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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC MINAS - Poços de Caldas

DA BOCA DO MANDU A BORDA DO MATO


APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE ECOLOGIA URBANA
DENTRO DO MUNICÍPIO DE BORDA DA MATA- MG

Gabriel do Nascimento Xavier

Poços de Caldas
2019
Gabriel do Nascimento Xavier

DA BOCA DO MANDU A BORDA DO MATO


APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE ECOLOGIA URBANA
DENTRO DO MUNICÍPIO DE BORDA DA MATA- MG

TFG: Trabalho Final de Graduação apresen-


tado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da
Pontifícia Universidade Católica de Minas Ge-
rais – campus Poços de Caldas.
Orientador: Dr. Carlos Pozzer

Poços de Caldas
2019
A todas as pequenas e médias cidades do Sul
de Minas que sonham com um possível desenvolvi-
mento sustentável desse território. (POZZER, 2018)
AGRADECIMENTOS

Dedico este trabalho a todos bordamatenses que aspiram e lutam por


uma cidade melhor. Aos meus pais, pelo amor e devoção imensuráveis ao lon-
go da vida. As minhas irmãs, pelo afeto e sensatez que me foram ensinados.
Aos meus amigos, que durante a vida, sempre estiveram ao meu lado. Sou
grato a todos os educadores que contribuíram desde a infância até minha traje-
tória acadêmica, especialmente ao Carlos Pozzer e Fabiana Lansac pela orien-
tação nesse projeto. A todos que direta ou indiretamente fizeram parte do de-
senvolvimento desse trabalho, o meu estado de discernimento e aprendizado é
graças a vocês. Muito obrigado.
Mandu meu riozinho pede socorro
A tua água tá no fim
Água é vida, nosso bem mais precioso
Rio generoso viver pra sempre em mim

Desde menino brincava em suas águas


E a moçada ia brincar no pontilhão
Lá no poção o leito era de abundância
Hoje é lembrança, que ficou no coração

O pescador tinha motivo pra sorrir


Porque o peixe a mesa era certeza por vir
Tinha: Dourado, Piaba-magra, Mandi
Curimbatá, Tabarana e Lambari

É desde a nascente que o rio escolhe a direção


A gente escolhe o caminho da destruição
Modificando os cursos d'água, sem prever
Que num futuro breve, não teremos água para beber

É desde a nascente que o rio escolhe a direção


A gente escolhe o caminho da destruição
Modificando os cursos d'água, sem prever
Que num futuro breve, não teremos água para beber

Mais o velho Mandu agonizando, segue em frente


Mais nossa gente, nem percebe a judiação
Mas se o rio morre, vai planta, bicho e gente
Esse é o presente, de deus pai da criação.

Meu Mandu, Meu Riozinho

(BRANDANI, 2019)
RESUMO

As respostas de planejamento e projeto à rápida transição rural-urbana


no país, incentivada por programas do governo federal com o Pro-Várzea, de-
sencadearam um modelo de urbanização que privilegiou a ocupação de planí-
cies fluviais ou fundo de vale e a canalização de córrego e rios, para permitir a
implantação do sistema de infraestrutura e circulação viária, caracterizados
como áreas de vulnerabilidade ambiental responsáveis pela regulação hidroló-
gica. O resultado é a falta de resiliência do meio ambiental com o urbano den-
tro dessas áreas de fundo de vale, gerando o problema crônico de enchentes
que atinge as ocupações próximas as áreas de várzeas, a poluição dos recur-
sos naturais, bem como o distanciamento da relação entre o homem e a natu-
reza. Partindo da crítica ao paradigma higienista e funcionalista da gestão pú-
blicas das águas urbanas, o trabalho então propõe, um novo olhar sobre a dre-
nagem urbana, propondo um planejamento e manutenção dessas áreas se-
guindo o conceito de ecologia urbana. A condução das águas vista dentro da
multifuncionalidade do conceito de infraestrutura verde tem a real capacidade
de revertera a lógica de construção da cidade, e permite a revisão de todos os
tecidos consolidados de forma precária ao mesmo tempo que encaminham o
planejamento a um desenvolvimento sensível a paisagem.

Palavras-chaves: Drenagem, Ecologia, Infraestrutura Verde, Desenvolvimento


de Baixo Impacto, Borda da Mata - MG
ABSTRACT

The planning and project responses to the rapid rural-urban transition in


the country, encouraged by federal government programs with ProVarzea, de-
enunciated a model of urbanization that favored the occupation of fluvial or val-
ley bottoms and channeling of creek and rivers, to allow the implementation of
the infrastructure and road circulation system, characterized as areas of envi-
ronmental vulnerability responsible for hydrological regulation. The result is the
lack of resilience of the environment to the urban within these valley bottom ar-
eas, generating the chronic problem of flooding that affects occupations near
floodplain areas, pollution of natural resources, as well as distance from the re-
lationship between man and nature. Starting from the critique of the hygienist
and functionalist paradigm of public management of urban waters, the work
then proposes a new look at urban drainage, proposing a planning and mainte-
nance of this area following the concept of urban ecology. The driving of waters
seen within the multifunctionality of the concept of green infrastructure has the
real capacity to revert the logic of construction of the city, and allows the revi-
sion of all the fabrics consolidated in a precarious way while directing the plan-
ning to a development sensitive to landscape.

Keywords: Drainage, Ecology, Green Infrastructure, Low Impact Development,


Borda da Mata - MG
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Malha urbana de Borda da Mata (MG) ________________________________________ 26


Figura 2 - Manchete do jornal eletrônico, informa as enchentes em Borda da Mata (MG). ____ 27
Figura 3 - Fotos aéreas das inundações nas margens do Rio Mandu em Borda da Mata (MG) e
a urbanização já ocupando e agravando essas áreas. ___________________________________ 27
Figura 4 – Esquema de escala abordadas na metodologia do projeto _____________________ 29
Figura 5 - Etapas de sobreposição: Método de abordagem qualitativa _____________________ 30
Figura 6 - Parâmetros que podem ser utilizados para obter pontuação ____________________ 39
Figura 7 - Simulação de aplicação dos parâmetros ______________________________________ 40
Figura 8- Hubs, Links e Sites _________________________________________________________ 42
Figura 9 – Serviços do sistema LID ____________________________________________________ 43
Figura 10 - Comparação dos sistemas de drenagem ____________________________________ 44
Figura 11 - Jardim de chuva __________________________________________________________ 46
Figura 12 - Biovaleta ________________________________________________________________ 47
Figura 13 - Canteiro pluvial ou Filtro de caixa de árvore __________________________________ 48
Figura 14 - Bacia de filtração ou Filtro de areia de superfície _____________________________ 50
Figura 15 - Alagados construídos (wetlands) ___________________________________________ 51
Figura 16 - Vegetação ripária _________________________________________________________ 53
Figura 17 - Teto Verde _______________________________________________________________ 54
Figura 18 - Pavimento Poroso ________________________________________________________ 55
Figura 19 – Greenways, com detalhamento da aplicação sistêmica dos dispositivos LID. ____ 56
Figura 20 - Quadro infográfico das tipologias LID, categorizada por tipologias mecânicas e
biológicas e o seu tipo de função. _____________________________________________________ 58
Figura 21 - Síntese para aplicação dos dispositivos de infraestrutura verde ________________ 58
Figura 22 - Rede de parques do Cinturão Verde, Victória-Gasteiz, Espanha________________ 59
Figura 23 - Parque Armentia, utilizou da recuperação de uma antiga floresta negligenciada pela
população, criando um espaço a céu-aberto para lazer passivo, Espanha _________________ 60
Figura 24 - Parque Olarizu, é provavelmente o com menor diversidade de natureza, mas o que
tem maior número de ações de educação voltada ao meio ambiente, Espanha _____________ 60
Figura 25 - Parque Salburuna, marcado por sua paisagem lúdica é constituído por áreas verde-
úmida com grande diversidade de fauna e flora, onde encontra se diversos mirantes para a
contemplação da paisagem, Espanha _________________________________________________ 61
Figura 26 - Parque Zabalgana, é resultado da recuperação de uma grande área degrada
criando um espaço de prazer e relaxamento para o cotidiano do cidadão, Espanha _________ 61
Figura 27 - Parque Zadorra, assim chamado pois acompanha todo os trechos do Rio Zadorra,
oferecendo áreas verde para recuperação da mata-ciliar e também hortas urbanas para
população, Espanha _________________________________________________________________ 61
Figura 28 - Parque Errekaleor, serve como uma ligação entre outros parques e marca a
fronteira com a cidade de Llanada Alavesa, Espanha ____________________________________ 62
Figura 29 - Rio Mazanares com projeto já implantado, Espanha __________________________ 63
Figura 30 - Antes da intervenção, o rio Mazanares era apenas um entrave na paisagem e na
mobilidade da cidade, Espanha _______________________________________________________ 64
Figura 31 - Rio Mazanares com parque linear já implantando em suas margens, Espanha ___ 65
Figura 32 - Diagrama dos túneis construídos e sua implantação __________________________ 66
Figura 33 - Diversidade de uso dentro do parque implantado, Espanha ____________________ 66
Figura 34 - Parque linear e habitação de interesse social já implantados, Brasil ____________ 67
Figura 35 - Comunidade, Parque Linear e Habitação Social, Brasil ________________________ 68
Figura 36 - Área poliesportiva, pista de skate e comunidade, Brasil _______________________ 68
Figura 37 - Habitações precárias encontradas na favela do Sapé, Brasil ___________________ 69
Figura 38 - Remoção da favela Sapé, São Paulo _______________________________________ 70
Figura 39 - Reurbanização de favela e recuperação do Córrego Sapé, Brasil_______________ 70
Figura 40 - Projeto de urbanização e habitação de interesse social, Brasil _________________ 71
Figura 41 - Perspectiva da proposta de reurbanização do córrego Sapé, Brasil _____________ 72
Figura 42 - Adequação do leito fluvial, andamento das obras, Brasil _______________________ 72
Figura 43 - Perspectiva da área náutico do parque ______________________________________ 73
Figura 44 - Integração da população por meio de um deck de madeira, que integra o programa
de atividades do parque. _____________________________________________________________ 73
Figura 45 - Biodiversidade integrada ao projeto, mostra a busca pelo desenvolvimento
sustentável dentro do parque _________________________________________________________ 74
Figura 46 - Nucleação programático dentro do parque, apresentando quatro núcleos, com a
disposição das atividades socioeconômicas dentro da intervenção. _______________________ 75
Figura 47 - Implantação do núcleo esportivo ____________________________________________ 76
Figura 48 - Planta da área 1 - Aerolândia ______________________________________________ 76
Figura 49 - Estação compacta de tratamento de esgoto com alagados construídas _________ 77
Figura 50 - Processos ecológico do bioma predominante; cadeia alimentar do mangue _____ 77
Figura 51 - Localização da sub-bacia hidrográfica do rio Mandu, sul de Minas Gerais _______ 78
Figura 52 - Mapa de uso e cobertura do solo da sub-bacia hidrográfica do rio Mandu _______ 80
Figura 53 - Mapa de vunerabilidade ambiental da sub-bacia hidrográfica do rio Mandu, com
ponderações (A) e sem ponderação (B) de fatores subjulgados __________________________ 80
Figura 54 - Foto aérea do município de Borda da Mata - MG _____________________________ 81
Figura 55 - Mapa da nova Villa Viçosa em Portugal, 1769, bem retratado o modelo reticulado
ortogonal proposto pelos portugueses com diversas praças compondo sua estrutura urbana.
Modelo também utilizado para a fundação das vilas do século XVIII no Brasil. ______________ 83
Figura 56 - Evolução urbana, 1900 - 1921Fonte: Elaborado pelo autor ____________________ 84
Figura 57 - Evolução urbana, 1921 - 1940 Fonte: Elaborado pelo autor ____________________ 84
Figura 58 - Evolução urbana, 1941 - 1960 Fonte: Elaborado pelo autor ____________________ 85
Figura 59 - Evolução urbana, 1961 - 1980 Fonte: Elaborado pelo autor ___________________ 85
Figura 60 - Evolução urbana, 1981 - 2000Fonte: Elaborado pelo autor ____________________ 86
Figura 61 - Evolução urbana, 2000 - 2019 Fonte: Elaborado pelo autor ____________________ 86
Figura 62 - Zoneamento urbano_______________________________________________________ 89
Figura 63 - Áreas verdes _____________________________________________________________ 91
Figura 64 - Mapa de Hidrografia no perímetro urbano de Borda da Mata ___________________ 93
Figura 65 - Esquema de Abastecimento De Água em Borda da Mata ______________________ 94
Figura 66 - Esquema atual do Sistema de Tratamento de Esgoto em Borda da Mata ________ 95
Figura 67 - Situação do leito no perímetro urbano _______________________________________ 96
Figura 68 - Situação do leito no perímetro urbano _______________________________________ 96
Figura 69 - Situação atual do corpo d'água _____________________________________________ 96
Figura 70 - Situação das várzeas _____________________________________________________ 96
Figura 71 - Esquema proposto para 2035, do Sistema de Tratamento de Esgoto ___________ 97
Figura 72- Mapa de Geomorfologia do perímetro urbano de Borda da Mata ________________ 99
Figura 73 - Hipsometria da sub-bacia do Mandu em Borda da Mata ______________________ 100
Figura 74 - Hipsometria do perímetro urbano __________________________________________ 101
Figura 75 - Dados climatológica para Borda da Mata – MG ______________________________ 102
Figura 76 - Precipitações médias ao longo do ano em Borda da Mata – MG_______________ 102
Figura 77 - Recorte da Escala Macro, dentro do mapa síntese em Borda da Mata - MG. ____ 103
Figura 78 - Mapa de identificação dos sistemas dentro do recorte. _______________________ 104
Figura 79 - A mata ciliar proposta para o Rio Mandu, será utilizada como Hubs. ___________ 105
Figura 80 - As áreas de acúmulo fluvial também foram incorporadas como Hubs. __________ 105
Figura 81 – O córrego das Carmelinas foi utilizado como ligação no sistema. _____________ 105
Figura 82 – Paralelamente utilizou-se também o córrego das Amoreiras como Link. _______ 105
Figura 83 – O Estádio Municipal Waldir de Melo foi utilizado como apoio no sistema. ______ 106
Figura 84 – Escolas com potenciais ecológicas, foram utilizadas como Hubs. _____________ 106
Figura 85 - Diretrizes implantadas no recorte. _________________________________________ 107
Figura 86 – Distribuição dos dispositivos, dentro da intervenção Escala Macro, abordando o
recorte no município de Borda da Mata - MG __________________________________________ 110
Figura 87 – Gestão das águas urbanas, dentro da intervenção Escala Macro, abordando
o recorte no município de Borda da Mata - MG ______________________________________ 111
Figura 88 - Estratégias sustentáveis para integração do tratamento de esgoto_____________ 113
Figura 89 - Identificação da Escala Meso dentro da proposta de Infraestrutura Ecológica. __ 114
Figura 90 - Recorte da Escala Meso __________________________________________________ 115
Figura 91 - Inauguração da ferrovia em Borda da Mata no final do século XIX _____________ 116
Figura 92 - Situação da estação ferroviária abandonada após sua desativação ____________ 116
Figura 93 - Inauguração da ferrovia em Borda da Mata no final do século XIX _____________ 116
Figura 94 - Situação da estação ferroviária abandonada após sua desativação ____________ 116
Figura 95 - Levantamento da hierarquia viária e da mobilidade urbana dentro do recorte ___ 117
Figura 96 - Via local ________________________________________________________________ 118
Figura 97 - Via coletora _____________________________________________________________ 118
Figura 98 - Via municipal (estrada rural) ______________________________________________ 119
Figura 99 - Levantamento do uso e ocupação do recorte selecionado ____________________ 120
Figura 100 - Levantamento fisio-ambiental, dentro do recorte da Escala Macro ____________ 121
Figura 101 - Proposta de integração paisagística ______________________________________ 122
Figura 102 - Proposta de integração urbana ___________________________________________ 123
Figura 103 - Implantação do Parque Linear do Mandu __________________________________ 124
Figura 104 - Implantação com programa estabelecido dentro do Parque Linear do Mandu __ 124
Figura 105 – Divisão dos núcleos temáticos dentro do parque ___________________________ 127
Figura 106 - Quadro com atividades socioeconômicas proposta _________________________ 128
Figura 107 - Programa de atividades socioeconômicas localizadas dentro do parque ______ 129
Figura 108 - Proposta de modelos de economia circular para implementação no parque. ___ 129
Figura 109 - Localização das vias e do corte representado. _____________________________ 130
Figura 110 - Via local proposta _____________________________________________________ 131
Figura 111 - Via coletora proposta ___________________________________________________ 132
Figura 112 - Via municipal (estrada de terra) proposta __________________________________ 133
Figura 113 - Localização dos dispositivos LID dentro da Escala Meso e suas relações de
condução das águas. _______________________________________________________________ 134
Figura 114 - Gestão das águas urbanas, dentro da intervenção Escala Meso _____________ 135
Figura 115 - Recorte da Escala Micro. ________________________________________________ 136
Figura 116 - Situação atual da piscina pública; Clube de Campo Tiradentes. _____________ 137
Figura 117 - Situação atual da quadra poliesportiva; Clube de Campo Tiradentes. _________ 137
Figura 118 - Foto aérea da situação atual do Clube de Campo Tiradentes; destaque para a
estrutura do rodeio que acontece anualmente, montada no meio do campo de futebol. _____ 137
Figura 119 – Conceito aplicado no projeto arquitetônico. ________________________________ 139
Figura 120 – Núcleos temáticos e caminhos proposto dentro do projeto. __________________ 141
Figura 121 - Perspectiva do Centro Cultural de Educação Ambiental _____________________ 141
Figura 122 – Implantação; Centro Cultural de Educação Ambiental - Boca do Mandu. ______ 143
Figura 123 - Planta Baixa; Centro Cultural de Educação Ambiental - Boca do Mandu. ______ 144
Figura 124 – Corte Longitudinal; Centro Cultural de Educação Ambiental - Boca do Mandu. 145
Figura 125 – Corte Transversal; Centro Cultural de Educação Ambiental - Boca do Mandu. _ 145
Figura 126 - Diagrama de usos; Centro Cultural de Educação Ambiental - Boca do Mandu. 147
Figura 127 - Localização dos dispositivos LID dentro da Escala Meso; Centro Cultural de
Educação Ambiental - Boca do Mandu________________________________________________ 148
Figura 128 - Gestão das águas urbanas, dentro da intervenção Escala Micro; Centro Cultural
de Educação Ambiental - Boca do Mandu _____________________________________________ 149
Figura 129 - Vista do acesso principal para a praça urbana. _____________________________ 150
Figura 130 - Vista do acesso principal para a praça urbana. _____________________________ 150
Figura 131 - Vista da fazenda urbana. ________________________________________________ 151
Figura 132 - Vista da fazenda urbana. ________________________________________________ 151
Figura 133 - Vista área do Centro Cultural de Educação Ambiental - Boca do Mandu. ______ 152
Figura 134 - Vista área do Centro Cultural de Educação Ambiental - Boca do Mandu. ______ 152
LISTA DE ABREVIATURAS

AIA - Área de Interesse Ambiental


AIC - Área de Interesse Cultural
AIU - Área de Interesse Urbanístico
ANA - Agência Nacional das Águas
ARSEA - Agência Reguladora de Serviços de Água e de Esgoto Sanitário de Minas Gerais
DMAE - Departamento Municipal de Água e Esgoto
DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
ETA - Estação de Tratamento de Água
ETE - Estação de Tratamento de Esgoto
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDHM - Índice de Desenvolvimento Humano
IEV - Infraestrutura Verde
LID - Low Impact Devolpment
PDD - Plano Diretor de Desenvolvimento
PDN - Plano de Desenvolvimento Nacional
ONU – Organização das Nações Unidas
TFG - Trabalho Final de Graduação
ZCE - Zona Central
ZCP - Zona de Comércio Principal
ZID - Zona Industrial Diversificada
ZPA - Zona de proteção Ambiental
ZUM - Zona de Uso Mista
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 22
1.1. Objetivos ................................................................................................ 24
1.1.1 Objetivo Geral ........................................................................................ 24
1.1.2 Objetivos Específicos............................................................................. 24
1.2. Justificativa ............................................................................................ 25
1.3. Metodologia ............................................................................................ 28

2 ECOLOGIA URBANA ............................................................................ 32


2.1. Ecologia, ecossistema e resiliência urbana ........................................ 32
2.2. Cidade e natureza .................................................................................. 33
2.3. Planejamento urbano e legislação ambiental...................................... 34
2.3.1 Legislação Federal ................................................................................ 34
2.3.2 Legislação Estadual ............................................................................... 37
2.4. Desenho ambiental urbano ................................................................... 37
2.5. Quota ambiental ..................................................................................... 38
2.6. Infraestrura Verde e Low Impact Devolpment ..................................... 40
2.3.3 Novos caminhos para drenagem urbana ............................................... 44
2.3.4 Dispositivos LID ..................................................................................... 45
2.3.5 Greenways ou Parques Lineares........................................................... 56
2.3.6 Viabilidade dos dispositivos ................................................................... 57

3 REFERÊNCIAS PROJETUAIS .............................................................. 59


3.1. Cinturão-verde, Vitória-Gasteiz, Espanha............................................ 59
3.2. Parque Madrid Rio, Madrid, Espanha ................................................... 62
3.3. Parque Linear Bananal/Canivete, São Paulo, Brasil ........................... 67
3.4. Reurbanização do Sapé, São Paulo, Brasil ......................................... 69
3.5. Parque do Cocó, Ceará, Brasil.............................................................. 73

