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Teoria Geral do Direito Civil I – Dr.

Maria do Rosário Ramalho – José


Miguel Alves Brito (prática)

Conceitos Introdutórios:
Direito: Um conjunto de normas reguladoras da conduta social de forma coesa e justa.

Moral: Um conjunto de regras de conduta consideradas válidas em um determinado grupo. Ou


seja, regras estabelecidas pela comunidade.

Sistema Jurídico: O conjunto normativo de forma sistemática, subordinada à princípios


comuns.

Relação Jurídica (Situação Jurídica):  É o vínculo entre uma ou mais pessoas, ao qual as
normas jurídicas atribuem efeitos obrigatório, ou seja, de forma recíproca.

Direito Civil: Resultado do modo de viver do povo que o criou e o aplica, delimitado por
critérios histórico-culturais. Regras e princípios derivados do Direito Romano, o núcleo do
Direito Civil.

Teoria Geral do Direito Civil: O estudo do conjunto das disciplinas e ramos do direito.

Direito e Moral:
Historicamente, houve três correntes de pensamentos:

Teoria da Unidade: Entende que o direito está a serviço da ordem moral e dessa
forma, todo ato normativo é fundamentado pela moral.

Teoria da separação: O Direito e a Moral são dois elementos distintos, onde a Moral
age interiormente no individuo, e o Direito exteriormente, regulando o resultado de cada ato
da moral do individuo.

Teoria da diferença: Reconhece a existência de relações e de sobreposições entre a


Moral e o Direito. A conduta moral, não se distingue da conduta jurídica. Entretanto, essa
teoria faz surgir novas posições:

 Mínimo ético - O Direito regula a moral através das normas e leis.


Entretanto, o Direito não precisa obrigatoriamente obedecer a moral
ou a ética.
 Coercibilidade – O Direito prevê sanções para o desrespeito das regras,
diferente da moral. Porém, não prevê regras incoercíveis e nem
sanções de normas morais.
 Bilateralidade – Direito surge na relação entre humanos, diferente da
moral, que surge na consciência de cada indivíduo.
 Exterioridade – O Direito revela a conduta (exterior), e a Moral expõe a
intenção (interior).
Conclusão: Tanto o Direito quanto a Moral estão geneticamente ligados. A ordem jurídica
permite que cada indivíduo exerça sua liberdade individual, essa liberdade é limitada pela
Moral, seus próprios valores.

Direito Público e Direito Privado


Linha de Raciocínio:
1. Direito/Ordem Jurídica – Conjunto de normas jurídicas. Correspondem a um sistema
jurídico, facilitando seu entendimento como um todo.
2. Sistema composto por pluralidade de sub-sistemas ou ramos do Direito.
3. A primeira grande divisão: Direito Privado e Público por Justiniano em “institutiones”.

Critério de distinção entre o Direito Privado e o Direito Público:


1. Critério da Natureza dos interesses
2. Critério da Natureza dos sujeitos
3. Critério da Posição Relativa dos Sujeitos na Relação Jurídica

O Critério da Natureza dos Interesses:

No Direito Público, é definida pela qualidade dos interesses que a norma rege, visando
satisfazer interesses gerais. Todavia, também pode atender interesses privados, como
serviços feitos pelo Estado sob tutela jurídica.

Já no Direito Privado, o conceito tem como objetivo a satisfação de interesses


particulares. Entretanto, toda norma jurídica tem como intuito satisfazer o interesse
coletivo, o que por consequência, apenas retrata que normas particulares devem ter
relevância publica. O mesmo acontece com o Direito Público.

O Critério da Natureza dos Sujeitos:

O Direito Público é constituído de normas que regulam a relação jurídica entre


individuo x Estado.

No Direito Privado, as normas regulam relações entre os próprios particulares, mas


estão sujeitas a intervenção Estatal.

O Critério da Posição Relativa dos Sujeitos na Relação Jurídica:

O Direito Publico é constituído pelo conjunto de normas que regulam relações em que
intervenha o Estado ou qualquer entidade pública dotada de imperium (autoridade).

Já no Direito Privado, o conjunto de normas que regula as relações que estabelecidas


entre cidadãos, Estado, ou entre qualquer outra entidade pública, em pé de igualdade,
ou seja, desprovidas de sua autoridade.
Conclusão Direito público e Direito Privado:
Direito público (ius publicum): Conjunto de normas jurídicas que regem relações de carater
público, ou seja, a relação entre uma instituição com poder e particular.

A relação entidade – particular é vertical, ou seja, hierárquica, sendo o topo a entidade dotada
de poder.

 Visa a AUTORIDADE e a COMPETÊNCIA.

