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Volume Único
Lucia Grinberg
Vanderlei Vazelesk Ribeiro
Apoio:
Fundação Cecierj / Consórcio Cederj
www.cederj.edu.br
Presidente
Carlos Eduardo Bielschowsky
Vice-presidente
Marilvia Dansa de Alencar
Material Didático
Departamento de Produção
ELABORAÇÃO DE CONTEÚDO
Lucia Grinberg
Vanderlei Vazelesk Ribeiro Diretoria de Material Programação Visual
Impresso Alexandre d’Oliveira
Diretoria de Material Didático
Marianna Bernstein Larissa Averbug
Cristine Costa Barreto
Revisão Linguística Ronaldo d'Aguiar Florio
Coordenação de Design
Instrucional Beatriz Fontes PRODUÇÃO GRÁFICA
Paulo Alves Ulisses Schnaider
Bruno José Peixoto
Flávia Busnardo da Cunha ILUSTRAÇÃO
Paulo Vasques de Miranda Clara Gomes
Biblioteca
Raquel Cristina da Silva Tiellet
Simone da Cruz Correa de Souza
Vera Vani Alves de Pinho
G866h
Grinberg, Lucia.
História dos movimentos sociais no Brasil. Volume único / Lucia
Grinberg, Vanderlei Vazelesk Ribeiro. – Rio de Janeiro : Fundação Cecierj, 2018.
276 p.; 19 x 26,5 cm.
ISBN: 978-85-458-0131-3
1. História. 2. Movimentos sociais. 3. Primeira República. 4.
Movimentos messiânicos rurais. 5. 1930-1945. I. Ribeiro, Vanderlei Vazelesk.
1. Título.
CDD: 300
Referências Bibliográficas e catalogação na fonte, de acordo com as normas da ABNT.
Governo do Estado do Rio de Janeiro
Governador
Luiz Fernando de Souza Pezão
Universidades Consorciadas
Meta da aula
Objetivos
Pré-requisito
Para que você compreenda melhor esta aula, é importante que relembre a Aula 5, de
Historiografia Contemporânea, sobre os historiadores britânicos de orientação marxista
como E.P. Thompson.
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Aula 1 – História dos movimentos sociais: conceitos e definições
Introdução
• O contexto atual.
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 1 – História dos movimentos sociais: conceitos e definições
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 1 – História dos movimentos sociais: conceitos e definições
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 1 – História dos movimentos sociais: conceitos e definições
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 1 – História dos movimentos sociais: conceitos e definições
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
LennieZ
Figura 1.4: Grécia antiga: as origens históricas da ideia de cidadania como
participação na vida política.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Acropilos_wide_view.jpg
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Aula 1 – História dos movimentos sociais: conceitos e definições
Figura 1.5: As revoluções inglesa, americana e francesa firmaram importantes princípios liberais.
Fontes: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Battle_of_Naseby.jpg; http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Washington_
Crossing_the_Delaware_by_Emanuel_Leutze,_MMA-NYC,_1851.jpg; http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Prise_de_la_
Bastille.jpg
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Art. 4º. A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique
o próximo. Assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem
por limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o
gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser determinados pela lei.
Art. 5º. A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que
não é vedado pela lei não pode ser obstado e ninguém pode ser constrangido
formação. Ela deve ser a mesma para todos, seja para proteger, seja para
e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos.
Art. 7º. Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos
determinados pela lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que
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Aula 1 – História dos movimentos sociais: conceitos e definições
necessárias e ninguém pode ser punido senão por força de uma lei estabelecida
Art. 9º. Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado
Art. 10º. Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, incluindo
opiniões religiosas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública
Art. 11º. A livre comunicação das idéias e das opiniões é um dos mais
uma força pública. Esta força é, pois, instituída para fruição por todos, e não
cobrança e a duração.
Art. 15º. A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público
dela pode ser privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
1. Os direitos civis:
• direito à justiça.
2. Os direitos políticos:
• direito de votar;
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Aula 1 – História dos movimentos sociais: conceitos e definições
Direitos Humanos
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Danton
Fonte: http://www.imdb.com/title/tt0083789/
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Aula 1 – História dos movimentos sociais: conceitos e definições
Atende ao Objetivo 1
Resposta Comentada
A “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” sistematizou alguns princípios liberais
vigentes até hoje: a igualdade entre os cidadãos; a liberdade de expressão; a separação de
poderes; o fim da arbitrariedade nas relações entre o Estado e o cidadão, já que não há crime
senão os previstos em lei, e ninguém poderá ser punido, senão conforme a lei. Por outro lado,
no período de 1789 até 1988 os movimentos feminista e dos trabalhadores obtiveram algumas
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
conquistas que diferenciam os dois documentos. De acordo com a Constituição de 1988, não
só todos os cidadãos são iguais, mas “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”;
outra diferença são os direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer,
a segurança.
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Aula 1 – História dos movimentos sociais: conceitos e definições
Figura 1.8: É assim que um torcedor argentino torce pelo seu país.
Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-zRxsPADJb8Y/UBAEugx6JbI/AAAAAAAABss/
l0P8LYpJztQ/s1600/Argentino+Chorando.jpg
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
A ditadura no cinema
Fonte: http://odiscretocharmedascapas.blogspot.com/2009/05/pra-frente-
brasil-roberto-farias-1982.html
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Aula 1 – História dos movimentos sociais: conceitos e definições
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Atende ao Objetivo 2
2. Você sabe que a conquista do reconhecimento de direitos pelo Estado pressupõe um longo
processo histórico de lutas. Nenhum grupo social recebe direitos de presente. Em 1917,
o Jornal das Moças publicou um texto sobre o voto feminino. Quais as etapas necessárias
para a conquista desse direito, citadas no texto?
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Aula 1 – História dos movimentos sociais: conceitos e definições
O Feminismo.
A Câmara deve discutir o assunto na próxima sessão legislativa, e por essa ocasião
quem será a nossa Pankhursts das ruas, para assumir a chefia do movimento?” A.C.C.
Obs: Pankhurst era o sobrenome das feministas inglesas Emmeline, Christabel e Sylvia.
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Resposta Comentada
Não sabemos de quem é a autoria do texto, se de um homem ou de uma mulher. Mas podemos
perceber que era um entusiasta dos direitos das mulheres. Nesse sentido, considera a luta
pelo voto feminino um desdobramento do movimento republicano (1870) que defendia o voto
universal. O autor entende que as mulheres devem se organizar, fazer propaganda, encaminhar
suas reivindicações à Câmara dos Deputados.
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Aula 1 – História dos movimentos sociais: conceitos e definições
3, 4 feijão no prato
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
CONCLUSÃO
Atividade Final
b) como o Estado brasileiro procura cumprir seus deveres em relação aos cidadãos.
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Aula 1 – História dos movimentos sociais: conceitos e definições
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Resposta Comentada
É possível observar nos portais de órgãos da administração pública, tanto o andamento de
projetos de lei no Congresso Nacional, como as compras do Ministério da Saúde, ou envio de
material didático e recursos para as escolas públicas pelo Ministério da Educação.
Resumo
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 2
Primeira República:
socialistas,
anarquistas,
comunistas e
cooperativistas
Lucia Grinberg
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Meta da aula
Objetivos
Pré-requisito
Para que você compreenda melhor esta aula, é importante que relembre as Aulas 1 e 2
da disciplina História do Brasil III sobre a Primeira República.
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Aula 2 – Primeira República: socialistas, anarquistas, comunistas e cooperativistas
Introdução
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 2 – Primeira República: socialistas, anarquistas, comunistas e cooperativistas
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 2 – Primeira República: socialistas, anarquistas, comunistas e cooperativistas
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 2 – Primeira República: socialistas, anarquistas, comunistas e cooperativistas
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
OS SOCIALISTAS
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Aula 2 – Primeira República: socialistas, anarquistas, comunistas e cooperativistas
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 2 – Primeira República: socialistas, anarquistas, comunistas e cooperativistas
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 2 – Primeira República: socialistas, anarquistas, comunistas e cooperativistas
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Atende ao Objetivo 1
“a) máximo de 8 horas de trabalho diário e 44 semanais, e redução a 6 horas diárias nos
trabalhos malsãos; b) proteção efetiva às mulheres operárias, aos menores operários com
a proibição do trabalho a menores de 14 anos; c) salário mínimo; d) contratos coletivos
de trabalho; e) o seguro social a cargo do Estado e do patronato, contra o desemprego,
a invalidez, a enfermidade, a velhice; f) enérgica repressão ao jogo e ao alcoolismo;
g) licença às operárias grávidas de 60 dias antes e 60 dias depois do parto, com
pagamento integral dos respectivos salários; h) extinção dos serões e extraordinários;
i) descanso hebdomadário em todos os ramos do trabalho, na indústria, no comércio,
nos transportes, na lavoura; j) proibição da dormida nos locais de trabalho; k) água
filtrada nas fábricas e oficinas; l) saneamento rural sistemático, visando à regeneração
física e moral do trabalhador agrícola, a higienização das condições de trabalho e
habitação na lavoura, assistência médica gratuita ao doentes pobres; m) fomento e
facilidades às cooperativas operárias de consumo e às cooperativas de produção na
pequena lavoura” (apud KAREPOVS, 2006, p. 58).
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Aula 2 – Primeira República: socialistas, anarquistas, comunistas e cooperativistas
Resposta Comentada
Na Primeira República, os militantes comunistas, assim como os socialistas, organizaram-se
para concorrer às eleições, pois consideravam que a participação política no parlamento era
uma via legítima para consecução de seus objetivos. No Brasil, naquela época, os militantes
comunistas entendiam que o Estado deveria regular as relações entre patrões e trabalhadores,
principalmente através da garantia de direitos do trabalho, como podemos ler no programa
do Bloco Operário.
OS ANARQUISTAS
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:ErricoMalatesta.gif
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Aula 2 – Primeira República: socialistas, anarquistas, comunistas e cooperativistas
a) a abolição do Estado;
e) o anticlericalismo.
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Figura 2.3: Gigi Damiani: militante anarquista que defendia o fortalecimento dos
sindicatos e uma menor rigidez de algumas questões doutrinárias.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Gigi_Damiani.jpg
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Aula 2 – Primeira República: socialistas, anarquistas, comunistas e cooperativistas
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:O_que_urge_fazer_(A_
Lanterna,1916).jpg
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Aula 2 – Primeira República: socialistas, anarquistas, comunistas e cooperativistas
Atende ao Objetivo 2
2. A Primeira República tornou-se conhecida como uma república oligárquica, uma vez que,
de fato, quem participava majoritariamente da vida pública eram as famílias de proprietários.
No entanto, no mesmo período, lideranças de trabalhadores também investiram na criação
de partidos políticos e de sindicatos tendo em vista lutar por direitos. Em 1918, o anarquista
José Oiticica divulgou suas críticas ao sistema representativo no artigo “O sufrágio universal”.
Analise o trecho abaixo e caracterize a disputa pela “palavra operária” entre anarquistas
e socialistas no período:
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
A tais homens embaidos era azado conduzir e explorar. Logo os argentários, os doutores,
os ex-nobres, os dignitários do clero e da burguesia se apresentaram candidatos à
escolha dos novos homens livres. Eram os exploradores de ontem que alegavam sua
superioridade intelectual, sua influência protetora, sua força econômica e financeira
para se tornarem representantes do Povo.
Dantes eram, arrogantemente, por direito divino, sem placet popular, os repartidores
da riqueza, os distribuidores do queijo clássico. Agora, não: cederiam a arrogância,
cumpria cortejar a turba dos famintos, solicitar-lhes a anuência, embora sem lhes dar
queijo nem facão. O povo delegaria os seus poderes, e eles, munidos desse diploma,
continuariam a distribuição, o talho das fatias, como dantes” (José Oiticica. O sufrágio
universal. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 28-8-1918. In: OITICICA, José. Ação
direta, p. 61-62 (grifos no original http://www.ifch.unicamp.br/mundosdotrabalho/
arquivos/dainis.pdf)
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Aula 2 – Primeira República: socialistas, anarquistas, comunistas e cooperativistas
Resposta Comentada
O pensamento anarquista caracteriza-se pelo combate ao que consideram diferentes tipos de
dominação, entre as quais se destacam a crítica ao Estado, à Igreja Católica e à propriedade. No
artigo acima, o anarquista José Oiticica critica especialmente o sufrágio universal, pois entende
que se trata apenas de uma maneira de ludibriar os trabalhadores, dando-lhes a “aparência de
sua autonomia”. Na Primeira República, militantes socialistas e anarquistas disputavam a “palavra
operária”, defendiam uma imagem positiva dos trabalhadores e a regulamentação os direitos
do trabalho, as principais distinções entre socialistas e anarquistas eram relativas às estratégias
de luta política. Os socialistas consideravam fundamental a organização de partidos políticos
tendo em vista a participação de representantes de trabalhadores na elaboração da legislação
nacional. Os anarquistas eram extremamente críticos ao sistema representativo, defendiam a
luta pelos direitos dos trabalhadores através dos sindicatos.
O COOPERATIVISMO
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 2 – Primeira República: socialistas, anarquistas, comunistas e cooperativistas
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 2 – Primeira República: socialistas, anarquistas, comunistas e cooperativistas
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Naquela conjuntura, o cooperativismo cresceu justamente,
quando se articulava entre a polícia, o patronato e movimentos
nacionalistas, com o apoio da Igreja Católica, um combate importante
contra o anarquismo. Muitas lideranças foram presas e deportadas.
De maneira geral, a historiografia encontra a continuidade do
modelo de associações de ajuda mútua e desconfiança em relação
ao sindicato de resistência, o que indica que o maior desafio era
mesmo a mobilização política da classe trabalhadora. Longe de
ideais revolucionários, a proposta cooperativista compreendia a
incorporação da classe trabalhadora ao Estado a partir de sua
identidade profissional e da representação através de sindicatos
e cooperativas tendo em vista principalmente reivindicações no
campo da legislação social, destacando, portanto, a dimensão dos
direitos do trabalho.
Atende ao Objetivo 2
“A assistência pública é uma das funções indeclináveis dos poderes constituídos nas
sociedades modernas. Sociedades que se firmaram sobre as amplas bases dos salutares
preceitos do Cristianismo, envolvidas nessa atmosfera de benevolência e de amor, não
podiam conservar-se estranhas às condições precárias de inúmeros de seus membros,
que a idade, a invalidez, a moléstia, ou dura provação atiraram de súbito aos rigores
cruéis do infortúnio. [...] Depois, Exc. Snr. é função pública incontestável a assistência
aos deserdados da sorte, os poderes estabelecidos, quando não possam por si só
imprimir-lhe o almejado incremento, todas as vezes que a iniciativa privada, posta em
Aula 2 – Primeira República: socialistas, anarquistas, comunistas e cooperativistas
Resposta Comentada
Em primeiro lugar, é interessante observar que o ofício do presidente da Sociedade Beneficente
de Juiz de Fora data de 1896, poucos anos após a proclamação da República e da abolição
da escravidão, consistindo, portanto, em expressão de um projeto político naquela nova
conjuntura. Em segundo lugar, o ofício destaca a compreensão da responsabilidade do Estado,
“dos poderes constituídos nas sociedades modernas”, com a “assistência pública” (auxílios a
idosos, inválidos, doentes crônicos ou acidentados). A Sociedade Beneficente de Juiz de Fora
defendia que o Estado contribuísse com a assistência oferecida por tais organizações, não
poderia permanecer indiferente, no que posteriormente seria considerada uma obrigação do
próprio Estado no campo da previdência social, o pagamento de aposentadorias e pensões
aos trabalhadores.
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
CONCLUSÃO
Atividade Final
Toda cronologia pode ser interpretada como uma hipótese de trabalho sobre uma dada
conjuntura, uma expressão do significado de um conjunto de acontecimentos. Leia com
atenção a cronologia abaixo e caracterize as relações entre movimento operário e Estado
na Primeira República.
Cronologia
1909 – Círculo dos Operários da União organizado sob a liderança de Sarandy Raposo
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Aula 2 – Primeira República: socialistas, anarquistas, comunistas e cooperativistas
1912 – Congresso Operário realizado sob o patrocínio de Mário Hermes, deputado federal e
filho do então presidente da República: “Seu objetivo era sistematizar as reivindicações
dos trabalhadores para que elas pudessem ser encaminhadas ao Parlamento por aquele
autorizado porta-voz”. (GOMES, 1988, p. 122)
1919 – Greves em vários estados pela jornada de trabalho de oito horas e melhores salários.
Aprovada Lei de acidentes de trabalho, considerada a primeira lei de previdência do país.
1923 – Greves no Rio e São Paulo. É criada a Caixa de Aposentadorias e Pensões para os
Ferroviários, a primeira do gênero. É instituída a estabilidade no emprego. É criado o
Conselho Nacional do Trabalho.
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Resposta Comentada
Na Primeira República, os trabalhadores urbanos organizavam-se em associações de ajuda
mútua e sindicatos, tendo em vista melhores condições de vida e de trabalho. Apesar da memória
sobre a legislação trabalhista estar profundamente associada ao governo de Getúlio Vargas
após a Revolução de 1930, a análise das reivindicações do movimento operário, especialmente
na ocasião das greves e dos congressos operários indica que a ação dos trabalhadores na
Primeira República, mesmo duramente reprimida, foi bem sucedida, pois as primeiras medidas
no campo da legislação social foram criadas no período.
RESUMO
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Aula 3
Movimentos
messiânicos rurais
Vanderlei Vazelesk Ribeiro
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Meta da aula
Objetivos
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Aula 3 – Movimentos messiânicos rurais
Introdução
Movimentos messiânicos
Figura 3.1: Um movimento que se estruture a partir de uma liderança que afirme
um caráter místico, que sustente a ideia de redenção após um dado período de
sofrimento, será um movimento de caráter messiânico.
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Noel-coypel-the-resurrection-of-christ-1700.jpg
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 3 – Movimentos messiânicos rurais
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Canudos
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Aula 3 – Movimentos messiânicos rurais
Antonio Conselheiro
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 3 – Movimentos messiânicos rurais
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
O líder espiritual
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Aula 3 – Movimentos messiânicos rurais
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
A experiência comunitária
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Aula 3 – Movimentos messiânicos rurais
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 3 – Movimentos messiânicos rurais
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 3 – Movimentos messiânicos rurais
Atende ao Objetivo 1
1. Convido você a ler atentamente os dois textos a seguir e comparar as impressões dos dois
autores sobre a organização social existente em Canudos. Procure observar que aspectos
podem ser cotejados nas citações dos dois autores.
