Você está na página 1de 32

Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

Diferencial de uma função real de variável real. Fórmulas de Taylor e


Maclaurin.

Comparação de dois infinitésimos.

Sejam α (x) e β (x) dois infinitésimos de variável x numa vizinhança do ponto


x0 , isto é,
lim α ( x) = 0 e lim β ( x) = 0 .
x→ x 0 x→ x 0

α ( x)
► Os infinitésimos α (x) e β (x) dizem-se de mesma ordem se o limite lim β ( x) é
x→ x 0

finito e diferente de zero.

α ( x) β ( x)
Obviamente com lim β ( x) finito e diferente de zero tem-se lim α ( x) finito e
x→ x 0 x→ x 0

diferente de zero:
β ( x) 1 1
lim α ( x) = lim  α ( x)  =  α ( x) 
.
x→ x 0 x→ x 0
  lim  β ( x) 
 β ( x)  x→ x 0  

α ( x) α ( x)
► Se o limite lim β ( x) = 0 , isto é,
β ( x)
é um infinitésimo (neste caso
x→ x 0

β ( x) β ( x)
lim α ( x) = ∞ , , isto é,
α ( x)
é um infinitamente grande), então o infinitésimo
x→ x 0

α (x) diz-se de ordem superior em relação ao infinitésimo β (x) e denota-se


α ( x) = o( β ( x)) .

α ( x) β ( x)
► Se o limite lim β ( x) não existe (neste caso lim α ( x) também não existe),
x→ x 0 x→ x 0

então diz-se que os infinitésimos α (x) e β (x) não são comparáveis.

Por exemplo:

Seja α ( x) = x um infinitésimo numa vizinhança do ponto x0 = 0 .

● Numa vizinhança do ponto x0 = 0 as funções


 x
sen3 x, tg  , x + 1 − 1, e x − 1
5
são infinitésimos:

1
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

lim sen3x = 0, lim tg  5  = 0, lim ( ) lim (e )


x
x +1 −1 = 0, x
−1 = 0
x →0 x →0   x →0 x →0

Numa vizinhança do ponto x0 = 0 os infinitésimos considerados são de mesma ordem


com o infinitésimo α ( x) = x porque

 x
tg  
lim x = 3, lim x5  = 5 ,
sen3x 1 x +1 −1
= l im
(
x + 1 − 12 1
= ,
)
2
ex −1
= 1.
x →0 x →0
lim
x→0
x x →0 x ⋅ x +1 +1 2( ) lim
x →0
x

● Numa vizinhança do ponto x0 = 0 as funções


sen x − tgx, 1 − cos x, 2 ⋅ x + 1 − 2 − x
são infinitésimos:

lim (sen x − tgx ) = 0, lim (1 − cos x ) = 0 , lim (2 ⋅ x +1 − 2 − x = 0 )


x →0 x →0 x →0

Numa vizinhança do ponto x0 = 0 os infinitésimos considerados são de ordem superior


em relação ao infinitésimo α ( x) = x porque

sen x − tgx 
lim   sen x tgx 
 = l im  −
 sen x 
 = l im 
 tgx 
 − l im 
x  x → 0  x  x →0  x 
 = 1−1 = 0 ,
x →0  x  x →0  x

  x   x 
 2 sen 2     2 ⋅ sen   
 1 − cosx    2   2  x 
lim  x  = lim  x  = lim  ⋅ sen   =
  x  2 
x →0 x →0
  x→0  2 ⋅ 
   2 
  x
 sen   
 2⋅   x 
= l im  l im  sen    = 1 ⋅ 0 = 0 ,
 x    2 
x →0
  x →0
 2 

 2⋅ x +1 − 2 − x   2 ⋅ x +1 − 2 
lim  x
 = l im 
  x
− 1  =
x →0   x →0  

= l im 
( )(
 2 ⋅ x +1 − 2 ⋅ 2 ⋅ x +1 + 2  ) 
− 1  = l im 
4x + 4 − 4 
− 1  =
x →0  (
x ⋅ 2 ⋅ x +1 + 2 )
 x →0  x ⋅ 2 ⋅ x + 1 + 2 ( )
 4x   4 
= l im  − 1  = l im  − 1  = 1 − 1 = 0 .
(
x →0  x ⋅ 2 ⋅ x +1 + 2 ) (
 x →0  2 ⋅ x + 1 + 2  )
2
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

Obviamente, neste caso tem-se:

 
 
 
lim  sen x − tgx  = lim   sen x − tgx   =

x 1 1 1
= = ∞,
x →0   x →0    sen x − tgx  0
  l im  
 x  x →0 
x 

 
 
 x 
lim  1 − cosx  = lim   1 − cosx   =
 1 1 1
= =∞,
x →0   x→0    1 − cosx  0
  l im  
 x  x→0 
x 

 
 
 x  1 1 1
lim  2 ⋅ x + 1 − 2 − x  = lim  2 ⋅ x + 1 − 2 − x  =
 = = ∞.
 2 ⋅ x +1 − 2 − x  0
x →0   x →0
  l im  
 x   x 
x →0  

1
● Numa vizinhança do ponto x0 = 0 a função x ⋅ sen é um infinitésimo (produto de
x
um infinitésimo por uma função limitada),

lim  x ⋅ sen x  = lim  x  ⋅ lim  sen x  = 0 .


1 1
x →0   x→0   x →0  
Neste caso os limites

 1    
 x ⋅ sen     1 
lim  x x  = lim  sen x  e
1 x 1
lim   = l im 
 
=

 
lim  sen x 
1 1 1
x →0
  x →0 x →0
 x ⋅ sen  x →0  sen 
   x  x x →0  
1
não existem e portanto os infinitésimos x e x ⋅ sen não são comparáveis.
x

Nota 1. Dizer que numa vizinhança do ponto x0 o infinitésimo α (x) é de ordem


superior em relação ao infinitésimo β (x) , α ( x) = o( β ( x)) , é equivalente dizer que
α (x) tende mais rapidamente para o zero do que β (x) quando x → x0 .

3
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

Diferencial de uma função.

Seja y = f ( x) : D f ⊆ R → R uma função real de variável real. Se a função


∆ f ( x0 )
tem derivada finita num ponto x0 ∈ D f , f ′( x0 ) = l im , então o acréscimo da
∆x →0
∆x
função no ponto x0 pode ser dado na forma

∆ f ( x0 ) = f ′( x0 ) ⋅ ∆ x + α ( x0 , ∆ x ) ,

onde α ( x0 , ∆ x ) é um infinitésimo de ordem superior em relação ao acréscimo ∆ x , isto


é,

α (x0 , ∆ x )
lim = 0.
∆ x →0
∆x

Chama-se diferencial (primeiro diferencial) da função f (x) no ponto


x0 ∈ D f e denota-se por d f ( x0 ) , a parte linear do acréscimo da função em relação à
∆x .

Portanto
d f ( x0 ) = f ′( x0 ) ⋅ ∆ x ,

isto é, o diferencial de uma função é o produto do valor da derivada da função no ponto


x0 pelo acréscimo do argumento.
Num ponto arbitrário do domínio da função onde a função é diferenciável tem-se

d f ( x) = f ′( x) ⋅ ∆ x ,

isto é, o diferencial da função depende de x e ∆ x .


Levando em conta que para a função identidade, y = x , tem-se
d y = d x = x′ ⋅ ∆ x = 1 ⋅ ∆ x = ∆ x ,
isto é, d x = ∆ x (o diferencial da função identidade e igual ao acréscimo do argumento),
podemos definir o diferencial da função f ( x) como o produto da derivada da função
pelo diferencial do argumento,

d f ( x) = f ′( x) ⋅ d x = y ′x ⋅ d x .

Daqui obtemos
d f ( x) d y
y ′x = f ′( x) = = ,
dx dx

4
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

isto é, a derivada de uma função pode ser interpretada como um quociente de duas
grandezas arbitrárias (porque d x = ∆ x é arbitrário). Realmente as grandezas d x e d y
variam proporcionalmente e a derivada y ′x é o coeficiente de proporcionalidade.
Exemplo 1. Calcular o diferencial da função f ( x) = x 3 − 2 x no ponto x0 = 2 para o
acréscimo ∆ x = 0,01 .

● 1o método. Calculemos o diferencial evidenciando a parte linear do acréscimo da


função em relação à ∆ x .

