Você está na página 1de 7

Cultura Portuguesa – Aula 17 - 21 de Abril

Sumário:

- IV.Do Estado do Renascimento à construção do Império.

. D.João III:A defesa e a consolidação do Império Universal;

. O estabelecimento da Inquisição;

. A questão sucessória.

Esta Aula não está completa, faltam-me os primeiros 15 minutos de aula

(Pag.157 – Livro)

Relativamente á expansão Longínqua, registe-se que em cerca de 15 anos se havia efectivamente


progredido bastante, E se chegara praticamente á China. Acontece porém que entre os anos 1522 e 1533
não foi possível prosseguir a exploração dos mares da china e portanto nem prosseguir para Leste, nem
depois de Leste para Norte.

Mas a partir de 1533 isso é possível e portanto os exploradores Portugueses vão a partir desta última data
continuar naturalmente nessa explorações, é por isso que em 1541 chegam os primeiros portuguesas ao
Japão, entre os quais Fernão Mendes Pinto (autor da Peregrinação). Este está no Japão em 1541, na
companhia de mais dois Exploradores Diogo Zeimoto e Cristóvão Borralho, que são os três primeiros
portugueses a chegar ao Japão.

No ano seguinte (1542) mais três lá estão: António da Mota, Francisco Zeimoto (irmão do anterior) e
António Peixoto.

Mas para além da extensão e da chegada ao Japão na década de 40, começa naturalmente imperioso não
apenas descobrir mas manter o que foi descoberto. E o Indico começa a representar para os Portugueses
obviamente algumas ameaças. Já tive aqui ocasião de dizer que ninguém estava de braços abertos á espera
da chegada dos Portugueses e muito menos para serem Cristianizados. O que é facto é que a partir de
1517 estas ameaças á presença dos Portuguesa no Indico aumentam porque, como sabem, em 1453 os
Turcos Otomanos conquistam Constantinopla (que passam a chamar Istambul) e depois dessa conquista
vão prosseguir pelos Balcãs e chegar até ás portas de Viena em 1640, mas para além disso eles estendem-
se para sul, em direcção ao Egipto (que conquistam em 1517). E um pouco mais tarde, cerca de 20 anos

7
Cultura Portuguesa – Aula 17 - 21 de Abril

mais tarde, depois de terem entrado na Mesopotâmia


(actual Iraque) vão chegar a Bassorá ou seja, ao Norte do
Golfo Pérsico.

Com estas duas conquistas os Turcos Otomanos têm a


possibilidade de chegar rapidamente ao Indico, seja pelo
Mar Vermelho e Golfo de Aden, seja obviamente pelo
Golfo Pérsico e pelo Estreito de Ormuz.

É por isso que a partir de então nós vamos assistir a uma


ameaça muito concreta dos Turcos Otomanos em relação á
nossa presença no Índico. E dai que entre 1568-1571 haja
uma grande ofensiva Turca no indico em aliança com alguns
potentados locais contra a presença Portuguesa,
nomeadamente contra a presença em: Damão, Chaul, Goa e
Malaca

Os Portugueses conseguem resistir a esta grande ofensiva Turca e manter-se, mas obviamente que tudo
isto custava cada vez mais dinheiro, mais homens, mais armamento e munições. E portanto o Império
do Oriente (que se entende desde costa Oriental de África, que vai até Malaca e depois de Malaca até á
Indonésia e Timor) tem já uma dimensão muito considerável o que leva a que haja grandes lucros
(embora com muito risco) para a coroa e para alguns particulares, provenientes das especiarias e
monopólio do comércio que têm nesta zona (do saque, do corço e da tributação que conseguem impor).

Mas para além desta surgirá por esta altura uma outra, que vai resultar da famosa viagem do Português
Fernão de Magalhães ao serviço do Imperador D. Carlos V (rei de Espanha) – e que resultará na
descoberta da passagem do Atlântico para o Pacifico através do contorno da América do Sul pelo estreito
de Magalhães – 1ª viagem de circum-navegação que será terminada pelo segundo comandante \ pelo
imediato de Fernão de Magalhães, Sebastião Del Cano. No decurso desta viagem Sebastião Del Cano e
Fernão de Magalhães vão passar nas Ilhas Molucas (a seguir a Borneu, a seguir á Indonésia) e são
reclamadas pelos portugueses como estando no Hemisférios Português do meridiano e contra-
meridiano de Tordesilhas. Os Espanhóis não vão facilmente aceder às reclamações Portuguesas,
constituísse uma comissão entre Portugueses e Espanhóis para decidir esta questão e depois de demoradas
negociações ira-se assinar um tratado entre Portugal e Espanha, em 22 de Abril de 1529 – Tratado de
Saragoça:

7
Cultura Portuguesa – Aula 17 - 21 de Abril

- Espanha abdica das Molucas a favor de Portugal;

- Governo Portugal paga 3500 ducados de Ouro.

