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UNIVERSIDADE BRAZ CUBAS

PROF.ª HELENA B. MARINHO BARRETO


ASPECTOS NUTRICIONAIS NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

JÚLIA MOYANO MACHADO

ATIVIDADE SEMIPRESENCIAL
Carências de Micronutrientes

Mogi das Cruzes


2020
JÚLIA MOYANO MACHADO
RGM: 413474
ENFERMAGEM (1º SEM.)

ATIVIDADE SEMIPRESENCIAL
Carências de Micronutrientes

Atividade Semipresencial da
Disciplina Aspectos nutricionais na
assistência de Enfermagem,
solicitada pela professora Helena B.
Marinho Barreto.

Mogi das Cruzes


2020
CARÊNCIAS DE MICRONUTRIENTES

O objetivo deste trabalho é analisar um problema social, político e


econômico que acomete cerca de um terço da população mundial: a carência
de vitamina A, ferro ou iodo. A obra analisada foi publicada em 2007, pelo
Ministério da Saúde; consequentemente, algumas informações podem estar
desatualizadas.

A alimentação e a nutrição são fundamentais para o desenvolvimento


humano e devem estar implantadas em uma conjuntura de ações interligadas
dirigidas para a prevenção de distúrbios e a promoção da saúde e de hábitos
saudáveis. A Política Nacional de Alimentação e Nutrição, aprovada em 1999
pelo Ministério da Saúde, tem como fundamento a promoção da efetivação do
direito humano à alimentação, a segurança alimentar e nutricional e a nutrição
de toda a população brasileira. Um de seus critérios de ação fundamenta-se na
prevenção e no controle dos distúrbios nutricionais e das doenças associadas à
alimentação e à nutrição.

A seguir, serão apresentados os seguintes tópicos: etiologia das


doenças, consequência da deficiência do micronutriente, tratamento e
prevenção.

HIPOVITAMINOSE A (Vitamin A Deficiency – VAD)

A deficiência de vitamina A ainda é uma das deficiências nutricionais


mais resistentes nos países em desenvolvimento, se bem que seu diagnóstico
é bem simples, e as formas de prevenção e tratamento são disponíveis. A
hipovitaminose A, obviamente, é causada por uma dieta pobre em vitamina A
em certo período de tempo, geralmente por dois meses ou mais.

A vitamina A é essencial para o bom funcionamento do processo visual,


integridade do tecido epitelial e do sistema imunológico, entre outras funções
fisiológicas.
A ação da vitamina A na visão acontece por causa de sua combinação
com a opsina nos bastonetes da retina. A opsina é uma proteína que sintetiza a
rodpsina (pigmento visual dos bastonetes que participa do processo visual em
condições de luminosidade reduzida). No caso da deficiência de vitamina A,
ocorre o retardo no tempo de adaptação ao escuro (cegueira noturna é a forma
mais extrema da disfunção retiniana e pode causar redução da visão noturna).
Outra consequência da hipovitaminose A na visão, é a xeroftalmia (“olho seco”
- Esse termo inclui todas as alterações, os sinais e os sintomas clínicos que
acometem o olho, em situação de deficiência de vitamina A).

Em casos de deficiência leve, pode haver o comprometimento do


sistema imunológico, o que reduz a resistência à diarreia e ao sarampo, o que
contribuem, respectivamente, para a morte de 2,2 milhões e 1 milhão de
crianças por ano no mundo.A vitamina A reduz a mortalidade e morbidade,
principalmente por doenças infecciosas.

Ela também atua nas células produtoras de queratina em vários tecidos


epiteliais, e, na ausência dela, ocorre o ressecamento epitelial denominado
xerose, típica na conjuntiva e na córnea. Essas são algumas das
consequências da deficiência deste micronutriente, mas também podem ser
citados o estresse, e prejudica o crescimento e o desenvolvimento infantil, já
que ela é essencial para a proliferação e divisão celular e também regula a
expressão do gene para a formação do GH (Hormônio do Crescimento).

