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Sala de Aula Invertida e Gêneros Textual/Digital na aprendizagem de

conceitos sociológicos
Patrícia Verônica de Azevedo Brayner1
(e-mail: tittabrayner@gmail.com)

Resumo
O presente relato de experiência propõe-se analisar e demonstrar as contribuições de
metodologias ativas como forma de melhoria do desempenho escolar de estudantes da
Educação Básica. De forma mais específica, compreender e apresentar a importância
através da literatura sobre Metodologias Ativas em sala de aula como fator que auxilia o
desenvolvimento da aquisição do conhecimento dos estudantes por meio da
aprendizagem significativa. Foram elencadas uma prática das metodologias ativas e uso
das novas TDIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) - sala de aula invertida e o
uso das tecnologias e gêneros textuais digitais – antes e durante o período da pandemia
de Covid-19. Verificou-se e analisou-se o resultado adquirido através das experiências
dos professores, observados na literatura e através de experiência própria. Defende-se a
hipótese de que as metodologias ativas de ensino facilitam a aprendizagem e a
autonomia dos estudantes. Optou-se pela pesquisa bibliográfica e apresentação de
experiência realizada. A pesquisa foi realizada com abordagem qualitativa e de caráter
indutivo no intuito de mensurar as contribuições desta perspectiva para a Educação
Básica. Está fundamentada em (Paulo Freire, 1996, Dewey, 1959, Bergman e Sams,
2016, Bacich, Moran 2017). Dessa maneira, percebeu-se que metodologias ativas
ampliam as potencialidades dos educandos, possibilitando o aumento de novas
habilidades e maximizando as capacidades cognitivas e comportamentais como
autonomia, concentração e aprendizagem.
Palavras-chave: educação; aprendizagem; metodologias ativas; sala de aula invertida.

1
Graduada em Ciências Sociais, FAFICA; Especialista em Ensino da Geografia, FAFICA e
História de Pernambuco, UFPE; Mestra em Ciências da Educação, Faculdade Gama Filho;
Doutoranda em Ciências da Educação pela Facultad de Ciencias Sociales – Interamericana.
INTRODUÇÃO
A partir de leituras realizadas na literatura e em artigos científicos sobre as aulas
da contemporaneidade, a percepção empírica de anos de experiência em salas de aula da
educação básica, verificou-se o quanto, em pleno século XXI, o ensino brasileiro
continua desestimulante para os estudantes.
Baseado nesta realidade percebe-se, entre outras coisas, a necessidade de mais
dinamismo didático no ambiente de aula da atualidade.
Verifica-se sobretudo na área das Ciências Humanas que a prática pedagógica
está associada a mera leitura passiva, à memorização de conceitos e à prática de ouvir
(não escutar) os professores. Assim, as aulas seguem meramente como transmissão de
“informações-conhecimentos” por parte do professor, na maioria das vezes, deixando-as
enfadonhas e desestimulantes.
Partindo desta realidade posta em inúmeras salas de aula do Brasil, verifica-se a
necessidade de inovação pedagógica que contemple aulas voltadas à participação e ao
protagonismo dos estudantes.
A “educação bancária”, amplamente descrita e criticada por Paulo Freire, além
de outras características, baseia-se na ideia e também na prática segundo a qual o
professor aprece como detentor de todo o conhecimento e trata o estudante como mero
expectador, receptor e memorizador de conceitos.
Este pensamento continua a se fazer presente na educação escolar básica, isto é
perceptível quando as aulas expositivas são cotidianas, sobretudo no Ensino Médio.
O estudante do séc. XXI, devido a tantos estímulos tecnológicos e
informacionais, além das próprias mudanças sociais que têm acontecido nos últimos
anos, aparentemente apresenta uma maior aceitação de aulas práticas, participativas, que
forneçam elementos para a construção de sua aprendizagem.

Nascidos na “geração digital”, os que tinham entre 11 e 31 anos em 2010 já


utilizavam a tecnologia de forma integrada ao seu cotidiano, segundo Tapscott (2010).
Contudo, 10 anos se passaram e essa geração digital que também encontra-se no
apogeu da “modernidade líquida”, em uma sociedade na qual as relações sociais
tornaram-se fluídas, efêmeras, com tantos estímulos, tem acesso a aparelhos
tecnológicos que a geração anterior, só conheceu recentemente, segundo Bauman
(2009).

Diante do exposto, fica claro um descompasso entre essas duas gerações,


compreendendo que a “geração analógica” é composta pela maioria dos professores da
atualidade, que muitas vezes têm dificuldade em introduzir na sua prática novas formas
metodológicas.

Ao mesmo tempo, cabe ao educador perceber que determinadas práticas


didáticas tradicionais precisam ser modificadas, pois de outra forma, o ambiente escolar,
local no qual deve se priorizar o conhecimento, relacionando elementos da vida do
estudante com o conteúdo acadêmico, através de situações didáticas que favoreçam o
aprendizado, passa a ser um espaço desestimulante e monótono, no qual o professor
espera algo do aluno e não recebe esse retorno e, por conseguinte, o estudante deseja
outra postura didática do professor.

As pessoas que fazem parte deste momento histórico e que têm chance de obter
êxito, de acordo com Attali, in Torres (2001) são as que: “Adoram criar, jogar e
manter-se em movimento”. Com os discentes isto não é diferente. Não há mais como se
contrapor a esta realidade, ainda que nem sempre a melhor saída seja deixar subjugar-se
por essa volatilidade em alguns casos. Porém, por que não os docentes aproveitarem da
realidade hodierna e inovar determinadas práticas, utilizando-as em favor de si mesmos
e dos educandos?