4 SUB-BACIA HIDROGRÁGICA DO RIO MANDU .................................. 78


4.1. Histórico ................................................................................................. 78
4.2. Situação atual......................................................................................... 79
5 ESCALA MACRO .................................................................................. 81
5.1. O município ............................................................................................ 82
5.2. Legislação Municipal ............................................................................. 86
5.2.1 Zoneamento Urbano .............................................................................. 86
5.2.2 Preservação do Meio Ambiente ............................................................. 89
5.2.3 Saneamento Ambiental.......................................................................... 90
5.3. Dados na escala municipal ................................................................... 91
5.3.1 Áreas verdes.......................................................................................... 91
5.3.2 Hidrografia ............................................................................................. 92
5.3.3 Subsolo .................................................................................................. 98
5.3.4 Relevo.................................................................................................. 100
5.3.5 Dados climatológicos ........................................................................... 102
5.4. Plano de Infraestrutura Ecológica ...................................................... 103
5.4.1 Identificação do sistema ...................................................................... 104
5.4.2 Diretrizes municipais ............................................................................ 106
5.4.3 Dispositivos utilizados .......................................................................... 107
5.4.4 Diagrama de águas ............................................................................. 110

6 ESCALA MESO ................................................................................... 112


6.1. O lugar .................................................................................................. 115
6.1.1 Sistema viário e mobilidade urbana ..................................................... 117
6.1.2 Uso e ocupação do solo ...................................................................... 119
6.1.3 Fisio-ambiental .................................................................................... 120
6.2. Abordagem ecológica ......................................................................... 121
6.3. Abordagem urbana .............................................................................. 122
6.4. Parque Linear do Mandu ..................................................................... 123
6.3.1 Atividades Socioeconômicas ............................................................... 127
6.3.2 Sistema viário ...................................................................................... 130
6.3.3 Diagrama de águas ............................................................................. 133
7 ESCALA MICRO .................................................................................. 136
7.1. O objeto ................................................................................................ 138
7.2. Forma e espaço.................................................................................... 139
7.3. Centro Cultural de Educação Ambiental ........................................... 142
7.3.1 Programa de necessidades ................................................................. 145
7.3.2 Diagrama de águas ............................................................................. 147
7.3.3 Maquete eletrônica .............................................................................. 150

8 CONCLUSÃO ...................................................................................... 153

REFERÊNCIAS.............................................................................................. 154

ANEXOS ........................................................................................................ 159


22

1 INTRODUÇÃO

Há muito tempo observa-se uma estreita relação entre a localização das


cidades e a existência de cursos d’água. Isso se deve, principalmente, às ca-
racterísticas associadas à presença dos rios próximos aos núcleos urbanos:
que além de fornecer água potável, possibilitam controle do território, subsis-
tência, meio de circulação de pessoas e bens, energia hidráulica e opções de
lazer (COSTA, 2007).
Para Costa (2007), o papel dos cursos d’água na estruturação urbana
seria análogo ao de espinhas dorsais, tornando-se muitas vezes eixos de de-
senvolvimento do desenho da cidade.
As alterações ocorridas na forma de produção da economia e na estrutu-
ra social, a partir do início do século XX, provocaram um intenso ciclo migrató-
rio do campo para as cidades. Bem como o fim das relações harmoniosas do
rio com a cidade.
Durante esse período muitas cidades foram beneficiadas pela expansão
dos sistemas de transporte. Inicialmente com a ferrovia como principal sistema,
que sofre uma desarticulação, apoiada pelo processo de expansão da indústria
automobilística e por políticas públicas como o Plano de Desenvolvimento Na-
cional em 1970, incentivando a ampliação da malha rodoviário por todo país,
consolidando o automóvel como principal matriz de transporte dentro do territó-
rio nacional em detrimento dos outros sistemas. (LISBOA, 2002)
Segundo Lisboa (2002) a seleção dos traçados para a implantação das
primeiras redes de transporte, como as ferrovias e as rodovias, foram projeta-
das através dos métodos de engenharia que consideravam apenas aspectos
geométricos e geotécnicos, objetivando o mínimo custo para sua construção.
Estes traçados eram determinados exclusivamente pelo poder público sem a
participação da sociedade.
Esses métodos levaram, as primeiras rodovias a se instalarem em áreas
mais planas, próxima as várzeas dos cursos d'água, localizadas nos fundos de
vale. Coexistente a isto alguns municípios instalaram suas principais atividades
próximas a esses sistemas, motivados a incrementar seu comercio e atrair in-
vestimentos. A ocupação dessas áreas foi agravada outro programa do gover-
23

no federal o Pro-Várzea, 1981, com a finalidade de promover o aproveitamento


racional de áreas de várzea para loteamentos e agricultura RICCI (2013).
Isso levou a um modelo de ocupação higienista que teve como diretrizes
a canalização de córrego e rios, e drenagem das áreas de acumulação fluvial,
para permitir a implantação de sistemas de infraestrutura e circulação viária e
aproveitamento das áreas de várzea, este tipo de situação que pode ser encon-
trado por todo o país. A evolução desse processo resulta no agravamento de
prática predatórias dentro dessas áreas de vulnerabilidade ambiental, respon-
sáveis pela manutenção hídrica dentro da bacia de drenagem que está locali-
zada. (LEMOS, 2017)
Como objeto de estudo foi escolhido um recorte do fundo de vale dentro
da microbacia do Rio Mandu, localizado no perímetro urbano do município de
Borda da Mata - MG.
A construção da rodovia por volta de 1960 localizada no fundo de vale
do município, vinculada ao êxodo rural da época e a introdução da indústria de
confecção e têxtil, fez com que a cidade se submetesse economicamente a
essa região de várzea. Levando a ocupação dessas áreas, que antes se carac-
terizavam como verdes e rurais e atualmente encontram-se industrias, e habi-
tações em áreas de risco, gerando conflitos entre o urbano e ambiental, com-
prometendo a paisagem natural e a drenagem urbana, e também se colocando
como entrave para o desenvolvimento do município (NASCIMENTO, 2019).
Partindo da crítica ao paradigma higienista e funcionalista de ocupação
para os fundos de vale, o trabalho propõe um novo olhar sobre a drenagem e
ocupação dessas áreas vulneráveis, afim de entender sua relação com o meio
urbano e introduzir o conceito de ecologia urbana fomentando o desenvolvi-
mento sustentável.
A condução das águas vista dentro da multifuncionalidade do conceito
de Infraestrutura Verde e Low Impact Development tem a real capacidade de
revertera a lógica de construção da cidade, e permite a revisão de todos os
tecidos consolidados de forma precária ao mesmo tempo que encaminham o
planejamento a um desenvolvimento sensível a paisagem.
O trabalho é então estruturado de maneira a compreender os fatos que
levaram a configuração atual do espaço, bem como sua relação com o meio
24

ambiente. Na necessidade de revisão desse paradigma para as áreas de fundo


de vale apresentam alto potencial para a criação de espaços livres de lazer e
educação que qualificam a vida das pessoas, dos animais e da vegetação ali
instalada. O convívio entre o homem a natureza deve ser restaurado.

1.1. Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo principal desenvolver o projeto de uma


infraestrutura ecológica para a cidade de Borda da Mata aplicando o conceito
de Ecologia Urbana, Infraestrutura Verde e dos Dispositivos LID, afim de me-
lhorar a qualidade de vida da população, valorizar a região do entorno em ter-
mos socioeconômicos, culturais e ambientais, introduzindo o planejamento am-
biental dentro do município.

1.1.2 Objetivos Específicos

Esses objetivos pretendem estabelecer uma nova visão do planejamento


urbano integrado a elementos da paisagem e da ecologia. Para tanto foram
fixados como objetivos específicos:

• Integrar a paisagem natural do Rio Mandu com a paisagem urbana de


Borda da Mata, afim de introduzir o conceito de resiliência urbana para
reduzir os conflitos gerados entre os meios, valorizando também a iden-
tidade cultural do curso d’água.

• Minimizar os riscos em áreas de vulnerabilidade ambiental, removendo


ou qualificando quando possível as ocupações desses locais, afim de
diminuir o impacto das enchentes.

• Promover alternativas para recuperação e preservação da Mata Nativa


Remanescente e dos Recursos Hídricos.
25

• Melhorar o tratamento e gerenciamento da qualidade das águas urba-


nas, em termos de saneamento, esgoto e fluxo, por meio da rede de In-
fraestrutura Verde e dos dispositivos LID, levantados e analisados den-
tro do contexto real do município para sua melhor aplicabilidade.

• Introduzir o conceito da educação ambiental dentro da convivência dos


moradores do município, com a criação de um centro cultural como um
vetor para a conscientização ambiental, visando a conscientização sobre
os temas discutidos no projeto para um desenvolvimento sustentável.

1.2. Justificativa

O atual modo de planejamento dos recursos hídricos das cidades, apoi-


ado a programas do governo federal durante o século XX como o Pró-Várzea e
os Plano de Desenvolvimento Nacional, levou a canalização dos cursos d'água
e a ocupação das áreas de fundo de vale. Esses caminhos têm-se mostrado
ineficiente sob lógicas sociais, ambientais e econômicas, com enchentes cada
vez mais recorrentes no ambiente urbano, tratamento de esgoto restrito à ape-
nas uma parcela da cidade e com habitações em áreas de risco, levando a
uma urbanidade insustentável.
O Brasil hoje é um dos maiores detentores de recursos hídricos do mun-
do, mas paradoxalmente é recordista também em enchentes e falta de sanea-
mento básico. Como um contraponto à essas políticas urbanas insustentáveis,
o trabalho propõe um revisionismo na maneira como as cidades são planeja-
das, construídas e compartilhadas pelas pessoas, trazendo soluções de drena-
gem urbana e saneamento básico mais sustentáveis, socialmente justas e eco-
nomicamente viáveis a curto e longo prazo.
Borda da Mata, é um município de pequeno porte, localizado no sul de
Minas Gerais, com aproximadamente 17 118 habitantes segundo IBGE (2017).
(Figura 01)
26

Figura 1 - Malha urbana de Borda da Mata (MG)

Fonte: GOOGLE EARTH PRO (2019)

Entretanto, apesar de sua dimensão reduzida, já sofre com os efeitos


provocados por fenômenos naturais e agravados pela ação antrópica, tais co-
mo inundações, erosões, poluição a águas e ocupação em áreas de risco, po-
dem ser considerados catalisadores das atitudes favoráveis à adoção de medi-
das de preservação e recuperação ambiental do meio natural dentro do urbano.
Sua fundação, está diretamente ligada a seu principal afluente o rio
Mandu. Foi por ele que os bandeirantes no século XVII, no sul de Minas Gerais
descobriram uma região rica em ouro, que em suas margens fundaram um pe-
queno arraial que se elevaria a município. As transformações ocorridas no sé-
culo XX, acarretaram um desenvolvimento insustentável para o município, le-
vando em consideração apenas o quesito.
Atualmente os problemas relacionados às inundações se tornam cada
vez mais constantes, devido à impermeabilização e ocupação da área de vár-
zea do rio, diminuindo a resiliência dessas áreas de vulnerabilidade ambiental.
A diminuição o volume de água do rio, acatou que durante as estações de se-
ca, a maior parte da água do rio é proveniente do esgoto. Durante a época da
chuva, essa massa de água recebe poluição difusa, provenientes das ruas da
27

cidade que escoam para o leito do rio, ocasionando problemas como inunda-
ções e erosões. (JAIRO,2019)
Atualmente os problemas relacionados às inundações se tornam cada
vez mais constantes, devido à impermeabilização e ocupação da área de vár-
zea do rio, diminuindo a resiliência dessas áreas de vulnerabilidade ambiental.
O relato mais recente sobre esses agravamentos é de 21 de fevereiro de 2019
de acordo com o jornal G1 Sul de Minas (2019), uma forte chuva no final da
tarde deixou as ruas alagadas em Borda da Mata, deixando as ruas do centro e
os bairros no limite com a zona rural debaixo d’água. Não havendo pessoas
feridas, mas sim imóveis desapropriados e pessoas desabrigadas. (Figura 02)
(Figura 03)

Figura 2 - Manchete do jornal eletrônico, informa as enchentes em Borda da Mata (MG).

Fonte: G1 Sul de Minas (2019), Acesso em 11/11/2019

Figura 3 - Fotos aéreas das inundações nas margens do Rio Mandu em Borda da Mata
(MG) e a urbanização já ocupando e agravando essas áreas.

Fonte: G1 Sul de Minas (2019), Acesso em 11/11/2019


28

1.3. Metodologia

Inicialmente parte-se da pesquisa e revisão do referencial teórico sobre


ecologia urbana, afim de compreender a problemática atual das relações entre
o meio ambiental e urbano, a revisão das legislações ambientais aplicados em
planejamento urbano no ambiental estadual e federal, a quota ambiental como
forma de viabilização do projeto, o desenho ambiental, e a introdução do con-
ceito de Infraestrutura Verde e Low Impact Development.
Em seguida realiza-se a análise de estudo de casos internacionais e na-
cionais, envolvendo planejamento urbano/ambiental com águas urbanas em
diferentes escalas de intervenção, a fim de servirem de apoio a fundamentação
teórica e elaboração do projetual da infraestrutura ecológica para o município.
Em sequência, faz-se a contextualização da sub bacia do Rio Mandu tra-
tando sua relação com região. Um breve histórico de ocupação demonstrando
as principais cidades que a ocupam, e a situação de uso do solo e o grau de
vulnerabilidade ambiental em que atualmente se encontra apontando os princi-
pais agentes desse detrimento ambiental.
Visando a manutenção das áreas de acumulação fluvial ou fundo de
vale, bem como a preservação e recuperação dos rios e matas ciliares e áreas
de drenagem, visando uma gestão sustentável da água urbana e da paisagem
natural visando um ecossistema mais resiliente entra os meios urbano e ambi-
ental. O trabalho propõe a abordagem de Borda da Mata - MG partindo da sua
compreensão para a aplicação da infraestrutura ecológica em três escalas:
primeiro a Escala Macro, tratando as relações do município com os sistemas
ambientais em que está inserida, compreendendo os espaços adjacentes os
cursos d’águas onde receberam as intervenções; em seguida a Escala Meso,
aproximando as relações do Rio Mandu e do lugar determinado, como forma
de integração tanto paisagística quanto urbanística por meio da criação do
Parque Linear do Mandu; e por último a Escala Micro, aborda um objeto como
forma de síntese arquitetônica e aplicação de todos os conceitos de ecologia
urbana, propondo um Centro Cultural de Educação Ambiental, com função de
vetor para a educação ambiental qualificando seus moradores afim de alcançar
o desenvolvimento sustentável. (Figura 04)
29

Figura 4 – Esquema de escala abordadas na metodologia do projeto

Fonte: Elaborado pelo autor

Foi abordado o Método de abordagem qualitativa, apresentado por San-


tos (2009) para a análise do território, que envolve a identificação dos temas a
serem incluídos no planejamento, a seleção dos temas mais relevantes e a
preparação de um mapa de levantamento para cada tema. Abordado como
forma de limitação das áreas de intervenção nas diversas escalas que serão
abordadas dentro do planejamento ambiental. (Figura 05)
30

Figura 5 - Etapas de sobreposição: Método de abordagem qualitativa

Fonte: Santos (2009)

Dentro da Escala Macro, é apresentado a cidade abordada, realizando


visitas a campo para diagnóstico da área, além de entrevistas com Nascimento
(2009), Brandani (2019) e Lozada (2019) cidadãos que viveram durante sua
vida todo no município de Borda da Mata - MG, para suprir a falta de informa-
ção. Com isso inicia-se um breve panorama histórico da cidade, afim de enten-
der sua formação e o processo de ocupação de seu perímetro urbano, por
meio da elaboração de um mapa de ocupação partindo das entrevistas. Logo
após, contextualiza-se as diretrizes ambientais e de e no uso e ocupação do
solo, do Plano Diretor de Desenvolvimento - PDD (2004), afim de entender a
legislação ambiental vigente. São apresentados também dados ambientais na
escala municipal para análise, afim de caracterizar a microbacia do rio Mandu
dentro do perímetro urbano.
Partindo dessa compreensão municipal, é proposto um plano de Infraes-
trutura Ecológica para sua abrangência urbana, afim de se propor uma gestão
mais eficiente das águas pluviais, o saneamento e o abastecimento da popula-
ção do município. Primeiramente é identificado dentro do recorte as áreas de
intervenção seguindo os conceitos de Infraestrutura Verde que dividem os es-
paços em: Hubs, Sites e Links. Em seguido é definido as diretrizes a serem
31

aplicadas em cada área, de modo a integrar os dispositivos da rede de drena-


gem com os espaços públicos e áreas de importância ecológica local. Por fim é
apresentando um esquema de macrodrenagem com abrangência municipal,
destacando os fluxos de água e a localização dos espaços e da possiblidade
das tipologias que podem ser inseridas.
Na Escala Meso, apresenta-se o recorte definido como o lugar a ser in-
serido o Parque Linear do Mandu onde está inserido os principais dispositivos
da infraestrutura cinza de saneamento. Inicialmente demonstra-se um breve
histórico da área e seus pontos de interesse, logo após é apresentados diag-
nósticos como: sistema viário, uso e ocupação do solo, equipamentos públicos
e uma análise físioambiental, afim de compreender as problemáticas locais.
Logo após estes levantamentos é realizado duas abordagens para ela-
boração do Parque Linear, a primeira seguindo as questões urbanas com uma
proposta de integração territorial, entre o parque e a cidade; e a segundo se-
guindo as questões ambientais por meio de uma proposta de integração paisa-
gística junto a estratégias para os processos ambientais.
Por último, dentro da Escala Micro é manifestado o objeto arquitetônico
da proposta, como forma de síntese e aplicação dos conceitos de desenvolvi-
mento sustentável apresentados, demonstrando a aplicação das tipologias em
escala projetual. Inicialmente é demonstrado as justificativas para a escolha de
um Centro Cultural de Educação Ambiental como objeto dessa síntese.
Por fim é exposto o projeto do Centro Cultural de Educação Ambiental
Memórias do Mandu, bem como o conceito que chegou até sua forma, visando
um espaço público democrático como forma de encontro para os borda-
matenses. Tem-se a apresentação de suas peças gráficas como: implantação,
plantas baixas e cortes; bem como um esquema de elaboração de sua forma
seguindo os preceitos de conforto ambiental; logo em seguida o programa de
usos e um quadro de áreas com a dimensão destinada a cada função dentro
do projeto. É também elaborado um diagrama de águas para o objeto arquite-
tônico, apresentando o fluxo de água dentro do terreno e os dispositivos dis-
postos com uma aproximação maior de detalhes para a escala real de projeto
32

2 ECOLOGIA URBANA

A ecologia urbana procura analisar os sistemas naturais dentro de áreas


urbanas e evidenciar as possibilidades de intervenção para um desenvolvimen-
to sustentável, procurando entender a cidade como parte integrante de um
ecossistema vivo.

2.1. Ecologia, ecossistema e resiliência urbana

A palavra ecologia é derivada do grego "oikos" + "logos", que respecti-


vamente significa caso e estudo, ou seja, a ciência ou estudo da casa ou habi-
tat. Portanto, a ecologia é a ciência que estuda as relações entre diferentes
seres vivos no mesmo ambiente em comum, no caso da ecologia urbana, o
ambiente é a própria cidade. (MELHORAMENTOS, 2015)
A ecologia urbana tem como objetivo estudar todas as relações entre a
natureza e o ser humano com o intuito de tornar a cidade um ecossistema me-
lhor para todos.
O ecossistema é um conjunto de sistemas que influenciam uns aos ou-
tros intrinsecamente, compõe esse sistema os fatores abióticos (energéticos,
químicos, mecânicos e físicos) e os fatores bióticos (fauna e flora). (MELHO-
RAMENTOS, 2015)
A resiliência é a capacidade de um sistema absorver impactos e manter
suas funções ou propósitos, isto é, sobreviver ou persistir em um ambiente com
variações, incertezas (HERZOG, 2013). A resiliência urbana é importante por-
que confere à cidade a capacidade de suportar naturalmente incertezas e vari-
ações, como uma forte chuva ou ventos mais fortes.
A resiliência urbana tem a ver com a capacidade de a cidade absorver
naturalmente condições adversas do clima e persiste mesmo em situações
mais extremas. É obtida dentro do planejamento urbano com objetivo de pre-
caver danos, como por exemplo, uma bacia hidrográfica, quanto mais tiver op-
ções de drenagem (áreas permeáveis), menos chances terá de provocar de
enchentes ou causar danos.
33

Da produção ao descarte, extraímos da natureza matéria-prima e lhe


devolvemos, de alguma maneira, os restos. Ao processo descrito, conferimos o
nome de pegada ecológica.
A pegada ecológica é o rastro ambiental de um produto da extração do
seu material ao consumo e descarte, passando pela produção e distribuição
para venda. Tem-se dentro desse processo a pegada hídrica, referente ao vo-
lume dos recursos hídricos utilizados ao longo desse mesmo processo de pro-
dução e de consumo de bens e serviços. (HERZOG, 2013)
Vivemos hoje sob uma produção em ciclo aberto, danoso ao meio ambi-
ente, que não garante reciclagem, reaproveitamento ou recuperação de todos
os materiais e recursos naturais envolvidos na produção. Devemos caminhar
para o ciclo fechado, em que tudo é consumido deve ser de alguma maneira
devolvido ao meio ambiente, para que o processo no fim seja sustentável.

