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Disciplina: Sociologia II – Émile Durkheim

Aula 2: Durkheim - Da Divisão Social do Trabalho

Apresentação
Nesta aula, estudaremos alguns conceitos imprescindíveis da teoria durkheimiana
presente na obra Da divisão social do trabalho. Para tanto, buscaremos entender o
processo de divisão social do trabalho que emergiu junto à sociedade industrial.

Segundo Durkheim, esse processo ocorre com bases em princípios morais mais do
que em econômicos, já que a divisão do trabalho, nas sociedades modernas, é um
fenômeno essencialmente social.

Demonstraremos como o sociólogo emprega uma perspectiva organicista


(funcionalista) de sociedade, com base na divisão social do trabalho, produzindo uma
morfologia da vida social.

Bons estudos!

Objetivos
Apontar os conceitos de solidariedade social, e da transição da consciência
coletiva para a individual visando à coesão na divisão social do trabalho;
Descrever o papel da especialização para manter a coerência social e minimizar
os conflitos entre os indivíduos;
Identificar a passagem do direito repressivo para o direito restitutivo de divisão
social do trabalho.
Teoria Funcionalista
Collins (1999) aponta que David Émile Durkheim - juntamente com outros
autores clássicos como Montesquieu e Auguste Comte propõe os alicerces
para a Teoria Funcionalista, que apresenta a ideia de que a sociedade seria
um sistema de peças interligadas que deveria funcionar de forma harmônica e
interdependente. Cada instituição existente neste quebra-cabeça possui um
papel a ser exercido para manter a coesão social.

 Percepção da vida em sociedade como um sistema de peças interligadas / Fonte: Shutterstock


Na aula anterior, destacamos a importância dos escritos de Durkheim para dar
cientificidade à Sociologia, bem como observamos que as mudanças sociais e
econômicas provenientes da Revolução Industrial incentivaram o autor a
discorrer sobre as transformações societais emergentes.

Durkheim buscava explicar as modificações estruturais ocorridas com o


advento da sociedade moderna, em especial no âmbito da divisão social do
trabalho, haja vista que outros autores, como Karl Marx 1, já tratavam do
assunto.

Na realidade, a obra Da Divisão Social do Trabalho é sua tese de


doutoramento, publicada em 1893. Segundo seu sobrinho Marcel Mauss, a
intenção inicial de Durkheim era analisar “a relação entre individualismo e
socialismo 2”, ou seja, uma resposta à emergência das ideologias liberais 3,
4
contratualistas e socialistas no âmbito universitário e político da época.
 Livro Da Divisão Social do Trabalho / Fonte:
https://goo.gl/1F8LXC
<https://goo.gl/1F8LXC>

Vejamos o que alguns autores falam sobre a obra Da Divisão Social do


Trabalho:


Steiner (2016, p.37)

Afirma que o eixo central da tese durkheimiana demonstra que os laços


sociais estabelecidos não advinham das decisões voluntárias do Estado, como
propunha o socialismo, nem mesmo seriam resultantes das ações dos
indivíduos que prezassem pelo seu interesse pessoal. Por isso, observamos ao
longo de sua obra fortes críticas a Herbert Spencer, já que o mesmo
acreditava que, na modernidade, o laço social provinha do contrato de troca
estabelecido entre os indivíduos.


Aron (1993, p. 296)

Aponta que na obra veremos que “a divisão do trabalho é um fenômeno social


que só pode ser explicado por outro fenômeno social: o de uma combinação
de volume, densidade material e moral da sociedade”.

Divisão social do trabalho


Durkheim, apesar de apresentar em seus escritos fortes influências do
positivismo comteano, no sentido de ver a divisão social do trabalho de forma
positiva e como fonte de coesão social, não partilhava da concepção comteana
de que a sociedade moderna constituía o último estágio da evolução social
(positivo-científico).