Como educadores do séc. XXI, moldar a prática pedagógica na busca da


mediação, facilitar e propiciar o desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes, é
afinal, o principal papel do educador, e para isso, é imperioso estar atentos, permeáveis
às inovações de ensino, tal como recomenda Freire (1996, p. 39): “Ensinar exige risco,
aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação”.

Para impulsionar o engajamento dos estudantes nos processos de ensino e


aprendizagem, mostra-se premente recontextualizar as metodologias de ensino diante
das suas práticas sociais inerentes à cultura digital, ou seja, integrar as mídias e as TDIC
(Tecnologias digitais de informação e comunicação) no desenvolvimento e na recriação
de metodologias ativas. (ALMEIDA In.: MORAN; BACICH, 2017; p. X).
A BNCC (Base Comum Curricular), aprovada pelo Conselho Nacional de
Educação e ratificada pelo Ministério da Educação, em 2019, sugere a utilização de
gêneros digitais nas escolas com o objetivo de agregar maior conhecimento no processo
ensino-aprendizagem.
Desenvolveu-se tal investigação bibliográfica com abordagem qualitativa de
caráter indutivo baseada nos estudos sobre uma das práticas das metodologias ativas:
sala de aula invertida e a interação com o uso de gêneros textuais digitais.

Para isso, averiguou-se e analisou-se artigos científicos que versam sobre os


temas descritos e verificou-se suas aplicações em salas de aula da Educação Básica. A
partir daí, foram relacionados os pensamentos dos teóricos históricos e da literatura
mais atual, com o propósito de demonstrar as contribuições das mesmas no que
concerne ao processo educativo.

Será demonstrada no presente trabalho uma experiência exitosa realizada no ano


de 2020, durante o período da Pandemia de Covid- 19, utilizando na prática o conceito
de sala de aula invertida e alguns gêneros textuais digitais, tais como tirinhas de história
em quadrinhos, charges e o aplicativo Tik Tok nas aulas de Sociologia do Ensino Médio.

O presente trabalho está dividido em duas partes: abordagem teórica sobre


Metodologias Ativas e sua relação com os teóricos John Dewey e Paulo Freire, o
próprio conceito de Metodologias ativas, através principalmente das obras de José
Moran e Lílian Bacich.

A segunda parte está composta pela conceituação e análise das práticas de Sala
de Aula Invertida, uso de gêneros digitais em sala de aula, realizadas por professora da
educação básica, apresentando o relato de experiência desenvolvido nas aulas de
Sociologia no formato on-line, durante o ano de 2020.

Posteriormente apresentar-se-á as considerações finais sobre o que foi


encontrado na presente pesquisa e quais as possíveis contribuições para a construção do
conhecimento por parte dos educadores e estudantes.
NOVAS METODOLOGIAS RESPALDADAS NAS CONCEPÇÕES
HISTÓRICAS
Autores como Ausubel, Paulo Freire, Nuñez e Savianni acreditam que a
aprendizagem se dá de forma ativa, pois há uma dialeticidade no ato de aprender, visto
que ao mesmo tempo que se aprende também se ensina. “Não há docência sem
discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam,
não se reduzem à condição de objeto, um do outro”, escreveu Freire, (1996, p. 25).

É imprescindível aos educadores, estarem atentos a tal processo e como ele se


dá. Afinal, ainda segundo Freire (1996, p. 25) “Quem ensina aprende ao ensinar e quem
aprende ensina ao aprender” e tal fenômeno faz parte de cotidiano em todos os setores
de existência humana, e mais precisamente no ambiente escolar.

Defende-se aqui a ideia segundo a qual o aprendente é um ser ativo da própria


aprendizagem, afinal, é ele quem decide efetivamente se estará disposto ou não a
desenvolvê-la. Claro que para que tal fenômeno aconteça é necessária uma série de
questões psíquicas, cognoscitivas e emocionais correlacionadas, imbricadas. Contudo,
com todos os elementos confluindo positivamente, a decisão de aprender é individual.

Mesmo compreendendo que a aprendizagem se dá em diversos ambientes, é na


escola que ela assume caráter organizado, e, por conseguinte, faz-se necessário que,
enquanto docentes, haja o seguinte entendimento:

O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não


um favor que podemos ou não conceder uns aos outros. (FREIRE, 1996, p.39).
O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente,
reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão.
(FREIRE, 1996; p. 28)

Nesta concepção de aprendizagem, é imprescindível que se percebam as salas de


aula, as escolas como espaços democráticos. Cabe aos educadores descerem do púlpito
da arrogância e se colocarem como seres aprendentes.

O ambiente escolar é composto de uma infinidade de saberes e estes devem ser


conhecidos e respeitados, e em uma esfera de cooperação (como deve ser o escolar) tal
reconhecimento e integração das diferenças são essenciais a um amplo crescimento de
todos os seres.

Dessa forma, a democracia e a cooperação devem ancorar as posturas em sala de


aula para que o recinto proporcione, não só um lugar de aprendizagem de conceitos,
mas de aprender a aprender e colocar em prática os quatro pilares da Educação do
século XXI. Segundo Delors (2010, p. 31), “aprender a conhecer, aprender a fazer,
aprender a conviver e aprender a ser”, ou seja, desenvolver autonomia, aprendizagem
significativa, entre outras propriedades e prioridades.