Texto 1:
A urbs monstruosa, de barro, definia bem a cidade sinistra do erro. O povoado novo surgia,
dentro de algumas semanas, já feito ruínas. Nascia velho. Visto de longe, desdobrado pelos
cômoros, atulhando as canhadas, cobrindo área enorme, truncado nas quebradas, revolto
nos pendores – tinha o aspecto perfeito de uma cidade cujo solo houvesse sido sacudido
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Texto 2:
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Aula 3 – Movimentos messiânicos rurais
Agora que você comparou os textos, descreva qual a principal diferença de perspectiva
entre os dois autores. Apresente também pelo menos dois argumentos que corroborem para
realçar essa diferença.
89
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Resposta Comentada
Separados por quase um século de distância os textos respondem a indagações de sua época.
Para Euclides, jornalista de O Estado de São Paulo, Canudos é a encarnação da desordem. A
falta de um mínimo traçado das ruas, a forma como as casas enroscam-se umas nas outras e o
tamanho das casas demonstram que aquele tipo de organização não poderia desenvolver-se
numa república, que se pretendia progressista. Uma pergunta que certamente o autor se faria
era: “como policiar este espaço?” Tudo isso coroado com a religião mestiça, exemplo da mistura
de raças vista à época, como algo a ser evitado.
Já em Martins, que defende sua tese quase um século mais tarde, e tem influências de autores como
José Calazans, o que Euclides vê como exemplo da barbárie, significa vitória da organização.
O “crescimento fantástico” do Belo Monte é o sinal de que ali existe uma organização e que ela
funciona. Canudos mostra a Martins algo que Euclides não conseguiria perceber: uma estrutura
social bem delimitada, com cada um sabendo sua função dentro da comunidade. Divisão
entre funções religiosas, políticas (Antonio Vilanova seria o prefeito) e propriamente militares. A
organização só não pôde ganhar uma estruturação mais bem definida, pela devastadora ação
dos expedicionários de junho de 1897.
Desta maneira podemos perceber significados radicalmente distintos na análise de Canudos:
Para o autor de Os sertões a barbárie em ação, sinal de atraso a ser superado. Para o autor
de A reinvenção do sertão, o sinal de uma tentativa de organização popular, que resgatava
da miséria os sertanejos.
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Aula 3 – Movimentos messiânicos rurais
O Contestado
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 3 – Movimentos messiânicos rurais
O monge
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Os conflitos se iniciam...
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Aula 3 – Movimentos messiânicos rurais
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
“Comunismo caboclo”
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Aula 3 – Movimentos messiânicos rurais
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 3 – Movimentos messiânicos rurais
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Piquete chucro Os “piquetes chucros” usavam a técnica de combate com
Era como os rebeldes arma branca e atacavam com o grito de “Viva a São Sebastião,
chamavam às suas
Viva a monarquia, Viva a São João Maria”. No segundo semestre
tropas que atacavam
normalmente montadas de 1914, a cidade de Lajes esperava um ataque e em regiões
a cavalo. Tropa tão distantes como Marcelino Ramos no Rio Grande do Sul, ponto
pequena a cavalo
terminal de um dos ramais da Brasil High Way, a segurança era
(piquete); chucro numa
referência a serem reforçada.
camponeses.
Vale salientar que a ideia de monarquia divina não
necessariamente se corresponderia à restauração da família
Bragança, mas sim a um regime visto como justo, igualitário a Lei
de Deus, em oposição à República, que lhes arrancava as terras e
impunha-lhes impostos pesados.
No fim, demônios
101
História dos Movimentos Sociais no Brasil
e ficava com o necessário para sobreviver. Ele achava uma boa lei.
O comunismo tão demonizado ao longo do século XX era visto no
discurso do herdeiro do rebelde, como um sistema de solidariedade
e partilha entre os membros de uma comunidade.
Atende ao Objetivo 2
Durante os anos de guerra, a organização administrativa dos quadros santos passou por uma
série de modificações, porém permaneceu uma distinção básica entre os tipos de cargos.
Para a organização da vida material, por exemplo, instituiu-se o posto de ”comandante de
acampamento”, também encarregado da chefia das rezas. Quando as necessidades da
guerra passaram a exigir uma organização mais elaborada, houve uma divisão dos postos
em ”comandante de armas” e um comando civil, encarregado da população não combatente.
Um outro tipo de liderança ainda foi formado para controlar a moral dos adeptos, tanto
quanto a organização militar e material, em sentido amplo, vigente nos acampamentos.
Esses postos eram ocupados pelas virgens e inspirados. Eles recebiam as mensagens do
alto, comunicavam-nas aos chefes, e estes passavam-nas ao povo. (...) As virgens passavam
a tropa em revista, ordenavam os combates e saída de piquetes, designavam as punições
aos faltosos, distribuíam as tarefas do dia e, como fazia José Maria, iam adiante da tropa,
no momento dos combates.
102
Aula 3 – Movimentos messiânicos rurais
103
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Resposta Comentada
O movimento do Contestado reunia gente de diversas origens: pequenos e médios fazendeiros
opositores às elites locais, e muita gente expulsa das terras que cultivava pela ferrovia São
Paulo-Rio Grande ou pela Madeireira Lümber. Como antes em Canudos e depois no Caldeirão,
a ideia de Apocalipse, de uma transformação radical, amparada por Deus, estimulava estes
dissidentes a organizarem-se de outra forma. Nos redutos, a disciplina igualitária deveria
organizar a toda comunidade em torno de uma liderança religiosa, a qual mesmo os aspectos
militar e político estariam subordinados.
Desta maneira, não haveria a possibilidade, de no reduto, acumular-se a propriedade da Terra,
porque o milênio, já demonstrava a igualdade, que deveria existir posteriormente. A concentração
da terra em poucas mãos fora o motivo que levara muitos deserdados a buscarem o reduto e
agora eles tentariam uma vida comunitária.
Daí a organização coletiva do trabalho, da reza, e a propriedade não só da terra, mas de
tudo o que se possuía. O objetivo de vida comunitária excluiria a preocupação com bens
materiais e nesse contexto também a terra, onde se estabelecessem os redutos pertenceria a
todos. Entretanto, como a guerra marcou profundamente a experiência do contestado não houve
tempo para o plantio em comum e o que foi possível dividir foi o que se trouxe para o reduto
e o que se conseguiu, depois nos ataques.
O Caldeirão
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Aula 3 – Movimentos messiânicos rurais
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 3 – Movimentos messiânicos rurais
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 3 – Movimentos messiânicos rurais
Atende ao Objetivo 3
3. Leia os dois trechos a seguir e analise o momento prévio aos ataques, vislumbrando a
partir do que você leu durante a aula, como a ideia de fanatismo pode ser acionada contra
os camponeses.
Texto 1:
Não houve um motivo; houve um pretexto. Alegava-se que o Conselheiro havia comprado
e pago uma certa quantidade de madeira, na cidade de Juazeiro, para construção em
109
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Texto 2:
Homem de moral pacífica, Zé Lourenço recebe com banquetes o capitão José Bezerra,
escalado pela PM para o serviço de arapongagem da comunidade. Bezerra chegara
ao sítio, em meados de 1936, travestido de empresário desejoso de explorar a oiticica,
uma das árvores brasileiras mais ricas em óleo, da região. Comeu do bom e do melhor,
capote com macaxeira cozida, doce de leite e queijo de coalho na sobremesa, café
forte, à moda árabe, no final. Para todo esse tratamento de rei, o desgraçado arrotou
ao seu comando um relatório que desenhava o Caldeirão como um misto de inferno e
sucursal de Moscou.Estava decidido. O avanço das tropas oficiais sobre o Cariri era
questão de dias.
110
Aula 3 – Movimentos messiânicos rurais
Resposta Comentada
Em ambos os textos aqui abordados, podemos vislumbrar a questão do fanatismo como o
pretexto do que viria a ser o enfrentamento contra as comunidades.
Em Canudos, Facó lembra-nos que o fato de não se ter cumprido a encomenda das madeiras
para a igreja seria o motivo suficiente para o ataque do Conselheiro. E por que o pretexto?
Como vimos, os fazendeiros não aceitavam a perda da mão de obra.
O mesmo pretexto do fanatismo só que agora imbricado ao comunismo viria no caso do
Caldeirão. “Inferno e sucursal de Moscou.” Ali existe ainda na memória local, que o autor
assume como sua o papel da espionagem mostrada pela visita do capitão Bezerra. Fanatismo
e comunismo encobrem o que seria o fator real: a luta pela terra, que os padres desejavam e
a luta pelo controle da mão de obra que os fazendeiros queriam ter em suas mãos. Em ambos
momentos, a ideia de fanatismo é utilizada para legitimar ações do Estado aliado às elites locais,
que, sem estes pretextos, dificilmente teriam apoio na opinião pública. Embora o termo fanatismo
não apareça nos textos citados podemos estabelecer as conexões com o que já trabalhamos.
Afinal, só fanáticos poderiam romper com uma estrutura, que deveria ser conservada, tal como
era. Ainda que fossem os dois redutos, vistos por muitos como lugar da barbárie, só a difusão
do temor contra eles justificaria ações militares naquele grau de violência.
111
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Canudos e MST
O livro Sociologia política da Guerra de Ca-
nudos: da destruição de Belo Monte ao apareci-
mento do MST, do sociólogo Clovis Moura mostra
as conexões, que podem ser feitas entre a luta
dos canudenses e o surgimento do MST no início dos
anos 1980. Se você se interessa por questão agrária,
recomendo fortemente a leitura.
112
Aula 3 – Movimentos messiânicos rurais
Conclusão
113
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Atividade Final
Atende ao Objetivo 4
Leia o texto a seguir e discuta como a experiência de Canudos foi reapropriada numa
ocupação de terras realizada em Porto Feliz (São Paulo), em 1999.
Após a realização de um intenso trabalho de base com famílias excluídas no campo e nas
cidades durante todo o segundo semestre de 1998 e o mês de Janeiro de 1999, MST e
MTST organizaram a segunda maior ocupação feita no estado de São Paulo, com cerca de
1.200 famílias,(...). (...) A novidade nessa ocupação é que cerca de 80% dos acampados
vieram de centros urbanos ou cidades localizadas em várias regiões do Estado. Encontramos
no acampamento Nova Canudos pessoas que vieram de Campinas, Sorocaba, Guarulhos,
Itapevi, São Bernardo do Campo, Mauá, Santo André, Limeira, Araras, São Paulo e outras
cidades. São trabalhadores desempregados, sem teto, moradores de rua, ex-operários,
ex-marceneiros, ex-mecânicos, que agora colocam sua profissão e suas potencialidades a
serviço da luta pela reforma agrária e por transformações sociais. (...)Também a construção
da Escola Antônio Conselheiro foi uma grande atividade coletiva e comunitária, onde o
trabalho voluntário e a solidariedade mais uma vez se fizeram presentes.
114
Aula 3 – Movimentos messiânicos rurais
(...) No dia 9 de fevereiro chega a ordem de reintegração de posse, dia em que a assembleia
dos acampados aprova o nome Nova Canudos para a ocupação. Entre os argumentos que
pesavam a favor do nome, criou-se a seguinte ideia: Canudos não se rendeu, e foram todos
massacrados; Nova Canudos não se renderá, mas a novidade é que não será massacrada,
será uma ocupação vitoriosa.
Adaptado de Marcelo Buzetto – "Nova Canudos e a luta do MST no estado de São Paulo".
Resposta Comentada
Nas citações extraídas do texto de Buzetto, podemos observar a tentativa de unir uma luta travada
no fim do século XX, a uma já centenária travada em Canudos. A memória de Conselheiro no
nome da Escola mostra um fenômeno de apropriação, onde se busca resgatar o nome do líder
de Canudos como uma espécie de patrono do Movimento.
A União campo-cidade, demonstrada na presença de militantes de vários pontos do estado,
de gente das mais variadas profissões ou mesmo sem profissão alguma, pode nos recordar os
milhares que chegavam a Canudos de diversos pontos do nordeste. Canudos aqui aparece então
como elemento inspirador da luta e é ativado como catalizador e aglutinador das esperanças,
que o autor pretende efetivar.
Outro aspecto que chama a atenção é o fato de o nome Nova Canudos ter sido escolhido
justamente no dia em que é determinada pela justiça a reintegração de posse, ou seja que
os acampados deveriam deixar a área. A ligação entre a experiência de Canudos heroica,
115
História dos Movimentos Sociais no Brasil
ainda que massacrada e a “Nova” Canudos, que quer ser heroica, mas sem ser massacrada
mostra o objetivo de fazer daquele acontecimento a inspiração para a luta que se vai travar.
Assim a Nova Canudos aparece aqui como se pudesse retomar à experiência centenária, como
se pudesse ser a um tempo revivida e atualizada a saga dos Conselheiristas. A noção de que
a Nova Canudos não se renderia é, ao mesmo tempo um resgate da experiência antiga e sua
atualização, pelo menos se tomamos como referência o ponto de vista do narrador.
RESUMO
116
Aula 3 – Movimentos messiânicos rurais
117
Aula 4
Os anos 1930 -
1945: o impacto
do projeto
trabalhista no
movimento
operário
Vanderlei Vazelesk Ribeiro
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Meta da aula
Objetivos
Pré-requisito
Para que você compreenda melhor esta aula, é importante que leia novamente a Aula 3
da disciplina História do Brasil III, sobre a criação da legislação trabalhista no país.
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Aula 4 – Os anos 1930 - 1945: o impacto do projeto trabalhista no movimento operário.
Introdução
121
História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 4 – Os anos 1930 - 1945: o impacto do projeto trabalhista no movimento operário.
A política trabalhista
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 4 – Os anos 1930 - 1945: o impacto do projeto trabalhista no movimento operário.
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 4 – Os anos 1930 - 1945: o impacto do projeto trabalhista no movimento operário.
D19770.htm)
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 4 – Os anos 1930 - 1945: o impacto do projeto trabalhista no movimento operário.
Atende ao Objetivo 1
Tem ou não tem perante a lei natural ou escrita – o direito e dever – de pugnar
pelos direitos e defesa das classes a que pertence? / É intuitivo que sim!”
2. Texto impresso nas carteiras profissionais emitidas pelo Ministério do Trabalho, Indústria
e Comércio.
“Por menos que pareça e por mais trabalho que dê ao interessado, a carteira
profissional é um documento indispensável à proteção do trabalhador.
129
História dos Movimentos Sociais no Brasil
A carteira pelos lançamentos que recebe, configura a história de uma vida. Quem a
examinar, logo verá se o portador é um temperamento aquietado ou versátil; se ama a
profissão escolhida ou ainda não encontrou a própria vocação; se andou de fábrica em
fábrica como uma abelha ou permaneceu no mesmo estabelecimento, subindo a escala
profissional. Pode ser um padrão de honra. Pode ser uma advertência”.
Resposta Comentada
Em primeiro lugar, cabe observar que há aspectos em comum nos dois documentos, o que
indica que o projeto trabalhista colocado em prática pelo Estado brasileiro nos anos 1930-40
foi elaborado tendo em vista as reivindicações de associações de trabalhadores em atividade
na Primeira República. Cabe notar que o projeto trabalhista respondeu a preocupações do
movimento operário tanto de ordem material, quanto de ordem simbólica, pois o discurso dos
socialistas, editores do Echo Popular, assim como o texto oficial veiculado através da carteira
de trabalho se destacam por dotar o trabalho de um valor positivo, reconhecer o estatuto de
cidadão do trabalhador e considerar a legislação e, portanto, o Estado, garantia dos direitos do
trabalhador. Daí, a percepção de que a carteira de trabalho era considerada uma “certidão de
nascimento cívica”, conforme a concepção de “cidadania regulada” elaborada por Wanderley
Guilherme dos Santos.
130
Aula 4 – Os anos 1930 - 1945: o impacto do projeto trabalhista no movimento operário.
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 4 – Os anos 1930 - 1945: o impacto do projeto trabalhista no movimento operário.
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Atende ao Objetivo 2
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Aula 4 – Os anos 1930 - 1945: o impacto do projeto trabalhista no movimento operário.
Resposta Comentada
O depoimento de Hilcar Leite, militante comunista durante a Primeira República, mostra o
impacto da legislação sindical junto ao movimento operário independente. Os comunistas
como Hilcar Leite olhavam de maneira extremamente crítica a popularidade de Getúlio Vargas
entre os trabalhadores, como deixa claro na frase “Não havendo consciência ...”, quer dizer,
não havendo consciência de que tratava-se de uma política reformista que não modificaria
completamente a condição de exploração do trabalhador, como entendiam os comunistas.
Apesar disso, Hilcar Leite reconhecia o peso da legislação trabalhista como recurso político
legítimo que garantiu a Vargas enorme popularidade entre a classe trabalhadora dificultando
inclusive o fim da ditadura do Estado Novo.
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 4 – Os anos 1930 - 1945: o impacto do projeto trabalhista no movimento operário.
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Figura 4.6 : A história da legislação trabalhista pode ser vista como uma doação
do Estado, simbolizado na figura do presidente Getúlio Vargas, aos trabalhadores.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:VARGAS-GETULIO-MONUMENTO-01.JPG
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Aula 4 – Os anos 1930 - 1945: o impacto do projeto trabalhista no movimento operário.
Atende ao Objetivo 3
3. Analise o texto abaixo de Leôncio Martins Rodrigues e compare com a tese A invenção
do trabalhismo, de Ângela de Castro Gomes:
141
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Resposta Comentada
Em primeiro lugar, é interessante observar que na visão de Leôncio Martins Rodrigues, haveria
uma “evolução relativamente normal” da história do sindicalismo, diferente da maneira como
ocorreu a história do sindicalismo no Brasil. Na interpretação de Ângela de Castro Gomes, as
distinções entre a história do movimento operário no país e nos países considerados desenvolvidos
não significa um problema, não implica necessariamente na ausência de autonomia da classe
trabalhadora brasileira. A tese A invenção do trabalhismo considera a existência de uma relação
importante de continuidade entre as práticas e os discursos do movimento operário na Primeira
República e o “pacto trabalhista” constituído nos anos 1930. Para a autora, as autoridades
governamentais forjaram o trabalhismo a partir de uma apropriação das tradições comuns ao
movimento operário, de maneira que, na sua perspectiva a ação dos trabalhadores é parte
importante da constituição do projeto trabalhista. Quer dizer, o Estado não transformou as relações
com o movimento sindical devido a fatores exógenos ao próprio movimento, como entende
Leôncio Martins Rodrigues, o “pacto trabalhista” é uma resposta das autoridades governamentais
às pressões dos trabalhadores na Primeira República.