Comte

Acreditava que a sociedade só se organizaria melhor por meio de uma


reforma intelectual do ser humano, mas Durkheim pressupunha que o
direito revelaria e fortaleceria esta consciência social, além de garantir a
estabilidade social com a aplicação de sanções contra os indivíduos
desviantes das normas sociais.

Durkheim

A concepção durkheimiana se afasta da noção de conflito de classe


tratado pelos marxistas. A divisão social do trabalho passa a ser algo
essencialmente social, cujos aspectos morais estão intrinsicamente
relacionados a ela, por isso a importância do direito para oportunizar a
coesão social entre os indivíduos no âmbito da divisão social do trabalho.

Embora a educação exprima os elementos comuns que toda
sociedade necessariamente possui - como as ideias a

respeito da natureza humana, do dever e do progresso que

formam a base do espírito nacional - ela também colabora

nessa diferenciação, já que cada profissão “reclama aptidões

particulares e conhecimentos especiais”. Onde existe uma

divisão do trabalho desenvolvida, a sociedade não tem como

regulamentar todas as funções que engendra e, portanto,

deixa descoberta uma parcela da consciência individual: a


esfera de ação própria de cada um dos membros. À medida

que a comunidade ocupa um lugar menor, abre-se espaço

para o desenvolvimento das dessemelhanças, da

individualidade, da personalidade autônoma.

(QUINTANEIRO et al, 1999, p. 72)

Partindo do pressuposto de que a sociedade deveria ser analisada como um


fenômeno sui generis 5, ou seja, vista como um sistema organizado de relações
permanentes, tal como a vida natural, Durkheim compara a sociedade a um
organismo vivo e diagnostica os estados nos quais a mesma poderia se encontrar, o
estado normal e o patológico.
Diante dos problemas e conflitos emergentes no meio urbano e mesmo no setor
trabalhista, Durkheim afirma que a sociedade moderna apresentava-se em um estado
doentio, ou seja, em um estado de anomia 6, porque suas instituições (em especial,
o Estado) não davam mais conta de exercer o papel de coação moral sobre os
indivíduos.

Durkheim sinaliza que os grupos profissionais especializados se tornam mais aptos a


cumprir esse papel moral, principalmente por meio da solidariedade e da consciência
individual que emergem neste novo cenário de trabalho.

 Pessoas caminhando em um cruzamento. / Fonte: Shutterstock



O modo de agrupamento dos homens que resulta da divisão
do trabalho é, pois, bem diferente do que exprime a

repartição da população no espaço. O meio profissional já


não coincide nem com o meio territorial, nem com o meio

familiar. É um novo contexto, que substitui os outros; por


isso, a substituição só é possível na medida em que estes

últimos são anulados.

(DURKHEIM, 1991, p.174)

Assim, para Durkheim, a divisão social do trabalho ocorre na medida em que se dá a


passagem da sociedade tradicional, que ele designa como segmentar, para a
sociedade moderna, e isto se deve em decorrência da condensação social das
cidades.

O sociólogo elucida que, para além da condensação, é preciso que os indivíduos se


diferenciem dentro do processo de divisão social do trabalho. Para ele, “os serviços
econômicos que ela pode prestar são pouca coisa ao lado do efeito moral que ela
produz, e sua verdadeira função é criar entre duas ou várias pessoas um sentimento
de solidariedade” (DURKHEIM, 1991, p.33).
Atividade
Correlacione os nomes dos autores às suas visões sobre a divisão social do
trabalho.

a) Acreditava que a sociedade só se organizaria melhor por meio de uma


reforma intelectual do ser humano.

b) Não partilhava da concepção de que a sociedade moderna constituía o último


estágio da evolução social (positivo-científico).

Noções de solidariedade,
especialização e estrutura jurídica
A Sociologia se relaciona ao processo de modernização e esse processo é
caracterizado pelo surgimento de uma sociedade urbana, industrial, racionalista,
capitalista e laica.