∆ f ( x ) = ( x 0 + ∆x ) 3 − 2 ( x 0 + ∆x ) − ( x 0 ) 3 + 2 x 0 =

= ( x 0 ) 3 + 3 ⋅ ( x 0 ) 2 ⋅ ∆x + 3 ⋅ x 0 ⋅ ( ∆x ) 2 + ( ∆x ) 3 − 2 x 0 − 2 ⋅ ∆ x − ( x 0 ) 3 + 2 x 0 =

= 3 ⋅ ( x0 ) 2 ⋅ ∆x + 3 ⋅ x0 ⋅ (∆x) 2 + (∆x) 3 − 2 ⋅ ∆ x = (3 ⋅ ( x0 ) 2 − 2) ⋅ ∆x + 3 ⋅ x0 ⋅ (∆x) 2 + (∆x) 3 =

= f ′( x0 ) ⋅ ∆x + 3 ⋅ x0 ⋅ (∆x) 2 + (∆x) 3 = f ′( x0 ) ⋅ ∆x + α ( x0 , ∆x) .

Temos d f ( x0 ) = f ′( x0 ) ⋅ ∆ x = (3 ⋅ ( x 0 ) 2 − 2) ⋅ ∆x = (3 ⋅ 2 2 − 2 ) ⋅ 0,01 = 10 ⋅ 0,01 = 0,1 .

Para a parte não linear do acréscimo da função em relação à ∆ x tem-se:

α ( x 0 , ∆x ) 3 ⋅ x 0 ⋅ ( ∆x ) 2 + ( ∆x ) 3
lim ∆x
= l im
∆x
( )
= l im 3 ⋅ x0 ⋅ ∆x + (∆x) 2 = 3 ⋅ x0 ⋅ 0 + 0 2 = 0 .
∆x → 0 ∆x →0 ∆x → 0

● 2 o método. Calculemos o diferencial utilizando a definição: d f ( x) = f ′( x) ⋅ d x .

Portanto d f ( x0 ) = f ′( x0 ) ⋅ d x e porque f ′( x0 ) = 3 ⋅ ( x0 ) 2 − 2 e d x = ∆ x = 0.01


obtemos

( ) ( )
d f ( x0 ) = f ′( x0 ) ⋅ d x = 3 ⋅ ( x0 ) 2 − 2 ⋅ ∆ x = 3 ⋅ 2 2 − 2 ⋅ 0,01 = 0,1 .

Nota 2. É óbvio que é mais fácil calcular o diferencial com aplicação da derivada
porque neste caso não é necessário determinar o acréscimo da função correspondente
ao acréscimo do argumento.

Interpretação geométrica do diferencial de uma função.

Seja f ( x) : D f ⊆ R → R uma função real de variável real diferenciável no


ponto x0 ∈ D f e M ( x0 , f ( x0 ) ) o ponto do gráfico da função (figura 1). Traçamos no
ponto M ( x0 , f ( x0 ) ) a recta tangente ao gráfico e o declive dela é tgα = f ′( x0 ) .

5
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

Considerando o acréscimo ∆ x do argumento passamos do ponto M ( x0 , f ( x0 ) ) para o


ponto M 1 ( x0 + ∆ x, f ( x0 + ∆ x) ) e acréscimo da função f ( x) é o comprimento do
segmento N M 1 : ∆ f ( x0 ) = f ( x0 + ∆ x) − f ( x0 ) = N M 1 .

O acréscimo da ordenada da recta tangente é o comprimento do segmento N K .


Do triângulo M N K temos

NK
= tgα ⇔ NK = MN ⋅ tgα = f ′( x0 ) ⋅ ∆ x = d f ( x0 ) .
MN
Portanto o diferencial da função no ponto x0 representa o acréscimo da ordenada da
recta tangente traçada ao gráfico no ponto M ( x0 , f ( x0 ) ) correspondente ao acréscimo
∆ x do argumento (figura 1).

As propriedades do diferencial de uma função.

1) Se u = u ( x) e v = v ( x) são funções diferenciáveis num ponto x ∈ Du I Dv


então:
a) d (C ⋅ u ) = C ⋅ d u , onde C é uma constante;
b) d (u + v ) = d u + d v ;
c) d (u − v ) = d u − d v ;
d) d (u ⋅ v ) = v ⋅ d u + u ⋅ d v ;
 u  v ⋅ du − u ⋅ d v
e) d   = , v ≠ 0.
v  v2

2) A invariância do primeiro diferencial de uma função.

6
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

Seja y = f (u ) e u = g ( x) funções diferenciáveis, tais que existe a função


composta y = f ( g ( x)) , isto é, y = f ( g ( x)) = y ( x) é uma função composta de variável
x . A regra de derivação da função composta permite obter uma propriedade útil do
diferencial (primeiro diferencial). Se existem as derivadas yu′ = f u′ (u ) e u ′x = g ′x ( x)
então na base da regra de derivação da função composta tem-se
y ′x = f ′( g ( x)) ⋅ g ′( x) = y u′ ⋅ u ′x . (1)
Considerando u variável independente o diferencial da função y = f (u ) é calculado
pela fórmula
d y = y u′ ⋅ du . (2)
Passando para a variável x , isto é, considerando a função composta y = f ( g ( x)) o
diferencial tem outra expressão:
d y = y ′x ⋅ dx .
Mas substituindo y ′x por yu′ ⋅ u ′x (fórmula (1)) e levando em conta que u ′x ⋅ dx é o
diferencial d u da função u = g ( x) como função de variável x , finalmente obtemos:
d y = y u′ ⋅ u ′x ⋅ dx = yu′ ⋅ (u ′x ⋅ dx ) = y u′ ⋅ d u ,
isto é, voltamos para a fórmula (2). Portanto podemos concluir que a forma (2) do
diferencial da função é invariante mesmo que a variável independente da função é
substituída por outra. Sempre podemos representar o diferencial da função y na forma
(2) independentemente de u for variável independente ou não. A diferença é:
a) se u é uma variável independente, então d u representa um acréscimo arbitrário
∆u ;
b) se u é uma função de outra variável x , então d u representa o diferencial de u
como função de variável x , isto é, não um acréscimo arbitrário ∆u .
A propriedade apresentada chama-se a invariância do primeiro diferencial.

3) A aplicação do primeiro diferencial nos cálculos aproximados.

Se o acréscimo ∆ x do argumento x da função f ( x) é bastante pequeno então o


acréscimo da função num ponto x0 , onde a função é diferenciável pode ser
substituído pelo primeiro diferencial da função calculado no ponto x0 , isto é,

∆ f ( x) ≅ df ( x) = f ′( x) ⋅ dx .

Neste caso temos:

∆ f ( x) = f ( x + ∆ x) − f ( x) ≅ f ′( x) ⋅ dx ⇒ f ( x + ∆ x) ≅ f ( x) + f ′( x) ⋅ dx .

Exemplo 2. Determinar o acréscimo e o diferencial da função y = x 2 e determinar o


erro absoluto cometido na substituição do acréscimo da função pelo diferencial da
função. Dar uma interpretação geométrica do acréscimo, do diferencial e do erro.

Seja x um ponto do domínio da função e ∆ x o acréscimo do argumento.


Portanto:

7
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

∆ y = ( x + ∆ x ) 2 − x 2 = x 2 + 2 x ⋅ ∆ x + ( ∆ x ) 2 − x 2 = 2 x ⋅ ∆ x + ( ∆ x) 2 .


( )
dy = d ( x 2 ) = x 2 ⋅ d x = 2 x ⋅ dx .

Levando em conta que ∆ x = dx obtemos:


erro abs. = 2 x ⋅ ∆ x + (∆ x) 2 − 2 x ⋅ dx = 2 x ⋅ ∆ x + (∆ x) 2 − 2 x ⋅ ∆ x = (∆ x) 2 .

Geometricamente temos as seguintes interpretações (figura 2):

► y = x 2 representa a área dum quadrado com o lado x ;

► O acréscimo da função ∆ y = 2 x ⋅ ∆ x + (∆ x) 2 representa a soma das áreas dos dois


rectângulos com os lados x , x + ∆ x (o termo 2 x ⋅ ∆ x ) e do quadrado com o lado ∆ x
(o termo (∆ x) 2 ).

► O erro absoluto cometido na substituição do acréscimo da função pelo diferencial da


função e igual à área do quadrado com o lado ∆ x .

Exemplo 3. Determinar o diferencial da função:

e 2 x +1
a) f ( x) = 4 ⋅ l n (3 x 2 + 2 ) − 3 x − 2 ; b) f ( x) = x 3 ⋅ 3 x ; c) f ( x) = .
x

Resolução.