142
Aula 4 – Os anos 1930 - 1945: o impacto do projeto trabalhista no movimento operário.
CONCLUSÃO
Atividade Final
Toda cronologia pode ser interpretada como uma hipótese de trabalho sobre uma dada
conjuntura, uma expressão do significado de um conjunto de acontecimentos. A partir do
você estudou nesta aula, leia com atenção a cronologia abaixo e caracterize as relações
entre movimento operário e Estado, durante os anos 1930.
1930 - Criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Leis dos 2/3: os patrões
eram obrigados a empregar 2/3 de trabalhadores nacionais em cada empresa.
1931 - Lei de sindicalização: patrões e empregados deveriam criar um sindicato para cada
categoria profissional.
143
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Resposta Comentada
A partir de 1930, o Estado brasileiro caracterizou-se pelo enfrentamento da questão social, ao
vê-la como questão econômica e política, o que implicou na elaboração de políticas públicas
na área configurando o que chamaremos de projeto trabalhista. A presente cronologia destaca
a ação do Estado através da edição de sucessivas leis na área dos direitos do trabalho, tais
medidas visavam ao controle dos sindicatos e associações de trabalhadores em atividade
na Primeira República que se caracterizavam justamente pela independência em relação ao
Estado e pela liberdade de expressão política e ideológica. Como podemos notar, não havia
consenso entre as lideranças políticas da época sobre a unicidade sindical como estabelecida
pelo governo Vargas. O debate foi objeto de debates na Constituinte de 1933 e a Constituição
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Aula 4 – Os anos 1930 - 1945: o impacto do projeto trabalhista no movimento operário.
de 1934 reestabelecia a pluralidade e a autonomia sindicais. Entre 1934 e 1935, ocorre uma
significativa mobilização política com a criação da Aliança Nacional Libertadora (ANL) e da
Ação Integralista Brasileira (AIB), organizações que podem ser consideradas os primeiros partidos
políticos de massa brasileiros. No entanto, após os levantes de 1935, a repressão estatal atinge
indiscriminadamente comunistas e democratas, ao proibir o funcionamento da ANL. A partir de
1937, com o golpe do Estado Novo e a nova Constituição, editada por juristas de maneira
autoritária, o governo muda a legislação vigente reafirma a unicidade sindical. A cronologia
elaborada acima procura mostrar como a história do movimento operário está estreitamente
ligada à história política do país.
Fim da resposta comentada
RESUMO
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 5
Os trabalhadores
rurais na era
Vargas
Vanderlei Vazelesk Ribeiro
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Meta da aula
Objetivos
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Aula 5 – Os trabalhadores rurais na era Vargas
Introdução
Figura 5.1: Há indícios de que havia esforços para que os trabalhadores rurais
tivessem os benefícios da CLT.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Carteiradetrabalho.jpg
149
História dos Movimentos Sociais no Brasil
150
Aula 5 – Os trabalhadores rurais na era Vargas
Figura 5.2: Vargas procurou ampliar sua base política ao tentar estender os
direitos trabalhistas aos trabalhadores rurais.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Get%C3%BAlio_Vargas_08111930.jpg
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 5 – Os trabalhadores rurais na era Vargas
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
154
Aula 5 – Os trabalhadores rurais na era Vargas
No Brasil dos anos 1930 aos 1950, não foram poucos os que
buscaram o apoio do presidente da República para que os ajudasse
em situações nas quais se viam prejudicados.
155
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Grileiro
O grileiro é uma figura extremamente conheci-
da Brasil afora. Trata-se daquele que registra um
título falso de propriedade da terra para depois
negociar com ela ou simplesmente apropriar-se da
mesma. A expressão "grileiro" remonta à segunda
metade do século XIX. Com a Lei de Terras de 1850,
o único meio aceito para adquirir terras era a compra
junto à Coroa Imperial, mas, para facilitar os grandes
proprietários, duas brechas foram abertas. Em primei-
ro lugar, a posse que já existisse era permitida. Além
disso, aqueles que tivessem recebido terras anterior-
mente em doações de sesmarias da Coroa portuguesa
teriam seu título reconhecido. O fazendeiro forjava um
título de doação de terras, escrevendo como se fosse
uma sesmaria antiga e punha numa caixinha com
grilos. Os grilos urinavam, defecavam e se reprodu-
ziam, e o documento ficava uma “perfeita” doação da
Coroa portuguesa do século XVII.
Até hoje, existem imensas áreas em todo o país cuja
origem da propriedade é um grilo.
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/612662
156
Aula 5 – Os trabalhadores rurais na era Vargas
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
158
Aula 5 – Os trabalhadores rurais na era Vargas
sido cometidos dois crimes, não contra ele, um pobre posseiro, mas
contra o Estado Novo: em primeiro lugar, ele e seus companheiros
eram brasileiros impedidos por um estrangeiro de produzir na
fronteira o que ameaçava a segurança nacional. Por outro lado, a
economia popular era afetada, pois produziriam gêneros para o
consumo local.
O “pai“ do Brasil
159
História dos Movimentos Sociais no Brasil
160
Aula 5 – Os trabalhadores rurais na era Vargas
Discordando das contas, que lhe atribuíam uma dívida que ele
não possuía, ouviu do gerente: “Não me aborreça, senão entra na
maneira”, o que no linguajar caipira queria dizer "levar uma surra".
161
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Figura 5.5: Lista organizada provavelmente pela esposa de José Dario na qual
figuram os objetos que ainda ficaram faltando depois que ele recebeu os bens
apreendidos, quando de sua fuga da fazenda.
Fonte: Arquivo Nacional, Fundo Gabinete Civil da Presidência da República, lata 205,
processo 12.437/1940.
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Aula 5 – Os trabalhadores rurais na era Vargas
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 5 – Os trabalhadores rurais na era Vargas
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
166
Aula 5 – Os trabalhadores rurais na era Vargas
Atende ao Objetivo 1
1. Leia as cartas: a primeira foi escrita em nome de Geraldo Cornélio e a segunda foi
enviada por José Dario. Depois compare. Identifique pelo menos dois temas semelhantes e
dois temas diferentes entre elas.
Carta 1
Em junho de 51 foi convidado por Antonio Pereira para derrubar mata para ele.
Comprou uma posse do mesmo Antonio. Em 4 de setembro apareceu o senhor Dalto
167
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Morais, filho de um rico fazendeiro. Disse à esposa, que seu marido desocupasse o
terreno. Em trinta de setembro apareceram Dalto, o genro chamado Cazuza e dez
jagunços. Perguntaram quem deu ordem para cultivar. Cazuza ameaçou avançar em
Geraldo para o agredir.
O queixoso disse que precisava colher o seu mantimento. Ouviu que plantava, mas
não colhia.
No mesmo dia foram abordados por Dalto e Dr. Amantino. (delegado de polícia) “Olha
Negro, você está comentando o caso de ontem? Você é um negro à toa. Nasceu à
noite vai morrer à noite.” Voltando à sua barraca Geralddo sentiu-se doente perdeu
no caminho uma espingarda que levava a tiracolo. Com receio saíram sua esposa e
Antonio Pereira, que foram encontrar Geraldo em Santa Rita.
Foi salvo por um canoeiro que o entregou à polícia. Fato presenciado por muitas pessoas.
Sua esposa dirigiu-se ao juiz de direito e ele disse que se ela fosse devota que orasse
pelo marido e cuidasse dos filhos porque ficaria pior que ele.
A esposa implorou a frei Jaime, que tirasse o marido da cadeia. Ficou em tratamento
por treze dias. Foram aplicadas quatro injeções. Neste ínterim apareceu um irmão de
Geraldo, que o levou para Galileia. Geraldo escapou dos facínoras de Resplendor.
O próprio Antonio Pereira vendeu a outro o terreno por doze mil cruzeiros dinheiro
que até hoje não foi entregue.
168
Aula 5 – Os trabalhadores rurais na era Vargas
Para cúmulo do absurdo, o terreno, que eles alegam lhes pertencer é de três mil alqueires
e só paga quatrocentos de imposto.
Dalto encontrou a esposa de Geraldo e quando ela disse que ele ficara obcecado: “eu
sabia que ele ia ficar assim”.
Carta 2
Entre os milhões de miseráveis, párias, que percorrem as fazendas de café deste estado
sou um dos mais humildes que me atrevo a dirigir-me a vossa excelência porque fui
informado que muito tem feito em benefício dos trabalhadores, apesar de até esta data
ninguém aqui teve a felicidade de ser beneficiado.
Tomo a atenção de Vossa Excelência não só por meu caso particular, mas pelo interesse
coletivo do trabalhador da roça.
Cumpri tudo que me era determinado. Por motivo de moléstia fui obrigado a deixar o
meu trabalho, tudo passageiro, facilmente seria corrigido.
Vi um débito em minha caderneta novecentos mil réis, mas para garantia tinha três mil
pés de café todos plantados certo de produzir cinco a seis carros de milho e uma égua
nova mestra de arado. o que não me foram acreditado.
Acontece que o senhor Homero da Costa Braga gerente do senhor Moisés exigindo-me
a cardeneta, para os débito e depois de três a quatro mês que me devolveu a referida
cardeneta, veio com abuso de um débito de 1 conto e oitocentos mil, quando o mesmo
não ultrapassava a novecentos mil, tendo de se deduzir quatrocentos mil de dias que
trabalhei para a fazenda e prestação do trato de café
169
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Mesmo assim estava feliz fora daquela fazenda. Retirei minha mudança para a estrada
boiadeira e providenciei um caminhão para levar a Mirassol. Nessa ocasião interferiu o
administrador, que proibiu a retirada da mudança, sem falar com o gerente Homero da
Costa Braga, que prometeu comparecer ao local e fui aconselhado pelo administrador
a deixar a fazenda antes que o senhor Homero da Costa Braga aparecesse com seus
jagunços para me espancar. Com tamanha humilhação na presença da minha esposa e
meus pequenos filhos seguimos para Mirassol à espera que minha mudança aparecesse.
Soubemos pelo Chofer contratado que o gerente determinou que o caminhão voltasse
para a fazenda, recolhendo toda a minha mudança, incluindo roupas de minha mulher
meus filhinhos. Roupas e sapatos velhos que nos faz falta. Sem cama para dormir,
sem panela para cozinhar, andrajoso, sujo e imundo, por culpa da perversidade do
bárbaro gerente Homero da costa Braga, que a serviço do sírio abastado e truculento,
que deixa uma família brasileira em completa nudeza.
Seria absurdo eu pensar numa solução para o meu caso pessoal, porém levo ao
conhecimento de Vossa Excelência, para que possa avaliar o quanto estamos sujeitos
à garras de patrões tiranos, que possa esta minha queixa receber o amparo merecido
das dignas autoridades, que tem conduzido os destinos do nosso país e ajudar a todos
nós brasileiros.
170
Aula 5 – Os trabalhadores rurais na era Vargas
Resposta Comentada
As cartas que abordamos têm pontos em comum, embora a situação de Geraldo, pela condição
física em que se encontrava, fosse muito mais grave que a de Dario. Nas duas cartas, a ideia
de família é acionada. José Dario não quer apanhar na frente da esposa e dos filhos e queixa-se
da nudez em que se encontram não apenas ele, mas sua família. Quem escreve para Geraldo
lembra a dor de sua esposa ao ver o marido naquelas condições.
A polícia, nos dois casos, está a soldo dos mandões da terra. No bolso do sírio para Dario
e atuando diretamente, prendendo e espancando Geraldo. A justiça não é uma esperança.
Aliás, Dario mostra suas dúvidas ao próprio Vargas, ao lembrar que ninguém naquela região
tinha sido beneficiado.
As oposições seguem o padrão. No Estado Novo os sírios são estrangeiros que jogam uma
família brasileira na miséria. No caso de Geraldo, são udenistas as autoridades que não o
protegem e, pelo contrário, sustentam os mandões que o expulsam.
171
História dos Movimentos Sociais no Brasil
No caso de Geraldo, temos a questão racial que aflora: “Você é um negro à toa. Nasceu de
noite e vai morrer de noite.”
Nos dois casos, Vargas aparece como alguém que não está comprometido com o poder local
e que pode tudo restaurar. A última esperança num contexto em que os dois já tinham perdido
tudo, no caso de Geraldo, inclusive a sanidade mental.
Desta maneira, podemos perceber que as oposições família brasileira x estrangeiros ou bom
trabalhador x udenistas completam a visão segundo a qual o presidente pode resgatá-los de
suas dificuldades.
172
Aula 5 – Os trabalhadores rurais na era Vargas
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 5 – Os trabalhadores rurais na era Vargas
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Aula 5 – Os trabalhadores rurais na era Vargas
Maria Hsu
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 5 – Os trabalhadores rurais na era Vargas
CONCLUSÃO
179
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Atividade Final
Atende ao Objetivo 2
Leia as cartas a seguir e procure exemplificar como as ideias de família, nação e pobreza
estão desenvolvidas pelos autores.
Ilustríssimo Senhor Dr. Getúlio Vargas Muito digno chefe da nação. Respeitosas
saudações.
Uma brasileira, sua admiradora, vem por meio desta pedir-lhe uma caridade, certa de
que será atendida pelo seu grande e magnânimo coração, bálsamo da dor dos pobres,
e miseráveis, dos humildes e desamparados, protetor dos miseráveis.
Sou mãe de 4 filhos, sem amparo nenhum. Acostumada na roça, e atualmente aqui na
cidade, passando privações, apelo para Vossa Excelência para conseguir um sítio ou
uma fazenda no interior para eu plantar e viver lá até morrer, assim como no princípio.
Peço-lhe que me dê sementes e algumas ferramentas e alguns remédios e o resto eu
consigo. Seja para onde for eu vou, pois tenho necessidade. Como os estrangeiros
vem aqui, e vão para o interior eu também iria e consigo a fartura e o progresso para
mim e para a nação. Eu me chamo Matilde Lopes dos Santos. Moro na rua Lopes da
Cruz 192 Méier. Por isso peço urgência para sair desta aflição em que me encontro.
Se estou errada, peço perdão.
180
Aula 5 – Os trabalhadores rurais na era Vargas
Dirijo-me a Vossa Excelência a fim de vos expor a minha situação precária em face
da grande seca, que está assolando esta zona sertaneja. Sou um pobre pai de família
de idade avançada, e possuindo dez filhos e passando grandes privações. Tudo que
possuo é uma lavoura que nada tem produzido, achando-me na mais dura necessidade
para manter tão numerosa família no momento. Assim sendo venho encarecidamente
e humildemente rogar a valiosa ajuda proteção de vossa excelência como PAI DA
NAÇÃO BRASILEIRA, a fim de me valer ante a minha angustiosa situação. Esperando,
pois o melhoramento para poder manter a família. Preciso de uma bomba para
irrigação e assim manter minha lavoura. Embora com sacrifício, com meu pequeno
saber, consegui ensinar alguns alunos por minha conta própria, arranjando vinte votos
para vossa excelência. Assim sendo e certo de que os meus votos,servirão de proveito
a Vossa Excelência como pai compadecido dos que sofrem, finalizando esta aqui fico
aguardando ansioso a vossa resposta a meu favor, fico sumamente agradecido,
181
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Resposta Comentada
Nas cartas que pudemos observar, a ideia de família está mobilizada. Dona Matilde quer
voltar para a roça com seus quatro filhos. Dona Matilde apela para o pai, que vai ajudar a
mãe a terminar de criar seus filhos. Joaquim também fala para Vargas de pai para pai: o pai
Joaquim na seca pernambucana precisa de uma bomba para irrigar e pede o apoio para o
pai Getúlio. É o pai de uma família que pede ao pai da família Brasil a ajuda de que precisa.
Dona Matilde, além de ter dificuldades de se deslocar, como vimos, era mulher, que desejava
ser proprietária de um lote de terras em núcleos coloniais, algo não permitido naquele momento.
De todo modo, para ela a ideia de pedir auxílio ao presidente significava uma alternativa, uma
saída para sua situação difícil.
Em Joaquim, que escreveu no contexto de democracia restaurada, agrega para o presidente
o presente que ele já dera, ou seja, os votos que arrumara. No Estado Novo, o nacionalismo:
Dona Matilde quer ser útil a si mesma e à nação brasileira. Já Joaquim oferece o que tem de
melhor: a capacidade de ensinar e os votos.
Assim como no caso dos que se viram envolvidos em conflitos agrários, os que pedem, seja
o acesso à terra, seja bens necessários para manter a agricultura, buscam apropriar-se do
discurso oficial para buscar seus objetivos. Ainda que não os atingissem, como de fato ocorreu
na maioria dos casos, fica-nos seu esforço para construir a partir de sua ação própria o que
chamaríamos cidadania.
182
Aula 5 – Os trabalhadores rurais na era Vargas
Resumo
183
Aula 6
A experiência
democrática
e os partidos
políticos: história e
historiografia
(1945 – 1964)
Lucia Grinberg
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Meta da aula
Objetivos
Pré-requisito
Para uma melhor compreensão desta aula, você poderá rever as aulas de História do
Brasil III sobre o tempo da experiência democrática (1945 – 1964).