Isso gerou um novo sistema de estratificação social e modificou as relações sociais,


que passaram a ser objeto de estudo da Sociologia. Durkheim buscava avaliar e
propor intervenções diante dos problemas emergentes desta nova sociedade urbana,
em especial dos desacertos em sua configuração (migrações, pobreza, criminalidade
etc.).

 Gráfico / Fonte: Shutterstock


Para tanto, o autor retoma a ênfase no poder da razão (influenciado pelos teóricos
iluministas) e na superioridade da ciência (com base no positivismo de Auguste
Comte). A Sociologia como nova ciência, seria capaz de descrever as leis de
funcionamento da sociedade e nortear o seu comportamento. Por isso, Durkheim
observa a divisão social do trabalho de forma positiva, pois ela seria capaz de manter
a coesão social, ou seja, garantir a solidariedade entre os indivíduos.

Mas, a fim de melhor explicar esta noção de solidariedade, o autor faz uma
comparação entre as relações sociais estabelecidas nas sociedades tradicionais com o
novo modelo de vínculo estabelecido na sociedade moderna:


“(...) o mais notável efeito da divisão do trabalho não é que

aumenta o rendimento das funções divididas, mas que as


torna solidárias. Seu papel em todos esses casos não é

simplesmente embelezar ou melhorar as sociedades


existentes, mas tornar possíveis sociedades que sem ela não

existiriam.

(DURKHEIM, 1991, p. 30)

Evidencia dois tipos de solidariedade, referenciando-as a essas sociedades:

Solidariedade mecânica

Sociedade segmentar por semelhança, traduz os vínculos fortes estabelecidos


nas comunidades mais antigas e menores, por ser ela fonte de consciência
coletiva, em que os indivíduos unem-se por semelhança. Esse estado de
consciência “é independente das condições particulares em que os indivíduos se
encontram: eles passam, ela permanece” (DURKHEIM, 1991, p. 50).

O tipo de direito que abrange a solidariedade mecânica é o Direito Penal, que se


faz acompanhar de sanções repressivas, ou seja, punição do desvio, em especial
às regras. Assim, segundo o autor, nesse tipo de solidariedade, o crime não seria
apenas a lesão de interesses particulares, mas uma ofensa à coletividade,
portanto, haveria uma força moral superior ao indivíduo.

“Resulta deste capítulo [II Solidariedade Mecânica ou por Similitudes] que existe
uma solidariedade social proveniente do fato de que certo número de estados de
consciência é comum a todos os membros da mesma sociedade. É ela que o
direito repressivo figura materialmente, pelo menos no que ela tem de essencial.
O papel que ela representa na integração geral da sociedade depende,
evidentemente, da extensão da vida social que a consciência comum abraça e
regulamenta. Quanto mais houver relações diversas em que esta última faz
sentir sua ação, mais ela cria vínculos que ligam o indivíduo ao grupo; e mais,
por conseguinte, a coesão social deriva completamente dessa causa e traz a sua
marca” (DURKHEIM, 1991, p. 83).

Solidariedade orgânica

Os indivíduos se encontram em um estágio de diferenciação, mas dependentes


entre si, como os órgãos do corpo. Nesta sociedade, cuja base é industrial, estes
indivíduos, por desempenharem funções diferentes, dependem uns dos outros,
mas exercem a sua consciência individual.

O direito que exprime a solidariedade orgânica, segundo o autor, compreende o


Direito Civil, Comercial, Administrativo e Constitucional, fazendo-se acompanhar
de sanções restitutivas (reparação de danos). Esse tipo de sanções garante a
diferenciação da sociedade em funções especializadas, em que é necessária a
cooperação. O descumprimento de obrigações contratuais cria uma
responsabilidade de tipo patrimonial e não penal.

