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Abstract: The present work has as the objective of studying the Full
Protection and Services for the Family (PAIF), presenting the objecti-
ves, policy and the public served by the program. The overall aim of the
paper is to check the functioning of PAIF according to the legal regu-
lations regarding the objectives, procedures and expected impacts. It
specifically seeks to understand the cultural and historical theory from
the process of human and society formation, as well as examining how
PAIF can be a service transforming realities. This article is justified by
considering the field of public policies as a building ground, and critical
reflection on the practice needs to be encouraged. From cultural-his-
torical authors, it discusses the human formation compared with other
men, and their integration into society, where the subject is built and
transforms himself. It also reads on the capitalist society, in order to de-
mystify the phenomenon of poverty, and understand the social inclusion
and exclusion as a dialectical phenomenon. It also discusses how the
family is served by public policies, and the contribution of Community
Recebido em Novembro de 2014
Aceite em Março de 2015 Psychology. Finally, the documents governing the PAIF are analyzed to
understand what the real purpose of the program is, how it intends to
serve the families, and what social impacts are pro- único de assistência social enquanto política de
moted. Finally, it is concluded that PAIF can be both estado, bem como a contribuição teórico prática
an instrument of social transformation and the adap- da psicologia comunitária para a atuação nesses
tation of the population to the dominant and oppressi- espaços, ate chegar ao PAIF, compreendendo-o
ve logic, depending on how it is operationalized.
como um programa que, por atuar diretamente
Keywords: Public Policy; Basic Social Protection;
PAIF.
com as famílias e em seu território, pode contri-
buir para a superação da condição de vulnerabi-
INTRODUÇÃO lidade enfrentada.
O presente artigo justifica-se por se con-
No presente trabalho tem-se como objeto siderar o campo das políticas públicas um terre-
de estudo o Serviço de Proteção e Atendimento no em construção, e a reflexão crítica acerca da
Integral à Família (PAIF), apresentando os ob- prática precisa ser encorajada. O estudo e aper-
jetivos, a política e o público atendido junto ao feiçoamento do assunto foi despertado ao se
programa. O objetivo geral do artigo é verificar pensar na estrutura, assim como a prática dos
nas regulamentações legais o funcionamento do serviços de políticas públicas sócioassistenciais
PAIF no que tange aos objetivos, procedimentos e o quanto a atuação destes programas tem sido
e impactos esperados. Especificamente, preten- transformadora na vida dos usuários como po-
de-se compreender a partir da teoria histórico tencializadora de uma consciência autônoma e
cultural o processo de formação humana e a so- reflexiva em meio a realidade que se encontram,
ciedade, e ainda analisar o quanto o PAIF pode partindo então desta construção para uma refle-
ser um serviço transformador da realidade. xão da atuação do psicólogo no Serviço de Pro-
O PAIF configura-se como um serviço teção e Atendimento Integral às Famílias.
de atendimento à família dentro da proteção so-
cial básica. Para analisá-lo primeiramente é pre- A PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL E A
ciso discutir o sujeito que utiliza esse serviço, os FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO
conceitos teóricos que embasam a prática psico-
lógica, assim como a visão da própria psicologia A psicologia histórico cultural baseia-se
que se pretende utilizar para abordar os temas. no pensamento marxista, e outros pensadores
Pretende-se utilizar-se de autores da psi- materialistas dialéticos. De acordo com Marx a
cologia histórico cultural para explicar a inserção essência humana é o conjunto de suas relações
e a interação do ser humano na sociedade, lugar sociais, ou seja, o sujeito se constitui nas rela-
que, segundo autores como Vigotski, Leontiev e ções. Dessa forma, não basta analisar o indiví-
outros, o sujeito se constitui e cria sua história. duo isolado do contexto social e da sociedade
De acordo com a concepção histórica cultural, a como um todo, mas considerá-lo inserido em um
natureza do homem é a história. O ser se cons- complexo conjunto de relações sociais e em um
titui na história, é influenciado por ela e possui o determinado momento histórico (FACCI, 2011).
poder de criá-la, transformá-la. Vivencia e trans- Por volta de 1930 ao explanar sobre a
forma simultaneamente a história. crise da psicologia Vigotski (1996, apud FACCI
Pretende-se também desnaturalizar o 2011) afirma que existiam duas psicologias nes-
fenômeno da pobreza, compreendendo-a como sa época: uma tentava compreender o compor-
um reflexo das relações de produção na socie- tamento sem a psique, e outra que estudava a
dade capitalista, compreendendo que o público psique sem o comportamento. Para ele era ne-
atendido pelos programas sociais provém das cessário uma concepção marxista de homem,
classes menos abastadas da sociedade, e são mas que nesse momento ela ainda não existia
corriqueiramente estigmatizados e culpabiliza- em psicologia.