2.2. Cidade e natureza

O equilíbrio entre o homem e a natureza se faz a cada dia mais neces-


sário. O desenvolvimento desenfreado das cidades separou o natural do cons-
truído. O homem se deu o direito de dominar a natureza de acordo com seus
próprios interesses. Agora, antes que seja tarde, tem de reequilibrar, reestrutu-
rar as cidades e reaprender a conviver com o meio ambiente do nosso planeta.
Após a Revolução Industrial, as cidades cresceram exponencialmente
atraindo multidões aos aglomerados urbanos. As pessoas migravam do campo
à cidade para trabalhar nas fábricas em ascensão, a natureza então, era derru-
ba e degradada para a construção de um novo conceito de progresso.
Segundo Herzog (2013), a cidade cresceu sem planejamento e expan-
dindo sobre um longo território, com multidões e automóveis competindo pelo
mesmo espaço urbano, conflitante com o espaço natural. O esgoto corria a céu
aberto nas vias extremamente densas, com construções sem ventilação e sem
espaço para atividade ao ar livre. A poluição generalizava o ar, o solo e as
águas, o surto de doenças afetava todas as camadas sociais, que conviviam
com baixíssima qualidade de vida urbana. Essa forma de crescimento ocorreu
34

em outras cidades industriais, primeiro na Inglaterra e depois, em outros países


pelo mundo.
O uso intensivo dos rios e córregos para lavagem de roupas, despejo de
esgoto, sujeira urbana, e o aumento das enchentes em suas várzeas, provocou
inúmeros problemas sanitários levando a uma profunda degradação ambiental.
Os problemas sanitários levaram ao surgimento de políticas, higienistas duran-
te o século XIX, que defendiam o saneamento da cidade como uma forma de
vida mais saudável. Adotando essa doutrina para orientar as intervenções ur-
banas, tais como: alargamento de ruas, remoção de morros e edifícios, a dre-
nagem e ocupação de pântanos e várzeas, as quais tiveram repercussão soci-
al, ambiental e econômica ao longo prazo. (HERZOG, 2013)
No Brasil esse processo de industrialização se intensificou no pós-
guerra, ocasionando uma urbanização acelerada e irregular que desconside-
rando a preservação do meio ambiental, bem como a saúde e o bem-estar da
população. Essa ocupação desordenada criou problemas em diversos setores,
inclusive relacionados a questões ambientais e socioeconômicas.
Alguns desses impactos ligados a sérias mudanças do cenário paisagís-
tico, que ocorrem com a degradação da natureza para estabelecimento desor-
denado desses núcleos urbanos. Além disso, a ausência de planejamento, fez
com que esses núcleos ocupassem áreas de vulnerabilidade ambiental, como
encostas e topo de morros e margem de rios, gerando catástrofes urbanas co-
mo, por exemplo, enchentes e desmoronamentos.

2.3. Planejamento urbano e legislação ambiental

Existem, na legislação brasileira, direitos e deveres garantidos em âmbi-


to federal, sobre a manutenção e preservação do meio ambiente na cidade.

2.3.1 Legislação Federal

Segundo o Art. 2° do Estatuto da Cidade, LEI N° 6766/2001:


[...] Art. 2º A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno de-
senvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana,
mediante as seguintes diretrizes gerais:
35

I – Garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o


direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestru-
tura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao la-
zer, para as presentes e futuras gerações [...]

De acordo com o Código Florestal, LEI N°12.651/ano:

[...] Art. 3°- II - Área de Preservação Permanente - APP: área pro-


tegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a
biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e
assegurar o bem-estar das populações humanas;[...]
[...] Art. 4° - Considera-se Área de Preservação Permanente, em
zonas rurais ou urbanas:
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e
intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito re-
gular, em largura mínima de:
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez)
metros de largura;
b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de
10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50
(cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura;
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de
200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham
largura superior a 600 (seiscentos) metros; [...]
IV - As áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água pere-
nes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50
(cinquenta) metros; [...]

A resolução CONAMA n° 303/2002, os seguintes parâmetros:


36

I - nível mais alto: nível alcançado por ocasião da cheia sazonal


do curso d`água perene ou intermitente; [...]
XIII - Área Urbana Consolidada: a que atende, seguintes critérios:
a) definição legal pelo poder público;
b) existência de, no mínimo, quatro dos seguintes equipamentos
de infraestrutura urbana: 1. malha viária com canalização de
águas pluviais; 2. rede de abastecimento de água; 3. rede de es-
goto; 4. distribuição de energia elétrica e iluminação pública; 5.
recolhimento de resíduos sólidos urbanos; 6. tratamento de resí-
duos sólidos urbanos;

Considerando como base inicial a Lei de Parcelamento do Solo Urbana,


Lei 6766/2004, ressalta-se alguns limitantes em relação ao uso e ocupação da
área. Dentre eles podemos citar:

Parágrafo único - Não será permitido o parcelamento do solo:


I - em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de tomadas as
providências para assegurar o escoamento da águas.
II - em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde
pública, sem que sejam previamente saneados;
III - em terrenos com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cen-
to), salvo as atendidas exigências específicas das autoridades compe-
tentes;
IV - em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edifi-
cação;
V - em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição im-
peça condições sanitárias suportáveis, até a sua correção.
37

2.3.2 Legislação Estadual

A Política Estadual de Recursos Hídricos do estado de Minas Gerais


dispõe em sua Lei nº 13.199/1999, sobre convênios para a elaboração de zo-
neamento de áreas inundáveis, como pode ser visto no fragmento a seguir:

Art. 7º - O Estado celebrará convênios de cooperação mútua e de


assistência técnica e econômico-financeira com os municípios, para a
implantação de programas que tenham como objetivo: [...]
III - o controle e a prevenção de inundações e de erosão, especi-
almente em áreas urbanas; [...]
V - o zoneamento e a definição de restrições de uso de áreas
inundáveis; [...]
VII - a implantação de sistemas de alerta e de defesa civil para
garantir a segurança e a saúde públicas em eventos hidrológicos adver-
sos;

Há instrumentos legais para a preservação do meio ambiental, entretan-


to, é necessário vontade política para que o futuro sustentável finalmente seja
possível. Entretanto, a legislação de proteção ambiental, uso do solo e a habi-
tação social são políticas associadas. O risco ambiental acompanha a desi-
gualdade social e deve ser freado.

2.4. Desenho ambiental urbano

Segundo Franco (1997) o desenvolvimento interconectado dos proces-


sos físicos de vida na terra, do clima, água, plantas e animais e a contínua
transformação e reciclagem dos materiais vivos e não vivos (bióticos e abióti-
cos) mantém, dessa forma, a resiliência da biosfera, que sustenta a vida na
Terra e a qual dá origem à sua paisagem. Esses processos naturais, contribu-
em para a forma física das cidades e os quais a modificam constantemente,
têm sido esquecidos pela sociedade, diante de uma política de tecnologia e
energia cujo as metas são mais econômicas que ambientais ou sociais.
38

Atualmente o Desenho da paisagem urbana continua a operar com a


premissa de que os processos ecológicos não ocorrem na cidade, ou têm pe-
quena relevância de desenho e forma.
O Desenho Ambiental urbano pode ser definido como a arte e ciência
dedicada à valorização da qualidade de vida das cidades; pessoas moram, en-
tão a base comum da forma precisa ser revista. Precisa integrar os recursos
naturais, arquitetônico e sociais que compõe a cidade; baseados em uma ética
ecológica atingindo sua resiliência. (FRANCO, 1997)
Os princípios de desenho responsáveis pela ecologia urbana ou pela
geração do suprimento de necessidades e oportunidades urbanas em função
dos recursos inerentes formam uma base alternativa para a linguagem do De-
senho Ambiental. Eles incluem os conceitos de processo de mudança tais co-
mo: economia do meio que implica economia de energia (pegada ecológica); a
diversidade como base para a compreensão dos processos ecológicos objeti-
vando a valorização do meio ambiente que traga, consequentemente, uma in-
tegração do homem com os processos naturais. (FRANCO, 1997)

2.5. Quota ambiental

O novo Plano Diretor de São Paulo, aprovado em 2014, Lei n° 16.050,


após sua aprovação foi elaborado uma nova diretriz para a Lei de Zoneamento
da cidade que incluiu um novo instrumento urbanístico que objetiva o enfren-
tamento dos problemas ambientais do território municipal, a Quota Ambiental.
Abrangendo questões ambientais como poluição atmosférica e das águas, ine-
ficiência da drenagem devido a impermeabilização do solo, as elevadas tempe-
raturas devido a redução da cobertura vegetal, padrões de urbanização pouco
sustentáveis e ameaça a biodiversidade podiam ser enfrentados com um con-
junto de ações integradas que compreendiam investimentos públicos e a regu-
lação do uso do solo, levando assim a criação do novo instrumento. A Quota
Ambiental estabelecia então um conjunto de regras de ocupação, fazendo com
que cada lote da cidade contribuísse com a melhoria da qualidade ambiental do
município nos processos de implantação de novas edificações ou reforma de
edifício existente. (SÃO PAULO, 2016)
39

São utilizados como parâmetros da Quota Ambiental para as edificações


os seguintes elementos: áreas ajardináveis sobre o solo e sobre a laje; cobertu-
ra verde; fachada verde; piso semipermeável com vegetação e sem vegetação;
vegetação composta por forração, arbusto, árvore de porte pequeno, árvore de
porte médio, árvore de porte grande e reservatório de retenção de águas pluvi-
ais. Exigindo que os novos empreendimentos atinjam uma pontuação mínima
relacionado à drenagem, microclima e biodiversidade. A pontuação mínima
varia conforme a localização, a dimensão do lote, e o nível de vulnerabilidade
ambiental encontrado na área. (SÃO PAULO, 2016) (Figura 6) (Figura 7)

Figura 6 - Parâmetros que podem ser utilizados para obter pontuação

Fonte: Adaptado do autor (SÃO PAULO, 2016)


40

Figura 7 - Simulação de aplicação dos parâmetros

Fonte: Adaptado do autor (SÃO PAULO, 2016)

Segundo Pozzer (2018) a implementação desse novo instrumento, pas-


sa a induzir a qualificação da área com a adoção de soluções construtivas con-
sideradas sustentáveis, diferente dos Planos Diretores mais antigos que exigia
simplesmente a adoção de áreas de terreno permeáveis.

2.6. Infraestrura Verde e Low Impact Devolpment

De acordo com Pozzer (2018) o frequente diálogo nas cidades brasilei-


ras sobre temas relacionados à permeabilidade do solo urbano, a implantação
de parques lineares e conexões verdes junto a rios urbanos, a Quota Ambien-
tal, apresentam influências de movimentos de escala internacional como: Low
Impact Development (LID) e Infraestrutura Verde (IEV). A Secretaria Municipal
41

de Desenvolvimento Urbano de São Paulo informou que a adoção de políticas


como a Quota Ambiental se baseou em parâmetros de uso consagrados em
outras cidades do mundo.
Existe uma extensa literatura sobre o significado do termo IEV, pode
conceituar a terminologia atrelada a palavra "verde" é devido à sua contribuição
nas funções de base estrutural e de integração da cidade. como os sistemas
viário, de energia ou de abastecimento de água.
Segundo Benedict e McMahon (2006), o termo corresponde a um con-
ceito e a um processo. O conceito de IEV influencia o planejamento urbano a
maximizar a inclusão de espaços verdes, enquanto seu processo se atenta a
aumentar os benefícios desses espaços, identificando seu potencial ecológico.
Caracterizando assim pelos autores a IEV como uma rede conectada de espa-
ços verdes que são planejados e manejados por seus valores de recursos na-
turais e pelo benefícios associados com as populações humanas. A Infraestru-
tura Verde pode contribuir com a identificação das áreas nas quais o desenvol-
vimento deve ser limitado, mapeando áreas de preservação ambiental e áreas
de inundações.
De tal modo que segundo (HERZOG, 2013) os espaços abertos urbanos
são no termo paisagístico, tratados para serem muito mais do que meras ações
de embelezamento urbano, mas também para desempenharem funções de
infraestrutura relacionadas ao manejo de águas urbanas, conforto ambiental,
biodiversidade, alternativas de mobilidade, acessibilidade e identidade local.
O sistema de IEV é entendo como uma rede que conecta territórios e
ecossistema, caracterizada por três elementos: os Hubs, os Links e os Sites.
Os Hubs apoiam a rede de IEV proporcionando espaços para a vegeta-
ção nativa e vida animal, sua dimensão e forma pode variar desde: grandes
reservas nacionais, florestas nacionais e estaduais, parques nos quais a carac-
terística natural foi protegida ou restaurada. Os Links são conexões que viabili-
zando a integração de todo o sistema, integrando os parques, as áreas de pre-
servação, sítios históricos e espaços recreativos. Esses Links se configuração
como eixos de conservação que abrangem rios, várzeas, corredores ecológi-
cos, criando uma estrutura de desenvolvimento ecológico que proporciona
oportunidades de atividades recreativas comportando como um cinturão verde.
42

Já os Sites apresentam-se como áreas menores que os Hubs, que não se inte-
gram ao sistema regional de conservação, mas tem contribuição ecológica e
social importante em escala local, protegendo o meio ambiente e proporcio-
nando espaços verdes de recreação para toda população. (BENEDICT, MAC-
MAHOM, 2006). (Figura 8)

Figura 8- Hubs, Links e Sites

Fonte: (POZZER, 2018) adaptado de (BENEDICT, MACMAHOM, 2006).

São inúmeros benefícios prestados pela incorporação do sistema de IEV


ao planejamento urbano, como: promover a infiltração, detenção e retenção
das águas das chuvas no local, evitando o escoamento superficial; filtrar as
águas de escoamento superficial; permitir a permeabilidade do solo; prover ha-
bitat para a biodiversidade; amenizar as temperaturas internas em edificações
e mitigar as ilhas de calor; promover a circulação de pedestres e bicicletas em
ambientes sombreados, agradáveis e seguros; diminuir a velocidade dos veícu-
los; conter encostas e margens de cursos d’água para evitar deslizamentos e
assoreamento. (HERZOG, 2013)
O conceito LID, refere-se a uma gestão ecológica das águas pluviais,
afim de sustentar a resiliência urbana sobre o regime hidrológico. Com objetivo
de restauração de regime hidrológico original do território, anterior à ocupação
urbana, utilizando tecnologias de desenvolvimento de baixo impacto ou enge-
43

nharia leve para gerenciamento das águas no local. (UNIVERSITY OF AR-


KANSAS COMMUNITY DESIGN CENTER, 2010).
As estratégias LID são divididas em sistemas de filtragem nos quais os
sedimentos do escoamento das águas de chuva eram contidos através de um
meio poroso tal como: areia, sistema radicular fibroso ou filtros artesanais; infil-
tração com o favorecimento da condução vertical do escoamento das águas
pluviais através do solo para a recarga dos lençóis freáticos; tratamento do es-
coamento das águas pluviais com a utilização de técnicas naturais utilizando
sistemas de fito remediação e colônias de bactérias (UNIVERSITY OF AR-
KANSAS COMMUNITY DESIGN CENTER, 2010). (Figura 9)

Figura 9 – Serviços do sistema LID

Fonte: Adaptado do autor


(UNIVERSITY OF ARKANSAS COMMUNITY DESIGN CENTER, 2010).

Segundo Pozzer (2019) no Brasil as aproximações desses temas da


Low Impact Development e Infraestrutura Verde nos Planos Diretores contem-
porâneos trazem a ideia do parque linear com uma abordagem semelhante à
dos corredores verdes que conectam uma rede de espaços estratégicos de
preservação ambiental.
44

2.3.3 Novos caminhos para drenagem urbana

Diferente das técnicas tradicionais de drenagem urbana, as abordagens


dentro da ecologia urbana partem da compreensão que o manejo das águas
demanda intervenções em toda a bacia hidrográfica e não somente nos canais,
como é comum na tradição da engenharia. São assim, uma forma de reestabe-
lecer as funções da natureza dentro da cidade, visando diminuir os impactos da
urbanização. A água é então contida na fonte, restabelecendo uma lógica mais
próxima do ciclo natural d'água, com diminuição do pico de vazão. (Figura 10)

Figura 10 - Comparação dos sistemas de drenagem

Fonte: Adaptado do autor


(UNIVERSITY OF ARKANSAS COMMUNITY DESIGN CENTER, 2010).

O princípio de dispersão dos dispositivos pela bacia e sua adequação às


diferentes escalas da composição urbana contempla, assim, a necessidade de
adequação das cidades através de um pensamento sustentável, englobando
tanto o que virá a ser construído, quanto a adaptação de áreas já consolidadas.
Dessa maneira, podem ser uma solução para a reversão dos problemas
urbanos gerados pelo crescimento informal da cidade, principalmente nos teci-
dos periféricos, localizados próximos a áreas de vulnerabilidade ambiental, re-
querendo soluções que se adaptem a todo o tecido, potencializando os diferen-
45

tes elementos urbanos, como lotes, calçadas, ruas e pequenas praças através
do pensamento da multifuncionalidade.
O planejamento urbano e o desenho ambiental possibilitam a sobreposi-
ção de conceitos e técnicas ao incorporar princípios e técnicas com capacidade
de respostas adequadas aos efeitos decorrentes das deficiências do sistema
de drenagem. (HERZOG, 2013)

2.3.4 Dispositivos LID

Dentro das estratégias estudadas, está listado abaixo alguns dispositivos


técnicos de IEV e LID, focando naqueles que podem ser aplicados sobre a pai-
sagem urbana e que tenham um maior potencial paisagístico.

I - JARDIM DE CHUVA

Caracteriza-se como uma depressão topográfica, existente ou


projetada para especialmente para receber as águas do escoa-
mento superficial das áreas de entorno, onde filtra e devolve as
águas aos lençóis freáticos, rios ou lagoas. A mitigação é feita por fito remedia-
ção, através da comunidade de plantas e solos. O solo é tratado com compos-
tos e demais insumos como pedriscos, que aumentam sua porosidade, age
como esponja ao sugar a água, enquanto micro-organismos e baterias remo-
vem os poluentes difusos trazidos pelo escoamento superficial. A adição de
plantas aumenta a evaporação e a remoção de nutrientes. Idealmente devem
possuir mecanismos de extravasamento para lidar com precipitações. São mais
eficientes em escalas menores, funcionando bem adjacentes a calçadas e em
áreas baixas de repouso dentro de uma propriedade. Tem sua capacidade limi-
tada pelo espaço disponível e pelas condições geotécnicas locais. (UNIVER-
SITY OF ARKANSAS COMMUNITY DESIGN CENTER, 2010) (Figura 11)

Aspectos técnicos relacionados a projeto:


46

1. Tipo de serviço: filtração; infiltração; tratamento


2. Localização na rede: a jusante das instalações de filtração, a montante
do tratamento primário.
3. Escala: 500 pés² ou 45 metros², para permitir irrigação entre pequenos
eventos de tempestades.
4. Regime de gestão: necessário a remoção ocasional de lixo e poda da
vegetação.
Figura 11 - Jardim de chuva

Fonte: Adaptado do autor


(UNIVERSITY OF ARKANSAS COMMUNITY DESIGN CENTER, 2010).

II – BIOVALETA

As biovaletas são depressões com vegetação, semelhantes aos


jardins de chuva, mas se diferenciam por sua principal função ser
a capacidade de tratar o escoamento de águas pluviais quando é
transportado, sem a infiltração no solo (características dos jardins de chuva). A
mitigação ocorre também por fito remediação. Geralmente são localizados ao
longo de estradas, unidades ou estacionamentos, podem exigir auxílio de ou-
47

tras tecnologias em casos de permeabilidade do solo limitada. (UNIVERSITY


OF ARKANSAS COMMUNITY DESIGN CENTER, 2010) (Figura 12)

Aspectos técnicos relacionados a projeto:

1. Tipo de serviço: filtração; tratamento


2. Localização na rede: a jusante das instalações de filtração, a montante
do tratamento primário.
3. Escala: 500 pés² ou 45 metros², para permitir irrigação entre pequenos
eventos de tempestades.
4. Regime de gestão: necessário a remoção ocasional de lixo e poda da
vegetação.
Figura 12 - Biovaleta

Fonte: Adaptado do autor


(UNIVERSITY OF ARKANSAS COMMUNITY DESIGN CENTER, 2010).
48

III - CANTEIRO PLUVIAL

Canteiro pluvial ou Filtro de caixa de árvore, é composto por um


recipiente cheio de solo alterado e plantado com uma árvore, co-
berto por cascalho para aumentar infiltração da água pluvial. Os
sistemas fitos remediação por meio de raízes das árvores, tratam e absorvem o
escoamento de águas pluviais capturado da rua para dentro do canteiro. A vida
as árvores são curtas, precisam ser substituídas a cada cindo anos. (UNIVER-
SITY OF ARKANSAS COMMUNITY DESIGN CENTER, 2010) (Figura 13).

Figura 13 - Canteiro pluvial ou Filtro de caixa de árvore

Fonte: Adaptado do autor


(UNIVERSITY OF ARKANSAS COMMUNITY DESIGN CENTER, 2010).
49

Aspectos técnicos relacionados a projeto:

1. Tipo de serviço: filtração ou infiltração (depende em qual sistema adota-


do deve ser utilizado no local).
2. Localização na rede: a montante dos sistemas de tratamento.
3. Escala: uma caixa para cada árvore urbana inserida na rede.
4. Regime de gestão: necessário a remoção ocasional de lixo; substituição
da árvore a cada cinco anos.

IV - BACIA DE FILTRAÇÃO

Bacia de filtração ou Filtro de areia de superfície, é composto por


um filtro de areia de superficial para tratamento de sedimentação
úmida/seca. Os filtros de areia recebem o primeiro fluxo de esco-
amento, fixando sólidos mais pesados na bacia de pré-tratamento. A água é
distribuída pelo filtro de areia para uma segunda filtração de poluentes. Filtros
de areia de superfície capturam nitratos, fosfatos, hidrocarbonetos, metais e
sedimentos. Eles também reduzem a descarga de pico coletando e retardando
o escoamento velocidade como a água flui através do filtro. São eficientes em
grandes áreas e utilizados em locais onde a qualidade da água é crítica. (UNI-
VERSITY OF ARKANSAS COMMUNITY DESIGN CENTER, 2010) (Figura 14).

Aspectos técnicos relacionados a projeto:

1. Tipo de serviço: detenção; filtração.


2. Localização na rede: a jusante de todo o sistema de controle de fluxo.
3. Escala: pequenas áreas de escoamento da bacia entre 1 a 10 acres ou
4046,86 metros² ou 40468,6 metros².
4. Regime de gestão: necessário a remoção ocasional de lixo, poluentes e
sedimentos restantes do processo.
50

Figura 14 - Bacia de filtração ou Filtro de areia de superfície

Fonte: Adaptado do autor


(UNIVERSITY OF ARKANSAS COMMUNITY DESIGN CENTER, 2010).

