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Contabilidade
O impacto nos ativos intangíveis
por
por
sob orientação de
Prof. Doutora Luísa Anacoreta
Prof. Doutora Maria José Fonseca
quais pude sempre contar. Foram muito importantes pela sua dedicada
• Aos meus pais e irmão por todo e apoio oferecido e sem os quais não teria sido
v
Resumo
obrigatoriedade de amortização dos ativos intangíveis sem vida útil definida que
Deste modo, o presente estudo propõe-se analisar como esta Diretiva foi
financeiras das empresas portuguesas que utilizam SNC, entre 2015 e 2016, que
alterações.
de empresas com elevado peso de intangíveis que podem ter sido penalizadas na
sua rentabilidade.
vii
Abstract
amortization of the intangible assets with indefinite useful lifes that, up until
amortization.
Thus, the present study intends to analyze how this Directive was
whether the practices of companies in Portugal occurred in the same way that
For this purpose, we have analysed the changes that occurred in the
2016, that represents the transition period from which companies were now
forced to amortise their intangible assets with indefinite useful lifes. The research
carried out consists on the analysis of some items belonging to balance sheet and
income statement, with particular emphasis on the study of intangible assets and
their changes.
companies with a higher weight of intangible assets, contrasting with the growth
in other assets and in expenses with amortization. On the other hand, companies
data suggest that there are a group of companies with higher weight of
ix
Índice
Agradecimentos ......................................................................................................... v
Resumo .................................................................................................................... vii
Abstract ...................................................................................................................... ix
Índice de Gráficos ...................................................................................................xiii
Índice de Tabelas ...................................................................................................... xv
Capítulo 1. Introdução ............................................................................................... 1
Capítulo 2. Revisão de literatura .............................................................................. 5
Capítulo 3. A Diretiva 2013/34/UE ......................................................................... 13
Capítulo 4. Metodologia .......................................................................................... 18
Capítulo 5. Resultados ............................................................................................. 26
Capítulo 6. Conclusões ............................................................................................ 44
Bibliografia ............................................................................................................... 51
Anexos....................................................................................................................... 54
xi
Índice de Gráficos
ar frio……………………...............................................................................................38
comunicação”……………………………................................................……………39
desenvolvimento”.........................................................................................................43
xiii
Índice de Tabelas
no SNC……………............................................................................................………15
total em 2015..................................................................................................................32
Tabela 8 - Distribuição das empresas dos quartis 3 e 4 por tipo de indústria (19
secções)……………………………...............................................................................36
secções)...........................................................................................................................55
subsecções).....................................................................................................................56
xv
Capítulo 1. Introdução
com início em, ou após, 1 de janeiro de 2005. Holthausen (2009) nota que a
financeiras.
nas IAS/IFRS.
vida útil definida, num prazo máximo de 10 anos, com efeitos a partir de 1 de
janeiro de 2016, sendo que esta disposição da Diretiva foi transposta para a
imparidade anuais.
pela Nova Diretiva da Contabilidade e aquilo que é prescrito pela NCRF 6 após
que nos indique se houve impacto nas demonstrações financeiras das empresas
2
portuguesas, evidenciando alterações ao nível da sua estrutura de ativos
da Diretiva se façam sentir nas empresas com maior peso de ativos deste tipo na
sua estrutura de ativos, já que serão estas que, à partida, possuirão uma maior
ativo total, ativo corrente, ativo não corrente, ativo fixo tangível, depreciações,
regime imposto pela Nova Diretiva da Contabilidade implicou uma descida significativa
no peso relativo dos ativos intangíveis, face ao ativo total, entre 2015 e 2016? Em caso
rentabilidade?
podemos concluir que é bastante provável que estas alterações sejam fruto da
NCRF 6.
3
Para responder a estas questões estruturámos o trabalho em 6 capítulos, O
uma análise global, que exibe as alterações ocorridas para a amostra global, uma
análise que segmenta a amostra em quartis tendo em conta o peso dos intangíveis
no total de ativos, e ainda uma análise que segmenta a amostra por indústrias.
Por fim, os resultados indicam que, para as empresas com elevado peso
4
Capítulo 2. Revisão de literatura
parte da Comissão Europeia. As Diretivas Europeias têm que ser adotadas por
contêm inúmeras opções que podem ser adotadas pelos Estados- Membros, o que
lhes permite uma aplicação flexível das suas disposições. Por um lado, esta
muitos países dentro e fora da União Europeia porque estas normas podem
os padrões nacionais de vários países sejam baseados nas IFRS, eles não são
absolutamente coincidentes.
