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Agnosia S
Agnosia S
fenômenos clínicos
Russel M. Bauer
Roger Gil
agnosia → ausência de
conhecimento,
consciência ou insight
definição clássica:
“uma falha do reconhecimento que não pode
ser atribuída a defeitos sensoriais elementares,
deterioração mental, distúrbios atencionais,
anomia afásica ou falta de familiaridade com o
estímulo apresentado sensorialmente” (BAUER, p.
215)
critérios de reconhecimento
z três classes de respostas como evidências:
– identificação aberta do estímulo apresentado
z nomear, apontar, demonstrar o uso do objeto
– indicações de conhecimento semântico sobre o objeto
z separar ou agrupar objetos com base em características
funcionais
– resposta discriminativa apropriada ao objeto
z discriminação não verbal, indireta, ou uso espontâneo do objeto
fenômenos clínicos: agnosia visual
z não identifica material visual
– linguagem, memória, funções intelectuais - preservadas
z casos clássicos: específica da modalidade sensorial
z paciente não consegue nomear mas reconhece o objeto: anomia
– não desaparece se o objeto é apresentado em outra modalidade
z classificação clássica (Lissauer, 1890)
– aperceptivas
– associativas
z classificação por conteúdo (podem co-ocorrer):
– prosopagnosia (faces)
– agnosia para cores
– agnosia para objetos
– alexia agnósica (inabilidade para ler devida à agnosia)
quadro das agnosias visuais
z agnosias visuais aperceptivas
– narrow apperceptive agnosia (agnosia aperceptiva de foco estreito)
– simultanagnosia dorsal
– simultanagnosia ventral
– perceptual categorization deficit (déficit de categorização
perceptual)
z agnosia visual associativa
z afasia ótica
– central achromatopsia/dyschromatopsia
– color anomia (anomia para cores)
z prosopagnosia
z category-specific recognition defects (déficit de reconhecimento
específico por categoria)
agnosia visual aperceptiva
z descrição
– prejuízo perceptivo mensurável - sistema sensorial intacto
– causas associadas:
z envenenamento por monóxido de carbono, intoxicação por mercúrio, danos
bilaterais, oclusão da artéria basilar, atrofia cortical posterior bilateral
– comportamento sugere dificuldades visuais severas
z muitos são considerados cegos até dizerem que podem ver, embora não
claramente, ou até serem vistos evitando obstáculos ambientais
– testes mostram acuidade normal ou próxima do normal
– muitos parecem não ter consciência do déficit, ou preocupação
com ele; alguns podem até tentar ocultá-lo
agnosia visual aperceptiva
z sinais clássicos
– desenhos de itens não identificados não podem ser copiados ou
comparados com uma amostra
z alguns podem traçar contornos, mas não sabem começar ou ficam repetindo
o traçado indefinidamente
– brilho e cores altamente saturadas podem ser reconhecidas
– muitos não conseguem apontar objetos nomeados pelo examinador
z Farah (1990) dividiu em 4 categorias comportamentalmente
significativas
– narrow apperceptive agnosia (agnosia aperceptiva de foco estreito)
– dorsal simultanagnosia
– ventral simultanagnosia
– perceptual categorization defect (déficit de categorização
perceptual)
agnosia visual associativa
z descrição
– déficit de identificação de objeto específico à modalidade, com
preservação da habilidade de copiar ou comparar estímulos
– agnosia associativa para objetos isolada é relativamente rara
z costuma estar associada a prosopagnosia, agnosia para cores, alexia
z sinais (identificação)
– consegue apontar objetos nomeados pelo examinador (o que
permite identificar a agnosia em afásicos ou anômicos)
– identifica objetos > fotos > desenhos
– falha no conhecimento semântico ou sobre o uso dos objetos
z problemas em categorizar objetos ou reconhecer duas representações
diferentes do mesmo objeto
z o nível básico de classificação (Rosch) pode ser atingido em alguns casos
(pode ser devido à natureza da tarefa – reconhecer uma chave é mais simples
do que reconhecer um rosto)
– hemianopsia homônima direita é o problema associado mais
comum (campo visual prejudicado)
afasia óptica
z descrição
– falha a nomeação de objetos apresentados visualmente
z preservação do reconhecimento, indicada pela demonstração do uso,
apontamento do objeto ou demonstração de conhecimentos sobre ele
z preservação da nomeação tátil ou auditiva
– lesão posterior esquerda, com hemianopsia homônima direita
comumente associada
z sinais (identificando)
– os erros de nomeação costumam ser
z perseveração de nomes de objetos apresentados anteriormente
z erros semânticos (nomes de objetos semanticamente relacionados)
z erros visuais (menos comuns)
prosopagnosia
z descrição
– conseguem discriminar e comparar faces, reconhecer faces como
sendo faces mesmo, mas não conseguem identificar qual face estão
vendo (prejuízo do reconhecimento específico)
z podem não reconhecer sua própria face num espelho e freqüentemente não
reconhecem rostos famosos
– geralmente associada com acromatopsia central, inabilidade
construcional, perda de memória topográfica e apraxia no vestir
– pode ser parte de uma agnosia visual para objetos
– alguns casos parecem ser aperceptivos e outro associativos
z lesões típicas
– envolvendo o córtex e a substância branca do giro occitotemporal
– geralmente bilaterais, mas quando unilaterais, são à direita
– parece que sempre implica danos ao sistema de projeção
occitotemporal (OTPS – a interface funcional entre o córtex visual
associativo e o lobo temporal)
prosopagnosia
z sinais, diagnóstico diferencial
– os pacientes geralmente aprendem a identificar as pessoas usando
outras dicas, como o jeito de andar, vestir, comprimento dos
cabelos, peso, marcas de nascença, voz, etc.
