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ALIMENTAÇÃO NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA OSTEOPOROSE EM

MULHERES NA MENOPAUSA

FOOD IN THE PREVENTION AND TREATMENT OF OSTEOPOROSIS IN


WOMEN IN MENOPAUSE 524

Jaqueline Laura de Campos Oliveira1, Maria Claudia Sinico2

1- Bacharel em Nutrição, pela Faculdade Municipal Professor Franco Montoro –


FMPFM (Mogi Guaçu/SP); 2- Especialista em Obesidade e Emagrecimento, pela
Universidade Estágio de Sá/RJ, bacharel em Nutrição pela Universidade
Metodista de Piracicaba – UNIMEP/SP e docente da FMPFM.

Contato: claudia.sinico@gmail.com

RESUMO
A osteoporose é uma doença caracterizada pela diminuição da massa óssea e danifica a
microarquitetura, levando à fragilidade do osso e aumento do risco de fraturas. Estudos
evidenciam que mulheres na menopausa sofrem maior risco de desenvolver um
enfraquecimento ósseo por ocorrência de um declínio na produção de hormônios. O
objetivo do presente estudo foi evidenciar através de uma revisão literária a importância
da alimentação como um fator favorável na prevenção e melhora da osteoporose em
mulheres na menopausa. Para a pesquisa foram utilizados artigos científicos dos últimos
21 anos com os seguintes descritores: osteoporose, mulheres, menopausa, estrogênio,
vitamina D, cálcio, reposição hormonal. Os dados obtidos evidenciam a importância de
alguns nutrientes essenciais na prevenção e tratamento da osteoporose, juntamente com
a atividade física, descrevendo também os fatores nutricionais e hábitos de vida que
podem interferir negativamente na absorção desses nutrientes.
Palavras-chave: Osteoporose. Mulheres. Menopausa. Estrogênio. Vitamina D. Cálcio.
Reposição hormonal.

ABSTRACT
Osteoporosis is a disease that decreases bone mass and damages microarchitecture,
leading to bone fragility and increased risk of fractures. Menopausal women have been
found to be at increased risk of developing bone weakening due to a decline in hormone
production. The aim of the present study was to highlight the importance of diet as a

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favorable factor in preventing and improving osteoporosis in menopausal women. For the
research were used scientific articles from the last 21 years with the following descriptors:
osteoporosis, women, menopause, estrogen, vitamin D, calcium, hormone replacement.
This article emphasizes the importance of some essential nutrients in the prevention and
treatment of osteoporosis, along with physical activity, and also describes the nutritional
factors and lifestyle habits that may negatively affect the absorption of these nutrients.
Keywords: Osteoporosis. Women. Menopause. Estrogen. Vitamin D. Calcium. Hormone
replacement. 525

INTRODUÇÃO

A osteoporose é uma doença que se caracteriza pela diminuição da massa


óssea e danificação da microarquitetura, levando a vulnerabilidade do osso,
tornando maior o risco de fraturas (GALI, 2002). Essa doença afeta principalmente
pessoas de maior idade, especialmente mulheres na pós-menopausa. A doença
se desenvolve como consequência da disfunção do processo de remodelação
óssea, ou seja, o tecido ósseo maduro é removido e um novo tecido é formado,
porém, quando o indivíduo possui a osteoporose essa renovação de tecido
maduro para tecido novo não acontece (RADOMINSKI et al., 2004).

De acordo com Silva (2011), mulheres na menopausa apresentam maior


risco de desenvolver um enfraquecimento ósseo, devido à ocorrência de um
declínio na produção de hormônios, como o estrogênio, ocasionando perdas de
massa óssea. Segundo Rodrigues e Almeida (1997), existem outros fatores, como
sedentarismo e deficiência na ingestão cálcio que são coparticipantes no processo
de perda de massa óssea.