dos por sua situação, em suma atravessado De uma forma geral a psicologia não
pela lógica liberal da sociedade contemporânea. tem conseguido entender o sujeito e o desen-
Discute-se também a forma como a famí- volvimento da personalidade atrelado a suas
lia é incorporada às políticas públicas, também condições sociais, tendendo a compreendê-lo
atravessada ideologicamente, e culpabilizada como abstrato. A teoria histórico-cultural tem
pela condição de vulnerabilidade de seus mem- como objeto de estudo a consciência, e a expli-
bros. Discute-se a política que embasa a prática ca tomando como ponto de partida as funções
na assistência social, a constituição do sistema psicológicas do indivíduo. Vigotski classifica as
do sua liberdade, já que os meios de produção da sociedade? Fica claro tal objetivo? O PAIF
não se encontram mais a seu alcance, e a única realmente estaria realizando função de suporte
coisa que lhe sobra é vender sua força de tra- para à superaração das condições de exclusão?
balho para esse sistema que lhe controla. Esse
homem perde sua identidade e essa lógica do A TRADIÇÃO HISTÓRICA DO TRABALHO
capitalismo pressupõe grandes contradições e SOCIAL COM FAMÍLIAS NA ASSISTÊNCIA
desigualdades. Uma dessas contradições é a SOCIAL
própria corrupção que existe dentro dele, esse
problema já se tornou macroeconômico, já que O modo como a família é incorporada à
afeta a saúde financeira do país e cria dificul- política pública reflete na organização dos ser-
dades adicionais ao financiamento de políticas viços e na proposição e organização do traba-
públicas voltadas para as áreas sociais, fazen- lho com as famílias no cotidiano dos serviços,
do com que esse sistema aniquile com o social programas e projetos. Em virtude da forma de
e permita uma forte individualização e centrali- organização da assistência social, historicamen-
zação do poder. Isso gera grandes desigualda- te marcada por atendimentos segmentados por
des não só físicas, mas também desigualdades categorias, fragmentados em problemáticas, os
morais, porque dependem de uma espécie de serviços foram dispostos a partir de “indivíduos-
convenção que é estabelecida, ou pelo menos -problemas” e “situações específicas”, como, por
autorizada, por esses homens, que consiste em exemplo, trabalho infantil, abandono, exploração
privilégios desses em prejuízo de outros (MARX, sexual, delinquência, dentre outras, não contem-
1999). plando a família como uma totalidade (MIOTO,
É preciso entender também que o traba- 2006).
lho formal na sociedade capitalista não é para Em relação às famílias pobres, subjacen-
todos. Entender a inclusão e a exclusão como tes à lógica da assistência social, estava a ideia
um processo dialético significa analisar que ne- de que a família é constitutiva do problema so-
nhuma delas é imutável, e que só existe inclusão cial, e de que seus responsáveis não tinham ca-
porque existe exclusão. Dentro da sociedade pacidade de educar as crianças, proteger seus
brasileira, capitalista e profundamente desigual, membros da marginalidade, da promiscuidade e
para que uma minoria disponha dos bens e dos dos vícios.
benefícios do desenvolvimento econômico, ou- São, assim, consideradas incapazes, de-
tra parte da população precisa viver na misé- vido a sua debilidade, desagregação conjugal,
ria. Para que a mão de obra seja barateada é à pobreza, dentre outros, cabendo ao Estado,
preciso que exista um certo número de pessoas nessas situações limites, livrá-las dos riscos, por
desempregadas e excluídas das relações de tra- via da institucionalização, com o afastamento do
balho e que, sedentas por incluírem-se nessas ambiente familiar, assim “legitimando as inter-
relações, submetam-se a condições de trabalho nações, as reclusões, os asilamentos, tomadas
sub humanas, mal remuneradas e sob longas também como medidas de segurança para a fa-
jornadas de trabalho (SAWAIA, 2001). mília e sociedade” (FONTENELE, 2007, p. 49).
Diante disso, tem-se a naturalização do As medidas e políticas sociais que afe-
fenômeno da exclusão. Nesse fenômeno ocorre tavam a família, geralmente, reproduziam con-
seu reforço e reprodução tanto no nível social cepções idealizadas de família-padrão, “normal”
como individual da dialética exclusão-inclusão e os papéis clássicos entre seus membros, dis-
implicando numa fragilização dos vínculos so- criminando as outras organizações familiares e
ciais. Por outro lado, a estigmatização da pobre- mantendo a associação família irregular/pobre-
za faz os direitos serem transformados em favor za.
das elites dominantes, ratificando a exclusão A família “normal” – a nuclear tradicional,
(SAWAIA, 2001). tomada como padrão - ou as famílias eram de-
São esses os indivíduos atendidos pelos finidas segundo a presença de um casal hete-
programas sociais. Sujeitos excluídos das rela- rossexual e sua prole, concepção difundida por
ções de trabalho, ou alienados por essas rela- várias disciplinas científicas, como, por exemplo,
ções. Refletindo sobre o que determina a política a Psicologia e os Terapeutas Familiares, Psica-
em sua regulamentação na tipificação levanta- nálise, dentre outras. Para essas disciplinas, a
-se o questionamento: o PAIF é transformador maior parte das outras formas de composição
familiar ou era encarada como patológica, in- mica da extensão da agenda pública para os no-
completa, insuficiente, ou era simplesmente in- vos direitos sociais, inclusive, não contributivos”
visível. (FONTENELE, 2007, p. 50). (SPOSATI, 2004, p. 39).
