Você está na página 1de 14

FENÔMENOS DOS TRANSPORTES I – NOTAS DE AULA – PROFESSOR CARLOS ALEXANDRE DE ARAUJO

FENÔMENOS DOS TRANSPORTES I

TÓPICO II – ESTÁTICA DOS FLUIDOS

Conceito de Pressão

A pressão ou tensão mecânica (símbolo: p) é a medida da força normal


(perpendicular à área) exercida por unidade de área. Também pode ser definida como
a quantidade força distribuída em uma área. Matematicamente, tem-se:

F
p= (1)
A
Onde p é a pressão, F é a força, e A a área onde atua a força.

Unidades principais de medição de pressão:

[ p ] = [F ] = N2 = Pa [ p ] = [F ] = kgf2 = Pa
[ A] m OU
[A] cm
Outras unidades de medição de pressão:

[ p ] = [Bar ;Torr ; psi; mca; mmHg ; mmH 2O;...]


Pressão absoluta e pressão relativa

Um espaço completamente vazio tem naturalmente pressão nula, constituindo


um vácuo total ou zero absoluto de pressão. Desde que o ambiente mais usual é a
atmosfera, é comum expressar a pressão em valores relativos à pressão da atmosfera
e não em valores absolutos. Assim, a pressão relativa (ou pressão manométrica) de
um espaço é a diferença entre a sua pressão absoluta e a pressão da atmosfera, ou
seja:

p rel = p abs − p atm (2)

Onde a pressão atmosférica normal é dada por:

patm = 101,325 kPa ou 101 kPa aproximados = 1 ATM = 760mmHg

1
FENÔMENOS DOS TRANSPORTES I – NOTAS DE AULA – PROFESSOR CARLOS ALEXANDRE DE ARAUJO

Distribuição de pressão – Lei de Pascal

“A pressão aplicada em um ponto de um fluido incompressível (líquidos) em


repouso é transmitida integralmente a todos os pontos do fluido.”

Figura 1: Demonstração da Lei de Pascal.


Conclusões:

1ª - A pressão em torno de um ponto fluido, pertencente a um fluido contínuo,


incompressível e em repouso é igual em qualquer direção.

2ª - Como a pressão não depende da direção, podemos afirmar que ela é uma
grandeza escalar.

Apesar da lei de Pascal ter sido enunciada em 1620, foi neste século que ela
passou a ser usada industrialmente, principalmente em sistemas hidráulicos.

Vantagens:

o Os sistemas hidráulicos conseguem eliminar mecanismos complicados


como: cames (excêntricos), engrenagens, alavancas, etc..., pois o fluido
hidráulico não está sujeito a quebras tais como as peças mecânicas.

o Os fluidos, aqueles mais usados em sistemas hidráulicos, são geralmente


a base de petróleo. Recentemente fluidos sintéticos, fluidos com alta
resistência ao fogo, invadiram o campo hidráulico.

2
FENÔMENOS DOS TRANSPORTES I – NOTAS DE AULA – PROFESSOR CARLOS ALEXANDRE DE ARAUJO

o Os fluidos hidráulicos são considerados praticamente incompressíveis, e


possuem uma grande vantagem na transmissão de força, isto quando
comparados com outros sistemas mecânicos, como demonstra a Lei de
Pascal.

o Quando um golpe é desferido na extremidade de uma barra de metal, a


sua direção não será alterada, a não ser através do uso de engrenagens
e outros mecanismos complexos. Já em um fluido hidráulico, a força é
transmitida não só diretamente através dele a outra extremidade, mas
também em todas as direções do fluido.

Figura 2: Transmissão de esforços nos metais e nos fluidos.


As vantagens descritas anteriormente para os fluidos hidráulicos levaram as
indústrias, atualmente, a empregar uma grande variedade de máquinas que utilizam o
princípio de transmitir força através de um meio fluido.

A figura mostra alguns destes exemplos, tais como: macaco hidráulico, prensa
hidráulica, elevador hidráulico e sistema de freios hidráulico.

3
FENÔMENOS DOS TRANSPORTES I – NOTAS DE AULA – PROFESSOR CARLOS ALEXANDRE DE ARAUJO

Figura 3: Exemplos de aplicações industriais da Lei de Pascal.

Em termos matemáticos, a Lei de Pascal pode ser traduzida da seguinte forma:

Figura 4: Lei de Pascal.

 F1
 P1 =
 A1
 ⇒ P1 = P2 = P
P = F 2
 2 A2

F1 F2
= (6)
A1 A2

4
FENÔMENOS DOS TRANSPORTES I – NOTAS DE AULA – PROFESSOR CARLOS ALEXANDRE DE ARAUJO

Exemplo:

Um adestrador quer saber o peso de um elefante. Utilizando uma prensa


hidráulica, consegue equilibrar o elefante sobre um pistão de 2000cm2 de área,
exercendo uma força vertical F equivalente a 200N, de cima para baixo, sobre o outro
pistão da prensa, cuja área é igual a 25cm2. Calcule o peso do elefante.