O estrogênio tem funções importantes na prevenção da osteoporose,


relacionadas à melhora na absorção de cálcio no trato intestinal e à diminuição da
perda de cálcio pela urina. Níveis elevados de estrogênio aumentam a
concentração da forma ativa da vitamina D na circulação, também estimulando a
calcitonina, que previne a retirada de cálcio dos ossos. Desta maneira, a redução
da produção e, consequentemente, na concentração desse hormônio no
organismo afeta diretamente o cálcio presente nos ossos, acarretando em fraturas
(FREIRE et al., 2004).

A nutrição é um dos fatores consideráveis na prevenção e tratamento da


osteoporose (BEDANI; ROSSI, 2005). Para combater a diminuição da massa
óssea, deve-se sustentar o equilíbrio entre o consumo e a absorção do cálcio,
bem como suas perdas. A absorção de cálcio é reduzida com a idade avançada
como também em mulheres com osteoporose. (FREIRE et al., 2004).

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A vitamina D é fundamental para a absorção de cálcio no organismo, pode
ser absorvida através dos raios ultravioletas ou por meio da alimentação, tendo
importante influência na composição corporal. Para que haja a produção dela na
forma ativa é necessária a exposição ao sol. (SOUZA, 2013).

Outra alternativa existente para evitar e combater a incidência é a reposição


hormonal que, conforme o Radominski et al., (2004), ainda que os benefícios
ajudem a manutenção da saúde e da qualidade de vida das mulheres devem ser 526
usados com cautela, pois podem resultar em riscos, como câncer e
tromboembolismo.

O objetivo do presente estudo foi evidenciar a importância da alimentação


como um fator favorável na prevenção e melhora da osteoporose. Assim foi
realizada uma revisão de literatura destacando a importância da suplementação
de alguns micronutrientes, inserção da atividade física e adoção de melhores
hábitos que contribuem para a prevenção da osteoporose e melhoria do estado
nutricional da mulher na menopausa e sua qualidade de vida.

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste estudo realizou-se uma revisão bibliográfica


narrativa com base em artigos científicos sobre a osteoporose em mulheres no
período de menopausa. Efetuou-se uma busca de artigos disponíveis nas bases
de dados informatizadas para publicações: Scielo e Google Scholar. Os
descritores utilizados para a pesquisa foram osteoporose, mulheres, menopausa,
estrogênio, vitamina D, cálcio, reposição hormonal. Foram selecionados os artigos
em português publicados entre os anos de 1995 a 2019, priorizando os mais
recentes.

DESENVOLVIMENTO

Fisiopatologia da Osteoporose

Segundo Cunha et al. (2008), o osso é um tecido vivo que requer nutrientes
essenciais e, portanto, recebe um grande abastecimento sanguíneo. De acordo
com Campos et al. (2003), o osso é composto por células, minerais e matriz
orgânica. Cunha et al. (2008), abrange três tipos celulares básicos: osteoblastos,
osteócitos e osteoclastos. Os osteoblastos são células responsáveis por
produzirem nova matriz óssea, uma vez envolvido por novo osso, os osteoblastos
se tornam osteócitos, que tem a capacidade de realizar a reabsorção da matriz
óssea. Os osteoclastos formam proteínas proteolíticas, que são responsáveis pela
reabsorção óssea.

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A matriz óssea é formada por duas partes. A parte orgânica composta por
colágeno e a parte inorgânica do osso, composta principalmente pelo cálcio e pelo
fósforo (ZAZULA; PEREIRA, 2003).

De acordo com Zazula e Pereira (2003), o osso não é uma estrutura imóvel,
pois ele é submetido a uma permanente remodelação, ou seja, é reabsorvido e
reconstituído constantemente. O equilíbrio entre os dois estágios da remodelação
óssea depende do desempenho adequado dos osteoblastos e osteoclastos. 527

Aos poucos o equilíbrio entre a formação óssea e a reabsorção óssea se


torna negativo, com maior influência a partir de 65 anos, que pode ocasionar no
aparecimento da osteoporose. Nas mulheres na menopausa ocorre uma queda
na produção de estrogênios, que leva a um acréscimo da atividade osteoclástica,
com gradual perda de massa óssea (ALMEIDA, 2019). Segundo Brito et al.,
(2001), os estrogênios agem sobre a remodelação óssea impedindo a reabsorção,
não aparentando ativar a formação do osso.