Mioto (2006) sintetiza o trabalho social Permite ampliar o alcance da cidadania,
com família baseado em: a) Concepções este- ainda que em uma sociedade de desigualdades,
reotipadas de famílias e papéis familiares, cen- rompendo com a tendência de inclusão no sis-
trados na noção de família padrão e as demais tema de proteção social via cidadania regulada.
como “desestruturadas’, com expectativas das Santos (1987) destaca que a cidadania regulada
clássicas funções alicerçadas nos papéis atri- é a denominação do arranjo de proteção social
buídos por sexo e lugar nos espaços público e que outorga o estatuto da cidadania apenas aos
privado; b) Prevalência de propostas residuais, membros da comunidade nacional, localizados
dirigindo-se a determinados problemas, seg- em ocupações reguladas pelos preceitos legais,
mentados e fragmentados da totalidade social, como a legislação trabalhista sendo, portanto,
tomados como “desviantes”, “patológicos” e su- estratificada por ocupação. Os usuários da as-
jeitos ao trabalho psicossocial individualizante sistência social eram considerados subcidadãos
e terapêutico, para cujo diagnóstico e solução - por destinar-se aos sem trabalho - e todos
envolve-se a família, responsabilizada pelo fra- aqueles cujo trabalho a lei desconhecia.
casso na socialização, educação e cuidados Historicamente a Assistência Social foi
de seus membros; c) Focalização nas famílias desenvolvida no Brasil por mulheres que orga-
em situação-limite, em especial nas “mais der- nizavam ações de cunho caritativo e assisten-
rotadas”, “incapazes”, “fracassadas”, e não em cialista. Ao longo dos anos, como fruto de mui-
situações cotidianas da vida familiar, com ações ta luta de profissionais e movimentos sociais, a
preventivas e na oferta de serviços que deem Assistência Social é promulgada como política
sustentabilidade às famílias.Nessa perspectiva, pública. Estabelecida pela Lei nº 8.742 de 07 de
o trabalho social com famílias dirigiu-se às cha- dezembro de 2003, a Lei Orgânica da Assistên-
madas famílias “desestruturadas”, “incapazes”, cia Social constituiu um avanço nas políticas pú-
trabalhando com o paradigma da patologia so- blicas do país (SPOSATI, 2004).
cial e com os recursos terapêuticos do trabalho Impulsionada pelo caráter democrático
psicossocial individualizante. da Constituição Federal de 1988, a Assistência
Ainda segundo Mioto (2006) as práticas Social passou a fazer parte do tripé da Seguri-
socioeducativas dirigidas aos grupos de família dade Social, sendo uma política não contributiva
dos segmentos atendidos, quando não institucio- de direito do cidadão que dela precisar.
nalizados ou retirados do convívio familiar, eram Posteriormente, tem-se a elaboração da
desenvolvidas em uma dimensão normatizadora Política Nacional de Assistência Social conquis-
e disciplinadora (dimensão moral e doméstica, tada após a IV Conferência Nacional de Assis-
geralmente dirigidas às mulheres). tência Social realizada em dezembro de 2004,
Nesses casos, como destaca Mioto tendo como significativo avanço a efetivação do
(2006), a família é tomada como parte do proble- sistema descentralizado e participativo a Políti-
ma cuja solução e dificuldades estavam centra- ca de Assistência Social. A partir de então a As-
das nela própria; e assim fortalece-se, direita ou sistência Social está definitivamente inserida no
indiretamente, uma visão da família como pro- campo das políticas públicas brasileiras.
dutora de patologias,buscando sua pacificação De acordo com Sposati (2004):A prote-
artificial. ção social na Assistência Social inscreve-se,
portanto, no campo de riscos e vulnerabilidades
POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SO- sociais que, além de provisões materiais, deve
CIAL/2004 afiançar meios para o reforço da auto estima,
autonomia, inserção social, ampliação da resi-
Para Sposati (2004), a assistência social liência dos conflitos, estímulos à participação,
definida na legislação é uma das ferramentas equidade, protagonismo, emancipação, inclusão
para ativar um novo contrato social na direção social e conquista da cidadania.
da inclusão dos excluídos, parte fundamental do Dessa forma, para Sposati (2004) a
sistema de proteção social brasileiro. “Não há PNAS vem definir parâmetros para as ações
dúvida que a assistência social opera na dinâ- desenvolvidas pela assistência social e visando
à efetivação dos direitos, já concretizados pela acordo com o SUAS (BRASIL, 2005b, p. 19-20)
Constituição Federal. Pode-se dizer então que a vigilância social:
após a IV Conferência Nacional de Assistência
Social em dezembro de 2003, houve um signifi- […] consiste no desenvolvimento da capaci-
cativo avanço na efetivação do sistema descen- dade e de meios de gestão assumidos pelo
tralizado e a partir de então a Assistência Social órgão público gestor da assistência social
está definitivamente inserida no campo das polí- para conhecer a presença das formas de vul-
nerabilidade social da população e do territó-
ticas públicas brasileiras.
rio pelo qual é responsável […] O sistema de
Assume ainda uma visão de proteção vigilância de assistência social é responsável
social, visando a identificar os riscos e vulnera- por detectar e informar as características e
bilidades produzidos pela desigualdade social e dimensões das situações de precarização
intervir nesta realidade. Da mesma forma reco- que vulnerabilizam e trazem riscos e danos
nhece que a população possui capacidades e aos cidadãos, a sua autonomia, socialização
competências, valores e experiências, os quais e ao convívio familiar.
