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terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Direito Constitucional:

SUSPENSÃO DE DLGS - Estado de Emergência/Estado de Sítio/Estado de Guerra

Estado de Calamidade

Aula de 06.11 (Pós-Laboral)

DLGs -> direitos, liberdades, garantias;

O estado de calamidade não se encontra abrangido na Constituição como uma das


situações possíveis de suspensão de direitos (Art 19), ao que não se pode
suspender DLG.

Quando há uma calamidade é uma obrigação declarar um estado de excessão,


caso contrário à uma omissão constitucional (ao abrigo do Art 19).

A constituição prevê que em determinados momentos é necessário suprimir


DLGs na medida dos interesses públicos, isto porque a CRP é o mecanismo
que prevê e regula, logo os princípios seguidos só podem existir nos termos
da constituição. 

Se houver um perigo iminente para pessoas ou bens a Assembleia da


República pode estipular o Estado de Calamidade e restringir algum DLG para
salvaguardar os interesses públicos, mas existe obrigatoriedade da
fundamentação por parte do Estado (dever da fundamentação).

Restrição (limitar o uso de um direito sem afetar seu núcleo) ≠ Suspensão


(tornar inativos os direitos declarados suspensos);

ex: Suspensão Lockdown total só permitido transitar em casos extremos;

Restrição não se pode circular alguns dias entre regiões, não pode haver encontros de mais de 3 pessoas;

Art 19.

“Não se trata apenas de prever a “suspensão do exercício de direitos”, mas


também de articular esta suspensão com o chamado “direito de necessidade
constitucional” e com a “situação de necessidade pública do Estado”, ou seja,
com situações constitucionais excepcionais de crise ou de emergência que 
que constituam uma ameaça para a organização da vida da comunidade a
cargo do Estado.”

- CRP Anotada JJ Gomes Canotilho

Sujeito ao Princípio da Tipicidade -> modelo tipo legal; os casos de suspensão


estão tipi cados/modelados;

Art 19.3. O estado de emergência é declarado quando os pressupostos referidos no


número anterior se revistam de menor gravidade e apenas pode determinar a
suspensão de alguns dos direitos, liberdades e garantias susceptíveis de serem
suspensos.

ESTADOS GRADATIVOS: Emergência (gravidade inferior); Sítio (gravidade


média); Guerra (gravidade máxima);-> suspensão dos DLG vai agravando.

Estado de emergência ≠ Estado de Sítio por CRP Anotada JJ Gomes


Canotilho:

- São as mesmas situações que podem motivar um e outro; 

- É igual a forma e o processo de declaração de ambos;

- São comuns os limites materiais e temporais dos dois;

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terça-feira, 2 de fevereiro de 2021
- Estado de emergência é declarado quando os pressupostos exigidos

no 19.2 “se revistam de menor gravidade e apenas pode determinar a 

suspensão de alguns direitos, liberdades e garantias, trata-se assim de

um a oramento da ideia de que o estado de emergência é um menos 

em relação ao estado de sítio, menos gravaso para os direitos fundamentais;

- Pressupõe que o estado de sítio exija uma situação de crise ou perturbação 

mais grave e intensa do que o estado de emergência;

IVCANOTILHO+3PAGMARIANA

Dlgs quando suspensas, não desaparecem, o direito existe , mas aplicação ca


suspensa, dá-se a desativação temporária dos DLGs a nível geral, isto é, para toda
a gente.

Art 138 1. A declaração do estado de sítio ou do estado de emergência depende de


audição do Governo e de autorização da Assembleia da República ou, quando esta
não estiver reunida nem for possível a sua reunião imediata, da respectiva
Comissão Permanente.

2. A declaração do estado de sítio ou do estado de emergência, quando autorizada


pela Comissão Permanente da Assembleia da República, terá de ser con rmada
pelo Plenário logo que seja possível reuni-lo. 

- Quem pode restringir as DLGs? Só a Assembleia da República e, se a Assembleia


da
República permitir, com indicações, o governo.

