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Márcia Selivon
Bacharel em Letras pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e licenciada pela Faculdade de Educação,
ambas na Universidade de São Paulo. Nessa mesma universidade, defendeu sua dissertação de mestrado na área de
Filologia e Língua Portuguesa (aspectos da retórica grega, latina e contemporânea.). Atualmente, elabora sua tese de
doutorado na mesma área. Profissionalmente, atua no ensino de língua portuguesa desde 1992. Participa também
da correção de textos dissertativos em vestibulares e concursos públicos. Desde 2004, é professora da Universidade
Paulista (UNIP), ministrando aulas no curso de Letras (na modalidade presencial) e na UNIP Interativa (a distância),
auxiliando inclusive na elaboração de material didático, do qual este livro texto faz parte.
Possui graduação em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas (2005) e é mestre em Linguística, na área
de Letras Clássicas pela mesma Universidade, com o projeto de tradução e anotação da obra de Marco Túlio Cícero
intitulada De Diuinatione, sob orientação do Prof. Dr. Paulo Sérgio de Vasconcellos. Possui experiência na área de
Filosofia e Letras, com ênfase em Línguas Clássicas (latim). Foi professora de latim nos cursos de extensão “Introdução
à Língua Latina I e II” na Escola de Extensão da Unicamp, no Instituto Lumen Verbi de Educação e Cultura (nível
fundamental) e na Universidade Paulista.
CDU 801
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Cid Santos Gesteira (UFBA)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Cristina Alves
Sumário
Língua e Cultura Latinas
Apresentação.......................................................................................................................................................7
Introdução............................................................................................................................................................7
Unidade I
1 Aspectos históricos de Roma................................................................................................................9
1.1 O que é o latim e o povo romano......................................................................................................9
1.1.1 Origem de Roma e fatos históricos relevantes...............................................................................9
1.1.2 A República romana............................................................................................................................... 10
1.1.3 As conquistas romanas...........................................................................................................................11
1.1.4 As reformas romanas............................................................................................................................. 12
1.2 Organização social do Império Romano...................................................................................... 16
1.2.1 Hábitos alimentares dos romanos.................................................................................................... 19
1.2.2 A religião romana.................................................................................................................................... 19
1.2.3 Os principais deuses................................................................................................................................ 19
1.2.4 O culto.......................................................................................................................................................... 21
2 Breve história do latimx......................................................................................................................... 22
2.1 Fases do latim......................................................................................................................................... 23
3 Recapitulação de algumas funções sintáticas.................................................................... 24
3.1 Função sintática: sujeito.................................................................................................................... 24
3.2 Função sintática: vocativo................................................................................................................. 25
3.3 Função sintática: adjunto adnominal........................................................................................... 26
3.4 Função sintática: objeto direto........................................................................................................ 27
3.5 Função sintática: objeto indireto.................................................................................................... 28
3.6 Função sintática: adjunto adverbial.............................................................................................. 29
4 Características da pronúncia e introdução à gramática latina.......................... 30
4.1 Latim: uma língua de casos.............................................................................................................. 32
4.2 O caso nominativo e o verbo sum (ser/estar/haver)............................................................... 33
4.3 O caso acusativo e os verbos da 1ª conjugação....................................................................... 36
4.4 O caso genitivo e os verbos da segunda conjugação............................................................. 40
4.5 O caso dativo e os verbos da terceira conjugação.................................................................. 43
4.6 O caso ablativo e os verbos da quarta conjugação................................................................. 46
4.7 A conjugação mista.............................................................................................................................. 49
4.8 Modo imperativo e o caso vocativo.............................................................................................. 49
4.9 O gênero neutro..................................................................................................................................... 51
4.10 Adjetivo de 1º tipo.............................................................................................................................. 51
Unidade II
5. O latim vulgar: definição.................................................................................................................... 59
5.1 Características do latim vulgar........................................................................................................ 60
5.2 Fontes de informação sobre o latim vulgar............................................................................... 61
6 A literatura latina.................................................................................................................................... 68
6.1 As origens da comédia........................................................................................................................ 68
6.2 Historiografia...........................................................................................................................................71
6.3 Poesia filosófica...................................................................................................................................... 72
6.4 A retórica.................................................................................................................................................. 73
6.5 A poesia lírica e a poesia épica........................................................................................................ 76
6.6 A obra filosófica de Sêneca e a tragédia latina......................................................................... 88
7 Línguas Românicas................................................................................................................................... 91
7.1 O método histórico‑comparativo no estudo das línguas..................................................... 96
7.2 A formação da língua inglesa.......................................................................................................... 98
7.3 A formação da língua portuguesa................................................................................................. 99
8. Presença da cultura romana........................................................................................................101
8.1 Outros aspectos do legado cultural romano............................................................................101
8.1.1 Máximas romanas.................................................................................................................................101
8.1.2 A cidadania e o Direito Romano......................................................................................................102
8.1.3 A arte romana e a arquitetura..........................................................................................................103
8.1.4 As fábulas romanas...............................................................................................................................107
8.2 Repercussões da cultura romana...................................................................................................111
8.3 O legado cultural romano.................................................................................................................111
Apresentação
Caro aluno,
Vamos iniciar a reflexão sobre a língua latina e a cultura romana. Para isso, é necessário contextualizar,
no tempo e no espaço, os aspectos que precisam ser compreendidos.
Na Unidade I, será apresentado o modus vivendi romano, ou seja, os principais fatos sociais
e históricos da cultura romana. Após a caracterização desse cenário de época, passaremos
ao estudo do sistema fonético latino e da estrutura da língua, que apresenta declinações e
casos. Para melhor compreensão desses, recordaremos algumas funções sintáticas da língua
portuguesa.
Na Unidade II, será abordada a relação entre o latim vulgar e as línguas neolatinas, principalmente
a língua portuguesa. Além disso, será apresentado um panorama da literatura latina, com ênfase na
diversidade de gêneros textuais: comédia, tragédia, poesia lírica, poesia épica, retórica, filosofia e vários
autores como Virgílio, Horácio, Sêneca, Plauto, Quintiliano, Lucrécio e Fedro. Por fim, é preciso considerar
o legado cultural romano.
O objetivo é levar o aluno ao conhecimento da cultura e da língua latinas para proporcionar uma
compreensão do mundo ocidental, muito influenciado pela cultura romana. Além disso, procura‑se
aprofundar o entendimento sobre a formação das estruturas morfossintáticas da língua portuguesa,
conduzindo o aluno ao conhecimento geral da cultura e da língua latinas de maneira que se possa
constituir uma via de acesso tanto para a compreensão do mundo antigo quanto para um aprofundamento
sobre a formação da cultura contemporânea e aspectos linguísticos atuais.
Introdução
Muitos alunos do curso de Letras podem se perguntar: “para que estudar latim? Tenho interesse em
estudar português, inglês, espanhol...” No entanto, a partir da leitura desse texto, será possível notar que
há influência do latim na formação de todas essas línguas. Para compreender as mudanças linguísticas
ocorridas no tempo, é necessário o estudo do latim.
