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O PAPA FRANCISCO FALA DE “MARIA COMO MODELO DE FÉ”

“Na catequese de hoje”, disse ele, “e seguindo o concílio Vaticano II, quero refletir sobre
Maria como modelo da ‘Igreja na ordem da fé, da caridade e da união perfeita com Cristo’. Ela é
modelo de fé não só porque, como judia, esperava o redentor, e, com seu sim, aderiu ao projeto
de Deus, mas porque, desde aquele momento da vida, ela se centrou em Jesus”. “Ela se centra
em Jesus na cotidianidade de uma mulher humilde, que, no entanto, vive imersa no mistério. O
seu sim, já perfeito desde o início, cresce até a cruz, em que a sua maternidade abraça todos. E é
modelo de caridade, como vemos na Visitação, porque ela não apenas ajuda a prima, como
também leva até ela o Cristo, a perfeita alegria que vem do Espírito e um amor oblativo”.

“Maria é modelo também de união com Cristo, seja em suas tarefas cotidianas, seja no
caminho da cruz, até se unir a Ele no martírio do coração. E agora vamos nos perguntar: como é
que a figura de Maria nos interpela? Apenas de longe? Recorremos a ela somente na hora da
provação? Somos capazes, como ela, de amar na entrega total? Estamos unidos a Jesus,
seguindo o exemplo dela, em uma relação constante, ou só nos lembramos dele na hora da
necessidade?”.

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Continuando as catequeses sobre a Igreja, hoje gostaria de olhar para Maria como imagem
e modelo da Igreja. Faço isso retomando uma expressão do Concílio Vaticano II. Diz a
Constituição Lumen Gentium: “Como já ensinava Santo Ambrósio, a Mãe de Deus é figura da
Igreja na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo” (n. 63).

1. Partamos do primeiro aspecto, Maria como modelo de fé. Em que sentido Maria representa um
modelo para a fé da Igreja? Pensemos em quem era a Virgem Maria: uma moça judia, que
esperava com todo o coração a redenção do seu povo. Mas naquele coração de jovem filha de
Israel havia um segredo que ela mesma ainda não conhecia: no desígnio do amor de Deus
estava destinada a tornar-se a Mãe do Redentor. Na Anunciação, o Mensageiro de Deus chama-
a “cheia de graça” e lhe revela este projeto. Maria responde “sim” e daquele momento a fé de
Maria recebe uma luz nova: concentra-se em Jesus, o Filho de Deus que dela se fez carne e no
qual se cumprem as promessas de toda a história da salvação. A fé de Maria é o cumprimento da
fé de Israel, nela está justamente concentrado todo o caminho, toda a estrada daquele povo que
esperava a redenção, neste sentido é o modelo da fé da Igreja que tem como centro Cristo,
encarnação do amor infinito de Deus.

Como Maria viveu esta fé? Viveu na simplicidade das mil ocupações e preocupações
cotidianas de toda mãe, como fornecer o alimento, a vestimenta, cuidar da casa… Justamente
esta existência normal de Maria foi terreno onde se desenvolveu uma relação singular e um
diálogo profundo entre ela e Deus, entre ela e o seu Filho. O “sim” de Maria, já perfeito desde o
início, cresceu até o momento da Cruz. Ali a sua maternidade se espalhou abraçando cada um de
nós, a nossa vida, para nos guiar ao seu Filho. Maria viveu sempre imersa no mistério de Deus
feito homem, como sua primeira e perfeita discípula, meditando cada coisa no seu coração à luz
do Espírito Santo, para compreender e colocar em prática toda a vontade de Deus.

Podemos fazer-nos uma pergunta: deixamo-nos iluminar pela fé de Maria, que é nossa
Mãe? Ou a pensamos distante, muito diferente de nós? Nos momentos de dificuldade, de
provação, de escuridão, olhamos para ela como modelo de confiança em Deus, que quer sempre
e somente o nosso bem? Pensemos nisso, talvez nos fará bem encontrar Maria como modelo e
figura da Igreja nesta fé que ela tinha!

2. Vamos ao segundo aspecto: Maria modelo de caridade. De que modo Maria é para a Igreja
exemplo vivo de amor? Pensemos em sua disponibilidade para com a prima Isabel. Visitando-a, a
Virgem Maria não lhe levou somente uma ajuda material, também isto, mas levou Jesus, que já
vivia em seu ventre. Levar Jesus àquela casa queria dizer levar a alegria, a alegria plena. Isabel e
Zacarias estavam felizes pela gravidez que parecia impossível em sua idade, mas é a jovem
Maria que leva a eles a alegria plena, aquela que vem de Jesus e do Espírito Santo e se exprime
na caridade gratuita, no partilhar, no ajudar, no compreender.

Nossa Senhora quer trazer também a nós o grande presente que é Jesus e com Ele nos
traz o seu amor, a sua paz, a sua alegria. Assim é a Igreja, é como Maria: a Igreja não é um
negócio, não é uma agência humanitária, a Igreja não é uma ONG, a Igreja é enviada a levar
Cristo e o seu Evangelho a todos; não leva a si mesma – se pequena, se grande, se forte, se
frágil, a Igreja leva Jesus e deve ser como Maria quando foi visitar Isabel. O que levava Maria?
Jesus. A Igreja leva Jesus: este é o centro da Igreja, levar Jesus! Se por hipótese, uma vez
acontecesse que a Igreja não levasse Jesus, aquela seria uma Igreja morta! A Igreja deve levar a
caridade de Jesus, o amor de Deus.

Falamos de Maria, de Jesus. E nós? Nós que somos a Igreja? Qual é o amor que levamos
aos outros? É o amor de Jesus, que partilha, perdoa, acompanha, ou é um amor aguado, como
se diluísse o vinho com água? É um amor forte ou frágil, tanto que segue as simpatias, que
procura um retorno, um amor interessado? Outra pergunta: Jesus gosta do amor interessado?
Não, não gosta, porque o amor deve ser gratuito, como o seu. Como são as relações nas nossas
paróquias, nas nossas comunidades? Nós nos tratamos como irmãos e irmãs? Ou nos julgamos,
falamos mal uns dos outros, cuidamos de cada um como o próprio jardim, ou cuidamos uns dos
outros? São perguntas de caridade!

3. Brevemente um último aspecto: Maria modelo de união com Cristo. A vida da Virgem Maria foi
a vida de uma mulher do seu povo: Maria rezava, trabalhava, ia à sinagoga… Mas cada ação era
cumprida sempre em união perfeita com Jesus. Esta união alcança o ponto alto no Calvário: aqui
Maria se une ao Filho no martírio do coração e na oferta da vida ao Pai pela salvação da
humanidade. Nossa Senhora fez sua a dor do Filho e aceitou com Ele a vontade do Pai, naquela
obediência que dá frutos, que dá a verdadeira vitória sobre o mal e sobre a morte.

É muito bonita esta realidade que Maria nos ensina: ser sempre mais unidos a Jesus.
Podemos perguntar-nos: nós nos lembramos de Jesus somente quando algo não vai bem e
temos necessidade ou a nossa relação é constante, uma amizade profunda, mesmo quando se
trata de segui-Lo no caminho da cruz?

Peçamos ao Senhor que nos doe a sua graça, a sua força, a fim de que na nossa vida e na
vida de cada comunidade eclesial reflita-se o modelo de Maria, Mãe da Igreja. Assim seja!

Papa Francisco

Fonte: http://www.franciscanos.org.br/?p=47900#sthash.PAITmHKX.dpuf

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