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As Cartas Do Pai de Hitler Caídas No Esquecimento em Sótão Austríaco
As Cartas Do Pai de Hitler Caídas No Esquecimento em Sótão Austríaco
sótão austríaco
correiobraziliense.com.br/mundo/2021/03/4911550-as-cartas-do-pai-de-hitler-caidas-no-esquecimento-em-sotao-
austriaco.html
A primeira vez que uma mulher entrou em contato para lhe dizer que havia descoberto
cartas centenárias escritas pelo pai de Adolf Hitler em seu sótão, o historiador austríaco
Roman Sandgruber foi cauteloso. "No início, eu estava um tanto cético: sabemos muito
pouco sobre a juventude" do Führer, "e menos ainda sobre seu pai", disse à AFP este
especialista, que esperava encontrar um achado maluco.
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Ele as escreveu durante o Império Austro-Húngaro para um certo Josef Radlegger, um
funcionário da Pontes e Calçadas. Ele queria comprar uma fazenda em uma cidade na Alta
Áustria (norte) em 1895, seis anos após o nascimento de Adolf.
Mãe "emancipada"
"Há um clima muito familiar entre os dois, muita fofoca é contada", explica Sandgruber
na biblioteca universitária da cidade de Linz. Nascido fora do casamento, Alois era
conhecido por ser um "chefe de família tirânico", mas a correspondência expõe "uma vida
familiar nem sempre desagradável".
As cartas também mostram uma imagem diferente da mãe Klara, que Adolf Hitler
descreveu como uma "dona de casa" tranquila em seu livro "Minha luta" ("Mein Kampf",
no original). "Minha esposa gosta de ser ativa e mostra certo entusiasmo, bem como um
bom conhecimento das coisas econômicas", escreveu Alois Hitler a seu sócio.
Klara, uma das poucas pessoas que não sofreu a ira de Alois, aparece em suas cartas como
"uma mulher profundamente emancipada, como diríamos hoje", segundo Roman
Sandgruber. As pegadas deixadas pelo funcionário da Alfândega também atestam sua
ascensão social e sua vontade de ganhar respeito no nível local, o que passa pela posse de
terras.
O pesquisador evita comparar Alois com seu filho, mas vê algo em comum: eles são
autodidatas. "Ambos desprezavam aqueles que haviam recebido uma educação formal:
acadêmicos, notários, juízes e depois até oficiais militares", afirma, e se consideravam
"gênios".
Tudo isso nunca teria sido descoberto sem obras de isolamento térmico. Há alguns anos,
uma austríaca, longe de suspeitar do que havia sob seu teto, decidiu isolar o sótão e
esvaziá-lo para isso. Annelise Smigielski sabia que seu trisavô, Josef Radlegger, havia
vendido mercadorias para Alois Hitler, mas não achava que encontraria sua caligrafia, em
meio a uma pilha de cartas esquecidas décadas atrás.
Logo ficou claro que o pai de Hitler "se zangava com tudo", disse à AFP, acrescentando
que a caligrafia era difícil de decifrar. Como tinha conhecimento das investigações de
Roman Sandgruber, considerou que seria melhor lhe confiar estes arquivos em 2017.
Ambos estão surpresos com a atenção internacional que o livro desperta, do Peru à
China. Smigielski diz que está sobrecarregada com os pedidos dos jornalistas. Tem a
impressão de ser "um coelho cego pelos faróis". "Mas isso vai se acalmar," espera.
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