Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de
Oliveira
Pró-reitor:
Prof. Me. Ney Stival
Gestão Educacional:
Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não Diagramação:
vale a pena ser vivida.” Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, Revisão Textual:
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica Felipe Veiga da Fonseca
e profissional, refletindo diretamente em nossa Letícia Toniete Izeppe Bisconcim
vida pessoal e em nossas relações com a socie- Luana Ramos Rocha
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente
e busca por tecnologia, informação e conheci- Produção Audiovisual:
mento advindos de profissionais que possuam Eudes Wilter Pitta Paião
novas habilidades para liderança e sobrevivên- Márcio Alexandre Júnior Lara
cia no mercado de trabalho. Marcus Vinicius Pellegrini
Osmar da Conceição Calisto
De fato, a tecnologia e a comunicação
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas,
Gestão de Produção:
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e
Kamila Ayumi Costa Yoshimura
nos proporcionando momentos inesquecíveis.
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino
Fotos:
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
Shutterstock
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes
atuantes.
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
01
DISCIPLINA:
CIÊNCIAS SOCIAIS
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................4
1 - CONTEXTO HISTÓRICO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS.............................................................................................5
1.1. PARA COMPREENDER AS CIÊNCIAS SOCIAIS................................................................................................8
2 - ÉMILE DURKHEIM E O SUICÍDIO.....................................................................................................................10
3 - NÃO SOMOS IGUAIS: DIVERSIDADE CULTURAL.............................................................................................16
3.1. METODOLOGIA: IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA................................................................................................ 17
3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................................................. 21
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INTRODUÇÃO
“De tudo que existe, nada é tão estranho como as relações humanas,
com suas mudanças, sua extraordinária irracionalidade” (Virginia
Woolf).
As “Ciências Sociais” revelam-se em toda parte, principalmente nas relações sociais que
estabelecemos com os outros seres humanos para garantir nossa sobrevivência. Afirmamos que
cada ser humano é produto e produtor da sua vida social, está inserido em uma determinada
realidade, influenciado por ela. E, embora não aceite, deve reconhecer que não é tão livre como
gostaria de ser.
As Ciências Sociais promovem a solidariedade e o entendimento entre todos os seres
humanos, baseada na compreensão, no respeito às diferenças e na liberdade de todas as pessoas.
Funciona como uma ferramenta reflexiva, que pode ser aplicada em nossa vida, representa um
corpo de conhecimentos e de práticas de investigação sobre as ações humanas, bem como revela
as evidências históricas e busca interpretá-las.
Assim, o exercício em pensar socialmente nos faz entender a vida de um modo mais
completo, influencia e oferece soluções para os problemas e conflitos sociais. O estudo das Ciências
Sociais é um bom guia na luta contra os preconceitos, contra o racismo e falta de diálogo entre
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O mundo, em 1789, era muito diferente, a Europa era essencialmente rural, existia uma
linha divisória que separava as pessoas, separava o campo da cidade. A aparência das pessoas
que moravam nas cidades era fisicamente diferente dos homens do campo. Esses vestiam roupas
diferentes, as atividades eram bem marcadas e as pessoas do campo eram ridicularizadas pelos
moradores das cidades e tratadas como “caipiras da roça”.
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A ciência, hoje, tem um olhar mais específico para cada cultura, cada grupo e
cada indivíduo, rejeitando a antiga concepção de universalidade da história da
humanidade. Consequentemente, as soluções não serão as mesmas, nem mesmo
as soluções técnicas. Surge uma nova visão da história, um novo discurso
que origina outras formas de códigos e de mundo, admitindo uma grande
heterogeneidade (CHINAZZO, 2013, p. 170).
No início, todos os estudos e descobertas feitas pelas Ciências Sociais estavam concentrados
na Sociologia. Naquela época, era considerada uma “ciência enciclopédica, evolucionista e
positiva”, que se ocupava da totalidade da vida social e buscava formular as leis gerais da evolução
social da humanidade. Mas com o passar do tempo e devido à complexidade da sociedade
moderna, a Sociologia, Antropologia, Economia e Política vão desenvolvendo metodologias
próprias e estudos cada vez mais específicos (MARCELINO, 2013).
• CIÊNCIAS POLÍTICAS: a ideia de política está presente desde a Grécia Antiga, porém,
estaremos conceituando no viés da História Moderna. Podemos dizer que as Ciências Políticas
têm como prerrogativa se dedicar às ações políticas presentes nas organizações sociais, ou seja, ver
a política como poder, Estado, gestão pública, formas de governo, processos eleitorais, partidos
políticos, entre outros. Dentre os clássicos das políticas estão:
➢ Nicolau Maquiavel (1469-1527).
➢ Thomas Hobbes (1588-1679).
➢ John Locke (1632-1704).
➢ Jean-Jacques Rousseau (1712-1778).
➢ Immanuel Kant (1724-1804).
➢ Georg Wihlm Friedrich Hegel (1770-1831).
➢ Karl Marx (1818-1883).
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Saint-Simon desenvolveu os estudos sobre a lei dos três estados e defendeu que o objetivo
político do Estado deveria garantir o desenvolvimento da industrialização. Para ele, a sociedade
era um sistema de elementos interdependentes, ideias que irão aparecer nos trabalhos dos seus
discípulos, em especial nas obras de Augusto Comte.
Émile Durkheim nasceu em Épinal, Departamento de Vosges, que fica exatamente entre
a Alsácia e a Lorena, a 15 de abril de 1858, e morreu em 1917. Ele foi indicado para ministrar
aulas de Pedagogia e Ciência Social na Faculdade de Letras de Bordeaux, de 1887 a 1902, onde
organizou o primeiro curso de Sociologia em uma universidade francesa. Mas foi só em 1910
que consegue transformá-la em cátedra de Sociologia. As suas aulas na Sorbonne exigiam um
grande anfiteatro para atender o grande número de alunos. Ele foi o primeiro sociólogo moderno
a explicar o comportamento humano baseado no contexto social das pessoas.
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Para Durkheim, os fatos sociais devem ser estudados como coisas. Eles são fenômenos,
propriedades, são acessíveis pela observação e externos, que podem ser medidos de forma
objetiva.
A proposição segundo a qual os fatos sociais devem ser tratados como coisas –
proposição que está na base de nosso método – é das que mais têm provocado
contradições. Consideraram paradoxal e escandaloso que assimilássemos
às realidades do mundo exterior as do mundo social. Era equivocar-se
singularmente sobre o sentido e o alcance dessa assimilação, cujo objeto não
Os fatos sociais são maneiras de agir, pensar e sentir, com as três características seguintes:
exterioridade, coercitividade e generalidade.
