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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS POLÍTICAS

FELIPE ALEJANDRO GUERRERO ROJAS

TRABALHO SOBRE A TEORIA NEOMARXISTA

Trabalho apresentado na disciplina de Teoria


Política II ofertado no Programa de Pós-
Graduação em Ciências Políticas, Setor
Ciências Humanas, Letras e Artes da
Universidade Federal do Paraná.

Professores: Renato Perissinotto.

Curitiba, 2012
A TEORIA MARXISTA NA CIÊNCIA POLÍTICA
Na ciência política, abordagem marxista apresenta um enfoque profundamente
diferente do pluralismo ou elitismo. O ponto de partida da teoria marxista não é o enfoque no
sujeito, mas sim, os processos sociais da reprodução e transformação. Um exemplo disso é a
análise do poder, a pesquisa materialista histórica busca definir, primeiramente, a natureza do
poder, e não o sujeito, definir a estrutura antes dos indivíduos. (Therborn, Göran. p.154.).
Dentro da abordagem marxista, existe o estruturalismo. O estruturalismo surge como
uma teoria em contraponto ao subjetivismo. A visão estrutural é desenvolvida pelo filosofo
francês Louis Althusser que define dois pontos chaves o estruturalismo marxista. O primeiro
ponto é que a estrutural social é um arranjo de processos objetivos, sem nenhum sujeito
excepcional no centro do sistema. É a relação de produção (classes sociais) como os sujeitos
da história. O segundo ponto, o estruturalismo rejeita o determinismo econômico e defende a
autonomia relativa da política e da ideologia em relação à base econômica. Ou seja, os
estruturalistas descreve que Marx propunha o modo de produção capitalista em três estruturas
(econômico, político e ideológico), sendo que essas estruturas estariam articuladas para a
formação da matriz do MPC, entretanto, dependendo da formação social, qualquer das três
estruturas pode assumir como a estrutura dominante, mas apenas é a estrutura econômica que
sempre determina qual das três será dominante (Carnoy, Martin. 1984. pp 119 e 120.).

TEORIA ESTRUTURALISTA DO ESTADO


A partir da epistemologia da teoria estruturalista, Althusser aplicou as ideias das
estruturas (econômica, política e ideológica) no estudo do Estado. Enquanto Nicos Poulantzas
se propõe a desenvolver uma teoria geral do Estado.
Dentro de várias contribuições do Althusser para o estudo do Estado, a questão
essencial são os aparelhos do Estado. Para Althusser, a reprodução das relações na produção
do capital é garantida a maior parte pelo exercício do poder do Estado através de seus
aparelhos, os Aparelhos Repressivo do Estado e os Aparelhos Ideológicos do Estado (AIE).
Os Aparelhos Repressivo do Estado compreendem como governo, administração, o polícia, as
prisões, entre outros. É repressivo porque trata de Aparelhos do Estado que funciona através
da violência, seja física ou não. Os Aparelhos Ideológicos do Estado fixam culturas
hegemônicas através de instituições distintas e especializadas, como o AIE religioso, AIE
educacional, AIE familiar, AIE sindical, etc. A diversidade dos AIE´s é unificada sob a
ideologia dominante, ou seja, a classe dominante apenas manterá seu poder se exercer a sua
hegemonia sobre e nos AIE´s. (Carnoy, Martin. 1984. pp 125-128.).
Nicos Poulantzas, sob a égide do estruturalismo, parte da análise das classes sociais e
da política. Sua principal contribuição no debate do Estado é a relação do Estado com a luta
de classes. Dentro de toda a teoria do Estado desenvolvido por Nicos Poulantzas, o conceito
da Autonomia Relativa do Estado foi de grande importância na teoria de Estado.
Nicos Poulantzas analisa a relação entre as estruturas políticas e modo de produção
capitalista. O autor coloca que a estrutura jurídico-político do Estado apresenta duas funções
no campo da luta de classes: a) o efeito de isolar, que converte os agentes sociais, membros de
uma classe econômica, em indivíduos particulares, como se todos os indivíduos fossem
iguais, ocultando a relação de classe na luta econômica que esses indivíduos estão inseridos.
b) o efeito de representação da unidade, que apresenta a capacidade do Estado de se
apresentar enquanto a encarnação da vontade popular do povo nação Diante dessas duas
funções, Poulantzas expõe que a autonomia especifica do Estado capitalista e das relações de
produção do MPC, reflete em uma autonomia da luta econômica e da luta de classes. Isso
ocorre, pois o Estado se apresenta como representante da unidade do povo-nação, um corpo
político estabelecido sobre o isolamento das relações sociais econômicas (Poulantzas, Nicos.
1986. pp 126-131.).
Além da autonomia especifica do Estado com o MPC, Poulantzas desenvolve a
autonomia relativa do Estado Capitalista com o bloco de poder. Essa autonomia se dá na
medida em que o Estado possui uma unidade própria de poder de classe, uma classe
burocrática organizada em sua própria lógica. E também pelo aparelho estatal que se reporta a
especificidade da sua própria estrutura, relativamente autônomo da face econômica, mas tem
ligação com os interesses políticos da classe dominante, como a preservação da exploração do
trabalho e da dominação da classe. (Poulantzas, Nicos. 1986. pp 251-253.).

