A entrevista inicial normalmente é semidirigida, ou seja, o paciente tem liberdade para
expor seus problemas por onde preferir e incluindo o que desejar, sem muitas interrupções e direcionamentos do terapeuta. O entrevistador deve intervir quando o paciente não sabe como começar; quando há situações de bloqueio ou angústia por parte do entrevistado; quando precisa de mais informações a respeito da conduta do paciente; ou quando há ambiguidades e contradições em suas falas. A entrevista é essencial para extrair dados que nos permitam formular hipóteses, planejar a bateria de testes, e interpretar com maior precisão os dados dos testes e da entrevista final. Deve-se levar em consideração o que o paciente (e seus pais) mostra na primeira entrevista, o que aparece nos testes e o que surge na entrevista de devolução, pois estes dados oferecem um importante material de diagnóstico e prognóstico. Do ponto de vista dos autores, os testes (principalmente os testes projetivos) apresentam certas vantagens que os tornam insubstituíveis e imprescindíveis para o psicodiagnóstico, devido a padronização e a exploração da conduta gráfica, enquanto a entrevista clínica é uma técnica relevante, mas que pode apresentar “falhas” quando os aspectos mais patológicos do paciente são ocultos por uma boa capacidade de verbalização. Objetivos da entrevista inicial: Perceber a primeira impressão que temos do paciente e ver se ela se mantém ao longo de toda a entrevista, ou se muda, e em que sentido. Devemos considerar sua linguagem corporal, suas roupas, seus gestos, sua maneira peculiar de ficar quieto ou mover-se, seu semblante etc. Considerar o que verbaliza 1. O que, como, quando verbaliza e com que ritmo 2. Avaliar as características de sua linguagem: a clareza ou confusão com que se expressa, a preferência por termos equívocos, ambíguos ou imprecisos; o tom de voz, que pode entorpecer a comunicação a ponto de não se entender o que diz 3. Levar em conta quais os aspectos de sua vida que escolhe para começar a falar, quais os aspectos a que se refere preferencialmente, quais os que provocam bloqueios, ansiedades etc. 4. Observar se o paciente é consistente em relação ao motivo que o levou a procurar o profissional 5. O paciente inclui em sua verbalização os três tempos de sua vida: passado, presente e futuro. É importante que nem o paciente nem o psicólogo tentem restringir-se a um ou dois destes momentos vitais. A atitude mais produtiva é centrar-se no presente e a partir daí procurar integrar o passado e o futuro. Estabelecer o grau de coerência entre tudo que foi verbalizado e tudo o que captamos através de sua linguagem não verbal (roupas, gestos etc.) Planejar a bateria de testes mais adequada quanto a: 1. Quantidade e qualidade dos testes escolhidos 2. Ordem de aplicação 3. O tempo previsto e número de entrevistas que serão necessárias para a aplicação dos testes Estabelecer uma boa relação com o paciente para reduzir ao mínimo a possibilidade de bloqueios ou paralisações e criar um clima preparatório favorável para a aplicação de testes Identificar os elementos transferenciais e contratransferenciais Identificar o motivo manifesto (os sintomas que preocupam a quem solicita a consulta), e o motivo latente (o verdadeiro motivo que traz o paciente à consulta, é mais sério e mais relevante do que o motivo manifesto) ***psicanálise??*** Na entrevista inicial com os pais do paciente, é importante detectar qual é o vínculo que une o casal, o vínculo entre eles como casal e o filho, o de cada um deles com o filho, o do filho com cada um deles e com o casal, e o do casal com o psicólogo Avaliar a capacidade dos pais de elaboração da situação diagnóstica e potencial. Observar que ambos, ou qual deles podem promover, colaborar, ou pelo menos aceitar as experiências de mudança do filho caso este comece uma terapia