V - ALAGADOS CONSTRUÍDOS (WETLANDS)

Consiste em pântanos artificiais ou água permanente que oferece


um sistema ecossistemico completo de servios para tratar água
urbanas poluídas. São considerados um sistema de tratamento
abrangente, mais eficientes em grande escala e requer propriedades intríssicas
no local que é instalado, como em regiões de várzea. Alagados contruídos são
biofiltros ricos em diversidade, composto por uma vegetação mais expressiva e
variada, podendo ser submersa, flutuante, emergente ou fixa de folhas
flutuantes. (UNIVERSITY OF ARKANSAS COMMUNITY DESIGN CENTER,
2010) (Figura 15)
51

Aspectos técnicos relacionados a projeto:

1. Tipo de serviço: retenção; filtração; infiltração; tratamento


2. Localização na rede: instalado a montante do escoamento de água ou
dos corpos de detenção.
3. Escala: de zonas úmidas de bolso gerindo a 10 acres ou 4046,86 me-
tros² de drenagem para águas rasas pântanos que gerenciam mais de
25 acres ou 101171 metros² de drenagem.
4. Regime de gestão: necessário a remoção de lixo e sedimentos a cada
dois anos.
Figura 15 - Alagados construídos (wetlands)

Fonte: Adaptado do autor


(UNIVERSITY OF ARKANSAS COMMUNITY DESIGN CENTER, 2010).
52

VI - VEGETAÇÃO RIPÁRIA

Apresenta-se como uma faixa de vegetação diposta ao longo das


margens de um rio ou córrego, contribuindo para seus serviços
ecológicos. Essas faixas servem como uma forma barata de
amortecedores para proteger e melhorar a qualidade da água do ecossistema
local. Entre 50 a 85% das cargas poluentes da água pluviais podem ser
filtradas pelas tiras de vegetação, que também servem de estabilizantes contra
a erosão das encostras dos cursos d’águas. A largura da faixa é baseada no
contexto circundante do seu entorno, como, tipo de solo, declividade,
geomorfologia e cobertura vegetal, necesitando de uma gestão para remoção
dos resíduos sólidos e controle do acesso para a preservação da vegetação
ripária. É mais eficaz quando combinado com estratégias de atenuação de
fluxo para evitar o tratamento e retenção em alta velocidade. (UNIVERSITY OF
ARKANSAS COMMUNITY DESIGN CENTER, 2010) (Figura 16)

Aspectos técnicos relacionados a projeto:

1. Tipo de serviço: filtração; infiltração; tratamento.


2. Localização na rede: a jusante de todos os corpos d'águas.
3. Escala: 100 a 300 polegadas ou 2,54 a 7,62 metros de largura.
4. Regime de gestão: necessário a remoção de lixo e sedimentos e corte
na vegetação ripária ocasionalmente.
53

Figura 16 - Vegetação ripária

Fonte: Adaptado do autor


(UNIVERSITY OF ARKANSAS COMMUNITY DESIGN CENTER, 2010).

VII - TETO VERDE

Apresenta-se como uma cobertura vegetal plantada em cima do


solo com compostos orgânicos e areia, espalhado sobre uma
base composta por uma barreira de raízes, um reservatório de
drenagem e uma membrana à prova de água. Tetos verde absorvem água das
54

chuvas, melhoram o microclima urbano, contribuem para a eficiência


energética das edificações, criam habitat para seres silvestres, e
comprovadamente estende a vida da impermeabilização do telhado. Tetos
verdes extensivos, ou leves, tem seção estreita (15cm) com plantas de
pequeno porte. Tetos intensivos, possuem profundidade maior (20-60cm),
podem receber plantas de maior porte, como herbáceas, arbustos e até mesmo
pequenas árvores. (UNIVERSITY OF ARKANSAS COMMUNITY DESIGN
CENTER, 2010) (Figura 17)

Figura 17 - Teto Verde

Fonte: Adaptado do autor


(UNIVERSITY OF ARKANSAS COMMUNITY DESIGN CENTER, 2010).

Aspectos técnicos relacionados a projeto:


1. Tipo de serviço: filtração; tratamento
2. Localização na rede: início da rede, diretamente na fonte de escoamen-
to.
3. Escala: da edificação, de pequenas aplicações residenciais para gran-
des edifícios industriais.
4. Regime de gestão: inspeção da membrana do telhado, bem como pode
de vegetação e controle do fluxo de drenagem
55

VIII - PAVIMENTO POROSO

Corresponde ao conjunto de superfícies construídos que permitem


a infiltração da água no solo, seja por sua porosidade (asfalto ou
concreto poroso), seja por meio dos interstícios entre suas
unidades constituintes (blocos intertravados, paralepípedos, blocos vazados,
brita e pedriscos. (UNIVERSITY OF ARKANSAS COMMUNITY DESIGN CEN-
TER, 2010) (Figura 18)

Figura 18 - Pavimento Poroso

Fonte: Adaptado do autor


(UNIVERSITY OF ARKANSAS COMMUNITY DESIGN CENTER, 2010).

Aspectos técnicos relacionados a projeto:


1. Tipo de serviço: filtração; infiltração; tratamento
2. Localização na rede: aplicar a montante de sistemas de tratamento para
fornecer a remoção de sedimentos e reduzir o volume do escoamento.
3. Escala: de uma vaga de estacionamento a um estacionamento ou rua.
4. Regime de gestão: remoção de sedimentos à base de vácuo da pavi-
mentação; sistemas de pavimentação de relva precisam ser cortadas e
irrigadas para manter a vegetação.
56

2.3.5 Greenways ou Parques Lineares

As Greenways também conhecida como trilhas ou caminhos verdes,


configuram-se como um conjunto de "espaços verdes" conectados, voltados
para a preservação do meio ambiente dentro do território urbano, com a
capacidade de revitalizar áreas socioambientalmente degradadas. Sua entrega
de serviços ecológicos, econômicos e sociais garantem sea status como
importantes ferramentas de planejamento ambiental. (UNIVERSITY OF AR-
KANSAS COMMUNITY DESIGN CENTER, 2010) (Figura 19)

Figura 19 – Greenways, com detalhamento da aplicação sistêmica dos dispositivos LID.

Fonte: Adaptado do autor


(UNIVERSITY OF ARKANSAS COMMUNITY DESIGN CENTER, 2010).
57

Além de proporcionarem uma melhoria na qualidade ambiental, esse


caminhos viablizam novas alternativas de mobilidade urbana e regional através
de trilhas interligadas à natureza, nas quais podem ser instaladas atividades
recreativas. Os caminhos verdes são fundamentais para a grande escala de
tratamento de águas pluviais e proteção contra inundações, buffers vegetados
e bacias de inundação que minimizam a propriedade danos causados por
inundações. Representam como uma síntese da aplicação de todos esses con-
ceitos em busca da ecologia urbana.
Esse dispositivo sistêmico, estabelece uma estreita relação conceitual
com as propostas de parques lineares atualemente no Brasil, como previstas
no Plano Diretor de São Paulo. (POZZER, 2018).

2.3.6 Viabilidade dos dispositivos

Segundo Brito (2006) a escolha dos dispositivos é condicionada pela


análise das suas características físicas e das suas implicações sobre áreas
adjacentes. Assim, cada uma das técnicas deve ser confrontada com diversos
requisitos e implicações pertinentes, que podem ou não limitar seu emprego,
possibilitando a identificação do dispositivo viável para uma determinada situa-
ção. Questões como declividade do solo, condutibilidade hidráulica, posição na
bacia, nível das águas subterrâneas, entre outros, determinam a função dos
dispositivos de infiltração ou filtração, redução da velocidade de escoamento e
viabilizam determinadas técnicas em contraposição das outras. Além das con-
dicionantes naturais, é de extrema importância a existência de um mapeamen-
to das infraestruturas existentes no subsolo, já que têm grande interferência na
rede de infraestrutura verde. (Figura 20)
De acordo com Pereira, Martins e Martins (2019), as tipologias foram
analisadas e comparadas em uma tabela síntese seguindo diferentes critérios
como de função, escala, localização na rede e manutenção, comparando-os
com os equipamentos urbanos já instalados, visando uma maior eficiência do
sistema com a disposição das tipologias apresentadas. (Figura 21)
58

Figura 20 - Quadro infográfico das tipologias LID, categorizada por tipologias mecânicas
e biológicas e o seu tipo de função.

Fonte: Adaptado do autor


(UNIVERSITY OF ARKANSAS COMMUNITY DESIGN CENTER, 2010).

Figura 21 - Síntese para aplicação dos dispositivos de infraestrutura verde

Fonte: (PEREIRA, MARTINS E MARTINS, 2019)


59

3 REFERÊNCIAS PROJETUAIS

Neste capítulo destina-se à análise de projetos de recuperação ambien-


tal em áreas ao redor do mundo. Com climas e culturas diferentes e o mesmo
objetivo em todos os projetos: proporcionar melhoria na qualidade de vida ur-
bana aos cidadãos através da recuperação ambiental.

3.1. Cinturão-verde, Vitória-Gasteiz, Espanha

O Cinturão Verde (Figura 22) é o resultado de um projeto iniciado em


1990, o qual objetiva restaurar e recuperar as áreas periféricas da cidade Vito-
ria-Gasteiz. Essa requalificação se dá tanto do ponto de vista ambiental quanto
do social, visando a criação de uma grande área verde para uso recreativo em
torno da cidade. (SANTOS, 2016)

Figura 22 - Rede de parques do Cinturão Verde, Victória-Gasteiz, Espanha

Fonte: https://www.hoteldato.com/anillo-verde-vitoria-gasteiz/ | Acesso 02/05/2019


60

Durante 18 anos, grandes esforços foram realizados para restaurar a


paisagem e preparar para o uso público uma série de áreas ecologicamente
degradadas. Atualmente, o Cinturão Verde conta com 6 parques consolidados:
Armentia (Figura 23), Olarizu (Figura 24), Salburua (Figura 25), Zabalgana (Fi-
gura 26), Zadorra (Figura 27) e Errekaleor (Figura 28). No entanto, há uma sé-
rie de áreas degradas em torno da cidade que ainda necessitam ser trabalha-
das. Além disso, o sistema que interligará estes espaços verdes, através de
corredores ecológicos, ainda está em andamento. (SANTOS, 2016)

Figura 23 - Parque Armentia, utilizou da recuperação de uma antiga floresta negligencia-


da pela população, criando um espaço a céu-aberto para lazer passivo, Espanha

Fonte: https://www.hoteldato.com/anillo-verde-vitoria-gasteiz/ | Acesso 02/05/2019

Figura 24 - Parque Olarizu, é provavelmente o com menor diversidade de natureza, mas o


que tem maior número de ações de educação voltada ao meio ambiente, Espanha

Fonte: https://www.hoteldato.com/anillo-verde-vitoria-gasteiz/ | Acesso 02/05/2019


61

Figura 25 - Parque Salburuna, marcado por sua paisagem lúdica é constituído por áreas
verde-úmida com grande diversidade de fauna e flora, onde encontra se diversos miran-
tes para a contemplação da paisagem, Espanha

Fonte: https://www.hoteldato.com/anillo-verde-vitoria-gasteiz/ | Acesso 02/05/2019

Figura 26 - Parque Zabalgana, é resultado da recuperação de uma grande área degrada


criando um espaço de prazer e relaxamento para o cotidiano do cidadão, Espanha

Fonte: https://www.hoteldato.com/anillo-verde-vitoria-gasteiz/ | Acesso 02/05/2019

Figura 27 - Parque Zadorra, assim chamado pois acompanha todo os trechos do Rio
Zadorra, oferecendo áreas verde para recuperação da mata-ciliar e também hortas
urbanas para população, Espanha

Fonte: https://www.hoteldato.com/anillo-verde-vitoria-gasteiz/ | Acesso 02/05/2019


62

Figura 28 - Parque Errekaleor, serve como uma ligação entre outros parques e marca a
fronteira com a cidade de Llanada Alavesa, Espanha

Fonte: https://es.wikipedia.org/wiki/Errekaleor | Acesso 02/05/2019

Uma vez que a rede de parque estiver concluída, o Cinturão Verde será
composto por uma série contínua de espaços verdes para pedestres e ciclistas.
O cinturão oferece ambientes diversificados, como uma imensa riqueza de re-
cursos naturais. Florestas, rios zonas úmidas, prados, campos, bosques e se-
des são alguns dos ecossistemas que coexistem nas áreas periféricas da cida-
de. Alguns deles ganharam reconhecimento a nível internacional, pelo seu ele-
vado valor ambiental, como é o caso das zonas úmidas restauradas de Salbu-
rua ou do ecossistema do rio Zadorra. (SANTOS, 2016)
Do ponto de vista público e social, o Cinturão Verde oferece uma infini-
dade de oportunidades para caminhadas, lazer, para conectar-se com a natu-
reza. Além disso, está se tornando um local ideal para atividades e iniciativas
educacionais, destinadas a aumentar a sensibilização do público para as ques-
tões ambientais.
Localizado a uma curta distância do centro da cidade, os parques são
facilmente acessíveis a pé ou de bicicleta através de uma série de vias urbanas
recentemente concluídas.

3.2. Parque Madrid Rio, Madrid, Espanha

Os rios conectam as cidades com sua história, topografia e geografia.


Podem ser também espaços democráticos e de inclusão social, dando a pes-
soas de diferentes classes, origens e culturas as mesmas possibilidades de
acesso a sua orla. Essa é a opinião do arquiteto Ginés Garrido, responsável
63

pela revitalização da orla do rio Manzanares, em Madri, um projeto que trans-


formou uma área de rodovias em um dos maiores espaços de convivência da
capital espanhola e reconectou a população ao seu patrimônio natural.
(Figura 29) (SOARES, 2017)

Figura 29 - Rio Mazanares com projeto já implantado, Espanha

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/883041/intervencao-urbana-transforma-margem-do-rio-
em-area-de-convivio-publico-em-madri| Acesso 02/05/2019

O rio Manzanares atravessa a cidade no sentido noroeste seguido ao sul


e localiza-se na área urbana periférica. A falta de visibilidade que o rio tem na
cidade foi um dos motivos que levaram à sua degradação e abandono. Nos
anos 1960 e 70, o desenvolvimento industrial levou o instalação de comércio e
empresas no centro da cidade, por encontra-se ali maior disponibilidade de re-
sidências, enquanto a periferia da cidade foi ocupada por indústrias, região que
sofreu um esvaziamento de domicílios.
Esse processo levou à construção da rodovia M - 30, nas margens do rio
(Figura 30). A rodovia conecta os dois lados da cidade e ocupava a margem do
rio por aproximadamente 6km. O eixo viário, paralelamente, propunha o siste-
ma baseado em eixos verdes, similar a infraestrutura verde, co ma construção
64

de bulevares que garantiriam esses corredores biológicos. Entretanto, não foi o


que ocorreu e todo o espaço livre foi ocupado por asfalto e pistas de rolamento.

Figura 30 - Antes da intervenção, o rio Mazanares era apenas um entrave na paisagem e


na mobilidade da cidade, Espanha

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/883041/intervencao-urbana-transforma-margem-do-rio-
em-area-de-convivio-publico-em-madri| Acesso 02/05/2019

Tornando assim a rodovia M - 30 como uma barreira entre a periferia e o


centro da cidade, dificultando o acesso do pedestre de um ponto ao outro. A
rodovia é um dos anéis viários que dão acesso à diferentes saídas para todas
as regiões da península ibérica
A partir dos anos 80, logo após a inauguração da rodovia em 1974, inici-
ou-se sobre a relação entre o rio Manzanares e a poluição gerada pelo fluxo de
carros. Entretanto, somente nos anos 2000 a promessa de uma orla vegetada
e o controle do fluxo de veículos saiu do papel, levando à construção do Par-
que Madrid Rio, levando a modernização das rodovias, com objetivos de me-
lhoria da qualidade ambiental urbana, aliada ao aumento da mobilidade. (SO-
ARES, 2017)
65

Em 2005, a prefeitura lançou um concurso de ideias para o projeto futuro


parque linear do rio Manzanares (Figura 31). O escritório vencedor propôs um
parque conectado à diversas paisagens e histórias da cidade, assim como um
parque que estivesse em si conectado por uma identidade: surgia o projeto da
Madrid Rio. A equipe era composta por arquitetos espanhóis, Burgos & Garri-
do, Porras La Costa, Rubio Alvarez Sala, e por paisagistas holandeses do es-
critório West 8 Urban Design & Landscape Archtecture. (SOARES, 2017)

Figura 31 - Rio Mazanares com parque linear já implantando em suas margens, Espanha

Fonte: http://urban-e.aq.upm.es/miscelanea/view/parque-del-r-o-manzanares-madrid/full Aces-


so 02/05/2019

O desenvolvimento do projeto ocorreu ao mesmo tempo que as vias


eram enterradas e os túneis construídos (Figura 32). Uma das preocupações
do projeto era justamente integrar todas as tubulações de ar dos túneis as saí-
das de emergência com a identidade do parque.
66

Figura 32 - Diagrama dos túneis construídos e sua implantação

Fonte: http://urban-e.aq.upm.es/miscelanea/view/parque-del-r-o-manzanares-madrid/full Aces-


so 02/05/2019

O Parque Madrid Rio integrou ao seu projeto a edificação de um antigo


matadouro restaurado, hoje um centro cultural, e o já construído Parque de la
Argazuela. Além de todas as pontes, algumas novas, e elementos que contro-
lam a vazão do rio, construídos nos anos 50 e restaurados pelo valor arquitetô-
nico, também servem como travessia. O projeto custou 420 milhões de euros, o
que gerou polêmica e controvérsias até hoje sobre a sua realização. Foi entre-
gue em 2011, conforme o cronograma. (Figura 33)

Figura 33 - Diversidade de uso dentro do parque implantado, Espanha

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/883041/intervencao-urbana-transforma-margem-do-rio-
em-area-de-convivio-publico-em-madri | Acesso 02/05/2019
67

3.3. Parque Linear Bananal/Canivete, São Paulo, Brasil

Situado no extremo norte da cidade de São Paulo na subprefeitura Fre-


guesia do Ó, o parque foi implantado em 2010 em parceria com a subprefeitura
e a Secretaria Municipal de Habitação. Pertence a um conjunto de ações para
conter o crescimento urbano sob áreas de preservação permanente e definir os
limites de urbanização na Borda da Cantareira.
O projeto do parque propõe a recuperação das margens do córrego exis-
tente, implantação de equipamentos esportivos e de lazer e realocação da po-
pulação em área de risco que ali viviam em habitações irregulares e precárias,
além da estabilização de talude e a construção de calçadas acompanhando as
avenidas adjacentes. Compõe seu programa: quadra poliesportiva, playground,
caminhos, gramados, área de estar, pista de skate, pavimentação e habitação
de interesse social (Figura 34) (Figura 35) (Figura 36)

Figura 34 - Parque linear e habitação de interesse social já implantados, Brasil

Fonte: Guia de Parques Municipais de São Paulo, 2012


68

Figura 35 - Comunidade, Parque Linear e Habitação Social, Brasil

Fonte: Guia de Parques Municipais de São Paulo, 2012

Figura 36 - Área poliesportiva, pista de skate e comunidade, Brasil

Fonte: Guia de Parques Municipais de São Paulo, 2012


69

3.4. Reurbanização do Sapé, São Paulo, Brasil

A favela do Sapé situa-se na zona oeste de São Paulo e é cortado pelo


córrego de mesmo nome. As precárias habitações da favela ocupavam as
margens do córrego e até mesmo o próprio leito sob palafitas. (Figura 37)

Figura 37 - Habitações precárias encontradas na favela do Sapé, Brasil

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/796521/reurbanizacao-do-sape-base-urbana-plus-
pessoa-arquitetos | Acesso 02/05/2019

Em 2004 e 2010, não houve obras, foi o tempo necessário para regulari-
zação dos lotes, validação do direito e propriedade pela prefeitura, obtenção
das licenças ambientais e captação de verba para a reurbanização e habita-
ções". (ARRUDA, 2019)
O projeto foi realizado pelo escritório Base 3 Arquitetos. Inicialmente,
previa a remoção somente das famílias que se encontravam em área de risco e
nas áreas proibidas de construir na margem do córrego (Figura 38). Entretanto,
foram necessários obras para a instalação de infraestrutura, redes de água,
70

esgoto e energia, e também um sistema viário com duas novas ruas que ligas-
se a favela de um lado a outro (Figura 39). E, por último, para a construção das
novas unidades habitacionais foram necessários glebas livres de terreno (Figu-
ra 40). Portanto, ao final do projeto, 1 177 unidades tiveram que ser removidas
e realocadas para as novas construções no mesmo local.

Figura 38 - Remoção da favela Sapé, São Paulo

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/796521/reurbanizacao-do-sape-base-urbana-plus-
pessoa-arquitetos | Acesso 02/05/2019

Figura 39 - Reurbanização de favela e recuperação do Córrego Sapé, Brasil

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/796521/reurbanizacao-do-sape-base-urbana-plus-
pessoa-arquitetos | Acesso 02/05/2019
71

Figura 40 - Projeto de urbanização e habitação de interesse social, Brasil

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/796521/reurbanizacao-do-sape-base-urbana-plus-
pessoa-arquitetos | Acesso 02/05/2019

Foram construídas as novas habitações, atualizando o sistema viário e


implantando um parque linear ao longo do córrego. O projeto também tinha a
preocupação de destacar os ciclista e pedestre no novo sistema viário, por is-
so, a velocidade permitida para os carros é reduzida e não há guia rebaixada,
distinguindo a calçada e a rua.
Além disso, há pontes passagens permitindo a integração do tecido ur-
bano à mobilidade dos moradores. Também há corrimãos garantindo a segu-
rança. No córrego, foi escolhido o uso do gabião para o muro de contenção,
por ser um material completamente permeável.
Em entrevista para a Arruda (2019), uma das arquitetas responsáveis
Marina Grinover, contou que a legislação referente às águas e rios é "severa e
pertinente" e que é difícil conseguir fazer com que o contato com o rio seja
agradável. Uma maneira de valorizar esses espaços, foi integra-lo a elementos
urbanos, como passeios, ciclovias, áreas de lazer, árvores e bancos, unindo
programa e terreno e fazendo com que todos ganhassem vida.
(Figura 41)
72

Figura 41 - Perspectiva da proposta de reurbanização do córrego Sapé, Brasil

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/796521/reurbanizacao-do-sape-base-urbana-plus-
pessoa-arquitetos | Acesso 02/05/2019

O projeto está em fase de finalização, as habitações foram entregues e


as obras do parque linear seguem em construção. (Figura 42)

Figura 42 - Adequação do leito fluvial, andamento das obras, Brasil

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/796521/reurbanizacao-do-sape-base-urbana-plus-
pessoa-arquitetos | Acesso 02/05/2019
73

3.5. Parque do Cocó, Ceará, Brasil

O projeto vencedor do concurso do Parque do Cocó em Fortaleza, Ceará,


mostra-se como uma resposta na chave da integração entre os sistemas urba-
nos e os ciclos e recursos da natureza. Onde toma partido da preservação den-
tro de um raciocínio em que a sociedade faça parte dos processos de desen-
volvimento, preservação e ocupação do parque. Reconhecendo e fortalecendo
o valor deste patrimônio na vida cotidiana do cidadão que é o usuário de toda
essa obra arquitetônica. (Figura 43) (Figura 44)

Figura 43 - Perspectiva da área náutico do parque

Fonte: Cota 760 (2019)

Figura 44 - Integração da população por meio de um deck de madeira, que integra o pro-
grama de atividades do parque.

