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SEXUAL
ESTUPRO
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça,
a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se
pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
2009)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei
nº 12.015, de 2009)
§ 1 o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a
vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze)
anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº
12.015, de 2009)
§ 2 o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. (Incluído pela Lei nº
12.015, de 2009)
I. OBJETO JURÍDICO
A dignidade sexual da pessoa, incluindo a sua integridade física/psíquica.
Crime pluriofensivo.
V. TIPO OBJETIVO
Constranger – coagir; obrigar.
Dissenso da vítima: elementar implícita – sério e firme durante toda a atividade.
Revogação do artigo 224 do CP – artigo 217-A – estupro de vulnerável
Sadismo e masoquismo: como o consentimento da vítima, maior e capaz, e
lesão leve não há crime algum.
Caso Mike Tyson x Desiree Washington (1991) - Slogan “não é não” e
quando o não é um sim – jogo de sedução – erro de tipo – se houver dúvida
segue o não.
Síndrome da mulher de Potifar
Conjunção carnal – coito normal, que é a penetração do membro viril do
homem no órgão sexual da mulher.
Atos libidinosos - conotação sexual. O beijo lascivo pode ser considerado ato
libidinoso.
Violência - força física (lesão leve e vias de fato são absorvidas). Grave
ameaça - não possível de suportar, não importando se justa ou não, pelo agente.
É importante, para a prova do estupro, o exame pericial, especialmente no
caso de conjunção carnal, mas não é indispensável.
A violência moral pode ser demonstrada por outras provas.
Constranger a presenciar ou assistir não é estupro, é 146. Mas se menor de 14
anos a vítima – 218-A
São três as hipóteses de condutas
1) ter conjunção carnal- a vítima tem que suportar a introdução do pênis
em sua vagina ou a vagina no pênis;
2) praticar outro ato libidinoso – a vítima tem papel ativo, seja praticando
ato libidinoso no agente ou nela própria, como por ex. a masturbação;
3) permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso – neste caso o
papel da vítima é passivo. Nas hipóteses 2 e 3 não é necessário o
contato físico entre sujeito ativo e passivo, mas não há o crime em fazer
presenciar.
Pluralidade de condutas típicas: 1ª.posição – crime único – tipo misto
alternativo - 6ª. Turma do STJ; 2ª. Posição: concurso de crimes – tipo misto
cumulativo – 5ª. Turma do STJ. O STF até pouco tempo não tinha posição definida,
mas já o Ministro Cezar Peluso, em 02/03/10 havia entendido que se tratava de misto
cumulativo no julgamento do HC 86110. Ocorre que em 15/08/19, o STF, em relatoria
do Min. Alexandre de Morais, no HC 100181/RS, entendeu que se trata mesmo de tipo
misto cumulativo.
VI. TIPO SUBJETIVO
Admite-se apenas o dolo, exigindo o elemento subjetivo do tipo que é o intuito
de manter conjunção carnal ou atos libidinosos a vítima. Sem essa finalidade é
constrangimento ilegal (art. 146).
VII. CONSUMAÇÃO
Trata-se de crime material. Consuma-se o crime de estupro, na forma de
conjunção carnal, com a introdução completa ou incompleta do pênis na vagina da
mulher, ou vice-versa, independentemente de orgasmo, ejaculação, rompimento da
membrana himenal, gravidez etc. – Nos atos libidinosos, com a conduta do agente, ou
do comportamento da vítima. Inseminação artificial forçada não a gera o crime de
estupro por falta de conjunção carnal. Nesse caso é artigo 146 do CP.
VIII. TENTATIVA
A tentativa de estupro é possível teoricamente quando, havendo
constrangimento para a prática da conjunção carnal, esta não ocorrer por
circunstâncias alheias à vontade do agente. Na prática difícil é a sua ocorrência, pois
os atos libidinosos já consumam o crime, de modo que é preciso ficar evidenciada a
intenção da conjunção carnal apenas. A tentativa, porém, se evidencia sem dúvidas
quando o agente emprega violência ou grave ameaça com o propósito dos atos
sexuais, mas não consegue iniciá-los.
