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Curitiba, 2012
A TEORIA MARXISTA NA CIÊNCIA POLÍTICA
Na ciência política, abordagem marxista apresenta um enfoque profundamente
diferente do pluralismo ou elitismo. O ponto de partida da teoria marxista não é o enfoque no
sujeito, mas sim, os processos sociais da reprodução e transformação. Um exemplo disso é a
análise do poder, a pesquisa materialista histórica busca definir, primeiramente, a natureza do
poder, e não o sujeito, definir a estrutura antes dos indivíduos. (Therborn, Göran. p.154.).
Dentro da abordagem marxista, existe o estruturalismo. O estruturalismo surge como
uma teoria em contraponto ao subjetivismo. A visão estrutural é desenvolvida pelo filosofo
francês Louis Althusser que define dois pontos chaves o estruturalismo marxista. O primeiro
ponto é que a estrutural social é um arranjo de processos objetivos, sem nenhum sujeito
excepcional no centro do sistema. É a relação de produção (classes sociais) como os sujeitos
da história. O segundo ponto, o estruturalismo rejeita o determinismo econômico e defende a
autonomia relativa da política e da ideologia em relação à base econômica. Ou seja, os
estruturalistas descreve que Marx propunha o modo de produção capitalista em três estruturas
(econômico, político e ideológico), sendo que essas estruturas estariam articuladas para a
formação da matriz do MPC, entretanto, dependendo da formação social, qualquer das três
estruturas pode assumir como a estrutura dominante, mas apenas é a estrutura econômica que
sempre determina qual das três será dominante (Carnoy, Martin. 1984. pp 119 e 120.).
O DEBATE ALEMÃO
A teoria de Estado dos derivacionistas parte da rejeição da separação da esfera política
e econômica feita pelos os estruturalistas. O tema central da abordagem derivacionista alemã
é que as limitações estruturais e desenvolvimento da forma do Estado desenvolveu sua forma
somente podem ser estudadas através da relação entre o Estado e as condições de acumulação
do capital. (Carnoy, Martin. 1984. pp. 167 e 180.).
Segundo Hirsch existem três questões essenciais na formulação do Estado: 1) O
Estado Burguês e sua forma histórica específica de dominação de classe. 2) o Estado Burguês
deve também romper não apenas com a classe operária, mas também com os interesses dos
capitais individuais e grupos de capitais. 3) A necessidade da intervenção do Estado para
manter o processo capitalista de produção, uma vez que o processo capitalista de produção
não consegue realizar determinadas funções sociais através de capitais individuais. Segundo o
autor, o Estado Capitalista é intervencionista, pois através de sua intervenção mantém a
reprodução econômica (acumulação do capital) em movimento e a luta de classe latente,
assim, garantindo a dominação política burguesa. (Carnoy, Martin. 1984. pp. 182 e 185.).
Claus Offe coloca que a existência de um Estado Capitalista só ocorre se for possível
demostrar que o sistema de instituições políticas desse Estado possui uma seletividade
própria, especialmente classista, e que corresponda aos interesses do processo de valorização.
O conceito de seletividade de Offe trata-se de uma configuração de regras de exclusão
institucionalizadas, mas para poder descrever o modo atuação das regras de exclusão, precisa,
primeiramente, conceituar aquilo que é excluído, os “não-acontecimentos”. Claus Offe
classifica e conceitua os “não-acontecimentos” em sócio-estrutura, acidentais e sistêmicos.
Sendo os sócio-estruturais fenômenos com características estruturais produzidas antes do
desenvolvimento das sociedades industriais capitalistas. Os acidentais seriam aqueles que
poderiam ocorrer sem as estruturas e regras de procedimento dos sistemas políticos e, os
sistêmicos seriam aquelas operações de seletividade impostos de forma imediata pelas
estruturas e processos organizacionais do sistema político e que podem ser explicadas sem
referência a tais processos. (Offe, Claus. 1984. pp. 147 e 148.).
Para o autor, a estrutura interna do sistema de instituições políticas contém premissas
que funcionam como critérios de seleção em dois sentidos, demostrando a natureza de classe
do Estado. Primeiro, apresenta uma seletividade que escolhe e seleciona somente os interesses
compatíveis com os “interesses globais do capital” de forma a favorecer sua articulação.
Segundo, somando a essa seletividade, o Estado necessita de uma seletividade complementar,
que consiste em proteger o capital global contra interesses e conflitos anticapitalistas. A partir
desses dois sentidos, a seletividade é organizada em mecanismo de seleção, sendo estes
identificados no sistema político em pelo menos quatro níveis: Estrutura, Ideologia, Processo
e Repressão. (Offe, Claus. 1984. pp. 149 e 151.).
O autor ainda destaca que o caráter seletivo de um sistema político só pode ser
percebido no contexto de uma práxis política e identificado nos conflitos de classes realizados
mediantes a ações e organizações, nas quais opções normativas coletivas se transformam em
violência empírica. O caráter de classe do Estado comprova-se depois que os limites de suas
funções transpareçam nos conflitos de classe. (Offe, Claus. 1984. pp. 161.).
REFERÊNCIAS