Em alguns eventos internacionais, como a Cúpula Mundial da Infância


(1990) e a Conferência Internacional de Nutrição (1992), diversos governantes
comprometeram-se a eliminar a deficiência de vitamina A de seus países até o
ano 2000. Evidentemente, isso não foi possível, mesmo com a combinação de
estratégias contra este problema. No mundo, os casos de xeroftalmia clínica
tem diminuído anualmente, entretanto, os casos de deficiência subclínica tem
aumentado, e ainda não existem dados disponíveis dobre o avanço nessa área
em muitos países.

O tratamento e a prevenção para esta deficiência, claramente, é a


suplementação com a vitamina A. Entre as estratégias possíveis de serem
realizadas estão o controle da deficiência clínica através de altas doses de
vitamina A; a suplementação ou distribuição de vitamina A, periodicamente; a
fortificação de alimentos; e também a prática de ações de intervenção
educativa e nutricional que visem à diversificação alimentar e ao maior
consumo de fontes de vitamina A.

Os agentes que preparam o organismo para receber a vitamina A fazem


parte de um grande grupo conhecido como carotenoides ou provitamina A. Eles
fazem parte de um grupo de pigmentos naturais: roxos, alaranjados e
amarelos, que são encontrados em plantas e animais. A melhor fonte de
vitamina A para o lactente é o leite materno. Outras fontes principais de
provitamina A são as folhas de cor verde-escura, os frutos amarelo-
alaranjados, as raízes de cor alaranjada e os óleos vegetais.

O Brasil dispõe de alimentos fortificados com vitamina A no mercado,


mas ainda não optou por essa estratégia como ação de saúde pública por
inexistência de dados epidemiológicos que embasem e justifiquem a
fortificação universal de alimentos para controle da deficiência no país.

ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO

A anemia é um estado em que a concentração de hemoglobina no


sangue está baixa, em consequência da carência de um ou mais nutrientes
essenciais. A anemia mais comum é a por deficiência de ferro. Estima-se que
aproximadamente 90% de todos os tipos de anemias no mundo ocorram por
causa da deficiência do ferro. Apesar da anemia ter suas causas bem
conhecidas, e algumas formas de tratamento para o problema já estarem bem
consolidadas, o problema ainda persiste. Poucos países têm informações
nacionais bem detalhadas sobre a prevalência da anemia nos grupos de risco,
permitindo com que a doença prevaleça como um dos mais graves problemas
de saúde pública mundialmente.

Ela atinge os grupos mais vulneráveis à carência de ferro: as crianças e


as gestantes, em função da maior necessidade de ferro, devido ao crescimento
acentuado de tecidos nessas fases da vida. No Brasil, diversos estudos
comprovaram que a anemia por deficiência de ferro nas crianças, não está
diretamente relacionada às parasitoses, mas sim aos fatores dietéticos.

Na etiologia da anemia, os fatores dietéticos, tais como a ingestão


inadequada de alimentos fontes de ferro, e os demais problemas decorrentes
da interação dos constituintes da dieta com o ferro são importantes. Em muitos
casos, o ferro proveniente dos alimentos pode não estar sendo oferecido em
quantidade suficiente para suprir as necessidades metabólicas do organismo,
ou pode estar em uma forma química inadequada para sua absorção (a forma
ferrosa é a mais biodisponível que a férrica). O teor de ferro na alimentação é
determinado pela quantidade deste nos alimentos ingeridos e pela sua
biodisponibilidade. Existem alguns fatores facilitadores e inibidores para a
absorção do ferro no sangue. Um dos fatores, inibidores, por exemplo, é a
adição ou presença de alguns minerais na dieta, como o zinco, cobre, cobalto,
níquel, cádmio e manganês.