8
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

 1 ′
   
( 2
( 3

)

2
)
′ 
(3  
a) d f ( x) = 4 ⋅ l n 3x + 2 − x − 2 ⋅ dx = 4 ⋅ l n 3x + 2 −   x − 2   ⋅ dx = ( ))
   
   
 

 −
2
  − 
2

 4
= 2 ( 1  
) 3  
3 x 2 + 2 −  x − 2  ⋅ ( x − 2)′  ⋅ dx =  2
24 x 1   3 
−  x − 2   ⋅ dx .
 3x + 2 3    3x + 2 3   
   

′ ′ ′
b) d f ( x) = (x 3 ⋅ 3 x ) ⋅ d x =  (x 3 ) ⋅ 3 x + x 3 ⋅ (3 x )  ⋅ d x = (3 ⋅ x 2 ⋅ 3 x + x 3 ⋅ 3 x ⋅ ln 3) ⋅ d x =
 

= x 2 ⋅ 3 x ⋅ (3 + x ⋅ ln 3) ⋅ d x .

′ ′
 e 2 x +1 
c) d f ( x) =   ⋅ dx =
( )
e 2 x +1 ⋅ x − e 2 x +1 ⋅ x ′
⋅ dx =
 x  x2

e 2 x +1 ⋅ (2 x + 1)′ ⋅ x − e 2 x +1 2 ⋅ x ⋅ e 2 x +1 − e 2 x +1
= ⋅ dx = ⋅ dx .
x2 x2

Exemplo 4. Utilizando a derivada determinar o diferencial da função:

π π
a) f ( x) = sen 2 x no ponto x = para ∆x = ;
6 50

1
b) f ( x) = x 2 + 2 x + e x no ponto x = 0 para ∆ x = .
100

Resolução.

a) d f ( x) = ( sen 2 x)′ ⋅ dx = 2cos 2 x ⋅ dx .

Portanto

π   π π π  π 1 π π
d f   = 2cos 2 ⋅  ⋅ = 2cos  ⋅ = 2⋅ ⋅ = .
6  6  50  3  50 2 50 50


( ) (
b) d f ( x) = x 2 + 2 x + e x ⋅ dx = 2 x + 2 + e x ⋅ dx . )
Portanto

9
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

( ) 100
d f ( 0) = 2 ⋅ 0 + 2 + e 0 ⋅
1
=
3
100
.

Exemplo 5.
Determinar o acréscimo do raio R de uma circunferência se o perímetro dela
aumenta de 32 ⋅ π cm para 32,2 ⋅ π cm.

Resolução.

Como o perímetro da circunferência é variável, denotamo-lo por x . Temos x = 2π R e


x
daqui R ( x) = . Portanto aproximando o acréscimo do raio pelo diferencial da

x
função R ( x) = e levando em conta que

dx = ∆ x = 32,2 ⋅ π − 32 ⋅ π = 0,2 ⋅ π
obtemos:

 x  1
∆R ( x) ≅ dR ( x) =   ⋅ dx = ⋅ dx
 2π  2π
e

0,2 ⋅ π
⋅ (32,2 ⋅ π − 32 ⋅ π ) =
1 1
∆R ≅ dR (32 ⋅ π ) = = = 0,1 (cm).
2π 2π 10

O raio R vai aumentar com 0,1 cm.

Exemplo 6.
Determinar o acréscimo do volume V de uma bola se o raio dela aumenta de
15 cm para 15,2 cm.

Resolução.


4 4 
Temos V ( R ) = ⋅ π ⋅ R 3 e dV ( R ) =  ⋅ π ⋅ R 3  ⋅ dR = 4 ⋅ π ⋅ R 2 ⋅ dR .
3 3 
Portanto aproximando o acréscimo do volume pelo diferencial da função
4
V ( R) = ⋅ π ⋅ R 3 e levando em conta que
3
dR = ∆ R = 15,2 − 15 = 0,2
obtemos:
∆V ≅ dV (15) = 4 ⋅ π ⋅ 15 2 ⋅ 0,2 = 180π ( cm 3 ).
Exemplo 7. Utilizando a derivada determinar o diferencial no ponto (1, 0) da função
y = f ( x) dada implicitamente por
e x⋅ y + 2 x 2 − y 3 = 3 .
Resolução.

10
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

Calculemos a derivada da função:

e x⋅ y + 2 x 2 − y 3 = 3 ⇒ (e x⋅ y
+ 2x 2 − y 3 )′ = (3)′ ⇒ (e )′ + (2 x )′ − (y )′ = 0
x⋅ y 2 3


e x⋅ y ⋅ ( x ⋅ y ) + 4 x − 3 y 2 ⋅ y ′ = 0 ⇒ e x ⋅ y ⋅ ( y + x ⋅ y ′ ) + 4 x − 3 y 2 ⋅ y ′ = 0 ⇒

y ⋅ e x⋅ y + x ⋅ y ′ ⋅ e x⋅ y + 4 x − 3 y 2 ⋅ y ′ = 0 ⇒ ( )
y ′ ⋅ x ⋅ e x⋅ y − 3 y 2 = − 4 x − y ⋅ e x⋅ y ⇒

4 x + y ⋅ e x⋅ y
y ′( x) = − .
x ⋅ e x⋅ y − 3 y 2

Portanto

4 x + y ⋅ e x⋅ y
d y ( x) = y ′( x) ⋅ dx = − ⋅ dx
x ⋅ e x⋅ y − 3 y 2
e
4 ⋅ 1 + 0 ⋅ e1⋅0
d y (1) = y ′(1) ⋅ dx = − ⋅ dx = − 4 ⋅ dx .
1 ⋅ e1⋅0 − 3 ⋅ 0 2

Exemplo 8. Utilizando a derivada determinar o diferencial da função y = f ( x) dada


implicitamente por
x y = y x no ponto (1, 1) .
Resolução.

Calculemos a derivada da função:

xy = yx ⇒ (x )′ = ( y )′
y x

Utilizando a fórmula

([ f ( x)] )′ = g ( x) ⋅ [ f ( x)]
g ( x) g ( x ) −1
⋅ f ′( x) + [ f ( x)]
g ( x)
⋅ g ′( x) ⋅ l n( f ( x) )

na continuação temos:

y ⋅ x y −1 ⋅ x ′ + x y ⋅ y ′ ⋅ l nx = x ⋅ y x −1 ⋅ y ′ + y x ⋅ x ′ ⋅ l ny ⇒

y ⋅ x y −1 + x y ⋅ y ′ ⋅ l nx = x ⋅ y x −1 ⋅ y ′ + y x ⋅ l ny ⇒

y x ⋅ l n y − y ⋅ x y −1
( )
y ′ ⋅ x y ⋅ l nx − x ⋅ y x −1 = y x ⋅ l n y − y ⋅ x y −1 ⇒ y′ =
x y ⋅ l nx − x ⋅ y x −1

Levando em conta que x y = y x obtemos:

11
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

y y
y −1 y x ⋅ ln y − ⋅x
y ⋅ ln y − y ⋅ x
(com x )
x
y′ = ⇒ y′ = x y
= yx ⇒
x y ⋅ l nx − x ⋅ y x −1 x
x y ⋅ l nx − ⋅ y x
y

 y y
y x ⋅ ln y −  ln y −
y′ =  x
⇒ y′ = x.
 x lnx −
x
y x ⋅  l n x − 
 y  y

y 1
ln y − l n1 −
Portanto d y = y ′ ⋅ dx = x ⋅ d x e d y (1) = y ′(1) ⋅ dx = 1 ⋅ d x = dx .
x 1
lnx − l n1 −
y 1

Noção de diferencial de ordem superior à primeira de uma função.

O diferencial de uma função y = f ( x) : D f ⊆ R → R é definido como a parte


linear do acréscimo da função num ponto x0 e denota-se por d f ( x0 ) = f ′( x0 ) ⋅ ∆ x ,
onde ∆ x é um acréscimo arbitrário do argumento. Portanto o diferencial da função num
ponto é uma função do acréscimo ∆ x do argumento. Calculando o diferencial da
função y = f ( x) num ponto arbitrário do domínio da função, onde a função é
diferenciável, temos d f ( x) = f ′( x) ⋅ ∆ x = f ′( x) ⋅ dx e obtemos o diferencial como
uma função dependente de variável x e do acréscimo dx .
Considerando o acréscimo dx constante, analogamente como foram definidas
as derivadas de ordem superior à primeira definimos os diferenciais de ordem superior à
primeira.

► Chama-se diferencial de segunda ordem da função y = f ( x) num ponto x ∈ D f


o diferencial do primeiro diferencial da função e denota-se por d 2 y , isto é,
d 2 y = d (d y ) .

Analogamente definimos o diferencial de ordem n , n ∈ N , n ≥ 2 .