De acordo com Brito et al., (2001), foi descrito por Eriksen et al., (1988) que
ao se aproximar da menopausa, a quantidade de osso reabsorvido é maior do que
a quantidade de osso novo formado.

A menopausa ocorre em razão da redução na atividade dos ovários, que


deixam de liberar óvulos mensalmente. Simultaneamente, os estrogênios são
secretados em menor quantidade (ANTUNES et al., 2003). Segundo Radominski
et al. (2004), isso influencia na redução da absorção de cálcio pelo intestino, por
conta da baixa produção de calcitonina hormônio que impede a desmineralização
óssea. Por esse motivo, todas as mulheres na pós-menopausa precisam de uma
avaliação de risco nos serviços de saúde.

Os fatores de risco para a osteoporose são divididos em maiores e menores


conforme mostra o quadro abaixo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008):

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Quadro 1. Fatores de risco para a Osteoporose.

Maiores Menores

Fratura causada por pequeno trauma; Doenças que induzam à perda de massa
óssea;
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Sexo feminino; Amenorreia primária ou secundária;

Baixa massa óssea; Menarca tardia, nuliparidade;

Raça branca ou asiática; Hipogonadismo primário ou secundário;

Idade avançada em ambos os sexos; Baixa estatura e peso (IMC <19kg/m²);

História familiar de osteoporose ou fratura do Perda importante de peso após os 25 anos;


colo fêmur;

Menopausa precoce (antes dos 40 anos) não Baixa ingestão de cálcio, alta ingestão de
tratada; sódio;

Uso de corticoides; Alta ingestão de proteína animal;

Pouca exposição ao sol, imobilização


prolongada; quedas frequentes;

Sedentarismo, tabagismo e alcoolismo;

Medicamentos (como heparina,


ciclosporina, hormônios tireoidianos,
anticonvulsivantes e lítio);

Alto consumo de xantinas (café,


refrigerantes à base de cola, chá preto);

Fonte: adaptado Ministério da Saúde (2008).

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Fatores Nutricionais e Hábitos de Vida Benéficos no Tratamento e
Prevenção da Osteoporose

Suplementação de Cálcio

O cálcio é o mineral mais encontrado no corpo humano, sendo que 99%


está contido no esqueleto e dentes para promover estrutura óssea e 1% é
requisitado para outras funções metabólicas (ALMEIDA, 2019). 529

A ingestão de cálcio é essencial para a prevenção da osteoporose


especialmente na menopausa, pois o cálcio é responsável pela formação e
manutenção da massa óssea. Sendo assim, de acordo com Coutinho (2013),
ingerir uma devida quantidade de cálcio, seja em alimentos ou suplementos é
essencial para a integridade do sistema ósseo. A absorção de cálcio diminui com
o passar da idade. Essa diminuição pode ser causada por deficiência dietética e
diminuição na produção de vitamina D. A absorção de cálcio pode ser afetada
durante a menopausa por conta da diminuição do estrogênio. O estrogênio
preserva a resposta inflamatória à vitamina D. As maiores fontes de cálcio na dieta
são o leite e laticínios, outros alimentos ricos são sardinha, feijão e os vegetais de
folhas escuras. Em pessoas com mais de 50 anos, fazendo ou não terapia de
reposição hormonal, é indispensável complementar a dieta com suplemento diário
de cálcio até 1.500 mg, dois comprimidos por dia. É eficiente para prevenir riscos
de fraturas (SOUZA, 2010).