No caso da língua portuguesa, segundo Faraco (1998), os estudos da linguística histórica, introduzidos
no Brasil nas primeiras décadas deste século com o nome de filologia, foram muito considerados até,
pelo menos, o início da década de 1960. Nessa área, houve pesquisadores importantes como Antenor
Nascentes, Said Ali, Serafim da Silva Neto, Celso Cunha, entre outros, que produziram importantes
trabalhos sobre a história da língua portuguesa.
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Esses estudos, porém, ficaram em segundo plano a partir dos anos 60, quando os estudos linguísticos
estruturalistas foram introduzidos nas universidades brasileiras. Ao mesmo tempo em que isso significava
um avanço dos estudos linguísticos no Brasil, representava também uma diminuição das pesquisas
relacionadas aos estudos da linguística histórica. Enfatizavam‑se os estudos descritivos da língua
contemporânea e a discussão dos modelos teóricos estruturalistas e, mais tarde, dos modelos teóricos
gerativistas. Hoje, há muitos trabalhos nas áreas de semiótica e de análise do discurso.
No entanto, nos últimos anos, questões da linguística histórica, ainda de acordo com Faraco (1998),
parecem estar interessando novamente alguns estudiosos brasileiros como Fernando Tarallo, Rosa
Virgínia Mattos e Silva, Marco Antonio de Oliveira, entre outros.
Quem sabe no futuro, você, estudante de Letras, possa se interessar pelo estudo da linguagem como
uma realidade histórica, vinculada à vida social e cultural dos falantes. Assim, poderá ser dada uma
importante contribuição para as pesquisas linguísticas no Brasil.
Além disso, o aluno verá que a literatura latina teve grande influência na literatura ocidental,
incluindo a literatura em língua portuguesa. É notória também, até hoje, a presença de elementos da
cultura latina nos campos da arte, arquitetura, estrutura judiciária e da organização social. Vamos então
iniciar nossos estudos do latim e da cultura latina.
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Língua e cultura latinas
Unidade I
1 Aspectos históricos de Roma
O latim é a língua que foi falada no Lácio (em latim Latium), região da Península Itálica onde foi
fundada a cidade de Roma, em meados do séc. VIII a.C.
Com o crescimento de Roma, na Antiguidade, o latim prevaleceu sobre as demais línguas então
faladas na região da Itália, como o osco, o umbro, o grego e o etrusco. Roma cresceu continuamente,
tornou‑se um grande império e, em cada novo território conquistado, o latim se tornava a língua oficial.
O grego era a principal língua de civilização da Antiguidade, mas com a expansão do Império Romano,
o latim também se tornou importante.
Com o passar do tempo, as línguas foram se modificando. Dessa forma, depois da queda do Império
Romano, cada região começou a falar o latim ao seu modo, até que a língua que falavam era tão
diferente do latim da antiga Roma, que não poderia mais ser chamada de “latim”. Surgiram então as
línguas neolatinas: o português, o francês, o italiano, o espanhol, o romeno, entre outras.
Diariamente falamos várias línguas, sem nos darmos conta do lento processo de transformação até
que pudéssemos falar o português, por exemplo. Mas o aluno, como futuro professor, deve tornar‑se
consciente desse longo processo evolutivo para melhor aprender e ensinar as línguas pelas quais tem
interesse.
Embora o objetivo dessa disciplina não seja estudar fatos históricos, o conhecimento desses, além
do de aspectos religiosos e sociais, é importante para que se compreenda melhor tanto a língua como
a cultura latina.
Os primeiros habitantes da Itália eram povos que tinham um estágio de desenvolvimento muito
rudimentar quando começaram a chegar os arianos. Os italiotas ocuparam a parte central da Península
Itálica, subdivididos em várias tribos, dentre as quais:
com os gregos do sul e atingiram também um relavante progresso cultural, mais tarde assimilado
pelos romanos.
A origem de Roma está muito relacionada às lendas. O poeta Virgílio atribuiu sua fundação a Rômulo
e Remo, descendentes de Eneas, rei de Troia. Historicamente, pode‑se considerar que Roma se originou
de um forte construído por latinos e sabinos às margens do Rio Tibre.
Os patrícios eram os aristocratas proprietários de terras que formavam a camada social dominante
e agrupavam‑se em uma unidade básica, o gens ou o clã. Os clientes também faziam parte do clã, mas
a República romana era principalmente aristocrática. Todos aqueles que não pertenciam a um gens ou
a um clã eram considerados plebeus. A camada dos plebeus em geral era formada pelos estrangeiros,
artesãos, comerciantes e pequenos proprietários de terras.
No período monárquico, o poder real era considerado de origem divina. O rei era o chefe e se
apoiava no Imperium (comando supremo) e no Auspicium (conhecimento da vontade divina). O rei era
assessorado pelo conselho dos Anciãos, denominado Senado, composto pelos chefes de família e pelos
sacerdotes. A Assembleia Curiata reunia os patrícios adultos.
Na sua origem, a República romana era aristocrática. Durante as lutas entre patrícios e plebeus, ela
atingiu um estágio mais democrático. As principais instituições políticas da República eram: o Senado,
as Magistraturas e as Assembleias.
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Língua e cultura latinas
Senado: era composto pelos chefes das grandes famílias; depois seus membros eram escolhidos entre
os antigos magistrados. O poder do Senado era praticamente universal, estendendo‑se à administração,
à legislação interna e às relações exteriores.
Assembleia: a Assembleia Centuriata era uma reunião do exército, dividida em centúrias, que votava
as principais leis do Estado. Já a Assembleia Tribunícia era muito menos importante e se reunia na
cidade; cada tribo tinha um voto.
A luta entre patrícios e plebeus começou em 494 a.C. e só terminou por volta de 286 a.C. No fim
desse período, os plebeus tinham conseguido certa igualdade de direitos em relação aos patrícios. A
luta foi longa, mas, pouco a pouco, a plebe foi conquistando o direito à participação em todas as
magistraturas da República.
As lutas contra Cartago foram as mais duradouras das quais os romanos participaram. Elas ficaram
conhecidas como “Guerras Púnicas”, ocorreram em número de três, e duraram por mais de um século.
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Unidade I
O choque de interesses cartagineses e romanos na Sicília provocou o início da primeira, que terminou
com a vitória dos romanos e a anexação da Sicília, da Córsega e da Sardenha. Os cartagineses reagiram,
conduzindo o exército até a Itália. Os romanos atacaram a Sicília e Cartago foi ocupada. Na terceira
Guerra Púnica, Cartago foi totalmente destruída.
Lembrete
Observação
O Senado romano definia os estatutos da província, que variavam de país para país conquistado. Os
cidadãos pagavam tributos em forma de produto ou em dinheiro, sendo explorandos ao máximo.
O primeiro grande reformador romano foi Tibério Graco (133 a.C.). Seu principal objetivo era realizar uma
reforma agrária, limitando a posse de terra. As terras que ultrapassassem os limites estabelecidos seriam
distribuídas gratuitamente aos cidadãos pobres. Para levar adiante suas metas, Tibério infringiu algumas leis.