186
Aula 6 – A experiência democrática e os partidos políticos: história e historiografia (1945 – 1964)
Introdução
187
História dos Movimentos Sociais no Brasil
188
Aula 6 – A experiência democrática e os partidos políticos: história e historiografia (1945 – 1964)
189
História dos Movimentos Sociais no Brasil
190
Aula 6 – A experiência democrática e os partidos políticos: história e historiografia (1945 – 1964)
Atende ao Objetivo 1
191
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Resposta Comentada
O jurista Francisco Campos considera as soluções institucionais democráticas como “artifícios”
incapazes de tornar efetiva a democracia. Nesse sentido, desqualifica as diferentes modalidades
de consulta à sociedade para a constituição da representação política (como o sufrágio universal,
o voto secreto, o sufrágio feminino, o “referendum”), assim como é contrário às instituições criadas
para impedir a formação de um Estado autoritário (como o sistema parlamentar e o princípio
de rotatividade nos cargos eletivos). Francisco Campos também não reconhece os partidos
políticos como organizações capazes de representar os interesses da sociedade, para ele os
partidos manipulam a sociedade criam uma “atmosfera artificial de excitação e de emoção
pública” e traduzem “a vontade ou o sentimento que os interesses criados, incumbidos da sua
direção, já haviam comunicado”. Quer dizer, as instituições democráticas não seriam capazes
de expressar jamais a vontade ou os interesses da sociedade, o que leva à valorização de
soluções autoritárias.
192
Aula 6 – A experiência democrática e os partidos políticos: história e historiografia (1945 – 1964)
Figura 6.1: Monumento aos pracinhas, que lutaram na guerra: como lutar na
Europa contra regimes autoritários e manter Getúlio, um ditador, no poder?
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Pracinhas-CCBY.jpg
193
História dos Movimentos Sociais no Brasil
194
Aula 6 – A experiência democrática e os partidos políticos: história e historiografia (1945 – 1964)
Figura 6.2: Dutra, Vargas, JK e Jânio Quadros: exemplos que mostram a força
dos partidos.
Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:GASPARDUTRA.jpg; http://pt.wikipedia.org/
wiki/Ficheiro:Getulio_Vargas_(1930).jpg; http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Juscelino.
jpg; http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Janio_Quadros.png
195
História dos Movimentos Sociais no Brasil
196
Aula 6 – A experiência democrática e os partidos políticos: história e historiografia (1945 – 1964)
197
História dos Movimentos Sociais no Brasil
198
Aula 6 – A experiência democrática e os partidos políticos: história e historiografia (1945 – 1964)
a) força eleitoral;
199
História dos Movimentos Sociais no Brasil
200
Aula 6 – A experiência democrática e os partidos políticos: história e historiografia (1945 – 1964)
201
História dos Movimentos Sociais no Brasil
http://www.franklinmartins.com.br/estacao_historia_artigo.
php?titulo=manifesto-dos-mineiros-uma-virada-na-luta-contra-
getulio-1943
http://www.franklinmartins.com.br/estacao_historia_artigo.
php?titulo=arinos-da-tribuna-pede-renuncia-de-getulio-1954
202
Aula 6 – A experiência democrática e os partidos políticos: história e historiografia (1945 – 1964)
203
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Atende ao Objetivo 2
204
Aula 6 – A experiência democrática e os partidos políticos: história e historiografia (1945 – 1964)
Resposta comentada
O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o Partido Social Democrático (PSD) e a União Democrática
Nacional (UDN) eram os três maiores partidos políticos em atividade entre 1945 e 1965.
O PTB foi formado principalmente por sindicalistas e funcionários do Ministério do Trabalho,
se destacava justamente por defender os direitos do trabalho conquistados durante os anos
1930 pelos trabalhadores urbanos, entre suas bandeiras estava a defesa da extensão dos
direitos do trabalho para os camponeses, assim como a reforma agrária. O PSD teve como
suas principais lideranças políticas os antigos interventores do Estado Novo e os prefeitos
nomeados pelos mesmos interventores, os quais se tornaram importantes lideranças regionais e
locais, respectivamente, durante o período em que não houve eleições. Entre 1945 e 1960,
todos os presidentes eleitos eram do PSD ou foram eleitos com seu apoio, assim como muitos
governadores, portanto, a maior parte dos cargos de confiança da administração pública foi
ocupada por quadros do partido. A UDN foi fundada principalmente por políticos, advogados e
intelectuais que se mobilizaram contra o Estado Novo e pelo retorno à democracia. No entanto,
no período democrático de fato se destacou pela crítica recorrente às vitórias eleitorais de seus
adversários políticos na presidência da República, sem jamais se conformar com a vontade da
maioria do eleitorado que rejeitava seus candidatos.
205
História dos Movimentos Sociais no Brasil
206
Aula 6 – A experiência democrática e os partidos políticos: história e historiografia (1945 – 1964)
207
História dos Movimentos Sociais no Brasil
O debate continua!
Se você se interessou pelo debate sobre os
partidos políticos e o sistema partidário vigente
no Brasil, entre 1945 e 1965, leia artigos pro-
duzidos por especialistas no assunto que podem
ser facilmente encontrados na web como o de Jairo
Nicolau, professor titular de Ciência Política (UFRJ):
NICOLAU, Jairo. Partidos na República de 1946:
velhas teses, novos dados. Dados, Rio de Ja-
neiro, vol.47 no.1, 2004. http://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0011-
-52582004000100003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
208
Aula 6 – A experiência democrática e os partidos políticos: história e historiografia (1945 – 1964)
Atende ao Objetivo 3
3. Na elaboração de sua tese Democracia nas urnas, o cientista político Antônio Lavareda
teve acesso ao Arquivo do IBOPE e elaborou uma série de tabelas a partir das pesquisas de
opinião realizadas nos anos 1960. Analise os dados da tabela abaixo sobre a preferência
partidária da população em março de 1964, às vésperas do golpe.
Fonte: LAVAREDA, Antonio. Democracia nas urnas. Rio de Janeiro: IUPERJ/Vértice, 1991, p. 137.
Resposta Comentada
Em março de 1964, o IBOPE elaborou uma pesquisa de opinião sobre identidade partidária, uma
das questões era: “qual o partido político de sua simpatia?”, na tabela acima podemos observar
que em quase todas as capitais a maioria do eleitorado possuía um partido de sua preferência.
Apenas no Recife (PE) e em Fortaleza (CE) a maioria declarou não ter preferência. É interessante
209
História dos Movimentos Sociais no Brasil
notar que o PTB era o partido com maior grau de identificação partidária, seguido da UDN,
justamente os partidos dos extremos do espectro político. De modo geral, para a compreensão
do sistema partidário, se destaca a existência de relativamente alta identificação partidária,
o que é considerado um índice de representatividade dos partidos junto à sociedade. Além
disso, é importante notar que o partido com maior grau de identificação partidária às vésperas
do golpe de 1964 era o PTB, o partido do então presidente João Goulart que seria deposto
logo em seguida por lideranças militares e civis filiados aos seus maiores adversários: a UDN.
Conclusão
210
Aula 6 – A experiência democrática e os partidos políticos: história e historiografia (1945 – 1964)
Atividade Final
211
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Resposta Comentada
A leitura da tabela relativa à representação partidária na Câmara dos Deputados entre 1945
e 1962, quando ocorreram as últimas eleições antes do golpe de 1964, indica, em primeiro
lugar, que o PSD era o partido majoritário durante todo o período, apesar de perder um grande
número de parlamentares em pouco tempo. A UDN aparece como a segunda maior bancada,
perdendo o lugar para o PTB apenas em 1962, nas eleições realizadas durante o governo João
Goulart, o que mostra a popularidade do partido do governo petebista. Apesar de existirem
mais de dez partidos em atividade, os três maiores partidos concentravam cerca de 80% do
número de deputados federais em 1962. Cabe notar afinal que apesar de se constituir como
um sistema político democrático, pluralista, em 1947 o Partido Comunista do Brasil (PCB) teve
seu registro cancelado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
RESUMO
212
Aula 6 – A experiência democrática e os partidos políticos: história e historiografia (1945 – 1964)
213
Aula 7
A experiência
democrática e
os sindicatos de
trabalhadores
(1945-1964)
Lucia Grinberg
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Meta
Objetivos
Pré-requisitos
216
Aula 7 – A experiência democrática e os sindicatos de trabalhadores (1945-1964)
Introdução
217
História dos Movimentos Sociais no Brasil
218
Aula 7 – A experiência democrática e os sindicatos de trabalhadores (1945-1964)
219
História dos Movimentos Sociais no Brasil
220
Aula 7 – A experiência democrática e os sindicatos de trabalhadores (1945-1964)
Comício do Pacaembu
O prestígio do PCB e de Luiz Carlos Prestes
pode ser visto no grande comício realizado no
Estádio do Pacaembu, na cidade de São Paulo, em
1945, contando com a participação de cerca de 80
mil pessoas. Tendo em vista a divulgação do evento
histórico celebrando a liberdade de Luiz Carlos Pres-
tes, a legalidade do partido e a sua capacidade de
mobilização, o PCB filmou a manifestação. O diretor e
fotógrafo Ruy Santos filmou a manifestação e editou o
filmeComícioSão Paulo a Luiz Carlos Prestes.
Você encontra a íntegra do documentário no
site:http://www.youtube.com/watch?v=GBwxg_75-
-sg&feature=related
Créditos: Comício São Paulo a Luiz Carlos Prestes. Um
filme do Partido Comunista do Brasil (PCB), realizado
pelo Comitê Nacional do Partido Comunista. Direção
e fotografia: Ruy Santos. Distribuição: Cinedia.
221
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Atende ao Objetivo 1
Trabalhadores do Brasil!
A luta e a organização da classe operária tem que ser realizada à base da unidade,
pois só ela a tornará forte e invencível para o desempenho de suas importantes tarefas,
para a vitória na guerra patriótica dos povos e para que a Democracia se torne uma
realidade do Povo e dos trabalhadores do Brasil.
222
Aula 7 – A experiência democrática e os sindicatos de trabalhadores (1945-1964)
223
História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Resposta Comentada
No trecho citado do manifesto do MUT, podemos observar, em primeiro lugar, propostas de
ruptura com o modelo de sindicalismo instaurado a partir de 1930 na defesa da liberdade
sindical. Há críticas igualmente a instituições da ditadura do Estado Novo, como o Departamento
de Imprensa e Propaganda (DIP) e o Tribunal de Segurança Nacional (TSN). Ao mesmo tempo,
o MUT reconhecia os sindicatos e a legislação social de maneira positiva ao propor apenas o
seu “aperfeiçoamento” e a extensão da sindicalização e dos direitos e benefícios assegurados
pelo Estado aos trabalhadores rurais.
224
Aula 7 – A experiência democrática e os sindicatos de trabalhadores (1945-1964)
225
História dos Movimentos Sociais no Brasil
226
Aula 7 – A experiência democrática e os sindicatos de trabalhadores (1945-1964)
227
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Atende ao Objetivo 2
Em meados dos anos 50, a maioria da esquerda começaria a deixar de lado as restrições
apresentadas em 1948-1950 à organização criada pelo Estado para o controle do
movimento operário, até chegar, em inícios dos anos 60, a aceitá-la com algumas
ressalvas. Neste processo, lento e complicado, mesmo a aceitação era matizada. De
início, a estrutura corporativista era vista como uma circunstância inevitável para o acesso
às bases da classe operária. Depois, especialmente no governo João Goulart, - quando
a esquerda passa a controlar boa parte das ‘organizações paralelas’ e dos sindicatos
assim como vários órgãos da cúpula sindical oficial – a estrutura corporativista começa
a aparecer como um instrumento institucional adequado. Isto pode se inferir menos das
228
Aula 7 – A experiência democrática e os sindicatos de trabalhadores (1945-1964)
palavras da esquerda que do silêncio que ela deixa cair sobre as restrições anteriores.
Anote-se, porém, um ensaio de Jover Telles, em seu livro O movimento sindical, em
que a questão do movimento sindical é considerada, abandonando-se as restrições
anteriores, não como a pedra de toque da subordinação dos sindicatos ao Estado,
mas segundo a utilização –boa ou má, honesta ou desonesta – que se poderia dar
aos recursos dele provenientes. Um raciocínio similar pareceria inspirar, a partir de
meados dos anos 50, tanto a participação crescente da esquerda na estrutura quanto o
silêncio que a acompanha com respeito às restrições anteriores. A questão da estrutura
sindical foi, assim, deixando de ser considerada em si mesma, como estrutura, para se
converter na questão de quem a utiliza, de quem a dirige. A estrutura aparecia como
um instrumento que a esquerda usava. E mais: um instrumento passado pela assepsia
do esquecimento e do silêncio e que, portanto, não contaminaria aqueles que dele se
utilizavam” (WEFFORT, 1979, p. 3).
Resposta Comentada
Com o fim da ditadura do Estado Novo (1947-1945), havia uma expectativa, por parte
das lideranças operárias de esquerda, de liberalização da legislação sindical. Quer dizer,
considerava-se a extinção do modelo corporativista de estrutura sindical: sindicato único
por categoria, imposto sindical, proibição a filiações políticas e ideológicas. No entanto,
durante os anos 1950, as lideranças sindicais deixaram de lado as críticas ao princípio do
modelo corporativista de subordinação dos sindicatos ao Estado. Naquela conjuntura, parecia
justamente que a proximidade dos sindicatos com o Estado era a única maneira de garantir
direitos aos trabalhadores.
229
História dos Movimentos Sociais no Brasil
230
Aula 7 – A experiência democrática e os sindicatos de trabalhadores (1945-1964)
231
História dos Movimentos Sociais no Brasil
232
Aula 7 – A experiência democrática e os sindicatos de trabalhadores (1945-1964)
233
História dos Movimentos Sociais no Brasil
As intersindicais
Desde a lei de sindicalização de 1931, a
legislação proibia a criação de centrais sindi-
cais, organizações que tinham como objetivo
articular sindicatos em todo o território nacional
e consolidarem-se como interlocutores políticos do
governo federal. No entanto, um dos desdobramentos
da realização da Greve dos 300 mil foi a fundação
do PUI (1953-1959). Em 1961, foi criado o Comando
Geral dos Trabalhadores (CGT) [“a aliança nacional-
-reformista se cristalizou no CGT” (NEGRO, p. 71-73).
] Em 1961, “greve da legalidade”; em 1962, greve
por um “gabinete nacionalista e democrático” (p. 73).
Uma das intersindicais atuantes no governo João Gou-
lart foi a Confederação Nacional dos Trabalhadores
da Indústria (CNTI), presidida então pelo sindicalista
ClodsmithRiani, deputado estadual em Minas Gerais
pelo PTB.
234
Aula 7 – A experiência democrática e os sindicatos de trabalhadores (1945-1964)
Perspectiva de Thompson
A perspectiva teórica de E.P.Thompson conside-
ra que a formação da classe operária compre-
ende não só o mundo da fábrica e do sindicato,
mas as experiências cotidianas de modo geral. As
práticas culturais e as redes de sociabilidade tecidas
na vizinhança, nas associações de moradores de bair-
ro, em clubes de futebol, escolas de samba, tornaram-
-se objeto de estudos (FONTES, 2013).
235
História dos Movimentos Sociais no Brasil
236
Aula 7 – A experiência democrática e os sindicatos de trabalhadores (1945-1964)
Ficha técnica:
Uma indústria que lidera o progresso. A linha de mon-
tagem.
Ano: 1964. Direção: Jean Manzon. Duração: 9 minu-
tos. Filme: P&B.
Produção: Atlântida/Jean Manzon.
https://www.youtube.com/watch?v=NljDiTRhBqU
CONCLUSÃO
237
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Atividade Final
Atende ao objetivo 3
Nós fomos do PTB, Getúlio Vargas era respeitado por nós, os trabalhadores, os
operários, porque um dia ele se lembrou da nossa classe. Continuamos muito respeitosos
e agradecidos a ele. Mas os tempos mudaram e nós começamos a querer mais um pouco:
a CGT, o direito de falar junto ao governo sobre nossos interesses, o direito de greve.
O PTB podia falar por nós, defender as reformas de base, o nosso salário. Mas você
imagine bem: nós, do movimento sindical, também fizemos parte do PTB. No governo
João Goulart, como dirigentes sindicais, com membros do PTB e alguns companheiros
que eram do PCB, frequentávamos a antessala do Ministério do Trabalho e até a de
Jango. Nós participamos e influímos nas decisões do governo, até vetamos ministros.
Até decidimos sobre administração da previdência. [...] Nós fomos ao Congresso
Nacional [...], nós sonhamos e levamos nosso sonho lá dentro do governo. E aí tinha
gente que não queria os trabalhadores tão perto do poder. E aí veio o golpe. E aí
acabou o PTB, a CGT [...]. Nós nunca estivemos tão perto e tão longe das reformas de
base (DELGADO, 1989, PP.288-289)
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238
Aula 7 – A experiência democrática e os sindicatos de trabalhadores (1945-1964)
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Resposta Comentada
Em primeiro lugar, é interessante notar que ClodsmithRiani narra um processo de transformação
nas relações entre os trabalhadores e o presidente Getúlio Vargas. Em segundo lugar, tece
homenagens ao presidente que, naquele processo, tornou-se símbolo do reconhecimento dos
direitos sociais pelo Estado brasileiro, mas destaca que os trabalhadores procuraram ampliar seus
direitos através de estratégias variadas, como a greve, a participação em partidos políticos, a
organização de intersindicais e a negociação junto ao Ministério do Trabalho. Afinal, lembra a
conjuntura anterior ao golpe de 1964. De certa maneira, Riani mostra uma dinâmica nas relações
entre Estado e trabalhadores: o papel fundamental do Estado no processo de institucionalização
de direitos sociais e o reconhecimento desse fato pelos trabalhadores. No entanto, destaca que
a gratidão não significou tutela, pois os trabalhadores continuaram a reivindicar novos direitos
e participação nos processos decisórios.
RESUMO
239
História dos Movimentos Sociais no Brasil
240
Aula 8
Movimentos
camponeses
na experiência
democrática de
1945 a 1964
(primeira parte)
Vanderlei Vazelesk Ribeiro
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Meta da aula
Objetivos
1. analisar a atuação das Ligas Camponesas, em sua luta por reforma agrária;
2. reconhecer a atuação do Movimento dos Agricultores Sem Terra no Rio Grande do Sul,
tendo em mente sua interação com o governo estadual, bem como as oposições desenca-
deadas por frações da Igreja Católica, que com ele competiam pelo apoio dos trabalha-
dores rurais.