De acordo com Martini et al., (2006), um estudo feito por Chee et al., (2003),
apresentou a relação entre o consumo de leite e prevenção da osteoporose e
fraturas. Esse estudo foi realizado com 5 mulheres chinesas com idade entre 55
e 65 anos, elas receberam suplementação alimentar diária com leite em pó
(equivalente a 1.200 mg de cálcio) durante 24 meses. Os autores notaram uma
redução considerável da perda óssea no grupo que recebeu suplementação. Em
seguida, Ting et al., (2007), analisaram a densidade óssea dessas mulheres após
21 meses do término do estudo e o grupo que recebeu suplementação não
mostrou perda significante da densidade óssea comparada ao início do estudo,
exceto para a coluna lombar. Ainda, as mulheres suplementadas mostravam
maior ingestão diária de cálcio mesmo após o término do estudo.

Suplementação de Vitamina D

A função fundamental da vitamina D é garantir as concentrações de cálcio


e fósforo séricos dentre os limites normais para a manutenção das funções
metabólicas (ALTHOFF et al., 2009). Segundo Lima et al. (2014), o
envelhecimento é um fator de risco para a limitação da vitamina D, que é
importante para manter a estrutura do esqueleto saudável, diminuindo o risco de

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quedas e fraturas. A mesma pode ser adquirida por meio da alimentação,
medicação e exposição ao sol, no mínimo 15 minutos ao dia, em horários e
durante períodos adequados (início da manhã e final da tarde). No caso da
necessidade de suplementação, deve ser administrada na dose de 400 a 800
UI/dia, especialmente em mulheres acima de 65 anos, institucionalizadas ou com
osteoporose estabelecida. Entretanto, revisão sistemática demonstrou que ainda
permanecem dúvidas quanto ao uso de vitamina D e derivados isoladamente para
prevenção de fraturas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008). 530

Um estudo feito por Martini et al. (2010), avaliou 2.420 indivíduos adultos.
Quedas frequentes foram declaradas por 15,5% dos homens e 25, 6% das
mulheres. Nas mulheres, os fatores de risco relacionados com quedas frequentes
foram idade, fratura prévia, sedentarismo, pior qualidade de vida, diabete mellitus
e uso atual de benzodiazepínicos. Nos homens, foram idade, pior qualidade de
vida, consumo de bebidas alcoólicas, diabete mellitus, fratura prévia e uso atual
de benzodiazepínicos. Uma maior ingestão de vitamina D na população adulta
estudada desempenhou efeito protetor sobre o risco de quedas recorrentes.

Magnésio

A suplementação do magnésio também pode ser necessária para a saúde


dos ossos ou absorção do cálcio (LIMA et al., 2014). Uma das funções do
magnésio é converter a vitamina D em forma ativa (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2008). Lima et al. (2014), ainda afirma que as fontes de magnésio são encontradas
em vegetais verdes, grãos não polidos e nozes.

Um estudo realizado em ratos por Barrio (2008), concluiu que a deficiência


de magnésio na dieta dos ratos ocasiona em perdas ósseas, tornando-se um fator
de risco para o desenvolvimento de osteoporose.

Zinco

Atua no crescimento ósseo e protege contra a perda de massa óssea.


Também modula vários hormônios, principalmente o estrogênio. O zinco pode ser
encontrado em farelo de trigo, carnes vermelhas e peixes (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2008).

Um estudo realizado por Souza et al. (2018), examinou a ação do zinco no


reparo ósseo e chegaram à conclusão de que o elemento zinco é essencial na
síntese proteica, de diversas enzimas que têm ligação indireta para o reparo
ósseo.

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De acordo com Guilherme (2009), estudo feito por Gur et al., (2002),
observou concentrações de zinco sérico no soro mais baixas em mulheres com
osteoporose na menopausa do que em mulheres que não apresentam
osteoporose na mesma fase. Outro estudo feito por Lowe et al., (2002), constatou
concentrações plasmáticas de zinco mais baixas também em mulheres com
osteoporose em relação as mulheres mais jovens.