5
Financeiro (NCRF) adaptadas a partir das normas internacionais de
contabilística, mas que os requisitos das Diretivas europeias são mínimos e não
relato financeiro.
temas que merecem uma atenção particular para os quais esta Diretiva atribuiu
6
da União, ao invés de convergirem para as normas internacionais de
nomeadamente aqueles com vida útil indefinida que, até data de transposição da
longo do tempo, ainda que com vida útil indefinida, no entanto, afirma que esta
automáticas e obrigatórias.
iguais valores de amortização desses ativos, o que não refletirá uma imagem
demonstrações financeiras.
7
comparados com os seus benefícios. Há intenção de simplificação de regras de
que a União Europeia pode esperar que mais de 90% das empresas fiquem
seus conceitos devem-se, em larga medida, aos trabalhos desenvolvidos por Van
der Tas (1988) e Tay & Parker (1990). A investigação de Van der Tas (1988) foi
8
aumento do grau de harmonia. Este autor estabeleceu também a distinção entre
expectável que estas normas sejam refletidas nas práticas das empresas,
Neste sentido, Canibaño & Mora (2000) revelam que existem duas forças
9
mundo de negócios com diferenças culturais, legais, políticas e económicas entre
países.
Holthausen, 2009; Trabelsi, 2010; Lasmin, 2011; Magro, 2014) que o forte impacto
sejam refletidas nas práticas das empresas. Holthausen (2009) alerta que sem o
Também nesta ótica, Trabelsi (2010) realizou uma pesquisa onde explorou
10
resultados encontrados sugerem que, apesar dos esforços verificados para
harmonização não foi afetado por fatores institucionais ou das empresas como
seria expectável.
a informação é mais útil se for comparável e poderá existir uma tendência natural
11
para a harmonização de práticas pelos profissionais dentro do mesmo meio, pela
estas duas vertentes da harmonização. Alguns autores (e.g. Rahman et al, 1996;
Garrido et al, 2002; Fontes et al, 2005), citados por Lasmin (2011), atribuem uma
práticas contabilísticas.
Contudo, Lasmin (2011) cita também outros estudos (e.g. Herrmann &
Thomas, 1995; Archer et al, 1995; Emenyonu & Gray, 1996; Krisement, 1997;
Canibano & Mora, 2000) que admitem ser mais proveitoso dar maior ênfase ao
estudo da harmonização material já que, à semelhança do que Van der Tas (1988)
material.
exógenos, caraterísticos de cada país, são um fator que pode limitar o êxito de
2016.
12
Capítulo 3. A Diretiva 2013/34/UE
janeiro de 2016.
“Pensar primeiro em pequena escala” já que são estas que constituem a maior
13
administrativos e melhorar o ambiente empresarial, especialmente para as
2016).
Porém, não é isso que sucede em algumas das disposições da Nova Diretiva da
14
Podemos encontrar no n,º 11 do artigo 12 da Diretiva 2013/34/UE a
seguinte disposição: “Os ativos intangíveis são amortizados ao longo da sua vida
útil. Em casos excecionais em que não seja possível estimar de forma fiável a vida
prazo máximo não pode ser inferior a cinco anos nem superior a 10 anos”.
ANTES DA intangível sem vida útil indicação de imparidade, uma entidade deve testar anualmente a
TRANSPOSIÇÃO DA definida não deve ser imparidade de um ativo intangível com uma vida útil indefinida
DIRETIVA 2013/34/UE amortizado.” ou um ativo intangível ainda não disponível para uso
APÓS A intangível com uma vida útil indicação de imparidade, uma entidade deve testar anualmente a
TRANSPOSIÇÃO DA indefinida deve ser amortizado imparidade de um ativo intangível ainda não disponível para uso
DIRETIVA 2013/34/UE num prazo máximo de 10 comparando a sua quantia escriturada com a recuperável…”.
anos…”
TABELA 1 - Tratamento contabilístico de ativos intangíveis sem vida útil definida, no SNC
imparidade anual de ativos intangíveis sem vida útil definida, isto porque passa
a ser obrigatória a sua amortização pelo que deixa de ser necessário testar a sua
15
continuar a ser realizados se houver indícios de que o ativo intangível possa estar
em imparidade.
com vida útil indefinida, apesar de não estarem sujeitos a amortização, estariam
Ativos.
agora nas diferenças existentes entre o novo normativo português e aquilo que é
ativos intangíveis com vida útil indefinida, as diferenças entre NCRF e IFRS, após
16
Tratamento NCRF IFRS
Amortização De acordo com a NCRF 6, os ativos intangíveis De acordo com a IAS 38, um ativo intangível com vida
reconhecidos.