Pré-requisito
242
Aula 8 – Movimentos camponeses na experiência democrática de 1945 a 1964 (primeira parte)
Introdução
243
História dos Movimentos Sociais no Brasil
244
Aula 8 – Movimentos camponeses na experiência democrática de 1945 a 1964 (primeira parte)
245
História dos Movimentos Sociais no Brasil
As Ligas Camponesas
246
Aula 8 – Movimentos camponeses na experiência democrática de 1945 a 1964 (primeira parte)
Fonte: http://www.onordeste.com/administrador/personalidades/
imagemPersonalidade/aa211694a72579c71d95d185e2517cb717.jpg
247
História dos Movimentos Sociais no Brasil
PCB
O Partido Comunista do Brasil, primeiro partido
político a levantar a bandeira da reforma agrá-
ria ainda nos anos 1920, foi criado em 1922
como uma seção da Internacional Comunista.
Naquele tempo, os partidos comunistas tinham sempre
o nome Partido Comunista seguido do nome do país
onde atuavam. O PCB foi logo declarado ilegal em
julho de 1922 e só teve um outro período de legalida-
de entre janeiro e agosto de 1927. Em abril de 1945,
foi legalizado, mas seu rápido crescimento assustou os
setores dominantes e em 1947 voltou à ilegalidade.
Em 1961, a maioria do PCB, buscando o retorno do
partido à legalidade, decidiu mudar o nome para Par-
tido Comunista Brasileiro, para driblar a legislação,
que acusava a expressão “do Brasil” como denotativo
de um partido estrangeiro. Contudo uma dissidência
liderada por elementos, como o ex-deputado João
Amazonas, resolveu criar o PC do B, Partido Comunis-
ta do Brasil. Os dois partidos existem até nossos dias,
mas quando usarmos PCB estaremos nos referindo
ao Partido Comunista do Brasil, até 1961, e depois
estaremos falando em Partido Comunista Brasileiro
(PANDOLFI, 1995, 124-126).
Fonte: http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ficheiro:Hammer_and_
sickle.svg&page=1
248
Aula 8 – Movimentos camponeses na experiência democrática de 1945 a 1964 (primeira parte)
249
História dos Movimentos Sociais no Brasil
250
Aula 8 – Movimentos camponeses na experiência democrática de 1945 a 1964 (primeira parte)
PSD
Ao final do Estado Novo, os interventores
estaduais nomeados por Getúlio Vargas criaram
o Partido Social Democrático (PSD), que unia nos
diversos estados os grandes proprietários rurais.
Eram uma forte barreira contra a reforma agrária e a
extensão da legislação trabalhista ao campo.
251
História dos Movimentos Sociais no Brasil
252
Aula 8 – Movimentos camponeses na experiência democrática de 1945 a 1964 (primeira parte)
253
História dos Movimentos Sociais no Brasil
254
Aula 8 – Movimentos camponeses na experiência democrática de 1945 a 1964 (primeira parte)
255
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Um esquema guerrilheiro?
Figura 7.8: “Reforma agrária na lei ou na marra! Com flores ou com sangue!”
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/730668
256
Aula 8 – Movimentos camponeses na experiência democrática de 1945 a 1964 (primeira parte)
Movimento Tiradentes
O Movimento Tiradentes foi uma organização
que Francisco Julião lançou em 1962, com o ob-
jetivo de unificar grupos que desejavam acelerar
o processo de reformas proposto pelo presidente
João Goulart. Seu impacto foi muito reduzido.
257
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Tocantins
A região norte de Goiás separou-se do estado
em 1988, para constituir o estado do Tocantins,
onde hoje se localiza Dianópolis.
258
Aula 8 – Movimentos camponeses na experiência democrática de 1945 a 1964 (primeira parte)
Jornal A Liga
Criado em 1962, o jornal expressava o pensa-
mento de dirigentes das ligas camponesas e era
editado no Rio de Janeiro. Com o golpe militar,
foi tirado de circulação.
259
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Reformistas e revolucionários
No campo da esquerda, durante o século XX,
havia duas posturas principais: a dos reformistas
e a dos revolucionários. Os primeiros pregavam
que, para alcançar o socialismo, era possível ir
reformando lentamente o capitalismo. Já os segundos
sustentavam que o capitalismo não era reformável e,
portanto, tinha de ser destruído para que o socialismo
pudesse ser implantado.
Julião considerava a proposta de Arrais reformista e a
entendia como negativa, porque conservaria o con-
trole da terra com o senhor de engenho, em vez de
realizar a reforma agrária.
260
Aula 8 – Movimentos camponeses na experiência democrática de 1945 a 1964 (primeira parte)
261
História dos Movimentos Sociais no Brasil
262
Aula 8 – Movimentos camponeses na experiência democrática de 1945 a 1964 (primeira parte)
Atende ao Objetivo 1
1.
A tua liberdade, camponês, depende da tua união. A tua união depende da tua vontade.
E a tua vontade depende da tua necessidade. Porque a necessidade cria a vontade.
A vontade cria a união. E a união cria a liberdade.
Quem tem liberdade tem o trabalho. E quem ama o trabalho merece a terra. Porque a
terra deve ser de quem nela trabalha. Terra é sossego, é paz, é pão, é água, é casa,
é agasalho, é escola, é saúde e é vida.
É justo que cada 2 brasileiros de 60 que moram no campo tenham terra e os outros
58 não fiquem com um naco? Não é justo. O justo é que haja um pedaço de terra
para cada um deles. [...]
263
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Que é preciso fazer para ganhar um pedaço de terra? A reunião de todos os que não têm
terra. Essa união pode ser feita porque depende da vontade de cada um. Essa vontade
existe porque é filha da necessidade. E a necessidade é coisa que todo mundo sente.
[...] Que é a reforma agrária? A reforma agrária é o direito à terra para o camponês
trabalhar. É a luta contra o latifúndio. É a criação da média e da pequena propriedade.
É a escola para o camponês aprender. É o remédio para o camponês se curar. É a
água para o camponês beber. É a semente para o camponês plantar. É o adubo para
dar boa safra. É o arado contra a enxada. É o agrônomo indo ensinar o camponês a
cultivar a terra. E a defendê-la da erosão. É o fim da seca no Nordeste. [...] É a faixa
verde em torno das cidades, à beira das estradas de ferro e de rodagem. E o dinheiro
emprestado em longo prazo. E a juros de 6% ao ano. É o transporte barato para a
feira. É o salário justo contra a exploração. É a liberdade contra a escravidão.
Fonte: Adaptado de JULIÃO, Francisco. ABC do Camponês. In: STEDLI, João Pedro. História e natureza das
Ligas Camponesas. São Paulo: Expressão Popular, 2006, p. 193-194.
A partir do que você leu, destaque três aspectos que podem ser encontrados no texto que
demonstrem a forma de atuação das ligas camponesas. Elabore uma breve justificativa
para cada um desses três elementos.
264
Aula 8 – Movimentos camponeses na experiência democrática de 1945 a 1964 (primeira parte)
Resposta Comentada
O texto de Julião destina-se a um público das camadas populares nordestinas, muitas vezes
analfabeto. Portanto, ele tem de ser extremamente didático. No trecho que separamos repare
que ele forma uma espécie de quadrilátero: união, vontade, liberdade e necessidade. Dá
necessidade surge a vontade, da vontade a união, e daí a Liberdade.
Depois passa para ligar liberdade a trabalho. Ora, o camponês trabalha, ama o seu trabalho,
mas seu trabalho tem de ser conquistado ao lado da terra. Que é o trabalho sem a terra?
Posteriormente, ativa a ideia de justiça. A religião católica, bem ou mal, apontava para a noção
de justiça. E era justo que apenas dois tivessem a terra, enquanto cinquenta e oito não a tinham?
Mas essa injustiça pode ser corrigida. Mas como? A união que nasce da necessidade. Ou
seja, só unido o campesinato poderá arrancar o pedaço de terra. Uma palavra, quase uma
miragem brota de Julião: reforma agrária. É o combate ao latifúndio, criando a média e a
pequena propriedade. Mas o mais importante é o que vem depois da reforma agrária. A
semente para plantar, o adubo para boa safra, o agrônomo para ensinar a plantar e combater
a erosão, o dinheiro a crédito fácil e barato (juros de seis por cento), impensáveis em nossos
dias. É também a estrada que agora tem em seu redor uma faixa verde, ou seja, a reforma
agrária traz a transformação tão necessária e para tanto a união será fundamental. Assim a
utopia se vê materializada pela transformação feita a partir do camponês unido em marcha.
Este discurso nos anos sessenta mobilizava milhares de camponeses não só em Pernambuco,
mas em vários estados do país. Assim os aspectos mais importantes que podemos verificar nas
atividades das ligas poderiam ser: A luta pela liberdade, que só pode ser conquistada pelo
trabalho, que se vincula à terra; a divulgação da ideia de justiça, que, como vimos, Julião
difundia para convencer os camponeses a cobrar dos proprietários junto aos juízes e finalmente
a mobilização por reforma agrária, autêntico meio para possibilitar as transformações de que
o país necessitava.
265
História dos Movimentos Sociais no Brasil
O Máster (1960-1964)
266
Aula 8 – Movimentos camponeses na experiência democrática de 1945 a 1964 (primeira parte)
Figura 7.11: O PTB de Leonel Brizola teve papel importante no Movimento dos
Agricultores Sem Terra.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Leonel_Brizola.jpg
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 8 – Movimentos camponeses na experiência democrática de 1945 a 1964 (primeira parte)
A Campanha da Legalidade
Em 25 de agosto de 1961, o presidente Janio
Quadros renunciou, e setores militares vetaram a
posse do vice-presidente João Goulart, que se en-
contrava retornando de visita à República Popular
da China, comandada pelo líder comunista Mao Tsé-
tung. Cunhado de João Goulart, Leonel Brizola iniciou
em Porto Alegre a resistência, que ficou conhecida
como Campanha da Legalidade. O resultado foi um
acordo, que permitiu a Goulart assumir, com poderes
limitados pelo parlamentarismo, que seria revogado
em 1963 por um plebiscito.
269
A partir deste momento, o Máster engaja-se numa postura
mais agressiva em favor da reforma agrária radical, apoiando as
bandeiras do Congresso de Belo Horizonte, embora não aderisse
ao discurso de “na lei ou na marra”.
Reações ao Máster
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 8 – Movimentos camponeses na experiência democrática de 1945 a 1964 (primeira parte)
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Aula 8 – Movimentos camponeses na experiência democrática de 1945 a 1964 (primeira parte)
Conclusão
275
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Meneguetti, mas isso não significou fim de apoio oficial, pois Jango
ainda era presidente.
276
Aula 8 – Movimentos camponeses na experiência democrática de 1945 a 1964 (primeira parte)
Atividade Final
Atende ao Objetivo 2
Leia o texto ABC dos Sindicalismo Rural, produzido por dirigentes da FAG, e o Manifesto
do Máster de 1960 e compare-os.
• O sindicato deve trabalhar pelo bem comum e nunca de uma só pessoa. O sindicato é
de todos.
• O sindicato deve trabalhar pela mudança, mas nunca pela luta de classes.
• O nosso sindicato deve ser livre, e não obrigatório. O sindicato é uma associação
profissional, e não religiosa nem política.
Fonte: BASSANI, Paulo. Frente Agrária Gaúcha e os Sindicatos de Trabalhadores Rurais. Londrina, Eduel, 2009, p. 92.
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 8 – Movimentos camponeses na experiência democrática de 1945 a 1964 (primeira parte)
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Resposta Comentada
Ao observarmos os dois textos, fica clara a diferença de tom de ambos e que tipo de sociedade
cada autor deseja ver construída. No texto da FAG, a ideia força é de harmonia. O sindicato
não pode valorizar a noção de luta de classes. No Manifesto, a luta é explicitada, ainda que
diluída na noção de homem rural “primeiro na guerra e último na paz”. Enquanto na visão
católica deve o sindicato harmonizar indivíduos e classes, na visão do Máster o sindicato tem
lado, e o lado é dos agricultores empobrecidos. Na visão da Igreja, a ideia-chave é a de
colaboração, evitando-se ao máximo o confronto, tendo o sindicato um papel mediador. Já
na visão do Máster, o movimento tem o objetivo de mobilizar o campesinato, até porque se
considera a morosidade de se fazer a reforma agrária. Note-se que no manifesto do Máster
busca-se o apoio da Igreja com afirmação do padre a respeito dessa dita morosidade.
Assim, harmonia social a qualquer preço e a mobilização social a todo custo estão presentes
respectivamente no texto da FAG e do Máster, mostrando a oposição que marcou a área
camponesa no início dos anos 1960. Entretanto, é preciso lembrar que, embora as posições
fossem bem definidas, não se pode imaginar que não existissem momentos de conciliação,
pelo menos com setores moderados da Igreja Católica, como veremos ao analisarmos o esforço
pela sindicalização dos trabalhadores rurais na Aula 9.
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Aula 8 – Movimentos camponeses na experiência democrática de 1945 a 1964 (primeira parte)
Resumo
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Aula 9
Movimentos
Camponeses
na Experiência
Democrática de
1945 a 1964
(segunda parte)
Vanderlei Vazelesk Ribeiro
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Meta
Objetivos
Pré-requisitos
A aula aqui é uma continuação da Aula 7. Portanto, relembre aquela aula através
do resumo, antes de continuar seu estudo. Também é importante ler sobre conflitos
de terra, que descrevemos na Aula 5, vendo que aqueles eram normalmente de
pequenos grupos, enquanto os desta aula envolvem centenas de famílias.
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Aula 9 – Movimentos Camponeses na Experiência Democrática de 1945 a 1964 (segunda parte)
Introdução
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 9 – Movimentos Camponeses na Experiência Democrática de 1945 a 1964 (segunda parte)
Grilos?
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Jagunço
São matadores profissionais, que atuam es-
pecialmente no interior do Brasil a mando de
proprietários rurais. Podem ser utilizados em lutas
pela terra, mas também em confrontos entre famí-
lias por questões políticas.
Uma obra importante sobre eles é Cangaceiros e
Fanáticos de Ruy Facó, Lançada Pela Civilização bra-
sileira em 1965, mas que se encontra disponível na
internet. Na literatura, temos Grande Sertão Veredas,
de João Guimarães Rosa. As novelas da Rede Globo
também mostraram a atuação deles como a inesque-
cível Roque Santeiro, de Dias Gomes, em 1985. Uma
busca rápida no youtube te leva às cenas do Roque.
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Aula 9 – Movimentos Camponeses na Experiência Democrática de 1945 a 1964 (segunda parte)
A “guerrilha de Porecatu”
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Gleba é um terreno Inspetoria de terras de Londrina, que não validavam as glebas dos
próprio para cultivo, posseiros. A partir da posse do governador Moisés Lupion, (1947)
em uma área não
membro do PSD, ligado à Companhia Industrial e Territorial LTDA
urbanizada.
(Citla), que se especializara na venda ilegal de terras públicas,
formou-se uma comissão de terras, que determinava a expulsão dos
posseiros de Porecatu e que os de Jaguapitã deveriam pagar ao
Estado pela terra cultivada. Os posseiros de Porecatu, liderados por
homens como o espanhol José Bilar, procuraram resistir e a ação da
polícia e jagunços, fez-se com espancamento de homens e estupro
de mulheres e meninas.
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Aula 9 – Movimentos Camponeses na Experiência Democrática de 1945 a 1964 (segunda parte)
DOPS e DEOPS
O DOPS era o Departamento de Ordem Po-
lítica e Social, criado ainda nos anos vinte no
âmbito da polícia do distrito federal. Nos esta-
dos, existiam os DEOPS, Delegacia Estadual de
Ordem Política e Social. Estes órgãos funcionaram até
os anos oitenta e ficaram célebres por sua violação
aos direitos humanos, principalmente pela prática da
tortura a e espionagem com o objetivo de controlar
ou reprimir qualquer movimento político e social que
contrariasse o governo.
291
História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 9 – Movimentos Camponeses na Experiência Democrática de 1945 a 1964 (segunda parte)
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 9 – Movimentos Camponeses na Experiência Democrática de 1945 a 1964 (segunda parte)
O confronto de Trombas e
Formoso (1953-1964)
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Aula 9 – Movimentos Camponeses na Experiência Democrática de 1945 a 1964 (segunda parte)
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Conselhos de Córrego
A região onde se deu o confronto era banha-
da por diversos córregos (pequenos rios), que
serviam de referência como ponto de localiza-
ção. Assim os posseiros dividiram a região em 21
córregos, havendo um conselho eleito pelos posseiros
para cada um deles. A partir de 1956, os Conselhos
reuniram-se em algumas associações de lavradores.
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Figura 9.10: Café, cana-de-açúcar e cacau são produtos para exportação até hoje.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Roasted_coffee_beans.jpg
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Cut_sugarcane.jpg (Autor: Rufino Uribe)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Cocoa_Pods.JPG
Atende ao Objetivo 1 e 2.
306
Aula 9 – Movimentos Camponeses na Experiência Democrática de 1945 a 1964 (segunda parte)
Imbé em Campos e mostra suas formas de articulação internas, que valeriam durante a
ocupação e depois de conquistada a terra.
integrante e autônoma sob o regime RUSSO, exerce em seu território todos os poderes
que explícida ou explicidamente, lhe não são vedado à Constituição de Moscou.
Art. 6º - São autoridades do Estado das Trombas: JOSÉ PORFÍRIO DE SOUZA (DITADOR)
(...)
Art. 8º - São imunes e impunes os que praticarem o assassínio a bem de nosso regime
e livre o direito de matar
Art.11º - Será impunes e invioláveis cidadãos de qualquer parte do mundo que praticarem
crime e auxiliar no Estado das Trombas.
307
História dos Movimentos Sociais no Brasil
1) As terras serão distribuídas pelo grupo de trabalho organizado pela ULTAB, sem
discriminação de cor, raça ou religião;
Faça uma breve análise de cada texto. Compare-os. A partir disso, com suas palavras,
descreva ao menos dois aspectos relevantes de cada texto, que se correlacionem com as
lutas camponesas.
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Resposta Comentada
Os dois textos aqui citados versam sobre a organização interna dos posseiros em situações de
ocupação de terras. O primeiro publicado durante o regime militar por um Jornal de Goiânia
mostra os preconceitos da época contra o modelo comunista e procura transpor de forma
mecanicista o que se entendia ser o regime soviético para a região de Trombas. Observemos
que logo no primeiro artigo já se diz que o regime vigente ali depende da constituição de
Moscou. Para dar um caráter mais “real” ao texto usa uns erros de português, “explicida em
vez de explícita” para indicar que o texto fora redigido por camponeses.