Vitamina K 531

A vitamina K está relacionada com a regulação do íon cálcio na matriz


óssea como parte da osteocalcina (proteína do osso). Em estudos de
administração de vitamina K em mulheres na pós-menopausa com osteoporose,
foi observado que a suplementação de vitamina K previne a perda óssea e reduz
a incidência de fraturas (MARQUES, 2013).

Lima et al., (2014), afirmam que são encontradas fontes de vitamina K nos
vegetais verdes. A suplementação medicamentosa adequada é de 90 μg/dia.

Atividade Física

Nascimento et al., (2007) esclarecem que o exercício físico beneficia a


remodelação óssea. A carga mecânica aplicada sobre os ossos, desde exercícios
até atividade da vida diária favorece o aumento de massa óssea. A carência de
exercício físico desempenha uma influência negativa para o esqueleto humano.
Porém, somente atividade física não consegue garantir um bom estado na
densidade mineral óssea, para os efeitos do exercício físico sejam ainda melhores
precisam ser conciliados com um bom estado nutricional e hormonal.
De acordo com Santarém (1998), os exercícios físicos de resistência são eficazes
para aumentar a massa óssea e a força dos músculos esqueléticos. Também
auxiliam na flexibilidade e na coordenação, evitando quedas em pessoas mais
velhas.

De acordo com Navega (2007), estudos realizados por Chow e Harrison


(1989), após submeterem indivíduos osteoporóticos a um programa de atividade
física, perceberam diminuição da dor e aumento da mobilidade e da capacidade
funcional. Resultados semelhantes foram observados por Malmros et al., (1998),
que notaram diminuição significativa do nível de dor e do uso de analgésico em
mulheres osteoporóticas com dor crônica na coluna lombar, as quais participaram
de um programa de atividade física supervisionado por fisioterapeutas.

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Fatores Nutricionais e Hábitos de Vida Maléficos no Tratamento e Prevenção
da Osteoporose

Tabagismo

De acordo com Dias et al., (2006), mulheres com histórico de tabagismo


têm tendência de entrar na menopausa em idade mais precoce em relação as não
fumantes. Segundo Pinto (2012), o tabagismo crônico dificulta a regeneração do 532
osso e diminui os níveis de estrogênios e bloqueia a absorção de cálcio.
Lima et al., (2014), afirma que mulheres fumantes não têm o habito de praticar
atividade física e tem comorbidades com doenças pulmonares crônicas
associadas, isso acaba resultando em fragilidade e aumento do risco de quedas
e fraturas. É indicada uma orientação para suspender o uso de cigarros como uma
medida de tratamento para a prevenção de osteoporose.

De acordo com estudo realizado por Martins et al., (2012), foi observado
um maior aumento em mulheres com hábitos tabagistas e etílicos nos grupos com
osteopenia e osteoporose quando comparadas ao grupo normal, apresentando
uma diferença significativa. Estudo de 2001 realizado no sudeste do Brasil
observou que 35% das pacientes tabagistas apresentavam osteoporose,
enquanto que entre as não fumantes, somente 21% eram acometidas.

Álcool

De acordo com Almeida et al., (1995), o álcool ingerido em excesso leva a


um acréscimo na excreção de cálcio. Brito et al., (2001), afirma que mulheres que
fazem a ingestão de dois drinques por dia têm a massa óssea mais baixa do que
mulheres que não fazem a ingestão de álcool. O álcool também pode aumentar o
risco de quedas e fraturas. Conforme Pinto (2012), evitar a ingestão de álcool é
essencial na prevenção da osteoporose.

Cafeína

Fonseca (2013), diz que existem relatos que a cafeína pode aumentar o
risco de surgimento da osteoporose, induzindo a perda óssea e a diminuição da
densidade óssea.

Existem muitos questionamentos sobre a influência da cafeína na


biodisponibilidade do cálcio e no aumento da perda mineral óssea. De acordo com
Buzinaro et al., (2006), um estudo realizado por Rapuri e colaboradores, 200,
observou em mulheres na menopausa, que uma ingestão maior que 300 mg de
cafeína por dia causaria uma perda de cálcio em nível ósseo.