É em um universo acolhedor que a aquisição do conhecimento se dá de uma


forma plena, por isso é imprescindível prezar pela democracia e cooperação.

A competição, por mais que seja estimulante para alguns estudantes, e que a
mesma socialmente e pedagogicamente tenha a sua importância, é na cooperação e na
empatia que o conhecimento se forja, nesse sentido:

Cooperar dando uma chance às diferenças de se mostrarem por causa da crença


que a expressão da diferença é não só direito de outras pessoas, mas um meio
de enriquecer sua própria experiência de vida é inerente ao modo de vida
pessoal democrático (DEWEY 1939; p. 06).

O papel do professor, precipuamente na Educação Básica, é vital, trazer para a


sala de aula um ambiente de cooperação entre todos os atores é imprescindível e para
isso são utilizadas técnicas, dinâmicas, estratégias, situações didáticas e metodologias
que devem facilitar a condução do aprender.

Diante da realidade dinâmica, rápida, que o mundo capitalista impõe às crianças


e aos adolescentes na contemporaneidade e aos professores em especial; fluído em suas
relações sociais e veloz em inovações tecnológicas, compete aos educadores a busca de
novas formas de trabalhar o conteúdo, para se conseguir concomitantemente com os
estudantes desenvolver aprendizagem mais autônoma e de fato significativa. Não
significa dizer que o professor deve ter uma postura consumista das novas TDIC
(Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação), mas compreender que o seu
papel vai muito além de mero reprodutor de informação, pois:

Para os estudantes de hoje, qual o sentido da escola ou da universidade diante


da facilidade de acesso à informação, da participação em redes com pessoas
com as quais partilham interesses, práticas, conhecimentos e valores, sem
limitações espaciais temporais e institucionais, bem como diante da
possibilidade de trocar ideias e desenvolver pesquisas colaborativas com
especialistas de todas as partes do mundo? (ALMEIDA, 2017. In.: MORAN;
BACICH, 2017; s/p).

Daí a importância de se focar na forma da aula, não apenas no conhecimento


técnico que o professor tem, seja de conteúdos ou de tecnologias. O cerne deve ser a
metodologia.
Metodologias são diretrizes que orientam os processos de ensino e
aprendizagem através de estratégias, abordagens, dinâmicas e técnicas utilizadas no
desenvolvimento do estudo.

As designadas Metodologias Ativas são práticas centradas na participação


efetiva dos estudantes que deixam de ser coadjuvantes no processo e assumem o
protagonismo, paralelamente ao professor. E isto só é possível com o uso democrático
de técnicas que possibilitem maior liberdade e construção do conhecimento por parte do
estudante, assim como defendem Freire e Dewey: O ser aprendente, o estudante é o
protagonista de sua experiência educativa escolar.

Perceber que o tradicionalismo da educação bancária não mais satisfaz, (se é que
em algum momento satisfez) as necessidades da sociedade pós-industrial é inescusável:

É essencial uma educação que ofereça condições de aprendizagem em


contextos de incertezas, desenvolvimento de múltiplos letramentos,
questionamento da informação, autonomia para resolução de problemas
complexos, convivência com a diversidade, trabalho em grupo, participação
ativa nas redes de compartilhamento e tarefas. (ALMEIDA, 2017. In.:
MORAN, BACICH; p. X)

Por isso, a importância dos professores estarem alinhados às concepções de uma


escola que proporcione um “quebra de paradigma” da escola tradicional, pautada na
memorização e repetição de conceitos e fórmulas, e se posicionem frente a esta nova
realidade social que a chamada Escola Nova está mais apta a conviver. Afinal, o papel
do docente deve estar bem definido na contemporaneidade, inclusive em sua formação
básica e continuada. A inovação deve fazer parte constante da vida profissional do
educador, nesse sentido:

Por isoformismo, a formação do professor também deve se pautar pela


atividade criadora, reflexiva, crítica, compartilhada e de convivência com as
diferenças, usando as mídias e as tecnologias como linguagem e instrumento da
cultura, estruturantes do pensamento, do currículo, das metodologias e das
relações pedagógicas. (ALMEIDA, 2017. In. MORAN, BACICH, p. x).

O educador ao absorver e pôr em prática os fundamentos de cooperação,


democracia, respeito às diferenças, criatividade, entre seus pares e na sua vida cotidiana,
transpõe estes valores para sua sala de aula e passa a suscitar no estudante a autonomia,
estimulando-os a aprender a aprender, afinal, se aprende através do exemplo também.
Unindo a consciência da prática educativa que o profissional deve ter e a
utilização de metodologias ativas inovadoras, certamente desempenhará seu papel com
muito mais tranquilidade no processo de aprendizagem ativa e emancipatória.

Nos demais tópicos, será demonstrado como as metodologias Sala de Aula


Invertida e o Uso de Gêneros Digitais em sala de aula podem ser trabalhados na
Educação Básica e as contribuições das mesmas para a melhoria da aprendizagem.

METODOLOGIAS ATIVAS: COMO FUNCIONAM SALA DE AULA


INVERTIDA E O USO DE GÊNEROS DIGITAIS NA ESCOLA

Enquanto instituição social composta de relações sociais, a escola recebe


influência direta do que acontece na sociedade, inclusive das mudanças sociais e de seus
valores constitutivos. Por este motivo, é muito comum ver alunos e professores cada vez
mais envolvidos com tecnologia da informação e comunicação.