Revisão Vida De acordo com a NCRF 6, a vida útil de um ativo De acordo com a IAS 38, a vida útil de um ativo
Útil com vida útil indenifida deve ser revista a cada intangível com vida útil indefinida deve ser revista no
período para determinar se os acontecimentos e final de cada período, Caso se conclua que o ativo
circunstâncias continuam a apoiar uma avaliação intangível passou a ter vida finita, a alteração deve ser
da vida útil indefinida, Se não apoiarem, a alteração contabilizada como alteração da política contabilística,
da estimativa de vida útil deve ser contabilizada pelo que a partir dessa data o ativo passará a ser objeto de
como alteração numa estimativa contabilística, de amortização, Além disto, a alteração da classificação de
acordo com a NCRF 4. vida útil é um indicador de imparidade, pelo que nessa
Imparidade Uma vez que um ativo intangível com vida útil A IAS 36- Imparidade de Ativos exige que se efetue o
indefinida está a ser amortizado num prazo máximo teste de imparidade de ativos intangíveis com vida útil
de 10 anos, o mesmo apenas está sujeito a testes de indefinida: anualmente; e sempre que haja indicação de
imparidade se existirem condições de imparidade. que o ativo intangível possa estar em imparidade.
TABELA 2 - Diferenças quanto a amortização, revisão da vida útil e imparidade entre SNC e IAS/IFRS, após 1 de
janeiro de 2016
destes ativos, mas este teste deve continuar a ser executado sempre que houver
17
Capítulo 4. Metodologia
4.1. Desenho da pesquisa
Intangíveis.
18
se verifica a obrigatoriedade de amortização dos ativos intangíveis sem vida útil
Até à data assinalada pela Diretiva, no mesmo sentido daquilo que era
vida útil definida não estariam sujeitos a amortização. Dada a falta de opções
o objetivo principal deste trabalho será encontrar evidência estatística que nos
intangíveis sem vida útil definida que passou a ocorrer após 1 de janeiro de 2016.
19
Adicionalmente, analisam-se também outras variáveis pertinentes para o
estudo, tais como o total de ativo (AT), ativo corrente (AC), ativo não corrente
(ANC), ativos fixos tangíveis (AFT) e respetivas depreciações (D), earnings before
de 2016. Contudo, uma vez que analisámos as alterações ao nível das A e dos
anuais dos ativos intangíveis sem vida útil definida. Dados os elevados custos
20
das empresas, é possível que este resultado se reflita numa melhoria dos
análise dos indicadores de rentabilidade EBIT e EBITDA assim como o rácio entre
Por outra perspetiva, indústrias com elevado peso de intangíveis sem vida
útil definida podem ser altamente penalizadas pela sua quebra nos ativos
intangíveis de tal forma que provoque uma queda na sua rentabilidade. Nesta
Uma vez que a Diretiva 2013/34/UE exige a amortização dos ativos sem
vida útil definida a partir de 1 janeiro de 2016, é esperado que a sua transposição
para a NCRF 6 incida mais fortemente nas empresas com um elevado peso
de intangíveis sem vida útil definida. Deste modo, após analisarmos as alterações
por quartis tendo em conta o peso dos intangíveis no ativo total em 2015. Esta
21
análise segmentada por quartis permite-nos identificar se existe alguma
estão representados nestes dois quartis com pelo menos 70% das suas empresas,
de forma a identificarmos quais as indústrias que terão sido mais afetadas pela
Accounting for Goodwill and Other Intangible Assets, Esta norma trouxe, em 2012, a
imparidade.
