud point)
• É definido como a menor
temperatura em que se
observa o aparecimento de
névoa ou turvação na
amostra – ASTM D2500.
– Indica o início da
cristalização quando a
amostra é submetida a
resfriamento.
– Ele é indicativo das
dificuldades de escoamento
do produto.
– Aplicados a produtos claros.

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Ponto de névoa (cloud point)
• Resumo do ensaio:
– A amostra é resfriada,
sendo observada a cada
queda de temperatura de
1oC, até que seja notado o
aparecimento de
turvação, constatado pela
formação de um anel no
fundo do tubo de ensaio.
• Interpretação
– Ponto de névoa
crescente→Maior ponto
de ebulição e maior % de
hidrocarboneto
parafínico.

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Ponto de fluidez (pour point)
• Definido como a menor temperatura
em que o óleo ainda flui sob o efeito da
gravidade – ASTM D5950/D5853.
• f(x)=T.
• Ele se constitui em um indicativo da
parafinicidade.
• Esta é uma consideração útil no
transporte de combustíveis por
oleodutos.
• Tem influência sobre a temperatura
limite de bombeamento.
• O ensaio é aplicado a produtos escuros,
onde não se pode utilizar o ensaio de
ponto de névoa. 31
Ponto de fluidez (pour point)
• Consiste no resfriamento controlado da
amostra, após um aquecimento preliminar
(46°C), e observação da mesma em intervalos
de 3ºC para avaliar o escoamento (recipiente
na posição horizontal, durante 5 s).

• A menor temperatura na qual ainda se


observa movimento no óleo é reportada
como sendo o Ponto de Fluidez.

• Quanto maior a concentração de parafina no


hidrocarboneto maior será a dificuldade do
óleo em fluir, devido à resistência que a
parafina oferece na fluidez do óleo. 32
OUTROS ENSAIOS

33
Ponto de anilina
• Defini a mínima 10 mL de amostra e
temperatura em que um
determinado 10 mL de anilina.
hidrocarboneto é solúvel
em anilina.
• Anilina: composto
aromático → C6H5-NH2
• Parâmetro para determinar
o tipo de molécula.

• É a menor temperatura na qual a


mistura de amostra-anilina, em
volumes iguais, apresenta
condições de completa
miscibilidade.
34
Ponto de anilina

• Se a amostra e a anilina for completamente miscível, o aparato é


resfriado até que a mistura fique opaca. A temperatura é elevada
de l°C/min (3°F/min) até que a mistura fique límpida indicando a
miscibilidade.

• O ponto de anilina aumenta com o aumento do número de


carbono.

• Para o mesmo número de carbono aumenta dos aromáticos para as


parafinas.

• Aromáticos têm baixo ponto de anilina, pois são miscíveis.

35
Índice de refração

• Quando a luz passa de um meio para outro, sua


velocidade aumenta ou diminui devido às diferenças das
estruturas atômicas das duas substâncias, ou de suas
densidades ópticas ou índices de refração.
• Razão entre a velocidade da luz no vácuo e a velocidade
da luz no fluido (n ).
• Índice adimensional.
velocidade da luz no vácuo
n=
velocidade da luz no fluido
– A luz quando passa do ar para o líquido é refratada por causa da
diferença de velocidade dos meios.
– O índice de refração indica o grau de refração.

• frações mais pesadas do petróleo são escuras e dificultam


a leitura.
Índice de refração

• Condições padrão
– 20oC e 1 atm.
• Equipamento utilizado: refratômetro.
• baseia-se na medição do ângulo crítico de um feixe de luz ao
atingir uma amostra, onde o desvio é detectado por um
sensor ótico e relacionado com o índice de refração .
• Parâmetro muito usado para caracterização das frações do
petróleo. Varia de 1,3 a 1,6.

naromático  nnaftênico  n parafínico

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Acidez naftênica
• A acidez naftênica é definida PETRÓLEO mg KOH/g
como a quantidade de KOH em
miligramas necessárias para Bachaquero 1,8 – 2,4
neutralizar 1 (um) grama de (Venezuela)
amostra. Boscan (Venezuela) 0,9
• Normalmente, a acidez Leona (Venezuela) 0,9
naftênica é provocada pela BCF (Venezuela) 0,4
presença de compostos Menegrande 1,2
oxigenados. (Venezuela)
• Petróleo com índice de acidez Motatan (Venezuela) 0,75
superior a 0,5 mg KOH/g produz Cherne (Brasil) 1,35
corrosão em equipamentos e Pampo (Brasil) 2,30
tubulações. Garoupa (Brasil) 0,39
Badejo (Brasil) 0,6

38
Acidez naftênica

CH3COOH +KOH → CH3COOK + H2O

+ KOH → + H2O

Fenol

• Evidência: produzem água na reação.

39
Teor de sal
• O teor de sal, apesar de não ser uma propriedade
intrínseca ao óleo cru, é informação importante para o
processamento do petróleo nas refinarias.

• Quando este teor é superior


a 10 lb/1000 bbl de óleo o
mesmo deve ser
dessalgado, a fim de evitar
problemas de corrosão nas
tubulações e equipamentos
das unidades de destilação.

lb/bbl = 2,853 x kg/m3


40
Teor de sal

• Com a desidratação do petróleo, grande parte dos sais é


removida juntamente com a água.
• O processo é repetido algumas vezes até o alcance das
especificações estabelecidas pela refinaria, que admite para o
óleo recebido, um máximo de sais dissolvidos de 285 mg/L.
• O petróleo recebido pelas refinarias é novamente dessalgado
com a finalidade de reduzir o teor de sais para níveis inferiores a 5
mg/L.

41
Teor de sal

Determinação da Salinidade por MOHR


• é a titulação que determina a concentração de íons cloretos na
fase aquosa.
• titulada com nitrato de prata em presença de cromato de
potássio, que atua como indicador.

Cl-, mg/L = 1000 x (Vol. de AgNO3 0,02 N, em cm3)

NaCl, mg/L = 1,65 x 1000 x (Vol. de AgNO3 0,02 N, em cm3)

42
Teor de sal

43
Teor de sal

Determinação da salinidade por condutivimetria


• Este método mede a condutividade de uma solução de óleo cru diluída em
solventes (alcoóis e xileno) quando sujeito a uma tensão elétrica externa.
• O teor de sal é obtido por comparação com uma curva de referência
(calibração), construída a partir de medidas em soluções preparadas com
uma mistura de cloretos (Ca, Mg e Na).
• curva de calibração é armazenada no equipamento (salinímetro).

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Fonte: Cardozo Filho, A. (2007).
Análise de sedimentos e água - BSW
✓ NBR14647/ASTM D-1796
✓a medida de BSW é importante para inferir a quantidade total de
contaminantes inorgânicos e aquosos presentes no óleo.
✓ os sedimentos são coletados por centrifugação a 1500 rpm (10 min).

Fonte: Novatecnica. 45
Fonte: Lima, J. F., 2005.
Análise de sedimentos e água - BSW
• sedimentos metálicos podem ser caracterizados com o auxílio de um
imã.
• a análise de sedimentos sólidos insolúveis em água pode ser realizada
por difração de raios X.
• a presença de areia e sílica pode ser um indício de saída destes materiais
da rocha reservatório.
• argilas pode indicar resquícios de folhelhos e outras capeadoras no
sistema.
• carbonato de cálcio e magnésio indica saída de material de reservatório
carbonático.
• carbonato e sulfeto de ferro são indicativos de processos corrosivos no
sistema de coleta e poço.
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• sulfato de bário é indicativo de incrustação.
EXERCÍCIOS

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