Fonte: Cota 760 (2019)

Reconhecendo estes valores, criam -se novas possibilidades de relacio-


namento da sociedade com o meio ambiente, onde eles mesmas passariam a
74

aprender com os processos naturais do parque e assim contribuir ativamente


para sua manutenção e desenvolvimento. Ao estabelecer esta integração é
possível desenhar novas estratégias de ocupação e programas de desenvolvi-
mento econômico sustentável aliado à biodiversidade do parque. Gerando mo-
dos de ocupar, novos modos de preservar, e novos modos de desenvolver,
estabelecendo parâmetros alternativos capazes de viabilizar o uso do parque
preservando sua relevância ecológica. (Figura 45)

Figura 45 - Biodiversidade integrada ao projeto, mostra a busca pelo desenvolvimento
sustentável dentro do parque

Fonte: Cota 760 (2019)

O projeto divide-se internamente em quatro núcleos programáticos.


Permitindo criar para a intervenção, tendo desenhos e atividades aderentes à
realidade ambiental e especificidade do entorno de cada núcleo. (Figura 46)
75

Figura 46 - Nucleação programático dentro do parque, apresentando quatro núcleos, com a dispo-
sição das atividades socioeconômicas dentro da intervenção.

Fonte: Cota 760 (2019)

Os núcleos dividem-se em:

• ESPORTE: com atividades de lazer no entorno da grande lagoa conec-


tando suas margens. Instalação de escola de esportes náuticos, quadras
poliesportivas e pista de skate; ruas abertas para esportes e caminhada.
(Figura 47) (Figura 48)
• MEMÓRIA: valorização institucional do histórico de criação do parque
estadual, da memória das culturas locais, e das ações pela preservação
da natureza no entorno do rio Cocó.
• LABORATÓRIO DA NATUREZA: promoção da pesquisa do ecossiste-
ma de mangue que predomina dentro do parque, com a implementação
de uma área de pesquisa e observação como também a qualificação
profissional; núcleo de gestão das ações de recuperação ambiental.
• BEIRA-MAR: redesenho da foz do encontro do rio com o mar, estabele-
cendo uma relação de mirante com o lugar ao fortalecer o turismo eco-
lógico. Infraestrutura de turismo sustentável.
76

Figura 47 - Implantação do núcleo esportivo

Fonte: Cota 760 (2019)

Figura 48 - Planta da área 1 - Aerolândia

Fonte: Cota 760 (2019)

A gestão das águas é ponto que ganha mais destaque, abordando os


conceitos de ecologia urbana. A proposta segue dois focos principais, drena-
gem urbana integrada ao paisagismo por meio de sistemas sustentáveis que
tratam a água escoada ao longo do sistema; e tratamento de esgoto com a
concepção de estações descentralizadas de tratamento, buscando maior flexi-
bilidade dentro do sistema. (Figura 49)
77

Figura 49 - Estação compacta de tratamento de esgoto com alagados construídas

Fonte: Cota 760 (2019)

O entendimento dos sistemas ecológicos que atuam no parque foi um fa-


tor determinante para a implementação dos dispositivos para garantir a susten-
tabilidade dos processos ambientais. Diante da alta capacidade de resiliência
do mangue, basta garantir o equilíbrio e regime hídrico, para que a fauna e flo-
ra nativas se recuperem. (Figura 50)

Figura 50 - Processos ecológico do bioma predominante; cadeia alimentar do mangue

Fonte: Cota 760 (2019)


78

4 SUB-BACIA HIDROGRÁGICA DO RIO MANDU

O conjunto de córregos e rios de uma determinada área que escoam à


um fundo de vale em comum é identificado como uma bacia hidrográfica. O
território é composto por diversas nascentes, córregos e rios. E, portanto, é
possível identificar diferentes escaldas de bacias hidrográficas, constituindo
bacias e sub-bacias ou microbacias.
A sub-bacia hidrográfica do rio Mandu pertence à sub-bacia do rio Sapu-
caí, afluente da bacia do rio Grande. Com área de 50.060,50 ha, abrange áreas
dos municípios de Ouro Fino, Borda da Mata, Estiva e Pouso Alegre, no sul do
Estado de Minas Gerais. Sua altura é de 1.060 metros, em relação ao nível do
Mar. Sua extensão é de aproximadamente 50 km e sua profundidade varia de
0,30 m a 4 metros. Deságua no Rio Sapucaí - Mirim em Pouso Alegre indo em
direção ao rio Grande. (RIBEIRO, 2014) (Figura 51)

Figura 51 - Localização da sub-bacia hidrográfica do rio Mandu, sul de Minas Gerais

Fonte: (RIBEIRO, 2014)

4.1. Histórico

Segundo Queiroz (1948), o nome Mandu do rio derivou do nome tupi-


guarani mandi-yu (mandi = peixe e yu = amarelo), em função da abundância
destes peixes no rio.
No passado, o Mandu era um rio piscoso, a tal ponto que a gordura dos
peixes dava liga à argamassa as primeiras construções da época. As águas
dos rios eram puras e transparentes, exuberante com suas matas e peixes,
79

encantando as bandeiras que adentraram a região no século XVI, em busca de


ouro. (QUEIROZ, 1948)

4.2. Situação atual

A partir dos levantamentos realizados por Barbosa (2017), a bacia hidro-


gráfica atualmente encontra-se em uma situação regular, intermediária em ter-
mos de sustentabilidade analisados pela autora. Necessitando de um planeja-
mento ambiental partindo de medidas conservacionistas e mitigadoras para
garantir sua resiliência e sustentabilidade nos próximos anos, devido a grande
tendência de crescimento na região, implicando em maiores impactos sobre a
sub-bacia do rio Mandu.
Já Ribeiro (2014) em seu relatório de vulnerabilidade ambiental e ero-
são hídrica, descreve os pontos mais críticos da bacia atualmente e nos afirma
que na maior parte da bacia os usos atualmente encontram-se inadequados
(Figura 52). Necessitando da implantação de áreas de preservação permanen-
te. As áreas utilizáveis, precisam ser manejadas adequadamente, principal-
mente das pastagens que são o uso mais frequente, contribuindo para atenua-
ção dos impactos ambientais como forme de mitigar as áreas de vulnerabilida-
de ambiental muito forte (Figura 53).
De acordo com ANA (Agência Nacional de Águas), o rio Mandu abaste-
ce a população urbana de Pouso Alegre em aproximadamente 70% do volume
total com população estimada de 145.535 habitantes. Já em Borda da Mata,
cuja população estimada foi de 18.873 habitantes, o atendimento 100% o mu-
nicípio por meio da captação no ribeirão Mandu. Esses dois municípios foram
destacados, pois compõem a área majoritária da sub-bacia do Rio Mandu. Em
Ouro Fino, por exemplo, encontra-se o a nascente do Rio Mandu, porém a área
da bacia presente nesse município corresponde a uma pequena porcentagem
em relação à área total da bacia. (BARBOSA, 2017)
80

Figura 52 - Mapa de uso e cobertura do solo da sub-bacia hidrográfica do rio Mandu

Fonte: (RIBEIRO, 2014)

Figura 53 - Mapa de vunerabilidade ambiental da sub-bacia hidrográfica do rio Mandu,


com ponderações (A) e sem ponderação (B) de fatores subjulgados

Fonte: (RIBEIRO, 2014)


81

5 ESCALA MACRO

Dentro dessa escala é abordado a cidade do objeto de estudo, Borda da


Mata, localizada ao sul do Estado de Minas Gerais, integrante da microrregião
de Pouso Alegre. Pertencente ao Bioma Mata Atlântica, situa-se a 849 m de
altitude, geograficamente, sua latitude é 22° 16' 27'' Sul e a l6'1" longitude: 46°
9' 56'' Oeste. Tem como limite ao norte os municípios de Congonhal, Senador
José Bento, Ipuiuna, a oeste Ouro Fino e Inconfidentes, ao sul Tocos do Mogi e
Estiva, a leste Pouso Alegre. Segundo o sendo do IBGE (2017), tem população
de 17 118 habitantes, extensão de 301,10 km², densidade demográfica de 56,8
hab/km² e índice de desenvolvimento humano municipal - IDHM de 0,730.
(Figura 54)

Figura 54 - Foto aérea do município de Borda da Mata - MG

Fonte: GOOGLE EARTH PRO (2019)


82

5.1. O município

Datam do século XVI as primeiras penetrações de bandeirantes nesta


região do Sul de Minas partiam de Taubaté no Vale do Paraíba até Campanha
do Rio verde ou para Jacuí, este último passava as margens do rio Mandu na
região de Ouro Fino, local onde devido as lavras de ouro encontradas se for-
maria um novo arraial denominado Campo do Mandu (hoje Pouso Alegre), e
mais tarde com o avanço pela região, ainda nas margens do Mandu com o en-
contro do rio Mogi entre esses dois povoados, surgiria a semente de um novo
arraial. Inicialmente como um modesto bairro com o nome de Borda do Campo,
depois passou a se chamar Borda do Mandu, sendo apenas mais tarde com
crescimento do povoado definitivamente o nome passou a Borda da Mata
(BERTOLACCINI, 1999).
A descrição geográfica mais antiga da paisagem onde hoje encontra-se
o município descrita por Veiga (1874), onde o relato descreve as colinas que
conformam o arraial onde se instalara o povoado, circundado por formosos
campos cobertos de pastagens que formam essa borda de vegetação que co-
briria o futuro município, e no fundo do seu vale um ribeirão calmo com água
viscosa e transparente, que quando sol bate, reflete sua abundancia de pedras
preciosas e vida abundante.
Dentre os municípios do Sul de Minas, encontramos bastante semelhan-
ça na formação e na composição de seu traçado original. De acordo com Tei-
xeira (1999), a maior parte das vilas brasileiras do século XVIII tem por base
quadriculado ortogonal organizada em torno de uma praça central, alguma des-
tas cidades tinham mais de uma praça subsequente, com funções distintas,
afim de continuar a tradição das múltiplas praças portugueses. É sobre a estru-
tura ortogonal e das praças que se definem sua estrutura global. (Figura 55)
83

Figura 55 - Mapa da nova Villa Viçosa em Portugal, 1769, bem retratado o modelo reticu-
lado ortogonal proposto pelos portugueses com diversas praças compondo sua estrutu-
ra urbana. Modelo também utilizado para a fundação das vilas do século XVIII no Brasil.

Fonte: TEIXEIRA (1999)

No final do século XIX, Borda da Mata mantinha-se como distrito de


Pouso Alegre, sua área urbana abrangia apenas a região centro, a chegada da
estrada de ferro Sapucaí, trouxe um grande progresso para toda a região. A
ferrovia ocupou por limitações técnicas as áreas mais baixas da região, sendo
instaurada as margens do Rio Mandu dentro do município. Esse fato levou ao
aparecimento dos primeiros rastros de urbanização para as áreas de fundo de
vale do município, como a estação ferroviária, a casa do maquinista e demais
funcionários, que antes eram ocupadas por pequenas fazendas. (Figura 56)
O grande avanço com a estrada de ferro, fez Borda da Mata tornar-se
parte integrante de uma importante rota comercial, sendo elevada a município
em 1923. Isso levou o direcionamento da cidade, perto do eixo de desenvolvi-
mento econômico levando o aparecimento de ocupações bem próximas a cur-
sos d’águas, que hoje encontram-se em situações mais críticas. (Figura 57)
84

Figura 56 - Evolução urbana, 1900 - 1921 Figura 57 - Evolução urbana, 1921 - 1940

Fonte: Elaborado pelo autor


Fonte: Elaborado pelo autor

Durante a década de 1960, a expansão da indústria automobilística e o


incentivo de políticas públicas como os PDD, incentivou a ampliação do siste-
ma rodoviário em detrimento do ferroviário por todo o país. Consolidando assim
o automóvel como principal matriz de transporte. Esses fatos acarretaram a
construção da rodovia estadual MG - 290 durante este período, ocupando tam-
bém a área de fundo de vale um pouco elevada da ferrovia, pois seguia apenas
aspectos geométricos e geotécnicos visando o menor custo para construção
(LISBOA, 2002). Coexistente a isso levou o município a instalar suas principais
atividades econômicas as regiões lindeiras a rodovia, atraindo a urbanização
para a área de fundo de vale, alterando completamente o uso dessa área que
antes era ocupadas por fazendas. (Figura 58)
A ocupação dessas áreas foi agravada por outro programa do governo
federal o Pró - Várzea, 1980, que incentivava a drenagem de regiões de acú-
mulo fluvial (várzeas) e outros recursos hídricos, com a finalidade de promover
o aproveitamento racional de áreas de várzea para loteamentos e agricultura.
(RICCI, 2013). Levando a um modelo de ocupação higienista, que alterou o
curso natural dos principais afluentes de Borda da Mata, sendo o município
responsável pelos córregos urbanos, entre os principais o Três Barras e Amo-
reiras, e o estado, pelo Rio Mandu. (NASCIMENTO, 2019) (Figura 59)
85

Figura 58 - Evolução urbana, 1941 - 1960 Figura 59 - Evolução urbana, 1961 - 1980

Fonte: Elaborado pelo autor Fonte: Elaborado pelo autor

No período a década de 1990, é marcado concessão da gestão de abas-


tecimento e saneamento do município. Substituindo o antigo Departamento
Municipal de Água e Esgoto - DMAE que fazia captação por meio de poços
artesianos e não oferecia esgoto tratado, pela companhia mista COPASA, ago-
ra é abastecido pela águas do rio Mandu por meio de bombas de abasteci-
mento, e o esgoto canalizado até os rios Amoreiras e Três Barras direcionando
para a Estação de Tratamento de Esgoto - ETE no rio Mandu. Junto a isso
ocorreu a retificação de rios urbanos e a canalização do rio Amoreiras, agra-
vando assim a questão da drenagem pluvial, e detrimento da qualidade das
águas urbanas. (BRANDANI, 2019) (Figura 60)
A virada do século é marcada pela mudança na matriz econômica, com
a chega das indústrias de confecção e têxtil, integrando o município ao Circuito
Regional das Malhas do Sul de Minas. A facilidade de escoamento na produ-
ção, levou essa industrias a se instalarem as margens da rodovia, ocupando
áreas de várzeas muito próximas a cursos d'água. Essa mudança econômica
agravou ainda mais os impactos sobre as áreas vulnerabilidade ambiental, pre-
judicando a qualidade dos cursos d'águas com o descarte de efluentes indus-
triais. (Figura 61)
86

Figura 60 - Evolução urbana, 1981 - 2000 Figura 61 - Evolução urbana, 2000 - 2019

Fonte: Elaborado pelo autor Fonte: Elaborado pelo autor

5.2. Legislação Municipal

O crescente desenvolvimento do município a partir de 2000, levou a ela-


boração de um Plano Diretor de Desenvolvimento em 2004, como forma de
ordenar a gestão dos recursos e ocupação da cidade.
Propõe um zoneamento (Figura 62) adequado a cidade em questão,
mas sem a interação com o meio ambiental dentro do planejamento, prevendo
a retificação e canalização e rios, prevendo eixos de desenvolvimento dentro
da cidade. As medidas compensatórias a canalização do córrego das Amorei-
ras não foram concluídas em totalidade como a criação do Horto Municipal já
existente e o Parque Municipal ainda não existente, demonstram a falta de pre-
ocupação com a questão ambiental para dentro do meio urbano.

5.2.1 Zoneamento Urbano

Art. 20 - A ocupação e o uso do solo na Zona Urbana de Borda da Mata


ficam estabelecidos pela definição e delimitação das seguintes zonas, conside-
rando-se a proteção ao meio ambiente, ao patrimônio histórico e cultural, a dis-
ponibilidade de infraestrutura, o meio físico, a capacidade de adensamento e o
grau de incômodo e poluição causados ao ambiente urbano:
87

I – Zona de Usos Mistos – ZUM, que corresponde às áreas urbanas


ocupadas e aquelas ainda vazias mas propícias à ocupação, pelas condições
do sítio natural, pela infraestrutura instalada e/ou pela possibilidade de sua ins-
talação, onde a ocupação se caracteriza por usos múltiplos como residências,
comércio, serviços, uso institucional, compatíveis com o uso residencial, permi-
tindo a continuidade desses usos e obedecendo às restrições ambientais.
II – Zona Central – ZCE, que corresponde às áreas do centro tradicional
da cidade, onde a concentração de usos comerciais e de prestação de serviços
se acha consolidada, onde o adensamento é permitido pelas condições do sítio
natural e pela infraestrutura instalada e/ou pela possibilidade de sua instalação
e/ou complementação, desde que sejam internalizados aos próprios terrenos e
estabelecimentos os efeitos causados ao funcionamento do sistema viário, pela
atratividade de pessoas ou demanda de área de estacionamento e pela neces-
sidade de movimentos de veículos para carga e descarga.
III – Zona Comercial Principal – ZCP, que corresponde aos terrenos lin-
deiros à MG-290, adequados ao predomínio dos usos econômicos diversifica-
dos como comércio, serviços, indústrias de pequeno porte não poluentes, sem-
pre obedecendo às restrições ambientais e desde que sejam internalizados aos
próprios terrenos os efeitos causados ao funcionamento do sistema viário, pela
atratividade de pessoas ou demanda de área de estacionamento e pela neces-
sidade de movimentos de veículos para carga e descarga;
IV – Zona Industrial Diversificada – ZID, que corresponde às áreas mar-
ginais à MG-290, que apresentam boas condições de acessibilidade e oferta de
infraestrutura, efetiva ou potencial, adequadas aos usos econômicos diversifi-
cados e industriais de médio e grande porte, desde que sejam minimizados os
impactos sociais e aqueles causados ao meio ambiente e sejam internalizados
aos empreendimentos os efeitos causados ao funcionamento do sistema viário,
pela atratividade de pessoas ou demanda de área de estacionamento e pela
necessidade de movimentos de veículos para carga e descarga;
V – Zona de Proteção Ambiental – ZPA, que corresponde às áreas com
cobertura vegetal significativa e às áreas de preservação permanente relativas
aos recursos hídricos, medidas a partir da crista do talude do curso d’água,
não-passíveis de ocupação.
88

Art. 21 - Além das zonas descritas, integram o zoneamento do Município as


seguintes Áreas de Interesse Especial:

I – Área de Interesse Cultural – AIC I, que corresponde ao eixo denomi-


nado Eixo Cultural, composto pelos seguintes logradouros públicos e seus ter-
renos lindeiros: Praça Antônio Megale, Praça Nossa Senhora do Carmo, Praça
Monsenhor Pedro Cintra, Avenida Alvarina Pereira Cintra, devido à sua impor-
tância como referencial simbólico para a comunidade, o qual deverá ser objeto
de preservação e proteção.
II – Áreas de Interesse Urbanístico – AIU I, II e III, que correspondem:
a) AIU I – às áreas destinadas à implantação da Avenida Sanitária João
Olívio Megale, recuperando e saneando o fundo de vale e atuando como
elemento articulador e indutor do crescimento da cidade, oferecendo al-
ternativa de circulação e localização de atividades econômicas;
b) AIU II – às áreas às margens da MG-290, no trecho entre rua Berna-
dete Megale e o portal da cidade, sentido Ouro Fino, incrementando a
dinâmica urbana da sede municipal, recuperando áreas degradadas e
criando novas áreas de proteção ambiental, dentro de um projeto de de-
senvolvimento sustentável, mediante a canalização/retificação do Córre-
go Três Barras, nos termos da legislação ambiental vigente;
c) AIU III – às áreas destinadas à implantação do Anel de Contorno da
MG-290, retirando do centro da cidade o tráfego de passagem, preser-
vando e ampliando sua qualidade de vida e a segurança dos munícipes.
III – Áreas de Interesse Ambiental – AIA I e II, que correspondem:
a) AIA I – aos terrenos destinados à implantação do Horto Florestal Mu-
nicipal, como medida compensatória pela intervenção em áreas de pre-
servação permanente ao longo da Avenida Sanitária João Olívio Megale
e pela recuperação onde possível, drenagem e regularização, nos ter-
mos da legislação urbanística e ambiental vigente, de áreas parceladas
e/ou ocupadas atualmente em alagadiços e nascentes;
89

b) AIA II – aos terrenos destinados à implantação do Parque Municipal,


também como medida compensatória pela implantação da Avenida Sani-
tária João Olívio Megale e pela recuperação onde possível, drenagem e
regularização de áreas parceladas e/ou ocupadas atualmente em vár-
zea.