22
4.1. Caracterização da amostra
Uma vez que o estudo pretende analisar o impacto desta Diretiva, e mais
não deveriam integrar a nossa amostra por utilizarem IFRS e não estarem por
isso abrangidas por esta Diretiva. Espera-se que as empresas que seguem o
vida útil definida ao passo que as utilizadoras das IFRS, que seguem a IAS 38,
política contabilística adotada por cada empresa. Para contornar esta limitação, e
23
Portuguesa, por estarem mais propensas a utilizarem as normas internacionais
modo, de uma amostra inicial de 317.272 empresas, ficámos, após estas restrições,
passa pela observação das diferenças ao nível dos ativos intangíveis entre 2015 e
2016, pelo que valores pouco significativos não nos iriam acrescentar qualquer
informação relevante.
ao ao ativo fixo tangível e às amortizações, pelo que todas estas foram excluídas
da amostra.
informação completa para 2015 e 2016 pelo que as restantes foram eliminadas,
24
Apresenta-se abaixo a tabela 3 que sumariza todos os cortes efetuados à
amostra.
25
Capítulo 5. Análise e discussão dos resultados
constituem a amostra.
26
Variável Ano Total Média Desvio padrão Minímo Máximo Coeficiente
de variação
AT 2015 15 826 3 405,74 5 690,27 5,16 54 483,98 1,67
465,39
2016 16 722 3 598,58 5 965,02 4,78 53 092,50 1,66
615,66
AC 2015 9 317 326,26 2 005,02 3 485,34 1,19 26 819,76 1,74
2016 9 870 181,43 2 123,99 3 712,64 0,86 27 857,79 1,75
ANC 2015 6 510 204,46 1 400,95 3 116,54 1,00 46 525,22 2,22
2016 6 852 434,23 1 474,59 3 218,71 0,00 44 093,92 2,18
AC/AT 2015 - 61,91 25,74 0,51 99,86 0,42
2016 - 61,95 25,87 0,81 100,00 0,42
ANC/AT 2015 - 38,09 25,74 0,14 99,49 0,68
2016 - 38,05 25,87 0,00 99,19 0,68
AI 2015 215 784,10 46,44 125,17 1,00 1 243,14 2,70
2016 206 700,01 44,48 121,73 0,00 1 242,26 2,74
AI/AT 2015 - 5,69 11,07 0,00 60,39 1,94
2016 - 5,15 10,60 0,00 60,68 2,06
A 2015 23 880,48 5,14 15,27 0,00 219,20 2,97
2016 29 044,75 6,25 17,81 0,00 212,67 2,85
A/AI 2015 - 34,62 76,47 0,00 1 520,36 2,21
2016 - 55,56 137,55 0,00 1 452,33 2,48
AFT 2015 4 046 508,86 870,78 1 775,50 0,00 15 411,85 2,04
2016 4 306 198,18 926,66 1 869,01 0,00 15 649,62 2,02
AFT/AT 2015 - 26,06 23,64 0,00 96,70 0,91
2016 - 26,26 23,75 0,00 96,50 0,90
D 2015 404 628,91 87,07 168,55 0,00 1501,57 1,94
2016 433 933,38 93,38 179,66 0,00 1452,04 1,92
D/AFT 2015 - 23,53 35,23 0,00 471,29 1,50
2016 - 22,79 33,98 0,00 531,61 1,49
EBITDA 2015 1 362 034,29 293,10 569,18 -590,40 4 828,81 1,94
2016 1 479 966,37 318,48 617,69 -562,73 5 155,75 1,94
EBIT 2015 914 476,07 196,79 447,26 -868,29 4 268,03 2,27
2016 995 887,25 214,31 485,81 -785,51 4 018,96 2,27
A/EBITDA 2015 - 1,86 4,83 -9,18 47,60 2,59
2016 - 2,11 5,21 -9,41 43,29 2,47
D/EBITDA 2015 - 27,12 49,68 -364,16 453,34 1,83
2016 - 25,17 46,83 -364,90 450,01 1,86
TABELA 4 - Estatística descritiva da amostra
Legenda:
AT: Ativo total; AC: Ativo corrente; ANC: Ativo não corrente; AC/AT: Peso do ativo corrente no ativo total;
ANC/AT: Peso do ativo não corrente no ativo total; AI: Ativo intangível; AI/AT: Peso do ativo intangível no ativo
total; A: Amortizações; A/AI: Parcela de ativo intangível absorvida pelas amortizações; AFT: Ativo fixo tangível;
AFT/AT: Peso do ativo fixo tangível no ativo total; D: Depreciações; D/AFT: Parcela de ativo fixo tangível absorvida
pelas depreciações; EBITDA: earnings before interest, taxes, amortization and depreciation; EBIT: earnings before
interest and taxes; A/EBITDA: Parcela de EBITDA absorvida por amortizações; D/EBITDA: Parcela de EBITA
absorvida por depreciações.