► Chama-se diferencial ordem n da função y = f ( x) num ponto x ∈ D f o


diferencial do diferencial ordem n − 1 da função e denota-se por d n y , isto é,
d n y = d d n −1 y . ( )
Porque o acréscimo dx é constante, denotando (d x ) por d x k tem-se:
k

d 2 y = d (d y ) = d ( y ′x ⋅ d x ) = d ( y ′x ) ⋅ d x = y ′x′ ⋅ d x ⋅ d x = y ′x′ ⋅ (d x ) = y ′x′ ⋅ d x 2


2

12
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

d2y
e y ′x′ = .
d x2

( ) ( )
d 3 y = d d 2 y = d y ′x′ ⋅ d x 2 = d ( y ′x′ ) ⋅ d x 2 = y x(3) ⋅ d x ⋅ d x 2 = y x(3) ⋅ (d x ) = y x(3) ⋅ d x 3
3

d3y
e y x(3) = .
d x3

Geralmente temos:

( ) ( ) ( )
d n y = d d n −1 y = d y x( n −1) ⋅ d x n −1 = d y xn −1 ⋅ d x n −1 = y x( n ) ⋅ d x ⋅ d x n −1 = y x( n ) ⋅ (d x ) = y x( n ) ⋅ d x n
n

dny
e y = . (n)
x
d xn
Fórmula de Leibniz para cálculo do diferencial de ordem n do produto de duas
funções:

n
d n (u ⋅ v ) = ∑ C ni d n −i u ⋅ d i v , com d 0 u = u , d 0 v = v .
i =0

Fórmula de Taylor e Fórmula de Maclaurin para uma função.

Fórmula de Taylor para polinómios .

Seja

Pn ( x) = a 0 + a1 ⋅ x + a 2 ⋅ x 2 + a3 ⋅ x 3 + L + a n −1 ⋅ x n −1 + a n ⋅ x n (3)

um polinómio de ordem n de variável x .


Derivando, sucessivamente, n vezes o polinómio obtemos:


Pn ( x) = a1 + 2 ⋅ a 2 ⋅ x + 3 ⋅ a3 ⋅ x 2 + L + (n − 1) ⋅ a n −1 ⋅ x n − 2 + n ⋅ a n ⋅ x n −1 ;


Pn ( x) = 1 ⋅ 2 ⋅ a 2 + 2 ⋅ 3 ⋅ a3 ⋅ x + L + (n − 2) ⋅ (n − 1) ⋅ a n −1 ⋅ x n −3 + (n − 1) ⋅ n ⋅ a n ⋅ x n − 2 ;

Pn( 3 ) ( x) = 1 ⋅ 2 ⋅ 3 ⋅ a 3 + L + (n − 3) ⋅ (n − 2) ⋅ (n − 1) ⋅ a n −1 ⋅ x n − 4 + (n − 2) ⋅ (n − 1) ⋅ n ⋅ a n ⋅ x n −3 ;

Pn( n −1) ( x) = 1 ⋅ 2 ⋅ 3 ⋅ L ⋅ (n − 2) ⋅ (n − 1) ⋅ a n −1 + 2 ⋅ 3 ⋅ L ⋅ (n − 2) ⋅ (n − 1) ⋅ n ⋅ a n ⋅ x ;

13
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

Pn( n ) ( x) = 1 ⋅ 2 ⋅ 3 ⋅ L ⋅ (n − 2) ⋅ (n − 1) ⋅ n ⋅ a n .

Da expressão do polinómio e das expressões obtidas para as derivadas obtemos


as representações dos coeficientes do polinómio através do valor do polinómio e das
suas derivadas para x = 0 :
′ ″
P ( 0) P ( 0) P ( 3 ) ( 0)
a 0 = Pn (0) , a1 = n , a2 = n , a3 = n ,
1! 2! 3!

Pn( 4 ) (0) Pn( n − 1) (0) Pn( n ) (0)


a4 = , L a n−1 = , an = .
4! (n − 1) ! n!

Substituindo as expressões dos coeficientes na fórmula (3) obtemos:

′ ″
Pn (0) Pn (0) 2 Pn( 3 ) (0) 3
Pn ( x) = Pn (0) + ⋅x+ ⋅x + ⋅ x +L+
1! 2! 3!

Pn( n −1) (0) n −1 Pn( n ) (0) n


+ ⋅x + ⋅ x . ( 4)
(n − 1) ! n!

A fórmula (4) difere de fórmula (3) só pelas representações dos coeficientes e chama-se
o desenvolvimento do polinómio Pn (x) em potências de x .

Exemplo 9. Seja P5 ( x) = 2 + 4 ⋅ x − 5 ⋅ x 3 + x 5 .
Temos:
′ ″
P5 ( x) = 4 − 15 ⋅ x 2 + 5 ⋅ x 4 ; P5 ( x) = −30 ⋅ x + 20 ⋅ x 3 ; P5 ( 3 ) ( x) = −30 + 60 ⋅ x 2 ;

P5 ( 4 ) ( x) = 120 ⋅ x ; P5 ( 5 ) ( x) = 120 ;

′ ″
P5 (0) = 2 P5 (0) = 4 ; P5 (0) = 0 ; P5 ( 3 ) (0) = −30 ;

P5 ( 4 ) (0) = 0 ; P5 ( 5 ) (0) = 120 ;


Portanto o desenvolvimento do polinómio considerado em potências de x é:

P5 ( x) = 2 + 4 ⋅ x − 5 ⋅ x 3 + x 5 =
′ ″
P5 (0) P5 (0) 2 P5( 3 ) (0) 3 P5( 4 ) (0) 4 P5( 5 ) (0) 5
= P5 (0) + ⋅x+ ⋅x + ⋅x + ⋅x + ⋅x =
1! 2! 3! 4! 5!

4 0 − 30 3 0 4 120 5 4 − 30 3 120 5
= 2+ ⋅ x + ⋅ x2 + ⋅x + ⋅x + ⋅x = 2+ ⋅x+ ⋅x + ⋅x .
1! 2! 3! 4! 5! 1! 3! 5!

Analogamente podemos desenvolver o polinómio (3) em potencias de x − a


para qualquer a ∈ R . Seja
Pn ( x) = A0 + A1 ⋅ ( x − a ) + A2 ⋅ ( x − a ) 2 + A3 ⋅ ( x − a ) 3 + L +

14
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

+ An −1 ⋅ ( x − a) n −1 + An ⋅ ( x − a) n , (5)
o desenvolvimento do polinómio em potencias de x − a .

Para obter as expressões dos coeficientes derivamos sucessivamente n vezes o


polinómio:


Pn ( x) = A1 + 2 ⋅ A2 ⋅ ( x − a) + 3 ⋅ A3 ⋅ ( x − a) 2 + L +
+ (n − 1) ⋅ An −1 ⋅ ( x − a) n −2 + n ⋅ An ⋅ ( x − a) n −1 ;


Pn ( x) = 1 ⋅ 2 ⋅ A2 + 2 ⋅ 3 ⋅ A3 ⋅ ( x − a) + L + (n − 2) ⋅ (n − 1) ⋅ An −1 ⋅ ( x − a) n−3 +
+ (n − 1) ⋅ n ⋅ An ⋅ ( x − a ) n− 2 ;

Pn( 3 ) ( x) = 1 ⋅ 2 ⋅ 3 ⋅ A3 + L + (n − 3) ⋅ (n − 2) ⋅ (n − 1) ⋅ An −1 ⋅ ( x − a ) n − 4 +
+ (n − 2) ⋅ (n − 1) ⋅ n ⋅ An ⋅ ( x − a ) n −3 ;
M

Pn( n −1) ( x) = 1 ⋅ 2 ⋅ 3 ⋅ L ⋅ (n − 2) ⋅ (n − 1) ⋅ An −1 + 2 ⋅ 3 ⋅ L ⋅ (n − 2) ⋅ (n − 1) ⋅ n ⋅ An ⋅ ( x − a ) ;

Pn( n ) ( x) = 1 ⋅ 2 ⋅ 3 ⋅ L ⋅ (n − 2) ⋅ (n − 1) ⋅ n ⋅ An .

Substituindo em (5) e nas derivadas x = a obtemos:


′ ″
Pn (a ) Pn (a ) Pn( 3 ) (a )
A 0 = Pn (a ) , A1 = , A2 = , A3 = ,
1! 2! 3!

Pn( 4 ) (a ) Pn( n−1 ) (a ) Pn( n ) (a )


A4 = , L A n −1 = , An = .
4! (n − 1) ! n!

Portanto
′ ″
Pn (a ) P (a)
Pn ( x) = Pn (a ) + ⋅ ( x − a) + n ⋅ ( x − a) 2 + L +
1! 2!

Pn( n −1) (a ) n −1 Pn( n ) (a )


+ ⋅ ( x − a) + ⋅ ( x − a)n (6)
(n − 1) ! n!