devem ser valorizados e considerados importan-
tes para a promoção e emancipação (SPOSATI, A vigilância sócio-assistencial está ligada
2004). em criar indicadores das situações de vulnerabi-
Os princípios estabelecidos na PNAS lidade e risco social e pessoal, buscando apre-
(2004) denotam compromisso em garantir o ender/conhecer o dia-a-dia da vida das famílias.
acesso a todos os direitos dos cidadãos, respei- A defesa social e institucional está ligada com a
tando sua autonomia e socializando as informa- articulação da política de assistência social com
ções acerca dos direitos sociais. As funções da as demais políticas sociais que são “voltadas à
PNAS (2004) são a vigilância social, a defesa garantia de direitos e de condições dignas de
social e institucional e a Proteção Básica e Pro- vida” (BRASIL, 2005b, p.19).
teção Especial. A Vigilância Social consiste em Ademais, a rede sócio-assistencial ar-
um sistema de informações sobre a realidade ticulada em defesa dos direitos de cidadania:
dos usuários de um determinado território. Deve Considera o cidadão e a família não como obje-
estar organizada em âmbito municipal, estadual to de intervenção, mas como sujeito protagonis-
e federal, sendo parte extremamente importante ta da rede de ações e serviços; Abre espaços e
para elaboração de diagnósticos e avaliações. oportunidades para o exercício da cidadania ati-
A Política Nacional de Assistência Social va no campo social, atuando sob o princípio da
tem um caráter inovador, pois avança no sentido reciprocidade baseada na identidade e reconhe-
de se consumar como política pública que reco- cimento concreto; Sustenta a auto-organização
nhece a questão social como uma situação cole- do cidadão e da família no desenvolvimento da
tiva da sociedade capitalista e busca superar as função pública (BRASIL, 2005b).
práticas focalizadas e assistencialistas (PNAS, Assim, verifica-se o cuidado da Política
2004). Nacional de Assistência Social em respeitar os
cidadãos e as famílias, reconhecendo-os como
SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – sujeitos se sua própria história, dotados de ex-
SUAS periências e valores e capazes de construir mu-
danças. A proteção social de assistência social
A deliberação do Sistema Único de Assis- segundo a NOB/SUAS (2005a, p.16)
tência Social advém da IV Conferência Nacional
de Assistência Social que foi realizada em de- […] consiste no conjunto de ações, cuidados,
zembro de 2003 a qual visa um “reordenamento atenções, benefícios e auxílios ofertados
pelo SUAS para redução e prevenção do im-
da gestão das ações descentralizadas e partici-
pacto das vicissitudes sociais e naturais ao
pativas de assistência social no Brasil” (BRASIL, ciclo da vida, à dignidade humana e à família
2005b, p. 09), ou seja, um único modelo de ges- como núcleo básico de sustentação afetiva,
tão integrando as três esferas de governo. biológica e relacional.Assim, a proteção tem
O SUAS consolida a PNAS, bem como por princípios a matricialidade sócio-familiar,
organiza e estrutura as funções assistenciais no a territorialização, a proteção pró-ativa, a in-
que tange a proteção social, a vigilância social tegração à seguridade social e a integração
e a defesa dos direitos sócio-assistenciais. De às políticas sociais e econômicas, tem ain-
da por garantia a segurança de acolhida, a ações de fragilidade. Assim, realiza ações com
segurança social de renda, a segurança do famílias que possuem pessoas que precisam
convívio ou vivência familiar, comunitária e de cuidado, com foco na troca de informações
social, a segurança do desenvolvimento da sobre questões relativas à primeira infância, à
autonomia individual, familiar e social e a
adolescência, à juventude, ao envelhecimento e
segurança de sobrevivência a riscos circuns-
tanciais.
deficiências a fim de promover espaços para tro-
ca de experiências, expressão de dificuldade se
SERVIÇO DE PROTEÇÃO E ATENDIMENTO reconhecimento de possibilidades. Tem por prin-
INTEGRAL À FAMÍLIA (PAIF) cípios norteadores a universalidade e gratuidade
de atendimento, cabendo exclusivamente à es-
O Serviço de Proteção e Atendimento fera estatal sua implementação. Serviço oferta-
Integral à Família (PAIF) é um trabalho de cará- do necessariamente no Centro de Referência de
ter continuado que visa a fortalecer a função de Assistência Social (CRAS) (BRASIL, 2009).
proteção das famílias, prevenindo a ruptura de O PAIF visa em seu programa fortalecer
laços, promovendo o acesso e usufruto de direi- a assistência social como direito social de cida-
tos e contribuindo para a melhoria da qualidade dania; respeitar a heterogeneidade dos arran-
de vida. jos familiares e sua diversidade cultural; rejeitar
Além do fortalecimento da função pro- concepções preconceituosas, que reforçam de-
tetiva da família dentre os objetivos do PAIF, sigualdades no âmbito familiar; respeitar e pre-
destacam-se; a prevenção da ruptura dos vín- servar a confidencialidade das informações re-
culos familiares e comunitários; a promoção de passadas pelas famílias no decorrer do trabalho
ganhos sociais e materiais às famílias; a promo- social; utilizar e potencializar os recursos dispo-
ção do acesso a benefícios, programas de trans- níveis das famílias no desenvolvimento do tra-
ferência de renda e serviços socioassistenciais; balho social; utilizar ferramentas que contribuam
e o apoio a famílias que possuem, dentre seus para a inserção efetiva de todos os membros da
membros, indivíduos que necessitam de cuida- família no acompanhamento familiar (BRASIL,
dos, por meio da promoção de espaços coletivos 2014).
