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B – Lê com atenção o seguinte excerto do Sermão de Santo António aos Peixes, de Padre António

Vieira, e responde às questões colocadas.

Vos estis sal terrae (S. Mateus, 5)


Vós, diz Cristo Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-
lhes sal da terra, porque quer que façam na terra, o que faz o sal. O efeito do sal é impedir
a corrupção, mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos
nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é
porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga,
e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar,
e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhe dão, a não querem receber. Ou é
porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra
se não deixa salgar e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que
dizem. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou
porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus
apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal.
Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes

1. Indica o conceito predicável em que se funda o sermão e explicita a sua função no discurso.

2. Está o sal a cumprir a sua função? Justifica.

3. O problema da corrupção da terra pode ser da responsabilidade dos pregadores ou dos ouvintes.
3.1. Explicita a responsabilidade de uns e dos outros.

4. Tomando como base o conhecimento do primeiro capítulo da obra, apresenta a decisão de


António Vieira e o motivo subjacente a tal decisão.

B – Lê com atenção o seguinte excerto do Sermão de Santo António aos Peixes, de Padre António Vieira, e
responde às questões colocadas.

Enfim, que havemos de pregar hoje aos peixes? Nunca pior auditório. Ao menos têm os peixes
duas boas qualidades de ouvintes: ouvem e não falam. Uma só cousa pudera desconsolar ao pregador,
que é serem gente os peixes que se não há-de converter. Mas esta dor é tão ordinária, que já pelo
costume quase se não sente. Por esta causa mão falarei hoje em Céu nem Inferno; e assim será menos
triste este sermão, do que os meus parecem aos homens, pelos encaminhar sempre à lembrança destes
dois fins.

Vos estis sal terrae. Haveis de saber, irmãos peixes, que o sal, filho do mar como vós, tem duas
propriedades, as quais em vós mesmos se experimentam: conservar o são e preservá-lo para que se não
corrompa. Estas mesmas propriedades tinham as pregações do vosso pregador Santo António, como
também as devem ter as de todos os pregadores. Uma é louvar o bem, outra repreender o mal: louvar o
bem para o conservar e repreender o mal para preservar dele. Nem cuideis que isto pertence só aos
homens, porque também nos peixes tem seu lugar. Assim o diz o grande Doutor da Igreja S. Basílio: Non
carpere solum, reprehendereque possumus pisces, sed sunt in illis, et quae prosequenda sunt imitatione :
«Não só há que notar, diz o Santo, e que repreender nos peixes, senão também que imitar e louvar.»
Quando Cristo comparou a sua Igreja à rede de pescar, Sagenae missae in mare, diz que os pescadores
«recolheram os peixes bons e lançaram fora os maus»: Elegerunt bonos in vasa, malos autem foras
miserunt. E onde há bons e maus, há que louvar e que repreender. Suposto isto, para que procedamos
com clareza, dividirei, peixes, o vosso sermão em dois pontos: no primeiro louvar-vos-ei as vossas
virtudes, no segundo repreender-vos-ei os vossos vícios. E desta maneira satisfaremos às obrigações do
sal, que melhor vos está ouvi-las vivos, que experimentá-las depois de mortos.

Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes


1. Menciona o paralelismo que o orador estabelece entre as propriedades do sal e o ato de pregar
de Santo António.
2. Justifica a opção do orador de pregar aos peixes.
3. O pregador afirma que, numa primeira fase, louvará os peixes; numa segunda, repreenderá os
seus vícios.
3.1. Apresenta o motivo que está na origem desta decisão.
4. “E desta maneira satisfaremos às obrigações do sal…”
4.1. Tomando como base o conhecimento da obra, identifica o sal e refere as suas
obrigações.

B – Lê com atenção o seguinte excerto do Sermão de Santo António aos Peixes, de Padre António Vieira,
e responde às questões colocadas.