Direito Privado (ius privatum): Conjunto de normas jurídicas que regem relações privadas,
ou seja, contratos estabelecidos entre pessoas; regulam interesses de indivíduos ou do que se
comportam como tal (Estado). É constituído de normas de carater de Direito Comum, onde o
Direito Civil atua, e normas de carater de Direito Especial, onde se encontra as demais
disciplinas do Direito (Trabalho, Comercial, etc).

A relação particular – particular ou particular – Estado, é horizontal, ou seja, de igual para


igual.

Ex: Em um contrato de trabalho, a empresa e o contratado estipulam salário e tempo de


jornada, limitados às normas impostas pelo Estado para equiparar ambos os lados (salário
mínimo, jornada máxima, etc).

 Objeto de estudo: Todas as relações estabelecidas entre seres humanos.


 Visa a IGUALDADE e a LIBERDADE.

O Direito Privado Comum e Especial:


Direito Privado Comum: Reconhecido também como Direito Civil, atende às relações jurídicas
de todo cidadão enquanto cidadão comum.

Direito Privado Especial: É o direito de todo cidadão, porém levando em conta sua atuação ou
qualificação. Possuem princípios próprios e são sistematicamente autónomas.

Ex.: No Direito Comercial, atende às situações de cidadãos como comerciantes em seus


respetivos direitos, a parte do geral, como no direito civil. No Direito do Trabalho, como
trabalhadores, etc.

Evolução Histórica do Direito Civil:


A gênese e evolução do direito é dividida em 3 receções

1. Direito comum medieval


2. Elaboração humanista
3. Pandectista alemã
Direito comum medieval (séc. XIII e XIV)
Com a fundação das universidades, os juristas da época voltaram seus estudos ao
Direito romano, resgatando conceitos e valores jurídicos até então esquecidos, presentes no
corpus ius civille romano.

O Direito Romano trata-se de um direito de base tópica, ou seja, um direito assente


sobretudo nos problemas, ou seja, parte dos problemas para uma solução, a resolução de um
caso concreto, da base para o topo.

Elaboração humanista (séc. XVI e XVII)

Corresponde a um período intenso de inovações e aspirações universalistas. Os


humanistas buscaram nos textos clássicos a pureza do Direito romano a fim de unificar essas
normas. Essa “unificação” dos direitos é princípio que nos levou à sistematização jurídica,
posteriormente o código civil. A crítica filosófica, a rigorosa investigação histórica, o
procedimento comparativo e a ordenação sistemática do conhecimento transformaram o
modo tradicional de conceber o trabalho do jurista e a própria jurisprudência.

A partir de Descartes e Hobbes, as normas jurídicas se ajuntam de forma sistemática,


unindo as fontes dispersas do Direito Romano. Influenciou muitos outros códigos europeus,
como o Código Napoleónico. Este tipo de sistemática foi chamado de racionalista por se basear
no topo e, a partir do topo, deduzir logicamente os outros conceitos.

Código napoleónico 1804 é composto por:

1. As Pessoas: regula a personalidade, capacidade e relações familiares.


2. Propriedade: O Direito da propriedade e bens.
3. Convenções/Contratos entre Pessoas: Liberdade contratual, leis dos contratos e das
partes.

A Pandectistica alemã (séc. XIX)

O jurista alemão Friedrich Savigny busca uma síntese entre a sistemática periférica e a
racional, formulando assim, a sistemática integrada. Esta forma de organização jurídica levou a
criação do BGB, o Código Civil alemão .

O BGB em elaborar um conceito técnico-jurídico, de base racionalista, que seja um


conceito basilar para todo o código – o conceito de relação jurídica. O código consiste em uma
parte geral, e partes especiais que pretendem decompor o conceito de relação jurídica:

 As relações jurídicas obrigacionais (contratos).


 As relações que tratam da propriedade.
 As relações jurídicas familiares (casamento, parentesco).
 As relações jurídicas sucessórias (sucessão).
O Código Civil Português e sua evolução histórica:
Linha de raciocínio:

1. As leis vigentes eram baseadas no ius civile romano, além de influências


canonistas com a receção da Idade Média.
2. Das receções, nasce as Ordenações, compilações de normas civis, e ainda de
Direito Público, Penal e Processo.
a. Afonsinas (1446-1447, D. Afonso V)
b. Manuelinas (1512-1514, D. Manuel I)
c. Filipinas (1603, D. Filipe I)
3. Devido a uma proliferação das fontes de direito e às falhas das Ordenações, foi
criada no séc. XIX a lei da boa razão, a fim de prevalecer as fontes escritas
acima das outras fontes.
4. Dessa forma, foi criado, ainda no séc. XIX, o primeiro código português, o
Código de Seabra, fortemente influenciado pelo Código Napoleônico, e
posteriormente o Código Civil atual, inspirado pelo código germânico.