de escuta e troca de vivências familiares (BRA- É importante que as ações do PAIF se-
SIL, 2014). jam adequadas às experiências, situações,
Essas ações são desenvolvidas por meio contextos vividos pelas famílias. Portanto, ao
do trabalho social com famílias, apreendendo as implementá-las cabe refletir sobre o tipo de fa-
origens, os significados atribuídos e as possibi- mília a que a ação se destina e se ela terá algum
lidades de enfrentamento das situações de vul- significado.
nerabilidade vivenciadas, contribuindo para sua O PAIF teve como antecedentes o Pro-
proteção de forma integral (BRASIL, 2014). grama Núcleo de Apoio à Família (NAF - 2001),
Constituindo-se em um dos principais e o Plano Nacional de Atendimento Integrado à
serviços que compõem a rede de proteção so- Família (PNAIF- 2003). Em 2004, o MDS, apri-
cial de assistência social o PAIF concretiza a morou essa proposta com a criação do Progra-
presença e responsabilidade do poder público e ma de Atenção Integral à Família (PAIF). Em 19
reafirma a perspectiva dos direitos sociais, que de maio de 2004, com o decreto 5.085 da Pre-
vem se consolidando no país de modo descen- sidência da República, o PAIF tornou-se “ação
tralizado e universalizado, combatendo a po- continuada da Assistência Social”, passando a
breza, a fome e a desigualdade, assim como, a integrar a rede de serviços de ação continuada
redução da incidência de riscos e vulnerabilida- da Assistência Social financiada pelo Governo
des sociais que afetam famílias e seus membros Federal. Em 2009, com a aprovação da Tipifica-
(BRASIL, 2014). ção Nacional dos Serviços Socioassistenciais, o
Portanto, o PAIF tem como público famí- Programa de Atenção Integral à Família passou
lias em situação de vulnerabilidade social. Entre a ser denominado Serviço de Proteção e Atendi-
os prioritários no atendimento estão os benefi- mento Integral à Família, mas preservou a sigla
ciários que atendem aos critérios de participa- PAIF. Esta mudança de nomenclatura enfatiza o
ção de programas de transferência de renda e conceito de ação continuada, estabelecida em
benefícios assistenciais e pessoas com defici- 2004, bem como corresponde ao previsto no
ência e/ou pessoas idosas que vivenciam situ- Art. 23 da Lei Orgânica de Assistência Social –
sujeitos históricos, seu objeto de estudo é o re- sentação social, que busca saber como o grupo
flexo psíquico da vida comunitária, a imagem humano:
ativa das relações da comunidade no psiquis-
mo e o aprofundamento da consciência. Dessa “constrói um conjunto de saberes que
forma, esta Psicologia vem a ser uma ciência expressam a identidade de um grupo social, as
comprometida com a realidade estudada, es- representações que ele forma sobre uma diver-
pecialmente com os excluídos (SAWAIA, 1998), sidade de objetos, e principalmente o conjunto
comprometimento que possui relação direta com dos códigos culturais que definem, as regras de
os trabalhos visados e executados pelo CRAS, uma comunidade” (OLIVEIRA; WERBA, 2002, p.
que atua com grupos, famílias e indivíduos em 107);
seu contexto comunitário, e visa o direito à pro-
teção social, garantindo a segurança de sobre- Alteridade, entendida como “o relacio-
vivência, de acolhida, e do convívio ou vivência nar-se com o outro, diferente de mim, mas reco-
familiar (MDS, 2004). Portanto, a Psicologia So- nhecido por mim como uma pessoa com direitos
cial Comunitária acolhe, também, como público, iguais aos meus e valorizada enquanto sujeito”
o sujeito singular e a vulnerabilidade no contexto (CAMARGO-BORGES; CARDOSO, 2005, p.
social em que está inserido, seus recursos sim- 29), e o conceito de identidade, “conhecimento
bólicos e afetivos, bem como a disponibilidade de si dado pelo reconhecimento recíproco dos
para se transformar e dar conta de suas atribui- indivíduos identificados através de um determi-
ções, público este acolhido pelo SUAS/CRAS nado grupo social que existe objetivamente, com
(MDS, 2004). sua história, suas tradições, suas normas, seus
Essa Psicologia, segundo Freitas interesses, etc.” (LANE, 1994b, p. 64), pois, a
(1998a), privilegia o trabalho com grupos, ma- Psicologia sócio-histórica se dá na intersecção
neira igualmente proposta pelo CRAS, e enfati- da história pessoal com a história da sociedade.