Finalmente e no que respeita á Costa Atlântica a América do Sul, pode dizer-se que apesar das
prioridades se encontrarem na Índia, ainda no tempo de D. Manuel I se veio a conceder o exclusivo da
exploração do Brasil a um cavaleiro mercador, abastado Burguês de Lisboa, de nome Fernando de
Noronha, com contrapartida de ele ter de explorar 300 léguas de costa por Ano.

(Pag. 231 - Livro)

Acontece porem que durante as primeiras décadas do séc. XVI alguns Franceses chegam ao Brasil, são
aliás os franceses os primeiros a interferir no chamado “mare clausum”. Com a chegada dos Franceses ao
Brasil vai ser necessários tomar algumas medidas, relativas a esta chegada, Portanto D. João III vai
ordenar a preparação de uma armada, em finais de 1530, comandada por Martim Afonso de Sousa que
tem como incumbência fundamental o rigoroso levantamento das possibilidades de povoamento do
Brasil. Martim Afonso de Sousa estuda efectivamente essas potencialidades da colonização e do
povoamento, faz os seus relatórios e em 1532. E D. João III vai optar num primeiro momento pela
adopção do Modelo das Capitanias para esta ocupação e povoamento do Brasil.

Este modelo já tinha sido adoptado nas Ilhas Atlânticas com


sucesso e portanto entre 1534 e 1536 são criadas 12
Capitanias no Brasil, ou seja, constituem territórios ao
longo da Costa Oriental que se distribuem paralelamente ao
longo da costa, com a esperança que a partir da costa para o
interior seja feito o povoamento e o desenvolvimento
económico destas capitanias.

Com o tempo vai-se ver que algumas Capitanias vão ser


povoadas e desenvolver-se, vão prosperar, mas outras nem
por isso.

E portanto D. João III num segundo momento opta por outra solução e nesse sentido vai nomear u
governador-geral com amplos poderes, que vai partir para o Brasil em 1549.

7
Cultura Portuguesa – Aula 17 - 21 de Abril

1º Governador-geral do Brasil – Tomé de Sousa – vai chegar numa armada de 6 navios á Baia e ai vai
fundar a cidade do Salvador que será a 1º Capital do Brasil.

Na companhia do governador Tomé de Sousa foram cerca de 1000 pessoas, destinadas aquilo que era a
preocupação fundamental de D. João III que é a do Povoamento e Consolidação da presença
Portuguesa no Brasil. Visto já haver outros países com interesse no Brasil (ex: franceses).

Entre as 1000 pessoas que vão com Tomé de Sousa vão aqueles que serão os primeiros 6 Jesuítas,
chefiados pelo Padre Manuel de Nóbrega – que terão um papel fundamental no povoamento e
evangelização do Brasil.

O 3º Governador-Geral do Brasil Mem de Sá, vai ter também um governo muito longo ente 1557 e 1572.
E será ele que porá fim definitivo á presença Francesa no Brasil, em 1560, acabando com aquele com o
sonho Francês de criar uma França Antárctica.

È evidente que não acabam aqui as preocupações com o Brasil porque quando se der a União Ibérica
entre 1540 e 1640, não só o Brasil mas outros territórios foram alvo de cobiça estrangeira, porque os
inimigos Espanhóis passam a ser também inimigos de Portugal pois nesta altura os territórios portugueses
pertenciam á Espanha.

Ver apontamentos a parte sobre Capitanias e Governadores-Gerais

2ª Aspecto do reinado de D. João III – O estabelecimento da Inquisição

Não obstante o relevo da cultura Humanista de D. João II e o apoio que deu ao Humanismo Nacional,
cujo apogeu se situa entre 1525 e 1550 (portanto durante a maior parte do reinado do próprio monarca) o
que é facto é que D. João III ficará ligado á controvertia instalação do Tribunal do Santo Oficio da
Inquisição em Portugal, tribunal que foi instituído por Bula do Papa Paulo III em 1536.

Contrariamente ao que se possa pensar a instalação deste tribunal teve muito pouco a ver com a contra-
reforma. E muito mais a ver com influência precedente da sua instalação em Castela e Aragão em
1478. E ainda a ver com a possibilidade de com a Inquisição a Coroa conseguir mais uma arma para o
controlo político por parte da própria Coroa.

Com efeito á data que a inquisição é solicitada por D. João III, ela tinha já sido solicitada por D.
Manuel I, mas à data em que é solicitada novamente por D. João III pode dizer-se que nem os Mouros,
nem os Judeus, nem os Cristão novos que viviam em Portugal, ameaçavam em Portugal a unidade da Fé

7
Cultura Portuguesa – Aula 17 - 21 de Abril

Católica. Fé católica, que como já sabemos, havia sido posta em causa pelo movimento da reforma
iniciado Martinho Lutero, e portanto o Luteranismo vai ter um grande desenvolvimento no norte da
Europa (na Alemanha onde ele começa) e depois estendendo-se por outras partes da Europa do Norte e
chegando a algumas partes da França e da Suíça (não muitas), mas na Península Ibérica não houve
grande eco desta reforma do Luteranismo. Portanto não havia nenhuma ameaça á fé cristã.

