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A ESTÉTICA DA IMOBILIDADE NO CINEMA DE ROY

ANDERSSON

XI Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação

Encontros Universitários da UFC 2018


Natalia Flavia Maia Lima, Sylvia Beatriz Bezerra Furtado

O recorte para a proposição deste trabalho tem por base os filmes que
compõem a Trilogia do Ser Humano: Canções do Segundo Andar (2000); Vocês, os
vivos (2007) e Um pombo pousou num galho refletindo sobre a existência (2014),
de Roy Andersson, partindo das suas estratégias de encenação, que traçam
diálogos com a pintura, a fotografia e o teatro, para tentar compreender de que
forma estas opções estéticas se refletem na política da imagem. A partir de seus
estudos acerca das especificidades que caracterizam a pintura, a fotografia e o
cinema, principalmente no que concerne às relações que as obras estabelecem
com o sujeito que as observa/vê/assiste, Jacques Aumont identifica diferenças
essenciais entre a fruição do olhar sobre uma imagem fixa – no caso, fotografia e
pintura - e as imagem em movimento do cinema. Algumas obras, no entanto,
mesclam estas diferentes linguagens, apontando para um regime de visualidade
híbrido, como é o caso dos filmes que compõem a trilogia do ser humano, de Roy
Andersson: Canções do Segundo Andar (2000); Vocês, os vivos (2007) e Um
pombo pousou num galho refletindo sobre a existência (2014). Diversos elementos
da mise-en-scène convergem para esta sensação: o modelo de tableau que norteia
a decupagem nos três filmes, sempre em planos abertos e fixos, a paleta
monocromática, a iluminação frontal e total, sem sombras, e principalmente a
encenação, com a movimentação dos personagens rigorosamente marcada nos
deslocamentos pelo quadro, ou na própria ausência de movimento - nestes casos
tornando ainda mais evidente o diálogo com a pintura e a fotografia. A referência
ao teatro passa ainda pela estrutura narrativa, que se aproxima ao formato de
esquetes. Cada cena é palco de um micro-acontecimento, de certo modo
autônomo, que apenas tangencia a unidade dramática do enredo principal dos
filmes. Os acontecimentos que se desenrolam carregam, inclusive, algo de
beckettiano, por comunicarem através do absurdo camadas invisíveis do cotidiano.

Palavras-chave: Roy Andersson. Imagem Complexa. Estética da Imobilidade.


Imagens Híbridas.

Encontros Universitários da UFC, Fortaleza, v. 3, 2018 2044

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