“Há dois tipos de sanções. Umas consistem essencialmente numa dor, ou, pelo
menos, numa diminuição infligida ao agente; elas têm por objeto atingi-lo em
sua fortuna, ou em sua honra, ou em sua vida, ou em sua liberdade, privá-lo de
algo de que desfruta. Diz-se que são repressivas - é o caso do Direito Penal. É
verdade que as que se prendem às regras puramente morais têm o mesmo
caráter, só que são distribuídas de uma maneira difusa por todo o mundo
indistintamente, enquanto as do Direito Penal são aplicadas apenas por
intermédio de um órgão definido: elas são organizadas. Quanto ao outro tipo,
ele não implica necessariamente um sofrimento do agente, mas consiste apenas
na reparação das coisas, no restabelecimento das relações perturbadas sob sua
forma normal” (DURKHEIM, 1991, p. 37).

Durkheim destaca o processo de passagem do direito repressivo para o direito


restitutivo dentro da divisão social do trabalho, em que na sociedade moderna, a
estrutura jurídica passaria a nortear as decisões autônomas para além do contrato
social.

Caso essa estrutura jurídica não desse conta de manter o estado normal da
sociedade, haveria a emergência de um desregramento social, cujo termo é associado
à noção de anomia. Logo, a divisão do trabalho social apresentaria consequências
positivas e negativas.
Positivas

Caracterizaria o progresso da sociedade, ao gerar maior especialização e


qualificação dos indivíduos no trabalho, o que se traduziria em uma via de
consumação pessoal. Também colaboraria para o aumento da força produtiva e
para a habilidade no trabalho, assim como permitiria o rápido desenvolvimento
científico, intelectual e material das sociedades.

Compreende-se aqui a influência do positivismo no pensamento durkheimiano. A


divisão social do trabalho não era específica do mundo econômico, as demais
esferas da vida social, como funções políticas, administrativas e judiciárias
estavam se especializando cada vez mais, bem como as funções artísticas e
científicas. Este estado de diferenciação promoveria a coesão e a organização
social, mantendo o equilíbrio da sociedade.
Negativas

Quando se visualiza a existência de regras sem unidade, de relações não


regulamentadas, criando a desintegração social e a debilidade dos laços que
prendem o indivíduo ao grupo. Tal situação pode gerar este estado de anomia.
Exemplo: autor desse estado anômico é a crescente onda de suicídio que
emerge com a sociedade industrial. A única maneira de combater a anomia
social é por meio da solidariedade social.

“A vida social deriva de uma dupla fonte: a similitude das consciências e a


divisão do trabalho social. O indivíduo é socializado no primeiro caso, porque,
não tendo individualidade própria, confunde-se, como seus semelhantes, no seio
de um mesmo tipo coletivo; no segundo porque, tendo uma fisionomia e uma
atividade pessoais que o distinguem dos outros, depende deles na mesma
medida em que se distingue e, por conseguinte, da sociedade que resulta de sua
união. (...) A divisão do trabalho dá origem a regras jurídicas que determinam a
natureza e as relações das funções divididas, mas cuja violação acarreta apenas
medidas reparadoras sem caráter expiatório (DURKHEIM, 1991, p. 216).

No entanto, não bastaria haver regras para garantir a coesão social, era preciso,
antes de tudo que o trabalhador não apenas trabalhasse, mas conhecesse seu
trabalho e se interessasse por ele.

Na sociedade moderna, os indivíduos deveriam ser guiados por um sistema de


valores e normas, ou seja, por uma moral que os encorajasse e os convidasse a se
satisfazerem com uma posição no sistema de divisão social do trabalho.
Observamos que Durkheim preconizou um modelo organicista (funcionalista) de
sociedade, em que esta é encarada como um organismo vivo, um conjunto de
elementos em que cada um é indispensável.