Ah moradores do Maranhão, quanto eu vos pudera agora dizer neste caso! Abri, abri
estas entranhas; vede, vede este coração. Mas ah sim, que me não lembrava! Eu não vos
prego a vós, prego aos peixes.
Passando dos da Escritura aos da história natural, quem haverá que não louve e
admire muito a virtude tão celebrada da rémora? No dia de um santo menor, os peixes
menores devem preferir aos outros. Quem haverá, digo, que não admire a virtude daquele
peixezinho tão pequeno no corpo e tão grande na força e no poder, que não sendo maior de
um palmo, se se pega ao leme de uma nau da Índia, apesar das velas e dos ventos, e de seu
próprio peso e grandeza, a prende e amarra mais que as mesmas âncoras, sem se poder
mover, nem ir por diante? Oh se houvera uma rémora na terra, que tivesse tanta força como a
do mar, que menos perigos haveria na vida e que menos naufrágios no Mundo!
Se alguma rémora houve na terra, foi a língua de Santo António, na qual, como na
rémora, se verifica o verso de São Gregório Nazianzeno: Lingua quidem parva est, sed viribus
omnia vincit. O Apóstolo Santiago, naquela sua eloquentíssima Epístola, compara a língua ao
leme da nau e ao freio do cavalo. Uma e outra comparação juntas declaram maravilhosamente
a virtude da rémora, a qual, pegada ao leme da nau, é freio da nau e leme do leme. E tal foi a
virtude e força da língua de Santo António. O leme da natureza humana é o alvedrio, o piloto é
a razão: mas quão poucas vezes obedecem à razão os ímpetos precipitados do alvedrio?
Neste leme, porém, tão desobediente e rebelde, mostrou a língua de António quanta força
tinha, como rémora, para domar a fúria das paixões humanas. Quantos, correndo fortuna na
nau Soberba, com as velas inchadas do vento e da mesma soberba (que também é vento), se
iam desfazer nos baixos, que já rebentavam por proa, se a língua de António, como rémora,
não tivesse mão no leme, até que as velas se amainassem, como mandava a razão, e
cessasse a tempestade de fora e a de dentro? Quantos, embarcados na nau Vingança, com a
artilharia abocada e os botafogos acesos, corriam infunados a dar-se batalha, onde se
queimariam ou deitariam a pique se a rémora da língua de António lhes dão detivesse a fúria,
até que, composta a ira e ódio, com bandeiras de paz se salvassem amigavelmente? Quantos,
navegando na nau Cobiça, sobrecarregada até às gáveas e aberta com o peso por todas as
costuras, incapaz de fugir, nem se defender, dariam nas mãos dos corsários com perda do que
levavam e do que iam buscar, se a língua de António os não fizesse parar, como rémora, até
que, aliviados da carga injusta, escapassem do perigo e tomassem porto? Quantos, na nau
Sensualidade, que sempre navega com cerração, sem sol de dia, nem estrelas de noite,
enganados do canto das sereias e deixando-se levar da corrente, se iriam perder cegamente,
ou em Sila, ou em Caribdes, onde não aparecesse navio nem navegante, se a rémora da
língua de António os não contivesse, até que esclarecesse a luz e se pusessem em vista.
Esta é a língua, peixes, do vosso grande pregador, que também foi rémora vossa,
enquanto o ouvistes; e porque agora está muda (posto que ainda se conserva inteira) se vêem
e choram na terra tantos naufrágios.
1. Insere o texto transcrito na estrutura da obra a que pertence.
2. Com base no texto, identifica o destinatário do sermão.
3. O orador enuncia as virtudes de um peixe em particular.
3.1. Transcreve a expressão textual que melhor refere a rémora.
4. Explica a comparação entre a rémora e a língua de Santo António.
5. Explicita o sentido metafórico da “tempestade das paixões humanas (as naus) que a língua de
Santo António conseguiu acalmar.
6. Dos seguintes recursos estilísticos, escolhe um que seja importante na construção deste excerto
e comenta a sua expressividade.
Interrogações retóricas; paralelismos sintáticos; metáforas; antíteses, frases
exclamativas.