Art 19.5 Os Estados têm que estar de nidos temporalmente, tendo por máximo de
tempo 15 dias, mas pode ser renovado, desde de que os limites procedimentais
sejam respeitados só se suspende onde é verdadeiramente necessário (PRINCÍPIO
DE PROPORCIONALIDADE);

Art 19.4 A opção pelo estado de sítio ou pelo estado de emergência, bem como as
respectivas declaração e execução, devem respeitar o princípio da
proporcionalidade e limitar-se, nomeadamente quanto às suas extensão e duração
e aos meios utilizados, ao estritamente necessário ao pronto restabelecimento da
normalidade constitucional. 

- O objetivo é atingir um m de forma não excessiva que consiga alcançar o mesmo


—> Princípio de Proporcionalidade.

Art 19.6 A declaração do estado de sítio ou do estado de emergência em nenhum


caso pode afectar os direitos à vida, à integridade pessoal, à identidade pessoal, à
capacidade civil e à cidadania, a não retroactividade da lei criminal, o direito de
defesa dos arguidos e a liberdade de consciência e de religião.

- Há núcleos essenciais que mesmo em estado de emergência/sítio/guerra


devem ser respeitados, estes são aqueles que entreguem a dignidade da pessoa
humana.

Art 19.7 A declaração do estado de sítio ou do estado de emergência só pode


alterar a normalidade constitucional nos termos previstos na Constituição e na lei,
não podendo nomeadamente afectar a aplicação das regras constitucionais
relativas à competência e ao funcionamento dos órgãos de soberania e de governo
próprio das regiões autónomas ou os direitos e imunidade dos respectivos titulares. 

- Não é por estar em estado de emergência que o Governo poderá legislar acerca
de restrições aos direitos; o Governo não tem mais competências; o Presidente

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ganha mais poderes, tem que ouvir o Governo e pode ou não decidir impor novas
leis/ suspensão das lgs; o Governo apenas tem o poder de executar;
- “Nestes termos, o PR decreta, (…) sob proposta e ouvido o Governo e obtida a
necessária autorização da AR (…)”.

- É perfeitamente possível, caso o Estado seja anticonstitucional ou cause danos a 

alguém, que o processo chegue ao Tribunal Constitucional, mesmo no estado de 

emergência. Art 6º (acesso aos tribunais)

___________________________________________________
 

MERITO RAFAELA!!

Artigo 19.º, nº6 CRP - Suspensão do exercício de direito:


• Epigrafe no enunciado normativo;
• Não é uma abolição nem extintos- torna os direitos inoperativos
• Restringir um direito ≠ Suspender um direito
• Suspensão: implica não exercer o direito de todo, a não ser,
excecionalmente, em questões de saúde ou para adquiri bens de
necessidade para a sobrevivência;
• Restrição - limitar o exercício de um direito sem afetar, no entanto, o
núcleo fundamental desse mesmo direito
• Artigo 18º - onde encontramos a possibilidade de direitos, liberdades
e garantias serem restringidos
• Será que é possível limitar um direito sem afetar o seu núcleo
fundamental, sem ser num contexto de estado de emergência ou
estado de sítio?
• A Constituição já prevê mecanismos que restringem as
liberdades;
António costa propõe ao PR para declarar o Estado de
Emergência:
• As notícias declaram que o governo propõe isto para dissipar questões
jurídicas;
• Estas medidas, fora um estado de emergência, podem suscitar duvidas
quanto á sua constitucionalidade;
• Suspendia o direito de liberdade de circulação - não há suspeita de
inconstitucionalidade
• Então o Estado de Emergência tem que ser declarado para não existir
suspeitas quanto às medidas a serem adotadas.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021