za a elaboração de uma teoria e prática pautada Ao entrar na comunidade, o psicólogo
em valores, como ética da solidariedade, resga- deve estar ciente que lidará com um sujeito con-
te dos direitos humanos fundamentais e busca creto, inserido numa realidade sócio-histórica-
da melhoria da qualidade de vida, que também -cultural, tendo no cotidiano seu espaço vital,
são preceitos do CRAS (CAMPOS, 1998). portanto, opta-se por se pensar em uma meto-
A PNAS (MDS, 2004) afirma que um dos dologia cujos objetivos são definidos a posteriori
focos principais das ações do CRAS é a pre- e o trabalho pensado e formulado juntamente
venção das situações de risco, tendo em vista com a população (FREITAS, 1998b).
o fortalecimento do convívio e desenvolvimento Gobbi (2004) afirma que este processo
da qualidade de vida familiar-comunitário, que é inicia-se com a inserção efetiva do psicólogo na
ação central das atividades desenvolvidas pelo comunidade, cujo início baseia-se na construção
psicólogo social comunitário. Assim, observa-se de um vínculo, configurado por uma parceria, na
que qualquer forma de intervenção em um grupo qual comunidade e interventor têm igualdade de
familiar precisa levar em consideração sua sin- importância no processo.
gularidade no contexto social em que se encon- Esse momento poderá ocorrer como uma
tra, e o psicólogo vem intervir neste cenário de pesquisa participante, no qual o pesquisador e o
questões psicossociais que caracterizam esses grupo trabalham juntos, portanto é importante o
sujeitos (SCARPARO & GUARESCHI, 2007). reconhecimento do território físico e social da re-
Para entender melhor a atuação do pro- gião (igrejas, escolas, entidades, empresas, co-
fissional de Psicologia no âmbito do CRAS se faz mércios, dentre outros), da cultura e subcultura
necessário a compreensão de alguns conceitos local (fatos e história) e da clientela em si (perfil
centrais do trabalho deste profissional, como o dos usuários do CRAS). Esse processo mostra-
processo de conscientização, que consiste se- rá uma série de problemáticas, alvo do trabalho
gundo Campos (1998, p. 11) em “trabalhar com do psicólogo no CRAS (GOBBI, 2004).
os grupos populares para que se tornem cons- Cabe ao profissional de psicologia auxi-
cientes das determinantes sociopolíticas de sua liar e colaborar com a comunidade, buscando,
situação e ativos na busca de soluções para os juntamente com os usuários, estabelecer os
problemas” para que assumam progressivamen- objetivos prioritários, visando desde o início à
te seu papel de sujeitos de sua história; repre- participação destes, pois são eles os sujeitos
capazes de colocar em prática ações que possi- seja viável e haja uma participação e interesses
bilitem a melhoria de seu bem estar psicossocial. concretos dos mesmos, que deve ser fomentado
Tal priorização de objetivos será necessária para através do diálogo, da reflexão e apropriação de
a elaboração de projetos, atendendo às deman- sua realidade, reforçando as potencialidades e
das já levantadas, levando em consideração as iniciativas dos sujeitos, para que deem continui-
atribuições próprias da burocracia da Assistên- dade ao trabalho, pois um dos objetivos, postu-
cia Social ou de políticas específicas, que são lado no PNAS (MDS, 2004) é justamente esta
executadas constantemente, e, portanto devem criação de possibilidades.
ser respeitadas e mantidas (GOBBI, 2004).
A partir disso, inicia-se a fase de imple- CONSIDERAÇÕES FINAIS
mentação e execução dos projetos, elaborados
a partir das demandas comunitárias, que neces- O PAIF configura-se como o principal
sitam ter metas claras. Como é apresentado pe- serviço dentro da proteção social básica, de-
los documentos que regem o CRAS, esses pro- senvolvido nos CRAS, Centro de Referência de
jetos devem se materializar, de preferência, por Assistência Social, sendo que todos os serviços
meio de trabalhos grupais, no qual o profissional subjacentes da proteção social básica devem
de psicologia poderá fazer uso de uma das te- estar articulados a este serviço.
orias existentes, que o qualifique, oriente e dê O serviço tem como público alvo famílias
suporte. Nesses trabalhos deverão ser focados em situação de vulnerabilidade social decorren-
os conceitos, já apresentados, da Psicologia So- te da situação de pobreza, e tem como objeti-
cial Comunitária, respeitando-se a identidade e vos principais a superação dessa condição, de
a alteridade do sujeito, na sua qualificação em modo a promover a melhoria de sua qualidade
busca de autonomia (GOBBI, 2004). de vida, respeitando a heterogeneidade das fa-
É importante enfatizar que as responsa- mílias atendidas, pautando-se no respeito e na
bilidades e ações deverão ser compartilhadas horizontalidade das relações.