Aproveitando‑se disso, seus adversários o assassinaram e também seus partidários foram mortos.
O irmão de Tibétio, Caio Graco, continuou com as reformas, realizando alguns avanços. Ele pretendeu
ainda implantar uma colônia romana em Cartago, mas esse projeto foi considerado um sacrilégio porque
Cartago tinha sido amaldiçoada e Caio Graco acabou se suicidando.
Nas diversas guerras realizadas por Roma, alguns grandes generais destacaram‑se e começaram
a exercer liderança política. Mário realizou a reforma do exército, que passou a ser uma organização
profissional, tornando‑se um instrumento político nas mãos dos comandantes. Sila reformou a
Constituição, restaurando o prestígio do Senado e dos nobres patrícios e limitando o poder da plebe.
Ele renunciou à vida pública em 79 a.C. e morreu no ano seguinte. Depois de sua morte, vários políticos
ambiciosos disputaram o poder em Roma.
12
Língua e cultura latinas
Saiba mais
Outro líder romano foi Pompeu, que combateu os piratas do Mediterrâneo e reorganizou as províncias
romanas do Oriente Próximo.
Já outra figura importante no cenário romano foi Júlio César. Pertencente a uma grande família
patrícia que se dizia descendente de Eneas, sem muitos recursos, ele contraiu muitas dívidas para fazer
carreira política em Roma, pois queria ser rei. Para isso, aliou‑se com os líderes do partido popular, que
poderiam auxiliá‑lo na conquista de seus objetivos.
Em 60 a.C., César, Pompeu e Crasso formaram o Primeiro Triunvirato. Os triúnviros dividiram entre
si a República: César ficou com a Gália, conseguindo recursos para suas legiões e enorme prestígio.
Pompeu ficou com a Espanha e Crasso com a Síria.
Saiba mais
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Unidade I
Crasso morreu na Pérsia e Pompeu tornou‑se cônsul único, recebendo a missão de combater César,
que invadiu a Itália. Pompeu fugiu para a Grécia, sendo assassinado no Egito. César transformou o Egito
em protetorado, governado pela rainha Cleópatra e depois passou a eliminar os herdeiros de Pompeu,
na África e na Espanha.
A ditadura de César foi marcada pelo acúmulo de títulos. Ele tornou‑se sumo pontífice, ditador
perpétuo, censor vitalício, cônsul vitalício e tribuno da plebe com direito de exercer o Imperium dentro
de Roma e nas províncias.
César realizou várias reformas: limitou a distribuição do trigo, construiu obras públicas e reformou o
calendário. Ele pretendia tornar hereditários os seus poderes, que já eram vitalícios. Para conseguir esses
objetivos, tinha que se tornar rei, mas foi assassinado por um grupo de senadores liderados por Bruno
e Cássio.
Com o assassinato de César, surgiu o Segundo Triunvirato, formado por Otávio, Marco Antônio e
Lépido. Eles dividiram entre si a República: Antonio ficou com o Oriente, Otávio com o Ocidente e Lépido
com as províncias da África. Antes disso, porém, derrotaram os assassinos de César, na Batalha de Filipos,
na Macedônia.
Veja o pequeno excerto a seguir sobre o estado Romano. A autoria é de Salústio (87/86 – 35
a.C.) que se dedicou à história após ter sido obrigado a abandonar uma tumultuada vida pública.
Segundo Cardoso (2003), ele tentava explicar psicologicamente os fatos históricos, procurando
as causas dos acontecimentos nos defeitos e vícios humanos, preocupando‑se com os problemas
sociais.
Por fora e por dentro (do Estado Romano), tudo era resolvido em torno
de um pequeno número de homens: eles monopolizavam o tesouro
público, o governo das províncias, as honras e os trunfos; o povo levava
uma vida miserável, oprimido pelo serviço militar e pela pobreza. O
espólio de guerra tornou‑se privilégio dos generais e de um pequeno
número de outras pessoas; durante esse tempo, os parentes ou os filhos
menores dos soldados eram espoliados de suas coisas, caso tivessem um
vizinho poderoso. Se o povo tinha acesso a algumas magistraturas, o
consulado ficava com a nobreza, que o transmitia de mão em mão. Todos
os homens novos, qualquer que fosse sua instrução ou sua fortuna,
pareciam indignos dessa honra, como que manchados pela baixeza de
sua origem (Salústio. As guerras de Jugurta. Collection d´Histoire, v.5,
p.68. apud ARRUDA, 1979.).
A conquista do Egito deu a Otávio o controle das maiores fontes do poder de Roma: o exército e a
plebe. Estava surgindo uma nova forma de governo, exercido pelo comandante do exército, o imperator.
Otávio realizou muitas reformas no Estado romano, como por exemplo a divisão das províncias em civis,
governadas pelo Senado, e militares ou imperiais, governadas diretamente pelo imperador.
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Língua e cultura latinas
Desde o final da República, porém, havia uma dissolução de costumes em Roma. Por isso, Otavio Augusto
tomou algumas medidas para tornar mais austera a vida romana. Encorajou a volta ao campo, onde os
valores tradicionais estavam mais vivos e procurou também restaurar a velha religião romana, estimulando o
culto aos deuses tradicionais e combatendo a introdução de deuses de povos estrangeiros em Roma.
Virgílio escreveu as Bucólicas e as Geórgicas (obras nas quais fez o elogio da vida no campo) e a
Eneida, (em que cantou a fundação de Roma por Eneas, herói de Troia). Tito Lívio narrou a história de
Roma, realçando os valores tradicionais que fizeram a força da civilização romana e Horácio publicou
as Odes, que tratam essencialmente da amizade, mas que também continha conselhos e reflexões
filosóficas.
Esse período será estudado com mais detalhes quando tratarmos dos autores latinos.
Percebe‑se, por meio das impressões de Tácito, como estava a nova situação do Império, com a
ascensão de Augusto. Tácito viveu entre a segunda metade do século I d.C. e o início do século II e foi
um dos grandes historiadores romanos.
As províncias não tinham mais repugnância pela nova ordem das coisas:
elas pereciam de um mal maior sob o governo do Senado e do povo (ao fim
da República), por causa da rivalidade e da avareza dos magistrados, e não
encontravam seguro eficaz nas leis, pois a violência confundia a ação. No
interior, tudo estava tranquilo; os nomes dos magistrados eram os mesmos;
todos os jovens romanos que haviam nascido depois da Batalha de Áscio, e
mesmo os mais velhos que tinham vindo ao mundo durante as guerras civis
– como se comportariam os homens que tinham visto a República? (Tácito.
Anais. I, II e III. Collection d´Histoire. V. V, pp. 106 – 107 apud ARRUDA, 1979).
Augusto perdeu quase todos que ele havia indicado para sucedê‑lo, mas não queria instituir
oficialmente o princípio da hereditariedade. Adotou Tibério, que foi aprovado pelo Senado para governar,
sendo um bom administrador.