O que é facto é que o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição seria instalado com Régio patrocínio em
Évora no ano de1536.

Tendo tido um impulso decisivo em 1539 quando o Infante D. Henrique, irmão do Rei D. João III e que
será o futuro Cardial D. Henrique, foi nomeado por este Inquisidor Mor.

A partir de Évora o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição será desdobrado, com um tribunal em Lisboa
em 1548 e um em Coimbra em 1565.

Antes do ter sido criado o tribunal em Coimbra, em 1560 foi criado um Tribunal do Santo Ofício da
Inquisição em Goa.

Tribunal do Santo Oficio da Inquisição tinha um a aparelho burocrático bastante importante: -


Naturalmente que havia o Inquisidor-Mor;

- Os inquisidores;

- Um conselho geral;

- Funcionários burocratas (no seu sentido restrito);

- Mas depois havia duas redes muito importantes:

. Rede constituída por Eclesiásticos (Padres, sobretudo padres do Século \ Padres


Seculares, pois os que não são do século não têm contacto com a sociedade). Esta rede era uma rede de
Comissários (eles chamavam-se comissários da Inquisição). E são aqueles que constituem os elementos
locais pelas paroquias da própria instituição;

. Rede constituída pelos Familiares do Santo Oficio, rede que é constituído por leigos
que benevolamente (não remunerados) desempenhavam funções de representação do tribunal e portanto
têm alguns poderes, designadamente o da execução de mandatos.

A inquisição instala-se e desenvolve-se por todo o país, abrangendo toda a população.

7
Cultura Portuguesa – Aula 17 - 21 de Abril

Dos dois séculos subsequentes à sua instalação, a inquisição deixaria um marca desisiva na sociedade
Portuguesa, que a distinguia das suas congéneres Italiana e Espanhola, o fulcro da sua actividade
repressiva vai incidir quase sempre sobre acusados de prática de Judaísmo e isto até ao reinado de D. José
em meados do séc. XVII e mesmo contra as indicações dadas pela coroa.

Esta questão, a longevidade da Inquisição é um mistério e objecto de diversas interpretações e


controvérsia ainda hoje.

É pela Inquisição que D. João III é efectivamente muito criticado.

3ª Aspecto do reinado de D. João III – Sucessão de D. João III

O monarca Português foi simultaneamente um produto e um agente daquilo que se pode designar por
suicídio genético da Dinastia de Avis, em resultado de uma politica de casamentos que aumentos a
consanguinidade quase até níveis absurdos e que levaria á Extinção da Dinastia de Avis.

Apenas duas linhagens vão resistir a esta extinção:

- Por um lado os Braganças – que é uma linhagem bastarda de D. João I;

- Por outro os Lencastres - que é uma linhagem bastarda de D. João II.

Tudo isto pode dizer-se que começa com D. Manuel que tinha uma obsessão, que foi também uma
obsessão de vários monarcas Portugueses, sobre a união real dos reinos Ibéricos

D. Manuel vai casar 3 vezes, todas elas em Espanha e na mesma família:

- 1º - 1497 - Com Infanta D. Isabel (filha de Reis católicos);

- 2º - 1500 - Com a Infanta D. Maria (filha de Reis católicos e irmã da anterior);

- 3º - 1518 - Com a Infanta D. Leonor (filha de Filipe o Belo e Joana a Louca,, irmão do
imperador Carlos V e sobrinha das anteriores);

É da 2º casamento de D. Manuel que nasce D. João III que por sua vez haveria de casa em 1524 com a
Infanta D. Catarina a filha mais nova de Filipe (o belo) e Joana (a Louca) o que o tornava cunhado do pai.

(… e por ai adiante, não vou transcrever a confusão de casamentos, não interessa. Se quiserem podem
ouvir para se rirei um pouco.)

7
Cultura Portuguesa – Aula 17 - 21 de Abril

Do casamento de D. João III com D. Catarina haveria de resultar uma vasta prole de 8 filhos: (6
masculinos e 3 femininos), vasta prole mas de fraca resistência biológica, porque nenhum dos 9 filhos lhe
vai sobreviver, vão todos morrer antes do pai. Apenas um o Infante D. João, nascido em 1537 (o 8ª filho)
haveria de atingir a idade núbia e casar em 1553 com a Infanta D. Joana (filha do Imperador Carlos V e
D. Isabel de Portugal - portanto prima direita). Deste casamento viria a nascer um filho, em 1554 (o pai
entretanto já tinha morrido), D. Sebastião. É portanto este D. Sebastião que o ponto final de toda esta
sucessão que tem uma consanguinidade excessiva e que vai acabar com a Dinastia de Avis. D. Sebastião
vai desaparecer na batalha de Alcácer-Quibir.

Você também pode gostar