Você está na página 1de 8

REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1820

Em Portugal, o liberalismo eclodiu com a Revolução de 1820,


que beneficiou de uma conjuntura, política, social e económica
favorável. No entanto, a sua implantação foi lenta e difícil, só se
revestindo de um carácter definitivo após 1834, depois de uma dura
guerra civil na qual as forças liberais derrotaram a forte reação
absolutista e clerical que ainda dominava o país.

ANTECEDENTES E CONJUNTURA (1807 – 1820)

PORTUGAL – INÍCIOS SÉC. XIX


País do Antigo Regime
 Vivia uma Monarquia Absolutista que se apoiava em órgãos
epressivos como a Inquisição, Real Mesa Censória e a Intendência
Geral da Polícia;
 Situação Económica: Predominância da agricultura e comércio
colonial;
 Atraso tecnológico e artesanal, o que colocava o país na cauda da
Revolução Industrial;
 Socialmente: sociedade retrógrada onde prevalecia a aristocracia e
o clero;
 Camponeses sobrecarregados de obrigações senhoriais o que fazia
com que tivessem uma vida de miséria;
 Culturalmente: Atraso cultural em relação aos países europeus
 Nos principais centros urbanos, uma burguesia comercial, ligada
aos tráficos com o Brasil estava desejosa da mudança;
 Intelectuais também estavam abertos às novas ideias de
Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Muitos integravam as lojas
maçónicas e desejavam a liberdade política e económica e pelo fim
dos privilégios sociais, do fanatismo e da tirania.
REAL MESA CENSÓRIA

Instituição que vigiava a publicação de livros, impedindo a divulgação


dos que pudessem conter ideias subversivas.

INTENDÊNCIA GERAL DA POLÍCIA

No reinado de D. Maria esta instituição foi chefiada por Pina


Manique que empreendeu uma repressão cerrada aos ideais
liberais, proibindo a publicação de livros, perseguindo,
prendendo e castigando todos os suspeitos de “ideias jacobinas”

2 - AS INVASÕES FRANCESAS E A DOMINAÇÃO INGLESA EM PORTUGAL

Entre 1807 -1811

Portugal sofre três invasões francesas decretadas por Napoleão em virtude de


não ter aderido ao BLOQUEIO CONTINENTAL
Bloqueio Continental ordem dada por Napoleão, em finais de 1806,
para que os países europeus fechassem os portos à Inglaterra. A
Portugal Napoleão ordenou, ainda, que confiscasse os barcos ingleses
ancorados nos nossos portos e os bens dos ingleses que aqui residiam.
A primeira invasão francesa foi comandada pelo General Junot, que dizia
vir libertar Portugal da influência inglesa. Chegado à capital, destituiu a
Regência e anunciou o fim da Casa Real de Bragança. Os bens da Coroa e
dos nobres que haviam partido para o Brasil foram confiscados, bem
como o ouro e prata das igrejas. Para além disso, Junot instituiu um novo
imposto obrigatório sobre os rendimentos do trabalho, agravando a
precária situação económica da nação. A reação portuguesa veio do
Norte chefiada pelo inglês Wellesley. As tropas francesas abandonaram o
país em finais de 1808 e a regência deixada por D. João voltou às suas
funções, agora presidida por Beresford.

Destruições sobretudo no Norte do País, que ficou mais afectada


pela passagem das tropas e seus vandalismos;
Perdas humanas e materiais, roubos em igrejas, mosteiros, solares
….
 A economia nacional ressentiu-se (agricultura, comércio,
indústria), instalaram o caos político e social;
 Originaram o domínio político e económico inglês;
 A corte fugiu para o Brasil, deixando o reino entregue a um
Conselho de REGÊNCIA, presidida pelo Marquês de Abrantes, a
família real retirou-se para o Brasil, porque nessa altura era a colónia
portuguesa mais importante. O Brasil tornou-se assim, o centro de
decisões, arrastou atrás de si a maior parte da nobreza, as
embaixadas, diplomatas estrangeiros … Portugal passa a condição de
colónia da sua principal colónia.
 1808 – o príncipe regente D. João decretou a abertura dos portos do Brasil
ao comércio internacional (prejudicando os interesses da burguesia
portuguesa continental);

 1815 – D. João teimava em não querer regressar a Portugal;

 Dominação inglesa em Portugal – em 1808 as tropas inglesas entraram no


país para reforçar o exército português e repelir os franceses, ao general
William Beresford foram dados amplos poderes militares e de defesa, acedeu
a general das tropas portuguesas e foi presidente da Junta governativa.
Abusou dos seus poderes e colocou oficiais britânicos nas mais altas patentes
do exército português, controlou o funcionalismo e a polícia, mandava
prender suspeitos ou simpatizantes do jacobinismo, reactivou a Inquisição e
dirigiu a economia.