Em relação às condições de vida de cada grupo apresentar diferenças culturais, elas não
são de qualidade nem de nível, mas são próprias das condições de vida de cada sociedade. Ou seja,
não podem ser comparadas como superiores ou inferiores, todas são igualmente importantes,
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Durkheim era discípulo do pensador francês Auguste Comte (1798-1857), que inventou
a palavra sociologia, na perspectiva de desenvolver o estudo da sociedade sobre bases científicas.
Comte nasceu na França, era filho de uma família católica monarquista. Viveu a infância na época
da França napoleônica, estudou na Escola Politécnica e tornou-se discípulo de Saint-Simon,
sofrendo grande influência desse pensador. Desenvolveu os estudos da filosofia positivista,
considerada por ele uma religião e, segundo sua filosofia política, afirmava que a história do
desenvolvimento da humanidade passou por apenas três estágios.
A lei dos três estágios de Comte assinala que as tentativas humanas de entender
o mundo passam por estágios teológicos, metafísicos e positivos. No estágio
teológico, o pensamento era guiado por ideias religiosas e pela crença de que
a sociedade era expressão da vontade divina. No estágio metafísico, que tomou
frente por volta da época da Renascença, a sociedade passou a ser vista em termos
naturais, e não sobrenaturais. O estágio positivo, anunciado pelas descobertas e
realizações de Copérnico, Galileu e Newton, estimulou a aplicação de técnicas
científicas ao mundo social. De acordo com essa visão, Comte considerava a
sociologia como a última ciência a se desenvolver – com base na física, na química
e na biologia – mas também como a mais significativa e complexa de todas as
ciências. Comte queria desenvolver uma ciência da sociedade que pudesse
explicar as leis do mundo social, controlar e prever os acontecimentos sociais, e
assim, ajudar a moldar o nosso destino e melhorar o bem-estar da humanidade.
A visão de Comte para a sociologia era de que ela se tornasse uma “ciência
positiva”. Ele queria que a sociologia aplicasse os mesmos métodos científicos
rigorosos ao estudo da sociedade que os físicos e químicos usam para estudar
o mundo físico. O positivismo sustenta que a ciência deve se preocupar apenas
com entidades observáveis que sejam conhecidas pela experiência direta. Com
base em observações cuidadosas, pode-se inferir leis que expliquem a relação
entre os fenômenos observados. Compreendendo as relações causais entre os
fatos, os cientistas podem então prever como serão os acontecimentos futuros.
Uma abordagem positivista à sociologia visa a produção de conhecimento
sobre a sociedade com base em evidências empíricas obtidas com observação,
comparação e experimentação (GIDDENS, 2012, p. 24).
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Para Durkheim os fatos sociais são difíceis de estudar, para tanto, é preciso abandonar os
preconceitos e ideologias, ter uma mente aberta às evidências e livre das ideias preconcebidas.
Para ele, deveríamos observar os fatos como eles realmente são, e buscar desenvolver os conceitos
e valores que expressam a natureza da vida social.
A obra de Durkheim, O suicídio: estudo de sociologia (1952), define o suicídio como
um fato social que só poderia ser explicado por outros fatos sociais. E, embora essas pessoas
sejam consideradas como indivíduos que estão exercendo o livre arbítrio, elas são influenciadas
e seguem os modelos e padrões sociais da sociedade em que estão inseridas.
O suicídio é uma das principais causas de morte no mundo, com um milhão de óbitos por
ano, cerca de 16 óbitos por 100.000 habitantes, tornando-se um importante problema de saúde
pública. Desde 1960, as taxas de suicídio no Brasil têm contribuído com a situação epidemiológica,
sendo registrada como a terceira causa de óbito por fatores externos identificados: homicídio
(36,4%), óbitos relacionados ao trânsito (29,3%) e suicídio (6,8%) (MACHADO; SANTOS, 2015).
No Brasil, o suicídio é um problema de saúde pública, as maiores causas de suicídio são
enforcamento, lesão por armas de fogo e autointoxicação intencional por pesticidas, equivalente
a 80% dos casos aproximadamente. A mortalidade mais elevada se encontra na região Sul e o
maior crescimento percentual da taxa se encontra na região Nordeste, seguindo a tendência
mundial de que os homens são três vezes mais propensos do que as mulheres a cometer suicídio
(MACHADO; SANTOS, 2015).
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Durkheim, nos seus estudos, argumentou que não existe nada inerentemente des-
viante ou criminoso em qualquer ato. Para entender como a sociedade responde
ao ato praticado: “Não podemos dizer que uma ação abala a consciência comum
porque é criminosa, e sim que é criminosa porque abala a consciência comum”.
Ou seja, nada é criminoso ou digno de condenação, a menos que decidamos que
é.
Assim, toda sociedade identifica os criminosos, em nome da ordem social. Sem-
pre haverá alguns que cruzam os limites e sofrerão sanções dentro do grupo, para
o bem da sociedade. Entretanto, Durkheim introduziu um novo conceito: anomia,
um estado de ausência de normas, que pode ocorrer em momentos de revolução
ou desordens sociais.
Sobre Anomia leia o texto e assista ao vídeo do professor das Neves Bodart, dou-
tor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), no link: <https://www.
cafecomsociologia.com/>.
A visão de Durkheim
Essas observações levaram Durkheim a concluir que existem forças sociais exter-
nas ao indivíduo que afetam as taxas de suicídio. Ele relacionou a sua explicação
à ideia de solidariedade social e a dois tipos de vínculos dentro da sociedade
– integração social e regulação social. Durkheim argumentava que as pessoas
que eram bastante integradas em grupos sociais e cujos desejos e aspirações
eram regulados por normas sociais, eram menos prováveis de cometer suicídio.
Ele identificou quatro tipos de suicídio, segundo a presença ou ausência relativas
de integração e regulação.
Os suicídios egoístas são marcados por pouca integração na sociedade e ocor-
rem quando o indivíduo está isolado ou quando seus laços com o grupo estão
enfraquecidos ou rompidos. Por exemplo, as baixas taxas de suicídio entre os
católicos podem ser explicadas pela força da sua comunidade social, ao passo
que a liberdade pessoal e moral dos protestantes significa que eles “estão sós”
perante Deus.
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Você já parou para observar as pessoas que estão ao nosso redor? Na sala de aula ou
andando nas ruas, qual a primeira ideia que vem à cabeça? “Como elas são diferentes”. Cada
pessoa tem uma aparência única, um modo de falar, os seus gestos próprios, uma maneira de
vestir e andar, é um “tipo diferente de ser”.
Para entender a sociedade e as pessoas com quem convivemos, temos que estudar
Sociologia, uma ciência que pode fornecer preciosas informações, ajudar a desenvolver um novo
entendimento sobre a sociedade e as pessoas. Esta ciência tem por objetivo estudar a interação
social dos seres vivos e diferentes níveis de organização da vida.