27
Como mencionado no Capítulo 4, não permitimos que variáveis de
Deste modo, estamos perante uma amostra com um peso médio de ANC
para a totalidade das variáveis em estudo, entre 2015 e 2016. A tabela 5 mostra os
relativos (rácios).
28
Variável 2015 2016 Variação
(*) Significância estatística para valores de α inferiores a 0,1 (consultar tabela A em anexo)
Legenda:
AT:Ativo total; AC: Ativo corrente; ANC: Ativo não corrente; AI: Ativo intangível; A: Amortizações; AFT:Ativo fixo
tangível; D: Depreciações; EBITDA: earnings before interest, taxes, amortization and depreciation; EBIT: earnings
before interest and taxes.
(*) Significância estatística para valores de α inferiores a 0,1 (consultar tabela A em anexo)
Legenda:
AC/AT: Peso do ativo corrente no ativo total; ANC/AT: Peso do ativo não corrente no ativo total; AI/AT: Peso do ativo
intangível no ativo total; AFT/AT: Peso do ativo fixo tangível no ativo total; A/AI: Parcela de ativo intangível
absorvida pelas amortizações; D/AFT: Parcela de ativo fixo tangível absorvida pelas depreciações; A/EBITDA: Parcela
de EBITDA absorvida pelas amortizações; D/EBITDA: Parcela de EBITDA absorvida pelas depreciações.
29
Em termos absolutos, verifica-se que tanto AT, como ANC e AC
AFT/AT também não sofreu alterações significativas entre 2015 e 2016, assim
como o rácio D/AFT, o que indicia que a depreciação do ativo fixo tangível se
Por outro lado, o rácio AI/AT apresentou uma queda superior a 9%,
60%, que é refletido tanto pelo aumento das A como pela diminuição de AI.
maior parcela do EBITDA foi consumida pelos gastos com A com posterior
reflexo no EBIT. Verificámos que este rácio aumentou 13,43% entre 2015 e 2016,
o que nos indica que as A estão a consumir uma maior parcela do EBITDA em
2016. Por outro lado, no que respeita ao rácio D/EBITDA, os resultados indicam
30
Ora, a análise global das variáveis indica que a Nova Diretiva da
reflexo nos seus gastos inerentes (A). A diminuição dos AI sugere que algum
entre 2015 e 2016, uma vez que o comportamento destas variáveis se destaca das
como do EBIT.
Por outro lado, sabemos que a Diretiva incide sobre os AI sem vida útil
apenas terão impacto em empresas que possuam ativos deste tipo, sendo mais
uma análise por quartis segmentada pelo peso de intangíveis no ativo total em
31
Variável % Q1 % Q2 % Q3 % Q4
TABELA 7- Análise por quartis em função do peso de ativos intangíveis no ativo total em 2015
(*) Significância estatística para valores de α inferiores a 0,1 (consultar tabela D em anexo)
Legenda:
AI/AT (2015): Média do peso do ativo intangível no ativo total em 2015; AT: Ativo total; AC: Ativo corrente; ANC:
Ativo não corrente; AC/AT: Peso do ativo corrente no ativo total; ANC/AT: Peso do ativo não corrente no ativo total;
AI: Ativo intangível; AI/AT: Peso do ativo intangível no ativo total; A: Amortizações; A/AI: Parcela de ativo intangível
absorvida pelas amortizações; AFT: Ativo fixo tangível; AFT/AT: Peso do ativo fixo tangível no ativo total; D:
Depreciações; D/AFT: Parcela de ativo fixo tangível absorvida pelas depreciações; EBITDA: earnings before interest,
taxes, amortization and depreciation; EBIT: earnings before interest and taxes; A/EBITDA: Parcela de EBITDA
absorvida por amortizações; D/EBITDA: Parcela de EBITA absorvida por depreciações.