Código de Seabra (1867):

Fundamentado pelo racionalismo, dando enfase no indivíduo, e partilhando dos


princípios liberais franceses presentes no código Napoleônico: liberdade, igualdade e
propriedade.

Divido em 4 partes:

• Capacidade Civil: normas para o exercício dos direitos.


• Aquisição dos Direitos – originários (da natureza do homem); de aquisição voluntária
(contratos); por força da lei ou de outros (sucessões).
• Propriedade.
• Ofensa de Direitos e reparação

Entretanto, além de ser centrado no indivíduo e menos no social, era excessivamente


lacunoso, dando espaço para as leis extravagantes (normas presentes no código que eram
completamente fora da realidade social).

Código Vaz Serra (1966)

Fundamentado pelo BGB, utilizando a sistematização germânica devido ao


pandectismo. A divisão em duas partes, proporcionadas pelo BGB, resolveu uma série de
problemas até então presentes no Código de Seabra

 Reforma de 1977 - adequou o Código Civil à nova ordem funcional em algumas


matérias, como a igualdade, maioridade (de 21 para 18 anos) e no direito da família.
Outra mudança foi a adesão ao Euro.
As Situações Jurídicas:
A Situação Jurídica é o produto de uma decisão apropriada, que corresponde ao ato e
efeito de realizar o Direito, a fim de resolver um caso concreto.

Situações Jurídicas Ativas vs. Passivas:

 Ativas – titular em vantagem; o sujeito tem o poder (segundo as normas) de


determinar, pela sua vontade, os efeitos, dispondo deles – coloca os demais sujeitos
sob a vontade do próprio.

Ex.: em uma situação de crédito, o credor está em uma situação ativa e o


devedor, passiva.

 Passivas – titular em desvantagem. Os efeitos dessas situações são colocados na


pendência de uma pessoa que não o seu sujeito.
Ex: do contrato resulta para as partes tanto situações ativas como passivas – o
comprador tem situações ativas porque poderá vender, mas passiva porque terá de
dispor do bem se lhe for pago, ou ainda, o exemplo da situação ativa.

Situação Jurídica Simples vs. Complexa


 Simples – não pode ser mais dividida; tem um único elemento e ao ser retirado do seu
conteúdo um qualquer fator, torna-se inteligível.
Ex: sujeito A tem o direito a exigir 100 euros de sujeito B – é simples pois nada
mais pode ser retirado.

 Complexa – formadas por outras situações jurídicas e admitem a sua decomposição


em outras situações jurídicas mais simples.
Ex: ser casado tem outras situações jurídicas associadas como os deveres
conjugais e etc.

Situação Jurídica Absoluta vs. Relativa


 Relativa – pressupõe uma relação entre duas pessoas em sentido inverso uma em
relação à outra.
Ex: um é o devedor e o outro é o credor.

 Absoluta – quando não se pressupõe a existência de uma relação de sentido inverso,


existindo por si só.
Ex: um sujeito é dono de um imóvel.

Situação Jurídica Unissubjetiva vs. Plurissubjetiva


 Unissubjetiva – o dever pertence apenas a um sujeito.

Ex: António tem o dever de executar uma obra.

 Plurissubjetiva – os deveres pertencem à duas ou mais partes da situação jurídica.


o Unilateral: tem apenas uma parte (podem ser uma ou mais pessoas que
partilham um interesse comum)
o Plurilateral: tem duas ou mais partes diferentes.
Ex: 4 sujeitos, 2 partes: parte dos 2 vendedores e parte dos 2 compradores.
Situação Jurídica Patrimonial vs. Não-Patrimonial
 Patrimonial – tem uma avaliação económica em dinheiro.

 Não-Patrimonial – ou pessoal, não é possível ter uma avaliação monetária, mas sim,
uma indemnização.
Ex: em casos de danos morais, tem apenas um sentido compensatório e não
económico.

Situação Jurídica Compreensiva vs. Analítica


 Compreensiva – critérios culturais que se formam na história (autonomização cultural)
e englobam múltiplos elementos – englobam várias analíticas.
Ex: como o casamento, ou o direito a propriedade.

 Analítica – situações obtidas a partir da realidade jurídica, reduzidas a elementos


simples através da análise.
Ex.: o dever de cooperação entre cônjuges é uma situação analítica.