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Para todos aqueles que acham que viver a vida de maneira mais consciente vale a
pena, a sociologia é um guia bem-vindo. Embora repouse em constante e intima
conversação com o senso comum, ela procura ultrapassar suas limitações abrindo
possibilidades que poderiam facilmente ser ignoradas. Quando aborda e desafia
nosso conhecimento partilhado, a sociologia nos incita e encoraja a reacessar
nossas experiências, a descobrir novas possibilidades e a nos tornar, afinal, mais
abertos e menos acomodados à ideia de que aprender sobre nós mesmos e os
outros leva a um ponto final, em lugar de constituir um processo dinâmico e
estimulante cujo objetivo é a maior compreensão. Pensar sociologicamente pode
nos tornar mais sensíveis e tolerantes em relação à diversidade, daí decorrendo
sentidos afiados e olhos abertos para novos horizontes além das experiências
imediatas, a fim de que possamos explorar condições humanas até então
relativamente invisíveis (BAUMANN; MAY, 2010, p. 25).
A imaginação sociológica nos permite ver que muitos fatos que parecem dizer
respeito apenas ao indivíduo na verdade refletem questões mais amplas. O
divórcio, por exemplo, pode ser um processo muito difícil para alguém que
passa por um - o que Mills chama de um “problema pessoal”. Porém, o divórcio
também é uma “questão pública” importante em muitas sociedades ao redor do
mundo. Na Grã-Bretanha, mais de um terço de todos os casamentos acaba em
divórcio dentro de 10 anos. O desemprego, para usar mais um exemplo, pode
ser uma tragédia pessoal para alguém que perde o emprego e não consegue
encontrar outro. Ainda assim, ele vai muito além da questão do desemprego
privado quando milhões de pessoas em uma sociedade se encontram na
mesma situação: é uma questão pública que expressa grandes tendências sociais
(GIDDENS, 2012, p. 21).
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Mills (1975) alerta que as nossas escolhas são moldadas pela nossa vivência cotidiana
com os familiares e amigos. Somos influenciados pelas nossas rotinas e, muitas vezes, temos
a sensação de estarmos aprisionados a elas. Por isso utilizarmos as ferramentas das Ciências
Sociais, a sociologia para entendermos as transformações sociais e responder às perguntas sobre
a sociedade em que vivemos. A partir dos questionamentos e investigações propostas pelas
Ciências Sociais desenvolveremos uma reflexão crítica e um olhar plural em relação à sociedade
em que vivemos. Não temos todas as respostas, nos faltam muitas informações e, conforme
os resultados apresentados pelos sociólogos, somos influenciados por nossa cultura e valores
pessoais, como afirma Mills:
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SOCIOLOGIA CLÍNICA
A sociologia aplicada visa produzir mudanças práticas na organização social e
no comportamento humano, ela busca encontrar soluções para os problemas so-
ciais, como a violência urbana e a criminalidade. O que levou os sociólogos a cria-
rem a especialidade da Sociologia Clínica. Que procura escutar as pessoas con-
siderando as dimensões afetiva e existencial, se propõe a intervir em situações
para promover melhorias na qualidade de vida e transformar a maneira como os
sujeitos se relacionam com as condições objetivas e com o peso de suas histórias
pessoais.
Para saber mais acesse o artigo: A sociologia clínica no Brasil
Disponível em: <http://dx.doi.org/10.20336/rbs.239>.
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3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
As Ciências Socias precisam continuar a serem éticas e desenvolverem pesquisas voltadas
às necessidades da humanidade, privilegiando o diálogo e a comunicação. Nossa responsabilidade
moral é não fechar os olhos para as situações conflituosas, mas, sim, buscar soluções para todos os
conflitos. Por isso, o estudo das Ciências Sociais é fundamental para o entendimento e a solução
de todas as contendas.
Ela é uma contribuição à civilização, oferecendo orientação nas nossas escolhas, na
nossa jornada. Para isso, precisamos estar prontos para o diálogo permanente, saber aplicar a
imaginação sociológica com as experiências e contatos que estabelecemos no nosso cotidiano,
sempre olhar os “outros” de forma respeitosa e amigável. A sua função principal é continuar
estabelecendo o diálogo, manter o intercâmbio contínuo entre as experiências humanas, o senso
comum e as pesquisas desenvolvidas. Temas que serão melhor abordados na próxima unidade.
Bons estudos!
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
02
DISCIPLINA:
CIÊNCIAS SOCIAIS
SOCIEDADE E CULTURA
PROF. ME. MARCOS EDUARDO PINTINHA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................23
1 - SOCIEDADE E CULTURA.....................................................................................................................................24
2 - O ETNOCENTRISMO...........................................................................................................................................26
2.1. PRECONCEITO E RACISMO NO BRASIL.........................................................................................................27
3 - OS DIREITOS HUMANOS...................................................................................................................................30
4 - CONSIDERAÇÕES ..............................................................................................................................................35
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INTRODUÇÃO
“A função da sociologia, como de todas as ciências, é revelar o que está oculto”
(Pierre Bourdieu).
Hoje, existem vários significados e conceitos sobre cultura, a nossa reflexão principal,
nesta unidade, é entender a diversidade cultural, algo que não passa só pela aparência. Ao
olharmos para a cultura do “outro”, o que identifico como diferente pode chamar a minha atenção
e causar “estranhamento”, não possibilitando a compreensão da cultura do “outro” que aparenta
ser tão diferente da minha!
Quando questionamos os elementos culturais de uma determinada sociedade,
descobrimos que não existe um padrão único que define o que é certo ou errado, melhor ou pior
para cada grupo, como Rocha (1993) esclarece: a verdade está mais no olhar de quem observa,
do que a cultura que está sendo observada.
Isso porque cada grupo tem elementos intrínsecos à sua formação, escolhendo e
organizando variados formatos para a vida social. Assim, a cultura pode ser apresentada como
“[...] uma lente através da qual o homem vê o mundo. Homens de culturas diferentes usam lentes
diversas e, portanto, têm visões desencontradas das coisas” (LARAIA, 2015, p. 67).
Dependendo da cultura na qual estamos inseridos, aprendendo e nos adaptando, essa
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1 - SOCIEDADE E CULTURA
“Não pode haver paz enquanto houver pobreza opressiva, injustiça social,
desigualdade, opressão, degradação ambiental e enquanto os fracos e os
pequenos continuam a ser pisoteados pelos fortes e poderosos” (Dalai Lama).
Quando nascemos, não somos nós que escolhemos os valores culturais que incorporamos.