Nota 3. Se o polinómio é dado na forma


c c
Pn ( x) = c 0 + 1 ⋅ ( x − a ) + 2 ⋅ ( x − a ) 2 + L +
1! 2!

c n −1 c
+ ⋅ ( x − a ) n −1 + n ⋅ ( x − a ) n ,
(n − 1) ! n!

facilmente podemos verificar que


′ ″
Pn (a ) = c0 , Pn (a ) = c 1 , Pn (a ) = c 2 , Pn( 3 ) (a) = c 3 ,

15
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

Pn( 4 ) (a) = c 4 , L L Pn( n −1) (a) = c n −1 , Pn( n ) (a) = c n .

Fórmula de Taylor para funções reais de variável real .

Seja y = f ( x) : D f ⊆ R → R uma função arbitrária tal que:


a) f (x) é diferenciável até à ordem n − 1 , inclusivamente, num segmento [ a , b ] ;
b) f (x) tem derivada de ordem n no intervalo ] a , b [ .
Seja c ∈ ] a , b [ . Consideremos o polinómio

f ′(c) f ′′(c)
Pn ( x) = f (c) + ⋅ ( x − c) + ⋅ ( x − c) 2 + L +
1! 2!

f ( n−1) (c) n −1 f ( n ) (c )
+ ⋅ ( x − c) + ⋅ ( x − c) n . (7)
(n − 1) ! n!

Na base de nota 3 resulta que para o polinómio Pn (x) se verifica:

′ ″
Pn (c) = f (c) , Pn (c) = f ′(c) , Pn (c) = f ′′(c) , Pn ( 3 ) (c) = f ( 3)
(c ) ,

Pn ( 4 ) (c) = f (4)
(c ) , L L Pn ( n −1 ) (c) = f ( n −1)
(c) , Pn ( n ) (c) = f ( n)
(c) . (8)

Portanto o polinómio considerado e as suas derivadas até à ordem n no ponto c


tomam, respectivamente, valores iguais aos valores da função f (x) e das derivadas.
Neste caso, sendo f (x) uma função não polinomial, não podemos afirmar que
f ( x) = Pn ( x) .

O polinómio Pn (x) representa uma aproximação para a função f (x) e tem interesse
avaliar o resto

R( x) = f ( x) − Pn ( x) (9)
para diversos valores de x .

Levando em conta as relações (8) concluímos que

R(c) = R ′ (c) = R ″ (c) = L = R ( n−1 ) (c) = R ( n−1 ) (c) = 0

► Afirmação 1. Seja P1 ( x) uma aproximação da função f (x) , diferenciável


em x = c , tal que:

a) f (c) = P1 (c) ;

b) f ′(c) = P1 (c) .

16
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

Então para qualquer x ∈ Vε (c) o resto R(x) e um infinitésimo de ordem superior em


relação à x − c , isto é, R( x) = o( x − c) .

Prova.

Levando em conta que f (c) = P1 (c) e f ′(c) = P1 (c) temos

R( x) f ( x) − P1 ( x) f ( x) − P1 ( x) − f (c) + P1 (c)
lim x − c = lim x−c
= l im
x−c
=
x→ c x→ c x→ c

( f ( x) − f (c)) − (P1 ( x) − P1 (c) ) = f ( x) − f (c) P1 ( x) − P1 (c) 


= l im
x−c
lim  x−c

x−c
=
x→ c x→ c  

 f ( x ) − f (c )  P1 ( x) − P1 (c)  ′
= l im 
 −
−

lim  x−c
 = f ′(c) − P1 (c) = 0 ,
x→ c
x c x→ c  

isto é, R( x) = o( x − c) .

A generalização da afirmação 1 é:

► Afirmação 2. Seja Pn +1 ( x) uma aproximação da função f (x) , tal que:

a) f (x) é diferenciável até à ordem n + 1 , inclusivamente, numa vizinhança Vε (c) ;



b) Pn +1 (c) = f (c) , Pn+1 (c) = f ′(c) , L Pn +( n1 ) (c) = f ( n ) (c) , Pn (+n1+1 ) (c) = f ( n +1) (c) .

Então para qualquer x ∈ Vε (c) o resto R( x) = Rn +1 ( x) e um infinitésimo de ordem


superior em relação à ( x − c) n +1 , isto é, R( x) = Rn +1 ( x) = o(( x − c) n ) .

De (7) e (9) levando em conta as afirmações resulta

f ′(c) f ′′(c)
f ( x ) = f (c ) + ⋅ ( x − c) + ⋅ ( x − c) 2 + L +
1! 2!

f ( n−1) (c) f ( n ) (c )
+ ⋅ ( x − c) n −1 + ⋅ ( x − c) n + Rn +1 ( x) . (10)
(n − 1) ! n!

A fórmula (10) permite substituir a função f (x) pelo polinómio Pn (x) com um grau
de precisão igual ao resto Rn +1 ( x) .

Para avaliar o erro de aproximação escrevemos o resto na forma

17
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

( x − c) n +1
Rn +1 ( x) = ⋅ Q( x) . (11)
(n + 1) !

e obtemos

f ′(c) f ′′(c)
f ( x ) = f (c ) + ⋅ ( x − c) + ⋅ ( x − c) 2 + L +
1! 2!

f ( n−1) (c) n −1 f ( n ) (c) ( x − c) n +1


+ ⋅ ( x − c) + ⋅ ( x − c) +
n
⋅ Q( x) . (12)
(n − 1) ! n! (n + 1) !

De (12) resulta que para x e c fixos a função Q(x) toma um valor determinado Q .
Na continuação, com x e c fixos, consideramos uma função auxiliar de variável t com
t compreendido entre c e x :

f ′(t ) f ′′(t )
F (t ) = f ( x) − f (t ) − ⋅ (x − t) − ⋅ (x − t) 2 − L −
1! 2!

f ( n −1) (t ) f ( n ) (t ) ( x − t ) n+1
− ⋅ ( x − t ) n −1 − ⋅ (x − t) n − ⋅ Q , (13)
(n − 1) ! n! (n + 1) !

calculemos a derivada F ′(t ) ( x e c fixos):


′ ′
   
′  f ′(t )   f ′′(t ) 
F ′(t ) = ( f ( x) ) − f ′(t ) −  ⋅ (x − t)  −  ⋅ (x − t) 2  − L −
 1!   2! 
   
′ ′ ′
 ( n −1)   (n)   

f (t )   f (t )  ( x − t ) n +1
− n −1
⋅ (x − t)  −  ⋅ (x − t)  −
n  ⋅ Q =
 ( n − 1) !   n !    ( n + 1) ! 
     
   ( 3) 
 f ′′(t ) f ′(t )   f (t ) ′′ ′ 
= − f ′(t ) −  ⋅ (x − t) + ⋅ ( x − t )′  −  ⋅ (x − t) 2 +
f (t )
( )
⋅ (x − t)2  − L −
 1! 1!   2! 2! 
   

 (n)   
 f (t ) f ( n −1) (t ) ′   f ( n +1) (t ) ′
−

⋅ ( x − t ) n −1 +

(
⋅ ( x − t ) n −1 ) − ⋅ (x − t)n +
f ( n ) (t )
(⋅ (x − t)n )−
 ( n 1) ! ( n 1 ) !   n ! n ! 
   


 
 
 (x − t)n
− ⋅ Q =
 (n + 1) ! 
 
 

18
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

f ′′(t ) f ′(t ) f (3) (t ) f ′′(t )


= − f ′(t ) − ⋅ (x − t) + − ⋅ (x − t)2 + ⋅ 2 ⋅ (x − t) − L −
1! 1! 2! 2!

f ( n ) (t ) f ( n −1) (t ) f ( n +1) (t ) f ( n ) (t )
− ⋅ ( x − t ) n −1 + ⋅ (n − 1) ⋅ ( x − t ) n − 2 − ⋅ (x − t)n + ⋅ n ⋅ ( x − t ) n −1 +
(n − 1) ! (n − 1) ! n! n!

(n + 1) ⋅ ( x − t ) n f ( n +1) (t ) (x − t) n
+ ⋅Q = − ⋅ (x − t)n + ⋅Q.
(n + 1) ! n! n!

Portanto
f ( n+1) (t ) (x − t)n
F ′(t ) = − ⋅ (x − t) n + ⋅ Q . (14)
n! n!

Porque f (x) é diferenciável até à ordem n + 1 , inclusivamente, numa vizinhança Vε (c)


concluímos que para qualquer t compreendido entre c e x a função F (t ) tem
derivada .
De (12) e (13) obtemos F ( x) = 0 e F (c) = 0 . Portanto a função F (t ) verifica as
condições do teorema de Rolle no segmento [ c , x ] (ou [ x , c ] ) e portanto existe um
ponto t = ξ compreendido entre c e x , tal que F ′(ξ ) = 0 e substituindo em (14) t = ξ
obtemos
Q = f ( n+1) (ξ ) .

