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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS & TECNOLOGIA

Campus de Palmarejo – CP: 279 – Praia, Cabo Verde – Tel. (+ 238) 334 01 00 – Fax: (+ 238) 262 73 60

Curso: Mat., EGI e Engenharias - 1º Ano

UC de Álgebra Linear e Geometria Analítica I

Subespaço vectorial: Intersecção, reunião, soma e


soma directa

Praia, janeiro 2021


Cursos: Engenharias e EGI Departamento de Ciências & Tecnologia Ano Letivo: 2020/2021
1º Ano Álgebra Linear e Geometria Analítica I 1º Semestre

Operações com subespaços vectoriais

Teorema (Intersecção de subespaços). Seja 𝑉 um espaço vectorial real, e sejam 𝐹, 𝐺 ≤ 𝑉. Então


𝐹 ∩ 𝐺 ≤ 𝑉.

Observação. Seja 𝑉 um espaço vectorial real de dimensão 𝑛 ∈ ℕ, e sejam 𝐹, 𝐺 ≤ 𝑉. Dada uma base
𝐵 = {𝑒⃗1 , 𝑒⃗2 , … , 𝑒⃗𝑛 } de 𝑉, se 𝐹 e 𝐺 são representados, em relação a essa base, por

𝑎11 𝑥1 + 𝑎12 𝑥2 + ⋯ + 𝑎1𝑛 𝑥𝑛 = 0 𝑏11 𝑥1 + 𝑏12 𝑥2 + ⋯ + 𝑏1𝑛 𝑥𝑛 = 0


𝑎 𝑥 + 𝑎22 𝑥2 + ⋯ + 𝑎2𝑛 𝑥𝑛 = 0 𝑏 𝑥 + 𝑏22 𝑥2 + ⋯ + 𝑏2𝑛 𝑥𝑛 = 0
{ 21 1 e { 21 1
⋯ ⋯
𝑎𝑘1 𝑥1 + 𝑎𝑘2 𝑥2 + ⋯ + 𝑎𝑘𝑛 𝑥𝑛 = 0 𝑏𝑝1 𝑥1 + 𝑏𝑝2 𝑥2 + ⋯ + 𝑏𝑝𝑛 𝑥𝑛 = 0

respectivamente, então o subespaço vectorial 𝐹 ∩ 𝐺 é representado em relação à mesma base por

𝑎11 𝑥1 + 𝑎12 𝑥2 + ⋯ + 𝑎1𝑛 𝑥𝑛 = 0


𝑎21 𝑥1 + 𝑎22 𝑥2 + ⋯ + 𝑎2𝑛 𝑥𝑛 = 0

𝑎𝑘1 𝑥1 + 𝑎𝑘2 𝑥2 + ⋯ + 𝑎𝑘𝑛 𝑥𝑛 = 0
𝑏11 𝑥1 + 𝑏12 𝑥2 + ⋯ + 𝑏1𝑛 𝑥𝑛 = 0
𝑏21 𝑥1 + 𝑏22 𝑥2 + ⋯ + 𝑏2𝑛 𝑥𝑛 = 0

{ 𝑏𝑝1 𝑥1 + 𝑏𝑝2 𝑥2 + ⋯ + 𝑏𝑝𝑛 𝑥𝑛 = 0

Exemplo. No espaço vectorial ℝ3 , sejam os subespaços 𝐹 e 𝐺 definidos por

𝑥−𝑦+𝑧 =0 𝑥 − 2𝑦 + 2𝑧 = 0
{ e { ,
𝑥+𝑦−𝑧 =0 𝑦+𝑧 =0

respectivamente, em relação à base 𝐵 = {(1,1,1), (0,1, −1), (−1, −1,0)}. Determinar 𝐹 ∩ 𝐺.