A partir do momento que crescemos, aprendemos o idioma, a alimentação e, sozinhos, tomamos
conta da nossa higiene. Estamos agindo conforme as regras e valores estabelecidos como válidos
para nosso grupo. A criança recebe a educação dos pais, ela é moldada conforme as características
culturais do grupo que vive, na família, na escola, e acontece o processo de endoculturação, que
pode ser muito lento, mas se estende por toda a vida (MELLO, 2000).
Pensar o nosso dia a dia, a nossa atitude mais simples, é descobrir que desde o momento
em que acordamos, os nossos gestos e comportamentos são os reflexos, a verdade do nosso
grupo: nós tomamos banho e escovamos os dentes, nos vestimos e tomamos o café e saímos para
trabalhar ou estudar... Todos esses elementos culturais fazem parte da nossa vida, mas podem ser
considerados muito estranhos para o grupo dos “outros”.
Ocorre um processo de aprendizagem, desde o nascimento sofremos os impactos da
endoculturação, veja o exemplo:
Ao refletir sobre a diversidade cultural, Laraia (2015) chama a nossa atenção para o
determinismo biológico (ou genético) e o determinismo geográfico (ou ambiental). Ainda hoje é
comum encontrar, na sociedade, pessoas que atribuem capacidades inatas aos grupos humanos,
sendo que, o que descobrimos é que qualquer criança normal pode ser educada em qualquer
sociedade, se for colocada desde o início, como o exemplo que foi apresentado, no caso da criança
francesa.
Sobre o determinismo biológico (ou genético) ele afirma que “[...] um menino e uma
menina agem diferentemente não em função de seus hormônios, mas em decorrência de uma
educação diferenciada” (LARAIA, 2015, p. 20). Isso é perceptível logo no início da vida, no caso
dos brinquedos já separados entre aqueles que são de meninas, como bonecas e casinhas, e
aqueles que são para os meninos, como a bola e o carrinho.
No período das grandes navegações e conquista das Américas, foi o determinismo
geográfico (ou ambiental) que fundamentou as observações sobre a diversidade cultural, eles
explicavam que as diferenças do ambiente físico condicionavam a semelhança ou diversidade
cultural. Teoria esta que foi abandonada a partir do trabalho de campo dos estudiosos, pois
descobriram que era possível existir diferenças culturais entre grupos, os quais compartilhavam
o mesmo ambiente físico.
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O exemplo de diferença cultural existe entre os grupos humanos dos esquimós e dos
lapões, os dois vivem na calota polar e enfrentam o inverno rigoroso. Entretanto, cada grupo vive
de forma distinta, enquanto os esquimós constroem suas casas com iglus, cortando blocos de neve
em formato de colmeia, os lapões vivem em tendas de peles de rena e quando desejam mudar,
levam todos seus pertences junto com suas casas. E os esquimós quando mudam abandonam
suas casas, os iglus, levando apenas os seus pertences pessoais (LARAIA, 2015).
Outra característica importante dos seres humanos é a capacidade de adaptação nas mais
diversas regiões, o que podemos chamar de aptidão a variação cultural, ou seja, qualquer pessoa
pode mudar de uma região para outra e conseguir se adaptar a outra cultura, diferente da sua,
passando por um processo de socialização.
Nós precisamos da cultura para sobreviver. É a cultura compartilhada que faz a mediação
entre os indivíduos e a natureza e nos permite trabalhar juntos,
[...] consiste em tudo o que nós, seres humanos, criamos ao estabelecer nossas
relações com a natureza e os outros. Ela inclui linguagem, conhecimento,
criações materiais e regras de comportamento. Em outras palavras, ela engloba
tudo o que dizemos, sabemos, produzimos e fazemos em nossos esforços para
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Resumidamente, isso significa que cada homem possui uma concepção e desen-
volve respostas diferentes sobre a sociedade e o mundo onde habita. Uma visão
diferente, sobre todas as coisas e o seu próprio futuro. Não é mais aceita uma
explicação única ou “verdade acabada” sobre os acontecimentos e fatos sociais.
Agora, o que existe são várias formas de representação ou tentativas de explicar
a nossa realidade. O que obriga a ciência a desenvolver um olhar mais específico
sobre cada cultura, cada grupo e cada indivíduo, e obriga todos nós a questionar-
mos cada vez mais aquela “explicação universal e europeia” que aprendemos na
escola sobre à história da humanidade.
2 - O ETNOCENTRISMO
“Você nunca entende realmente uma pessoa até considerar as coisas do ponto de
vista dela... até entrar na pele dela e andar por aí nessa pele” (Harper Lee).
Para Everardo Rocha (1993), o etnocentrismo é uma visão de mundo em que o nosso
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Apesar dos conflitos que separam as pessoas, nós devemos optar sempre por buscar
Começamos, então, a nos surpreender com aquilo que diz respeito a nós
mesmos, a nos espiar. O conhecimento (antropológico) da nossa cultura passa
inevitavelmente pelo conhecimento das outras culturas; e devemos especialmente
reconhecer que somos uma cultura possível entre tantas outras, mas não a única
(LAPLANTINE, 1988, p. 21).
O que significa que não existe uma cultura melhor ou pior que a outra, uma superior e
outra inferior, mas simplesmente que elas são diferentes umas das outras. Essa “revolução do
olhar” (LAPLANTINE, 1988, p. 22) nos faz entender que as diferenças não são apenas diferenças,
mas uma escolha de viver de certa maneira.
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Entretanto, ainda hoje, muitos acreditam que “não existe racismo no Brasil”. A temática
racial, no Brasil, apresenta uma grande complexidade, ocorre de forma velada, onde os indígenas
e os negros aparecem de forma delimitada na história, apenas no período colonial da conquista
portuguesa e escravidão do Brasil.
Não é possível imaginar que ainda existem pessoas que acreditam que o lugar de negro
é só no samba e no futebol. Isso é uma atitude etnocêntrica, quando desqualificamos o grupo
dos “outros” por causa da sua aparência ou das diferenças culturais. O racismo “à brasileira” está
repleto de ambiguidades, podemos verificar que ele se afirma na negação. “Em outras palavras:
uma estratégia de dominação racial que foi hegemônica no Brasil era a afirmação de que não
existiria racismo no país” (SILVA; ARAÚJO, 2011, p. 489).
As representações sobre a formação cultural brasileira se cristalizaram no imaginário
popular, reproduzindo imagens falsas sobre os grupos humanos, atribuindo valores a alguns e
desqualificando outros.
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Esse pensamento já foi superado pela ciência há muito tempo. Os pesquisadores afirmam
que o comportamento dos indivíduos depende do aprendizado, de um processo que podemos
chamar de endoculturação. Não é pela cor da pele ou pela cor do cabelo que podemos explicar
as diferenças de comportamento ou a capacidade intelectual das pessoas. Como exemplo, na
televisão é comum as piadas e quadros humorísticos que apresentam o estereótipo da mulher
como “loira burra”.