Beresford era autoritário e repressivo, era visto como uma afronta e humilhação
por muitos portugueses, principalmente os defensores do liberalismo.

3 – O AGRAVAMENTO DA SITUAÇÃO ECONÓMICA E O DESENCADEAR DA REVOLUÇÃO

1811

Tropas francesas são expulsas de Portugal, no entanto, a situação


política do reino manteve-se inalterada até 1820:
 O rei não mostrava sinais de querer voltar a Portugal;
 Ingleses continuavam a governar o país.
SITUAÇÃO ECONÓMICA - FINANCEIRA:

Agravava-se de dia para dia:


- Despesas maiores que as receitas, o que se explica pelo facto do
aumento das despesas de guerra , diminuição das receitas,
agricultura em sérias dificuldades, comércio decrescia, devido à
desorganização causada durante as invasões mas sobretudo devido à
má política económica levada a cabo pelos responsáveis do governo.

Há, no entanto dois fatores que são os responsáveis pela GRAVE CRISE
ECONÓMICA QUE ABALOU O PAÍS:

Abertura dos portos


brasileiros ao tráfego
internacional Abertura do espaço
económico interno aos
ingleses

- Representou um duro golpe para a

a Burguesia mercantil portuguesa e destabilizou Negativamente a balança


comercial do país
Tratado de comércio celebrado com a Inglaterra em 1810, abriu - lhe
as portas do mercado interno brasileiro.
De melhor qualidade e mais baratos, os produtos britânicos fizeram
concorrência aos nacionais que provocaram a falência ou impediram
o desenvolvimento das manufacturas portuguesas, o que vai afetar a
burguesia industrial e comercial.

NOTA: Entre o mal-estar geral da nação, a burguesia constituía o


setor mais descontente e revoltado, não admira que tenham sido
maioritariamente os burgueses os organizadores e agitadores da
revolução.

Organização secreta fundada no Porto, em 1817,


A REBELIÃO EM MARCHA por Manuel Fernandes Tomás. Os seus membros
eram maioritariamente maçons e burgueses de
vários setores – exército, magistratura, profissões
liberais, comerciantes e industriais.
Início – 24 de Agosto 1820;
Organização – SINÉDRIO
Local - Cidade do Porto

4 – O TRIUNFO DA REVOLUÇÃO VINTISTA


REVOLUÇÃO 1820 – PORTO

COMANDO DA REVOLUÇÃO:
- Oficiais do exército: António da Silveira, Bernardo Sepúlveda,
Sebastião Drago Cabreira;
- Profissões Liberais: Manuel Fernandes Tomás, José Ferreira Borges,
José da Silva Carvalho

Todos estes nomes fizeram parte da Junta Provisional do Supremo


Governo do Reino

A revolta militar foi aclamada no Porto e posteriormente noutras


partes do país, onde os revolucionários enviaram o seu MANIFESTO À
NAÇÃO, redigido por Manuel Fernandes Tomás, onde se explicavam
os motivos que conduziram à Revolução e os objetivos da mesma;
 Expulsar os ingleses;
 Restaurar a glória e prestígio do passado;
 Respeitar as instituições tradicionais: Monarquia e Igreja;
 Reunir as cortes para se redigir uma Constituição para o país, que
defendesse a autoridade do rei e os direitos dos portugueses.

Lisboa – 15 de Setembro - um movimento de oficiais subalternos,


apoiados por burgueses e populares expulsou os regentes deixados
por Beresford e instituíram um governo Interino;
28 de Setembro os governos do Porto e Lisboa uniram-se dando
origem à Junta Provisional do Supremo Governo do Reino presidida
por António da Silveira. Exerceu funções durante 4 meses.

Você também pode gostar