– pode ser confundida com:
z déficits de memória
z demência
z síndrome de Capgras (acha que os conhecidos são impostores)
z hipóteses
– agnosia para objetos atenuada
– forma limitada de síndrome amnésica
– déficit na identificação de objetos individuais em uma classe
reconhecível
– déficit em um hipotético sistema perceptual mediador do
reconhecimento facial
déficit de reconhecimento categórico específico
z descrição
– alguns prosopagnósicos parecem não reconhecer certas categorias
de objetos, como animais, comidas, plantas
– dificuldade parece estar limitada a uma categoria semântica
específica ou a uma certa classe de objetos
z foi sugerido um déficit “supercategórico”: reconhecimento de “coisas vivas”
z duas hipóteses
– um prejuízo localizado num sistema semântico organizado
taxonomicamente
z neste caso, temos uma hipótese forte sobre a estrutura da memória semântica
– “coisas vivas” seriam mais complexas, mais similares visualmente
umas às outras ou requerem, para a identificação, nomes mais
específicos do que coisas não vivas
z neste caso, temos apenas um problema metodológico
fenômenos clínicos: agnosia auditiva
z menos estudada que as agnosias visuais
– problemas de nomenclatura e de delimitação das várias síndromes
z descrição genérica
– déficit na capacidade de reconhecimento de sons, com audição
preservada quando medida em exame audiométrico padrão
z classificações
– teórica (Gil)
z hemianacusia e surdez cortical
z aperceptiva
z associativa
z agnosias seletivas: dos ruídos, surdez verbal, amusias receptivas,
paralingüísticas
– por sintomas (Bauer)
z surdez cortical e desordens auditivas corticais
z surdez verbal pura (agnosia auditiva para fala; agnosia auditiva verbal)
z agnosia auditiva (agnosia auditiva para sons não verbais)
z amusia sensorial (receptiva)
z agnosias paralingüísticas: agnosia auditiva afetiva e fonagnosia
desordens auditivas corticais e surdez cortical
z definição
– dificuldade para reconhecer estímulos auditivos de vários tipos
(verbais e não verbais)
– sinais afásicos, se presentes, são leves e não impedem o
reconhecimento da informação (desde que a audição não seja
requerida)
– são comuns dificuldades na análise temporal e localização espacial
dos estímulos
z diferenciando
– surdez cortical → sente-se surdo e parece sê-lo
– agnosia auditiva → insiste que não é surdo
desordens auditivas corticais e surdez cortical
z problemas de nomenclatura
– formas mistas (para sons verbais e não verbais) e similares de
agnosias auditivas foram descritas com vários nomes
z hemianacusia (só pode ser identificada com teste de escuta dicóica),
desordem auditiva cortical, agnosia auditiva, surdez verbal, afasia congênita
z Bauer chama todas de desordens auditivas corticais porque freqüentemente
surgem como uma evolução do quadro de surdez cortical e são muito
difíceis de separar claramente
z Gil considera a surdez cortical como uma dupla hemianacusia, dizendo ser
difícil distingui-la de uma agnosia auditiva global aperceptiva
– as bases neuroanatômicas são difíceis de distinguir, porém um
achado comum é a lesão bilateral do córtex auditivo primário das
radiações auditivas, do giro perissylviano ou dos giros de Heschl
agnosias auditivas aperceptivas e associativas (Gil)
z aperceptiva
– o déficit afeta o nível aperceptivo
– impede a discriminação sonora e torna impossível cumprir tarefas
de emparelhamento de sons
– pode ocorrer reconhecimento
z associativa
– o déficit afeta o nível associativo
– a discriminação pode ser feita e os sujeitos conseguem emparelhar
sons idênticos
– ainda assim, não identifica os sons e não consegue emparelhá-los
com a figura do objeto que produz o som
fenômenos clínicos: agnosia somatossensorial
z modelo teórico e classificatório (Gil)
Síndrome de Déjerine-Mouzon
1. nível de sensações
(peso, temperatura, textura, dureza) Síndrome de Verger-Déjerine
agnosia táctil aperceptiva (Bauer)