32
Observa-se que Q1 e Q2 apresentam uma média do rácio AI/AT em 2015
inferior a 1%, enquanto Q3 já aponta para 2,16% e Q4 exibe uma média superior
a 20%. É notória a disparidade dos valores das médias de AI/AT entre Q3 e Q4,
apresentam maior AI/AT, a variação deste rácio, embora ainda positiva para Q1
Q3 e de 10,42% em Q4.
pelas empresas com maior peso de intangíveis, Q3 e Q4, que apresentam uma
AFT embora o rácio AFT/AT apenas tenha sofrido um aumento em Q4, em 2,38%.
33
De outro modo, vemos que as A aumentaram em todos os quartis, exceto para o
todos os quartis entre 2015 e 2016, o que indica que as amortizações passaram a
Embora os resultados não mostrem uma diminuição do EBIT para Q4, os dados
sugerem que estas empresas podem ter sido penalizadas efetivamente ao nível
A.
aumento absoluto do AFT. Vemos que o rácio D/AFT se mantém para todos os
quartis, à exceção do quartil 2, o que nos indica que o ativo fixo tangível e seus
gastos inerentes estão a seguir um padrão idêntico a 2015 para os quartis 1,3 e 4.
34
Em suma, conseguimos constatar de forma compartimentada o que
que Q4, o que significa que há uma diferença substancial entre as empresas de
também em Q4.
empresas com menor peso de intangíveis não possuírem ativos com vida útil
empresas com elevado peso destes ativos, que apresentarão uma queda no valor
Neste sentido, uma vez que já identificámos uma correlação entre o peso
35
Uma vez que reparamos que os quartis 3 e 4 da nossa amostra são aqueles
nestes quartis.
36
Os resultados encontram-se por ordem decrescente do rácio de intangíveis
gás, vapor, água quente e fria e ar frio” e 72% das “Atividades de informação e
médias de AI/AT em 2015 mais elevadas que possuem a maior parte das suas
quartis, Os dados completos por quartil podem ser consultados na tabela Tabela
B em anexo.
37
O gráfico 1 mostra que 52% das empresas desta indústria estão
pouca representatividade.
frio”
38
Também a indústria “Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio”
apresenta a grande maioria das suas empresas nos quartis 3 e 4 sendo que apenas
Deste modo, os dados sugerem que, uma vez que estas 3 indústrias estão
39
possua empresas muito diferentes, com atividades bastante díspares e uma
40
GRÁFICO 4 - Distribuição da subsecção “Atividades de edição, gravação e
programação de rádio e televisão”
41
GRÁFICO 6 - Distribuição da subsecção “Telecomunicações”
introdução da Diretiva.
social” que, embora com uma representatividade de 57% da tabela 8 nos quartis
42
GRÁFICO 7 - Distribuição da secção “Atividades de apoio social”
desenvolvimento” que possui 75% das suas empresas nestes 2 quartis (ver tabela
43
Capítulo 6. Conclusões
da realização de testes de imparidade anuais, aos ativos sem vida útil definida,
realização de testes de imparidade anuais, mas criando, no entanto, tal como cita
Ora, com uma norma que passa a exigir a amortização destes ativos num
vida útil definida sejam fortemente impactadas por esta norma ao nível dos seus
44
Nesta sequência, é também possível que a rentabilidade das empresas
mais efetadas por esta diretiva seja negativamente impactada já que passam a
suportar elevados custos com A que até à data não suportavam. Esta discussão
intangíveis sem vida útil definida que, ao invés de serem beneficiadas pelas
do montante de amortizações.
portuguesas com um elevado peso de intangíveis, uma vez que se verifica uma
outro modo, os dados mostram que à medida que o peso de intangíveis no total
aumenta, se observa uma diminuição cada vez mais acentuada deste rácio, em
2016, sendo que para as empresas com rácios mais elevados de AI/AT (Q3 e Q4),
esta variação é negativa. Outro forte indício que aponta para uma grande
45
Os resultados globais apontam para um crescimento generalizado dos
apresenta uma diminuição significativa, assim como o seu peso no ativo total.
o EBITDA.
resultados bem díspares no que toca à análise dos ativos intangíveis entre
muito baixo, pelo que um pequeno aumento absoluto desta variável é suficiente
46
pesado em termos do ativo total não se vêm alterações. Para este grupo, à
respetivamente.
serviços” são as que apresentam a maioria das suas empresas nestas quartis.
Contabilidade.