Substituindo a expressão Q = f ( n+1) (ξ ) na fórmula (11), com c e x fixos e ξ


compreendido entre c e x obtemos
( x − c) n+1 ( n +1)
Rn +1 ( x) = ⋅f (ξ ) ,
(n + 1) !

chamada a fórmula de Lagrange para o resto.

A fórmula

f ′(c) f ′′(c)
f ( x ) = f (c ) + ⋅ ( x − c) + ⋅ ( x − c) 2 + L +
1! 2!

f ( n−1) (c) f ( n ) (c ) ( x − c) n+1


+ ⋅ ( x − c) n −1 + ⋅ ( x − c) n + ⋅f ( n +1)
(ξ ) (15)
(n − 1) ! n! (n + 1) !

diz-se o polinómio de Taylor para função f (x) com o resto na forma de Lagrange.

Como ξ é compreendido entre c e x podemos representa-lo na forma


ξ = c + θ ⋅ ( x − c) , com 0 < θ < 1 .
Neste caso

19
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

( x − c) n +1
Rn +1 ( x) = ⋅f ( n +1)
(c + θ ⋅ ( x − c))
(n + 1) !

e o polinómio de Taylor para função f (x) com o resto na forma de Lagrange fica
f ′(c) f ′′(c)
f ( x ) = f (c ) + ⋅ ( x − c) + ⋅ ( x − c) 2 + L +
1! 2!

f ( n−1) (c) f ( n ) (c ) ( x − c) n +1 ( n +1)


+ ⋅ ( x − c) n−1 + ⋅ ( x − c) n + ⋅f (c + θ ⋅ ( x − c)) . (15.1)
(n − 1) ! n! (n + 1) !

Se na fórmula de Taylor fazemos c = 0 obtemos

f ′(0) f ′′(0) 2
f ( x) = f (0) + ⋅x+ ⋅ x +L+
1! 2!

f ( n−1) (0) n −1 f ( n ) (0) n x n +1


+ ⋅x + ⋅x + ⋅f ( n +1)
(θ ⋅ x) (16)
(n − 1) ! n! (n + 1) !

conhecida como a fórmula de Maclaurin.

Nota 4.
► A fórmula de Taylor é utilizada para aproximar uma função por um
polinómio numa vizinhança de um ponto c ≠ 0 , onde a função é n + 1 vezes
diferenciável.

► A fórmula de Maclaurin é utilizada para aproximar uma função por um


polinómio numa vizinhança do ponto zero, onde a função é n + 1 vezes diferenciável.

Exemplo 10. Escrever a fórmula de Maclaurin para a função f ( x) = e x .

Para a função f ( x) = e x tem-se


f (k )
( x) = e x , ∀k ∈ N , f ( 0) = 1 e f (k )
(0) = 1, ∀k ∈ N .

Portanto a fórmula de Maclaurin para a função f ( x) = e x é

x x2 xn eθ ⋅x
e = 1+ +
x
+L+ + ⋅ x n +1 ,
1! 2 ! n ! (n + 1) !

eθ ⋅x
com R n +1 ( x) = ⋅ x n +1 e 0 < θ < 1 .
(n + 1) !

Com x < 0 fixo temos eθ ⋅ x < 1 e um majorante do erro de aproximação é

20
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

1
R n +1 ( x) < ⋅ x n +1 .
(n + 1) !

Com x > 0 fixo temos eθ ⋅ x < e x e um majorante do erro de aproximação é

ex ex
R n +1 ( x) < ⋅ x n +1 = ⋅ x n +1 .
(n + 1) ! (n + 1) !

Porque

x n +1 x x x x x x x x x x
= ⋅ ⋅ ⋅L ⋅ ⋅ = ⋅ ⋅ ⋅L ⋅ ⋅ =
(n + 1) ! 1 2 3 n n +1 1 2 3 n n +1

x
Com x fixo temos que ∃ n * ∈ N tal que x < n * . Denotamos = q e levando em
n*
conta que 0 < q < 1 na continuação para n > n * obtemos

x x x x x x x x
= ⋅ ⋅ ⋅L⋅ * ⋅ * ⋅ * ⋅L ⋅ ⋅ ≤
1 2 3 n −1 n n +1 n n +1

*
x x x x x n −1 n − n* + 2
≤ ⋅ ⋅ ⋅L ⋅ * ⋅ q ⋅ q ⋅L⋅ q ⋅ q = ⋅ q .
1 2 3 n − 1 142 4 43
*
4 ( n *
− 1 ) !
n−n + 2

*
x n −1 *
Com x fixo é uma constante e q n − n + 2 tende para zero quando n → + ∞ .
(n − 1) !
*

Logo

1 ex
lim ⋅ x n +1 = 0 , lim ⋅ x n +1 = 0
n→+∞
(n + 1) ! n→+∞
(n + 1) !

eθ ⋅ x
e portanto lim ⋅ x n +1 = 0 .
n→+∞
(n + 1) !

Por conseguinte ∀ x ∈ R podemos calcular o valor da função f ( x) = e x com


uma precisão desejada utilizando a fórmula de Maclaurin com um número
suficientemente grande de termos.

Em particular podemos calcular o valor do número e , considerando x = 1 .

21
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

1 1 1 3
e = 1+ + +L+ e R n +1 (1) <
1! 2! n! (n + 1) !

Exemplo 11. Escrever a fórmula de Maclaurin para a função f ( x) = senx .

 π
Porque f ( x) = sen x + n ⋅  temos:
(n)

 2
f ( x) = senx , f ( 0) = 0 ;

 π
f ′( x) = sen x +  , f ′(0) = 1 ;
 2

 π
f ′′( x) = sen x + 2 ⋅  , f ′′(0) = 0 ;
 2

 π
f ( 3)
( x) = sen x + 3 ⋅  , f ( 3 ) ( 0) = − 1 ;
 2

 π
f ( 4)
( x) = sen x + 4 ⋅  , f ( 4 ) ( 0) = 0 ;
 2
M M

 π  π
f (n)
( x) = sen x + n ⋅  , f (n)
(0) = sen n ⋅  ;
 2  2

 π  π
f ( n +1)
( x) = sen x + (n + 1) ⋅  , f ( n +1)
(ξ ) = sen ξ + (n + 1) ⋅  .
 2  2

Portanto a fórmula de Maclaurin para a função f ( x) = senx é

x3 x5 x7 x9 xn x n +1  π
senx = x − + − + −L+ + ⋅ sen ξ + (n + 1) ⋅  .
3! 5 ! 7 ! 9 ! n ! (n + 1) !  2

Porque
 π
sen ξ + (n + 1) ⋅  ≤ 1
 2

1
e como foi provado no exemplo 10 lim ⋅ x n +1 = 0 concluímos que
n→+∞
(n + 1) !

x n +1  π
lim Rn +1 ( x) = l im ⋅ sen ξ + (n + 1) ⋅  = 0
n→+∞ n→+∞
(n + 1) !  2

22
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

Por conseguinte ∀ x ∈ R podemos calcular o valor da função f ( x) = senx com


uma precisão desejada utilizando a fórmula de Maclaurin com um número
suficientemente grande de termos.
Por exemplo:
► Para calcular seno de um radiano com um erro inferior à 0,001 temos de
utilizar a fórmula de Maclaurin com o resto
x7  π
R7 ( x ) = ⋅ sen  ξ + 7 ⋅ 
7!  2

porque

1  π 1 1 1
R7 (1) = ⋅ sen  ξ + 7 ⋅  ≤ = ≤ = 0,001 .
7!  2 7 ! 5040 1000

► A fórmula de Maclaurin
x3 x4  π
senx = x − + ⋅ sen ξ + 4 ⋅ 
3! 4 !  2

com o resto
x4  π
R4 ( x ) = ⋅ sen  ξ + 4 ⋅ 
4!  2

permite calcular o seno de um ângulo x com um erro inferior à 0,01 só para


x < 0,84 rad ≅ 49 o
porque
4
x4  π x4 x4 x
R4 ( x ) = ⋅ sen  ξ + 4 ⋅  ≤ = = < 0,01 < 0,24 ⇒ x < 0,84 .
4
⇒ x
4!  2 4! 4! 24

23
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

Na figura 3 são representados os gráficos dos polinómios de Maclaurin que


aproxima a função f ( x) = senx :

x3 x3 x5
f ( x) = x ; f ( x) = x − ; f ( x) = x − + ;
3! 3! 5 !

x3 x5 x7 x3 x5 x7 x9
f ( x) = x − + − ; f ( x) = x − + − + .
3! 5 ! 7 ! 3! 5 ! 7 ! 9 !