 Grupo de pessoas abraçadas / Fonte: Shutterstock

Essa concepção funcionalista compreende a sociedade


como um organismo social, similar ao corpo físico. A
perspectiva durkheimiana propõe a predominância do
todo (sociedade) sobre as partes (indivíduo), inclusive
na sociedade industrial.
Atividade
1 - Observe a tirinha:

 Tirinha da Mafalda / Fonte:


http://clubedamafalda.blogspot.com.br/
<http://clubedamafalda.blogspot.com.br/>

Considerando as falas das personagens Mafalda e de seu colega Manolito, na


tirinha do famoso quadrinista argentino Quino, indique qual valor se contrapõe
aos valores morais, espirituais, artísticos e humanos? E qual das falas está
próxima à perspectiva funcionalista de Durkheim?

2 - O fragmento da obra clássica de Lewis Mumford pode ser associado ao


processo de passagem da sociedade tradicional para a sociedade moderna,
especificada na obra Da divisão social do trabalho, de Durkheim por meio das
noções de solidariedade.

O historiador acrescenta: “[...] Se quisermos identificar a cidade, devemos


seguir a trilha para trás, partindo das mais completas estruturas e funções
urbanas conhecidas, para os seus componentes originários, por mais remotos
que se apresentem no tempo, no espaço e na cultura, em relação aos primeiros
telos que já foram abertos. Antes da cidade, houve a pequena povoação, o
santuário e a aldeia; antes da aldeia, o acampamento, o esconderijo, a caverna,
o montão de pedras; e antes de tudo isso, houve certa predisposição para a vida
social que o homem compartilha, evidentemente, com diversas outras espécies
animais.” MUMFORD, Lewis. A Cidade na História: suas origens, transformações
e perspectivas. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1998, p.11.

Cite os tipos de solidariedade mencionados pelo autor e suas relações com estas
diferentes sociedades.
3 - Marque a alternativa correta, correspondente às afirmativas verdadeiras (V)
e falsas (F) sobre as formulações teóricas de Émile Durkheim sobre a divisão
social do trabalho.

a) Para Durkheim o contrato social era a fonte de garantia de vínculos fortes


entre os indivíduos, na nova sociedade emergente.
b) Em sua obra Da divisão social do trabalho Durkheim identificou que as causas
dos conflitos sociais da sociedade moderna são decorrentes da luta de classe.
c) Segundo Durkheim, na sociedade moderna e industrial, em decorrência da
especialização, a consciência coletiva diminui diante da consciência individual.
d) Na sociedade moderna, o estado de anomia diz respeito ao desvio das regras
sociais, o que Durkheim chamou de desregramento social.
e) Na análise durkheimiana, no direito repressivo, maior quantidade de normas
é mantida pela consciência coletiva (solidariedade mecânica). Se predomina o
direito restitutivo, menor quantidade de normas diz respeito à sociedade como
um todo (solidariedade orgânica).
4 - A pintura Os operários (1933), de Tarsila do Amaral, contém 51 rostos de
homens e mulheres de idades e etnias variadas.

 Pintura Os Operários de Tarsila do Amaral |


Fonte: https://goo.gl/zWpqhW
<https://goo.gl/zWpqhW>

Ao fundo, a chaminé da fábrica e o prédio de escritórios assinalam a pluralidade


das ocupações diante da sociedade moderna. Ao observar esta imagem,
podemos dizer que a divisão social do trabalho apresenta consequências
positivas, na concepção durkheimiana.

Assinale a alternativa que apresenta uma das principais características positivas


apresentadas por Durkheim em sua obra Da Divisão Social do Trabalho a este
respeito:

a) Competição
b) Especialização
c) Concorrência
d) Enriquecimento
e) Aglomeração

Notas
1
Karl Marx
Buscava explicar o Movimento operário, que diz respeito à organização coletiva de
trabalhadores para a defesa de seus próprios interesses, por meio da implementação
de leis específicas a fim de gerir as relações de trabalho. Abrange o conjunto dos
fatos políticos e organizacionais relacionados com a vida política, ideológica e social
da classe operária ou, mais em geral, do mundo do trabalho, cuja emergência se dá
logo após as revoluções industriais. Tem como primeira condição a subsistência de
um proletariado industrial, isto é, de um conjunto de homens que baseiam sua
existência econômica no trabalho assalariado, estando privados da posse dos meios
de produção, em oposição aos quais se encontram os detentores desses meios, isto
é, o capital. Adaptado de BOBBIO et al, 2004, p.781.