Tais tecnologias estimulam as pessoas a fixarem seus olhares e mentes naquilo


que está na tela, e fica cada vez mais perceptível que a escola precisa inovar o quanto
antes, trazendo para o ambiente educacional este conhecimento e aproveitando-o da
melhor maneira, associando-o com o ensino-aprendizagem.

Em 2020 – com a pandemia da COVID-19 – a tecnologia no âmbito educacional


se tornou indispensável, as redes de ensino sejam elas públicas ou privadas, tiveram que
se organizar rapidamente para que professores e estudantes tivessem um mínimo de
prejuízo do tempo pedagógico. As inovações tecnológicas chegaram nas escolas de
forma abrupta e vieram para ficar, durante a maior parte do período letivo, embora sem
muita mudança na prática metodológica.

Não cabe mais em pleno séc. XXI pautar as aulas em uma didática de forma
padronizada, utilizar um data-show, usar o programa de power point, ficar falando e
acreditar que essa prática seja ativa, porque dispõe de tecnologia digital, e esperar que o
estudante se mantenha passivo e demonstre um resultado previsível de respostas
copiadas ou decoradas dos conceitos ministrados em sala de aula, necessário
compreender que:

As estratégias pedagógicas de aprendizagem ativa são utilizadas com o


propósito de conduzir o aluno a desvendar um caso e a compreender conceitos
por si mesmo e, assim, levam esse estudante a relacionar suas descobertas com
seu conhecimento prévio do mundo. Dessa forma, o conhecimento em
construção pelo aluno tem mais sentido do que aquele transmitido de forma
passiva (BARBOSA, 2017; p. 34)

Nessa perspectiva de aprendizagem, existem inúmeras técnicas e práticas ativas,


entre elas, existe a Sala de Aula Invertida que, inicialmente, apareceu a partir de uma
situação empírica vivida por professores de Química norte-americanos (Sams e
Bergman), aflorando como uma estratégia para dirimir um problema enfrentado por
eles: a falta de assiduidade dos estudantes que, por serem de área rural, tinham
dificuldade em frequentar a escola.

Assim, os docentes gravavam as aulas e as disponibilizavam para os alunos. Aos


poucos, com o avanço da dinâmica, passaram a utilizar essa ferramenta de forma mais
técnica e perceberam resultados de muita qualidade no retorno das atividades
vivenciadas em casa e posteriormente trabalhadas em sala de aula.

Segundo Sams e Bergmann (2018, p. 11), a Sala de Aula Invertida basicamente,


é: “o que tradicionalmente é feito em sala de aula, agora, é executado em casa, e o que
tradicionalmente é feito como trabalho de casa, agora é realizado em sala de aula”. A
estratégia de aprendizagem muda, ela se torna mais ativa, mais autônoma.

O estudante é, então, o principal agente do processo de construção de seu


conhecimento, agindo para aprender, e o professor tem o papel de facilitador
e de orientador no processo de ensino e aprendizagem. (Barbosa; 2017 p. 34)

Porém, é sabido que a Sala de Aula Invertida não se circunscreve apenas na


organização de vídeos para que os estudantes possam acompanhar as aulas a partir de
suas casas e tirar as dúvidas em sala de aula com o professor, essa é uma forma
reducionista de abordar a metodologia.

Os estudantes devem ser estimulados a assistir vídeos em plataformas digitais


fora do ambiente escolar, e a partir daí, trazer as dúvidas para os encontros, sejam eles
virtuais (realidade vivenciada durante o ano de 2020) ou presenciais. Outro formato
interessante é propor questionamentos, roteiros elaborados previamente pelo professor
para, quando os estudantes forem assistir ao que foi definido pelo mediador, estejam
simultaneamente respondendo às questões ou relacionando ao roteiro prévio, por
exemplo.

Utilizar a tecnologia disponível, para, inclusive, os próprios estudantes, baseado


no que assistiram, elaborarem conteúdo para as aulas, ou seja, eles mesmos fazerem
vídeos, criarem películas curtas, formularem roteiros ou até mesmo experimentos sejam
eles das ciências da natureza ou sociais, são alternativas muito interessantes,
envolventes e estimulantes.

Verifica-se que a aprendizagem digital faz parte do cotidiano desta geração de


estudantes e o aprendizado, além de ativo, acontece de uma forma mais “natural” para
os mesmos.

Uma proposta que também pode ser associada a dinâmica de sala de aula
invertida é a utilização de gêneros textuais digitais no processo de conhecimento. Desde
a década de 90 do século passado, as chamadas novas tecnologias têm feito parte do
cotidiano dos protagonistas das escolas. Isto precisa ser levado em conta: nossos
estudantes nascem no mundo digital. Eles são “digitais”.

Segundo TAPSCOTT (2010), um jovem que tinha 11 a 31 anos de idade no início


da década de 2010 já fazia parte da geração digital, utilizando tecnologia de uma forma
tão integrada ao cotidiano que era estranho, talvez ainda seja, para os nascidos na
“geração analógica”.

Eles usam o celular para enviar mensagens de texto incessantemente, navegar


na internet, achar endereços, tirar fotos, fazer vídeos e colaborar. (...) Você fala
com os outros passageiros no carro, mas seus filhos, sentados no banco de trás,
trocam mensagens de texto entre si. Eles parecem se deleitar com a tecnologia
e têm uma aptidão intrigante para tudo o que é digital. (...) Como professor ou
docente universitário, você está percebendo que os jovens parecem não
conseguir manter longos intervalos de atenção, pelo menos quando devem
ouvir as suas explanações. De fato, eles mostram sinais de que aprendem de
uma maneira diferente, e os melhores deles fazem com que a nata dos
estudantes de ontem pareça banal. (TAPSCOTT, 2010, p. 19-20).