15
Unidade I
Seguiram‑se Calígula, Cláudio e Nero. Após o assassinato desse último, surgiu uma crise militar.
Vários comandantes do exército disputaram entre si o poder durante um ano. Após a crise militar, subiu
ao poder Vespasiano, seguido por seus filhos Tito (nesse governo houve a erupção do Vesúvio, que
soterrou as cidades de Pompeia e Herculano) e Domiciano. Esses foram os primeiros imperadores não
romanos, pertencentes à burguesia italiana.
De 96 d.C. a 192 d.C, houve o grande apogeu do Império Romano. Nesse período, o Império atingiu
sua maior extensão territorial, teve grande prosperidade econômica, paz interna e foi administrado de
maneira eficiente. Houve o imperador Nerva, seguido de Trajano, Adriano, Antonino Pio, Marco Aurélio
(que protegia os pobres mas promovia terríveis perseguições aos cristãos) e Cômodo.
A partir do século III, iniciou‑se uma crise militar ligada a uma série de problemas. Os principais
foram as invasões dos bárbaros e a crise econômica.
Apesar das reformas jurídicas instauradas a partir da época de Augusto, as mulheres e as filhas ainda
eram consideradas inferiores aos maridos e aos filhos. Assim, elas não estavam autorizadas a participar
do plano de carreira das Magistraturas a serviço da comunidade e, além disso, não possuíam os mesmos
direitos de sucessão.
Observação
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Língua e cultura latinas
O escravo romano poderia ser alforriado dentro de formas prescritas, mas permanecia sob a
dependência de seu patrono. A plena liberdade só era acessível às crianças. Já os estrangeiros de outras
províncias eram considerados inferiores, não importando sua riqueza ou sua fortuna.
E como se nomeavam os cidadãos na sociedade romana? Você sabia que o sistema de nomear as
pessoas, hoje, relaciona‑se à composição dos nomes latinos? Vejamos como isso funcionava.
Os romanos possuíam um sistema próprio para distinguir uma pessoa da outra pelo nome. De acordo
com Mioranza (1996), julga‑se que este sistema tenha surgido em épocas remotas e que já fosse de uso
comum logo após o início do Império Romano. Um aspecto importante para entender essa sistemática
relaciona‑se com a divisão da sociedade romana em tribos ou clãs. Essa divisão permaneceu ao longo
dos séculos e praticamente só desapareceu com a queda do Império.
O nome, entre os romanos, referia‑se ao grupo familiar, ao grande clã que, na realidade, era uma
espécie de tribo em que se incluíam todos os parentes. Os latinos lhe davam o designativo de gens.
Como o termo gens é do gênero feminino, os clãs eram mencionados principalmente neste gênero.
Assim, por exemplo, gens Tullia, gens Julia, indicavam os membros dessas gens que levavam o nome
tribal Tullius, Julius.
Como exemplos de nomes latinos completos, há os de alguns escritores clássicos, em que os três
elementos são evidentes: Marcus Tullius Cícero, Caius Julius Caesar. Nota‑se que, decompondo o nome
completo do escritor e orador Marcus Tullius Cícero, o praenomen é Marcus; Tullius é o nomen derivado
de gens Tullia; e Cícero é o cognomen próprio do escritor ou da família em âmbito menor, inserida no
grande clã chamado gens Tullia.
Lembrete
Mioranza (1996) destaca que os componentes do nome completo romano tinham um significado
peculiar ou histórico. Portanto, não surgiam ao acaso e nem eram atribuídos aleatoriamente.
17
Unidade I
Saiba mais
Sem a posse da terra, não havia prestígio social. Sem patrimônio nem ancestralidade, não havia
nobreza. O valor dos antepassados e a glória obtida pelos atos heroicos ou atividades políticas eram
muito considerados na sociedade romana. No atrium (entrada) de todo domus (domicílio) nobre, eram
colocados armários que guardavam os bustos dos antepassados, algumas vezes dispostos sobre pequenas
colunas, além de árvores genealógicas enfeitadas de guirlandas para honrar a memória da família.
A participação dos senadores nas atividades públicas era essencial. Como tais atividades não eram
remuneradas, era a fortuna pessoal que permitia ao senador manter sua posição social e poder se
dedicar às tarefas exigidas pelo seu cargo.
Nem todos os titulares da ordem senatorial (600 senadores, no máximo, e dois a três mil membros
de suas famílias) eram considerados nobres: o consulado tinha um papel decisivo na definição da
nobreza, o que significava que apenas dez por cento dos senadores possuíam a honra de ter seus
nomes inscritos em um álbum, em que eram qualificados como “patrícios” (pais da pátria), uma
posição honrosa. Para poder pertencer a essa ordem tão nobre, era necessário preencher certas
condições: dispor, no mínimo, de um milhão de sestércios (antiga moeda de cobre romana) ou então
possuir 250 hectares de terras.
A religião tinha participação importante na comunidade: os deuses deveriam ser venerados para
que continuassem a auxiliar os cidadãos. As festas públicas, com jogos esportivos e espetáculos, eram
parte dessa busca pela atenção divina. Nas cidades, havia concursos de eloquência, competições
atléticas, poéticas ou musicais, espetáculos teatrais, banquetes ou distribuição de presentes, que atraíam
a população dos campos e das cidades vizinhas. Quanto mais numerosas e suntuosas fossem essas
manifestações, mais gloriosas tornavam‑se as camadas dirigentes.
O amor à pátria expressava a ligação com a pátria local (a cidade) e não uma afeição à “pátria
universal”, ou seja, Roma. Assim, a cidade era o lugar de origem de uma família, a terra de seus ancestrais,
e, se fosse deixada, era recomendado que se voltasse a ela. Todos se sentiam responsáveis pela integridade
e pela conservação da sua comunidade, fato essencial a uma sociedade civilizada.
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Língua e cultura latinas
Durante a cena, os homens reuniam‑se deitados e, se houvesse mulheres, elas ficariam sentadas em
um local como uma casa ou jardim coberto. O número de convidados era limitado, mas havia inúmeras
salas de jantar. Mesmo para as classes sociais menos abastadas, a cena era uma festa, apesar do pouco
luxo. A cena pertencia ao tempo do ócio (otium), ou seja, do lazer e da paz. Ela era a ocasião de consumo
de carnes e eram ingeridos também pão e legumes. Começava‑se com entradas para diminuir a fome,
compostas geralmente por ovos e azeitonas, além de pão e vinho adocicado. Na segunda parte da
refeição, havia as carnes, que poderiam ser de porco, aves, caças ou peixe. A última etapa era composta
por frutas frescas ou não (nozes, figos secos, uvas em conserva) e com o intuito de finalizar o banquete,
podiam ser servidos mariscos e pequenos pássaros, acompanhados de muito vinho. O objetivo da cena
era reforçar os laços entre os convidados, por meio da alimentação partilhada.
