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UMA ABRANGÊNCIA UNIVERSALISTA

Antonio Houaiss

benemerência que presidiu à criação do Coleção Cultural Odebrecht foi resultado de uma inspiração não preconcebido,
o que foi o fonte de muitos dos suas principais vi rtudes; os cinqüenta e quatro títulos que por oro foram publicados
integram um acervo de tão alto qualidade que se foz difícil buscar algo no gênero que se lhe posso comparar.

São·virtudes desSa coleção, em primeiro lugar, os artistas, intelectuais, pintores ou escultores, sábios, cientistas, bibliófilos
que lhe deram, com diferentes razões, suo colaboração; ao brasileiro médio, muitos dos seus nomes dirão não pouco o
tal respeito com risco de omissões, cito-os, por seu peso ponderai no cenário do cultura brasileiro contemporâneo, e o
faço ao sabor do suo ocorrência em função do longo manuseio que tive com todos os títulos do conjunto: José
Vollodores (cujo Homenagem à Bahia Antigo teve tal repercussão que, com 1ºedição em 1959, lograva uma 2º já em
1962, gerando o ânimo editorial benemerente do Odebrecht), Clorivol do Prado Vollodores (cujo presença no acervo
se reitero vários vezes), João Wolter de Andrade, Geraldo Edson de Andrade, Stefon Geyerhohn, leonordo Arroyo,
Bruno von der leyden, George lave, levvy Morais, luís Carlos Rego, Mituo Shiguihoro, Peter Schneider, Sebastião
Barbosa, Silvestre Pedro Silvo, Wolter Firmo, Flávio de Aquino, lula Cardoso Ayres, Gilberto Freyre, Diógenes Rebouças,
Godofredo Filho, Pedro Calmon, Emonoel Araújo, Alberto Volenço (in memoriom), louis Buvelot em texto de Gilberto
Freyre com prefácio de Mourice Pionzolo, jonuário Garcia Filho, Mercedes Reis Pequeno, Vasco Mariz, Miguel Proença,
Dom Paulo Rocha, Dom Timóteo Amoroso, Woldeloir Rêgo, Gilbertp Ferrez, Georges Duploin , tverordo Magalhães
Castro, Antônio Olinto, jocob Klintowitz, Pietro Mario Bordi, Carlos Drummond de Andrade, Hugo leal, Mário Cravo, .
Cravo Neto, Moto e Silvo, Oswaldo de Andrade, Roger Bostide, Jorge Amado, Mork Berkovitz, Paulo lira, Wagner
Monteiro, Vil mor Berna, luis Fernando Freire, leondro Songol, Pedro Osvaldo Cruz, Paulo Santos, Boris Kossoy, Corybé,·
Elomor Figueira Melo, Ernoni Maurílio, Coymmi, Marília Barbosa, Vero Alencar, Mário Barato, José Mario de Souza
Nunes, lso Adonios, Jackson Flores Júnior, Aroci Amoral, Artur lundgren, Paulo lira, Max justo Guedes, Belmiro de lira
Moia, Arline Sousa de Oliveira, Carmem lúcio de Almeida Ferraz, Dante luís M. Teixeira, Gustavo Wilson Nunon, luís
Paulo Horto, José Roberto Teixeira leite, Udo Knoff, Olímpio Pinheiro, George Nelson Preston, TomJobim, Sérgio Cabral,
Hélio Abronches Viotti, SJ , Patricia Riéke~s Rey de Castro, Bruno Furrer, lídio Besouchet, José Cláudio do Silvo, Nestor
Goulort Reis Filho, Murilo Carvalho, Ronaldo Kotscho, Newton Silvo, Antônio Augusto D'Aguior, Cid Teixeira, Kátio do
Prado Vollodores, Marcos Antônío do Prado, Cilene Chaves de Albuquerque, Humberto de Morais Fronceschi, Ano
Mario de Oliveira, Ivan Connobrovo, Morgoreth Mee, Mario dos Graças l. Wanderley: são, como não escapará o
ninguém, uma galeria altamente representativo do intelectuolidode e criatividade brasileiro, com o concurso de ilustres
estrangeiros que aqui se radicaram ou souberam ser homens (e mulheres) de 'andor e ver'. A segundo virtude do
• coleção é que, não fendo plano preconcebido, foi vivido - o cada título - como façanha próprio : quer tenho sido
desde os origens patrocinado cada volume ou álbum pelo mecenótico do Odebrecht, quer tenham sido alguns outros
editorodos autonomamente e em seguido perfilhados pelo Odebrecht (sempre preservado, nesse perfilhomento, o
qualidade consentâneo com o dominante no acervo), o foto é que o coleção foi objeto de carinhoso cuidado artesanal,
tratamento gráfico e industrial e bibliológico exemplares que alimentam o leitor ou contemplador ou usufrutuário de altos •
prazeres, o de formar-se, o de instruir-se, o de imaginar, o de sonhar, o de desejar, o de aspirar a...