47
Apesar da análise global apontar para um crescimento da rentabilidade
das empresas, dado por aumentos significativos tanto no EBITDA como no EBIT,
EBITDA. Estes resultados sugerem que apesar de este grupo ter obtido uma
nestas empresas.
produzidos por esta Diretiva pela inalteração do peso de ativo intangíveis que
pelo EBITDA.
48
SNC ou IFRS, pelo que procedemos a esta diferenciação através dos cortes já
utilizadoras de IFRS da amostra, não nos garantem que nenhuma ficou contida
utilizadoras do SNC.
possuem uma forte presença nos quartis 3 e 4, a segmentação por 19 secções não
reduzindo cada vez mais pelo que não conseguimos determinar qual o impacto
em específico.
análise mais pormenorizada destes setores, utilizando outro método que permita
segmentação por indústrias se for recolhida uma amostra maior, num outro país
um conjunto de países.
49
Por fim, o horizonte temporal após 2016, à data de realização do estudo,
ainda é muito curto pelo que, ainda como sugestão, consideramos que seria uma
mais-valia realizar uma análise similar num horizonte temporal mais alargado,
medida em que abordou um tema recente e por isso, ainda não há muito estudos
50
Bibliografia
Dorel, M., Elena, H., Antonela, U., & Geanina, M. (2015), ACCOUNTING
reporting standards. In Accounting forum (Vol. 29, No. 4, pp. 415-436). Elsevier.
51
Gláserová, J., Otavová, M., Bušovová, A., & Dřínovská, E. (2017). Impact of
Jordan, C, E., & Clark, S. J. (2004). Big bath earnings management: the case of
69.
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Magro, N. D. D. S. (2015). A comparabilidade das demonstrações financeiras
na Europa.
18(3), 224-236.
Strouhal, J., Bonaci, C., Mustata, R., Alver, L., Alver, J., & Praulinš, A. (2011).
53
Anexo
Legenda:
AT: Ativo total; AC: Ativo corrente; ANC: Ativo não corrente; AC/AT: Peso do ativo corrente no ativo total;
ANC/AT: Peso do ativo não corrente no ativo total; AI: Ativo intangível; AI/AT: Peso do ativo intangível no ativo
total; A: Amortizações; A/AI: Parcela de ativo intangível absorvida pelas amortizações; AFT: Ativo fixo tangível;
AFT/AT: Peso do ativo fixo tangível no ativo total; D: Depreciações; D/AFT: Parcela de ativo fixo tangível
absorvida pelas depreciações; EBITDA: earnings before interest, taxes, amortization and depreciation; EBIT:
earnings before interest and taxes; A/EBITDA: Parcela de EBITDA absorvida por amortizações; D/EBITDA:
Parcela de EBITA absorvida por depreciações.
54
CAE Indústria Empresas AI/AT Q1% Q2% Q3% Q4%
2015
D Electricidade, gás, vapor, água 29 12,69 14 14 10 62
quente e fria e ar frio
S Outras actividades de serviços 50 12,39 8 10 30 52
55
CAE Indústria Empresas AI/AT % % % %
2015 Q1 Q2 Q3 Q4
JB Telecomunicações 5 7,80 0 40 40 20
56
CC Indústria da madeira, pasta, papel e 75 4,11 36 29 17 17
cartão e seus artigos e impressão
TABELA C- Distribuição das empresas por quartil e tipo de indústria (38 subsecções)
57
Variável % Q1 α % Q2 α % Q3 α % Q4 α
Legenda:
AI/AT (2015): Média do peso do ativo intangível no ativo total em 2015; AT: Ativo total; AC: Ativo corrente; ANC: Ativo não corrente; AC/AT: Peso do ativo corrente no ativo total; ANC/AT:
Peso do ativo não corrente no ativo total; AI: Ativo intangível; AI/AT: Peso do ativo intangível no ativo total; A: Amortizações; A/AI: Parcela de ativo intangível absorvida pelas amortizações;
AFT: Ativo fixo tangível; AFT/AT: Peso do ativo fixo tangível no ativo total; D: Depreciações; D/AFT: Parcela de ativo fixo tangível absorvida pelas depreciações; EBITDA: earnings before
interest, taxes, amortization and depreciation; EBIT: earnings before interest and taxes; A/EBITDA: Parcela de EBITDA absorvida por amortizações; D/EBITDA: Parcela de EBITA absorvida
por depreciações.
58