Quando usamos o termo “raça” para definir grupos de indivíduos que são diferentes entre
si, estamos partindo da tradição científica influenciada pela biologia e não pelas ciências sociais.
Foi no século XIX que os cientistas começaram investigar a ideia de que haveria deferentes “raças
humanas” por causa das aparências diferentes: da corda pele, do tipo de cabelo, cor dos olhos e
da estatura. Entretanto, essa teoria evolucionista foi sendo questionada e desconstruída com o
passar do tempo,
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3 - OS DIREITOS HUMANOS
“Não quero que a minha casa seja cercada de muros por todos os lados, nem que
as minhas janelas sejam tapadas. Quero que as culturas de todas as terras sejam
sopradas para dentro da minha casa, o mais livremente possível. Mas recuso-me
Para Bobbio (2004) pode haver direito sem democracia, mas não há democracia sem
direito. Os homens não nascem livres nem iguais, a liberdade e a igualdade não são um dado de
fato, mas um ideal a conquistar. Por isso, ele alerta que o problema dos direitos humanos
[...] não é filosófico, mas jurídico e, num sentido mais amplo, político. Não se
trata de saber quais e quantos são esses direitos, qual é a sua natureza e seu
fundamento, se são direitos naturais ou históricos, absolutos ou relativos, mas
sim qual é o modo mais seguro para garanti-los, para impedir que, apesar das
solenes declarações, eles sejam continuamente violados (BOBBIO, 2004, p. 25).
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Pensar os Direitos Humanos e dizer que tudo gira, assim, em torno do homem e sua
eminente posição no mundo. O que foi fundamentado pela justificativa científica da dignidade
humana, ela sobreveio com a descoberta do processo de evolução dos seres vivos, na obra de
Charles Darwin,
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Em A Era Dos Direitos, Bobbio (2004, p. 25) assinala a importância de se tratar os direitos
humanos como construções históricas, que nascem em determinadas circunstâncias e, por isso,
não surgem “todos de uma vez e nem de uma vez por todas”. Coadunando-se às ideias de Silva
(2009, p. 6), também é necessário que haja um equilíbrio entre o estudo dos direitos humanos nos
âmbitos nacional e internacional, ao invés de dar primazia à ótica do direito internacional, “[...]
porque o sistema internacional de proteção carece de sistemas nacionais eficazes e adequados, até
como uma das estratégias de prevenção de violação destes direitos”. Logo, os direitos humanos
necessitam reformular suas teorias e conceitos, constantemente, para acompanhar as mudanças
que a sociedade impõe. Bobbio (2004, p. 88-89) afirma que
Bauman (1998, p. 51) diz que o Estado de Bem-Estar foi criado como instrumento do
Estado para arcar com as responsabilidades que o sistema capitalista não assumia durante sua
corrida pelo lucro e “[...] não era concebido como uma caridade, mas como um direito do cidadão,
e não como o fornecimento de donativos individuais, mas como uma forma de seguro coletivo”.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Com a crise do capital, iniciada nos anos 1970, este modelo econômico entrou em declínio
com a reação burguesa que fazia pressões para reconfigurar o papel do Estado capitalista, nos
anos 1980 e 1990, tendo impacto direto nas políticas sociais.
O sistema brasileiro de proteção social foi radicalmente redesenhado com a Constituição
de 1988. No campo das políticas sociais, a nova Constituição trouxe, no Art. 194, o conceito
de Seguridade Social, oferecendo uma rede de proteção aos riscos sociais referentes ao ciclo
da vida, à trajetória laboral e à insuficiência de renda. Tendo como base o tripé das políticas de
saúde, previdência e assistência social com amplas bases de financiamento (CASTRO; RIBEIRO,
2006, p. 28).
Porém, não basta constar na Constituição para que um direito seja efetivado de fato, mas
é necessário a sua regulamentação por meio de leis que possibilitem o acesso a tais direitos. Em
um contexto de crise econômica, agravamento do quadro de pobreza e desigualdade, e propostas
no cenário internacional hegemonicamente contrárias ao “[…] formato social-democrata com
mais de 40 anos de atraso […]”, a Constituição Cidadã enfrentou e ainda enfrenta várias barreiras
para sua efetivação. (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p. 147).
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ENSINO A DISTÂNCIA
O UNICEF, desde 2003, trabalha com os diferentes atores na área da infância, dos
movimentos negro e indígena e setor privado, para dar voz a essas crianças e visi-
bilidade aos desafios a ser superados.
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ENSINO A DISTÂNCIA
4 - CONSIDERAÇÕES
Essa unidade procurou desenvolver a reflexão crítica sobre “sociedade e cultura”. Para isso,
aplicou-se a desnaturalização do olhar, acompanhada pela atitude do estranhamento desenvolvida
pela Antropologia Cultural. Foram apresentados os principais enfoques nas Ciências Sociais
sobre as relações étnico raciais e os fenômenos do preconceito e racismo no Brasil
A partir dessa reflexão podemos perceber o papel de destaque da Sociologia e
Antropologia, como permite desenvolver um novo olhar sobre o racismo e as desigualdades
sociais, considerando que nossas opiniões e ações. Nossos hábitos e costumes são construções
sociais, que nos fazem enxergar que tudo depende do nosso “lugar de fala”, da nossa educação, da
cultura que nós assumimos como válida do nosso grupo.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
03
DISCIPLINA:
CIÊNCIAS SOCIAIS
SOCIEDADE DO TRABALHO E
POLÍTICAS PÚBLICAS
PROF. ME. MARCOS EDUARDO PINTINHA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................37
1. KARL MARX E A TEORIA DO CONFLITO.............................................................................................................38
2. MAX WEBER E A CIÊNCIA INTERPRETATIVA...................................................................................................43
3. POLÍTICAS PÚBLICAS.........................................................................................................................................47
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................................................49
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ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
A mudança do pensamento teocêntrico para o antropocêntrico provocou transformações
na filosofia, na política e na economia do mundo moderno. Os pesquisadores das Ciências
Sociais discutem, cada vez mais, temas sobre a exclusão social, violência, desemprego e todos os
fenômenos presentes na sociedade capitalista.
Entre os pensadores, Karl Marx (1818-1883), pensador revolucionário da Teoria do
Conflito, critica o trabalho humano produtor das mercadorias, resultado de uma relação
coisificada, de luta pela sobrevivência que se esconde sobre a aparência das coisas. Na sua análise,
ele utilizou o método do materialismo histórico e dialético. Leva os trabalhadores a perderem o
controle sobre o processo de produção, que vivem alienados, não produzem para si, mas para o
capital. Assim, as relações sociais são marcadas pelos antagonismos das classes, pela dominação
e interesses divergentes.