Aprofundamento nas situações jurídicas: O conceito do sujeito subjetivo


Até a Idade Média, não existia o conceito de direito subjetivo, os cidadãos tinham
ações e dado a possibilidade, podiam obter uma ordem pelos magistrados. A partir da Idade
Média e com o Renascentismo, o direito subjetivo, ou direito do sujeito, começou a criar
forma.

Fase de afirmação: Poder e Interesse


Friedrich Savigny (1778 – 1861)

A partir de um pensamento liberal, diz que o direito subjetivo seria o poder da


vontade. A vontade humana que cria o Direito, sendo reconhecimento como atuação livre que
não depende da vontade de terceiros. Dogma da vontade: todo o Direito se funda na vontade
humana. Conceção voluntária e subjetivista.

Mérito – realça o pensamento quanto ao livre arbítrio individual, porém de forma


limitada pelo Estado.

Críticas – É deficiente tecnicamente pois o direito subjetivo de Savigny não explicita


quais direitos cada indivíduo tem e ainda, a vontade para ser juridicamente relevante tem de
ser limitada por conceitos de justiça, ou seja, tem de estar dentro do que a ordem jurídica
considera aceitável.

 George Puchta: Discípulo de Savigny, afirmou o direito é o reconhecimento da


liberdade jurídica das pessoas, que se exterioriza na sua vontade e em seus atos.

Rudolf von Inhering (1818-1892)

Opõe-se ao conceito estabelecido por Savigny. Com uma conceção mais estrita sobre o
direito subjetivo, Inhering declara que a base do direito subjetivo é a ideia do interesse. Ou
seja, não basta ter o poder, é preciso que esse poder prossiga ou conduza a um interesse
juridicamente relevante, sendo assim, protegido pela ordem jurídica.

Crítica – Excessivamente técnico, não estabelecendo os direitos subjetivos de cada


individuo, e ainda, nem sempre o interesse pode ser do individuo, mas sim coletivo.

Ferdinand Regelsberger (1831-1911)

Afirma que o direito subjetivo existe quando a ordem jurídica faculte à pessoa a
realização de um fim (interesse jurídico), e o confere um poder jurídico (poder da vontade)
 Ordem jurídica – O direito subjetivo tem de ser reconhecido pela ordem jurídica
 Interesse – o direito subjetivo parte do interesse de cada indivíduo
 Tutela jurídica – o direito subjetivo é protegido pela jurisdição.
 O poder da vontade – o direito subjetivo parte da vontade da pessoa

Fase de ceticismo:
Negativistas – Desencadeadas na França por Léon Duguit, diz que os direitos
subjetivos são apenas situações de vantagem de indivíduos pela garantia do Estado.

Protecionistas – August Thon, o direito subjetivo é uma pretensão eventual de um


indivíduo protegida pelo Estado. Tutela acordada pelas normas aos interesses de um particular
contra particulares.

Crítica – Dessa forma, o beneficiário poderia exigir uma conduta a outrem, em


termos judiciais, permitindo sua violação.

Neo-empírica – Karl Larenz, pelo facto de o direito subjetivo ser diversificado, não é
possível defini-lo, mas sim, categorizá-lo.

Fase de reconhecimento – Jurídico formal


Importância em reconhecer o domínio da liberdade individual sobre o poder do
Estado, o poder da vontade. Contudo, é necessário legitimar o interesse de cada um e
subordiná-lo à ordem jurídica.

Oliveira Ascensão: Posição de vantagem que resulta da afetação de um bem aos fins
de uma determinada pessoa.
Antonio Menezes Cordeiro – O direito subjetivo é atribuído por uma norma
permissiva, assegura a legitimidade ao direito, limitando a liberdade a fim de evitar o caos.
O direito subjetivo também é específico, destaca a utilização de um bem.
Modalidades de Direito Subjetivo:
 Direito subjetivo comum / estrito – traduz-se numa permissão normativa específica
de aproveitamento de um bem. Não tem os direitos que querem, mas sim, aqueles
que a ordem jurídica confere.

Ex.: o direito de propriedade, permite usufruir de um dado bem.

 Direito subjetivo potestativo – unilateralmente, a ordem jurídica confere poder ao


sujeito para alterar a situação jurídica de outro. A lei conferida ao titular é vista como
um bem que fica ao seu próprio critério de uso.
Ex.: aceitar ou rejeitar a proposta contratual de comprar: pode surgir, extinguir
ou modificar uma situação jurídica de um contrato.

Entretanto, os direitos potestativos comportam múltiplas classificações:

 Sem Destinatário e Com Destinatário:


o Sem Destinatário – só há alterações na esfera jurídica do titular do direito.
o Com Destinatário - produz efeitos não só na esfera jurídica própria, mas
também na de outrem.