entre o profissional e o grupo, pois se espera Na descrição do PAIF consta que o traba-
proporcionar uma atividade humana de respeito lho social com famílias, feito por meio da articu-
ao outro, no qual as pessoas possam criar vín- lação com a rede, permite aos usuários apreen-
culos saudáveis, reconhecendo suas potenciali- der as origens das situações de vulnerabilidade
dades de atuação. Esses preceitos necessitam vivenciadas pelas famílias assim como levantar
ser enfatizados durante o processo, para que o possibilidades de enfrentamento de tais condi-
grupo, com o tempo, comece a assumir integral- ções. Em outro trecho da Tipificação ( BRASIL,
mente as ações que vem sendo realizadas, bus- 2009) encontra-se o impacto social que o serviço
cando sua progressiva independência, que é po- pretende obter, sendo este, reduzir a ocorrência
sitiva tanto para a equipe, que poderá se dedicar de situações de vulnerabilidade, prevenção da
a outros projetos, quanto ao grupo, que estará ocorrência de riscos sociais, e ainda promover o
mudando sua realidade. Busca-se, portanto, de- acesso a serviços assistenciais e a melhoria da
senvolver sujeitos autônomos, comprometidos qualidade de vida das famílias atendidas.
com sua realidade, pois, ao criar possibilidades, Com relação ao trabalho social, entende-
estes poderão sair da situação de vulnerabilida- -se que apreender de fato as origens das situa-
de social em que se encontram. Após essa fina- ções de vulnerabilidade, especialmente no que
lização, a equipe retorna à fase inicial, revendo tange a pobreza, significa entender os meca-
projetos já pensados e formulando novos, reini- nismos que a fazem existir. Inicialmente, preci-
ciando o planejamento e implementando novo(s) samos entender de onde surge o fenômeno da
projeto(s) (GOBBI, 2004). pobreza, compreendendo-o como um fenômeno
O grupo comunitário poderá retomar con- inerente à própria organização da sociedade ca-
tato com o CRAS, mas as características devem pitalista, onde a minoria detentora dos meios de
ser diferentes. Para que não haja um retrocesso produção concentra a maioria da renda e das
no processo, a ajuda poderá ocorrer em forma riquezas, gerando desigualdades e exclusão
de auxílios ou consultoria, mas sem retornar a social. De acordo com Oliveira (2012), o Brasil
coordenação do trabalho. É importante salientar é um dos países mais desiguais do mundo. A
a necessidade de se buscar um grupo que vise economia nacional é a oitava maior do mundo
à continuidade do trabalho, no qual o objetivo em 2010, e nesse mesmo ano foi o terceiro com
maior desigualdade social, medido pelo índice sociais às famílias, promovendo o protagonismo
de Gini. Esses dados expõem a desigualdade, e a autonomia. Em contrapartida não se fala em
na medida em que se constata que os 50% mais alguma outra parte por quais meios esse objeti-
pobres da população concentram apenas 17,8% vo será alcançado, tampouco de transformação
da riqueza nacional. social, o qual julga-se ser necessário para tal fim.
A pobreza e a exclusão social são fe- Entende-se que as transformações so-
nômenos sociais subjacentes à lógica do capi- ciais só se tornam possíveis quando a ideologia
tal, da estratificação social e da divisão social que sustenta as práticas opressoras são rompi-
do trabalho. Dessa forma, a partir dos autores das, e quando toma-se consciência da alienação
consultados, como Bader Sawaia(1998, 2001), e de toda a lógica opressora. Esse ponto consis-
Wanderley Codo (2012), Martin Baró (1996) e te, na visão do grupo, o principal compromisso
outros, e da consequente apropriação de suas ético político do trabalho do psicólogo no campo
ideias compreende-se que para que haja de fato das políticas públicas: O processo de conscien-
a superação das condições de vulnerabilidade e tização.
risco a que estão submetidas as famílias aten- Estas ideias encontram respaldo nas de
didas pelo PAIF, principalmente no que tange a Martin Baró (1996), quando propõe como hori-
pobreza, é preciso que se rompa com a lógica zonte da práxis psicológica a conscientização,
central do próprio sistema capitalista, ou seja, auxiliando a comunidade a superar sua iden-
a lógica da exclusão. É preciso que se rompa tidade alienada, tanto pessoal quanto social.
com a própria forma como a sociedade se orga- Aceitar a conscientização como horizonte não
niza, como bem pontua Sawaia (2001), de modo exige tanto mudar o campo de trabalho, mas a
que para que alguns desfrutem dos benefícios perspectiva teórica e prática a partir da qual se
de uma sociedade rica, outros precisam viver as trabalha. Pressupõe que o psicólogo recoloque
margens dessa mesma sociedade. seu conhecimento e sua práxis, assuma a pers-
Neste ponto, a Tipificação e o PAIF po- pectiva das maiorias populares e opte por acom-
dem parecer inovadores e revolucionários, se panhá-las no seu caminho histórico em direção
analisados dessa forma, mas a questão é que à libertação.
a própria política não expõe de forma clara os A partir da conscientização o ser humano
meios que possibilitem chegar aos referidos pode transformar-se ao transformar sua realida-
fins. Compreende-se que tais objetivos só se- de, dialeticamente, ativamente. Entende-se que
riam possíveis de se tornarem realidade se as por meio da conscientização e do processo de
condições macrossociais e macropolíticas que transformação ativa por parte do sujeito, estar-
determinam o fenômeno da pobreza fossem al- -se-ia de fato promovendo a autonomia deste,
terados. sobre sua vida e sua história. A transformação
Em momento algum na política fala-se da realidade parte de um novo saber de si e do
em transformação social, em mudança de fato- mundo, e de transformação da relação entre os
res concretos que atravessam o cotidiano das homens. Martin Baró (1996) fala que apesar de
famílias, e se de alguma maneira fala-se, é feito a simples consciência sobre a realidade não ga-
de uma maneira sutil e inespecífica. Isso pode rantir de fato mudanças sociais, tais mudanças
ser observado nos objetivos que dispõe a Tipifi- só tem possibilidades reais de ocorrerem quan-
cação. Fala-se em melhorar a qualidade de vida do se rompe com a alienação.