Os romanos comiam, geralmente, apenas para desempenharem bem as tarefas diárias, e, nesse caso,
ingeriam somente alimentos revigorantes (frugais). Esse era o prandium, em que as pessoas comiam
frequentemente sós, não importando onde e quando. Essa era a refeição dos romanos em guerra, na
atividade política ou em qualquer outra função do dia a dia que necessitassem de esforço. Podia‑se fazer
um desjejum matinal, uma refeição leve em torno do meio‑dia e um jantar e os alimentos consistiam em
pão, azeitonas, cebolas, vinho, legumes cozidos regados com óleo, hortaliças, figos etc. Assim, o dia do
romano não era regulado pelo horário das refeições, uma vez que o alimento necessário era consumido
quando ele sentia vontade; os banquetes constituíam eventos especiais (FLANDRIN, J. e MONTANARI,
M., 1998).
Os romanos tinham crenças em vários deuses e isso não fazia parte de nenhuma doutrina e nenhum
dogma. Era uma fé prática, uma vez que os romanos não conheciam as ideias de misticismo e de amor
aos deuses.
O culto tinha por finalidade obter o favor dos deuses, devendo ser realizado exatamente de acordo
com as regras estabelecidas; do contrário, não produzia nenhum efeito. Era uma espécie de contrato:
ofereciam‑se presentes aos deuses e, em troca, esperavam‑se boas colheitas ou vitórias nas guerras.
A religião romana passava por uma transformação contínua, com a inclusão de novos deuses
etruscos, gregos e asiáticos.
A primeira trindade romana era constituída por Júpiter, Marte e Quirino. A partir de 509 a.C., início
da República, foi introduzida uma nova trindade, de origem etrusca: Júpiter, Juno e Minerva. Os doze
grandes deuses de Roma correspondiam aos deuses olímpicos gregos e tinham mais ou menos as
mesmas atribuições:
19
Unidade I
Tabela 1
Entretanto, alguns deuses tinham significado especial para os romanos, diferente daquele que
tinham em relação aos deuses gregos. Por exemplo, Juno era a guardiã da porta principal de Roma;
Saturno era o deus das sementes e Quirino era ligado às tempestades.
Saiba mais
• Sacerdotes: não formavam um grupo à parte da sociedade, viviam como os demais cidadãos;
• Áugures: encarregados da adivinhação, interpretavam a vontade dos deuses pela observação da natureza;
• Feciais: pediam às divindades o êxito nas relações exteriores de Roma e eram também encarregados
de declarar a guerra e estabelecer a paz;
• Vestais: escolhidas entre as filhas mais jovens das grandes famílias romanas, mantinham sempre
aceso o fogo sagrado e habitavam um templo especial. Após trinta anos de serviços, podiam
retornar à vida comum.
20
Língua e cultura latinas
1.2.4 O culto
O calendário preparado pelos sacerdotes estabelecia os dias fastos (úteis) e os dias nefastos (feriados).
A vida política e social da cidade era regulamentada pela interpretação dos auspícios (manifestações
normais dos deuses), como por exemplo, o voo de um pássaro, a queda da folha de uma árvore etc. Os
prodígios eram manifestações excepcionais dos deuses, como um animal de cinco patas ou o nascimento
de uma criança deformada, entendidas como sinais de maus acontecimentos. Os arúspices, sacerdotes
de categoria inferior aos demais, liam, segundo o costume dos etruscos, a manifestação da vontade dos
deuses nas entranhas dos animais, principalmente no fígado e o culto geralmente incluía o sacrifício de
animais como um porco, um carneiro ou um touro.
Na citação a seguir, é possível ver como Suetônio, que foi um historiador romano, descreve o
assassinato de Júlio César. Observe principalmente a relação entre as superstições romanas e o fato
histórico.
21
Unidade I
No início, o que existia era apenas o latim. Depois, esse idioma passou a apresentar dois aspectos
que, com o tempo, se tornaram cada vez mais distintos: o clássico e o vulgar. Não se constituíam
como duas línguas diferentes, mas dois aspectos de um mesmo idioma. Essas duas modalidades, a
literária e a popular, receberam dos romanos a denominação respectivamente de sermo urbanus e
sermo vulgaris.
Diz‑se latim clássico a língua escrita, cuja imagem está perfeitamente configurada nas obras dos
escritores latinos. Caracteriza‑se pelo vocabulário apurado, pela correção gramatical e pela elegância do
estilo. Era uma língua artificial e rígida.
Já o latim vulgar era utilizado pelas classes sociais que não pertenciam à elite romana. Elas eram
formadas por uma multidão de pessoas incultas, sem preocupações artísticas ou literárias e que só
22
Língua e cultura latinas
viam a vida pelo lado prático. A essas classes pertenciam os soldados, os marinheiros, os artesãos, os
agricultores, os sapateiros, os homens livres e os escravos. Esse latim, portanto, representava a soma de
todos os falares das classes sociais menos abastadas. Apresentava arcaísmos banidos da língua literária,
além de um grande número de inovações e empréstimos, que se refletiam principalmente no vocabulário,
em consequência das conquistas.
Segundo Siguan (1996), foi notável a rapidez com que a língua latina se difundiu pelos territórios
conquistados. Esse era o idioma dos conquistadores, mas eles não tinham interesse em divulgá‑lo, pois
que era apenas um veículo da cultura romana. Com o processo de romanização, depois de um período
mais ou menos longo de bilinguismo, o latim tornou‑se a única língua. Com algumas exceções, as
línguas anteriores à ocupação romana praticamente desapareceram.
Já em relação à expansão do Império Romano no Oriente, ocorreu uma situação diferente. Na região
da Grécia, o povo continuou a falar o grego e em outros países, como o Egito e a Síria, com forte
tradição cultural, as línguas locais resistiram ao latim.
Além de o grego se manter forte frente ao latim, os romanos cultos assumiram como modelo a
cultura que se expressava em língua grega, fazendo com que esta fosse considerada sinônimo de
superioridade intelectual. Assim, houve o enriquecimento do latim. Essa cultura grega era privilégio
apenas de algumas camadas cultas de Roma e em determinadas capitais importantes, enquanto a
maioria da população se limitava ao latim vulgar.
Após a decadência do Império Romano devido às invasões bárbaras, o latim vulgar foi se expandindo
para outras regiões. Tal latim já vinha se diferenciando, o que foi se acentuando cada vez mais, até que
vários povos o adotaram como idioma comum. Foram essas transformações que o latim sofreu em cada
região que resultaram nos diferentes romances e, posteriormente, nas várias línguas neolatinas.
Não é fácil conhecer, em seus pormenores, essa modalidade do latim. Na maioria dos autores latinos,
não havia o propósito de retratar o falar do povo. Os escritores esforçavam‑se para evitar o emprego ou
palavras e expressões da plebe, sendo assim, não é em suas obras que se pode estudar o sermo vulgaris.
Entretanto, isso não quer dizer que não se encontrem palavras ou expressões do povo em seus trabalhos.