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Proteína

Montilla et al., (2004) afirmam que uma dieta baixa em consumo de cálcio
e alta em consumo de proteína, pode comprometer ainda mais a osteoporose,
pois segundo, Freire (2004), consumo elevado de proteína na dieta causa perda
de cálcio pela urina, o que aumenta a necessidade de cálcio.

De acordo Montilla et al., (2004), o National Research Council, recomenda 533


o consumo de proteína de 0,8g/kg de peso. O excesso proteico deve servir de
alerta, pois inúmeros estudos mostram que a ingestão exagerada de proteína
pode propiciar perdas excessivas de cálcio.

Prevenção e Tratamento da Osteoporose

A prevenção da diminuição da massa óssea não deve ser feita apenas na


menopausa, mas deve começar pela infância e juventude, nesta fase deve ser
feito um bom aporte de cálcio e vitamina D, que tem uma consequência positiva
no pico de massa óssea juntamente com a atividade física e o controle no
consumo de álcool, cigarro e cafeína (SANTOS; AMORIM, 2009).

Na fase em que a mulher já está na menopausa a prevenção pode ser o


tratamento de terapia de reposição hormonal, porém de acordo com Radominski
et al., (2004), a terapia de reposição hormonal, apesar dos benefícios que
proporciona para a manutenção da saúde e da qualidade de vida das mulheres,
deve ser utilizada com precaução, pois em alguns casos pode acarretar riscos,
como aumento na incidência de casos de câncer de mama e tromboembolismo
(SILVA, 2011).

Outra forma de prevenir e tratar a menopausa são os fatores nutricionais,


dois principais são o cálcio e a vitamina D. De acordo com Santos e Amorim
(2009), o cálcio é um mineral importante na prevenção e tratamento da
osteoporose, protela a perda óssea na menopausa e melhora a densidade óssea
na velhice, mas a absorção desse mineral está relacionada com a
biodisponibilidade, o teor de cálcio nem sempre é encontrado totalmente
biodisponível nos alimentos, por conta disto, além da alimentação, pode fazer o
uso deste mineral em forma de suplemento por recomendação médica.

A vitamina D é essencial à absorção intestinal do cálcio, estando diminuída


nos idosos por conta da diminuição a exposição à luz solar, esse mineral também
pode ser suplementado se for recomendado por um médico (SANTOS; AMORIM,
2009).

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Outra forma de prevenir e tratar a osteoporose é a atividade física, segundo
Silva (2011), exercícios de velocidade e com peso são os mais eficazes para o
ganho de massa muscular e melhora da resposta motora neuromuscular
diminuindo assim as quedas e fraturas nos indivíduos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Diante da análise dos artigos pesquisados foi possível constatar que 534
diversos fatores nutricionais e hábitos de vida podem interferir na prevenção e
tratamento da osteoporose de maneira positiva ou negativa.

O cálcio é utilizado para a prevenção de osteoporose, sua absorção pode


ser atingida por conta da diminuição do estrogênio. Estudo feito por Chee et al.
(2003) comprovou que existe relação do cálcio e a prevenção da osteoporose, o
grupo estudado recebeu suplementação e não mostrou perda significativa de
densidade óssea. A vitamina D garante concentrações de cálcio dentro dos limites
normais. Um estudo feito por Martini et al., (2010) avaliou quedas frequentes de
homens e mulheres e observou que uma maior ingestão de vitamina D
desempenhou efeito protetor de risco de quedas nesses indivíduos (ALTHOFF et
al., 2009; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008; SOUZA, 2010).

O magnésio pode ser necessário para a absorção do cálcio, uma de suas


funções é converter a vitamina D em forma ativa (LIMA, et al, 2014; MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2008). De acordo com estudo realizado com ratos por Barrio (2008),
a deficiência de magnésio na dieta de ratos ocasiona perdas ósseas.