O texto refere-se várias vezes ao ditador José Porfírio. Após a segunda guerra mundial as palavras
ditadura e ditador ficaram estigmatizadas e seria muito improvável que alguma constituição
utilizasse este termo.
Já as “leis do Imbé”, procuram mostrar as formas de organização, mais de acordo com o que
deveria ocorrer durante a estruturação do acampamento. Notemos o papel da ULTAB, entidade
vinculada ao PCB na entrega das terras, demonstrado no fato de a comissão organizadora
controlar o processo de entrega e venda. Lembremos ainda a preocupação que o texto mostra
com a liberdade religiosa, provavelmente em referência ao predomínio católico na região.
Observe-se a preocupação com a participação feminina no controle da terra. Desta maneira,
se o texto da “constituição de Trombas” nos parece muito mais a expressão do que se pensava
ser o comunismo transposto para o norte de Goiás, o do Imbé, enfatizando a ordem entre os
posseiros, a liberdade religiosa e o papel da mulher parece-nos bastante representativo do que
muitas lideranças camponesas tentavam realizar naquele momento. Assim o historiador tem de
estar pronto a fazer a análise do documento e das condições em que foi produzido, para que
possa aproximar-se o mais possível dos acontecimentos que analisa. Desta forma o primeiro texto
ao enfatizar, por exemplo, a impunidade dos criminosos, que matassem a bem da “República
de Trombas” ou ao proibir intercâmbios comerciais, não nos mostra o que os posseiros faziam,
mas o que quem escreveu o texto pensava que os comunistas seriam capazes de fazer. Já no
segundo texto, por exemplo, ao proibir a venda das terras ocupadas defender a legalização
das uniões existentes demonstra claramente o caminho do que os organizadores da ocupação
pensaram deveria ser feito.
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 9 – Movimentos Camponeses na Experiência Democrática de 1945 a 1964 (segunda parte)
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Conferência. Embora fosse organizada pelo PCB, que permanecia
ilegal, a conferência ocorreu num contexto mais favorável.
Acontecendo entre 19 e 21 de setembro, o encontro beneficiou-se
do suicídio de Vargas e das eleições estaduais, e parlamentares
marcadas para 3 de outubro. Diversas lideranças políticas
disputavam o espólio de Vargas e, para tanto apoiar a realização
de um encontro de trabalhadores agrícolas seria uma alternativa.
Apesar da crescente urbanização, o voto rural poderia ser decisivo
em determinadas disputas eleitorais. Daí o então prefeito de São
Paulo, Janio Quadros, candidato a governador, ceder o parque do
Ibirapuera, e o governador Lucas Garcês interessar-se em fornecer
transporte e alimentos aos congressistas.
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 9 – Movimentos Camponeses na Experiência Democrática de 1945 a 1964 (segunda parte)
Relatório de Kruchev
Em fevereiro de 1956, o novo secretário-geral
do Partido Comunista da União Soviética, Nikita
Kruchev, divulgou um dossiê denunciando incon-
táveis massacres promovidos a mando de Joseph
Stalin, o antigo secretário-geral, falecido em 1953. O
secretário-geral do Partido era o cargo mais alto na
estrutura de poder soviética, já que só existia legal-
mente o Partido Comunista.
A denúncia provocou rupturas nos partidos comunistas
de todo planeta. Houve aqueles que se afastaram do
PC, existiram os que se mantiveram no partido seguin-
do a linha de Kruchev, que pregava a renovação, e
os que ficaram fieis à antiga linha stalinista. No Brasil,
temos no primeiro grupo, intelectuais como Jorge Ama-
do, no segundo dirigentes como Luiz Carlos Prestes
e no terceiro elementos como João Amazonas, que
fundaria o PCDOB.
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Aula 9 – Movimentos Camponeses na Experiência Democrática de 1945 a 1964 (segunda parte)
Novos Ventos
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Aula 9 – Movimentos Camponeses na Experiência Democrática de 1945 a 1964 (segunda parte)
CONCLUSÃO
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Atividade Final
Atende ao Objetivo 2.
Leia o extrato do Texto de Welch sobre o Estatuto do Trabalhador Rural e depois faça uma
avaliação de como esse estatuto poderia impactar as relações sociais no campo de acordo
com a visão dos fazendeiros.
(...) O Estatuto do Trabalhador Rural (ETR) criava uma estrutura, que dava mais poder
ao camponês através da sindicalização (...).
Em 1944, a SRB apoiou o decreto de sindicalização rural, desde que ele não previsse
instrumentos para a arrecadação de fundos, essencialmente impossibilitando as
organizações camponesas. Mas o ETR previa o imposto sindical, que custeava os
sindicatos através do pagamento de um dia-salário por ano por trabalhador dentro
da jurisdição do sindicato, mesmo para os que não pertenciam à organização (artigo
135). (...) Para os trabalhadores, a nova lei agrupava e expandia uma grande
variedade de direitos e deveres já existentes, fazendo com que se adequassem às
realidades agrárias mais especificamente do que nas definições da CLT. Essas questões
incluíam o direito a férias remuneradas (artigos 43-48), aviso prévio (artigos 90-94),
descanso semanal (artigo 42), contratos individuais (Título IV) e coletivos (Título V). Os
fazendeiros haviam conseguido até então evitar que os trabalhadores rurais tivessem
uma carteira profissional, mas o ETR ordenava que ela fosse distribuída gratuitamente
para todos os trabalhadores maiores de 14 anos (artigos 11-24). De posse da carteira
de trabalho, todos os trabalhadores teriam uma cópia de seu contrato de trabalho, e
das leis aplicáveis, assim como um histórico de sua vida profissional.
Digno de nota, o artigo 179 estendia para os trabalhadores rurais as provisões da CLT
não definidas no ETR (...).
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Aula 9 – Movimentos Camponeses na Experiência Democrática de 1945 a 1964 (segunda parte)
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Resposta Comentada
Mais do que uma mudança de caráter econômico e das relações de trabalho o que o ETR punha
em causa era a dominação política do setor proprietário: suas disposições mostravam muito
claramente dois aspectos: em Primeiro lugar a presença da burocracia estatal, como instituição
mediadora. Não era mais pensável, que o fazendeiro, decidisse soberanamente em seu território
o que podia ou não ser realizado. Mais do que isso, a legislação buscava por o camponês em
pé de igualdade com o patrão, forçando-o a negociar, como já se fazia na indústria.
Assim, embora alegassem fatores econômicos, salientando os custos da nova legislação, a
nosso ver, a resistência dos proprietários à aprovação do ETR e depois sua obstinação em tentar
burlá-lo estão fortemente imbricadas à noção de que chamar o roceiro para negociar, era dar
capacidade a quem não tinha, o que só poderia trazer indisciplina, desordem e desarranjo na
produção, e em última instância desemprego para o trabalhador.
Desta forma, os grandes proprietários aglutinados em suas entidades de classe, resistiram por
três décadas ao ETR e depois quando puderam tentaram evitar a qualquer preço sua efetivação,
beneficiando-se depois com a mecanização da lavoura. Se para o proprietário já era impensável
o trabalhador da roça sentar-se à mesa com ele para negociar condições de trabalho, a simples
ideia de que ele pudesse cultivar a terra por seus próprios meios, lhes pareceria, impossível.
323
Proteger a ordem vigente, na visão dos donos da terra era proteger a estrutura social e mesmo
a organização econômica do país. Para eles, não estavam defendendo interesses individuais,
mas de toda coletividade.
Resumo
META
Objetivos
Pré-requisitos
Para melhor compreensão desta aula, é importante que você lembre as Aulas 11 e 12
da disciplina História do Brasil III.
326
Aula 10 – Ditadura: a intervenção nos partidos políticos e a criação da Arena e do MDB
INTRODUÇÃO
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 10 – Ditadura: a intervenção nos partidos políticos e a criação da Arena e do MDB
329
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Posicionamento da UDN
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Aula 10 – Ditadura: a intervenção nos partidos políticos e a criação da Arena e do MDB
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Posicionamento do PTB
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Aula 10 – Ditadura: a intervenção nos partidos políticos e a criação da Arena e do MDB
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 10 – Ditadura: a intervenção nos partidos políticos e a criação da Arena e do MDB
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 10 – Ditadura: a intervenção nos partidos políticos e a criação da Arena e do MDB
Atende ao Objetivo 1
1. Logo após o AI-2, as direções do PSD e do PTB lançaram notas públicas sobre a extinção
de seus respectivos partidos. Faça um texto, comparando as notas e o artigo do Ato
Complementar nº. 4, relativo à reorganização dos partidos políticos.
337
História dos Movimentos Sociais no Brasil
“Em face da expedição, pelo Sr. Presidente da República, do Ato Institucional nº. 2 e
representação feita sob a legenda do Partido Social Democrático para a Câmara dos
Deputados sente-se no dever de definir, perante a Nação, de modo inequívoco, a sua
posição.
Em primeiro lugar, deve ficar claro e insusceptível de dúvida que o Partido não teve
qualquer participação na elaboração do Ato, não lhe deu aquiescência nem tampouco
dele teve ciência prévia.
Nota do PTB
“Os deputados federais eleitos sob a legenda do Partido Trabalhista Brasileiro, diante
da imposição do 2º Ato Institucional, sentem-se no dever de definir junto ao povo a
sua posição de protesto e inconformidade com o estado de exceção ora agravado.
Fazendo-o, mantém-se em fidelidade à luta que vêm sustentando no Parlamento no sentido
da restauração do sistema democrático e na defesa intransigente dos trabalhadores e
das causas nacionais.
338
Aula 10 – Ditadura: a intervenção nos partidos políticos e a criação da Arena e do MDB
Entretanto, não podemos cair num conformismo que seria a negação de nossa conduta,
nem coonestar com uma oposição consentida neste regime de exceção.
Inconformados com a extinção, por força daquele Ato, do Partido Trabalhista Brasileiro,
reafirmamos a nossa inabalável fidelidade aos seus princípios, que não podem ser
extintos porque correspondem aos ideais de um Brasil livre e soberano que é a razão
de luta do povo brasileiro” (Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 28/10/1965, p. 16).
Art. 13º. Os nomes, siglas, legendas e símbolos dos partidos extintos não
poderão ser usados para designação das organizações de que
trata este Ato, nem utilizados para fins de propaganda escrita ou falada.
Parágrafo único. É vedada a designação ou denominação partidária, bem como a
solicitação de adeptos, com base em credos religiosos ou em sentimentos regionalistas
de classe ou de raça”. (http://www2.camara.leg.br/legin/fed/atocom/1960-1969/
atocomplementar-4-20-novembro-1965-351199-publicacaooriginal-1-pe.html)
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Resposta comentada
As notas públicas do PSD e do PTB podem ser consideradas verdadeiros manifestos em que
as direções partidárias denunciam o caráter autoritário do Ato Institucional nº. 2. Afirmam seu
protesto, a ausência de consulta prévia e concordância com a extinção de suas organizações,
então com cerca de vinte anos. De acordo mesmo com o perfil político-ideológico de cada
um, o PSD destaca que não faltou ao diálogo com o governo, enquanto o PTB enfatiza a
impossibilidade de continuar fazendo oposição em um estado de exceção. Ambas as direções
procuram, de certa maneira, prestar contas aos seus eleitores, enfatizando seus compromissos
e tradições. O PSD lembra a sua “vocação de servir ao Brasil e ao seu destino de baluartes
do regime republicano e federativo”. O PTB reafirma sua fidelidade à luta pela democracia e
a “defesa intransigente dos trabalhadores e das causas nacionais”. Em contrapartida, o Ato
Complementar nº. 4, ao proibir que as novas organizações partidárias tivessem as mesmas
legendas dos partidos extintos, indica o reconhecimento do valor simbólico das siglas. Ao proibir
sua continuidade, o AC-4 tinha o sentido de procurar desfazer não só a estrutura partidária,
mas, inclusive, os laços simbólicos entre trabalhistas, pessedistas e seus respectivos eleitorados.
340
Aula 10 – Ditadura: a intervenção nos partidos políticos e a criação da Arena e do MDB
Brancos/
Ano Arena MDB Total
Nulos
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 10 – Ditadura: a intervenção nos partidos políticos e a criação da Arena e do MDB
Os novos partidos
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 10 – Ditadura: a intervenção nos partidos políticos e a criação da Arena e do MDB
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Atende ao Objetivo 2
2. Muitos estudos sobre a Arena e o MDB destacam a ideia de artificialidade dos partidos
criados em 1965, devido à diversidade de origens partidárias dos membros da Arena e
do MDB. Apresente os principais argumentos presentes na literatura comentada na aula
e responda se, naquela conjuntura, a organização dos partidos poderia ter ocorrido de
outra maneira.
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Aula 10 – Ditadura: a intervenção nos partidos políticos e a criação da Arena e do MDB
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Resposta Comentada
Nos estudos sobre partidos políticos na ditadura civil-militar de 1964, os cientistas políticos
destacavam que Arena e MDB não cumpriam as atribuições esperadas por partidos, não
participavam de processos decisórios centrais nem da elaboração de políticas públicas; eram
impotentes. Também consideravam que a diversidade de origem partidária na Arena e no MDB
era um indicativo de ausência de clareza ideológica e representatividade dos partidos extintos.
Os historiadores têm procurado contextualizar a extinção dos partidos pelo AI-2, a formação
e atuação do Arena e do MDB. Os partidos em atividade desde 1945 foram extintos por
uma medida autoritária durante a ditadura. Os políticos que não foram cassados e decidiram
permanecer na vida pública foram obrigados a se reorganizar em apenas duas legendas; diante
da diversidade de partidos no período anterior, não poderia ser diferente. O interessante no
estudo dos partidos políticos em estados de exceção é justamente conhecer as peculiaridades
de sua condição, as restrições impostas e as estratégias de sobrevivência de seus membros:
as dificuldades da Arena em participar do governo, mesmo sendo o partido governista, e os
desafios do MDB na organização de uma frente pelo fim da ditadura.
347
História dos Movimentos Sociais no Brasil
348
Aula 10 – Ditadura: a intervenção nos partidos políticos e a criação da Arena e do MDB
UDN 86 9 95
PSD 78 43 121
PTB 38 78 116
PSP 18 2 20
PDC 13 6 19
PTN 8 4 12
PRP 5 — 5
PR 4 — 4
PL 3 — 3
PST 2 — 2
PRT 2 2 4
MTR — 3 3
PSB — 2 2
349
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Quadro 10.1: Trajetória política dos membros do Diretório Nacional da Arena, 1966.
Joaquim Santos
PI UDN senador (1958)
Parente
350
Aula 10 – Ditadura: a intervenção nos partidos políticos e a criação da Arena e do MDB
351
História dos Movimentos Sociais no Brasil
352
Aula 10 – Ditadura: a intervenção nos partidos políticos e a criação da Arena e do MDB
353
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Tabela 10.3: As origens partidárias dos membros do Diretório Nacional da Arena, 1966
22 19 5 3 2 2 1 1 1 56
354
Aula 10 – Ditadura: a intervenção nos partidos políticos e a criação da Arena e do MDB
355
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Questões regionais
356
Aula 10 – Ditadura: a intervenção nos partidos políticos e a criação da Arena e do MDB
357
História dos Movimentos Sociais no Brasil
358
Aula 10 – Ditadura: a intervenção nos partidos políticos e a criação da Arena e do MDB
Atende ao Objetivo 3
359
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Quadro 10.2: Trajetória política dos candidatos da Arena ao Senado Federal nas eleições de 1966.
partido
Estado Senador suplente Trajetória política
de origem
Edgard Pedreira Cerqueira Filho militar
AC
Evilásio de Araújo Maia governador (1964)
interventor (1930)
constituinte (1934)
Álvaro Botelho Maia PSD governador (1935)
AM
Flávio Costa Brito interventor (1937)
constituinte (1946)
senador (1946)
Vivaldo Lima Filho*
AM PTB
Ney Rayol
Jarbas Passarinho
PA UDN* militar
Milton Trindade
Teotônio Vilela UDN deputado estadual (1954)
AL
Arnaldo Pinto Guedes de Paiva vice-governador (1960)
constituinte (1934)
Aloísio de Carvalho Filho* UDN deputado (1935)
BA
Antonio Silva Fernandes PSD constituinte (1946)
senador (1946)
constituinte (1946)
Paulo Sarazate UDN deputado (1946)
CE
Valdemar de Alcântara PSD governador (1955)
deputado (1958)
ClodomirMillet
MA PSP deputado (1950)
Achiles de Almeida Cruz
Eugênio Barros*
MA PST/PSD
José S. Machado
Aluísio Afonso Campos deputado estadual (1934)
PB
Américo Maia deputado estadual (1951)
deputado (1935)
constituinte (1946)
João Cleofas UDN
PE deputado (1946)
José do Rego Maciel PSD
ministro da Agricultura (1951)
deputado (1954, 1958)
deputado estadual (1954)
Petrônio Portela UDN
PI prefeito (1958)
Benoni Portela Leal
governador (1962)
Francisco Duarte Filho UDN/PDC
RN
Luiz Gonzaga de Barros UDN/PST
constituinte (1935)
senador (1935)
Leandro Maciel UDN
SE constituinte (1946)
Gonçalo Rollemberg da Cruz Prado
deputado (1946, 1950)
governador (1955)
360
Aula 10 – Ditadura: a intervenção nos partidos políticos e a criação da Arena e do MDB
* Candidatos à reeleição
361
História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Resposta Comentada
Na experiência republicana inaugurada em 1889, o cargo de senador da República sempre
foi estratégico e considerado lugar de prestígio na trajetória de políticos profissionais. Durante
a ditadura instaurada em 1964, os senadores perderam prerrogativas devido a sucessivos atos
institucionais que concentraram o poder no Executivo. No entanto, com o fim das eleições diretas
para presidente da República e para governadores de estado, o cargo de senador continuou
estratégico para quem pretendia continuar na vida política profissional, então bastante limitada,
de maneira que as bases históricas da Arena podem ser analisadas através das trajetórias
de candidatos ao senado pelo partido, uma vez que apenas lideranças de peso ou políticos
apoiados por correntes significativas do partido conseguiam ser candidatos. De acordo com
o quadro apresentado, a maioria dos candidatos da Arena ao Senado tinha longa trajetória
política partidária, eles exerceram vários mandatos eletivos antes da ditadura, foram deputados,
senadores ou governadores. Os dados também indicam que a Arena foi formada principalmente
por membros dos dois maiores partidos conservadores em atividade até 1965, o PSD e a UDN.