Dez anos se passaram desde o estudo acima citado, essa geração já saiu das
unidades de ensino, e os filhos da geração digital estão frequentando as escolas. Estão
nas salas de aula da atualidade, fato reconhecido inclusive pelo documento oficial
recém-lançado que serve e servirá como norteador dos estudos da Educação Básica
brasileira nos próximos anos, a BNCC.

A BNCC (Base Nacional Comum Curricular), do Ensino Fundamental,


documento aprovado em 2019 pelo CNE (Conselho Nacional de Educação),
homologado pelo Ministério de Educação, é uma referência para a educação atual e traz
em seu bojo a importância de se trabalhar de forma interdisciplinar, bem como aponta a
relevância da utilização de gêneros digitais a serem utilizados na área de Linguagem.
Claro que o profissional dos demais componentes curriculares podem e devem
utilizar tais gêneros de forma inter/transdisciplinar, ou seja, buscar a compreensão dos
conceitos e fenômenos de forma contextualizada, e não fragmentada.

Configuram-se formas mais atuais de lidar com a tecnologia em sala de aula,


com o propósito de agregar conhecimento, interatividade, inventividade e
interdisciplinaridade, quando se unem a área de linguagem à de ciências humanas, e
quaisquer outras que o docente deseje incorporar ao seu repertório didático. O
documento infere:

Além das habilidades de leitura e produção de textos já consagrados para o


impresso são contempladas habilidades para o trato com o hipertexto e também
com ferramentas de edição de textos, áudio e vídeo e produções que podem
prever postagem de novos conteúdos locais que possam ser significativos para
a escola ou comunidade ou apreciações e réplicas a publicações feitas por
outros. (BNCC, 2016; p. 135)

Além da utilização de recursos didáticos variados, com ênfase nas novas TDIC
conforme inserido na BNCC, ela ainda faz referência a pertinência de suscitar o
protagonismo do estudante. O documento destaca que o discente deve ser estimulado a
autoria de práticas variadas de linguagem, a ampliação e consolidação da visão crítica
de mundo, fazendo-o elaborar hipóteses, construir argumentos e atuar no ambiente no
qual ele se insere.

No Ensino Médio, com a incorporação da Filosofia e da Sociologia, a área de


Ciências Humanas e Sociais Aplicadas propõe o aprofundamento e a ampliação
da base conceitual e dos modos de construção da argumentação e
sistematização do raciocínio, operacionalizados com base em procedimentos
analíticos e interpretativos. (BNCC, 2016; p. 474).

Portanto, consolidar tais habilidades requer que o docente de fato compreenda


que a utilização de metodologias ativas certamente facilitará esse processo de
construção de conhecimento mais integral do estudante. O docente necessita, caso ainda
não tenha realizado, uma mudança de postura e perceba a interdisciplinaridade ou até
mesmo a transdisciplinaridade como fator essencial em sua prática.

USO DAS METODOLOGIAS ATIVAS NA PRÁTICA

Conforme demonstrado até o momento no estudo desenvolvido, as metodologias


ativas utilizadas em sala de aula têm asseverado uma extrema importância no
desenvolvimento da autonomia e protagonismo no conhecimento tanto dos estudantes,
quanto dos professores, estes últimos precisam estarem atentos às modificações sociais
no âmbito das novas tecnologias, as TDIC e sua interação e interatividade na escola.
De acordo com a pesquisa desenvolvida, percebe-se que a utilização de
metodologias ativas é mais ampla nos cursos de graduação, até mesmo em cursos que
não são de formação de professores nem mesmo ligados à área das licenciaturas. Ainda
assim, com o material estudado, foi possível compreender como de fato uma mudança
metodológica nas aulas da educação básica pode trazer pontos extremamente positivos
para a melhoria do desenvolvimento do conhecimento.

Não significa que tais metodologias são fáceis de serem implementadas,


principalmente as que dependem de aparatos tecnológicos. Pelo que é vivenciado
empiricamente, percebe-se que os estudantes muitas vezes são resistentes a esta forma
de aprender. Afinal, embora algumas práticas metodológicas ativas sejam bem antigas,
ainda prevalece nas salas de aula a crença que o aluno é uma “tábula rasa” e o professor
é o detentor de todo o conhecimento e poder, por isso vários estudantes preferem a
posição passiva em sala de aula.

Sabe-se que ainda é uma quebra de paradigmas para estudantes e professores


modificarem suas práticas. E para que estudantes do ensino médio e do ensino superior
possam desenvolver o protagonismo de sua aprendizagem, conforme estabelecido pelo
Ministério da Educação e as demais instituições que estudam e escrevem sobre a
educação escolar no Brasil, tais práticas ativas devem começar desde cedo, há quem
defenda desde a educação infantil.

Necessário especificar aqui que ser um professor mediador, que estimula seus
alunos a criar, inovar, relacionar, interpretar, resolver problemas e compreender que
todos os componentes curriculares fazem parte de uma engrenagem sistêmica e
sistemática ampla, não significa que precisa ter total controle de novas tecnologias, pois
o fazer metodológico antecipa o uso de inovações tecnológicas. Estar aberto a
compreender a essência do que é ser educador é mais importante do que ser um
profissional que sabe usar aparelhos eletrônicos e softwares sofisticados.