Pela observação anterior, 𝐹 ∩ 𝐺 é definido em relação à base 𝐵 = {(1,1,1), (0,1, −1), (−1, −1,0)},
por

𝑥−𝑦+𝑧 = 0
𝑥+𝑦−𝑧 = 0
{
𝑥 − 2𝑦 + 2𝑧 = 0
𝑦+𝑧 =0

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1 −1 1 0 1 0 0 0
𝑥=0
1 1 −1 0 0 1 0 0
[ | ]⟶[ | ] ⟷ {𝑦 = 0
1 −2 2 0 0 0 1 0
𝑧=0
0 1 1 0 0 0 0 0

Então,

⃗⃗},
𝐹 ∩ 𝐺 = {0(1,1,1) + 0(0,1, −1) + 0(−1, −1,0)} = {(0,0,0)} = {0

isto é, o subespaço nulo.

Exemplo. No espaço vectorial ℙ2 , sejam os subespaços vectoriais 𝐹, definido por

em relação à básica canónica, e 𝐺 = 〈𝑥 2 + 𝑥 − 1, 𝑥 2 + 2𝑥 + 1〉. Determinar 𝐹 ∩ 𝐺.

𝐺 = {𝛼(𝑥 2 + 𝑥 − 1) + 𝛽(𝑥 2 + 2𝑥 + 1): 𝛼, 𝛽 ∈ ℝ}


= {(𝛼 + 𝛽)𝑥 2 + (𝛼 + 2𝛽)𝑥 − 𝛼 + 𝛽: 𝛼, 𝛽 ∈ ℝ}

Isto é, para cada 𝛼, 𝛽 ∈ ℝ, (𝛼 + 𝛽, 𝛼 + 2𝛽, −𝛼 + 𝛽) são as componentes de um determinado vector


de 𝐺 na base canónica 𝐵 = {𝑥 2 , 𝑥, 1}

. Logo,

𝐹∩𝐺 = {(𝛼 + 𝛽)𝑥 2 + (𝛼 + 2𝛽)𝑥 − 𝛼 + 𝛽: 𝛼 + 𝛽 + 𝛼 + 2𝛽 − 2(−𝛼 + 𝛽) = 0}


= {(𝛼 + 𝛽)𝑥 2 + (𝛼 + 2𝛽)𝑥 − 𝛼 + 𝛽: 4𝛼 + 𝛽 = 0}
= {−3𝛼𝑥 2 − 7𝛼𝑥 − 5𝛼: 𝛼 ∈ ℝ}
= 〈−3𝑥 2 − 7𝑥 − 5〉

Exemplo. No espaço vectorial real ℙ2 , sejam os subespaços vectoriais

𝐹 = 〈𝑥 2 − 𝑥 + 1, 𝑥 2 + 2𝑥 + 2〉 e 𝐺 = 〈2𝑥 2 + 𝑥 + 1, −𝑥 2 − 𝑥 + 3〉.

Determinar 𝐹 ∩ 𝐺.

Ora,

𝐹 = {𝛼(𝑥 2 − 𝑥 + 1) + 𝛽(𝑥 2 + 2𝑥 + 2): 𝛼, 𝛽 ∈ ℝ}


= {(𝛼 + 𝛽)𝑥 2 + (−𝛼 + 2𝛽)𝑥 + 𝛼 + 2𝛽: 𝛼, 𝛽 ∈ ℝ}

Determina-se os valores reais de 𝛼 e 𝛽, de modo que os vectores

“(𝛼 + 𝛽)𝑥 2 + (−𝛼 + 2𝛽)𝑥 + 𝛼 + 2𝛽”

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pertençam ao subespaço vectorial 𝐺:

(𝛼 + 𝛽)𝑥 2 + (−𝛼 + 2𝛽)𝑥 + 𝛼 + 2𝛽 = 𝜆1 (2𝑥 2 + 𝑥 + 1) + 𝜆2 (−𝑥 2 − 𝑥 + 3)

2 −1 𝛼 + 𝛽 1 0 2𝛼 − 𝛽
[1 −1| −𝛼 + 2𝛽 ] ⟶ [0 1| 3𝛼 − 3𝛽 ]
1 3 𝛼 + 2𝛽 0 0 −20𝛼 + 24𝛽