Para Max Weber (1864-1920), os conflitos nascem da contraposição dos interesses
econômicos, das relações estabelecidas no mercado e na dinâmica da oferta e demanda das
mercadorias. Entretanto, as explicações dos conflitos sociais e da luta de classe não se esgotam
apenas pela análise econômica, sendo necessário tratar dos temas ligados à política, ao direito, à
religião. Para ele, o estudo dos conflitos e classes sociais é complexo e caótico e foge ao controle. A
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Karl Marx (1818-1883) nasceu em Trier na Renânia, região da Alemanha. Sua família
era de origem judaica convertida ao protestantismo, o pai era advogado e Marx estudou direito,
filosofia e história em Berlim, tornou-se jornalista e depois foi redator chefe da Gazeta Renana.
Emigrou para Paris, onde frequentou os círculos operários socialistas, era considerado militante
e erudito, sendo um dos fundadores, em 1864, da Associação Internacional dos Trabalhadores.
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Na sua obra o trabalho humano é um dos temas principais, que depois vai dar origem
ao campo da sociologia do trabalho, significa a mediação entre o homem e a natureza, em
que, por meio do trabalho, o homem domestica e domina a natureza para, assim, garantir sua
sobrevivência.
Na sociedade capitalista o trabalhador, agora, é livre para vender a sua força de trabalho
e estabelecer uma relação mercantil considerada legal e legítima. Uma relação de compra e
venda, ou de troca, em que uns compram a força de trabalho e outros vendem, o que passa a ser
considerado necessário e “natural” na produção capitalista. Marx procurou explicar as mudanças
que aconteceram na Revolução Industrial, ele foi testemunha direta tanto do crescimento das
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ENSINO A DISTÂNCIA
Marx e Engels (2001) escrevem o “Manifesto Comunista”, em 1848. Neste, afirmavam que
os conflitos entre as classes é o que move a história da humanidade e causam as mudanças sociais.
Propôs uma teoria revolucionária. Para ele, os trabalhadores iriam derrubar o sistema capitalista
e iniciariam uma nova forma de governo, em que não haveria mais classes sociais e divisão entre
ricos e pobres.
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A obra mais significativa de Marx, sem dúvida nenhuma, é O Capital, dividida em três
volumes. No primeiro volume apresenta o processo de produção do capital, publicado em 1867;
no segundo volume versa sobre o processo de circulação do capital, publicado em 1885; e o
terceiro livro versa sobre o processo global da produção capitalista, publicado em 1894.
Marx viveu apenas para ver o primeiro livro publicado, os outros dois foram publicados
por Friedrich Engels, seu amigo e colaborador, publicação que inaugurou uma nova compreensão
do ciclo histórico.Considerada uma obra científica, mas ao mesmo tempo revolucionária, ela foi
escrita para a classe trabalhadora como suporte teórico da luta do proletariado contra a ordem
burguesa.
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A ALIENAÇÃO
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Para Marx, a classe proletária é a classe dos verdadeiros revolucionários, pois as classes
restantes vão se degenerando e afundam sob a indústria, sendo o proletariado o seu produto mais
genuíno. Para o autor, toda a sociedade, até hoje, viveu no antagonismo de classes opressoras versus
oprimidas. A sociedade antiga explorava os escravos, no feudalismo os senhores exploravam os
servos, e na sociedade capitalista a classe trabalhadora é explorada.
No pensamento marxista a luta de classes, o conflito, é um aspecto normal e desejável
da transformação social, e é só assim que a desigualdade social poderá ser eliminada. Para que
isso aconteça as pessoas precisariam assumir o controle do processo histórico e conquistar a sua
liberdade.
IDEIA DA FELIDADE
A partir do século XVIII, a ideia da felicidade nasce não como conquista individual,
mas como uma meta a ser alcançada pela coletividade. O homem só pode pensar
na felicidade como um projeto de sociedade, isto é, como uma possibilidade para
todos os que nela vivem. Quando criou os meios de fazer com que a educação, a
produção de alimentos, a fabricação das coisas que precisava – tecidos, roupas,
máquinas etc. – aumentassem a tal nível que deixassem de ser um privilégio de
poucos para ser uma possibilidade de todos. Imagine uma organização política
Fonte: PINSKY, J.; PINSKY, B. História da cidadania. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2010. (ODALIA, p.
160-161).
Max Weber nasceu em Erfurt na Alemanha, numa família de burgueses liberais. Estudou
direito, história e sociologia, iniciando sua carreira de professor em Berlim, e em 1895, tornou-se
catedrático na Universidade de Heidelberg. Na política, defendeu fortemente seu ponto de vista
liberal e parlamentarista e participou da comissão redatora da República de Weimar. Sua grande
influência na Sociologia se deu nos estudos das religiões, estabelecendo ligações entre formações
políticas e crenças religiosas. Suas principais obras são: Artigos reunidos de teoria da ciência:
economia e sociedade (obra póstuma) e A ética protestante e o espírito do capitalismo.
A obra de Weber se baseia em artigos publicados em diversas revistas, a maioria reunida
depois de sua morte, grande parte da obra weberiana é constituída por uma sociologia das
religiões, “[...] gênero pouco em voga durante as décadas de 1960-1980 (onde a concepção
dominante era de que as religiões haviam definitivamente deixado de ser um agente histórico)”
(COLLIOT-THÉLÈNE, 2016, p. 8).
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Weber acreditava que para que o sociólogo analise uma determinada situação social,
tratando-se de generalizações, é necessário criar um “tipo ideal”, um instrumento orientador
da investigação da ação do ator, uma espécie de parâmetro. A ação social é entendida por
Weber como qualquer ação realizada por um sujeito em um meio social que possua um sentido
determinado por seu autor. Ela constitui-se como ação a partir da intenção de seu autor quanto à
resposta que deseja de seu interlocutor.
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• Ação tradicional: tem por base a tradição familiar, firmadas em hábitos e costumes
arraigados do sujeito. Age-se de determinada forma, pois sempre se agiu assim. É um
tipo de ação que se adota quase automaticamente, pela força do hábito. A maior parte das
ações no nosso cotidiano é desse tipo, ao dar bom-dia ao acordar ou pedir a benção aos
pais, pode ser exemplo dessa ação.
• Ação afetiva: é uma ação realizada com base nas emoções do indivíduo, em seus
sentimentos. “[...] O afeto dirigido a uma pessoa que se quer bem e a ira direcionada a
um agressor são exemplos de ação efetiva” (LIMA; SILVA, 2012, p. 94).