Contudo, se o educador consegue aliar técnicas/práticas de metodologias ativas e


um mínimo de conhecimento sobre alguns aplicativos ou plataformas tecnológicas –
que, aliás, são muito necessários a um professor do século XXI – as aulas se tornarão
muito mais atrativas e certamente favorecerão o desenvolvimento do conhecimento
estudantil e protagonismo desejado.
Para as dinâmicas com uso das TDIC, de fato, existem condições pré-existentes
para que elas possam tornar-se utilizáveis. Inicialmente é impreterível que o educador
tenha consciência da mudança de seu papel; a estrutura escolar e apoio pedagógico são
essenciais, estando afinados e desejosos das mudanças; e aos estudantes é primordial
sentirem-se estimulados, e com material adequado para fazer parte do processo.

De nada adianta incrementar ou levar aparatos tecnológicos para a sala de aula,


se as práticas dos educadores continuarem no formato tradicional. Segundo Bacich
(2018, p. 130) “Tornar o professor proficiente no uso das tecnologias digitais de forma
integrada ao currículo é importante para uma modificação de abordagem que se traduza
em melhores resultados na aprendizagem dos alunos”.

É imprescindível existir uma infraestrutura tecnológica na escola (rede de


internet, tablets, computadores e/ou smartphones), um ambiente adequado (limpo,
arejado, claro), com uma quantidade apropriada de estudantes em sala de aula. Um
profissional que se deve fazer presente nas escolas são os especialistas em TE
(Tecnologia da Educação), para apoiar, direcionar todos os envolvidos no processo.

Outro fator primordial é que os estudantes disponham, fora da escola, de


instrumentos, mecanismos de acesso à tecnologia, e o estímulo por parte dos pais. No
momento atual – pandêmico da Covid-19 – vários estudantes ficaram completamente
desnorteados diante das aulas, pois não conseguiam acompanhá-las de forma remota ou
sequer mantiveram contato com as escolas. Esta falta de acesso a equipamentos e a
internet dificulta ou até mesmo impossibilita a inserção dos discentes na educação
escolar, independentemente da situação de pandemia.

Durante a presente pesquisa, foram colhidos resultados nas diversas áreas do


conhecimento como em Ciências, Matemática, Língua Estrangeira, organização de
grupos de pesquisa, entre outras, desenvolvidos em escolas brasileiras. Os exemplos
seguem com a proposta de ilustrar o que acontece em alguns espaços educacionais;
sabe-se que outras amostras acontecem pelo Brasil, embora não registrados oficialmente
ou cientificamente.

A professora Longo, de Naviraí (MS), obteve uma experiência bastante


interessante com estudantes do 7º ano da Escola Prof. Maria de Lourdes Aquino Sotana
– escola pública – durante dois meses.
Os estudantes a partir de suas experiências anteriores foram estimulados a
desenvolverem atividades com o uso de computadores e programas para a elaboração de
conteúdo para a internet, a professora comenta:

O uso das tecnologias para desenvolver o projeto foi de grande valia pois os
discentes já tem o conhecimento deste uso. (...) As tecnologias móveis,
celulares e câmera digital, foram utilizadas para a produção do vídeo. Bem
como para a edição dos mesmos, o software Movie Maker. (LONGO, 2017;
p. 3)

Ao final do projeto os estudantes produziriam um canal no Youtube, chamado


“FLIPPED CLASSROOM – MARIA AQUINO’S SCHOOL”. O projeto foi
desenvolvido pela professora de Inglês. Percebe-se o quanto esta vivência colocou os
estudantes como autores de conteúdo, personagens principais de uma experiência
certamente inigualável.

Outra interessante experiência aconteceu em uma escola do interior do Rio


Grande do sul, com turmas de 7º e 8º anos do Ensino Fundamental, entre 2014 e 2015.
Os professores apontaram as dificuldades em lidar com a mudança da abordagem
metodológica por parte dos estudantes, entretanto mesmo diante dos obstáculos, houve
um crescimento vigoroso no desenvolvimento da consolidação da aprendizagem e na
autonomia dos estudantes a realizarem pesquisas científicas para Mostra de Ciências da
escola.

As estratégias pedagógicas norteadas por metodologias ativas oportunizaram


uma forma inovadora de ensinar e aprender, pois, para o professor, ocorreu
uma mudança no seu papel, não tendo mais o comando da aula a todo instante,
e sim, intermediando a construção feita pelo próprio aluno. Para os alunos,
estas aulas, chamadas por eles como diferentes, onde estes se viam também
responsáveis por sua aprendizagem, oportunizaram uma maior autonomia, já
que o professor não trazia o conteúdo pronto, e sim os incentivava a buscar,
pesquisar, dialogar, refletir, etc. (GEEWER, 2016; p. 242)

Em relação ao uso de gêneros digitais em aula, já reconhecido, conforme citado,


anteriormente, pela BNCC, a professora Lais (2015) explica o quanto faz parte do
cotidiano dos adolescentes o uso de hipertextos, e que estes podem e devem ser
aproveitados no ambiente escolar. As TDIC tem possibilitado maior motivação e
estímulo aos estudantes, que, além de estarem usufruindo do que gostam de fazer,
passam a verificar sentido naquilo que estão desenvolvendo na escola. Lais apresenta a
seguinte percepção em sua pesquisa:

As novas tecnologias propiciam maiores possibilidades de interação o que pode


repercutir em uma maior motivação dos alunos, já que estes poderão, pelo uso
dos gêneros digitais, não só buscar novas informações como também publicar
seus trabalhos na grande rede. (...) Desta forma, é uma importante ação para o
desenvolvimento e a ampliação da competência discursiva dos alunos. (LAIS,
2015; p. 8)

A função social do texto passa a ter mais sentido, significado e importância para
os estudantes. Enquanto docente, a professora reitera:

A escola deve aproveitar a competência comunicativa dos adolescentes que


usam bem os gêneros digitais disponíveis na rede virtual para transformá-los
em bons produtores de gêneros textuais valorizados na sala de aula e no mundo
real. As novas tecnologias propiciam maiores possibilidades de interação o que
pode repercutir em uma maior motivação dos alunos, já que estes poderão, pelo
uso dos gêneros digitais, não só buscar novas informações como também
publicar seus trabalhos na grande rede. (LAIS, 2015; p. 8).

No ano de 2020 foi inevitável “escapar” das novas TDIC. Para os docentes que
já vinham utilizando-as ainda que de forma escassa, situações didáticas que
privilegiavam a autonomia dos estudantes e o uso de aparelhos tecnológicos,
provavelmente tiveram menor impacto em suas experiências. Entretanto, precisa-se
reconhecer que a mudança tanto para professores, quanto para alunos foi vertiginosa,
rápida, urgente. De uma hora para outra, os profissionais e estudantes tiveram que se
adequar ao uso das novas TDIC e novas metodologias de ensino.

Durante este ano, sem muitos dados para a serem apresentados na presente
pesquisa, os profissionais da educação como um todo tiveram que redefinir ou mudar
completamente suas metodologias. Com o vírus da Covid-19 espalhado pelo mundo e
os ambientes físicos das escolas impedidos de funcionar, não havia outra alternativa que
não fosse lançar mão das TDIC. A educação escolar foi sacudida com muita força e “se
reinventar” virou “mantra” em todas as reuniões, reportagens e discussões quando o
tema era a escola em 2020.

Muitos professores, de fato, se reinventaram, conseguiram se adaptar e produzir


excelentes trabalhos. Segue agora um relato de experiência realizado em uma escola
particular da cidade do Recife com estudantes do Ensino Médio em Sociologia.

Uma experiência desenvolvida, aconteceu nas turmas da 1ª série do Ensino


Médio. Os estudantes foram orientados a assistirem ao filme Babies (Balmès; 2010) de
forma assíncrona. Para tanto, receberam um roteiro pré-determinado do que deveriam
focar: relacionar partes do filme com 10 (dez) conceitos do capítulo “Viver em
Sociedade”, do livro didático referente ao conteúdo Socialização. A partir do
entrelaçamento na aula on-line posterior e das percepções entre as duas obras (texto e
vídeo), expuseram seus pontos de vista, bem como apontaram suas dúvidas de forma
síncrona.

No encontro seguinte, houve o debate dirigido sobre as compreensões dos


estudantes e as suas dúvidas. Em seguida, os alunos foram instruídos a se dividirem em
duplas ou trios e formularem a partir de um dos dez conceitos do referido texto, charges,
tiras em quadrinhos ou memes, cujo conteúdo foi transformado digitalmente pelos
próprios discentes através do aplicativo Pixton. Porém, caso não conseguissem dessa
forma, poderiam usar outros aplicativos ou até mesmo fotografar sua produção e
apresentá-la da maneira mais confortável para eles.

Por fim, os estudantes apresentaram o que foi produzido, de forma síncrona, com
a devida avaliação processual e contínua, através de discussão e comentários sobre o
que os discentes aprenderam enquanto habilidades e conceitos.

Seguem algumas imagens do que foi produzido por eles:

Figura 1: Tirinha retratando o isolamento social voluntário satirizando a vida na área urbana.

Em seguida outra produção que retrata a influência que as redes sociais podem
ter de forma negativa na vida de adolescentes quanto ao processo de socialização:
Figuras 2 e 3: Tirinha estilo mangá e charge desenhada.

Diante do que foi produzido em 2020, segue um depoimento de uma das alunas:

(...) os professores encontraram formas de aplicar uma metodologia interativa,


os métodos que mais me chamaram atenção foi o uso de murais interativos,
jogos e trabalhos, como a charge sobre socialização, que mesmo de uma forma
remota trouxe o trabalho em grupo e a interação com os colegas e professores,
que fez tanta falta neste ano. Todas estas atividades contribuíram para um
aprendizado eficiente e leve diante de uma realidade tão pesada. (Ana Júlia
Arruda, 1ª série – Ensino Médio em 2020).

Além destes exemplos, outra atividade desenvolvida, dessa vez com a turma de
3ª série do Ensino Médio foi com o filme “O Dilema das redes” (Netflix – 2020). A
abordagem foi assistir a película de forma assíncrona, e, previamente às explicações da
professora, relacionar conceitos (mesma estratégia utilizada anteriormente), tais como:
Relações de Poder e Sociedade, Tipos de autoridade, Instituições de poder segundo
Weber, Globalização e novos intercâmbios sociais, segundo Bauman, Poder Simbólico,
segundo Bourdieu.

A partir daí, em grupos de três estudantes, eles deveriam produzir um Tik Tok
(aplicativo de vídeos curtos, muito utilizados pelos adolescentes na atualidade) e
apresentar as relações estabelecidas tanto nas imagens, quanto de forma oral nas aulas
subsequentes.