Solução:

F1 F2 Felefante F F
= ⇒ = ⇒ Felefante = Aelefante ×
A1 A2 Aelefante A A

200 N
Felefante = 2000cm 2 × ∴ Felefante = 16 kN
25cm 2

Exercícios Resolvidos

Exercício 1. A figura a seguir mostra uma prensa hidráulica cujos êmbolos têm
2 2
seções S1=15cm e S2=30cm . Sobre o primeiro êmbolo, aplica-se uma força F igual
a 10N, e, desta forma, mantém-se em equilíbrio um cone de aço de peso P, colocado
sobre o segundo êmbolo. Calcular o peso do cone. Resp.: 20N

F1 F2 F A 30
Solução: = ⇒ F2 = A2 × 1 = F1 × 2 ∴ F2 = 10 × = 20 N
A1 A2 A1 A1 15
5
FENÔMENOS DOS TRANSPORTES I – NOTAS DE AULA – PROFESSOR CARLOS ALEXANDRE DE ARAUJO

Exercício 2. A figura representa uma prensa hidráulica. Determine o módulo da força


F aplicada no êmbolo A, para que o sistema esteja em equilíbrio. Resp.: 3200N

Solução:

FA FB F A 1
= ⇒ FA = AA × B = FB × A ∴ FA = 800 × = 3200 N
AA AB AB AB 0,25

Exercícios Propostos

Exercício 1. Dispõe-se de uma prensa hidráulica conforme o esquema a seguir, na


qual os êmbolos A e B, de pesos desprezíveis, têm diâmetros respectivamente iguais
a 40cm e 10cm. Se desejarmos equilibrar um corpo de 80kg que repousa sobre o
êmbolo A, qual a força perpendicular F que deveremos aplicar em B? Resp.: 50N

6
FENÔMENOS DOS TRANSPORTES I – NOTAS DE AULA – PROFESSOR CARLOS ALEXANDRE DE ARAUJO

Exercício 2. Um esquema simplificado de uma prensa hidráulica está mostrado na


figura a seguir. Pode-se fazer uso de uma alavanca para transmitir uma força aplicada
à sua extremidade, amplificando seu efeito várias vezes. Supondo que se aplique uma
força de 10N á extremidade A da alavanca e sabendo que a razão entre a área do
êmbolo maior pela área do êmbolo menor é de 5, qual o módulo da força F que o
êmbolo maior aplicará sobre a carga? Resp.: 100N

7
FENÔMENOS DOS TRANSPORTES I – NOTAS DE AULA – PROFESSOR CARLOS ALEXANDRE DE ARAUJO

Variação de Pressão num Fluido em Repouso – Teorema de Stevin

“A pressão em um ponto do fluido é diretamente proporcional à profundidade


deste ponto e ao peso específico do fluido”

Em termos matemáticos, a relação entre a pressão p de um fluido e a altura z é


dada por:

dp
= −γ (3)
dz

Onde γ é o peso específico do fluido dado por:

γ = ρg (4)

Onde ρ é massa específica e g=10m/s2 aceleração da gravidade local.

O peso específico tem sinal negativo, pois o referencial é positivo com o


aumento da altura manométrica. No Teorema de Stevin, a pressão aumenta com o
aumento da profundidade, que é a altura negativa.

Z: altura (+)

Referencial Horizontal

H: profundidade (-)

Figura 5: Referencial para variação de pressão.

Se, além disso, esse peso específico é constante, ou seja, o fluido é


incompressível (por exemplo, a água), a equação diferencial pode ser resolvida com
uma simples integração:

8
FENÔMENOS DOS TRANSPORTES I – NOTAS DE AULA – PROFESSOR CARLOS ALEXANDRE DE ARAUJO

p z
dp
= −γ ∴ dp = −γ .dz ∴ ∫ dp = −γ ∫ dz
dz p0 z0

p − p 0 = −γ ( z − z 0 ) ⇒ p = p0 + γh (5)
p = p0 + γ (z0 − z )
123
h

Ou:

p = p0 + ρgh (6)

Exemplo: Na figura, a pressão pA é a da atmosfera e vale patm = 101,325 kPa


Determinar:
a) As pressões absolutas em B e em C.
b) As pressões relativas em B e em C.
c) O gráfico da distribuição de pressões relativas nas paredes do vaso.

Solução:

a) Pressões absolutas:
p = p 0 + ρgh = p 0 + γh
h AB = h A − hB = 0,9 m

9
FENÔMENOS DOS TRANSPORTES I – NOTAS DE AULA – PROFESSOR CARLOS ALEXANDRE DE ARAUJO

kN
p B = p A + γ óleo h AB = 101,325kPa + 7,85 × 0,9m
m3
}
kPa

kN
p B = 101,325kPa + 7,065 2 = 108,39kPa
m
p = p 0 + ρgh = p0 + γh
hBC = hB − hC = 2,1m
kN
pC = p B + γ Água hBC = 108,39 kPa + 9,81 × 2,1m =
m3
}
kPa

kN
pC = 108,39kPa + 20,601 2 = 128,99 kPa
m
b) Pressões relativas:
p rel = p abs − p atm
p rel B = p B − p atm = 108,39 − 101,325 = 7,065kPa
p rel C = pC − p atm = 128,99 − 101,325 = 27,65kPa

d) O gráfico da distribuição de pressões relativas nas paredes do vaso.

