Departamento de Sociologia Disciplina: FLS 0102 - 2021 Docente Responsável: Ruy Braga e Leopoldo Waizbort Nome do Aluno: Pedro Vieira Cunha Camargo -Vespertino - Nº USP: 11260119 Texto: Da divisão do trabalho social; DURKHEIM, Émile.
CAPÍTULO I – A divisão do trabalho anômica
1ª parte: O objeto de estudo, as formas desviadas da divisão do trabalho (§§ 1 – 3) a) Reconhece a possibilidade de dentro do processo de diferenciação do trabalho não ocorrer a geração de solidariedade orgânica, apesar de não ser o usual. b) Justifica a escolha dessa forma desviada como forma de melhor entender o estado normal de tal processo. c) Discute, ainda, que no caso de criminosos não se pode conceber uma divisão do trabalho, mas sim um processo de diferenciação. d) Diferencia a divisão da diferenciação, tratando esta como uma nova função que se forma em torno das demais. I 2ª parte: O caso das crises industriais ou comerciais (§§ 4 – 6) a) Apresenta como ruptura da solidariedade orgânica as crises industriais, chamando a atenção para o aumento de casos do tipo na medida em que o trabalho se divide, como observado entre 1845 e 1869. b) Acrescenta como exemplo de ruptura da solidariedade o antagonismo entre capital e trabalho, que conforme as funções industriais vão se especializando o litígio entre operário e patrão aumenta. c) Narra a trajetória da divisão do trabalho que se deu na indústria, localizando no século XVII sua última fase com o advento da grande indústria e exacerbado confronto entre operários e patrões, sentimento contrário ao esperado no processo de especialização. d) Pontua que essa tensão também está ligada, apesar de não ser o único fator, à imposição da condição de operário para certa parcela da sociedade. 3ª parte: O processo de divisão nas ciências (§ 7) a) Aponta o processo de especialização pelo qual, tal como o a indústria, a ciência passa, dificultando o cultivo da ciência geral por um só indivíduo. b) Identifica que diante desse cenário de vários estudos fragmentados e incomunicáveis não se forma a solidariedade. II 4ª parte: O desenvolvimento natural da divisão do trabalho (§§ 8 – 10) a) A partir do reconhecimento do conflito gerado na especialização, desenvolve que na medida em que o indivíduo se especializa ele acaba por perder a percepção do seu trabalho em perspectiva do conjunto da sociedade. b) Traz o argumento de A. Comte, que reconhece nessa característica fator de desintegração que surge com a divisão do trabalho, expondo a contração entre o desenvolvimento e a tensão por ele causada, podendo ocasionar em fragmentações sociais. c) Diante do prospecto supracitado e em consonância com Comte, reconhece a importância da diversidade de funções, assim como a unidade que não é resultado natural desse processo. d) Decorre então da avaliação anterior o papel do Estado como elemento capaz de gerar a coesão social necessária mediante a divisão do trabalho. e) Em comparação com a conclusão anterior, compara o papel da filosofia nas ciências com o papel do governo, exercendo fator de coesão entre suas as diversas áreas. 5ª parte: O órgão governamental e sua função de comunicação com demais órgãos (§§ 11 – 13) a) Apresenta os dois aspectos dos órgãos onde há elevada divisão do trabalho, sendo eles a interdependência e a difusão segmentária com maior facilidade. b) Assume como consequência desse processo entre os órgãos a possibilidade de não se perceber a sua inserção em meio aos outros pares, ao passo que se afastam do órgão dirigente. c) Resulta então dessa falta de percepção global que a solidariedade é fator essencial para a unidade social, sendo inclusive condição para a regulamentação espontânea do conjunto. d) Ainda tratando da coesão, reconhece que na sociedade não se tem um sentimento claro e contínuo da dependência entre as diversas partes da malha social. e) Paralelamente a essa falta de percepção clara da inserção na sociedade, concede que na medida em que a sociedade se divide os sentimentos coletivos perdem força, contudo não identifica no governo papel de coerção para coesão social. 6ª parte: O processo de divisão do trabalho da perspectiva da ciência (§§ 14 – 17) a) Retoma a diferenciação da ciência acima citada. b) Descreve a percepção da ciência como específica para cada área e sendo constituída na cabeça do cientista de uma alma que apenas em parte se torna forma sensível. c) Contrapõe a visão de Comte de unificação de métodos científicos como fator de coesão, uma vez que cada área da ciência apresenta conjunto próprio de ideais e verdades. d) Ainda, aponta na generalidades filosóficas a impossibilidade de tratar a matéria como um todo, ao passo que surgem mais diferenças do que semelhanças, sendo necessário consolidar a coesão por outros meios. e) Conclui que tal como a consciência coletiva, a