Exemplo 12. Escrever a fórmula de Maclaurin para a função f ( x) = cos x .

 π
( x) = ( cos x ) = cos  x + n ⋅  temos:
(n) (n)
Porque f
 2

f ( x) = cos x , f (0) = 1 ;

 π
f ′( x) = cos  x +  , f ′(0) = 0 ;
 2

 π
f ′′( x) = cos  x + 2 ⋅  , f ′′(0) = −1 ;
 2

 π
f ( 3)
( x) = cos  x + 3 ⋅  , f ( 3)
( 0) = 0 ;
 2

 π
f ( 4)
( x) = cos  x + 4 ⋅  , f ( 4 ) ( 0) = 1 ;
 2
M M

 π  π
f (n)
( x) = c os  x + n ⋅  , f (n)
(0) = cos  n ⋅  ;
 2  2

 π  π
f ( n +1)
( x) = cos  x + (n + 1) ⋅  , f ( n +1)
(ξ ) = c os  ξ + (n + 1) ⋅  .
 2  2

Portanto a fórmula de Maclaurin para a função f ( x) = cos x é

x 2 x 4 x 6 x8 xn  π  x n +1  π
cosx = 1 − + − + −L+ ⋅ c os  n ⋅  + ⋅ c os  ξ + (n + 1) ⋅  .
2 ! 4 ! 6 ! 8! n!  2  (n + 1) !  2

Porque
 π
c os  ξ + (n + 1) ⋅  ≤ 1
 2

24
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

1
e como foi provado no exemplo 10 lim ⋅ x n +1 = 0 concluímos que
n→+∞
(n + 1) !

x n +1  π
lim Rn +1 ( x) = l im ⋅ cos  ξ + (n + 1) ⋅  = 0
n→+∞ n→+∞
(n + 1) !  2

Por conseguinte ∀ x ∈ R podemos calcular o valor da função f ( x) = cos x com


uma precisão desejada utilizando a fórmula de Maclaurin com um número
suficientemente grande de termos.
Na figura 4 são representados os gráficos dos polinómios de Maclaurin que
aproxima a função f ( x) = cos x :

x2 x2 x4 x2 x4 x6
f ( x) = 1 ; f ( x) = 1 − ; f ( x) = 1 − + ; f ( x) = 1 − + − ;
2! 2! 4! 2! 4! 6!

x 2 x 4 x 6 x8 x 2 x 4 x 6 x 8 x10
f ( x) = 1 − + − + ; f ( x) = 1 − + − + − .
2 ! 4 ! 6 ! 8! 2! 4 ! 6 ! 8! 10 !

Exemplo 13. Escrever a fórmula de Taylor para a função f ( x) = x m em potências de


x − 1 , onde m não é um número natural e m ≠ 0 , isto é, m ∉ N 0 .

Porque f (n)
( x) = m ⋅ (m − 1) ⋅ (m − 2) ⋅ L ⋅ (m − n + 2) ⋅ (m − n + 1) ⋅ x m− n temos:

f ( x) = x m , f (1) = 1 ;

25
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

f ′( x) = m ⋅ x m−1 , f ′(1 ) = m ;

f ′′( x) = m ⋅ (m − 1) ⋅ x m − 2 , f ′′(1 ) = m ⋅ (m − 1) ;

f ( 3) ( x) = m ⋅ (m − 1) ⋅ (m − 2) ⋅ x m−3 , f ( 3) (1 ) = m ⋅ (m − 1) ⋅ (m − 2) ;

M M

f (n)
( x) = m ⋅ (m − 1) ⋅ L ⋅ (m − n + 1) ⋅ x m− n , f (n)
(1) = m ⋅ (m − 1) ⋅ L ⋅ (m − n + 1) ;

f ( n +1 )
( x) = m ⋅ (m − 1) ⋅ L ⋅ (m − n) ⋅ x m− n −1 , f ( n +1)
(ξ ) = m ⋅ (m − 1) ⋅ L ⋅ (m − n) ⋅ ξ m− n +1 .

Portanto a fórmula de Taylor em potências de x − 1 para a função f ( x) = x m é

m ⋅ (m − 1) m ⋅ (m − 1) ⋅ (m − 2)
x m = 1 + m ⋅ ( x − 1) + ⋅ ( x − 1) 2 + ⋅ ( x − 1) 3 + L +
2! 3!

m ⋅ (m − 1) ⋅ L ⋅ (m − n + 1) m ⋅ (m − 1) ⋅ L ⋅ (m − n) m− n +1
+ ⋅ ( x − 1) n + ⋅ξ ⋅ ( x − 1) n +1 .
n! (n + 1) !

Em particular temos:

► Com n = 3 e m = −2 a fórmula de Taylor em potências de x − 1 para a função


f ( x) = x −2 é:

1
x−2 = 2
= 1 − 2 ⋅ ( x − 1) + 3 ⋅ ( x − 1) 2 − 4 ⋅ ( x − 1) 3 + 5 ⋅ ξ −4
⋅ ( x − 1) 4 .
x

1
► Com n = 3 e m = − a fórmula de Taylor em potências de x − 1 para a função
2
1

f ( x) = x 2
é:

1
− 1 1 3 5 35
x 2
= = 1− ⋅ ( x − 1) + ⋅ ( x − 1) 2 − ⋅ ( x − 1) 3 + ⋅ξ −4
⋅ ( x − 1) 4 .
x 2 8 16 128

1
► Com n = 3 e m = a fórmula de Taylor em potências de x − 1 para a função
2
1
f ( x) = x 2 é:

1
1 1 1 5
x 2 = x = 1+ ⋅ ( x − 1) − ⋅ ( x − 1) 2 + ⋅ ( x − 1) 3 − ⋅ξ −4
⋅ ( x − 1) 4 .
2 8 16 128

26
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

■ Substituindo nos resultados obtidos x por x + 1 obtemos a fórmula de Maclaurin


para a função g ( x) = ( x + 1) m , onde m ∉ N 0 .

Realmente,
g ( n ) ( x) = m ⋅ (m − 1) ⋅ L ⋅ (m − n + 1) ⋅ x m − n , g ( n ) (0) = m ⋅ (m − 1) ⋅ L ⋅ (m − n + 1) ;

g ( n +1) ( x) = m ⋅ (m − 1) ⋅ L ⋅ (m − n) ⋅ x m − n −1 ,
g ( n +1) (ξ ) = m ⋅ (m − 1) ⋅ L ⋅ (m − n) ⋅ (ξ + 1) m− n+1 .

Portanto a fórmula de Maclaurin para a função g ( x) = ( x + 1) m é

m ⋅ (m − 1) 2 m ⋅ (m − 1) ⋅ (m − 2) 3
( x + 1) m = 1 + m ⋅ x + ⋅x + ⋅ x +L+
2! 3!

m ⋅ (m − 1) ⋅ L ⋅ (m − n + 1) n m ⋅ (m − 1) ⋅ L ⋅ (m − n)
+ ⋅x + ⋅ (ξ + 1) m − n +1 ⋅ x n +1 .
n! (n + 1) !

Em particular temos:

► Com n = 3 e m = −2 a fórmula de Maclaurin para a função f ( x) = ( x + 1) −2 é:

1
( x + 1) − 2 = = 1 − 2 ⋅ x + 3 ⋅ x 2 − 4 ⋅ x 3 + 5 ⋅ (ξ + 1) − 4 ⋅ x 4 .
( x + 1) 2

1
1 −
► Com n = 3 e m = − a fórmula de Maclaurin para a função f ( x) = ( x + 1) 2 é:
2

1
− 1 1 3 5 35
( x + 1) 2
= = 1− ⋅ x + ⋅ x2 − ⋅ x3 + ⋅ (ξ + 1) − 4 ⋅ x 4 .
x +1 2 8 16 128

1
1
► Com n = 3 e m = a fórmula de Maclaurin para a função f ( x) = ( x + 1) 2 é:
2

1
1 1 1 5
( x + 1) = x + 1 = 1 +
2
⋅ x − ⋅ x2 + ⋅ x3 − ⋅ (ξ + 1) − 4 ⋅ x 4 .
2 8 16 128

Exemplo 14. Escrever a fórmula de Taylor para a função f ( x) = l n x em potências


de x − 1 .
(−1) n −1 ⋅ (n − 1) !
Porque f (1) = l n 1 = 0 e f ( x) = (l nx ) =
(n) (n)
temos:
xn
1
f ′( x) = , f ′(1 ) = 1 ;
x

27
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

1
f ′′( x) = − , f ′′(1 ) = −1 ;
x2

2 2!
f ( 3) ( x ) = = , f ( 3) ( 1 ) = 2 ! ;
x3 x3

(−1) 3 ⋅ 3! 3!
f ( 4) ( x) = 4
=− 4
, f ( 4) (1 ) = −3!;
x x

M M

(−1) n −1 ⋅ (n − 1) !
f (n)
( x) = n
, f (n)
(1) = (−1) n −1 ⋅ (n − 1) ! ;
x

(−1) n ⋅ n ! (−1) n ⋅ n !
f ( n +1 )
( x) = , f ( n +1)
(ξ ) = .
x n+1 ξn

Portanto a fórmula de Taylor em potências de x − 1 para a função f ( x) = l n x é

f ′(1) f ′′(1) f (3) (1)


ln x = 0 + ⋅ ( x − 1) + ⋅ ( x − 1) 2 + ⋅ ( x − 1) 3 + L +
1! 2! 3!

f ( n ) (1) f ( n ) (ξ )
+ ⋅ ( x − 1) n + ⋅ ( x − 1) n =
n! n!