A forma mais comum de detectar-se a anemia é por meio da medida do


valor da concentração da hemoglobina no sangue. Outro meio de se detectar
anemia, de forma imprecisa, é a observação dos sinais clínicos, tais como:
palidez cutânea, da conjuntiva, dos lábios, da língua e das palmas das mãos,
além de respiração ofegante, dificuldade na deglutição (disfagia), fraqueza
orgânica (astenia) e perda de apetite. Porém, a forma mais precisa de
diagnóstico se dá por meio de exames.

O ferro é essencial para o desenvolvimento normal e para a integridade


funcional dos tecidos linfoides, sendo assim, a deficiência do ferro pode levar a
alterações na resposta imunitária, o que é mais comum nas crianças.
Consequentemente, a anemia pode contribuir para o aumento da mortalidade
em razão de menor resistência a infecções. Além disso, pode prejudicar o
crescimento, o desenvolvimento da linguagem, reduzir a atividade física, a
produtividade e o apetite, também pode prejudicar o desenvolvimento cognitivo.
Por isso, evitar a anemia por deficiência de ferro na infância é essencial.

Durante a gravidez, as inúmeras mudanças fisiológicas que acontecem


levam ao aumento do volume do plasma sanguíneo e à diminuição do estoque
de micronutrientes. Como a demanda de energia e nutrientes está aumentada,
caso não seja atendida, pode desencadear, além da desnutrição, deficiências
nutricionais específicas, como a de ferro. A anemia grave na gestação leva ao
maior risco de morbidade e mortalidade fetal e materna. Até mesmo no caso de
anemia moderada, verificam-se maiores riscos de parto prematuro e baixo
peso ao nascer, levando à elevação do risco de infecções e mortalidade
infantil. Nos casos de gravidez na adolescência, o risco de anemia é maior,
devido as próprias necessidades de crescimento da menina, juntamente com
as necessidades do bebê.

Diante dos dados apresentados acima, tanto em relação aos


expressivos contingentes populacionais atingidos pela anemia, quanto às suas
consequências terríveis sobre a saúde e qualidade de vida, torna-se necessária
a apresentação de medidas preventivas e de tratamento.

As medidas de intervenção da anemia são muito parecidas às da


Hipovitaminose A. A primeira a ser citada é a ação de suplementação
medicamentosa com sais de ferro em grupos de risco, referencialmente, por via
oral. Entre os diversos tipos de sais de ferro, o menos custoso e mais utilizado,
é o sulfato ferroso, que é absorvido rapidamente em situações ideais de
administração.

A educação alimentar e nutricional é outra opção interventiva que busca


o aumento de ferro, melhorando a ingestão dos alimentos-fonte ou dos
alimentos habituais com densidade de ferro adequada. Na maioria dos casos,
alterações na qualidade e quantidade no consumo podem ser uma alternativa
bem-sucedida. É importante ressaltar que as mudanças nos hábitos
alimentares são obtidas a longo prazo, e podem ser usadas em conjunto com a
suplementação e a fortificação do ferro.

Outra medida interventiva é a fortificação dos alimentos com ferro. O


Brasil já adotou a fortificação universal das farinhas de trigo e milho com ferro e
ácido fólico, que são alimentos consumidos pela maioria da população, o que
contribui para a intervenção. Os métodos de intervenção estão vigentes no
Brasil, mas ainda assim, há a prevalência da anemia por deficiência de ferro
nas crianças e em gestantes.
DISTÚRBIOS POR DEFICIÊNCIA DE IODO (DDI)

O iodo é um elemento traço (requerido em pequenas concentrações


como componentes essenciais nos processos biológicos), assim como o cálcio
e o ferro, porém, é mais raro que os dois últimos. Ele é essencial ao organismo,
devido ao fato de ser um dos elementos que sintetiza os hormônios
tireoidianos.

A tireoide é uma glândula localizada na base frontal do pescoço, em


forma de borboleta. Ela produz os hormônios T3 e T4, responsáveis pelo
metabolismo do organismo: atuam no crescimento físico e neurológico e na
manutenção do fluxo normal de energia, principalmente na manutenção do
calor do corpo. São muito importantes para o funcionamento de vários órgãos
como o coração, fígado, rins, ovários e outros.