• Ação racional com relação a fins: é uma ação orientada, tendo um objetivo
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Weber, utilizando os dados estatísticos, percebe que grande parte dos homens de negócios
bem-sucedidos é protestante e, a partir disto, procura estabelecer conexões entre a prática
protestante e a sua influência sobre o capitalismo ocidental.
Para Weber, o poder é a capacidade de alguém exercer sua vontade sobre os outros,
mesmo que estes resistam, de modo que as relações de poder podem estar presentes em diversos
ambientes, nas grandes empresas, nos pequenos grupos sociais ou nas relações intimas dos casais.
Diferenças metodológicas entre Marx e Weber sobre a realidade social apresentada no
quadro abaixo:
Quadro 1 - Métodos de investigação da realidade social nos clássicos. Fonte: adaptado de Araújo, Bridi e Motim
(2009, p. 30).
O Estado moderno, que teve início no século XVI, trouxe a organização em torno
da racionalidade, do “Estado de direito”, que são as leis nacionais negociadas num
grande acordo social, a Constituição. O Estado é uma estrutura que se “destaca”
da sociedade: os cidadãos dão o voto para a formação de uma superestrutura
política; o Estado moderno é uma grande máquina política que se estrutura com
base na sociedade, com o objetivo de gerenciá-la dentro de uma estrutura legal
(QUEIROZ, 2012, p. 28).
A partir da década de 70, o Estado de bem-estar social passa por uma reforma. O Estado
estava em crise e deixam a produção direta de bens e serviços para a sociedade, e se “[...] fortalecem
como reguladores e indutores do processo de desenvolvimento nacional por meio de políticas
governamentais compensatórias para determinados segmentos sociais” (QUEIROZ, 2012, p. 31).
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3. POLÍTICAS PÚBLICAS
“Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo
motivo” (Eça de Queirós).
O estudo das Políticas Públicas faz parte das pesquisas relacionadas às Ciências Sociais,
elas são ações e programas desenvolvidos pelo Estado para garantir os direitos e buscar soluções
para os problemas sociais, garantir a segurança e a ordem, que estão previstos na Constituição
Federal de 1988 (CF1988) e em outras leis brasileiras. O estudo das políticas públicas revela
como acontecem as relações entre o Estado e a sociedade civil organizada. A CF1988 indica
como princípio normatizador a participação direta da sociedade na elaboração e fiscalização das
políticas por meio dos conselhos.
O artigo 1º da Constituição afirma que todo poder emana do povo e ele deve ser exercido
por meio de representantes eleitos ou diretamente, o que significa que cabe a todo cidadão
despertar a consciência e incentivar a participação de todos, fazer valer o modelo da Democracia
Representativa e a atuação dos atores sociais no controle social do Estado e das ações políticas.
Agir como protagonista das políticas públicas é escutar as demandas da população e executar a
solução dos problemas, aplicando os recursos do modo mais eficaz.
Para isso, os representantes dos setores sociais precisam participar das audiências públicas,
para negociar e planejar as ações/projetos de intervenção, dialogar com os representantes das
O objetivo principal das ações governamentais é criar uma rede de proteção social
assegurando os grupos em situação de maior vulnerabilidade social. A legislação social prevê
que as políticas públicas devem ser universais e focalizadas, priorizando os grupos baseados
em critérios etários (as crianças, adolescentes e jovens e os idosos), em situações de deficiência,
pobreza, gênero e discriminação étnica. Não existem políticas públicas isoladas, elas são resultado
de interação dos agentes políticos e diversos atores sociais, do Estado, da sociedade civil e do
mercado, fruto do esforço conjunto de todos os setores da sociedade na construção da cidadania
e de uma sociedade melhor e mais justa.
É necessário organizar redes de proteção social e promover as práticas inclusivas, fazer
a junção dos diferentes programas sociais para aplicar os recursos em projetos que melhorem as
condições de vida dos brasileiros, principalmente dos mais pobres. Articular os diversos setores
envolvidos nas políticas públicas, desde o planejamento, execução e avaliação, para garantir o
atendimento das necessidades dos usuários na sua integridade, organizado como um guarda-
chuva que abriga as três políticas de proteção social: a saúde, a previdência e a assistência social.
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ESCRITORES DA LIBERDADE
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Depende de nós
Quem já foi ou ainda é criança
Que acredita ou tem esperança
Quem faz tudo pra um mundo melhor
Depende de nós
Que o circo esteja armado
Que o palhaço esteja engraçado
Que o riso esteja no ar
Sem que a gente precise sonhar
Que os ventos cantem nos galhos
Que as folhas bebam orvalho
Que o sol descortine mais as manhãs
Depende de nós
Se esse mundo ainda tem jeito
Apesar do que o homem tem feito
Se a vida sobreviverá.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
04
DISCIPLINA:
CIÊNCIAS SOCIAIS
O CAPITALISMO PARASITÁRIO
PROF. ME. MARCOS EDUARDO PINTINHA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................52
1. INDÚSTRIA CULTURAL E GLOBALIZAÇÃO.........................................................................................................53
2. ZYGMUNT BAUMAN E A MODERNIDADE LÍQUIDA..........................................................................................58
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................................................63
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INTRODUÇÃO
A globalização exige um melhor entendimento entre os diversos povos. Quando as
pessoas se entendem melhor, elas se tornam mais tolerantes diminuindo o conflito e a luta.
A globalização possui aspectos positivos e negativos que influenciam na vida humana,
trouxe o progresso e eliminou as barreiras físicas, rompeu as fronteiras, possibilitou a expansão
dos meios de comunicação, melhorou a formação e a tecnologia em todo o mundo. As fronteiras
entre as pessoas também estão mais próximas devido às facilidades dos meios de transporte e
comunicação, além da difusão da cultura que se espalha entre as sociedades e grupos.
Na sociedade globalizada temos acesso a elementos culturais diferentes dos nossos.
Contudo a mídia deturpa as informações para garantir o próprio sistema, manter o poder do
capital e a cultura do consumo. Nesta sociedade de consumo o consumidor é manipulado,
consome muito mais do que necessário, levando a humanidade ao esgotamento dos recursos
naturais.
Gera consequências extremamente prejudiciais nas esferas econômica, social e ambiental
e fica cada vez mais endividado.
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O termo indústria cultural foi empregado pela primeira vez em 1947, por Max Horkheimer
(1895-1973) e Theodor Adorno (1903-1969), como resultado da oportunidade de expansão e
lógica do capitalismo sobre a cultura. Significou o poder de dominação e difusão de uma cultura
de subserviência e transformou os indivíduos da sociedade em objetos. Na hierarquia das culturas,
hoje não se pode mais “[...] estabelecer a distinção entre a elite cultural e aqueles que estão abaixo
dela a partir dos antigos signos, por aquilo que é visto como ‘grande arte’” (BAUMAN, 2013, p. 7).