 De Exercício Judicial e Exercício Extrajudicial:


o Exercício Judicial: é aquele que, para produzir efeitos, exige uma intervenção
do Tribunal, uma intermediação judicial.
o Exercício Extrajudicial: apenas por manifestação da vontade.

 Constitutivo, Modificativo, Extintivo


o Constitutivo – o exercício do direito dá lugar a uma situação jurídica nova.
o Modificativo – altera o conteúdo de uma situação jurídica já existente.
Art. 282, 283
o Extintivo - efeito do exercício do direito é o cessar de uma situação jurídica.

 Patrimoniais e Não-Patrimoniais
o Patrimoniais – quando o direito incide sobre um bem material ou imaterial
(como obra intelectual, prestação ou conduta imoral) com valor económico.
o Não-Patrimoniais – quando incide sobre bens não avaliáveis em dinheiro,
como direitos de personalidade, ou direitos familiares, mas ainda sujeitos a
sanções patrimoniais (multa).

 Crédito, reais, familiares, sucessórios e pessoas:


o Seguem as regras do Código relativas a cada um desses direitos.

Em suma: direito subjetivo é o que evidencia a posição de vantagem de uma pessoa, que lhe é
dada por uma norma jurídica permissiva para aproveitar um bem (em sentido amplo). O
direito potestativo é uma modalidade do direito subjetivo, daí a distinção entre direito
subjetivo em sentido amplo (que inclui o direito potestativo) ou em sentido estrito.
Categorias de situações jurídicas ativas:

Conceitos Introdutórios:

 Faculdade: conjunto de poderes unificado numa designação comum.


 Poder: disponibilidade de meios para a obtenção de um fim.
o Poder de gozo – que tem a ver com a relação de alguém com um bem.
o Poder de crédito – exigir de alguém uma conduta.
o Poder de garantia – desencadeia mecanismos de responsabilidade.
o Poder potestativo – permite produzir um efeito jurídico.

Categorias:

 Poderes funcionais / poder-dever: obrigações específicas de aproveitamento de um


bem.

 Proteção reflexa e indireta: Tutela os interesses de alguém impondo deveres a


outrem. Interesses protegidos indiretamente ou por reflexo, ou seja, não atribui ao
titular um poder jurídico, nem a possibilidade de exigir uma conduta a outrem.

 Expectativa: Situação jurídica em que há expectativa tutelada juridicamente, mas


ainda não há um direito – pois os direitos consomem as expectativas. Quando um
direito subjetivo passa por um processo de formação lento até se constituir.
Facto complexo de produção sucessiva – Facto que origina a
aquisição de direitos, depende da ocorrência de eventos no tempo
encadeados entre si. Um indivíduo tem uma verdadeira expectativa
Já se produziram alguns factos, mas não todos.

Facto simples - este de formação instantânea (art. 1318, coisas de


ninguém, coisas sem dono podem ser ocupadas.
O sucessivo legitimário goza de verdadeira expectativa jurídica
A expectativa jurídica é mais do que uma esperança e menos que um
direito. É mais pois se beneficia da proteção legal traduzidas em providencias
tendentes a defender o interesse do titular e assegurar-lhe quanto possível a
aquisição do direito, art.273. é menos pois não corresponde ao deirito, é
apenas um direito em estado embrionário.

 Exceção: Situação jurídica que caracteriza a recusa ou adiamento da efetivação da


pretensão correspondente, de forma lícita.
o Forte:
 Perentória: por tempo indeterminado. (Art. 300 e seguintes)
 Dilatória: por certo lapso de tempo. (Art. 638)
o Fraca:
 Direito de retenção (Art. 754)
 Exceção do contrato não cumprido (Art. 428)
Categorias de situações jurídicas passivas:

Modalidades
 Obrigação: vínculo jurídico pelo qual a pessoa fica adstrita a perante outra à realização
de uma certa prestação.
o Prestação:
 Prestação principal
 Prestação secundária: Complementa a prestação principal.

o Dare: adstrito a entregar uma coisa a outrem.

o Facere: adstrito a desenvolver uma atividade em prol de outrem


 Facere – facto positivo, desenvolver uma atividade em si.
 Non facere – facto negativo, deve-se abster de uma certa situação.
 Pati – suportação, atuação jurídica em nossa esfera que a princípio,
não deveria ocorrer.

o Deveres acessórios: Parte do princípio da boa-fé.

 Sujeição: sujeito pode ver a sua posição alterada unilateralmente por outrem.