Isso acontecia porque o sermo urbanus incorporava certos vulgarismos e, ao mesmo tempo, a língua do
povo também continha palavras ou expressões pertencentes à língua culta.
Desde os tempos pré‑históricos a língua latina foi falada, mas apenas no séc. III a.C. é que ela
começou a adquirir uma forma literária e escrita, que se transformou lentamente. Assim, podemos
diferenciar diversas fases do latim:
• arcaica (entre o séc. III a.C. e o início do séc. I a.C.) – inscrições tumulares, textos legais e literários
de Névio, Plauto, Terêncio e Catão;
23
Unidade I
• clássica (entre o início do Império Romano no século I a.C. e o início do século. I d.C.) – alguns
estudiosos consideram que essa é a “época de ouro” da língua latina, pois houve o nascimento
de vários escritores que, posteriormente, teriam uma influência muito grande sobre a literatura
ocidental: Catulo, Lucrécio, Cícero, César, Virgílio, Horácio, Tíbulo, Tito Lívio etc. O latim presente
nas obras de Cícero e César é considerado modelo de correção e pureza;
• pós‑clássica (a partir da nossa era) – esse período também possui escritores muito importantes
como Sêneca, Lucano, Petrônio, Quintiliano, Tácito, Marcial, Juvenal e Apuleio. Esses são apenas
alguns exemplos de autores que evidenciam a riqueza literária dessa época;
• cristã (a partir do século III d.C.) – Santo Agostinho, São Jerônimo, entre outros.
Passaremos logo a estudar alguns aspectos do latim clássico. Porém, antes, recordaremos determinados
aspectos relacionados à certas funções sintáticas, pois a língua latina é um idioma que apresenta casos,
conforme será visto posteriormente, e, para compreender essa estrutura linguística, é necessário que se
dominem os mecanismos sintáticos.
É impossível uma ação sem causa; se uma xícara, por exemplo, aparece quebrada, alguém deve ter
praticado a ação de quebrar.
Lembrete
24
Língua e cultura latinas
Cada caso latino possui um nome especial. Já se sabe o que é a função do sujeito.
Observação
Isso quer dizer que, ao traduzir uma oração do português para o latim, o sujeito deve ir
para o nominativo e vice‑versa. Quando, numa oração latina, encontra‑se uma palavra no
nominativo, percebemos que ela está desempenhando a função de sujeito da oração ou de que
a ele se refere.
É necessária a moderação.
Sujeito: a moderação
A função do vocativo é indicar apelo, chamado. Quando vemos um amigo e dizemos: “Pedro, venha
cá”, a palavra Pedro está possui essa característica, sendo então um vocativo.
25
Unidade I
Observação
Lembrete
Observação
26
Língua e cultura latinas
Vimos que toda ação tem uma causa, um agente, da mesma forma que toda ação produz um
efeito. Quando se diz “Pedro comprou um carro”, nota‑se que o verbo precisa de um complemento:
“um carro”.
Lembrete
Observação
27
Unidade I
Certas vezes, o complemento do sentido de um verbo é regido de preposição, como por exemplo, de,
com, a, para, em. Nesse caso, ele é chamado de objeto indireto.
Observação
28
Língua e cultura latinas
Preciso de um auxílio.
Objeto indireto: de um auxílio
Lembrete
Exemplos:
Se à oração “Pedro nasceu” (de sentido completo, pois o verbo é intransitivo e não pede nenhum
complemento) acrescentarmos uma circunstância de lugar, por exemplo, “Pedro nasceu em São Paulo”,
“em São Paulo” constituirá um adjunto adverbial.
Estou na sala.
Adjunto adverbial de lugar: na sala
29
Unidade I
Agora já é possível verificar a estrutura sintática da língua latina, mas, antes, vamos estudar o
alfabeto e as pronúncias da língua latina.
Alfabeto
ABCDEFGHIKLMNOPQRSTVX
• a letra V, maiúscula, encontrada em várias inscrições, tem o som de u. Pode ser vogal, como em
lupus, ou semivogal, como em Venus, Vrbs, seruus;
• o i também pode ser vogal, como em Italia, ita, ou semivogal, como em Iuno, iacĕre;
30
Língua e cultura latinas
Pronúncia
• a pronúncia da Igreja Católica: utiliza a pronúncia corrente nos séculos V e VI d.C. com algumas
influências do italiano;
— ae, oe = ê;
— gn = nh.
• a pronúncia tradicional no Brasil: adaptação ao latim das regras de pronúncia do português, com
algumas modificações;
— ae = /é/; oe = /ê/;
— c = /k/
— y, som do u francês;
— z = dz.
31
Unidade I
Em português, determinamos o sentido de uma frase por meio da ordem em que as palavras
aparecem. A frase ”O homem morde o cachorro” significa algo totalmente diferente da frase ”O cachorro
morde o homem”, e isso devido ao fato de as palavras aparecerem numa ordem diferente.
Observação
Veja:
Lembrete
Todas as frases anteriores querem dizer a mesma coisa: Marcelo ama Fortunata. Cada uma dessas
formas se chama caso. O conjunto de formas de cada palavra se chama declinação. Declinar uma palavra
é exibir todos os seus casos.
Como será visto mais adiante, o caso é indicado pela terminação. Mas já notou‑se que
Fortunata e Fortunatam são formas diferentes da mesma palavra, isto é, são casos diferentes. O
primeiro é utilizado quando “Fortunata” é sujeito da frase, realizando a ação expressa pelo verbo;
o segundo é empregado quando “Fortunata” é objeto da frase, completando a ação expressa pelo
verbo.
32
Língua e cultura latinas
Observação
Em latim há seis casos: nominativo, acusativo, genitivo, dativo, ablativo e vocativo. Há cinco
declinações, das quais aprenderemos as duas primeiras.
Observação
Em latim não há artigo. Assim, a palavra puella pode ser traduzida por
“menina”, “uma menina” ou “a menina”.
O verbo sum é o mais comum em latim. Pode ser traduzido por ser, estar ou haver. Como em
português, a terminação do verbo indica a pessoa em que o verbo está. se eu digo “adoro chocolate”,
todos entendem que eu adoro chocolate. Assim:
Tabela 2
O verbo sum é irregular, pois, como podemos ver, há uma alternância de radicais, ora su–ora es‑. Por
isso o verbo “ser” é irregular também nas línguas neolatinas. Na 3ª pessoa do singular e na 3ª pessoa do
plural, o verbo sum pode ser traduzido por “haver”. Observe:
33
Unidade I
Dea est. Pode‑se traduzir essa frase por “ela é uma deusa” ou por “há uma deusa”. O contexto dirá
qual a melhor tradução.
Deae sunt. “Elas são deusas” ou “há deusas”. Lembre‑se sempre de que em português o verbo haver
é impessoal quando significa existir e fica sempre no singular. Já no latim, é sempre pessoal e concorda
com o sujeito.