Mos o virtude maior do acervo é que- desejado como o filho cujos troços físicos e espirituais são apenas devaneados -
suo extensão físico, suo temática·, suas áreas de interesse particular foram acumulando-se de forma tal que, por exemplo,
se poderá, num exame inicial algo ligeiro, supor que subjozio nos seletores uma intencionalidode preferencial - digamos
soteropolitono, isto é, baiano, mos limitadamente salvadorense, reconcavense, se tonto. Pois há aí a Bahia antigo como a
capital do Estado colonial, do província como há Manaus, em função do seu teatro, há São Paulo, há o Brasil antigo, há
o Nordeste Histórico e Monumental em quatro volumes, há o África, há Ouro Preto, há a costa do Brasil, há a cidade de
São Sebastião do Rio de janeiro, há Fernando de Noronha, há até a histórica Arequipa peruana (em função da própria ·
expansão operacional da Odebrecht), há Belo Horizonte, há Angola ...

Hoje, sem horizontes fechados ou delimitados, a coleção dificilmente não apresentará títulos cobiçáveis por qualquer
cidadão b que reste ainda a alegria de ler, ver, adfllirar, instruir-se, informar-se mas com requintes de fundo e forma não
dilapidatórios.

Paro maior alcance editorial, um número apreciável de textos teve apresentação bilíngüe (um até, trilíngüe), com traduções
de valor incontestável, já para o inglês, já poro o espanhol - e talvez um só texto não teve suo versão em nosso língua.

O manuseio intelectualmente interessado, que não exclui o afetuoso e o quase infantilmente curioso por tudo que é
• humano leva algumas considerações genéricas comparativas - mas feitas sem ânimo pejorativo, senão que antes como
emulação.

De fato, nenhuma empresa, público ou privada, quis até hoje ombrear com a Odebrecht nessa devoção cultural.
De foto, mesmo entre nossos empresas editoriais de maior vulto, nenhuma pode orgulhar-se de ter editorado um conjunto
de títulos que possa equiparar-se à coleção do Odebrecht, por sua qualidade bibliológica,·nem estou quéref'ldo insinlltlr
deméritos para com algumas brasilianas, brasilienses, brasílicas ou afins, alguns títulos das quais são de importância
inexcedível.

Se não se levar em conta o tempo, no afeiçoamento da coleção Odebrecht, poder-se-á cair no pecadilho de tisnar a
coleção pela presença relativamente conspícua da baianidade - mos ver-se-á logo que se trata de presenças, que não
preferênciois: com efeito, quem objetará o Jorge Amado, Corybé (esse argentino cujo brosilidode desafio cada brasileiro)
Mário Cravo, Coymmi, Emonoel Araújo?

De foto ainda, relembre-se que o coleção celebro e (nós com ela) concelebro o seu qüinquagésimo quinto título - seus
virg1nalmente Ol! seus potrocinàdos -, o que nos foz esperar que o Odebrecht venho em breve futuro dor-nos o alegria de
reconcelebrormos seu centésimo título, numa abrangência temático progressivamente pon-brasileiro e mesmo universalisto,
que caibo no Brasil.

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