Poucos candidatos eram militares e não possuíam experiência política partidária.
362
Aula 10 – Ditadura: a intervenção nos partidos políticos e a criação da Arena e do MDB
CONCLUSÃO
Atividade Final
O correligionário que esta lhe escreve é arenista desde as primeiras horas, revolucionário
de 64, ingressei na Arena, não apenas por ser o partido da revolução, mas sim, porque
sempre fui contra o comunismo, a anarquia e a corrupção, razão pela qual consenti
que minha esposa saísse em companhia de minhas cunhadas na passeata que deu
início à revolução de 64, ‘COM DEUS, PÁTRIA E FAMÍLIA’, tomei parte em todas as
363
História dos Movimentos Sociais no Brasil
campanhas da Arena, mesmo não sendo candidato, não só aqui nesta cidade, como
em diversos municípios pelo litoral, como Praia Grande, Itanhaem, Itariri, Toledo e
outros, sempre às minhas próprias expensas, em meu pequeno escritório nesta cidade
foi sempre comitê de candidatos da Arena sem que eles pedissem [...]. (Arquivo do
Diretório Nacional da Arena, CPDOC/FGV, 68.08.31 cor/cg).
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Resposta Comentada
Apesar da intervenção da ditadura nos partidos políticos em 1965 e a imposição da criação
de apenas dois partidos, as novas organizações eram representativas de setores da sociedade.
No texto acima, o trecho de uma carta enviada por um correligionário da Arena ao Diretório
Nacional, encontramos um bom exemplo. O simpatizante da Arena identifica-se como um
arenista das “primeiras horas” e um revolucionário de 1964; enumera os motivos que levaram
muitas pessoas a apoiar o golpe de estado, como o anticomunismo e a ideia de que uma
ditadura poderia acabar com a corrupção. As correspondências de pessoas narrando suas
iniciativas de apoio ao partido governista mostram que quem dava vida, fazia o partido existir
em municípios espalhados por todo o território nacional, não eram burocratas nem militares,
eram setores da sociedade civil. Daí, a importância da reflexão sobre as relações entre Estado,
ditadura e sociedade através de partidos políticos.
364
Aula 10 – Ditadura: a intervenção nos partidos políticos e a criação da Arena e do MDB
RESUMO
365
Aula 11
A ditadura: a
intervenção nos
sindicatos e os seus
desdobramentos
no movimento
operário (1964-
1979)
Lucia Grinberg
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Meta
Objetivos
Pré-requisitos
Para que você compreenda melhor esta aula, é importante que relembre a Aula10 de
História do Brasil III sobre o governo João Goulart e o golpe de 1964.
368
Aula 11 – A ditadura: a intervenção nos sindicatos e os seus desdobramentos no movimento operário (1964-1979)
Introdução
369
História dos Movimentos Sociais no Brasil
370
Aula 11 – A ditadura: a intervenção nos sindicatos e os seus desdobramentos no movimento operário (1964-1979)
371
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Figura 12.2: Algumas das principais lideranças políticas e sociais a terem seus direitos políticos suspensos em 1964.
Fontes: Bundesarchiv, Bild 183-13290-0017 / CC-BY-SA 3.0, By Governo do Brasil (Galeria de Presidentes) [Publicdomain] /
http://institutomiguelarraes.com.br/ Assembleia Legislativa do RS/Memorial do Legislativo / Memorial das Ligas Camponesas
/ Arquivo Aline Moura/ Acervo IFCS – UFRJ/ Folhapress / PCB.org.br / PCB.org.
372
Aula 11 – A ditadura: a intervenção nos sindicatos e os seus desdobramentos no movimento operário (1964-1979)
373
História dos Movimentos Sociais no Brasil
374
Aula 11 – A ditadura: a intervenção nos sindicatos e os seus desdobramentos no movimento operário (1964-1979)
375
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Atende ao Objetivo 1
1. Leia com atenção a lista das pessoas atingidas com suspensão de direitos políticos e
cassação de mandatos eletivos em 10 de abril de 1964. Compare as trajetórias de quatro
lideranças políticas. Você pode pesquisar no Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro on-
line: http://cpdoc.fgv.br/acervo/dhbb
Figura 12.4: Lista das pessoas atingidas com suspensão de direitos políticos e
cassação de mandatos eletivos em 10 de abril de 1964
Fonte: Atos do comando supremo da revolução. Diário Oficial, Brasília, 10 de abril de 1964.
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Aula 11 – A ditadura: a intervenção nos sindicatos e os seus desdobramentos no movimento operário (1964-1979)
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Resposta Comentada
A pesquisa das trajetórias políticas das pessoas que tiveram seus direitos políticos suspensos
e/ou mandatos eletivos cassados logo em abril de 1964mostra um perfil comum à maioria.
Eram principalmente parlamentares e sindicalistas filiados ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB)
ou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) que, mesmo tendo seu registro cancelado na Justiça
em 1947, continuava sendo uma organização atuante no cenário nacional. Eram homens que
procuravamampliar os direitos dos trabalhadores com a aprovação de novas leis, através dos
canais institucionais apropriados em regimes democráticos, partidos políticos e sindicatos de
trabalhadores. A maior parte das lideranças tinha longa trajetória política, pelo menos desde
a redemocratização de 1945.
377
História dos Movimentos Sociais no Brasil
O Massacre de Ipatinga
Em 7 de outubro de 1963, ocorreu em
Minas Gerais um incidente conhecido como
Massacre de Ipatinga. Em 2013, após 50 anos,
a Comissão Nacional da Verdade organizou uma
audiência pública para ouvir depoimentos de operários
que, na época, trabalhavam na Usiminas.
http://www.encontro2010.historiaoral.org.
br/resources/anais/2/1270359016_ARQUIVO_
NAOFOIPORACASO-MarcelodeFreitasAssisRocha.pdf
378
Aula 11 – A ditadura: a intervenção nos sindicatos e os seus desdobramentos no movimento operário (1964-1979)
379
História dos Movimentos Sociais no Brasil
380
Aula 11 – A ditadura: a intervenção nos sindicatos e os seus desdobramentos no movimento operário (1964-1979)
Tensão na Praça da Sé
No dia primeiro de maio de 1968, a comemo-
ração do Dia do Trabalhador se transformou num
violento embate entre manifestantes e as forças do
Governo. Veja a matéria abaixo publicada em O Globo:
381
História dos Movimentos Sociais no Brasil
NO DOPS
382
Aula 11 – A ditadura: a intervenção nos sindicatos e os seus desdobramentos no movimento operário (1964-1979)
383
História dos Movimentos Sociais no Brasil
384
Aula 11 – A ditadura: a intervenção nos sindicatos e os seus desdobramentos no movimento operário (1964-1979)
385
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Atende ao Objetivo 2
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Aula 11 – A ditadura: a intervenção nos sindicatos e os seus desdobramentos no movimento operário (1964-1979)
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Resposta Comentada
O movimento operário em Osasco se caracterizou pela organização de comissões de fábrica
(legais e clandestinas), pelo reconhecimento do sindicato como um instrumento de luta importante
na conquista de direitos do trabalho, mas almejavam igualmente participar da vida pública
nacional de maneira mais ampla, fazendo oposição à ditadura. O chamado “grupo de esquerda”
se caracterizou pela troca de experiências entre operários e estudantes, especialmente entre
organizações estudantis de combate à ditadura, como a Ação Popular (AP), a Organização
Revolucionária Marxista-Política Operária (ORM-POLOP) e o Partido Operário Comunista (POC).
387
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Metodologias de Pesquisa
De acordo com o sociólogo José Ricardo
Ramalho, a censura à grande imprensa impedia
a divulgação dos inúmeros conflitos que ocorriam
dentro das fábricas.Era através de publicações dos
próprios movimentos de trabalhadores, de organizações
não-governamentaise de pastorais operárias que os
relatos sobre paralisações e operações de boicote
à produção realizados pelos trabalhadores foram
divulgados (RAMALHO, p. 141).
388
Aula 11 – A ditadura: a intervenção nos sindicatos e os seus desdobramentos no movimento operário (1964-1979)
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 11 – A ditadura: a intervenção nos sindicatos e os seus desdobramentos no movimento operário (1964-1979)
391
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Memórias Reveladas
Durante a ditadura, os DOPs de cada estado e
as agências do Serviço Nacional de Informações
(SNI) investigavam não só políticos e estudantes,
mas igualmente trabalhadores que militavam nos sindi-
catos de suas categorias.
A partir dos anos 1990, com a redemocratização
e a extinção desses órgãos, teve lugar uma disputa
pela documentação produzida durante a ditadura. Há
acervos com paradeiro desconhecido até hoje, outros
foram queimados para que não se pudesse conhecer
todas as ações das polícias políticas em tempos de
exceção. Mas, ainda assim, alguns acervos foram
transferidos para arquivos públicos, para os arquivos
estaduais e para o Arquivo Nacional.
Você pode encontrar documentos relativos à repressão
aos trabalhadores na base de dados Memórias Revela-
das – Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil
(1964 – 1985), uma iniciativa do Arquivo Nacional.
Visite o portal:
http://www.memoriasreveladas.arquivonacional.gov.
br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home
392
Aula 11 – A ditadura: a intervenção nos sindicatos e os seus desdobramentos no movimento operário (1964-1979)
DIEESE
CONCLUSÃO
393
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Atividade Final
Atende ao Objetivo 3
Em 1964, o então jovem cineasta Eduardo Coutinho partiu rumo ao Nordeste no âmbito do
Centro Popular de Cultura (CPC) para documentar a vida e a luta dos trabalhadores rurais
de Pernambuco. Surpreendido pelo golpe no início das filmagens, teve que interromper o
projeto durante toda a ditadura, afinal, retomado com a democratização. O resultado final é
Cabra Marcado para Morrer, um belo documentário premiado sobre as Ligas Camponesas
e a repressão que atingiu os trabalhadores engajados naquele movimento.
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Aula 11 – A ditadura: a intervenção nos sindicatos e os seus desdobramentos no movimento operário (1964-1979)
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Resposta Comentada
A comparação entre os dois documentários permite, de certa maneira, conhecermos um pouco
da trajetória do diretor de cinema Eduardo Coutinho, assim como da história do movimento de
trabalhadores no país nas últimas décadas. Os dois documentários se caracterizam especialmente
por apresentarem depoimentos de trabalhadores sobre a sua militância por melhores condições
de vida e trabalho. Como os historiadores do movimento operário e sindical, orientados pela
perspectiva da história social inglesa de Edward Thompson, Eduardo Coutinho procura entrar
395
História dos Movimentos Sociais no Brasil
RESUMO
396
Aula 12
Os trabalhadores
rurais: da ditadura
militar às lutas
contemporâneas
(Primeira parte)
Vanderlei Vazelesk Ribeiro
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Meta
Objetivos
398
Aula 12 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Primeira parte)
INTRODUÇÃO
Por um pedaço de terra
e por meios para cultivá-la
399
História dos Movimentos Sociais no Brasil
400
Aula 12 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Primeira parte)
401
História dos Movimentos Sociais no Brasil
A CONTAG
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Aula 12 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Primeira parte)
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 12 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Primeira parte)
405
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Estatuto da Terra
O Estatuto da Terra, Lei nº 4504, foi promulga-
do em 30 de novembro de 1964. Na parte que
dizia respeito à reforma agrária, previa a desa-
propriação como meio principal para a obtenção
de terras, o pagamento em títulos da dívida agrária
pela terra desapropriada, a tributação progressiva
para quem não utilizasse a terra, o cadastramento
dos imóveis rurais para discriminar o que era ou não
era público, a elaboração de plano nacional e planos
regionais de reforma, bem como a participação de
trabalhadores nas comissões agrárias, que se forma-
riam nas áreas declaradas prioritárias. Além disso, do
cadastro resultaria o zoneamento econômico com a
definição do módulo fiscal, ou seja, uma propriedade
média, considerada tamanho ideal para cada região.
Quem tivesse seiscentas vezes esta propriedade ou não
explorasse a área adequadamente poderia perdê-la.
Para realizar a reforma foi criado o Instituto Brasileiro
de Reforma Agrária (Ibra), enquanto a parte vinculada
ao desenvolvimento rural seria efetivada pelo Instituto
Nacional de Desenvolvimento Agrário (Inda). O Ibra,
criado em 1965, sofreu uma intervenção três anos
depois, devido à corrupção. Os dois órgãos foram
fundidos no Instituto Nacional de Colonização
406
Aula 12 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Primeira parte)
407
História dos Movimentos Sociais no Brasil
408
Aula 12 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Primeira parte)
Rodovia Transamazônica
Foi uma das muitas obras polêmicas do go-
verno chefiado pelo general Emílio Médici. Se
obras como a Ponte Rio-Niterói tiveram utilidade,
a Transamazônica gastou recursos enormes não só
em dinheiro, mas também em vidas humanas. Fossem
trabalhadores afetados por doenças, fossem indí-
genas que perdiam suas terras e eram enfrentados
por trabalhadores, ou ainda populações locais, que
tentaram embarcar no sonho da terra própria. Como
veremos na Aula 13, também muitos gaúchos e
nordestinos, que se deslocaram para a região, viram
seus sonhos desmontados ao perderem as terras que
desbravaram, para grileiros. Pior ainda: a estrada
não foi concluída, e as obras necessárias ao seu
aperfeiçoamento não se realizaram!
409
História dos Movimentos Sociais no Brasil
410
Aula 12 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Primeira parte)
Guerrilha do Araguaia
Assim é conhecido o confronto armado entre
militantes do Partido Comunista do Brasil e as
forças armadas, ocorrido entre abril de 1972 e
outubro de 1974. O PCdoB tentou fazer do confli-
to o ponto de partida para a Revolução socialista no
Brasil. Camponeses não envolvidos com o movimento
foram torturados e mortos por agentes do Estado. Os
corpos dos guerrilheiros encontram-se nas listas de
desaparecidos da Comissão de Mortos e Desapareci-
dos da Ditadura Militar.
411
História dos Movimentos Sociais no Brasil
412
Aula 12 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Primeira parte)
Lei do sítio
O Estatuto da Lavoura Canavieira, decretado
durante o Estado Novo, em 1941, determinava
que os trabalhadores da lavoura canavieira tives-
sem direito a dois hectares de terra para cultivar
plantas de subsistência e criar animais, como galinhas
e porcos, que completariam sua alimentação. Daí, o
Segundo Congresso da Contag reivindicar sua exten-
são a outras regiões do país. Vale lembrar que, no
início dos anos 1970, era cada vez mais raro haver
o morador de condição, ou seja, aquele que morava
na fazenda onde trabalhava. Cada vez mais, havia o
trabalhador temporário.
413
História dos Movimentos Sociais no Brasil
414
Aula 12 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Primeira parte)
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 12 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Primeira parte)
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 12 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Primeira parte)
419
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Atende ao Objetivo 1
I Congresso – 1966
● Estabilidade no Emprego;
● Regulamentação do Estatuto do Trabalhador Rural;
● Regulamentação do Estatuto da Terra;
● Participação em órgãos da Justiça do Trabalho;
● Participação no Conselho Técnico do Ibra;
● Que o Ibra caracterize mais áreas como prioritárias para a reforma agrária;
● Mais desapropriações;
● Alocação dos trabalhadores despejados nas regiões onde se localizam as terras
desapropriadas;
● Regulamentação da Previdência Social;
● Reconhecimento do direito de preferência do arrendatário na renovação de contratos;
● Indenização por benfeitorias que o arrendatário tenha feito.
II Congresso – 1973
420
Aula 12 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Primeira parte)
IV Congresso - 1985
● Direito à greve;
● Direitos previdenciários;
● Política agrícola para pequenos agricultores;
● Desapropriação de empresas rurais;
421
História dos Movimentos Sociais no Brasil
422
Aula 12 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Primeira parte)
Resposta Comentada
Como podemos perceber, as reivindicações variam de época para época, mas existem temas
recorrentes. A realização de uma reforma agrária com base no Estatuto da Terra é permanente
desde o primeiro congresso. Há temas que somem, por mudanças na conjuntura. A estabilidade
no emprego, por exemplo, existiu para os trabalhadores da iniciativa privada entre a decretação
da CLT, em 1943, e a criação do Fundo de Garantia sobre o Tempo de Serviço, em 1966.
Assim, em 1966, ainda tinha sentido reivindicar a estabilidade.
Chama a atenção o fato de, em 1973, embora não se peçam mudanças no Estatuto da Terra,
se reivindique que os beneficiários da reforma agrária permaneçam em sua região, questionando
a proposta governamental de encher a Amazônia com gaúchos e nordestinos.
O Congresso de 1979 mostra uma radicalização, ao propor área máxima não medida
pelos complexos módulos fiscais pensados no Estatuto da Terra, mas em hectares, algo bem
mais prático.
Já o Congresso de 1985 mostrava a influência do MST, quando se tenta quebrar um dos
principais elos do Estatuto da Terra, ao propor-se desapropriação de empresas rurais, modelo
privilegiado durante a ditadura militar.
Outro tema importante, que ganha expressão a partir de 1979, é a questão do apoio ao
pequeno produtor. A Contag disputou com a Confederação Nacional de Agricultura e com a
União Democrática Ruralista, duas entidades patronais, sua representação, e não podia perdê-
la. Mais tarde, esta disputa se intensificou com movimentos de base, como o Movimento dos
Pequenos Agricultores e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar.
De tudo até aqui exposto, podemos perceber que a reforma agrária foi o principal eixo de
atuação, não de uma diretoria encastelada no Rio de Janeiro, e mais tarde em Brasília, mas
vinha das bases da entidade.
423
História dos Movimentos Sociais no Brasil
424
Aula 12 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Primeira parte)
José Gomes da
Silva (1924-1996)
Engenheiro agrônomo
nascido em Ribeirão
Preto. Ajudou a
introduzir a soja no
Brasil ao atuar como
fazendeiro; sua atuação
mais conhecida,
entretanto, foi como
técnico: lutou por uma
reforma agrária que
multiplicasse o número
de proprietários rurais.