Figura 62 - Zoneamento urbano

Fonte: Elaborado pelo autor

5.2.2 Preservação do Meio Ambiente

Art.103 – A política de preservação ambiental terá como diretrizes:

I – promover a atuação integrada das políticas sociais, de desenvolvi-


mento econômico, infraestrutura e urbana à preservação ambiental;
90

II – implementar a estrutura institucional necessária à gestão ambiental


no município, promovendo a participação social;
VIII – preservar e recuperar as matas ciliares em todo o território munici-
pal;
IX – preservar e recuperara as áreas de nascentes e a vegetação de en-
torno;
XIV – promover o tratamento paisagístico e urbanístico dos fundos de
vale, com enfoque integrado e sustentável;
XV – recuperar áreas ocupadas em alagadiços e nascentes;
XVI – recuperar e manter as áreas verdes públicas, buscando a ocorrên-
cia de, no mínimo, uma área verde pública por bairro;
XVII – estimular a adoção de técnicas alternativas de pavimentação de
vias, como forma de evitar a impermeabilização do solo;

5.2.3 Saneamento Ambiental

Art. 134 – Deverão ser coibidas as ocupações urbanas próximas dos


talvegues de cursos d´água perenes ou intermitentes na área urbana, evitando
riscos de vida e a necessidade de desapropriações e execuções de obras dis-
pendiosas.
Art. 135 – Deverão ser implantadas concepções alternativas de canali-
zação, de forma a proteger os fundos de vale, evitando o aumento de áreas
impermeabilizadas e favorecendo a conservação dos recursos hídricos.
Art. 137 – Implementar o Horto Municipal como área verde e de amorte-
cimento de precipitação pluviométrica.
Art. 138 – Os córregos não canalizados deverão ser recuperados e in-
corporados à paisagem urbana, e deverão ser dotados de interceptores de es-
goto.
Art. 139 – Na concepção dos sistemas de drenagem pluvial, devem ser
preferidos, dentro do possível, os dispositivos superficiais aos subterrâneos.
91

5.3. Dados na escala municipal

5.3.1 Áreas verdes

Grande parte do perímetro urbano está degradado, sendo predominante


pastos e cultivos antrópicos, como demonstrado na carta (Figura 63). As áreas
que ainda apresentam vegetação nativa estão localizadas dispersas principal-
mente pelos cursos d'água, sendo que as nascentes se apresentam em sua
maioria expostas, sem cobertura vegetal.

Figura 63 - Áreas verdes

Fonte: Elaborado pelo autor


92

A área urbanizada apresenta apenas praças como áreas verdes, com


destaque para a praça longa , a pouca arborização em seu sistema viário.
Segundo o PDD (2004) há diretrizes para implementação de um horto e
parque municipal como forma de compensação ambiental; apenas o horto mu-
nicipal está demarcado dentro dos mapas anexos e que hoje encontra-se
abandonado, o parque municipal encontra-se apenas como diretriz, podendo
ser base para o planejamento ambiental proposto.
O município é de pequeno porte, apresenta baixa densidade com pre-
dominância de casa térreas e sobrados, de tal modo que possui disponibilidade
de áreas livres para a recuperação ambiental e implementação de equipamen-
tos urbanos, qualificando o meio socioambiental.

5.3.2 Hidrografia

Em Borda da Mata, a hidrografia (Figura 52) da sub-bacia está a maior


parte degradada, principalmente pela falta de sua mata ciliar, tratamento de
esgoto, e tipos de usos indevidos próximos a eles. Necessitando de um plane-
jamento para que consiga entrar em resiliência com o meio urbano.
O seu principal afluente é o rio Mandu, que é responsável por todo o
abastecimento municipal, sofreu alterações em seu cursos e várzea por meio
do programa do governo federal Pró-Várzea, mesmo tendo sofrido essas alte-
rações continua em épocas de cheias ocupando toda sua área de várzea com
o leito do rio, trazendo risco para as populações adjacentes a eles.
Outros importantes córregos que contribuem para o rio Mandu são: o
Três Barras, afluente que sofreu alteração também pelo município prevendo a
construção de uma avenida do contorno e ocupação de suas várzea, o Amorei-
ras que em sua parte foi canalizado para implementação de uma grande aveni-
da para desenvolvimento do município, e o Carmelina que sofreu retificação,
mas não canalização devido a pressões da população que impediram que to-
massem o mesmo destino do Amoreiras. Esses córregos estão situados dentro
da malha urbana e são responsáveis por direcionar o esgoto até o rio Mandu, o
93

que agrava sua depredação mais ainda, impedindo o contato da população


com os afluentes naturais que compõe a cidade. (Figura 64)

Figura 64 - Mapa de Hidrografia no perímetro urbano de Borda da Mata

Fonte: IBGE (2010). Adaptado pelo autor

Segundo ANA (2010) o abastecimento de água do município, é feito pela


captação do rio Mandu, que é tratado por uma Estação de Tratamento de Água
- ETA e distribuído na cidade por estações elevatórias. (Figura 65)
94

Figura 65 - Esquema de Abastecimento De Água em Borda da Mata

Fonte: ANA (2010).

Já o sistema de coleta e tratamento de esgoto segundo relatórios da


ARSEA (2016), atende 92,13% da população, fazendo o uso dos córregos
Amoreiras e Carmelina para descarte dos efluentes urbanos e as águas pluvi-
ais. Partem desses córregos em direção ao rio Mandu, corpo receptor de maior
capacidade, que em sua jusante encontra-se uma Estação de Tratamento de
Esgoto - ETE. Existe uma segunda ETE na parte superior do município que
trata os efluentes do rio Mogi. (Figura 66)
De acordo com relatórios da ARSEA (2016), o sistema atual trata cerca
de 93% em média os esgotos coletados. A eficiência média da ETE do rio
Mandu é de 78% em sua capacidade de tratamento. Sendo que a segundo
ANA (2016) a Capacidade de Diluição do Corpo Receptor encontra-se no es-
tado Ruim/Péssima, sendo o ponto mais crítico dentro do sistema de sanea-
mento básico do município.
95

Figura 66 - Esquema atual do Sistema de Tratamento de Esgoto em Borda da Mata

Fonte: ANA (2016).

Esses dados demonstram a falta de preocupação com a questão ambi-


ental dentro da infraestrutura de saneamento básico do município. A poluição
do rio Mandu é agravada pelas condições atuais que seu corpo e leito se en-
contram . Encontra-se em situação crítica, pela quase inexistência de sua mata
ciliar, preservação de suas várzeas e alteração em seu curso, desfazendo seus
antigos meandros. (Figura 67) (Figura 68) (Figura 69) (Figura 70)
96

Figura 67 - Situação do leito no perímetro Figura 68 - Situação do leito no perímetro


urbano urbano

Fonte: Acervo do autor


Fonte: Acervo do autor

Figura 69 - Situação atual do corpo d'água Figura 70 - Situação das várzeas

Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

O órgão federal ANA (2016), propõe metas a serem atingidas até 2035 (Figura
71), para melhorar a gestão das águas urbanas referente ao tratamento de es-
goto. Como o aumento do sistema a sua eficiência máxima, impedindo o des-
carte de efluentes em outros córregos que não recebem tratamento; a imple-
mentação de novos equipamentos para complementar o sistema, bem como a
97

classificação das soluções individuais utilizadas por moradores. Essas medidas


vão em conjunto com as infraestruturas cinzas já implantadas, com renovação
de equipamentos e extensão dessa rede, não sendo propostos alternativas
complementares para melhorar o sistema como um todo. Demonstram a conti-
nuidade dos planejamentos não levando em questão os meios ambientais ou a
ecologia urbana.

Figura 71 - Esquema proposto para 2035, do Sistema de Tratamento de Esgoto

em Borda da Mata

Fonte: ANA (2016).

Um dos objetivos da ecologia urbana é melhorar as águas urbanas atra-


vés da diminuição da poluição difusa, tratando os corpos d'águas por todo sua
extensão, uma política de extrema importância para uma complementação do
98

sistema de saneamento básico para as cidades brasileiras, em que a infraes-


trutura cinza e drenagem urbana tem com o fim os corpo d’água.

5.3.3 Subsolo

De acordo com a classificação (IBGE, 2009) a estrutura geomorfológica


que compõe o perímetro urbano do município (Figura 72) apresenta áreas de
Acumulação e Dissecação fluvial que são classificadas como :

Terraços Fluviais – Atf


Acumulação fluvial de forma plana, levemente inclinada, apresen-
tando ruptura de declive em relação ao leito do rio e às várzeas recentes
situadas em nível inferior, entalhada devido às mudanças de condições
de escoamento e consequente retomada de erosão.

Homogênea – D
Dissecação fluvial, caracterizada predominantemente por colinas,
morros e interflúvios tabulares. No modelado de dissecação homogênea,
observam-se diversos tipos de padrões de drenagem, com predominân-
cia de dendrítico, cujos canais não obedecem a uma direção preferenci-
al.
Estrutural – DEc
Dissecação fluvial, marcada por evidente controle estrutural, em
rochas muito deformadas, caracterizada por inúmeras cristas, vales e
sulcos estruturais. As formas de topos convexos (c) são caracterizadas
por vales bem-definidos e vertentes de declividades variadas, entalha-
das por sulcos e cabeceiras de drenagem com predominância do padrão
dendrítico.
99

Figura 72- Mapa de Geomorfologia do perímetro urbano de Borda da Mata

Fonte: IBGE (2009). Adaptado pelo autor

As áreas dissecação fluvial compõe a maior parte do perímetro e são


marcadas por colinas e morros são compostas por rochas mais "duras", mas
que podem apresentar um índice de condutibilidade hidráulica condizente ao
necessário para viabilizar dispositivos de infiltração, fazem o direcionamento de
todo recurso hídrico para zona de acumulação fluvial.
Já os terraços fluviais marcados por acumulação hídrica (área de vár-
zea), são localizados no nível mais baixo do município, é composto por sedi-
mentos finos, que são menos indicados para a infiltração por apresentarem
baixa condutibilidade.
100

Contudo, a escala de estudo dos mapas do IBGE (2009), representada


acima, não é apropriada, para um planejamento na escala da bacia, mas pode
na ausência de informações mais completas indicar caminhos iniciais. A urba-
nização das cidades em geral é acompanhada por muitas movimentações de
terra e compactação do solo, alterando suas características naturais. Assim, se
faz indispensável a realização de levantamentos locais acerca das característi-
cas dos solos, em especial da sua condutibilidade hidráulica para a viabilização
dos projetos na região.

5.3.4 Relevo

A compreensão do relevo em uma bacia hidrográfica é essencial para


escolha dos dispositivos de drenagem. Questão como declividade, fluxo d'á-
gua, saturação do solo e cota em relação a bacia viabilizam determinadas tipo-
logias de infraestrutura e seu dimensionamento. (Figura 73) (Figura 74)

Figura 73 - Hipsometria da sub-bacia do Mandu em Borda da Mata

Fonte: GLOBAL MAPPER (2019). Adaptado pelo autor


101

Figura 74 - Hipsometria do perímetro urbano

Fonte: Elaborado pelo autor

Cotas altas da bacia, próximas a divisores d'água, são mais propícias a


receberem dispositivos de infiltração, pela probabilidade de menor saturação
do solo e maior distância do lençol freático. Em contrapartida, em regiões pró-
ximas à várzea do córrego, e, consequentemente, menos absorventes, é indi-
cado a aplicação de dispositivos de retenção, que serviram para diminuir o pico
de vazão e a poluição difusa das águas de drenagem. (LEMOS, 2017)
102

5.3.5 Dados climatológicos

De acordo com a (Tabela 1) no município o clima é quente e temperado,


com baixa pluviosidade no inverno e alta no verão. Para uma análise mais de-
talhada do volume pluviométrico foi levantado os gráficos. Com 22 mm de pre-
cipitação o mês de julho, é mais seco durante o ano. Apresentando uma média
de 265 mm, o mês de janeiro é o mês de maior precipitação. Sendo durante o
verão a ocorrência maior de cheias e ocupação das áreas de várzea pelo rio.
Para uma análise mais detalhada do volume pluviométrico foi levantado os grá-
ficos (Figura 75) (Figura 76)

Figura 75 - Dados climatológica para Borda da Mata – MG

Fonte: pt.climate-data.org/america-do-sul/brasil/minas-gerais/borda-da-mata/
Acesso 04/05/2019

Figura 76 - Precipitações médias ao longo do ano em Borda da Mata – MG

Fonte: pt.climate-data.org/ /brasil/minas-gerais/borda-da-mata


Acesso 04/05/2019
103

5.4. Plano de Infraestrutura Ecológica

A partir da sobreposição dos mapas temáticos, foi elaborado um mapa sín-


tese, como forma de entender a real situação da interação das questões ambi-
entais dentro de Borda da Mata. Analisando o mapa síntese é possível identifi-
car as áreas de maior vulnerabilidade e importância ambiental. Encontradas
predominantemente aos fundos de vale, regiões lindeiras aos cursos d'águas,
onde já se encontram bastante urbanizados com equipamentos urbanos inseri-
dos, tendo disponibilidade de áreas livres, qualificando como local para a inter-
venção. Dessa síntese, procurou-se demarcar dentro do perímetro urbano a
área para implementação da infraestrutura ecológica. (Figura 77)

Figura 77 - Recorte da Escala Macro, dentro do mapa síntese em Borda da Mata - MG.

Fonte: Elaborado pelo autor


104

5.4.1 Identificação do sistema

A partir da metodologia de Benedict, MacMahon (2006) já apresentada,


foi levando os componentes do sistema para planejamento: hubs, links e sites,
dentro do perímetro urbano de Borda da Mata. (Figura 78)

Figura 78 - Mapa de identificação dos sistemas dentro do recorte.

Fonte: Elaborado pelo autor

Os hubs são as âncoras do sistema e proporcionam espaço para a vida


nativa, e são responsáveis importantes processos ecológicos. Dentro da área
foram selecionadas três áreas: o já implantada do horto municipal, possuindo
sua vegetação nativa conservada e a criação de duas novas unidades de con-
servação/ um novo horto para compor o sistema e apoiar as estratégias junto
105

ao córrego da Carmelina, e a criação do parque do Mandu à beira seu leito


como formo de recuperação para as águas urbanas e polarização da infraestru-
tura urbana. (Figura 79) (Figura 80)

Figura 79 - A mata ciliar proposta para o Figura 80 - As áreas de acúmulo fluvial


Rio Mandu, será utilizada como Hubs. também foram incorporadas como Hubs.

Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

Os Links são conexões que viabilizando a integração de todo o sistema,


partindo de eixos de conservação ou corredores verdes. Pela indisponibilidade
de áreas pouco urbanizados, foi tomado os cursos d'água dentro do perímetro
urbano que atualmente encontra-se canalizado e retificado para comportar uma
avenida comercial, como forma de conectar as áreas de conservação, adotan-
do ideia de corredores verdes e ruas compartilhadas. (Figura 87) (Figura 82)

Figura 81 – O córrego das Carmelinas Figura 82 – Paralelamente utilizou-se também


foi utilizado como ligação no sistema. o córrego das Amoreiras como Link.

Fonte: Acervo do autor Fonte: GOOGLE EARTH PRO (2019)


106

Os Sites são áreas menores que os Hubs, pois não se integram ao sis-
tema de conservação, mas tem contribuição importante na resiliência urbana
em escala local. Tendo mais apelo social, foram utilizados espaços com equi-
pamentos e áreas públicas, como: estádio municipal, poliesportiva, escolas,
creches, hospitais entre outros. Áreas que muitas vezes se encontram degra-
das e abandonadas pelo poder público, servindo também como agente revitali-
zador, utilizados para a implementação dos dispositivos de grande porte dentro
do sistema e dando um uso mais qualificado para a população.
(Figura 83) (Figura 84)

Figura 83 – O Estádio Municipal Waldir de Figura 84 – Escolas com potenciais eco-


Melo foi utilizado como apoio no sistema. lógicas, foram utilizadas como Hubs.

Fonte: Acervo do autor Fonte: GOOGLE EARTH PRO (2019)

5.4.2 Diretrizes municipais

A partir da análise dos mapas, foram definidas diretrizes para a concep-


ção de um plano de drenagem para a cidade, dispondo os dispositivos com a
escala e função de cada espaço integrante do sistema. O porte do município
bem como suas características de uso e ocupação - com poucas áreas verdes,
alta declividade, solos de acúmulo fluvial - levam a necessidade de criação de
diretrizes abrangentes, apoiadas nos espaços já consolidados, e pensadas nas
diferentes escaldas de composição do território. (Figura 85)
107

Figura 85 - Diretrizes implantadas no recorte.

Fonte: Elaborado pelo autor

5.4.3 Dispositivos utilizados

Os dispositivos utilizados dentro do sistema já foram apresentados nos


capítulos anteriores. Segue as tipologias aplicas em cada diretriz proposta:

I - ÁREAS COM OCUPAÇÕES EM RISCO


As ocupações em áreas de risco estão localizadas no fundo de vale,
bem próximo a cursos d'águas. É proposta a criação de incentivos fiscais por
parte da prefeitura para os imóveis com medidas de controle de escoamento na
fonte: como cisternas, telhado verde, jardins de chuva, aumento de áreas per-
108

meáveis e arborização. Além disso, fica a cargo da prefeitura, a realização de


implementação de estratégias de baixo custo e criação de uma assessoria téc-
nica que auxilie os moradores interessados na adaptação de seus imóveis.

II - EDIFÍCIOS DE GRANDE PORTE E ÁREAS INDUSTRIAIS


Nas áreas industriais e para os grandes edifícios comerciais. Deveram
ser implantados medidas para atenuar a impermeabilização do solo e o esco-
amento da água pluvial, com a utilização de: teto verde, pavimento poroso, jar-
dins de chuva, wetlands e até mesmo tanques de retenção como formas de
gestão apara as águas urbanas.

III - EDIFÍCIO E ESPAÇOS PÚBLICOS


Os espaços e equipamento públicos com possibilidade no terreno po-
dem receber adequações de maneira a potencializar o controle da vazão da
água para o sistema de drenagem. Além disso é, necessário pensar o projeto
dos novos equipamentos públicos e edifícios habitacionais a partir de princípios
sustentáveis. Foram utilizados como áreas complementares ao sistema, sendo
dotadas da maior diversidade de dispositivos como: teto verde, pavimento po-
roso, canteiro pluvial, jardins de chuva, biovaletas e caminho de filtragem.

IV - SISTEMA VIÁRIO
Dentro dos espaços públicos, é necessário construir uma política de pla-
nejamento urbano que inclua no projeto os dispositivos listados, consolidando
um pensamento de desenvolvimento sustentável.
109

Assim para as vias deve ser prevista a implantação de dispositivos, co-


mo jardim de chuva, biovaletas, canteiro pluvial, arborização, pavimento poro-
so, caminho de filtragem e wetlands, a partir de uma análise que eleja o melhor
dispositivo para cada região e sua função, se de infiltração ou retenção e lim-
peza ou poluição difusa, consolidando um sistema que conecta as áreas ver-
des da região do entorno. O córrego das Amoreiras que é canalizado em uma
parte na avenida João Olivo Megale, deve melhorar sua interface com o entor-
no, através de modificações em sua seção projetada com o objetivo monofun-
cional de retenção das águas da chuva durante o pico de vazão, passando a
ter uma estrutura adaptável que reaproxime a água das pessoas.

V - UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
As unidades de conservação correspondem a base de todo o sistema,
são propostas partindo da recuperação de em seu estado natural, servindo
como principal corpo receptor das águas por estar sempre apoiado a um rio.
Tem como programa atividades de lazer ativo de passivo de baixo impacto,
servindo como infraestrutura de lazer para população. Bem como são implan-
tados os dispositivos de maior escala em que necessitam de agentes naturais
como: bacia de filtragem, wetlands, buffer ripário e caminho de filtragem.

VI - INFRAESTRUTURA CINZA DE SANEAMENTO


A infraestrutura cinza ainda tem o principal papel no tratamento dos eflu-
entes urbanos Todo o sistema de infraestrutura ecológica vem como uma com-
plementação para a gestão do saneamento básico dentro do município, au-
mentando sua eficiente e o qualificando ecologicamente. É importante então o
cumprimento das metas propostas de pela ANA (2016), em aumentar a eficiên-
cia das ETEs, eliminar o descarte sem tratamento, bem como alterar a classe
110

do rio, o que pode ser auxiliado com os dispositivos instalados ao longo dele.
Para complementar o sistema de tratamento pode ser utilizado dispositivos pa-
ra tratamento e filtragem da água como as: bacias de filtragem e wetlands.

5.4.4 Diagrama de águas

Os dispositivos foram aplicados de acordo com a escala, função, localiza-


ção e eficiência dentro do sistema, visado uma gestão d’águas resiliente, den-
tro do conceito de ecologia urbana proposto. (Figura 86)

Figura 86 – Distribuição dos dispositivos, dentro da intervenção Escala Macro,


abordando o recorte no município de Borda da Mata - MG

Fonte: Elaborado pelo autor


111

Foram tratados nos dois principais córregos dentro da malha urbana, como
forma de minimizar a poluição de todos sistema, por meio de dispositivos filtra-
ção por todo o percurso. A jusante do sistema está localizada o principal corpo
hídrico o rio Mandu, onde tomou-se partido as estações de abastecimento de
água e o tratamento de efluentes, disposição de estratégias para maximizas-
sem a eficiência de todo o sistema. Os espaços localizados nas encostas com
maior altitude e declividade, foram destinados os dispositivos com funções de
infiltração para a água pluvial, levando em conta as características geomorfoló-
gicas favoráveis do local, visando uma melhor infiltração da água no solo.
(Figura 87)

Figura 87 – Gestão das águas urbanas, dentro da intervenção Escala Macro,


abordando o recorte no município de Borda da Mata - MG

Fonte: Elaborado pelo autor


112

6 ESCALA MESO

As estratégias para processos ambientais já apresentada dentro do es-


tudo de caso do Parque do Cocó em Fortaleza, são tomadas como partido para
escolha da área da intervenção em Escala Meso. O diálogo abordado sobre
tratamento de esgoto e drenagem urbana, considerando-os como sistemas
sustentáveis, buscando a preservação dos meios naturais e a qualidade de
vida urbana, são integrados dentro da Infraestrutura Ecológica. (Figura 88)
A abordagem de drenagem sustentável, por meio das tipologias LID,
podem oferecer as funções de tratamento para água escoada ao longo de toda
infraestrutura, que são os objetivos propostos para o sistema, desde as áreas
mais adensadas até o desague nos corpos d’águas.
Dentro do tratamento de esgoto é realizado a integração de estratégias
de Infraestrutura Verde. É proposto em uma rede de funções descentralizada,
de baixo custo e operação, como forma de busca maior flexibilidade e integra-
lo a paisagem do local. A implementação de alagados construídos (wetlands)
como complementos ao tratamento, seguindo condições previstas para evitar a
contaminação dessas áreas de vulnerabilidade que são aplicadas em três eta-
pas de fluxo: subsuperficial ascendente, subsuperficial horizontal e superficial
de polimento. O aproveitamento dos recursos provenientes do tratamento den-
tro do estudo caso, também é um fator a se destacar tais como:

• Energia por meio do metano gerado nos reatores anaeróbicos, que pode
ser usado para iluminação do parque.
• Adubo a partir da compostagem do logo gerado na ETE, utilizado dentro
das hortas urbanas propostas.
• Água tratada para reutilização na irrigação dos jardins e em água cinza
nos equipamentos públicos introduzidos na área.