Então,

6
−20𝛼 + 24𝛽 = 0 ⟺ 𝛼 = 𝛽 𝑒 𝛽 ∈ ℝ,
5
ou seja,

11 2 4 16
𝐹∩𝐺 ={ 𝛽𝑥 + 𝛽𝑥 + : 𝛽 ∈ ℝ} = 〈11𝑥 2 + 4𝑥 + 16〉.
5 5 5

Teorema (Reunião de subespaços). Seja 𝑉 um espaço vectorial real, e sejam 𝐹, 𝐺 ≤ 𝑉. Então

𝐹∪𝐺

é um subespaço vectorial de 𝑉 se, e somente se, 𝐹 ⊆ 𝐺 ou 𝐺 ⊆ 𝐹.

Observação (Importante!!!). Se 𝐹 e 𝐺 são subespaços vectoriais, de dimensões finitas, de um


espaço vectorial real 𝑉, então 𝐹 ⊆ 𝐺 se, e somente se, cada um dos geradores de 𝐹 pertence a 𝐺,
ou seja, é combinação linear dos geradores de 𝐺. Se 𝐹 ⊆ 𝐺, então 𝑑𝑖𝑚(𝐹) ≤ 𝑑𝑖𝑚(𝐺), e nesse caso
𝐹 ∪ 𝐺 = 𝐺.

Exemplo. No espaço vectorial real ℙ2 , sejam 𝐹 = 〈𝑥 2 − 𝑥〉, 𝐺 = 〈𝑥 − 1,1〉. Verificar se 𝐹𝑈𝐺 é um


subespaço vectorial de ℙ2 .

Ora, 𝐺 ⊈ 𝐹 porque 𝑑𝑖𝑚(𝐺) = 2 > 1 = 𝑑𝑖𝑚(𝐹). 𝐹 ⊆ 𝐺 se cada um dos seus geradores é


combinação linear dos geradores de 𝐺, ou seja, se a equação

𝑥 2 − 𝑥 = 𝜆1 (𝑥 − 1) + 𝜆2 ⋅ 1

é possível. Mas esta equação é impossível, porque polinómios de grau inferior ou igual a um não
geram um polinómio de grau dois. Logo, 𝐹 ⊈ 𝐺. Sendo assim, o subconjunto 𝐹 ∪ 𝐺 não é um
subespaço vectorial de ℙ2 .

Definição (Soma de dois subespaços). Seja 𝑉 um espaço vectorial real arbitrário, e sejam 𝐹 e 𝐺
subconjuntos de 𝑉. A soma de 𝐹 e 𝐺 é

𝐹 + 𝐺 = {𝑓⃗ + 𝑔⃗: 𝑓⃗ ∈ 𝐹 𝑒 𝑔⃗ ∈ 𝐺}.


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Se um dos conjuntos é unitário, por exemplo 𝐹 = {𝑓⃗}, tem-se {𝑓⃗} + 𝐺 = 𝑓⃗ + 𝐺.

Teorema. Seja 𝑉 um espaço vectorial real arbitrário, e sejam 𝐹, 𝐺 ≤ 𝑉. Então:

1. 𝐹 + 𝐺 ≤ 𝑉.
2. Se 𝐹 = 〈𝑓⃗1 , 𝑓⃗2 , … , 𝑓⃗𝑘 〉 e 𝐺 = 〈𝑔⃗1 , 𝑔⃗2 , … , 𝑔⃗𝑝 〉, então 𝐹 + 𝐺 = 〈𝑓⃗1 , 𝑓⃗2 , … , 𝑓⃗𝑘 , 𝑔⃗1 , 𝑔⃗2 , … , 𝑔⃗𝑝 〉.

Exemplo. No espaço vectorial real ℝ4 , sejam os subespaços 𝐹 = 〈(1,0,0,0), (0,1,0,1)〉 e 𝐺 =


{𝑎(1,1,1,1) + 𝑏(−1,0,1,2) + 𝑐(1,1, −2,1) + 𝑑(0,0,1,1): 𝑎 − 𝑏 + 𝑐 = 𝑏 − 𝑐 + 𝑑 = 0}. Determinar
a dimensão de 𝐹 + 𝐺. Verificar se 𝐹 + 𝐺 é um subespaço impróprio de ℝ4 , ou não.