−1
⋅ ( x − 1) 2 + ! ⋅ ( x − 1) 3 + L +
1 2
= ⋅ ( x − 1) +
1! 2! 3!

(−1) n ⋅ n !
(−1) n −1 ⋅ (n − 1) ! ξn
+ ⋅ ( x − 1) + n
⋅ ( x − 1) n =
n! n!

( x − 1) 2 ( x − 1) 3 ( x − 1) 4 ( x − 1) n ( x − 1) n
= ( x − 1) − + − + L + (−1) n −1 ⋅ + (−1) n ⋅ .
2 3 4 n ξn

■ Substituindo nos resultados obtidos x por x + 1 obtemos a fórmula de Maclaurin


para a função f ( x) = l n ( x + 1) :
x2 x3 x4 xn xn
l n ( x + 1) = x − + − + L + (−1) n −1 ⋅ + (−1) n ⋅ .
2 3 4 n (ξ + 1) n

28
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

Exemplo 15. Porque as expressões das derivadas da função f ( x) = tg x são


complicadas escreveremos a fórmula de Maclaurin para a função f ( x) = tg x com o
resto de ordem 4.

f ( x) = tg x ; f (0) = tg 0 = 0 ;


f ′( x) = (tg x ) =
1 1
f ′(0) = = 1;
c os 2 x c os 2 0


 1  senx sen0
f ′′( x) =  2 
 = 2⋅ 3
; f ′′(0) = 2 ⋅ = 0;
 c os x  c os x c os 3 0


 senx  c osx ⋅ cos 3 x − senx ⋅ 3 ⋅ cos 2 x ⋅ (− senx)
f ( 3)
( x) = 2 ⋅ 
 3 
 = 2⋅ =
 cos x  c os 6 x

cos 4 x + 3 ⋅ sen 2 x ⋅ cos 2 x 1 + 2 ⋅ sen 2 x 1 + 2 ⋅ sen 2 0


= 2⋅ = 2 ⋅ ; f ( 3 ) ( 0) = 2 ⋅ = 2;
c os 6 x c os 4 x c os 4 0

′ ′ ′
f ( 4)  1 + 2 ⋅ sen 2 x 
( x) = 2 ⋅ 
(
 = 2 ⋅
) ( )(
1 + 2 ⋅ sen 2 x ⋅ c os 4 x − 1 + 2 ⋅ sen 2 x ⋅ cos 4 x
=
)
4
 cos x  c os 8 x

= 2⋅
( )
4 ⋅ sen x ⋅ c os 5 x + 1 + 2 ⋅ sen 2 x ⋅ 4 ⋅ c os 3 x ⋅ senx
=
c os 8 x

= 8⋅
(
sen x ⋅ c os 3 x ⋅ cos 2 x + 1 + 2 ⋅ sen 2 x)= 8 ⋅
(
sen x ⋅ c os 2 x + 1 + 2 ⋅ sen 2 x
=
)
cos 8 x c os 5 x

2 + sen 2 x 2 + sen 2ξ
= 8 ⋅ senx ⋅ ; f ( 4)
(ξ ) = 8 ⋅ senξ ⋅ ;
cos 5 x c os 5ξ

Portanto

f ′(0) f ′′(0) 2 f (3) (0) 3 f ( 4 ) (ξ ) 4


f ( x) = tg x = f (0) + ⋅x+ ⋅x + ⋅x + ⋅x =
1! 2! 3! 4!

1 f ( 4) (ξ ) 4
= x + ⋅ x3 + ⋅x , ξ entre 0 e x .
3 4!

29
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

Exemplo 16. Escrever a fórmula de Maclaurin para a função f ( x) = e senx com o resto
de ordem 4.

Fazendo sen x = t temos:

t t2 t3 1 1
et = 1 + + + = 1 + senx + ⋅ sen 2 x + ⋅ sen 3 x (exemplo 10).
1! 2 ! 3! 2 6

Por outro lado tem-se:

x3 x3
senx = x − = x− (exemplo 11).
3! 6

Portanto

2 3
x3 1  x3  1  x3 
f ( x) = e senx
= 1+ x − + ⋅  x −  + ⋅  x −  =
6 2  6  6  6 

x3 1  2 x4 x6  1  3 x5 x7 x9 
= 1+ x − + ⋅  x − +  + ⋅  x − + − =
6 2  3 36  6  2 12 216 

1 2 x3 1 3 1  x4 x6  1  x5 x7 x9  1
= 1+ x + x − + x + ⋅  − +  + ⋅  + −  = 1 + x + x 2 + o( x 3 ) .
2 6 3 2  3 36  6  2 12 216  2
14 44444 424444444 3
o ( x3 )

30
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

A aplicação da fórmula de Taylor no cálculo dos limites .

A aplicação da fórmula de Taylor no cálculo do limite de uma expressão quando


x → a consta na substituição das funções envolvidas na expressão pelos seus
polinómios de Taylor numa vizinhança do ponto a . Neste caso é importante, por um
lado, não perder termos de ordem necessária, considerando um polinómio de Taylor de
ordem pequena e por outro lado, não considerar um polinómio com um número
excessivo de termos que vai levar ao complicação dos cálculos.

Exemplo 17. Calcular os limites aplicando a fórmula de Taylor:

e x + e− x − 2 ex −1− x
a) lim x2
; b) lim 1 − x − c os x
;
x→0 x→0

x2

− c os x 1 
lim  x ⋅  x − ctgx  .
2
e 1
c) lim x ⋅ senx
3
; d)
x→0 x→0  

e x + e− x − 2
a) lim x2
.
x→0

Porque no denominador temos x 2 é suficiente para as funções no numerador


escrever o polinómio de Taylor com um erro dependente de x 3 . Levando em conta a
representação da função e x em polinómio de Taylor temos:

 x2   x2  x2 x2
1 + x +  + 1 − x +  − 2 +
e x + e− x − 2  2   2  2 2 x2
lim = l im = l im = l im 2 = 1.
x→0 x2 x →0 x2 x→0 x2 x →0 x

ex −1− x
b) lim 1 − x − c os x
.
x→0

Escrevendo os polinómios de Taylor para as funções e x , 1 − x , cos x até aos


termos de segunda ordem inclusivamente obtemos:

 x2  x2
1 + x +  − 1 − x x
ex −1− x  2  2 2
lim = l im = l im = l im = 0.
1 − x − cos x  x x   x2  x→0
2
x 3x 2 x→0 −
1
+
3x
x→0 x→0
1 − −  − 1 −  − +
 2 8   2  2 8 2 8

31
Matemática 1 Anatolie Sochirca ACM DEETC ISEL

x2

e − c os x
2
c) lim x ⋅ senx
3
.
x→0

x2

2
Escrevendo os polinómios de Taylor para as funções e , cos x até aos
termos de quarta ordem inclusivamente e para senx de primeira ordem obtemos:

 x2 x4   x2 x4  x4 x4

x2 1 − +  − 1 − +  −
1 1

e − c os x
2
 2 8   2 24 = 8 24 = 8 24 = 1 .
lim = l im lim x 4 lim 1 12
x→0 x ⋅ senx
3
x→0 x3 ⋅ x x→0 x→0

1 
lim  x ⋅  x − ctgx  .
1
d)
x→0  

1  1 c os x  senx − x ⋅ cos x  0 
lim  x ⋅  x − ctgx  = (∞ − ∞ ) = lim  x ⋅  x − senx  = lim
1 1
= =
x→0   x→0    x→0 x 2 ⋅ senx 0

Escrevendo os polinómios de Taylor para as funções senx e cos x obtemos:

 x3   x2  x3 x3 x3
 x −  − x ⋅ 1 −  x − − x +
 6   2  6 2 = 3 =1.
= l im = l im l im
x →0 x ⋅x
2
x →0 x 3
x→0 x
3
3

32

Você também pode gostar