Alguns depoimentos: “Gostei bastante. Achei muito divertido planejar o tik tok e
nunca mais esqueci dos conceitos sobre poder político, econômico e social, e discurso
de verdade” (Isabela Machado; estudante da 3ª série - Ensino Médio). Outra estudante
escreveu assim: “Achei uma experiência bem legal. Juntar os trabalhos do colégio com
as tecnologias que a gente já usa todos os dias pra diversão cria uma dinâmica bem
diferente. Foi um trabalho que eu realmente gostei de fazer”. (Priscila Queiroz; 3ª série -
Médio).

Seguem algumas imagens da atividade desenvolvida pelos grupos, as quais se


referem a estudantes que deram seu depoimento:
Figuras 3 e 4: relação sobre os conceitos de Poder e Discurso de Verdade.

Figuras: 5 e 6: Poder simbólico; Globalização.

Diante do exposto, mesmo a distância, percebe-se um amplo envolvimento por


parte dos discentes, tanto nas discussões desenvolvidas no ambiente virtual, quanto na
produção realizada por eles, que demonstraram de diversas formas o conteúdo
apreendido.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo em pauta partiu da percepção do que acontece em salas de aula do


cotidiano da autora e as ações metodológicas que são observadas nas práticas dos
colegas, sejam elas consideradas mais inovadoras ou não, e também da necessidade da
busca de melhorar tais didáticas, fundamentando-as com as experiências vividas pelos
pares nas escolas pelo Brasil afora.

A pesquisa tem o propósito de poder demonstrar aos colegas da profissão a


importância das Metodologias Ativas na escola, em especial aos pares do ensino da
Sociologia, que podem aproveitar da melhor maneira não só os recursos tecnológicos
disponíveis, como a prática da interdisciplinaridade e transdisciplinaridade.

A pesquisa desenvolvida pode constatar que é possível desenvolver


metodologias ativas em salas de aula da Educação Básica, inclusive em escolas
públicas. Outra finalidade é poder demonstrar ao público docente que mudar as
estratégias de ensino e relacionar conteúdos com a dinâmica de sala de aula traz uma
aprendizagem ativa, autônoma e consequentemente significativa, experiências que
certamente serão retidas e usadas na vida acadêmica e profissional dos estudantes.

Valoroso ressaltar que tais metodologias podem e devem ser desenvolvidas por
todas as áreas do conhecimento, incluindo a Sociologia que ainda, infelizmente é vista
por muitos estudantes como uma disciplina chata, enfadonha, na qual os professores
apenas utilizam resumos ou exercícios cansativos e é preterida em relação as demais.
Porém, como foi verificado, esta pode ser apenas uma impressão, pois quando os
professores passam a utilizar métodos ativos de aprendizagem de forma interdisciplinar,
o ganho para todos os atores é imensurável.

Para as Metodologias Ativas fazerem parte do cotidiano escolar, faz-se


inescusável inicialmente uma mudança de postura em relação ao papel do educador, ao
buscar ser um mediador do conhecimento desenvolvido em sala de aula também
assumirá uma postura de aprendente com seus pares na elaboração de vários projetos e
formas de avaliação, e, com os próprios estudantes no que se refere ao uso das novas
tecnologias.

Porém, apenas isto não é o suficiente, torna-se indispensável que o poder público
(no caso de escolas públicas) aja em duas frentes principais: investimento na Formação
Continuada dos Profissionais, empregando na infraestrutura escolar com salas de aula
mais arejadas, claras, acesso à internet, menos alunos em sala, esta última favorece uma
relação maior entre educador e educando, e sempre que possível equipando-as de
projetores de imagens, aparelhos de som e pelo menos um computador.

Sabe-se que tal incremento não é tão simples, inclusive não basta apenas
equipar, é necessário também pessoas capacitadas a postos para a manutenção dos
equipamentos e auxílio aos educadores, fomentando um mínimo de tranquilidade e
condição para introduzirem estratégias tecnológicas atreladas a algumas as
metodologias ativas.
A investigação procurou contribuir para uma reflexão crítica do papel de
educador do séc. XXI, analisando que a utilização de estratégias ativas de aprendizagem
- mesmo sendo poucas - como as citadas, podem fazer a diferença na vida de
estudantes e professores com o efeito de aumento do conhecimento em vários aspectos.

Pretende-se que a averiguação possa suscitar nos colegas uma análise crítica
sobre suas posturas e ações, na tentativa incessante de uma melhoria da aprendizagem
em sala de aula, da escola e consequentemente da Educação Básica.

Diante do que foi exposto, chega-se à conclusão que as metodologias ativas são
ferramentas de educação eficazes, para tanto, necessitam de um despojamento do
professor quanto a se transformar em um mediador ou curador em sala de aula.

Necessário também uma infraestrutura básica nas escolas para lidar com
tecnologias e o despertar do envolvimento dos discentes, partindo de um bom
planejamento e boa execução, baseados nesses pressupostos, certamente haverá grande
sucesso em sua implementação.

Nesta pesquisa consta apenas uma parte minúscula sobre a importância das
metodologias ativas na escola, por conseguinte é imperioso que novas pesquisas sejam
realizadas, pois as possibilidades são abundantes. Com a certeza da relevância do
assunto, e o desejo de contribuir para a melhora da qualidade da educação, pretende-se
seguir com a temática para novas perquisições.
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