Ora,

𝑎 = −𝑑
𝑎−𝑏+𝑐 = 0
{ ⇔ {𝑏 = 𝑐 − 𝑑 .
𝑏−𝑐+𝑑 =0
𝑐, 𝑑 ∈ ℝ

Logo,

𝐺 = {−𝑑(1,1,1,1) + (𝑐 − 𝑑)(−1,0,1,2) + 𝑐(1,1, −2,1) + 𝑑(0,0,1,1): 𝑐, 𝑑 ∈ ℝ}


= {𝑑(0, −1, −1, −2) + 𝑐(0,1, −1,3): 𝑐, 𝑑 ∈ ℝ}
= 〈(0, −1, −1, −2), (0,1, −1,3)〉

Então, 𝐹 + 𝐺 = 〈(1,0,0,0), (0,1,0,1), (0, −1, −1, −2), (0,1, −1,3)〉. Determina-se uma base de 𝐹 +
𝐺, indicando um subsistema independente maximal do conjunto dos geradores de 𝐹 + 𝐺:

1 0 0 0 1 0 0 0
0 1 −1 1 0 1 −1 1
𝐴=[ ] ⟶ [ ] .
0 0 −1 −1 0 0 −1 −1
0 1 −2 3 0 0 0 3

Como 𝑐(𝐴) = 4, então 𝑑𝑖𝑚(𝐹 + 𝐺) = 4 e 𝐹 + 𝐺 = ℝ4 , ou seja, 𝐹 + 𝐺 é um subespaço impróprio


de ℝ4 .

Teorema (das dimensões). Seja 𝑉 um espaço vectorial real arbitrário, e sejam 𝐹, 𝐺 ≤ 𝑉. Se 𝐹 e 𝐺


têm dimensões finitas, então

𝑑𝑖𝑚(𝐹 + 𝐺) = 𝑑𝑖𝑚(𝐹) + 𝑑𝑖𝑚(𝐺) − 𝑑𝑖𝑚(𝐹 ∩ 𝐺).

Exemplo. Determinar 𝐹 ∩ 𝐺, onde 𝐹 e 𝐺 são os subespaços vectoriais do exemplo imediatamente


anterior.

𝑑𝑖𝑚(𝐹) = 2, 𝑑𝑖𝑚(𝐺) = 2 e 𝐹 + 𝐺 = ℝ4 . Tem-se então, pelo teorema das dimensões,


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4 = 4 + 𝑑𝑖𝑚(𝐹 ∩ 𝐺) ⟺ 𝑑𝑖𝑚(𝐹 ∩ 𝐺) = 0 ⟺ 𝐹 ∩ 𝐺 = {(0,0,0,0)}.

Definição (Soma directa). Seja 𝑉 um espaço vectorial real arbitrário, e sejam 𝐹, 𝐺 ≤ 𝑉. Diz-se que
𝑆 = 𝐹 + 𝐺 é uma soma directa, e representa-se por 𝑆 = 𝐹 ⨁𝐺, se 𝐹 ∩ 𝐺 = {0 ⃗⃗}.

Exemplo. No exemplo anterior, 𝑆 = 𝐹 + 𝐺 = 𝐹 ⨁𝐺.

Teorema. Seja 𝑉 um espaço vectorial real arbitrário, e sejam 𝐹, 𝐺 ≤ 𝑉. Se 𝐵𝐹 é uma base de 𝐹, 𝐵𝐺


é uma base de 𝐺 e 𝑆 = 𝐹 + 𝐺 = 𝐹 ⨁𝐺, então 𝐵 = 𝐵𝐹 ∪ 𝐵𝐺 é uma base de 𝑆 = 𝐹 + 𝐺 = 𝐹 ⨁𝐺.