 Ónus e encargos: optar por adotar uma certa atitude, caso pretenda obter certo
efeito. (Art. 342, 916, 1220)
Linha de raciocínio:
1. Há um dever.
2. Esse dever proporciona a contraparte – permite ao vendedor ou ao
empreiteiro remendar os defeitos ou as obras.
3. Mas essa parte contrária não pode exigir o cumprimento desse dever.
 Dever:
o Deveres Genéricos: Um dever imposto ou um comportamento vedado pelo
direito.
 Ex.: Direito a propriedade, quando a propriedade é de alguém, exclui
todas as outras pessoas (as que não estão beneficiadas por esse
direito) dos seus benefícios. As outras pessoas têm o dever genérico
de respeitar esse direito de propriedade.

o Deveres Funcionais: Deveres que surgem ao ocupar uma determinada


posição social.
 Ex.: Um gestor de empresa, tem o dever de exercer seu cargo, adstrito
a cumprir certos deveres.
Institutos jurídicos civis
Conceitos introdutórios:

Direito como norma e princípios:

 Norma: prevê um comportamento humano e aplica uma sanção ao mesmo (previsão e


estatuição).
 Princípio: estabelece uma direção aos modelos de decisão jurídica, definem as
orientações do sistema jurídico.

Instituto jurídico: conjunto de normas sintetizado de normas e princípios que permite a


formação típica de modelos de decisão.

Classificação da pessoa ontológica e jurídica:

Em sentido ontológico (biológico): pessoa como a natureza humana.

Em sentido jurídico: pessoa enquanto centro de imputação de normas jurídicas, ou seja, de


situações jurídicas ativas ou passivas, de direitos ou de obrigações. Engloba aqueles que se
comportam como pessoas singulares (o indivíduo) e coletivas (associações ou o Estado).

Personalidade jurídica: a qualidade de ser pessoa; que o Direito reconhece a todas as pessoas
pelo simples facto de o serem; que se traduz no necessário tratamento jurídico das pessoas
como pessoas, isto é, como sujeito e não como objeto de direitos e deveres.

Direito da personalidade e sua tutela:

 Direito de personalidade: direitos inatos de cada indivíduo. São invocáveis perante o


Estado e perante outros indivíduos; inerentes ao ser, como a vida, o nome ou a honra.
Suas características são:
o São direitos privados, inerentes a qualidade de pessoa enquanto tal.
o São direitos gerais, atende a todos.
o São direitos absolutos, divide-se em três diferentes conceitos:
 1ª aceção, oposição: é absoluto pois permite seu titular a exigir a
qualquer outra pessoa o acatamento de condutas necessárias à sua
efetivação (ex.: a confidencialidade, artigo 75 do CC).
 2ª aceção, estrutural: são absolutos pois não se verifica uma relação
jurídica. Entretanto, o conceito é falho já que em situações de
confidencialidade por exemplo, sempre haverá um sujeito ativo e
passivo, pedido e cumprimento, ou seja, situações relativas.
 3ª aceção: é absoluto pois independente da situação, os direitos de
personalidade devem ser respeitados por todos, sob pena de
indemnização, como prevê o artigo 483 do CC.
o São não-patrimoniais, pois defendem a honra, a integridade física, a imagem.
 Em sentido forte: o direito não permite serem trocados por dinheiro,
como o direito a vida
 Em sentido fraco: o direito permite abdicá-los por dinheiro dentro de
certas regras (contratos), como a integridade física (Ex.: a luta livre).
 Com natureza patrimonial: direitos que representam um valor
monetário, como o direito a imagem.
o São inatos e perpétuos, decorrem do nascimento e mantem-se até a morte.
 Inerência à pessoa: uma pessoa que permita a circulação de uma
fotografia, não abdica do seu direito de imagem, mas sim, permite que
a custa desse direito, as fotografias circulem.
 Inerência ao objeto:
o São intransmissíveis, não há a possibilidade de transmitir o direito a vida.
o São passíveis de serem restringíveis, desde que haja consentimento do titular.

 Direitos Fundamentais: direitos atribuídos pela Constituição. Sua violação em


qualquer nível, feita pelo Estado, é uma questão de inconstitucionalidade por ação ou
omissão.
o Eficácia Civil dos direitos fundamentais: direitos invocados no âmbito das
relações privadas quando há um elemento de poder.
 Critérios para que isso ocorra:
 Que seja exigível uma conduta de respeito pelo direito
fundamental.
 É preciso que seja invocado na situação adequada para sua
efetivação.