Os sistemas propostos contam com aspectos multifuncionais, proporcio-


nando recuperação de recursos a partir de esgoto, criação de mais áreas ver-
des e sistemas de drenagem e tratamentos sustentáveis economicamente.
113

Figura 88 - Estratégias sustentáveis para integração do tratamento de esgoto

Fonte: Cota 760 (2019)

O recorte selecionado para entendimento do lugar e a construção da


intervenção em Escala Macro, encontra-se a jusante de todo o sistema hidro-
gráfico do município, devido a sua importância ecossistêmica.
Local onde encontra-se o Rio Mandu e suas várzeas, como também os
córregos urbanos que despejam seus efluentes no corpo principal. Caracteri-
zando a área ambientalmente vulnerável, onde seus processos ecológicos já
sofrem grandes interferências, devido a crescente urbanização dessa região
após a construção da rodovia MG – 290 que trouxe o comercio de grande porte
e as indústrias adjacentes ao trecho selecionado. Criando obstáculos e atrapa-
lhando sua capacidade resiliência, em diferentes âmbitos ambientais da cidade
de Borda da Mata. (Figura 89)
114

Figura 89 - Identificação da Escala Meso dentro da proposta de Infraestrutura Ecológica.

Fonte: Elaborado pelo autor

Área marcada é pela presença do principal corpo receptor e as principais


infraestruturas cinza de saneamento já instaladas no município: a ETE, ETA e
a Elevatória, reforçando sua importância dentro do sistema de gestão das
águas urbanas já instaladas. Que receberão as infraestruturas ecológicas como
complementos para maximizar sua efetividade, devido as análises apontarem
que atualmente se encontra abaixo da sua capacidade total de operação. Bem
como características socioculturais importantes, como o patrimônio remanes-
cente da antiga ferrovia Sapucaí que se encontrava antes no local, população
carente proveniente de imigrações e equipamentos de lazer e infraestrutura
urbana degradados, que não atendem a população local. (Figura 90)
115

Figura 90 - Recorte da Escala Meso

Fonte: Elaborado pelo autor

6.1. O lugar

Esse recorte é marcado pelas primeiras ocupações em regiões de vár-


zea, advento da ferrovia que se instalou na região no final do século XIX, e en-
cerrou suas atividades na década de 1980. Sua desativação levou ao abando-
no de seus edifícios: como a estação ferroviária e a casa dos funcionários, pa-
trimônios que se encontram depredados até hoje e são passíveis de interven-
ção para criação de espaços públicos como forma de preservar a memória da
cidade. Vale ressaltar que os terrenos pertencentes a companhia ferroviária
ficara ociosos dentro do perímetro urbano e logo foram ocupados irregularmen-
te por população de baixa renda, necessitando de cadastro e regularização
dessas ocupações em áreas com risco de enchentes. (Figura 91) (Figura 92)
116

Figura 91 - Inauguração da ferrovia em Bor- Figura 92 - Situação da estação ferroviá-


da da Mata no final do século XIX ria abandonada após sua desativação

Fonte: Facebook (2019) Fonte: Facebook (2019)

Próximo a essa região encontra-se também o Clube de Campo Munici-


pal, espaço de lazer também abandonado devido a embargo político, que fun-
dado na década de 1980 serviu como espaço de lazer para os bordamatenses.
Os antigos, funcionários que trabalhavam para a ferrovia, com sua de-
sarticulação, acabaram fixando-se nos limites da antiga estrada de ferro. A par-
tir do começo do século XXI, recebeu industrias e comércios de atacado em
sua face volta para a rodovia MG - 290. Atualmente a estrada de ferro tornou-
se a rua São Benedito e encontra-se consolidada com o meio urbano. Sendo
uma habitada por população de baixa renda, expostas em uma região de acú-
mulo fluvial carente de infraestrutura urbana. (Figura 93) (Figura 94)

Figura 93 - Inauguração da ferrovia em Figura 94 - Situação da estação ferroviária


Borda da Mata no final do século XIX abandonada após sua desativação

Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor (2019)


117

6.1.1 Sistema viário e mobilidade urbana

Dentro da área de estudo encontra-se diferentes tipologias viárias. Adja-


cente tem-se a rodovia MG-290 como um importante eixo comercial e transpor-
te dentro do município, não abordado no projeto devido as limitações de inter-
venção do poder público que restringe de acordo com as normas do DNIT -
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Como eixo principal
do projeto destaca-se a Avenida São Benedito, antigo trecho da linha férrea
que foi transformado em estrada. Consta também diversos acessos com estra-
das rurais devido ao se localizar no limite da área urbana, sendo essas ruas
sem pavimentação também abordados no planejamento do recorte. (Figura 95)

Figura 95 - Levantamento da hierarquia viária e da mobilidade urbana dentro do recorte

Fonte: Elaborado pelo autor

Os perfis viários que se encontram no recorte analisado, de acordo com


o modelo retirado do Plano Diretor de Desenvolvimento de Borda da Mata
118

(2004). Essas vias são caracterizadas por estarem inseridas dentro de um de-
senho urbano ocioso, com travessias urbanas, pouca ou nenhuma vegetação,
calçadas estreitas com obstruções, espaços livres entre vias, típicos da lógica
rodoviarista que prioriza o carro em detrimento do pedestre, necessitando de
revisão dos modelos pré-estabelecidos. (Figura 96) (Figura 97) (Figura 98)

Figura 96 - Via local

Fonte: Adaptado pelo autor


Plano Diretor de Desenvolvimento de Borda da Mata (2004)

Figura 97 - Via coletora

Fonte: Adaptado pelo autor


Plano Diretor de Desenvolvimento de Borda da Mata (2004)
119

Figura 98 - Via municipal (estrada rural)

Fonte: Adaptado pelo autor


Plano Diretor de Desenvolvimento de Borda da Mata (2004)

6.1.2 Uso e ocupação do solo

Sobre os usos, é predominante o industrial e comercial de grande porte,


com tipologias de barracões, motivado pela localização adjacente a rodovia MG
– 290, principal eixo econômico do município. Encontra-se residências de baixo
padrão e chácaras urbanas, com tipologias térreas, situadas próximas a áreas
de APPs gerando risco de alagamentos para essas famílias. (Figura 99)
Uma série de equipamentos públicos compreendem o entorno imediato,
apesar de grandes áreas livres há poucos espaços públicos para encontro ou
lazer qualificados, devido ao clube de campo abandonado e a situação precária
da quadra; além da presença dos antigos edifícios da companhia ferroviária
Sapucaí e de uma instituição religiosa.
O pequeno porte do município favorece as pequenas distâncias dos
equipamentos, que mesmo nos extremos da cidade ainda estão a uma distân-
cia a ser vencida a pé, não havendo a necessidade de instalar.
120

Figura 99 - Levantamento do uso e ocupação do recorte selecionado

Fonte: Elaborado pelo autor

6.1.3 Fisio-ambiental

Dentro do recorte, devido a sua localização a jusante de todo o sistema,


são encontradas as cotas mais baixas do município, marcada por uma região
de várzeas com pouca declividade levando a acúmulos fluviais. A diferença em
relação a cota da várzea é um importante dado para a definição da função de
infiltração ou retenção dos dispositivos.
Existem pontos de contato direto com o rio Mandu, localizando-se ao
fundo de edificações e de vias, sendo uma intervenção para fortalecer essa
relação. Essas mesmas habitações encontram-se em uma área com risco de
enchentes, devido a cota mais baixa, necessitando de intervenções para mini-
mizar os impactos. Outro fator negativo são os pontos de descartes dos efluen-
tes urbanas no corpo principal, tornando-o poluído e impróprio para contato a
partir do momento em que entra dentro do perímetro urbano
121

A vegetação encontrada é predominante antrópica com espécies orna-


mentais para residenciais e sítios e também pra motivos econômicos como
plantação de eucalipto e semelhantes. As espécies nativas encontram-se nas
várzeas, adjacentes ao rio Mandu, remanescentes do que restou de sua mata
ciliar natural. (Figura 100)

Figura 100 - Levantamento fisio-ambiental, dentro do recorte da Escala Macro

Fonte: Elaborado pelo autor

6.2. Abordagem ecológica

A primeira abordagem projetual na área consiste na identificação dos


sistemas ecológicos, afim de mostrar as fragilidades e potenciais dos proces-
sos ambientais. Por meio da identificação dos pontos e as possibilidades de
preservação, intervenção paisagística, qualificando as águas urbanas, afim de
fomentar a resiliência do meio urbana dentro do ecossistema envolvido. Pro-
122

pondo assim diretrizes sustentáveis, que formaram o Parque Linear com a in-
tenção de integrar a cidade de Borda da Mata com rio Mandu (Figura 101).

Figura 101 - Proposta de integração paisagística

Fonte: Elaborado pelo autor

6.3. Abordagem urbana

Em seguida é realizado uma abordagem urbana, levantando as proble-


máticas e virtudes da costura entre o rio Mandu e a cidade, reconhecendo as
fronteiras do rio, identificando suas áreas de fragilidade e ruptura. Esta ação
visa proporcionar a inclusão do universo natural no cotidiano da cidade, tratan-
do as áreas de vulnerabilidade com o tecido imediato, de modo a reintroduzir
os espaços livres num sistema reconhecível da vida urbana. Criando novos
acessos e modais para a região que se encontra transposta com barreiras físi-
cas, fomentando a mobilidade verde e priorizando o pedestre no recorte. Assim
123

surge uma nova frente de preservação e contato, que permite que a cidade e o
parque estabeleçam uma relação de crescimento sustentável. (Figura 102)

Figura 102 - Proposta de integração urbana

Fonte: Elaborado pelo autor

6.4. Parque Linear do Mandu

Com base nas análises técnica e abordagens sensíveis do espaço, con-


clui-se que o projeto a ser desenvolvido para Escala Meso seria um parque
linear ao longo do curso do rio Mandu, reconstruindo seu percurso natural. A
área selecionada, encontra-se em uma região de grande importância fluvial,
deu a oportunidade de explorar o planejamento sensível à água seguindo os
conceitos de ecologia urbana. As partes projetadas como um todo, visam que o
elemento de identificação do espaço como “lugar”, deixe de ser a precariedade
das áreas ociosas, tanto urbano como ambientalmente, e passe a ser vista co-
mo um vetor de vitalidade urbana. (Figura 103) (Figura 104)
124

Figura 103 - Implantação do Parque Linear do Mandu

Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 104 - Implantação com programa estabelecido dentro do Parque Linear do Mandu

Fonte: Elaborado pelo autor


125

O projeto, seguindo a sequência das águas, iniciando junto ao encontro


do Mandu com o perímetro urbano de Borda da Mata, onde está instalado a
ETA que fornece água para toda população. Dentro dessa área sensível que
requer uma abordagem volta para preservação, foi proposto um deck de ma-
deira que percorre a área de APPs fornecendo um caminhar lúdico e pequenos
espaços de permanência, até que se chega ao rio onde se estende e faz-se de
intermediário para o contato da população, servindo também para prática de
pesca (atividade de lazer que já ocorre constantemente no local).
Adiante, tem-se o antigo memorial da ferrovia Sapucaí, onde a antiga
estação, as casas dos funcionários, e um pequeno trecho da avenida São Be-
nedito que será desapropriado, serão integrados para criação de um espaço
turístico de economia criativa, devido a sua localização as margens da MG –
290 e sua importância para economia local. Dentro do espaço serão divulgados
e comercializados os produtos locais como dos pequenos e médios produtores,
como forma de diversificar a economia e fomentando o turismo.
Logo após, paralelo ao rio Mandu, encontra-se o acesso para a avenida
São Benedito onde foi proposto novos cruzamentos facilitando o acesso tanto
da rodovia quanto da cidade para adentro da área de intervenção. O sistema
viário local recebeu intervenções em diversos tipos, para adequação de sua
drenagem pluvial dentro dos conceitos de ecologia e sustentabilidade do proje-
to. As habitações em espaços ociosos que ficavam entre as pistas da avenida,
antes eram a antiga linha férrea, foram desapropriadas para criação de uma
ciclovia onde também se encontram academias ao ar livre, espaços de perma-
nência e servem para locação dos dispositivos LID.
Dentro de toda área encontram-se lotes com um longo fundo que dão
para o rio, habitações precárias, predominantemente voltadas para um modelo
mais rural de ocupação com presença de agricultura e pecuária familiar, apre-
sentando-se como uma das partes mais sensíveis do projeto devido a área de
vulnerabilidade ambiental. Fazendo ali necessário a imediata criação de uma
zona de transição com a área de preservação do rio, tendo como diretrizes a
inserção das tipologias LID para a minimizar os riscos para a polução e qualifi-
car essas chácaras urbanas que formam o limite do tecido já consolidado.
126

Seguindo a avenida e o curso do rio, encontramos um Centro Cultural de


Educação Ambiental no local do clube de campo abandonado; intervenção que
procura servir como um vetor das ideias de sustentabilidade e resiliência urba-
na abordados dentro do projeto, promovendo a educação ambiental. Oferecen-
do espaços educativos como: salas de aulas, laboratórios criativos, auditório;
além de espaços de infraestrutura para comunidade como: lanchonete, áreas
expositivas, lazer e uma cobertura com grande pátio para encontros. No outro
lado da avenida conecta-se com o centro cultural um parque agroecológico fo-
cado em atividades de agricultura urbana, gerando uma alimentação saudável
e envolvendo a comunidade no seu manejo.
Após o centro cultural dentro de um espaço livre foi proposto o parcela-
mento do solo de modo a implantar uma ZEIS – Zona de Interesse Social, des-
tinada para as pessoas realocadas dentro do projeto e para a população local
que é em sua maioria dentro de uma situação de fragilidade econômica. Para
essa zona, foi proposto um baixo adensamento, com as residências e sobrados
com uso também comercial, priorizando a diversidade de usos e dispondo tam-
bém de dispositivos LID para fomentar a resiliência urbana.
O projeto termina com uma área destinada a contribuição da ETE, devi-
do a topografia mais baixa, foi instalado uma série de alagados construídos
para auxiliar os processos ambientais de tratamento da água. Também é res-
saltado as intervenções paisagísticas que recebem esses alegados, servindo
como uma área de contemplação a partir do deck de madeira que permeia por
todo espaço e um mirante, que oferecem uma forma de contemplação da vida
natural dentro desses espaços de riquíssima biodiversidade.
Ao pensar na implementação do projeto em diversas escalas, a inter-
venção se torna viável pelo entendimento dos processos ambientais que envol-
vem os recortes preestabelecidos. Sendo que o rio Mandu segue logo após o
recorte, o final da área urbana, deixando limpo e livre de interferências urbanas
para continuar seu percurso, adentrando novamente para zona rural até chegar
à cidade de Pouso Alegre – MG onde desagua no Rio Sapucaí.
127

6.3.1 Atividades Socioeconômicas

O projeto reconhece a sustentabilidade na integração de atividades so-


cioeconômicas e na ocupação do parque. Esta integração se dá através de
uma rede de usos e atividades, que definem os quatro núcleos programáticos
que compõe a estrutura do parque: (Figura 105)

Figura 105 – Divisão dos núcleos temáticos dentro do parque

Fonte: Elaborado pelo autor

I. NÚCLEO DA MEMÓRIA: fortalece os marcos ambientais e histó-


rico, vinculado a atividades tradicionais já existentes e à preser-
vação ambiental, com objetivo de espraiar as virtudes turísticas
do local com o parque e a rodovia adjacente.

II. NÚCLEO EDUCACIONAL: as principais atividades estão ligadas


a educação ambiental, desde a pesquisa científica, laboratórios
de reciclagem, hortas urbanas, conscientização da população até
a prática da convivência com a natureza.
128

III. NÚCLEO CHÁCARAS URBANAS: a criação dessa zona de amor-


tecimento periurbana, vem como resposta para a qualificação das
habitações que já estão instaladas nos locais de risco, integrando
a população local com a resiliência urbana.

IV. NÚCLEO ALAGADOS CONTRUÍDOS: nas áreas de mais baixa


amplitude foram as mais preservadas, por sua importância ambi-
ental na gestão das águas, sendo destinada aos processos ambi-
entais e atividades de lazer passivo para minimizar os impactos.

Dentro do programa proposto as atividades foram selecionadas de acor-


do com os diagnósticos do lugar e o porte do município. Sendo adequadas e
distribuídas de acordo com a fragilidade de cada local dentro dos núcleos pro-
gramáticos compõe o parque, qualificando a infraestrutura urbana e fomentan-
do a vitalidade urbana para a população local. (Figura 106) (Figura 107)

Figura 106 - Quadro com atividades socioeconômicas proposta

Fonte: Elaborado pelo autor


129

Figura 107 - Programa de atividades socioeconômicas localizadas dentro do parque

Fonte: Elaborado pelo autor

Segundo o estudo de caso do Parque do Cocó, o escritório Cota 760


(2019), diz que uma das formas de preservação ambiental e desenvolvimento
socioeconômico é associar a sustentabilidade e processos de geração de ri-
queza. Estabelecendo modelos econômicos circulares reconhecendo os sub-
produtos do tratamento de água e resíduos sólidos, bem como o fortalecimento
das ações produtivas pautadas pela cultural local. (Figura 108)

Figura 108 - Proposta de modelos de economia circular para implementação no parque.

Fonte: Cota 760 (2019)


130

6.3.2 Sistema viário

Objetivando uma dispersão das medidas de controle da fonte dentro do


município, o sistema viário é parte vital na construção de um plano de infraes-
trutura ecológica, principalmente nas regiões periféricas, que normalmente
desprovidas de parques e praças, tem nas ruas seus principais espaços públi-
cos para convivência. (Figura 109)

Figura 109 - Localização das vias e do corte representado.

Fonte: Elaborado pelo autor

As análises referentes ao contexto urbano, físico e sensível do recorte


levou a escolha das melhores opções de dispositivo para cada uma das vias.
Onde estes dispositivos vêm a somar não somente na retomada dos processos
ambientais, mas em um redesenho para desses espaços através de lógicas
que agreguem sua qualificação para os pedestres e moradores junto aos fluxos
urbanos, melhorando assim a acessibilidade o convívio e a qualidade ambien-
tal. Devido ao contexto social, optou-se por uma simplificação da composição
131

dos dispositivos, de modo a diminuir seus custos de implantação e manuten-


ção, priorizando a arborização ou canteiros pluviais, como forma de potenciali-
zar a infiltração do solo pelas raízes e o escoamento das águas por meio de
biovaletas instaladas, desempenhando papel importante no ciclo da água.

I. VIA LOCAL: Nas ruas locais que tenham dimensão e declividade sufi-
cientes para receber os dispositivos, foram implantados canteiros plu-
viais, a via representada trata-se da Rua Córrego das Pedras, localiza-
da dentro do recorte. A posição central foi definida pela configuração
estreita dos lotes que não apresentam recuo frontal, assim a implanta-
ção alinhada as calçadas, exigiria a construção de uma série de obstá-
culos pela falta de dimensão. Nas regiões mais altas é previsto a fun-
ção de infiltração nos canteiros e nos quarteirões próximos as várzeas
do rio, a função é de retenção que podem ser auxiliados por pavimen-
tos permeáveis. (Figura 110)

Figura 110 - Via local proposta

Fonte: Elaborado pelo autor


132

II. VIA COLETORA: A coletora dentro do recorte é a avenida São Benedi-


to utilizada para detalhamento, sendo a principal avenida dessa região
periférica, sendo uma via remanescente do ramal ferroviário, configu-
rando-se como uma centralidade linear junto com o rio Mandu na inter-
venção. É proposta o alargamento da calçada com a diminuição da via
e a utilização do espaço central ocioso da ferrovia para criação de uma
pista de caminha junto aos dispositivos como o canteiro pluvial e biova-
letas, com a função tanto de retenção (devido a cota mais baixa) como
de condução das águas pluviais até o rio Mandu logo abaixo da aveni-
da proposta. (Figura 111)

Figura 111 - Via coletora proposta

Fonte: Elaborado pelo autor

III. VIA MUNICIPAL (ESTRADA RURAL): Devido a localização da


área de intervenção dentro limite periférico da área urbana, en-
contra-se uma grande quantidade de estradas rurais que atraves-
sam o rio até a cidade, a via selecionada para detalhe trata-se da
Rua Ângelo Guazeli. Visando uma intervenção de baixo impacto,
houve a utilização dos limites de acostamento, onde estão situa-
133

das as sarjetas da via, para a implementação de biovaletas no


sentido principal do escoamento pluvial. (Figura 112)

Figura 112 - Via municipal (estrada de terra) proposta

Fonte: Elaborado pelo autor

6.3.3 Diagrama de águas

O recorte destinado a Escala Meso, foi selecionado devido sua impor-


tância dentro dos processos ambientais em áreas de acumulo fluvial. Os dispo-
sitivos LID foram aplicados de acordo com suas restrições já apresentadas,
sendo distribuídos por todo parque de modo sistêmico ao escoamento das
águas urbanas, integrando-o nessa rede localizada a jusante do rio Mandu.
(Figura 113)
134

Figura 113 - Localização dos dispositivos LID dentro da Escala Meso


e suas relações de condução das águas.

Fonte: Elaborado pelo autor

Dentro do recorte os focos se deram em complementar as estações de


infraestrutura cinzam existentes: ETA e ETE, e o sistema de escoamento pluvi-
al, introduzindo os dispositivos junto a rede hídrica afim de maximizar a resili-
ência urbana de Borda da Mata. Segue o modo de abordagem das estações:

• ETA – Estação de Tratamento de Água: foi introduzido dispositivos de fil-


tração como auxílio do tratamento da água para a cidade, como por
exemplo: o buffer ripário nas áreas de APPs do rio Mandu e uma Bacia
de Filtração antes da ETA, para aumentar sua eficiência, e logo após no
encontro do córrego das Três Barras com o Mandu, onde já é despejado
efluentes urbanos.
• ETE – Estação de Tratamento de Esgoto: é abordado seguindo o estudo
de caso do Parque do Coco do escritório Cota 720 (2019), onde é criado
135

uma zona de contribuição para da ETE, partindo de uma sequência de


alagados construídos como forma de decantação e tratamento do esgo-
to urbano, visando aumentar sua eficiência dentro do sistema. Com o in-
tuito de o rio após sair da malha urbana, esteja limpo.