Todas as palavras em destaque estão no caso nominativo, que cumpre as funções de:
• sujeito: o termo da oração sobre o qual se faz uma declaração ou aquele que realiza a ação
expressa em um verbo;
Duas palavras ligadas pelo verbo sum ficam sempre ambas no nominativo. Se iniciamos uma frase
com servus est... (o escravo é...), espera‑se que a palavra que vai completar a oração esteja no nominativo:
servus est coquus (o escravo é um cozinheiro).
Em frases dessa espécie (frases com verbo sum), o nome que aparece em primeiro lugar é normalmente
o sujeito e o que aparece em segundo é o predicativo do sujeito (como no exemplo citado), a não ser
que o contexto indique o contrário. Em frases com outros tipos de verbo, o sujeito também vai para
o nominativo, mas o complemento não. Resta dizer que, quando desejamos falar de um substantivo
latino, usamos a forma do nominativo (ex.: ‘o substantivo servus é muito comum em latim’).
1ª declinação 2ª declinação
singular plural singular plural
Nominativo rosa rosae servus servi
Tabela 3
Na primeira declinação, a maioria das palavras pertence ao gênero feminino, mas algumas,
principalmente nomes de profissão, são masculinas. Ex.: agrícola, agricultor, nauta, marinheiro, poeta
34
Língua e cultura latinas
etc. Na segunda declinação, a maioria das palavras pertence ao gênero masculino, mas algumas são
femininas, como o nome de determinadas árvores e lugares. Ex: fagus (faia), pinus (pinheiro), Aegyptus
(Egito) etc. Algumas palavras da segunda declinação são do gênero neutro, que será estudado mais
adiante.
Veja algumas frases em latim com o caso nominativo da primeira declinação e, em seguida, suas
traduções em português:
Columbae volat.
A pomba voa.
Vocabulário:
Lembrete
A mais importante (mas não única) função do caso acusativo é a de objeto de um verbo. O caso
acusativo representa a pessoa ou coisa sobre a qual se exerce a ação. Ex.: Eu vejo belos quadros. O que
eu vejo? O mar? Uma caixa? Não, belos quadros. Ex.: coquus tibicinam videt (tibicinam é uma palavra no
acusativo e, portanto, é objeto do verbo) ”o cozinheiro vê a flautista”. O verbo sum nunca é seguido de
um complemento no acusativo.
36
Língua e cultura latinas
1ª declinação 2ª declinação
singular plural singular plural
Nominativo rosa rosae servus servi
Acusativo rosam rosas servum servos
Tabela 4
Veja a aplicação, em algumas frases em latim, do caso acusativo da primeira declinação com as
respectivas traduções:
37
Unidade I
Vocabulário:
Lembrete
Na frase anterior, Italiam está no acusativo porque essa é a regência da preposição ad (até, em
direção a, para).
Per: através de, por – Per insulam ambulo. Ando pela ilha.
38
Língua e cultura latinas
Tabela 5
Observe que os verbos são construídos a partir de um radical a que são acrescentadas terminações
que indicam a pessoa gramatical:
Assim, essas desinências pessoais serão as mesmas em todos os verbos, regulares e irregulares, de
todas as conjugações, quase todos os tempos, exceto quando estiverem na voz passiva ou nos tempos
perfeito e mais‑que‑perfeito.
Observe também a presença da vogal temática a em todas as pessoas, exceto na primeira. A presença
da vogal temática a, nos mostra que o verbo pertence à primeira conjugação.
O presente do indicativo pode ser traduzido de três formas. Por exemplo, amas pode ser traduzida
por ”você ama”, ”você está amando” ou ”você realmente ama”.
39
Unidade I
O contexto dirá o sentido mais adequado. Geralmente, o sentido enfático é indicado, em latim, pela
disposição do verbo no início da sentença.
O caso genitivo expressa posse, sendo frequente traduzi‑lo por um substantivo antecedido da
preposição “de”. Ex.: servus Liviae ”escravo de Lívia”. A raiz da palavra “genitivo” é a mesma de genitor.
Pode, portanto, expressar também a ideia de origem: amo filium Iuliae ”eu amo o filho de Júlia”. É pelo
genitivo singular de uma palavra que sabemos à qual declinação ela pertence:
Por curiosidade (visto que não estudaremos nesse material), apresentaremos os genitivos singulares
das demais declinações:
Em latim, há uma forma particular de um substantivo ser apresentado. O bom dicionário irá
apresentar o nominativo singular seguido da terminação do genitivo singular, pois assim saberemos a
qual declinação ele pertence e saberemos suas terminações em cada caso. Ex.: rosa, ‑ae (1ª declinação),
seruus, ‑i (2ª declinação).
40
Língua e cultura latinas
1ª declinação 2ª declinação
singular plural singular plural
Nominativo rosa rosae servus servi
Acusativo rosam rosas servum servos
Genitivo rosae rosarum servi servorum
Tabela 6
Vocabulário:
Lembrete
Tabela 7
42
Língua e cultura latinas
Também há uma forma padrão de apresentação de verbos. O bom dicionário dará a primeira pessoa
do singular no presente do indicativo, seguido da segunda pessoa do singular e o infinitivo. Ex.: amo,
‑as, ‑are (amo, amas, amare) e video, ‑es, ‑ēre (video, vides, vidēre). Assim, analisando as três primeiras
formas dadas pelo dicionário (na verdade há mais duas formas dadas, o perfeito do indicativo e o supino,
com as quais não iremos trabalhar nesse material), reconhecemos à qual conjugação um verbo pertence.
Lembrete
A ideia expressa pelo dativo é a de que a pessoa (ou coisa personificada) que está no dativo está de
alguma forma interessada ou envolvida na ação, em vantagem ou desvantagem. A ação tem alguma
consequência para a pessoa. Corresponde em português, frequentemente, ao objeto indireto de verbos
transitivos, indicando a pessoa a quem se dá, fala, conta, mostra alguma coisa, ou, inversamente, de
quem se tira algo.
1ª declinação 2ª declinação
singular plural singular plural
Nominativo rosa rosae servus servi
Acusativo rosam rosas servum servos
Genitivo rosae rosarum servi servorum
Dativo rosae rosis servo servis
Tabela 8
43
Unidade I
A palavra poetae, pela terminação, pode estar em três casos diferentes. Pode ser genitivo singular,
dativo singular e nominativo plural. Como saber em que caso está na frase, isso é, qual a função que ela
ocupa? A análise atenta nos dará a resposta e para isso temos que observar todos os elementos da frase.
Comecemos pelo verbo legit. O verbo está na terceira pessoa do singular, portanto o sujeito deve estar
no singular e no nominativo (o caso do sujeito). Logo, poetae não pode estar no nominativo plural, pois
não é o sujeito da frase. Restam o genitivo singular e o dativo singular. Esse último é logo descartado
ao constatarmos que já há uma palavra no dativo na frase puellis – para as meninas. A ausência de
um conectivo, por exemplo et – e, nos impede de traduzir “Ele lê as máximas para as meninas e para o
poeta.” Portanto, poetae só pode estar no genitivo singular e expressa posse (máximas do poeta).