PBREL=7MPa
PBREL=7MPa

PCREL=27MPa PCREL=27MPa

PCREL=27MPa

10
FENÔMENOS DOS TRANSPORTES I – NOTAS DE AULA – PROFESSOR CARLOS ALEXANDRE DE ARAUJO

Exercícios Resolvidos

Exercício 1. A figura mostra um tanque de gasolina com infiltração de água. Se a


densidade da gasolina é 0,68 determine a pressão no fundo do tanque ( γH2O = 9800
N/m3).

Solução:

Exercício 2. O Edifício “Empire State” tem altura de 381 m. Calcule a relação entre a
pressão no topo e na base (nível do mar), considerando o ar como fluido
incompressível (γAr = 12,01 N/m3).

Solução:

Exercício 3. A água de um lago localizado em uma região montanhosa apresenta


uma profundidade máxima de 40 m. Se a pressão barométrica local é 598 mmHg,
determine a pressão absoluta na região mais profunda (γHg = 133 kN/m3 ; ( γH2O =
9,8 kN/m3).
Solução:

11
FENÔMENOS DOS TRANSPORTES I – NOTAS DE AULA – PROFESSOR CARLOS ALEXANDRE DE ARAUJO

Exercício 4. No piezômetro inclinado da figura, temos γ1 = 800 Kgf/m2 e γ2 = 1700


Kgf/m2, L1 = 20 cm e L2 = 15 cm, α = 30o. Qual é a pressão em P1?

Solução:

h1 = L1. sen α
h2 = L2. sen α
P1 = h1.γ1 + h2.γ2 = L1.sen α.γ1 + L2.sen α.γ2
P1 = 0,20 x sen 30o x 800 + 0,15 x sen 30o x 1700
P1 = 207,5 Kgf/m2

Exercícios Propostos

Exercício 1. Na reprodução da experiência de Torricelli em um determinado dia, em


Curitiba, o líquido manométrico utilizado foi o mercúrio, cuja densidade é 13,6 g/cm3,
tendo-se obtido uma coluna com altura igual a 70 cm, conforme a figura. Se tivesse
sido utilizado como líquido manométrico um óleo com densidade de 0,85 g/cm3, qual
teria sido a altura da coluna de óleo? Justifique sua resposta. Resp. 11,2m.

12
FENÔMENOS DOS TRANSPORTES I – NOTAS DE AULA – PROFESSOR CARLOS ALEXANDRE DE ARAUJO

Exercício 2. É impossível para uma pessoa respirar se a diferença de pressão entre o


meio externo e o ar dentro dos pulmões for maior do que 0,05 atm. Calcule a
profundidade máxima, h, dentro d'água, em cm, na qual um mergulhador pode
respirar por meio de um tubo, cuja extremidade superior é mantida fora da água.
Resp.: 50cm.

Exercício 3. No terceiro quadrinho, a irritação da mulher foi descrita,


simbolicamente, por uma pressão de 1000 atm. Suponha a densidade da água igual a
1000kg/m3, 1 atm = 105 N/m2 e a aceleração da gravidade g = 10m/s2. Calcule a que
profundidade, na água, o mergulhador sofreria essa pressão de 1000 atm. Resp.:
10000m.

Exercício 4. No diagrama mostrado a seguir, x e y representam dois líquidos não


miscíveis e homogêneos, contidos num sistema de vasos comunicantes em equilíbrio
hidrostático. Qual o valor que mais se aproxima da razão entre as densidades do
líquido y em relação ao líquido x. Resp.: 0,8

13
FENÔMENOS DOS TRANSPORTES I – NOTAS DE AULA – PROFESSOR CARLOS ALEXANDRE DE ARAUJO

Exercício 5. A figura representa um tubo em forma de U com água e petróleo, cujas


3 3
densidades são, respectivamente, 1.000 kg/m e 800 kg/m . Sabendo que h = 4 cm e
2
que a aceleração da gravidade tem módulo 10 m/s , qual a pressão causada pelo
petróleo, na interface A? Resp.: 400Pa. Esboce o gráfico da distribuição de pressões
nas paredes do vaso.

3 3
Exercício 6. O tubo em U contém mercúrio (d =13,6 g/cm ), água (d =1 g/cm ) e
Hg água
3
óleo (d =0,8 g/cm ). Determine a altura da coluna de mercúrio, sabendo que a de
óleo

óleo é 8 cm e a de água é 7,2 cm. Resp.: 1 cm. Esboce o gráfico da distribuição de


pressões nas paredes do vaso.

14

Você também pode gostar