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O RASTRO ANTES DO PASSO

O FATO É QUE NINGUÉM CRIA DO NADA. Sim, é muito dificil criar sem estar de
porte de um considerável 'Data bank' que alimente nossa imaginação e sem termos
estado em contacto com precedentes objetos de contemplação ou reflexão que nos
instiguem a traçar relações ou paralelos. NINGUÉM INVENTA ALGO NOVO E
ORIGINAL SEM QUE HAJA CONDIÇÕES SOCIAIS E PRODUTIVAS PARA QUE
ESSA CRIAÇÃO VENHA À LUZ, Sim, é dificil ser criativos e inventivos se o
ambiente onde nos desenvolvemos como espectadores tende a perpetuar em nossos
olhos a areia grossa da ignorância que nos impede a visão criativa de nosso entorno e de
nós mesmos. TALVEZ SEJA MAIS FÁCIL DIZER QUE AS COISAS QUEREM SER
CRIADAS, INVENTADAS, DO QUE PENSAR QUE ALGUMA COISA NOVA E
DIFERENTE NASCEU DA CABEÇA DE ALGUM GÊNIO INSPIRADO. Sim, as
idéias estão no ar e os artistas como antenas do incosciente coletivo, ou melhor pára-
raios do gênio (comum) humano, estão sempre mais aptos à captação de idéias das quais
a humanidade carece refletir neste ou naquele momento.

MELHOR IMAGINAR QUE TUDO O QUE EXISTE JÁ EXISTIU, EM OUTRO


TEMPO E DIMENSÃO DO ESPAÇO. E TUDO O QUE TEMOS A FAZER É
SEGUIR AS LINHAS DO JÁ ESTÁ ESCRITO. COMO SE NOSSOS PASSOS JÁ
TIVESSEM DEIXADO RASTROS ATRÁS DE SI ANTES DE TERMOS ANDADO
NAQUELE CAMINHO. Sim, porque as perguntas fundamentais e existenciais sempre
serão as mesmas. Só que sempre revisadas de maneira nova e evolutiva (ou involutiva…
,de acordo com a capacidade imaginativa de tal ou tal época.

QUESTÃO CULTURAL - O PLÁGIO, A CÓPIA, A CITAÇÃO E A REFERÊNCIA


ESTÃO SEMPRE À MÃO PARA SEREM USADOS, MANIPULADOS. O plágio e a
cópia estão sempre à mão para serem manipulados pelos preguiçosos e/ou os sem tempo
ou sem erudição que os alimente na imaginação. A citação e a referência estão à mão
talvez mais como um intrumento de apreço e aplauso pela precedência do sensível
achado intelectual. VIVEMOS NA ÉPOCA ONDE MUITA COISA JÁ EXISTE
Melhor imaginar que tudo o que existe já existiu, em outro tempo e dimensão do
espaço.

E TUDO EM EXCESSO Ou quem sabe tudo excessivamente banalizado por uma


divulgação massiva porém epidérmica. ENTÃO, COMBINAR UMA COISA À
OUTRA, MUITAS VEZES EM RELAÇÕES INSÓLITAS, A PRINCÍPIO, PODE SER
MUITO MAIS INTERESSANTE QUE TENTAR "REINVENTAR A RODA". OU,
REINVENTAR A RODA SOBRE O BANQUINHO, COMO JÁ FEZ DUCHAMP, NO
COMEÇO DA ARTE DO SÉCULO 20. Sim, por estas e outras, é mais fácil e mais
ligeiro se ater e louvar o truque do que penetrar e descascar os mistérios da metáfora.
Pois é nela que se cozinha com arte o dictum poético.

Como desfecho acrescentaria que O ROUBO COMO ARTE faz sentido ou se faz
premente quando na solicitante carreira da atualidade o artista se vê sem tempo ou garra
para cultivar mais alongadamente sua imaginação ou se vê exausto de múltiplas
demandas: inúmeras exposições em um só ano acompanhadas de repetidas viagens de
negócios, isto sem falar no constante 'Lobby'. Daí então recorre ao plágio, na certeza de
que este será minimizado facilmente pela reputação de sua assinatura ou pela preguiça e
desatenção intelectual dos que por volta a arte administram.

Para citar aprópriadamente Renzo Piano, uma pessoa a quem considero gênio: -"Passei
cinquenta anos da minha vida me preparando para a arquitetura que invento hoje."

Porque, no entender de Renzo Piano, cada projeto é uma resposta sentida ao


gênio/espírito de tal ou tal espaço e resultado do estudo detalhado que cada situação
requer, alimentado por todas as prévias experiências, conhecimentos e maturações
internas advindas das batalhas com seu próprio anjo/ego.

Resposta de Regina Vater ao texto, gênios do lugar comum, publicado no canal


contemporâneo, em 17/02/2005
http://www.canalcontemporaneo.art.br/arteemcirculacao/archives/000367.html

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