O filme retrata a realidade dos anos 90 nos Estados Unidos, em que o
Departamento de Mídia do Presidente está organizando maneiras de distrair a população das polêmicas do candidato através da superprodução de uma guerra fictícia televisionada aos americanos em época de eleição. Um candidato concorrente lançou uma campanha eleitoral acusando o atual Presidente de pedofilia, e para cobrir essa reportagem, o Assessor de Imprensa do Presidente é contratado para distrair a mídia do caso e instaurar maior instabilidade política. Para isso são contratadas pessoas que inventam que há uma guerra na Albânia em que os Estados Unidos estão envolvidos devido à ameaça nuclear que a Albânia representa. Porém é tudo mentira, e a população acredita pois é tudo transmitido na TV. O filme traz muitas reflexões sobre como os fatos televisionados influenciam na percepção da população e como as histórias são “fabricadas” para gerar uma comoção e grandes impactos sociais para desestabilizar emocionalmente a população, mesmo algumas das histórias sendo mentiras. A Televisão teve um grande papel na desinformação nos anos 90 pois era quase que a única maneira dos americanos se informaram sobre determinada situação e era amplamente utilizado como veículo de entretenimento e informação, entretanto não há reais garantias de que o que está sendo televisionado é verdadeiro ou informação manipulada. É possível fazer um paralelo com a situação da internet hoje, em que são geradas uma série de reportagens que distanciam a sociedade civil dos debates mais importantes a serem discutidos, como se a “fake news” da internet já estivesse sendo reproduzida na época da televisão e como foi readaptada para os tempos atuais. Além disso, evidencia a política como um jogo de poder de interesse político, em que tudo se tornou um espetáculo para a população se entreter, gerando comoção e distraindo dos processos democráticos, em detrimento da defesa dos interesses da população e a televisão tem um papel nisso, e agora as mídias sociais e a internet também. Essas verdades fabricadas já vem sendo reproduzidas desde antes da internet e vêm sendo utilizadas como instrumento de manipulação social desde a época da política de pão e circo dos gladiadores do Coliseu em Roma e agora no mundo inteiro é possível encontrar paralelos dessa situação na maneira como as pessoas são manipuladas através da sensação de entretenimento. O filme também é uma denúncia do papel da imprensa no espalhamento da desinformação, pois se por um lado existe uma imprensa “livre” também existe uma parte da imprensa que é “comprada”, juntamente com ativos artísticos, de produção, filmagem e audiovisual, gerando especulação e comoção intencional. Por outro lado, existe uma mídia livre que é capaz de garantir uma maior transparência e buscar fatos concretos, e somente com a manutenção de mecanismos que garantam a veracidade das histórias e a responsabilização de agentes institucionais será possível garantir maior estabilidade sociopolítica.