O iodo é encontrado no solo em porções variadas. As regiões


naturalmente pobres em iodo são as montanhosas e distantes dos mares, pois
a água dos oceanos é mais rica em iodo que o solo.

A quantidade de iodo nos vegetais varia muito, sendo que é proporcional


à quantidade no solo e na água da região. Por isso, um mesmo alimento pode
ter variações na quantidade de iodo, dependendo da localidade onde está
sendo produzido. Enquanto isso, a quantidade de iodo nos alimentos de origem
animal varia de acordo com a quantidade de iodo nas plantas ou rações
utilizadas para alimentação dos animais.

Uma população que mora nas regiões onde há pouco iodo disponível,
terá mais propensão de ter algum dos distúrbios por deficiências de iodo, já
que se alimentará de alimentos vegetais e animais pobres deste elemento.
Outro fator que causa o DDI, pode ser o fato de o solo ter sido exaurido do
nutriente por práticas inadequadas de agricultura.

Todos os tipos de pessoas de uma população podem ser afetados pelos


DDI, porém, alguns grupos são mais sensíveis aos problemas decorrentes
dessa carência: gestantes, crianças, adultos.
Segundo o Conselho Internacional para o Controle das Doenças
causadas pela Deficiência de Iodo (ICCIDD), a deficiência de iodo é a causa
mais comum de retardo metal e danos cerebrais no mundo.

Quando a ingestão de iodo não é suficiente, a glândula tireoide é


comprometida e consequentemente a produção de seus hormônios, o que
pode levar a diversos danos à saúde. Alguns dos distúrbios causados pela
deficiência de iodo são: bócio (inchaço na glândula tireóidea causado pela
tentativa do organismo de compensar a falta de iodo), que pode comprometer a
respiração e a deglutição; cretinismo (sério comprometimento do sistema
nervoso central e retardo mental irreversível).

As consequências socioeconômicas causadas por estes distúrbios


também são evidentes em regiões de risco, devido ao maior gasto com o
atendimento à saúde, maiores taxas de repetência e evasão escolar (por conta
do retardo mental), redução da capacidade para o trabalho e comprometimento
até mesmo da produção animal.

Quando a deficiência ocorre durante a gestação, as principais


consequências observadas são os abortos, natimortos, anomalias congênitas,
aumento da mortalidade perinatal, bócio neonatal, alterações psicomotoras,
entre outras.

É notável que a deficiência de iodo pode ser um obstáculo ao


desenvolvimento humano e social de comunidades que vivem em ambientes
deficientes em iodo, necessitando, assim, de estratégias e ações que revertam
ou previnam esse quadro.

A quantidade de iodo necessária para o ser humano é mínima, porém


deve ocorrer diariamente. Em áreas de deficiência de iodo, os métodos
interventivos mais eficientes são a fortificação e a suplementação.

A estratégia mais usada em diversos países, tem sido a iodação do sal,


o que levou a consideráveis progressos em relação a implementação universal
da iodação do sal. Apesar de o consumo de sal iodado já ser suficiente na
maioria dos casos, em outros, outras estratégias são necessárias, como o uso
de cápsulas de iodo, a iodação da água ou a fortificação de outros alimentos.
Concluindo, percebe-se a importância e a necessidade de consumo dos
três micronutrientes apresentados nesta resenha, devido ao fato de
colaborarem com diversas atividade fisiológicas do organismo. Na minha
opinião, o micronutriente que mais causa impactos no corpo humano é o iodo,
devido à importância do mesmo para o metabolismo, que quando
comprometido, causa diversos distúrbios. Em todos os casos, percebe-se a
necessidade de orientar a população sobre a necessidade do consumo de
alimentos com estes micronutrientes.

REFERÊNCIA
 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Unicef. Cadernos de Atenção Básica:
Carências de Micronutrientes. 2007.
COMPROVANTE DE ENVIO
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