 Prevalência dos direitos: Como agir perante um conflito de direitos de personalidade?


o Colisão de direitos: Artigo 335 do CC
 Ex.: Em uma situação despejo, o proprietário invoca seu direito de
propriedade, enquanto o inquilino invoca o seu de habitação, ou até
mesmo à vida. Embora o direito a vida seja irrenunciável, a
propriedade prevalece, pois, o direito a vida não pode ser usado para
retirar os direitos patrimoniais de outrem.

Modalidades do direito da personalidade:


 Necessários e eventuais:
o Direitos de personalidade necessários: estão presentes desde que exista uma
pessoa singular; será o caso do direito à vida e à integridade física e do direito
à integridade moral;
o Direitos de personalidade eventuais: dependem da existência dos respetivos
bens de personalidade; por exemplo, o direito ao nome deriva de, à pessoa
considerada, ter sido atribuído um nome; o direito à confidencialidade de
certas cartas-missivas deriva de estas terem sido escritas e assim em diante.
 Círculos de bens de personalidade:
o Círculo biológico: abrange o direito a vida e a integridade física do titular.
o Círculo moral: abrange os direitos da integridade mora, ao bom nome e
reputação.
o Círculo social: abrange o direito à intimidade da vida privada, ao nome, e o
direito à imagem.

 Direitos limitáveis ou não limitáveis:

o Limitáveis: retratam direitos que, em certas condições, admitem limitação:


pense-se no direito à imagem
o Não limitáveis: titular considerado nunca poderá validamente restringir ou às
quais não pode renunciar, como sucede com o direito à vida.

 Direitos de personalidade patrimonial e não patrimonial:


o Patrimonial: facultam ao seu titular vantagens de tipo económico; aqui se
integram os direitos de personalidade do círculo social
o Não patrimonial: integram os direitos de personalidade dos círculos biológico
e moral, já que estes não podem ter conteúdo económico.

 Direitos de personalidade nominados ou não nominados / típicos ou atípicos:


o Nominados ou não nominados: nomeados ou não pela lei.
o Típicos ou atípicos: que possuem ou não regulamento previsto na lei.

Tutela Geral da personalidade: Dos artigos 70 ao 82.


Artigo 70 - Reconhecimento dos direitos de personalidade

 Protege a personalidade física e moral da ofensa ilícita ou uma ameaça.


o Quais providencias adequadas quando uma ofensa ilícita?
o Qual a indemnização deve ser feita?
 Atribui à vítima o poder de exigir as providencias para evitar ou atenuar (coima) a
ofensa cometida. Adotar as medidas adequadas ao caso concreto.
o Para pedir uma providência ao tribunal basta uma ofensa ilícita.
o Para a indemnização basta o dolo ou mera culpa, previsto no art. 483.

Artigo 71 – Ofensa a pessoas falecidas

 Garante ao indivíduo, mesmo morto, a segurança de seus direitos de personalidade.


Entretanto, esses direitos são pertinentes a memória dos familiares do falecido, e não
propriamente o indivíduo.
 Permite que as providencias constadas no artigo anterior sejam efetuadas pelo
cônjuge, descendentes, ascendentes, irmão, sobrinho ou herdeiro.

Artigo 72 – Direito ao nome

 Permite qualquer indivíduo afirmar sua própria identidade no meio social e usufruir de
seu nome como bem entender, com o direito de opor-se ao uso indevido por outrem.
 Ademais, restringe o titular do nome, ao exercer uma atividade profissional, usá-lo de
modo a prejudicar os interesses daquele que tiver o nome total ou parcialmente
idêntico.

Artigo 73 – Legitimidade

 Indica que a família (como referente no artigo 71) também pode efetivar as ações
presentes no artigo anterior após a morte do titular.

Artigo 74 – Pseudónimo

 Permite a proteção do nome daquele que ao exercer uma função literária, através de
um pseudónimo.

Artigo 75 – Cartas missivas confidenciais

 Impõe ao destinatário da carta confidencial o dever de guardar seu conteúdo, e não


usar o conhecimento da mesma para tirar proveitos.

Pessoas Físicas

Pessoas coletivas – passivas

Conce

Direito à imagem Art. 79

Limitação voluntária dos direitos da personalidade Art. 81 e 340

1- Os direitos de personalidade podem ser limitados através da


vontade exclusiva do titular (barriga de aluguel, doação de órgãos)
ou através de um contrato, um acordo (programas de reality
show).
2- Caso a limitação, o consentimento vá contra a ordem da ordem
pública, a limitação voluntária será nula.
3- Quando admitida, será sempre revogável.