Desistência voluntária? Se não praticou qualquer ato libidinoso, responde por
constrangimento ilegal. Por outro lado, se pretendendo praticar a conjunção carnal
desistiu depois de já ter praticado outros atos libidinosos, não seria punido por
tentativa de estupro, mas restaria esse crime consumado pela prática dos outros atos
libidinosos.
Ejaculação precoce e disfunção erétil – tentativa, consumada ou crime
impossível? A ejaculação precoce, se impedir a conjunção carnal é estupro tentado
porque é meio relativamente impróprio. O mesmo se dá com a disfunção erétil,
impotência coeundi, que somente gera crime impossível em relação ao estupro por
conjunção carnal se for absoluta a impossibilidade do coito – ineficácia absoluta do
meio – responderá pelo art. 129 ou 147.
X. CONCURSO DE CRIMES
Ocorrerá sempre que satisfeitas as disposições contidas nos artigos 69, 70 e
71. Situação peculiar é a “curra”, quando dois ou mais agentes se revezam nas
práticas sexuais contra a vítima. Nesse caso o agente responderá pelo seu ato sexual
e também do comparsa, sendo responsabilizado por dois crimes, seja na forma de
concurso material ou crime continuado.
CRIME CONTINUADO: Nada impede a continuação no crime de estupro
contra a mesma vítima, como os atos praticados contra vítimas diversas, desde que
preenchidos os pressupostos previstos no Art.71.
Antes da Lei 12015/09, embora se negasse, predominantemente, na
jurisprudência, a continuidade entre estupro e atentado violento ao pudor, sob o
argumento de que tais crimes não eram da mesma espécie, agora, estando tudo
concentrado no mesmo tipo, as condições em concurso material devem ser
transformadas em crime continuado ou mesmo crime único, dependendo do
entendimento (tipo misto alternativo ou cumulativo).
ESTUPRO DE VULNERÁVEL
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com
menor de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no
caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não
tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por
qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
§ 2o (VETADO)
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§ 4o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo
aplicam-se independentemente do consentimento da vítima ou do fato
de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime. (Incluído
pela Lei nº 13.718, de 2018)
Hipóteses de vulnerabilidade
a) menores de 14 anos – critério etário – critério objetivo, portanto, não
cabe discussão sobre ser ou não incompleto o desenvolvimento físico,
mental e moral dos menores nessa idade. Não se trata de presunção,
mas sim de proibição (Rogério Greco). Prova da idade: documento
hábil. Crítica: não uniformizou com o ECA;
b) aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não têm o
necessário discernimento para a prática do ato: Pode ser permanente
ou temporário, congênita ou adquirida. Sistema biopsicológico. Exige-
se perícia médica. Ë necessário o conhecimento do agente. O
legislador não colocou como condição o aproveitamento da situação
pelo agente, configurando falha.
c) aqueles que, por qualquer outra causa, não podem oferecer resistência.
Vítima em situação de incapacidade de resistência como: sono
profundo; anestesiadas ou sedadas; pessoas portadoras de deficiências
físicas (tetraplégico); embriaguez; desmaio;
Erro de tipo: erro sobre a idade da vítima – exclui o dolo e como o crime não
tem forma culposa, a conduta é atípica.
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título,
procede-se mediante ação penal pública incondicionada. (Redação
dada pela Lei nº 13.718, de 2018)
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.718, de
2018)
Art. 226. A pena é aumentada:
I - de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas)
ou mais pessoas;
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio,
irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou
empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade
sobre ela; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio,
irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou
empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade
sobre ela; (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018)
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado:
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Estupro coletivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes; (Incluído pela Lei
nº 13.718, de 2018)
Estupro corretivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima.
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)