filosofia com ciência coletiva perde sua força com a divisão do trabalho. III 7ª parte: Sobre a solidariedade orgânica (§§ 18 – 20) a) Estabelece que como processo normal, o enfraquecimento da consciência coletiva não pode ser responsável por fenômenos anormais. b) Pressupõe a predeterminação da concorrência entre órgãos como fator necessário para a existência da solidariedade orgânica. c) Descarta o papel dos contratos como fatores reguladores para a solidariedade orgânica, já que existem diversas formas de interações sociais submetidas à esfera jurídica. d) Atribui ainda a solidariedade o papel de moderar as concorrências na sociedade, que são naturais da vida social. e) A partir da percepção que o passado dos costumes acabam por engendrar regras de conduta, assume as regras como expressões da solidariedade em função de determinada situação. f) Por fim, conclui que essa rede de ligações estabelecidas pelo processo de divisão do trabalho acaba por garantir a permanência da solidariedade orgânica. 8ª parte: Sobre a regulamentação (§§ 21 – 23) a) Reconhece na falta de regulamentação fonte da falta de harmonia entre as funções na sociedade. b) Relaciona ao avanço da especialização das funções com o maior número de perturbações, sendo necessário então, a medida em que uma organização se complexifica, uma regulamentação. c) Localiza nas relações entre capital e trabalho uma baixa regulamentação, indo de encontro com a perspectiva litigiosa entre essas duas partes citadas na segunda parte presente fichamento. d) Transpondo para o campo das ciências, é tratada de sua regulamentação, reconhecendo a partir da sua especialização a falta de regras metodológicas únicas. e) Em decorrência dessa falta de regulamentação, decorre que acontece uma atomização das partes, mesmo se tratando de mundos interdependentes. 9ª parte: A anomia (§§ 24 – 27) a) Define como estado de anomia a ausência de regulamentação entre os órgãos, o que acaba por acarretar na não geração de solidariedade mediante a divisão do trabalho. b) Estabelece que o contato suficientemente prolongado entre órgãos solidários impossibilita o estado de anomia. c) Já em sentido oposto, estabelece que fracas e esporádicas ligações entre órgãos são incapazes de determinar as interações. d) Em face das características citadas, sucede-se que, dada a necessidade de comunicação na medida em que se divide o trabalho, o movimento de aproximação entre partes naturalmente gera a solidariedade, porém ainda suscetíveis à casos excepcionais que impeçam tal movimento. 10ª parte: A transformação do mercado (§§ 28 – 29) a) Diante da última conclusão, volta-se para o caso da indústria e seus constantes embates. b) Identifica no mercado um movimento de generalização que acaba por afastar os produtores dos consumidores, sendo esse distanciamento entre partes da sociedade fonte das crises apontadas no começo do capítulo. c) Conclui então que a partir dessas novas condições geradas pela ampliação do mercado são necessárias novas organizações, todavia, dada a rapidez das mudanças, essa regulamentação é dificultada. 11ª parte: A ciência em perspectiva da análise do mercado (§ 30) a) Alocando o exemplo anterior para o caso das ciências sociais e morais, encontra na sua relativa juventude fator determinante para o estado de ruptura q se encontra. b) Deste modo, indica que essas ciências permaneceram distantes umas das outras, impedindo a criação de vínculos capazes de engendrar a união. c) Traça o paradeiro natural da ciência como sendo a sua unidade, não de métodos, mas viva e orgânica, proporcionando um sentimento de comum de construção entre cientistas. 12ª parte: A influência da divisão social do trabalho na percepção trabalhador (§§ 31 – 34) a) Reconhece o possível caráter impessoal que a divisão social do trabalho pode gerar no trabalhador. b) Relaciona o objetivo da moral – o aperfeiçoamento individual – com a supressão da individualidade, indicando que ela não pode deixar degradar a sua fonte, a vida social. c) Nega como método preventivo à alienação1 do trabalhador o ensinamento de instruções gerais, uma vez que uma visão muito ampliada e generalizada pode acabar por prejudicar a especialização do trabalho. d) Resolve a contradição apresentada atribuindo-a caráter excepcional no processo de divisão do trabalho. e) Em face do diagnóstico anterior, propõe a observância total ao processo de especialização, uma vez que naturalmente esse processo gera no trabalhador uma visão, mesmo que não nítida, das relações de dependência que são estruturadas na sociedade. f) Aponta então nessa percepção global, de ações com finalidade além de si mesmas, a fonte da solidariedade.
1 Apesar de Durkheim não usar propriamente o termo “alienação”, penso que expressa bem o movimento de impessoalidade tratado no texto.