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1. Introdução
6. Conclusão
Notas
1
A assimilação regressiva também é conhecida como antecipatória e a
coalescente, como dupla.
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Dependendo da variedade regional do português brasileiro, a assimilação de
sonoridade resultará em um fone idêntico ao do inglês.
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Ocorre assimilação regressiva de sonoridade em inglês, mas será sempre
variável e condicionada fonologicamente. Em geral não envolve
exclusivamente a fricativa coronal anterior, à exceção do [z] do verbo
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has, quando este forma um modal perifrástico (has to). Além disso,
conjuga-se com o outro processo alofônico que insere uma oclusiva entre
uma nasal e uma fricativa surda. Dá-se, neste caso, uma assimilação
progressiva de ponto de articulação e regressiva de sonoridade (assimilação
coalescente): length [lENkT] e comfort [ÈkEmpf«rt] (cf. CELCE-MURCIA,
BRINTON e GOODWIN 1996: 160)
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Em seu livro, Gussmann faz uma descrição pormenorizada dessa homofonia,
caracterizando o segmento como uma espirante coronal. Note-se, também, que,
em consonância com tendências teóricas que não adotam o conceito de regra e
sim de restrição (“constraint“), não se vale do termo tradicional aqui empregado:
assimilação progressiva.
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O programa PRAAT, da autoria de Paul Boersma e David Weenink
da Universidade de Amsterdã, pode ser gratuitamente obtido no site
www.fon.hum.uva.nl/praat/download_win.html.
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Para FLEGE (1996), um som da LE é “semelhante” a um som da LM quando
representado pelo mesmo símbolo fonético a despeito de diferenças
significativas em relação a ele; é “novo” quando difere do som da LM do ponto
de vista acústico e da percepção; finalmente é “idêntico” quando adequadamente
representado por símbolo fonético igual. Estes últimos são tradicionalmente
considerados como propiciadores de “transferência positiva” e não causadores
de desvios de pronúncia. Não são, por conseguinte, alvo de muita atenção nos
estudos de aquisição de LE. Espera-se que os aprendizes tenham pior
desempenho na produção de sons que são semelhantes, porém não idênticos,
aos de sua língua materna.
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FLEGE (1980) afirma que a especificação fonética dos sons da fala em uma
língua estrangeira parece ser antes a manifestação de uma “interlíngua”, do
que o resultado da interferência da LM na LE.
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A capacidade de atingir um grau de proficiência numa língua
estrangeira equivalente à de um falante nativo varia conforme o ponto de vista
com relação à teoria de aquisição de linguagem. Os modelos formais divergem
com relação ao chamado período crítico e sua conseqüência para o
aprendizado de línguas (cf. LEE: 2005 e HYLTENSTAM & ABRAHAMSSON,
2000).
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O termo “exemplar” foi empregado como cada token ou ocorrência
de uma forma lingüística registrada no léxico mental do falante.
Um conjunto de exemplares forma uma nuvem que representa uma categoria
e contém informações lingüísticas e não-lingüísticas pertinentes a seus
contextos de uso efetivo (cf. BYBEE 2001: 52 e CRISTÓFARO-SILVA,
2003).
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Referências
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Resumo
Este artigo examina a influência da assimilação regressiva de sonoridade do
português, que afeta consoantes fricativas coronais em sândi externo, na
produção oral de seis estudantes brasileiros de inglês. Segmentos semelhantes
em inglês, quando funcionam como morfemas flexionais, também sofrem
sistematicamente acomodação de sonoridade. Tal semelhança, porém, não
garante um desempenho oral idêntico por parte de brasileiros aprendizes de
inglês como LE e de falantes de inglês como LM. Explica-se o fato com base
em modelos fonológicos que enfatizam o papel do uso na categorização de
formas lingüísticas, conforme descrito por BYBEE (2001, 2002),
PIERREHUMBERT (2001) e SOLÉ (2003).
Abstract
This paper examines the influence of Portuguese regressive voicing assimilation
of coronal fricatives across word boundaries in the oral production of six
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Key words
pronunciation; voicing assimilation; English as a Foreign Language; usage-
based phonology