A retenção também foi abordada dentro do recorte, destinando a região


de menor amplitude, para implementação de alagados construídos como forma
de bacias, afim de minimizar os riscos de enchentes para a população local.
Promovendo também a recuperação fauna e flora nesses locais de acúmulo
fluvial que apresentam uma rica biodiversidade, sendo passíveis de interven-
ções paisagísticas para compor o Parque Linear do Rio Mandu. (Figura 114)

Figura 114 - Gestão das águas urbanas, dentro da intervenção Escala Meso

Fonte: Elaborado pelo autor


136

7 ESCALA MICRO

Como síntese de toda a pesquisa apresentada no trabalho sobre ecolo-


gia urbana e desenvolvimento sustentável, foi abordado dentro da Escala Micro
um objeto arquitetônico para aplicação das estratégias em dimensão projetual.
O recorte delimitado para a Escala Micro é um terreno dentro do Núcleo
Educacional onde se encontra-se um Clube de Campo atualmente abandona-
do, com uma área total de 1,7 hectares. (Figura 105)

Figura 115 - Recorte da Escala Micro.

Fonte: Elaborado pelo autor

Segundo Nascimento (2019) o clube de campo foi construído durante a


década de 1980 como uma alternativa de lazer para o borda-matenses. Cons-
truído por meio de uma parceria pública privada com a venda de títulos de só-
cios proprietários como forma de manter a manutenção do local. Devido ao de-
sinteresse dos titulares encontra-se hoje, abandonado.
(Figura 116) (Figura 117)
137

Figura 116 - Situação atual da piscina Figura 117 - Situação atual da quadra poli-
pública; Clube de Campo Tiradentes. esportiva; Clube de Campo Tiradentes.

Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

Apresentava uma área pouco impermeável, com infraestrutura precária,


tendo as seguintes atividades dentro de seu programa: contém uma quadra de
futsal coberta, um campo de futebol que é utilizado como espaço para eventos,
uma piscina pública com vestiários, campo de bocha, sanitários e uma área de
estacionamento descoberta. (Figura 118)

Figura 118 - Foto aérea da situação atual do Clube de Campo Tiradentes; destaque para
a estrutura do rodeio que acontece anualmente, montada no meio do campo de futebol.

Fonte: GOOGLE EARTH PRO (2019)


138

7.1. O objeto

O objeto arquitetônico foi abordado de modo que sua principal função,


fosse de um vetor dentro da infraestrutura ecológica, como forma de introdução
e disseminação da educação ambiental para a população dentro do município
de Borda da Mata - MG.
A agenda 21, elaborada no ano de 1992 pela ONU – Organização das
Nações Unidas, durante o evento no Rio de Janeiro, traz uma série de itens
aos quais os governos mundiais deveriam se atentar para o desenvolvimento
sustentável. Dentre os aspectos, o destaque é apresentado na terceira seção,
no item 36: “Fomento da educação, a capacitação e a conscientização”. É
abordado na explicação desses, que é necessário fomentar e facilitar o acesso
ao ensino do meio ambiente, afim de se alcançar esses paradigmas. Dessa
forma, a educação ambiental entra como fator estruturador dos principais eixos
desse desenvolvimento sustentável. (ONU, 2019)
Propondo então um Centro Cultural de Educação Ambiental para a área,
dando suporte às atividades e intervenções propostas nas diversas escalas,
integrando o ensino e a população nas ações de recuperação e preservação do
meio ambiente.
Segundo o Manual de Implantação do Centro Municipal de Educação
Ambiental, São Paulo (2013), o Centro Cultural de Educação Ambiental tem
como finalidade imediata reunir, sistematizar informações e experiências em
educação ambiental e disseminá-las ao público em geral. Além disso, deve
apoiar e promover programas e projetos de Educação Ambiental de âmbito re-
gional, atendendo, principalmente, instituições educacionais, disponibilizando
recursos disponíveis, como biblioteca, videoteca e área para exposições.
A intenção adotada é que a educação ambiental deve se apoiar na cria-
ção de um espaço coletivo, que retrate formas de tratamento sensíveis às
questões culturais e ambientais, e que seja dotado de equipamentos, instala-
ções e serviços voltados para sua prática visando a conservação de toda infra-
estrutura ecológica por parte dos próprios usuários.
139

7.2. Forma e espaço

A concepção projetual parte da combinação de natureza, cultura e entre-


tenimento, fornecendo uma infraestrutura sociocultural para toda população
local. A partir de três circunferências circunscrita dentro do terreno, definidas
como eixos temáticos, para as atividades que compõe o Centro Cultural de
Educação Ambiental proposto, tais como: (Figura 119)

Figura 119 – Conceito aplicado no projeto arquitetônico.

Fonte: Elaborado pelo autor

1. NATURAL: O primeiro é voltado para as características ecológicas da


área, criando uma área de amortecimento na periferia do terreno, limita-
do por um caminho passivo de contemplação com uma grande densida-
de de árvores nativas como forma de obter a resiliência urbana. Anexa-
do junto com uma fita de areia que exerce a função de filtragem das
águas pluviais provindas do município.

2. HÍBRIDO: O próximo núcleo é marcado pelas atividades de agroecologia


que são abordadas como pilar da educação ambiental, oferecendo ativi-
dades que vão desde o reflorestamento de espécies nativas, agroecolo-
gia com uma área de hortas urbanas para utilização da comunidade, e
por último localizado na área de cota mais baixa dentro do terreno foi
instalado um jardim de chuva criado por meio de movimento de terra,
140

com a função de infiltração e reter o escoamento de água pluvial dentro


do sistema proposto nas outras escalas, além de oferecer espaços con-
templativos com uma paisagem características destes locais.

3. ANTRÓPICO: No centro foi abordado uma praça urbana, com múltiplas


atividades dispostas ao seu redor, que vão desde o setor administrativo,
serviços oferecidos, laboratórios, salas multiuso, contendo também um
auditório para apresentações dentro de seu programa. Criando também
uma área para concentração e permanência de pessoas, podendo rece-
ber diversas atividades e eventos, protegida por uma cobertura de telhas
metálicas termo acústicas, sustentadas por uma estrutura madeira lami-
nada colada, objetivando maior aconchego dentro da área coberta. Os
edifícios são constituídos de alvenaria estrutural, visando maior eficiên-
cia construtivo devido a sua forma e acabamento mais simples e eficien-
tes, de forma a obter maior conforto ambiental e eficiência energética
dentro dos processos ecológicos do construído com o natural.

A combinação inteligente desses aspectos para a concepção arquitetô-


nica, é uma síntese de lazer e educação em equilíbrio, dentro de um espaço
público de alta qualidade, integrados dentro do Parque Linear do Rio Mandu. A
proposta combina o relaxamento que proporciona o ambiente natural junto a
um espaço educacional, onde uma simples caminhada por seus múltiplos per-
cursos já fosse uma maneira de se aprender com a natureza.
O espaço para agroecologia, a praça urbana e os jardins de chuvas es-
tão situados em níveis decrescentes, identificados por seus percursos temáti-
cos de acordo com a proposta, conectados por vários caminhos que permitem
que os visitantes se movam com facilidade. Formando assim uma morfologia
híbrida a partir desses caminhos, que responde de maneira flexível às necessi-
dades socioculturais e ecológicas. (Figura 120)
A partir da sobreposição dos eixos e circulações propostas propôs-se o
Centro Cultural de Educação Ambiental – Memórias do rio Mandu, como forma
de um vetor para disseminação dos conceitos de Ecologia Urbana dentro do
cotidiano dos borda-matenses. (Figura 121)
141

Figura 120 – Núcleos temáticos e caminhos proposto dentro do projeto.

Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 121 - Perspectiva do Centro Cultural de Educação Ambiental

Memórias do Mandu.

Fonte: Elaborado pelo autor


142

A utilização de materiais comuns de uma concepção simples do espaço,


foi um dos pressupostos para elaboração do projeto, visando demonstrar a
possibilidade de inclusão da sustentabilidade de mais como um exercício de
projeto, do que como um fator de aumento do preço da obra. Assim os materi-
ais escolhidos para a construção, são típicos de obras públicos como: tijolo
vermelho maciço e concreto, ganhando um peso maior no valor da obra com a
estrutura treliçada da cobertura em laminado colado como forma de reforçar o
aconchego para os usuários da praça urbana dentro do projeto.
Estruturalmente o projeto se articula por uma praça central coberta pro-
pondo um vão livre de 24 metros, utilizando uma distância entre pilares de 8
metros. Os edifícios são independentes das coberturas, construções térreas,
executados por meio de alvenaria estrutural com tijolo vermelho, seguindo uma
modulação de 4 metros entre os pilares da cobertura.

7.3. Centro Cultural de Educação Ambiental

A precariedade que se encontrava o espaço do Clube de Campo Tira-


dentes, foi um fator determinante para remodelação de todo espaço existente,
não se adequando dentro do programa de Centro Cultural, as edificações que
já se encontravam no local que se destinavam a lazer esportivo.
A intervenção consiste em uma remodelação total do espaço em âmbi-
tos naturais e antrópicos, com ações pontuais para cada meio, por meio da ex-
tensão do Parque Linear do Mandu para dentro da malha urbana, fazendo a
concepção da cidade de Borda da Mata com o Rio Mandu. (Figura 122)
Os dispositivos LID foram implantados de acordo com suas limitações e
estratégias para maximização de suas funções. Foram atrelados ao programa
de necessidades proposto, para sua utilização dentro das atividades de educa-
ção ambiental. Respeitando a topografia e o escoamento pluvial dentro do ter-
reno, direcionando zonas funcionais para cada tipologia. Com o intuído de pro-
por um sistema ecológico dentro do edifício, visando a maximizar a resiliência
urbana dentro de seu cotidiano; compreendendo seus valores tanto ecológicos
quanto urbanísticos e como pode auxiliar dentro desses processos.
143

Figura 122 – Implantação; Centro Cultural de Educação Ambiental - Boca do Mandu.

Fonte: Elaborado pelo autor

É proposto uma praça central coberta, com diversas atividades lindeiras


a sua periferia, agrupadas em quatro categorias: administração e funcionários,
serviços oferecidos dentro do projeto, educação ambiental e espaços de lazer.
Na cota mais alta, localizado a leste, está destinada a agroecologia com a in-
trodução de hortas comunitárias visando uma alimentação mais saudável,
aproximação com a natureza e fomento das relações sociais entre a população
local, ponto de partida para ajudar as famílias com menor estrutura econômica
que configuram o perfil dos moradores locais. A oeste está situado a cota mais
baixo, sendo a área que se destina o escoamento pluvial; utilizando dessas
características para a implementação deu uma área de contemplação e per-
manência, inserida em um jardim de chuva que proporciona áreas alagadas de
acordo com o regime pluviométrico, contribuindo tanto nos processo ecológicos
144

do local, quanto na promoção de espaços públicos de qualidade para seus


usuários. (Figura 123)

Figura 123 - Planta Baixa; Centro Cultural de Educação Ambiental - Boca do Mandu.

Fonte: Elaborado pelo autor

Estratégias para a sustentabilidade do projeto também foram implanta-


das, como a utilização da cobertura para a captação de água pluvial por meio
de cisternas, utilizando dessa água cinza para serviços internos e irrigação das
hortas urbanas. A direção voltada a norte reforça a eficiência na implementa-
ção de painéis solares para captação solar, visando uma resiliência dentro dos
processos energéticos que envolvem todo ciclo dentro do Centro Cultural de
Educação Ambiental. Os resíduos sólidos são abordados dentro do projeto em
dois caminhos: o orgânico vira compostagem e adubo para os alimentos e es-
145

pécies nativas de refloresta, enquanto o reciclável é separado e classificado


para coleta até um destino apropriado de seu reuso.
O conforto ambiental dentro dos espaços cobertos foi pensado de modo
que o vento percorra seu caminho livremente, voltando a praça urbana para
seu sentido predominante sudeste, direcionando sua passagem para as abertu-
ras que ficam bem acima do pavimento térreo. Dentro dos blocos, foi estabele-
cido a utilização de janelas com peitoril alto que percorrem toda a extensão da
parede, facilitando a troca de ar quente. (Figura 124) (Figura 125)

Figura 124 – Corte Longitudinal; Centro Cultural de Educação Ambiental - Boca do Mandu.

Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 125 – Corte Transversal; Centro Cultural de Educação Ambiental - Boca do Mandu.

Fonte: Elaborado pelo autor

7.3.1 Programa de necessidades

O projeto trata-se de um vetor de educação ambiental para dissemina-


ção dos conceitos de ecologia urbana, para a polução do município de Borda
da Mata. O foco volta-se a atividades de aprendizados, com foca em interven-
ções de pequena porta para uso cotidiano da população que vão desde ofici-
nas para construção de cisternas, trabalho com lixo reciclável, agricultura urba-
na, palestras entre outras. Vale ressaltar a importância na promoção cultural,
principalmente da identidade local e do valor historio do Rio Mandu com a ci-
146

dade, bem como, ofertar espaços públicos de qualidade com diversidade de


atividades que envolvem desde lazer a encontros para todo o público.
O programa foi dividido em quatro setores para uma compreensão das
atividades que permeiam o espaço proposto, cada um segue uma lógica funci-
onal, sendo representados como: (Figura 126)

1. ADMINISTRATIVO: configura-se como a parte de gerenciamento de to-


da a infraestrutura e coordenação acadêmica, composto por: recepção,
sala administrativa, coordenação, sala do diretor, sala dos técnicos e
espaço para reuniões. Vale destacar o bloco de funcionários, com espa-
ço para vestiários, almoxarifado, copa e cozinha

2. SERVIÇOS AO PÚBLICO: composto pelas atividades de uso público


como lanchonete, estacionamentos e banheiros, que são espaços ofer-
tados para qualquer tipo de usuário do local.

3. EDUCACIONAL: voltado para promoção da ecologia urbana, com áreas


destinadas a aproximação das relações do homem com a natureza.
Formado por salas de aula, laboratórios criativos (fab-lab), auditório para
eventos, agroflorestal, e jardins de chuva.

4. LAZER: qualifica e ativa todos os espaços do centro educacional, uma


vez abordado que o aprendizado e o lazer podem caminhar lado a lado.
Oferecendo um leque de praças temáticas de acordo com o local que
alagada, inserida: desde praça agroecológica cercada pelos canteiros
alimentícios, a praça urbana que forma um espaço para receber exposi-
ções e eventos, a praça das artes que conecta o palco do auditório com
a paisagem do local, chegando até a praça fluvial marcada por suas
cheias. Também compõe essas atividades de lazer um playground infan-
til, uma pista de caminhada e contemplação e um grande foyer de entra-
da que aparece como forma de extensão da calçada para dentro do pá-
tio interno do projeto.
147

Figura 126 - Diagrama de usos;


Centro Cultural de Educação Ambiental - Boca do Mandu.

Fonte: Elaborado pelo autor

7.3.2 Diagrama de águas

Dentro da área selecionada para o projeto arquitetônico da Escala Micro,


tem porte para receber tipologias LID de grandes dimensões. Devido a locali-
zação lindeira as margens do Rio Mandu e devido a segurança dos moradores
que se encontram no local, foi tomado como partido as funções de infiltração e
retenção das águas pluviais, dispondo dispositivos que atendam a essas fun-
ções dentro dos requisitos já analisados.
O conceito adotado para formulação do objeto arquitetônico, leva em
conta o gerenciamento das águas urbanas propostas dentro das diversas esca-
las da infraestrutura ecológica para Borda da Mata. Partindo de que o eixo de-
nominado como Natural receba a função de filtração das águas pluviais advin-
das de toda a malha urbana, por meio de um pista de caminha pouco elevada
do solo, integrada com uma pequena faixa da Bacia de Filtração, como forma
de reter os resíduos sólidos e permitindo a passagem da água livremente. Já
na zona Híbrida, são abordados atividades humanas ligadas a natureza como
148

uma fazenda urbana que fortalece as funções de filtragem e infiltração por situ-
ar na parte mais íngreme do terreno, uma Biovaleta acompanhado de Pavimen-
tos Permeáveis localizada no centro da praça urbana, direcionando todo esco-
amento do local para a cota mais baixa, onde estão inseridos os Jardins de
Chuva, que foram abertos na parte mais baixa como função de retenção dentro
de todo sistema, bem como, maximizar a infiltração para diminuição das águas
pluviais nessas áreas de fundo de vale. A parte antropológica que consiste na
edificada e coberta, está inserido estratégias para reutilização dos recursos
naturais a partir da estrutura de cobertura, implantado cisterna captam a agua
dos jardins de chuva para reuso dentro do próprio local, no foyer segue a tipo-
logia de praça seca, com poucos canteiros e arvores saindo do piso, embutidas
dentro de Canteiros Pluviais para infiltração das águas. (Figura 127)

Figura 127 - Localização dos dispositivos LID dentro da Escala Meso;


Centro Cultural de Educação Ambiental - Boca do Mandu

Fonte: Elaborado pelo autor


149

Dentro de todo sistema proposto foi proposto para a rampa central, onde
está inserido uma Biovaleta junto ao Pavimento Poroso, permitindo que o tran-
seunte caminha na parte de cima, enquanto embaixo, a água escoe direciona-
da até os jardins de chuva localizados na cota mais baixa do terreno. Essa es-
tratégia foi desenvolvida como forma de maximizar a eficiência na filtração (tra-
tamento) e infiltração das águas pluviais devido a vegetação presente em todo
trecho, por meio do fito remediação.
Dentro de todo sistema proposto para a Escala Micro, as funções que se
destacam são a filtração, infiltração e retenção, ganhando destaque na preven-
ção de alagamentos bem como na melhoria da qualidade água, revitalizando o
Rio Mandu e aproximando cada vez mais a cidade para a resiliência urbana
dentro de todo seu perímetro. (Figura 128)

Figura 128 - Gestão das águas urbanas, dentro da intervenção Escala Micro;
Centro Cultural de Educação Ambiental - Boca do Mandu

Fonte: Elaborado pelo autor


150

7.3.3 Maquete eletrônica

Segue as imagens da maqueta eletrônica elaborada dentro da Escala


Micro, o Centro Cultural de Educação Ambiental – Boca do Mandu.
(Figura 129) (Figura 130) (Figura 131) (Figura 132) (Figura 133) (Figura 134)

Figura 129 - Vista do acesso principal para a praça urbana.

Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 130 - Vista do acesso principal para a praça urbana.

Fonte: Elaborado pelo autor


151

Figura 131 - Vista da fazenda urbana.

Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 132 - Vista da fazenda urbana.

Fonte: Elaborado pelo autor


152

Figura 133 - Vista área do Centro Cultural de Educação Ambiental - Boca do Mandu.

Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 134 - Vista área do Centro Cultural de Educação Ambiental - Boca do Mandu.

Fonte: Elaborado pelo autor


153

8 CONCLUSÃO

Esta pesquisa desenvolveu uma reflexão sobre os conceitos Ecologia


Urbana e suas formas de aplicação no planejamento urbano, como um instru-
mento estratégico para assegurar a qualidade ambiental das cidades brasilei-
ras. Neste sentido, desataca-se que os dispositivos são considerados como
elementos estruturadores da paisagem urbana, qualificando também os equi-
pamentos de infraestrutura.
A partir disso, a fundamentação teórica procurou, explicar que embora a au-
sência dessas práticas no Brasil, a ecologia urbana, é um conceito que propõe
a multifuncionalidade do espaço, que além de permitir a inserção e valorização
da natureza no ambiente já antropizado.
Foram abordadas três escalas para compreensão e intervenção dentro
da proposta, a escala Macro refere-se ao município, abordando o contexto da
cidade e suas relações ambientais bem como a estrutura de saneamento, onde
foi implementado uma Infraestrutura Ecológica em todo o fundo de vale que
abrange o perímetro urbano, partindo da configuração sistêmica da Infraestru-
tura Verde e das estragais LID apresentadas. A escala Meso refere-se ao lu-
gar, selecionado a partir da importância dentro dos processos ambientais, a
área apresenta a chegada do rio Mandu com a malha urbana, bem como as
principais áreas de descarte de efluentes e as estações de tratamento e abas-
tecimento de água, requalificando toda área com a implementação do Parque
Linear do Mandu. Por último tem-se o entendimento do objeto dentro da escala
Micro, propondo um vetor para disseminação de todos os conceitos abordados
dentro dessa pesquisa, propondo um Centro Cultural de Educação Ambiental –
Memórias do Mandu dentro de um antigo terreno onde localiza-se o antigo Clu-
be de Campo Tiradentes, que hoje encontra-se abandonado.
Desta forma a ecologia urbana deve ser considerada como concepção
sustentável para subsidiar a elaboração de planejamento urbano e ambiental.
Utilizando seus dispositivos como elemento urbanístico multifuncional para a
estruturação da paisagem, contribuindo assim para o gerenciamento das águas
pluviais, bem como, para lazer, recreação e para qualidade ambiental do espa-
ço público.
154

REFERÊNCIAS

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Águas, 2010.

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ANA. BRASIL. Sistema de Tratamento de Esgoto: Previsão, 2035. Borda da


Mata: Agência Nacional de Águas, 2016.

ARRUDA, Marcella. Inovação social e participação cidadã: a ativação do


Parque Linear do Canivete. 2019. Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/909315/inovacao-social-e-participacao-
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ARSEA. BRASIL. Relatório De Fiscalização Nº Gfo-78/2016: Serviços De


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ESGOTAMENTO Sanitário da Sede Municipal De Borda Da Mata. Borda da
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ANEXOS

ANEXO 1 - Croqui do Sistema de Esgotamento Sanitário de Borda da Mata

Fonte: ARSEA (2016)


160

ANEXO 2 - Croqui do Sistema de Abastecimento de Água de Borda da Mata

Fonte: ARSEA (2016)

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