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estabelecidos sobre uma base objectiva.

Portanto, as partes ou o terceiro não poderão


determinar arbitrariamente a prestação, tendo antes de seguir critérios pré-
estabelecidos de adequação ao fim da obrigação e à prossecução do interesse do
credor, pelo que o acto de determinação da prestação consiste num acto jurídico
simples, aplicando-se por analogia as regras dos negócios jurídicos (art.º 295.º, CC).
No entanto, se do negócio não resultar qualquer critério que permita realizar a
determinação da prestação, esta terá necessariamente de ser considerado nulo por
indeterminabilidade do objecto (art.º 280.º, n.º 1, CC).

A prestação não pode ser contrária à ordem pública e aos bons costumes (art.º 280.º,
n.º 2, CC), tratando-se tal de uma remissão para conceitos indeterminados, cuja
concretização deve ser realizada pelo julgador. Segundo Menezes Cordeiro, esta
concretização passa, em matéria de bons costumes, pela referência às regras de
conduta familiar e sexual, bem como as regras deontológicas estabelecidas no
exercício de certas profissões. Para o mesmo Autor, a referência à ordem pública
remete para os princípios fundamentais do ordenamento jurídico, cuja contrariedade,
ainda que não conste de norma expressa, implica a invalidade do negócio.
Menezes Leitão aponta para que, em semelhança com a ilicitude da prestação,
também apenas o fim subjectivo das partes pode ser contrário à ordem pública ou aos
bons costumes, sendo o negócio, neste caso, nulo apenas quando o fim for comum a
ambas as partes (art.º 281.º, CC).

Complexidade intra-obrigacional e deveres acessórios de conduta

A complexidade do vínculo obrigacional justifica que se fale de obrigação em dois


sentidos: um estrito, correspondente à definição do art.º 397.º, que apenas abrange o
binómio direito de crédito-dever de prestar, e outro mais amplo (relação obrigacional),
que abrange todo o conjunto de situações jurídicas geradas no âmbito da relação entre
o credor e o devedor.
Neste sentido amplo, a obrigação constitui analiticamente uma realidade complexa,
abrangendo:
i. O dever de efectuar a prestação principal, que por sua vez pode
analiticamente ser decomposto em sub-deveres relativos a diversas
condutas materiais ou jurídicas;
ii. Os deveres secundários de prestação, que correspondem a prestações
autónomas, ainda que especificamente acordadas com o fim de
complementar a prestação principal, sem a qual não fazem sentido;

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