O DEBATE ALEMÃO
A teoria de Estado dos derivacionistas parte da rejeição da separação da esfera política
e econômica feita pelos os estruturalistas. O tema central da abordagem derivacionista alemã
é que as limitações estruturais e desenvolvimento da forma do Estado desenvolveu sua forma
somente podem ser estudadas através da relação entre o Estado e as condições de acumulação
do capital. (Carnoy, Martin. 1984. pp. 167 e 180.).
Segundo Hirsch existem três questões essenciais na formulação do Estado: 1) O
Estado Burguês e sua forma histórica específica de dominação de classe. 2) o Estado Burguês
deve também romper não apenas com a classe operária, mas também com os interesses dos
capitais individuais e grupos de capitais. 3) A necessidade da intervenção do Estado para
manter o processo capitalista de produção, uma vez que o processo capitalista de produção
não consegue realizar determinadas funções sociais através de capitais individuais. Segundo o
autor, o Estado Capitalista é intervencionista, pois através de sua intervenção mantém a
reprodução econômica (acumulação do capital) em movimento e a luta de classe latente,
assim, garantindo a dominação política burguesa. (Carnoy, Martin. 1984. pp. 182 e 185.).
Claus Offe coloca que a existência de um Estado Capitalista só ocorre se for possível
demostrar que o sistema de instituições políticas desse Estado possui uma seletividade
própria, especialmente classista, e que corresponda aos interesses do processo de valorização.
O conceito de seletividade de Offe trata-se de uma configuração de regras de exclusão
institucionalizadas, mas para poder descrever o modo atuação das regras de exclusão, precisa,
primeiramente, conceituar aquilo que é excluído, os “não-acontecimentos”. Claus Offe
classifica e conceitua os “não-acontecimentos” em sócio-estrutura, acidentais e sistêmicos.
Sendo os sócio-estruturais fenômenos com características estruturais produzidas antes do
desenvolvimento das sociedades industriais capitalistas. Os acidentais seriam aqueles que
poderiam ocorrer sem as estruturas e regras de procedimento dos sistemas políticos e, os
sistêmicos seriam aquelas operações de seletividade impostos de forma imediata pelas
estruturas e processos organizacionais do sistema político e que podem ser explicadas sem
referência a tais processos. (Offe, Claus. 1984. pp. 147 e 148.).
Para o autor, a estrutura interna do sistema de instituições políticas contém premissas
que funcionam como critérios de seleção em dois sentidos, demostrando a natureza de classe
do Estado. Primeiro, apresenta uma seletividade que escolhe e seleciona somente os interesses
compatíveis com os “interesses globais do capital” de forma a favorecer sua articulação.
Segundo, somando a essa seletividade, o Estado necessita de uma seletividade complementar,
que consiste em proteger o capital global contra interesses e conflitos anticapitalistas. A partir
desses dois sentidos, a seletividade é organizada em mecanismo de seleção, sendo estes
identificados no sistema político em pelo menos quatro níveis: Estrutura, Ideologia, Processo
e Repressão. (Offe, Claus. 1984. pp. 149 e 151.).
O autor ainda destaca que o caráter seletivo de um sistema político só pode ser
percebido no contexto de uma práxis política e identificado nos conflitos de classes realizados
mediantes a ações e organizações, nas quais opções normativas coletivas se transformam em
violência empírica. O caráter de classe do Estado comprova-se depois que os limites de suas
funções transpareçam nos conflitos de classe. (Offe, Claus. 1984. pp. 161.).
REFERÊNCIAS

CARNOY, Martin. ESTADO E TEORIA POLÍTICA. Papirus, 1984, pp. 119-194.

THERBORN, Göran. COMO DOMINA LA CLASE DOMINANTE? México, Siglo XXI,


“Clase, Estado y poder”(151-170).

POULANTZAS, Nicos. PODER POLÍTICO E CLASSES SOCIAIS. Martins Fontes, São


Paulo, 1986, “Introdução” (9-32); “O Estado capitalista”, “O problema”(119-137); “A
unidade do poder e a autonomia relativa do Estado capitalista, “O problema e sua enunciação
teórica pelos clássicos do marxismo” (251-258); “O Estado capitalista e as classes
dominantes” (293-300); “Sobre a burocracia e as elites” (321-354).

OFFE, Claus. “DOMINAÇÃO DE CLASSE E SISTEMA POLÍTICO. SOBRE A


SELETIVIDADE DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS”. In: Problemas estruturais do
Estado capitalista. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 1984, pp. 140-179.

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