O zinco age no crescimento do osso, protege a perda óssea e modula


hormônios, como estrogênio (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008). Estudos realizados
observaram que o zinco tem relação com a osteoporose e que a baixa
concentração deste micronutriente está relacionada com mulheres com
osteoporose na menopausa (GUILHERME, 2009).

A vitamina K está relacionada com a formação óssea. Um estudo realizado


administrou vitamina K em mulheres na menopausa com osteoporose e observou
que a suplementação desse mineral previne a perda óssea (MARQUES, 2013;
LIMA et al, 2014).

A atividade física favorece a remodelação óssea e de acordo com estudo


feito por Chow e Harrison (1989), percebeu-se que após indivíduos osteoporóticos
serem submetidos a um programa de atividade física, ocorreu diminuição da dor
e aumento da mobilidade e capacidade funcional (NASCIMENTO, 2007; NAVEGA
E OISHI, 2007).

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O tabagismo tem a capacidade de dificultar a regeneração do osso e
diminuir os níveis de estrogênio. Um estudo realizado por Martins et al., (2012)
observou um aumento de mulheres com hábitos tabagistas e etílicos com
osteoporose quando comparadas ao grupo normal. A cafeína tem influência na
biodisponibilidade do cálcio, um estudo feito por Rapuri e colaboradores observou
que uma ingestão maior que 300 mg de cafeína pode causar perda de cálcio e
nível ósseo (PINTO, 2012; FONSECA, 2013).
535
Uma dieta alta em consumo de proteína e baixa em cálcio pode atrapalhar
o tratamento da osteoporose. O alto consumo de proteína pode causar perda de
cálcio pela urina (MONTILLA et al, 2004).

Assim, pode-se discutir a osteoporose como uma doença que deve ser
prevenida desde a fase jovem. Quando a mulher já está na fase da menopausa,
o aporte de minerais e vitaminas tanto pela alimentação, quanto pela
suplementação, juntamente com a atividade física, pode melhorar
consideravelmente sua qualidade de vida, uma vez que esses fatores promovem
maior fortalecimento ósseo e melhora da dor. Também pode ser realizado um
tratamento de terapia hormonal, porém é arriscado à saúde, podendo acarretar
câncer e trombose (SANTOS; AMORIM, 2009; RADOMINSKI, 2009).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A osteoporose é uma doença que afeta os ossos, causando fragilidade e


risco de fraturas. Em mulheres na menopausa o risco de desenvolver a
osteoporose é muito maior devido a diminuição dos hormônios sexuais, como o
estrogênio, o qual melhora a absorção de cálcio no trato intestinal e contribui para
a diminuição da perda de cálcio pela urina. A diminuição na produção desse
hormônio no organismo afeta diretamente o cálcio presente nos ossos.

Uma das formas de prevenir e tratar a doença é através de uma


alimentação adequada e equilibrada, rica em minerais e vitaminas e até mesmo
pela suplementação dos mesmos, conciliando com a atividade física. Também é
importante enfatizar que para uma boa resposta ao tratamento é necessário
diminuir os fatores nutricionais e hábitos de vida negativos, como tabagismo,
etilismo, excesso de cafeína e proteína, que interferem na absorção do cálcio e
da vitamina D.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, A. A. M. Papel do cálcio e vitamina D na prevenção e tratamento


da osteoporose. 2019. 34 f. 1° Ciclo em Ciências da Nutrição - Faculdade de
Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, Porto, 2019.

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ALMEIDA, A. M. et al. Osteoporose: a epidemia silenciosa que deve se tornar
pública. R. Bras. Enferm. Brasília, v. 48, n. 2, p. 161-167,1995.

ALTHOFF, S. W. E. M. et al. A importância da vitamina D na prevenção de fraturas


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Paulo, v. 3, n. 13, p. 50-62, 2009.

ANTUNES, et al. Fisiopatologia da menopausa. Rev. Port. Clin. Geral, v. 19, p. 536
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As autoras declararam não haver qualquer potencial conflito de interesses


referente a este artigo.

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