Grupo II
1. Identifica e classifica os conectores de discurso utilizados pelo orador no seguinte excerto:
“Vimos tanto. Mas ainda há muito mais para fazer. Por isso, perguntemos a nós próprios – se os
nossos filhos viverem até ao próximo século, se as minhas filhas tiverem a sorte de viver tantos
anos como Ann Nixon Cooper, que mudança é que verão?”

2. Transforma os pares de frases simples em frases complexas, estabelecendo, entre elas, e


por ordem, as seguintes relações: de causa, de consequência, de concessão, de fim.
a) O aluno fez o exercício demasiado rápido. O aluno enganou-se.
b) Os cidadãos conseguiram sensibilizar o governo para os problemas da pobreza. Os
cidadãos esforçaram-se muito.
c) Aquela aldeia ainda não possui saneamento básico. A aldeia situa-se a dez
quilómetros da sede do distrito.
d) Devemos tomar uma decisão rápida. O problema resolve-se de imediato.

3. Distingue, nas frases seguintes, as subordinadas substantivas relativas das subordinadas


substantivas completivas
a) Convém que ouçam o discurso atentamente.
b) O governo apoia quem necessita.
c) Acho muito provável que o Presidente promova o diálogo.
d) É imperativo que se tome uma decisão justa.
e) Ele pediu colaboração a quem partilhava das suas ideias.

Grupo II

1. Identifica e classifica os conectores de discurso utilizados pelo orador no seguinte excerto:


“Contentai-vos com o mar e com o nadar, e não queirais voar, pois sois peixes. Se acaso vos não
conheceis, olhai para as vossas espinhas…”

2. Transforma os pares de frases simples em frases complexas, estabelecendo, entre elas, e por
ordem, as seguintes relações: de oposição/ contraste, de consequência, de concessão, de
causa.
a. Não estou cansado. Trabalhei toda a noite.
b. Este jovem é muito trabalhador. Ele cumpre todos os prazos estabelecidos.
c. O tema da conferência não lhe interessava. Ela ficou até ao fim da conferência.
d. O livro era muito interessante. Li o livro em poucos dias.

3. Identifica e classifica os sujeitos das frases a seguir apresentadas.


a. Choveu muito.
b. Pedro Moura Ferreira escreveu um artigo muito interessante.
c. Dizem que as associações promovem a democracia.
d. Os jovens e os pais deviam envolver-se mais em associações culturais.
e. Vamos ler este artigo todo com muita atenção.

4. De entre as afirmações que se seguem, escolhe, identificando através da alínea respetiva, a


hipótese que corresponde à opção correta.
4.1. Na frase “O tribunal atribui uma pesada pena aos criminosos.”, o elemento sublinhado é:
a. sujeito. d. complemento preposicional.
b. complemento direto. e. complemento agente da passiva.
c. complemento indireto.
b. Na frase “E, agora, meus senhores, ao trabalho”, a expressão sublinhada desempenha a
função sintática de
a. sujeito. c. predicativo do sujeito.
b. complemento direto. d. vocativo.

5. Classifica a função sintática dos elementos sublinhados nas frases.


a. Os poemas parecem bons.
b. Considero o poema difícil.
c. O poeta publicou um novo livro.

Grupo III

“Não pode apelidar-se Pátria um país minado por ódios vesgos, uma terra onde medram as
ambições, as invejas, as vaidades, a ganância sórdida. Pátria é sinónimo de Liberdade. Onde está a
Pátria aí está também a Liberdade.”
Magalhães Lima, mensagem no
“Grande Oriente Lusitano”

Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras,
apresenta uma reflexão sobre a liberdade dos povos e das nações. Para fundamentar o teu ponto de
vista, recorre, no mínimo, a dois argumentos, ilustrando cada um deles com, pelo menos, um exemplo
significativo.

Grupo III
Redige um texto com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras, subordinado
ao seguinte título:
Os defeitos mais destruidores do ser humano são a arrogância, a vaidade e o
exibicionismo.

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