da família, mas responsabilizando-a por sua fun- É preciso levar em consideração que a
ção protetiva. O olhar ainda é voltado para o in- Política Nacional de Assistência Social, a cons-
divíduo, para a família descolada do meio social. tituição de 1988, e demais diretrizes e políticas
De uma forma geral, pode-se perceber em todos que regem a Assistência Social no Brasil consti-
os outros objetivos um caráter conservador, pois tuem avanços significativos no que diz respeito
o foco é apenas a família, e não as situações ao combate a fome e a pobreza extrema. Mas,
concretas pelas quais a família precisa conviver não se pode parar por aí, ainda há muito a ser
em seu cotidiano, e percebe-se ainda um caráter feito para que se tenha uma sociedade igualitá-
assistencialista. ria e justa.
Dentre os objetivos, o que mais se apro- Também considera-se que o campo de
xima de um caráter inovador, é aquele que diz atuação na Política de Assistência Social é um
que o programa pretende promover aquisições terreno em construção. Não existem modelos
anteriores para basear a atuação nesses espa- Acesso em: 20 out. 2014.
ços. Daí a importância de se repensar dialetica-
mente a práxis, para que a própria atuação não ______. ______. Norma operacional básica
se cristalize, e para que não se caia na armadi- da Assistência Social (NOB\SUAS). Brasília:
lha de reproduzir a lógica estabelecida. MDS\SNAS, 2005a.
Os documentos que descrevem o PAIF,
apesar de serem conservadores, deixam lacu- ______. Sistema Único de Assistência
nas para que se execute um trabalho diferen- Social. Brasília: Secretaria Nacional de
ciado, que realmente promova a autonomia e a Assistência Social, 2005b.
superação da pobreza, porém, tudo dependerá
______. Ministério do Desenvolvimento Social.
de como o serviço será executado, a visão de
Guia de políticas e programas do Ministério
homem e de sociedade de quem o operaciona-
do Desenvolvimento Social e Combate a
liza e o próprio nível de consciência dos profis-
Fome. Brasília: MDS, 2008.
sionais.
Observa-se um grande potencial no ser-
______. Conselho Nacional de Assistência
viço, por estar próximo da comunidade, em con-
Social. Tipificação nacional de serviços
tato com a realidade, do dia a dia, vivenciando
socioassistenciais: Resolução no 109, de 11
junto as situações cotidianas da população, e
de novembro de 2009. Diário Oficial [da]
pode articulá-la, conscientizá-la, promover as
República Federativa do Brasil, Brasília, 25
mudanças e plantar uma semente que pode ge-
nov. 2009.
rar frutos, no sentido de promover mudanças re-
ais nas condições de vida da população. CAMPOS, R. H. de F. Possibilidades abertas
Em última análise,1,27 cm compreende- pelo Programa Fortalecendo a Família – PFF/
-se que o PAIF pode ser um serviço que simples- SP/SP. In: WANDERLEY, M. B.; OLIVEIRA, I. C.
mente adapte o indivíduo ao sistema, mantendo- (Org.). Trabalho com famílias: textos de apoio.
-o estático, calado, de forma que não reivindique São Paulo: IEE-PUC, v. 2, 1998.
seus direitos e não tenha condições de lutar por
mudanças nas situações concretas que atraves- CAMARGO-BORGES, C.; CARDOSO, C. L.
sam sua vida, contentando-se com os mínimos A psicologia e a estratégia saúde da família:
que o estado de bem-estar social oferece, ou compondo saberes e fazeres. Psicologia &
ainda pode ser um serviço que articule a popu- Sociedade, v. 17, n. 2, p. 26-32, 2005.
lação, mobilize a rede, promova a conscientiza-
ção da população e que de alguma forma, que CARVALHO, M. do C. B. A família
hoje pode parecer utópica, mude as condições contemporânea em debate. 2. ed. São Paulo:
macroestruturais e macropolíticas que oprimem EDUC, Cortez, 1995.
grande parte da população, e que a coloca as
margens da sociedade. CODO, W. Relações de trabalho e
transformação social. In: LANE, T. M.; CODO,
REFERÊNCIAS Wanderley (Org.). Psicologia social: o homem
em movimento. São Paulo: Brasiliense, 2012.
BARÓ, I. M. O papel do psicólogo. Estudos de
Psicologia, v. 2, n. 1, p. 7-27, 1996. FACCI, M. G. D. O conceito de personalidade:
uma análise a partir da psicologia histórico-
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social cultural. In: CONGRESSO NACIONAL DE
e Combate à Fome. Política Nacional de PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONAL.
Assistência Social (PNAS). Brasília: MDS\ 10.; 2011, Maringá, Anais... Maringá:
SNAS, 2004. Universidade Estadual de Maringá, 2011.