Em 1961, participou
da elaboração do
Figura 12.7: A Contag apoiou a candidatura de Tancredo Neves, e a equipe
projeto de lei de revisão
indicada por ele foi mantida por José Sarney.
agrária, sob a liderança
Fonte: Agência Brasil - Official Brazilian President Gallery, CC BY 3.0 br, https://commons.
wikimedia.org/w/index.php?curid=53589814;- Agência Senado [1], CC BY 3.0 br, do governador de São
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=1701228. Paulo, Carvalho Pinto.
Em 1964, foi liderança
na elaboração do
anteprojeto de Estatuto
Foi criado um Ministério da Reforma Agrária e, no Incra, da Terra. Ao ver que a
uma equipe, liderada por José Gomes da Silva, seria composta parte relativa à reforma
agrária não avançava,
de indivíduos muito identificados com a causa da reforma agrária.
fundou a Associação
No IV Congresso da Contag, no qual a direção sofria forte Brasileira de Reforma
Agrária, organização
oposição de setores ligados ao MST, o Ministro Nelson Ribeiro,
não governamental
levando uma panela furada de balas, apresentou a Proposta de que atuou firmemente
Plano Nacional de Reforma Agrária. Era a tentativa de implementar durante a ditadura
o Estatuto da Terra, que lideranças do MST já consideravam civil-militar. Em 1985,
foi, por seis meses,
ultrapassado, por exemplo, por preservar as empresas rurais.
presidente do Incra,
A proposta, entre outras coisas, defendia: deixando o órgão ao
ver descaracterizada
● a desapropriação, como principal meio para obtenção de terras; sua proposta de
reforma agrária.
● a ampla investigação sobre os incentivos fiscais na Amazônia e
Finalmente, fez parte da
a reversão das áreas não utilizadas ao poder público; elaboração de planos
de reforma agrária
● a suspensão dos projetos de colonização;
do candidato Lula em
● a desativação das milícias privadas; 1994.
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 12 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Primeira parte)
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Plano Cruzado
O período entre 1980 e 1994 foi marcado por
uma inflação extremamente elevada. Para se ter
uma ideia, o índice, em 1989, foi superior a dois
mil por cento ao ano. Vale lembrar que esse fenô-
meno atingia outros países latino-americanos, como
a Argentina, a Bolívia e o Peru. A partir de 1986, o
governo Sarney tentou, por diversas vezes, medidas
de combate à inflação. Normalmente, era adotado o
congelamento de preços e salários, mas esta medida
não funcionava, pois o governo não teria condição de
fiscalizar os preços num país de dimensões continen-
tais e, rapidamente, a inflação retornava. Esta primei-
ra tentativa ficou conhecida como Plano Cruzado, em
virtude do nome da moeda que substituiria o antigo
cruzeiro. Não é demais lembrar que em novos planos
de estabilização, a moeda mudava novamente de
nome: cruzado novo, cruzeiro, cruzeiro-real e, final-
mente, real.
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Aula 12 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Primeira parte)
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Neoliberalismo
O neoliberalismo é uma ideologia desenvol-
vida a partir de estudiosos, como o austríaco
Von Hayec e o estadunidense Milton Freedman.
Segundo seus formuladores, o Estado deve retirar-
-se, ao máximo possível, das relações econômicas,
deixando espaço para que o mercado regule quase
todas essas atividades. Para estes autores, empresas
públicas ou a intervenção estatal em relações traba-
lhistas são meios de distorcer o mercado, retirando
a liberdade do cidadão. Este, ou fica dependente
do Estado, se trabalhador, ou fica seu escravo, se
proprietário. Pensado nos Estados Unidos e Europa
Ocidental, para combater o que acreditavam ser um
excessivo poder dos sindicatos, na América Latina
voltou-se, principalmente, contra a existência de em-
presas estatais e contra o que aqui temos de legisla-
ção trabalhista. Quanto à reforma agrária, para os
neoliberais, é inaceitável que o Estado desaproprie
terras. Lembremos que o primeiro regime no planeta a
adotar medidas deste corte foi a ditadura terrorista do
general Augusto Pinochet, estabelecida no Chile entre
1973 e 1990.
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Aula 12 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Primeira parte)
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Aula 12 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Primeira parte)
Relações Contag-CUT
A Direção da Contag decidiu não se filiar à
CUT, quando de sua criação em 1983, pois os
cutistas sustentavam, à época, o fim da unicida-
de sindical, ou seja, o dispositivo legal que obriga
a existir apenas um sindicato por município e uma
federação por estado, para cada categoria de traba-
lhadores. Face ao crescimento dos cutistas no meio
agrário, especialmente no Sul, onde se incorporavam
os agricultores familiares, a Contag acaba filiando-se
à CUT em 1995. Entretanto, a polêmica em torno da
unicidade sindical continuaria, já que os cutistas mais
ligados à agricultura familiar fundaram, em 2001, a
Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar
do Sul (Fetraf-Sul) e, em 2004, criaram a Fetraf-Brasil.
A Contag desfiliou-se da CUT em 2009.
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 12 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Primeira parte)
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
José Cruz
Figura 12.10: Marcha das Margaridas
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/foto/2015-08/5a-marcha-das-margaridas,
CC BY 3.0 br, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=42317156
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Aula 12 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Primeira parte)
Conclusão
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Atende ao Objetivo 2
2. Você terá listas de reivindicações elaboradas no Grito da Terra Brasil e na Marcha das
Margaridas.
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Aula 12 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Primeira parte)
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Resposta Comentada
Aqui, reunimos reivindicações do Grito da Terra Brasil e da Marcha das Margaridas, os dois
eventos realizados pela Contag. Repare que as reivindicações estão divididas em dois blocos:
um observando as de caráter mais geral que, de alguma maneira, beneficiariam também a
mulher, mas não são voltadas a ela. A realização de uma reforma agrária poderia beneficiar
muito a mulher, se recordarmos que, em nossos dias, ela é, muitas vezes, detentora do lote,
diferentemente dos anos 1930, quando era vedado que lotes de projetos de colonização lhe
fossem cedidos. Da possibilidade de ser proprietária, também deriva a questão do apoio que
a agricultura familiar tenha maior assistência do poder público, não apenas com o crédito com
juros mais baixos, mas também no apoio à comercialização e numa agricultura produzida com
menos venenos, que antigamente eram chamados de defensivos agrícolas. Aliás, na própria
pauta da Marcha das Margaridas, elas observam o tema do agrotóxico: a mulher pode ser
afetada duas vezes pelo mesmo produto: primeiro, se aplicá-lo no trabalho; depois, quando, por
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Aula 12 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Primeira parte)
Resumo
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 13
Os trabalhadores
rurais: da ditadura
militar às lutas
contemporâneas
(Segunda parte)
Vanderlei Vazelesk Ribeiro
História dos Movimentos Sociais no Brasil
Meta
Objetivos
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Aula 13 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Segunda parte)
Introdução
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 13 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Segunda parte)
Teologia da Libertação
A Teologia da Libertação pode ser definida
como uma interpretação dos evangelhos foca-
da nos problemas sociais e que sustenta que se
pode conseguir uma vida melhor aqui mesmo, sem
precisar esperar um paraíso, depois da morte, como
nas visões tradicionais, desenvolvendo uma vigorosa
crítica ao sistema capitalista e enfatizando a ideia de
comunidade, onde todos poderiam realizar e desen-
volver suas potencialidades, rompendo com o indivi-
dualismo capitalista e beneficiando-se coletivamente.
Teólogos como o frei Leonardo Boff foram vigorosa-
mente censurados pela Congregação da Doutrina da
Fé, comandada pelo então cardeal Joseph Ratzinger,
que veio a se tornar, em 2005, papa Bento XVI. Essa
congregação é o órgão que substituiu o antigo Tribu-
nal da Inquisição. De qualquer modo, a Teologia da
Libertação influenciou diversas comunidades em toda
a América Latina.
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 13 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Segunda parte)
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 13 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Segunda parte)
Questão indígena
Podemos dizer que a luta pela terra no Brasil co-
meça com o processo de conquista que se abate
sobre as populações indígenas. Durante o regime
militar, a ação sobre essas terras fez-se via construção
de estradas, projetos pecuários e outros empreendi-
mentos. A ação do CIMI era fundamental para que os
grupos indígenas se conhecessem entre si, construís-
sem uma identidade própria e revigorassem a luta por
suas terras.
A Constituição de 1988 determinou que se demarcas-
sem todas as terras indígenas - processo que continua
até nossos dias, como vimos a demarcação da reserva
Raposa Serra do Sol em Roraima.
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Roosevelt Pinheiro
Figura 13.2: Lago Caracaranã, na reserva Raposa Serra do Sol
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Raposa sol.JPG
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Aula 13 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Segunda parte)
CNBB
Nesse contexto, uma articulação entre D. Pedro Casaldáliga,
(Conferência
D. Tomás Balduíno, bispo de Goiás Velho, e outros bispos Nacional dos
comprometidos com a questão da terra levou à criação, em junho Bispos do Brasil)
de 1975, da Comissão Pastoral da Terra. Criada em 1952.
Não faz parte da
A Comissão, originalmente, tinha os seguintes objetivos: hierarquia oficial da
Igreja Católica, mas
1. Assumir o compromisso de empenhar-se no processo global
funciona como uma
de reforma agrária, dando cumprimento ao espírito e à letra coordenação entre
do Estatuto da Terra, articulando-se com todas as instituições os bispos e faz a
mediação entre eles
sociais que trabalhassem por esse mesmo objetivo;
e o Vaticano. Cada
2. Criar uma Comissão de Terras que, na qualidade de bispo é responsável
por uma diocese, ou
organismo de caráter oficioso, ligado à CNBB, pudesse
seja, uma divisão
realizar com agilidade o objetivo de interligar, assessorar administrativa da
e dinamizar os que trabalham em favor dos homens sem Igreja Católica.
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 13 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Segunda parte)
Violência no Campo
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Chico Mendes
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Aula 13 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Segunda parte)
Desapropriações
Ocupação de terras
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
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Aula 13 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Segunda parte)
Major Curió
Sebastião Rodrigues
de Moura, Major
Curió, tornou-se
coronel da reserva do
Exército. Durante a
guerrilha do Araguaia,
foi um destacado
agente da repressão.
Em 1980, organizou
o garimpo de Serra
Pelada, pois o governo
Figura 13.2: Governador Amaral de Souza entregando títulos de federal procurava levar
terras na fazenda Macali para lá camponeses
Fonte: Rosa, Marcelo – Encruzilhadas: Acampamentos e Ocupações na sem-terra. No Rio
Fazenda Sarandi: Rio Grande do Sul (1962-1980) In: Sigaud, Lígia - Grande do Sul, ele
Ocupações e acampamento: estudo comparado sobre a sociogênese das
tentou desmontar
mobilizações por reforma agrária no Brasil (Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro
o acampamento,
e Pernambuco) 1960-2000. Rio de Janeiro, Garamong, 2010.
atraindo os
camponeses para
projetos na Bahia,
Centenas de famílias acamparam na Encruzilhada Natalino, Mato Grosso e
Roraima. Em 1982,
município de Ronda Alta. Desta vez, a repressão se fez mais forte:
foi eleito deputado
à medida que o acampamento crescia, o governo intensificava a federal com os votos
repressão. O exército cercou a área sob o comando do Major Curió. dos garimpeiros.
Depois de uma
Apesar do cerco militar e da ameaça de enquadramento de hibernação política,
religiosos na Lei de Segurança Nacional, o fato era que o grupo não se elegeu-se prefeito de
desmobilizava. A causa dos sem-terra começava a ganhar projeção. Curionópolis, antigo
bordel, convertido
No norte do país, os conflitos se multiplicavam: os posseiros em cidade, perto de
reagiam, com o apoio de padres, e, em alguns casos, resistiam de Marabá, que leva seu
nome no ano 2000.
armas na mão. A luta era contra grandes empresas do sul do país;
Reeleito, foi cassado
a Volkswagen, o Bradesco e muitas outras empresas se instalavam em 2008, acusado de
com isenção de impostos, utilizando, inclusive, trabalho escravo. compra de votos.
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Trabalho escravo
Aqui, o link para Notícia de Trabalho Escravo
no Pará. G1 - CIDH condena Brasil por trabalho
escravo em fazenda no Pará:
http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2016/12/
cidh-condena-brasil-por-trabalho-escravo-em-fazenda-
-no-para.html
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Aula 13 – Os trabalhadores rurais: da ditadura militar às lutas contemporâneas (Segunda parte)
(...)
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Atende ao Objetivo 1
Santa Terezinha
Santa Terezinha foi um dos lugares mais prejudicados da região, devido à presença da
COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO DO ARAGUAIA - “CODEARA”, de propriedade
dos Srs. Armando Conde, Carlos Alves Seixas e Luiz Gonzaga Murat, que lá se
estabeleceu em 1966, com o titulo de propriedade de toda aquela área, inclusive a
urbana, numa extensão de 196.497,19 ha. A presença da Companhia veio trazer,
para os pacíficos moradores em número superior a 80 famílias, a intranquilidade e a
insegurança, por causa das atitudes tomadas pela Companhia.
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Resposta comentada
O que se pode perceber aqui é a oposição que o autor estabelece: de um lado, temos pacíficos
posseiros, que procuram tocar sua vida mesmo com toda a dificuldade. Do outro, a companhia
capitalista, alinhada ao poder estadual e federal. Quem se coloca contra é subversivo e logo
corre o risco no contexto de ditadura militar. A situação que D. Pedro Casaldáliga descreve
aqui acontece um pouco por toda parte da Amazônia neste momento. O discurso de um
progresso contra o qual nada se podia fazer, discurso que já vimos na Aula 3, quando o
exército se abateu sobre Canudos, era retomado no meio dos anos 1960, com a proposta de
integrar para não entregar, como se dizia. Assim não se leva em conta as populações locais.
Poderiam ser posseiros, castanheiros, índios, todos tinham de abrir caminho. Mas, diferentemente
de Canudos, mal ou bem, estes que seriam atropelados pelo progresso do fim do século XX
encontraram quem gritasse por eles. No caso amazônico, muitas vezes, foram padres, às vezes
estrangeiros, como o espanhol Casaldáliga. Assim, a luta, mais uma vez, não estava ganha a
priori. Os donos de empresas e a burocracia estatal teriam que disputar, se quisessem vencer.
O tema agrário mesclava-se ao ambiental, ao respeito às culturas indígenas, e ganhava uma
projeção que jamais tivera. Algumas propagandas foram desmentidas pelos fracassos, como a
Transamazônica. Outras foram questionadas na pena de pessoas como D. Pedro Casaldáliga.
Na fase mais violenta do regime, ainda foi possível gritar que algo não ia bem numa parte
esquecida do Brasil. Este grito amazônico seria apenas o ponto de partida para que, nos anos
seguintes, uma parte expressiva da Igreja Católica levantasse a voz contra a injustiça, que
ocorria por toda parte. A articulação da CPT possibilitaria, nos anos 1980, o nascimento do
MST, repondo o tema agrário na ordem do dia.
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Ocupação
A modalidade de ocupação de terras foi desen-
volvida inicialmente a partir das lutas dos cam-
poneses para cultivar terras abandonadas. Do
ponto de vista dos fazendeiros, seriam invasões,
porém não é demais lembrar que a grilagem de terras
(ver Aula 7) é extremamente comum Brasil, o que
significa dizer que, muitas vezes, o invasor é o que se
diz proprietário. Posteriormente, os sem-terra passa-
ram a ocupar prédios públicos, agências do Banco do
Brasil, na luta para obter recursos para cultivo ou, no
primeiro caso, reivindicar a posse da terra.
Hoje, a forma ocupação é adotada por diversos
movimentos sociais, na busca de seus objetivos, como
vimos ano passado em escolas e universidades nos
protestos contra a Reforma do Ensino Médio, desenca-
deada pelo governo do presidente Michel Temer.
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Plano Real
Idealizado por Fernando Henrique Cardoso,
ministro da Fazenda de Itamar Franco, e uma
série de economistas que tinham atuado para
elaborar o Plano Cruzado, o Real foi construído de
maneira gradualista, ao contrário dos congelamentos
dos anos 1980. Primeiro, criou-se a URV (Unidade
Real de Valor), que reajustaria todos os preços e iria
desvalorizando o cruzeiro-real, última das moedas do
ciclo Inflacionário. Esse processo durou cento e vinte
dias até a adoção da moeda.
A lógica do Plano era liberar as importações e manter
as taxas de juros elevadíssimas, para atrair o investi-
mento estrangeiro. Com este investimento especulativo
é que o país importaria. Com a queda da Inflação,
Fernando Henrique fez-se presidente em 1994, derro-
tando a segunda candidatura de Lula.
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Pontal do Paranapanema
Esta região, localizada no extremo-oeste paulis-
ta, limitada com o Paraná e Mato Grosso do Sul,
era antigamente conhecida como Alta Sorocabana,
numa referência à ferrovia que cortava suas cidades.
Uma imensa área grilada, à qual a justiça já dera
ganho de causa ao estado em 1957, era o objeto
de disputa entre fazendeiros de gado e os sem-terra,
que se articulavam em vários movimentos, além do
MST. Estes movimentos - a maioria de base municipal
-, se unificaram em organizações mais amplas, como
o Movimento dos Agricultores Sem-terra, vinculados
direta ou indiretamente ao PSDB. O Pontal, que leva
este nome pelo aspecto geográfico no mapa, seria
uma das mais importantes zonas de conflito do país, e
onde mais gente seria assentada.
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Conclusão
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Atividade Final
Atende ao Objetivo 2
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História dos Movimentos Sociais no Brasil
Adaptado de: Ultimato com Endereço Errado: Jornal o Estado de São Paulo, 14-09-2000.
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Resposta Comentada
O Estado de São Paulo, popularmente conhecido como Estadão, caracteriza-se pela defesa
do setor proprietário paulista desde sua fundação, em 1875, quando ainda era chamado A
Província de São Paulo. Nesse editorial, procura mostrar uma clara noção de fraqueza do governo
federal, que não reprimiria o MST. O Movimento aqui aparece como revolucionário, avesso à
ordem democrática, desrespeitador das leis. O governo federal é vacilante. O governador de
Minas Gerais, Itamar Franco, aparece como um fanfarrão que envia um ultimato ao exército,
que não pode fazer cumprir, Assim, o jornal, defensor dos proprietários, traveste-se de defensor
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Resumo
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489
História dos Movimen-
tos Sociais no Brasil
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