• Senão, se as medidas ultrapassassem o que está declarado no artigo
18º e 19º, nº6 da CRP, as medidas iriam ser consideradas
inconstitucionais.
• Resumo: A situação de proibição de circulação entre conselhos é
inconstitucional fora do estado de emergência!
• Mesmo que o Estado de Emergência seja soft, este determinará a
suspensão de direitos, mesmo que a suspensa seja mais suave se
formos a comprara com as medidas aplicadas em março/ abril deste
ano.
• Artigo 19º, nº2 CRP: o estado de emergência ou e estado de sítio são
situações evidentes e presentes, não há perspetiva preventiva:
• O objetivo do novo estado de emergência é prevenir uma rutura
das condições dos hospitais etc.
• Entende-se que existe uma obrigação constitucional de existir
uma declaração de um estado de exceção
• O que pode motivar à declaração do em ou o estado de sítio?
• “(…) os casos de agressão efectiva ou iminente por forças
estrangeiras, de grave ameaça ou perturbação da ordem
constitucional democrática ou de calamidade pública”
• A pandemia insere-se num conceito de “calamidade pública” -
estado de emergência.
• (Remissão do artigo 19.º da CRP para o artigo 9.º da Lei
44/86)
• Padece de inconstitucionalidade, devido ao disposto no
artigo165º b)
• Exemplos de calamidade pública: catástrofes naturais,
tecnologias e acidentes graves

• Artigo 19º, nº7 CRP: suspensão dos direitos, mas não do poder da
Constituição em si:
• “A declaração do estado de sítio ou do estado de emergência só
pode alterar a normalidade constitucional nos termos previstos
na Constituição e na lei, não podendo nomeadamente afectar
a aplicação das regras constitucionais relativas à
competência e ao funcionamento dos órgãos de soberania e
de governo próprio das regiões autónomas ou os direitos e
imunidades dos respectivos titulares.”

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021


Procedimentos a tomar na declaração do Estado de Emergência
ou o Estado de sítio:
• Quem tem competência para declarar?
• O Presidente da República: artigo 134.º, d)
• Ato condicionado, porque é necessária a autorização previa da
AR: artigo 161º, l) e 179º, nº3, f) - plasmada numa resolução
formal (artigo 166, nº5)
• A AR também tem competência par apreciar a forma como a
declaração está a ser aplicada / a própria aplicação da
declaração (artigo162º, nº2)
• Dissolução da AR – 172, nº1
• O PR precisa também precisa da audição/presença do governo
(138, nº1 - remissão artigo 197º, f)
• Ainda tem de existir uma referenda governamental –
mecanismo de controlo governamental sobre os atos do
Presidente da República (artigo 140º):
• Interdependência entre órgãos de soberania

• Artigo 17º da Lei nº 44/86: “A execução da declaração do estado de


sítio ou do estado de emergência compete ao Governo, que dos
respetivos atos manterá informados o Presidente da República e a
Assembleia da República.”
• Artigo 27, nº 3, g).

Suspensão dos direitos:


• O legislador estabelece no artigo 19º, nº6 a proibição da suspensão de
alguns direitos, liberdades e garantias;
• Artigo 2 da lei 44/86;
• Por outro lado, os direitos que podem ser suspensos tem que estar
declarados na declaração de estado de emergência ou o estado de sítio
– esta suspensão deve respeitar o princípio da igualdade, não pode ser
discriminatória e é no que resulta no artigo 2º, nº2;
• A suspensão também tem que respeitar o princípio da
proporcionalidade;
• Artigo 289º CRP – no caso em que o estado de emergência esteja
efetivamente decretado

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Artigos que podem ser suspensos: (?)


• Artigo 19º, nº 5 e artigo 14º, nº1 da lei nº44/86.

Lei n.º 44/86, de 30 de Setembro (versão actualizada) - (estudar e


imprimir para teste)
REGIME DO ESTADO DE SÍTIO E DO ESTADO DE
EMERGÊNCIA

Artigo nº8: “O estado de sítio é declarado quando se verifiquem ou


estejam iminentes atos de força ou insurreição que ponham em
causa a soberania, a independência, a integridade territorial ou a
ordem constitucional democrática e não possam ser eliminados pelos
meios normais previstos na Constituição e na lei.”

Artigo 9º: “O estado de emergência é declarado quando se
verifiquem situações de menor gravidade, nomeadamente quando se
verifiquem ou ameacem verificar-se casos de calamidade pública.”

(Diferença entre Estado de Emergência e Estado de sítio:


Emergência: menor gravidade; Sítio: maior gravidade
-

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