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Se fosse apenas uma questão de diferença social entre várias subculturas, poderia
não ser muito importante, mas o capital cultural da elite também está ligado a
seu controle sobre os recursos econômicos e sociais. Como resultado, o capital
cultural pode ser usado como forma de exclusão em relação a postos de trabalho,
organizações e oportunidades (WITT, 2016, p. 246).
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O conceito de cultura passou a ser visto como uma declaração de intenções, uma
missão a ser cumprida, ela deveria moldar uma nova ordem social e, por meio da educação,
forjar o “esclarecimento do povo” e construir um novo Estado-nação. Em suma, “[...] a cultura
foi transformada de estimulante em tranquilizante; de arsenal de uma revolução moderna em
repositório para a conservação de produtos” (BAUMAN, 2013, p. 15).
Para Bourdieu, hoje, a cultura consiste em ofertas e não em proibições; em proposições,
não em normas, em semear e plantar novos desejos e necessidades, ela não está mais relacionada
ao cumprimento do dever, “[...] a cultura agora está engajada em fixar tentações e estabelecer
estímulos, em atrair e seduzir, não em produzir uma regulamentação normativa” (BAUMAN,
2013, p. 18). Na sociedade de consumidores, a cultura assemelha-se a uma gigantesca loja de
departamentos, sua função básica não é satisfazer as necessidades dos consumidores, mas criar
outras.
Tal como nas outras seções desse megastore, as prateleiras estão lotadas de atrações
trocadas todos os dias, e os balcões são enfeitados com as últimas promoções, as
quais irão desaparecer tão instantaneamente quando as novidades em processo
de envelhecimento que eles anunciam. Esses produtos exibidos nas prateleiras,
assim como os anúncios nos balcões, são calculados para despertar fantasias
irreprimíveis, embora, por sua própria natureza, momentâneas (BAUMAN,
2013, p. 20-21).
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Para Bauman (2008, p. 22) quando estamos em uma sociedade de consumidores, “[...]
tornar-se uma mercadoria desejável e desejada é a matéria de que são feitos os sonhos e os
contos de fada”. Ter fama é a meta a ser atingida, ou seja, na era da informação a invisibilidade,
para muitos, equivale à morte, ser notado pelos outros é essencial para manter a autoestima e
sobreviver.
De acordo com Bauman, a sociedade está em um ritmo que não se permite viver de forma
estática. Fixar conceitos e rotinas, não estando passiveis as mudanças, prejudica os indivíduos.
Estar presente neste meio social é viver sem garantias, em constantes incertezas, reiniciar a todo
o momento é uma forma de manter-se vivo nos dias de hoje.
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Bauman, em suas pesquisas, não vê com bons olhos essas incertezas, em que os sujeitos,
para sobreviverem e pertencerem dentro do sistema globalizado tem que estar constantemente
passíveis às mudanças. Isso faz com que uma pequena parcela da população consiga acompanhar.
Quanto mais rápido você mudar suas ideias e comportamentos e eles estiverem aptos às mudanças
do mercado, maior a sobrevivência, já que a “[...] velocidade e não duração, é o que importa. Com
a velocidade certa, pode-se consumir toda a eternidade do presente contínuo da vida terrena”
(BAUMAN, 2009, p.15).
Em uma das passagens pelo Brasil, Bauman conversou com o programa Milênio,
da GLOBONEWS. Você pode assistir a entrevista concedida ao jornalista Marcelo
Lins, no link:
<https://www.youtube.com/watch?v=7P1MAZXFVG0>.
Bauman reflete sobre vários temas, entre eles as relações humanas. Ele acredita
que os laços de uma sociedade se dão em rede, não mais em comunidade. Dessa
forma, os relacionamentos passam a ser chamados de conexões, que podem ser
feitas, desfeitas e refeitas.
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Por fim, devemos levar em consideração que Zygmunt Bauman tem por prerrogativa
apresentar como a sociedade “pós-moderna” está sempre em construção e em busca de algo
que, tudo indica, nunca iremos alcançar. Trazer o autor para a Introdução das Ciências Sociais
e comprovar que as mudanças aconteceram, acontecem e acontecerão. Os grupos sociais estão
agindo e se comportando de várias formas e por todo o mundo, com o rompimento dos limites
territoriais que a globalização nos trouxe, as mudanças continuarão acontecendo com mais
frequência, possibilitando, assim, o fim do enraizamento das relações sociais.
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Viver em sociedade, trabalhar e estudar é viver sempre estressado. Miyamoto et. al.
(1999) definem o estresse como um conjunto de reações e modificações do organismo de caráter
adaptativo químico e fisiológico, com objetivo de manter a homeostase. Quando os estímulos
estressantes, internos e externos, ultrapassarem os limites de adaptação e defesa do organismo,
torna-se suscetível a danos na saúde física e psicológica. Referindo-se ainda à denominação do
termo estresse, o autor Andrews (2003) traz a definição do nome estresse vindo transportado
da física, utilizado para denominar a movimentação de uma mola ao ser pressionada e esticada.
Associando às mudanças aceleradas no mundo do trabalho e aos grandes avanços na automação
e na informática. Isso não diminuiu o “estado de estresse” na vida do trabalhador, ele trabalha
cada vez mais, ficando mais estressado, pressionado a esticar e aproveitar melhor o tempo, tal
qual uma mola.
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Ao longo da história a cidadania foi sendo ampliada e estimulada pela própria luta por
direitos e pelo exercício dos direitos já conquistados. Na atualidade, o conceito de cidadania
se traduz na expressão de “ter direito a ter direitos”. Que, na interpretação clássica de Marshall
(1967), poderiam ser representados como os direitos civis e políticos ou considerados direitos
de primeira geração, conquistados no século XVIII, que se referem ao direito à vida, à liberdade,
igualdade, propriedade, a participação política e o direito ao voto, entre outros.
Os direitos sociais e econômicos ou direitos de segunda geração conquistados nas lutas do
movimento operário e sindical, como o direito ao trabalho, à educação, à saúde, à aposentadoria
e ao seguro desemprego. E os direitos considerados de terceira geração, voltados não ao direito
do indivíduo, mas de forma ampla, direcionado às coletividades étnicas e à própria humanidade.
Marshall (1967) destaca que a cidadania exige um elo de natureza diferente do parentesco
ou descendência, requer um sentimento direto de participação numa comunidade baseada na
lealdade a uma determinada civilização. Assim, a cidadania na sua proposta mais funda afirma
O que podemos fazer para os direitos humanos e políticas públicas serem efeti-
vados?
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