Pessoas Singulares
Conceitos Introdutórios:

 Personalidade jurídica: centro de imputação de normas jurídicas, basta ser titular de


uma situação jurídica.
o Tutela pré-natal
o Termino da personalidade
o Direitos de personalidade
 Capacidade jurídica: capacidade de gozo do direito, titularidade das situações
jurídicas. Art.66
o Capacidade de exercício:  exercer pessoalmente os atos da vida civil, adquirir
direitos e deveres.

Tutela pré-natal
Conceitos introdutórios:

 Nascituro: aquele que foi concebido, mas ainda não nasceu.


 Concepturo: aquele que não foi concebido, mas há uma expectativa para tal.
 Personalidade jurídica: centro de imputação de normas jurídicas.
 Capacidade jurídica: capacidade de gozo do direito.
 Capacidade de exercício:  exercer pessoalmente os atos da vida civil, adquirir direitos
e deveres.

Artigo 66

1. A personalidade adquire-se com o nascimento completo e com vida


a. Criança que nasce morta não adquire, aquele que nasce com vida, mas morre
logo após, perde seu direito a vida.
2. Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu nascimento.
a. Como a sucessão, o nascituro pode ser herdeiro mesmo ser ter nascido ainda.

Questão criminal – até as 10 semanas, o aborto pode ser feito, após isso, ato será ilícito. A
exceção será a colisão de direitos do nascituro e do direito a vida da mãe, isto é, risco de vida
da mãe com o nascimento do filho.

Expectativa jurídica do nascituro – não possuem direitos concretos, mas estão em formação,
devendo ser protegidos, direitos subjetivos.

Direito a vida – Qualificado como direito


Não é as 10 semanas que o feto adquire direitos,

Indemnização caso o aborto seja feito de forma errada.

Aquisição da personalidade – R

Termo da personalidade jurídica

Art. 68

1. Personalidade cessa com a morte


a. Quando ocorre a morte? Cessa com a morte cerebral, apenas.
i. Dever de registo por uma certidão médica.
2. Em caso de dúvida em saber quem morreu primeiro, assume-se que ambos morreram
ao mesmo tempo, comoriência.
a. Importante para efeitos sucessórios
3. Cadáver não encontrado ou reconhecido.
a. Assume-se que o indivíduo faleceu caso a circunstância não permita duvidar
de sua morte
b. Questões de desaparecimento, ausência.
c. Natureza jurídica do cadáver – Trata-se ainda de uma pessoa?

Artigo 138

As causas para caracterizar a impossibilidade do menor só podem ser definidas pelo tribunal.
Autonomia Privada:

Boa-fé (ler a tese de doutorado Menezes Cordeiro)

Direito de propriedade e a transmissão

Princípio da responsabilidade civil

Direitos de personalidades especiais

Direito a vida

Patrimoniais e não patrimoniais

Patrimoniais, despesas do hospital, ausência no trabalho gera prejuízos

Não patrimoniais – perda do ente querido, ou ainda, caso o ente esteja em uma situação de
coma, sofrimento a longo prazo.

Tutela pré-natal

Pena de morte – CC proíbe a pena de morte, o direito a vida prevalece acima de qualquer
outro direito.

Eutanásia –

Testamento vital – individuo manifesta suas vontades de tratamento caso encontre-se em um


estado de indisponibilidade, coma.

Consistem na violação da ordem pública e da possibilidade de revogar a decisão


5 elementos de uma situação jurídica:

Pessoas – Singular ou Coletiva

Objeto - Efeito

Facto -

Garantia – Tribunais

https://www.bertrand.pt/livro/pensamento-sistematico-e-conceito-de-sistema-na-ciencia-do-
direito-claus-wilhelm-canaris/76282

Questões:

1. Onde se encontra o Direito Civil no sistema jurídico? Explique.

O Direito Civil, um dos diversos ramos do direito, atua exclusivamente no direito privado
comum, devido ao facto de estabelecer as normas de conduta e atender às relações jurídicas
entre particulares enquanto cidadãos comuns.

2. Por que dizemos que o Direito Civil é o Direito Romano atual? Elabore.
Aula prática 10/12

Pessoas Coletivas

A partir do artigo 157º CC

Associações - sem lucro dos associados como fim: artigos 167º - 184º

Lei 42.000

Fundações – Artigo 185º à 194º

Lei quadro 24/2012

Associações sem personalidade jurídica e comissões especiais– art. 195º à201º

Sociedades: artigo 980 – o próprio código civil separa pessoas coletivas da sociedade
(ex. artigo 2033º)

Sociedades civis (artigos 980 e seguintes) – sociedades puras, MC

Sociedades comerciais - Código das sociedades comerciais (Art. 5 comprova a


personalidade jurídica da sociedade, art. 6 – Capacidade)

Associações -

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