2
Socialismo

Refere-se a várias teorias políticas e econômicas que pregam a coletivização dos


meios de produção e de distribuição, mediante o cerceamento da propriedade privada
e das classes sociais. A base comum das múltiplas variantes do Socialismo pode ser
identificada na transformação substancial do ordenamento jurídico e econômico
fundado na propriedade privada dos meios de produção e troca, em uma organização
social na qual: a) o direito de propriedade seja fortemente limitado; b) os principais
recursos econômicos estejam sob o controle das classes trabalhadoras; c) a sua
gestão tenha por objetivo promover a igualdade social (e não somente jurídica ou
política). Adaptado de BOBBIO et al, 2004, p. 1196.

Ideologias liberais 3

Preza pelo uso da razão humana e do direito inviolável à ação individual. Esse
otimismo da razão exigia não só a liberdade de pensamento, mas também a
liberdade política e econômica. Incentivava as associações livres (partidos, sindicatos
etc.), quer para estimular a participação política do cidadão, que o individualismo
(dos proprietários) pretendia reduzir à esfera da vida particular, quer como proteção
do indivíduo contra o Estado burocrático. Adaptado de BOBBIO et al, 2004, p. 699.

Contratualistas 4

Diz respeito às teorias políticas que apresentam a origem da sociedade e o


fundamento do poder político traduzido por meio de um contrato social, isto é, de um
acordo subentendido ou expresso entre a maioria dos indivíduos. Esse acordo
marcaria o fim do estado natural e o início do estado social e político. Esta corrente
de pensadores teve início na Europa entre os começos do século XVII e os fins do
XVIII, sendo os três principais: Thomas Hobbes, John Locke (Inglaterra) e Rousseau
(França). Adaptado de BOBBIO et al, 2004, p. 282.

Sui generis 5

Expressão em latim que significa único em seu gênero, ímpar, peculiar. Nesse
aspecto, a Sociologia passou a ser uma ciência sui generis diante de outras ciências
já instituídas na época, como Psicologia, Economia e Filosofia.

6
Anomia

Estado de desagregação normativa. Termo presente nos escritos de Durkheim, que


traduz o estado de desregramento que a sociedade industrial pode apresentar diante
da perda de coesão social.

Referências

ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo, Martins


Fontes, 1993.

COLLINS, Randall. Quatro Tradições Sociológicas. Trad. Raquel Weiss. Petrópolis:


Vozes, 2009.

BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de


Política. São Paulo: Editora UNB, 2004.

DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. Lisboa: Presença, 1991.

MUNFORD, Lewis. A cidade na história: suas origens, transformações e


perspectivas. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1998.

QUINTANEIRO, Tânia et. alli. Um Toque de Clássicos. Belo Horizonte: UFMG, 1995.

STEINER, Philippe. A Sociologia de Durkheim. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016.

VARES, Sidnei Ferreira de. Solidariedade Mecânica e Solidariedade Orgânica em Émile


Durkheim: Dois Conceitos e um Dilema. Mediações-Revista de Ciências Sociais,
v. 18, nº2, 2013. UEL, Londrina. Disponível em:
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/17317
<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/1731
7> . Acesso em: 08 nov. 2017.
Próximos Passos

• As regras do método sociológico;

• Fatos sociais e suas características;

• Conceitos e análises utilizados por Durkheim.

Explore mais

Assista ao filme:
• Oliver Twist <http://www.ccine10.com.br/oliver-twist-critica/> , dirigido
por Roman Polanski, baseado no livro de Charles Dickens.

Leia o livro:
• MUMFORD, Lewis. A cidade na história: suas origens, transformações e
perspectivas. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1982.

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