44
Língua e cultura latinas
Vocabulário:
Lembrete
Tabela 9
Na terceira conjugação, não temos vogal temática. A vogal i que aparece da segunda pessoa do
singular e na segunda do plural e a vogal u na terceira pessoa do plural são vogais de ligação, isso é,
apenas conectam o radical leg– e as desinências pessoais.
45
Unidade I
Observe também a presença da vogal breve ĕ no infinitivo. Como dito, ela é importante para
diferenciarmos um verbo da segunda conjugação (infinitivo terminado em ‑ēre) de um da terceira
conjugação.
O caso ablativo corresponde, em português, frequentemente, ao adjunto adverbial (de lugar, modo,
instrumento etc.). O sentido original é de separação, afastamento.
Vocabulário
Lembrete
Muitas vezes, o ablativo é acompanhado de preposição. Veja os exemplos de preposições que pedem
ablativo:
Observação
Veja a aplicação do caso ablativo com preposição em mais algumas frases em latim:
47
Unidade I
Vocabulário:
1ª declinação 2ª declinação
singular plural singular plural
Nominativo rosa rosae servus servi
Acusativo rosam rosas servum servos
Genitivo rosae rosarum servi servorum
Dativo rosae rosis servo servis
Ablativo rosā rosis servo servis
Tabela 10
Tabela 11
Observe a presença da vogal temática i em todas as pessoas, inclusive na primeira. Isso nos mostra
que o verbo pertence à primeira conjugação.
A conjugação mista, também chamada de 3ª/4ª ou ainda de 3ª conjugação de tema vocálico, possui
elementos da terceira e da quarta conjugações. Observe:
Tabela 12
O caso vocativo é aquele que indica chamamento ou interpelação. Quase sempre sua terminação é
igual ao nominativo, exceto na segunda declinação no singular. Observe:
1ª declinação 2ª declinação
singular plural singular plural
Nominativo rosa rosae servus servi
Acusativo rosam rosas servum servos
Genitivo rosae rosarum servi servorum
Dativo rosae rosis servo servis
Ablativo rosā rosis servo servis
Vocativo rosa rosae serve servi
Tabela 13
49
Unidade I
Vocabulário
Lembrete
50
Língua e cultura latinas
O imperativo presente:
ama! ama!
1ª conjugação
amate! amai!
vide! vê!
2ª conjugação
videte! vede!
lege! lê!
3ª conjugação
legete! lede!
dormi! dorme!
4ª conjugação
dormite! dormi!
cape! prende!
3ª/4ª conjugação
capite! prendei!
Tabela 14
Em latim, um substantivo pode ser masculino, feminino ou neutro. Vimos que a maioria das
palavras da primeira declinação é do gênero feminino e que a maioria das palavras da segunda
declinação é do gênero masculino. Vejamos agora alguns substantivos neutros da segunda
declinação. Observe:
2ª declinação
singular plural
Nominativo verbum verba
Acusativo verbum verba
Genitivo verbi verborum
Dativo verbo verbis
Ablativo verbo verbis
Tabela 15
Os adjetivos (do radical de adiectus ‘adicionado a’) são palavras que fornecem informações adicionais
sobre um substantivo, por exemplo: "cavalo rápido", "colina íngreme" e são frequentemente chamados
de “palavras descritivas”.
51
Unidade I
Como os substantivos podem ser masculinos, femininos e neutros, os adjetivos precisam ser
divididos da mesma maneira, de modo que possam concordar gramaticalmente com o substantivo que
descrevem. Assim, adjetivos devem concordar com substantivos em gênero. Os adjetivos devem também
concordar com os substantivos em número (singular ou plural) e, finalmente, eles devem concordar com
os substantivos em caso (nominativo, vocativo, acusativo, genitivo, dativo ou ablativo) e um substantivo
no acusativo pode ser descrito apenas por um adjetivo no acusativo.
Observação
“Bonitas” é a palavra que descreve meninas (em latim puella, ‑ae 1f), está no
plural e é objeto direto na frase. Então, em latim, “meninas” ficaria puellas (acusativo
plural). Puellas é uma palavra feminina, acusativo, plural. Logo, o adjetivo que a
acompanha deve estar no feminino, acusativo, plural: puellas pulchras.
É possível deduzir que formas são essas? A primeira (bonus) é a forma masculina e significa “bom”.
Está no nominativo singular e segue a 2ª declinação. A segunda (bona) é a forma feminina e significa
“boa”. Está no nominativo singular e segue a 1ª declinação. A terceira (bonum), é a forma neutra e significa
“bom” ou “boa”, dependendo da palavra. Não temos o gênero neutro em português, logo, dependendo da
palavra latina do gênero neutro, em português haverá uma palavra feminina ou masculina (ex. aurum,
‑i 2n, significa “ouro”, masculino em português; ingenium, ‑i 2n, significa “inteligência”, feminino em
português). “Bonum” também está no nominativo singular e segue a 2ª declinação neutra.
Com essas informações, como iremos declinar um adjetivo? Vejamos o adjetivo bonus, ‑a, ‑um:
Tabela 16
52
Língua e cultura latinas
Resumo
Havia também o latim vulgar, utilizado pelas classes sociais que não
pertenciam à elite romana. Elas eram formadas por pessoas sem instrução,
53
Unidade I
55
Unidade I
Exercícios
Questão 1. O professor José Pereira da Silva, em um artigo, reuniu 558 expressões que tiveram sua
origem na literatura latina. Seguem alguns exemplos1:
“É difícil esquecer de repente um longo amor. — Difficile est longum subito deponere amorem.”
“Quando o pobre dá presente ao rico, parece armar‑lhe redes. — Donat cum egenus diviti retia
videtur tendere.” (Catulo).
“Doce e honroso é morrer pela pátria. — Dulce et decorum est pro patria mori.” (Horácio).
I. O latim é, atualmente, considerado uma língua morta, por isso sua influência na nossa cultura é
irrelevante.
II. Se fizermos a análise sintática das frases em latim apresentadas acima e de sua tradução para o
português, observaremos que praticamente não há correspondência entre as funções dos termos.
1
Disponíveis em: <http://www.filologia.org.br/revista/artigo/4(12)54‑76.html>. Acesso em 22 nov. 2011.
56
Língua e cultura latinas
I. Afirmativa incorreta.
Justificativa: a língua portuguesa tem origem no latim e muitas expressões ainda são usadas na
forma original.
Justificativa: o caso acusativo tem a função de marcar o objeto. No caso, a palavra é o sujeito.
Figura 4
Asterix e Obelix são dois famosos personagens do mundo dos quadrinhos. Ambientadas em regiões
conquistadas pelo Império Romano, as divertidas histórias dos gauleses retratam aspectos culturais da
época.
I. O uso de expressões latinas tem como objetivo reforçar a referência ao contexto histórico em que
se passam as histórias.
2
Disponível em <http://incautosdoontem.opsblog.org/page/27/>. Acesso em: 20 nov. 2011.
57
Unidade I
II. A expressão quo vadis pode ser traduzida por "aonde vais".
58