As obrigações genéricas e alternativas constituem as categorias mais importantes de
obrigações com prestações indeterminadas.
Obrigações genéricas
O art.º 539.º define as obrigações genéricas como aquelas em que o objecto da
prestação se encontra apenas determinado quanto ao género, significando isto que a prestação se encontra determinada apenas por referência a uma certa quantidade, peso ou medida de coisas dentro de um género, mas não estão ainda concretamente determinados quais os espécimes daquele género que vão servir para o cumprimento da obrigação. Pelo contrário, as obrigações específicas são aquelas em tanto o género como os espécimes da prestação se encontram determinados. As obrigações genéricas são bastante comuns no comércio, ocorrendo quase sempre que se efectua uma negociação sobre coisas fungíveis, não consistindo necessariamente, no entanto, o seu objecto neste tipo de coisas. Enquanto que a classificação entre coisas fungíveis e infungíveis se relaciona com a sua consideração usual no tráfego, a classificação entre obrigações genéricas e específicas resulta do acordo das partes. Portanto, é possível que coisas infungíveis sejam objecto de obrigações genéricas. O facto da obrigação ser genérica implica diferenças de regime, tendo que ocorrer um processo de individualização dos espécimes dentro do género, sendo este a escolha que pode caber, nos termos gerais, a ambas as partes ou a terceiro (art.º 400.º, CC). A regra nas obrigações genéricas é a de que a escolha cabe ao devedor (art. 539.º, CC), devendo este, para Menezes Cordeiro, entregar uma coisa de classe e qualidade média, invocando este ilustre Autor o regime da integração dos negócios jurídicos segundo os ditames da boa-fé (art.º 239.º, CC). No entanto, para Menezes Leitão, esta solução decorre do art.º 400.º que, ao estabelecer que a determinação da prestação deve ser adequada à satisfação do interesse do credor, o que não ocorrerá se a prestação for exclusivamente determinada com coisas de qualidade inferior. A indeterminação inicial da obrigação genérica coloca o problema da averiguação do momento em que tem lugar a transferência da propriedade sobre as coisas que vão servir para o cumprimento da obrigação, o que releva para efeitos de risco, dado que a regra é a de que o perecimento da coisa corre por conta do seu proprietário (res perit domino, cfr. art.º 796.º, CC). Na obrigação genérica a transferência da propriedade não pode ocorrer no momento da celebração do contrato, conforme resulta genericamente do art.º 408.º, n.º 1, relativamente às