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Na aula anterior, você pôde conhecer algumas ferramentas para a criação de jogos
digitais, além de alguns recursos complementares, como ferramentas para a criação de arte, música
e efeitos sonoros. Nesta aula, você irá entender de que maneira os objetivos de aprendizagem de um
jogo podem ser considerados em seu design, ou seja, como suas diferentes dinâmicas, mecânicas e
elementos podem estar em sintonia com os propósitos de aprendizagem. Vamos começar?
dinâmica = refere-se a: 1. aquilo que o jogador terá de fazer para ganhar: “o quê” do jogo;
2. como o jogador irá superar os desafios propostos pelo jogo: “o modo como”.
Jogos de entretenimento podem se dar ao luxo de escolher sua dinâmica central com base apenas
na busca por promover a diversão. Os designers de jogos com objetivos de aprendizagem, por outro
lado, devem considerar se uma dinâmica específica irá colaborar para a assimilação de conteúdos,
desenvolvimento de habilidades e estímulo de atitudes. Apresentamos a seguir um conjunto de
possibilidades e dicas de como fazer esta combinação.
importante
Ao escolher dinâmicas para um jogo, considere se elas são, de fato, as mais adequadas para os seus
objetivos de aprendizagem. Além disso, pense sempre em como sua escolha irá influenciar os níveis
de engajamento dos jogadores. Ao criar seu protótipo inicial para um jogo, pergunte a si mesmo:
“De que maneira esse jogo mudaria se eu alterasse a dinâmica X para Y?” ou “O que aconteceria se
eu combinasse duas dinâmicas?”.
mecânica = conjunto de regras que dita a maneira como os jogadores irão atingir o objetivo
do jogo, interagir com os demais jogadores e, no caso dos jogos digitais, o modo pelo qual o sistema
irá responder às ações realizadas.
Complexidade de regras
Quando falamos de mecânicas de jogos para aprendizagem, vale lembrar que nem todos
os jogadores são “gamers” apreciadores de complexidade. Os não jogadores tendem a
gostar de jogos que veem como fáceis de aprender. Por esta razão, pondere bastante sobre
a quantidade de regras inseridas no jogo, verificando se ele oferece uma curva de
aprendizagem adequada para o jogador aprender como jogá-lo.
Tempo de uso
A complexidade das regras também deve ser associada ao tempo real que se espera que os
jogadores fiquem envolvidos com o jogo. Por exemplo, um minijogo que demore menos de cinco
minutos para ser jogado precisa ser bem fácil de aprender. Já uma simulação que demore entre
90 minutos a duas horas poderá apresentar um grau de complexidade de regras mais elevado.
Diversão x aprendizagem
Atente para qualquer mecânica de jogo em que você opte por ressaltar a diversão em
detrimento da aprendizagem, pois será crucial testá-la e ajustá-la. Talvez você até imagine
que uma determinada mecânica ficará fantástica, mas, no final, poderá descobrir que ela
reduziu o fator diversão ou, ainda pior, seu valor em termos de aprendizagem.
Depois de escolher seu objetivo de jogo, suas dinâmicas centrais e suas mecânicas,
será a hora de selecionar os seus elementos. Confira abaixo alguns componentes
importantes que você deverá considerar:
conflito
O conflito representa o desafio a ser superado pelo jogador. Ele pode se apresentar
na forma de um obstáculo físico, de um combate ou de um quebra-cabeças.
cooperação e competição
Em jogos de aprendizagem a cooperação é com frequência um elemento mais
indicado que a competição, a menos que esta aconteça em relação ao próprio jogo.
Mas caso você opte de fato pela competição, considere incluir também um elemento
de cooperação, como o trabalho em equipe.
estratégia e sorte
A estratégia coloca o controle nas mãos dos jogadores; eles podem tomar decisões
capazes de afetar a disputa ou suas chances de alcançar o objetivo. O fator sorte
retira o controle das mãos do jogador. Neste caso, eles somente conseguirão reagir
àquilo que acontecer. Embora um jogo possa pender na direção de um ou de outro,
em geral, os jogos maximizam o fator diversão ao combinar estratégia e sorte.
estética
A estética é uma fonte de grande poder dos jogos. Um bom visual poderá tornar os
jogadores curiosos ou motivados a jogá-lo; ajudá-los a imergir na disputa e oferecer
pistas visuais sobre o que fazer.
tema
Um bom tema é capaz de adicionar interesse e promover envolvimento. Elaborar
jogos de aprendizagem associando-os a certos temas já existentes, como, por
exemplo, uma corrida de carros, facilita o engajamento.
história
Alguns jogos podem possuir um tema, mas nenhuma história, enquanto outros
podem conter um tema e uma história. Mas há também os que não abrigam
nenhum dos dois (como “Palavras Cruzadas”, por exemplo). De qualquer maneira, se
decidir criar uma história para o seu jogo, tenha em mente que uma narrativa forte
engloba quatro elementos: personagens, enredo, tensão (ou conflito) e solução.
recursos
Recursos são ferramentas que os jogadores adquirem no início ou durante o jogo.
Seja qual for o caso, eles ajudam os jogadores a atingir seus objetivos. Estes, em
geral, são limitados e se tornam um elemento estratégico, na medida em que os
jogadores decidem como ganhá-los, usá-los ou administrá-los.
tempo
O tempo funciona como um recurso que se adquire com base em quão bom é o seu
desempenho no jogo. Ele pode ser comprado com as moedas que você tem e é
passível de ser usado como uma limitação ou um meio de se comprimir o tempo na
vida real.
níveis
Com a criação de níveis, os jogadores poderão ter acesso a um modo tutorial e
ganhar habilidades antes de avançar para níveis mais difíceis. Isso também
permitirá que indivíduos com diferentes graus de habilidade compitam num
mesmo jogo. Níveis podem representar uma motivação para jogadores, caso sejam
equivalentes a status diferenciados no jogo.
Agora que você já tem várias dicas de como criar jogos digitais com objetivos de
aprendizagem, confira a próxima aula, em que você poderá aprender um passo a passo
simples de como jogos usando a plataforma Scratch! Até mais!
REFERÊNCIAS:
BOLER, Sharon. Jogar para aprender: tudo o que você precisa saber sobre o design de jogos de
aprendizagem eficazes. São Paulo: DVS Editora, 2018.