Definição. Seja 𝑉 um espaço vectorial real arbitrário, e sejam 𝐹1 , 𝐹2 , … , 𝐹𝑘 ≤ 𝑉. Diz-se que a soma
𝑆 = 𝐹1 + 𝐹2 + ⋯ + 𝐹𝑘 é uma soma directa, e escreve-se 𝑆 = 𝐹1 ⊕ 𝐹2 ⨁ ⋯ ⨁𝐹𝑘 , se para todo 𝑖 ∈
{1,2, … 𝑘} tem-se

𝑘
⃗⃗}.
𝐹𝑖 ∩ ( ∑ 𝐹𝑗 ) = {0
𝑖≠𝑗=1

Exemplo. No espaço vectorial real ℙ3 , sejam 𝐹 = 〈𝑥 3 , 𝑥 2 〉, 𝐺 = 〈𝑥 3 + 𝑥〉 e 𝐻 = 〈𝑥 3 + 1,2𝑥 2 + 3𝑥〉.


Verificar se 𝑆 = 𝐹 + 𝐺 + 𝐻 é uma soma directa.

𝑆 = 𝐹 + 𝐺 + 𝐻 = 𝐹 ⨁𝐺 ⨁𝐻 se

⃗⃗}.
𝐹 ∩ (𝐺 + 𝐻) = 𝐺 ∩ (𝐹 + 𝐻) = 𝐻 ∩ (𝐹 + 𝐺) = {0

Ora, 𝐺 + 𝐻 = 〈𝑥 3 + 𝑥, 𝑥 3 + 1,2𝑥 2 + 3𝑥〉, e como estes três vectores são linearmente


independentes, então 𝑑𝑖𝑚(𝐺 + 𝐻) = 3.

Pelo teorema das dimensões,

𝑑𝑖𝑚(𝐹 + (𝐺 + 𝐻)) = 𝑑𝑖𝑚(𝐹) + 𝑑𝑖𝑚(𝐺 + 𝐻) − 𝑑𝑖𝑚(𝐹 ∩ (𝐺 + 𝐻)).

Como 𝐹 + (𝐺 + 𝐻) ≤ ℙ3 , e consequentemente 𝑑𝑖𝑚(𝐹 + (𝐺 + 𝐻)) ≤ 𝑑𝑖𝑚(ℙ3 ) = 4, então não


pode ser que 𝑑𝑖𝑚(𝐹 ∩ (𝐺 + 𝐻)) = 0, pois teríamos

𝑑𝑖𝑚(𝐹 + (𝐺 + 𝐻)) = 𝑑𝑖𝑚(𝐹) + 𝑑𝑖𝑚(𝐺 + 𝐻) = 5 > 𝑑𝑖𝑚(ℙ3 ) = 4,

⃗⃗}. Logo 𝑆 = 𝐹 + 𝐺 + 𝐻 não é uma soma directa.


ou seja, 𝐹 ∩ (𝐺 + 𝐻) ≠ {0

Definição (Subespaço complementar). Seja 𝑉 um espaço vectorial real arbitrário, e seja 𝐹 ≤ 𝑉.


Chama-se complementar de 𝐹 a um subespaço vectorial 𝐹′ de 𝑉 tal que 𝐹 ⨁𝐹 ′ = 𝑉.

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Teorema. Seja 𝑉 um subespaço vectorial real de dimensão finita, e seja 𝐹 ≤ 𝑉. Então existe um
subespaço complementar de 𝐹.

Exemplo. No espaço vectorial real ℙ4 , seja 𝐹 = 〈1, 𝑥 + 1, 𝑥 2 + 1〉. Determinar 𝐹′.

Nota (Importante!!!). Escolhe-se uma base arbitrária de ℙ4 (de preferência a base canónica) e
determina-se uma nova base de ℙ4 que inclua os vectores de base de 𝐹, aplicando o teorema de
Steinitz (por exemplo). Sendo assim, a base de 𝐹′ é composta pelos vectores da base que se
determinou, que não fazem parte da base de 𝐹.

Neste exemplo, seja 𝐵 = {𝑥 4 , 𝑥 3 , 𝑥 2 , 𝑥, 1} = {𝑒⃗1 , 𝑒⃗2 , 𝑒⃗3 , 𝑒⃗4 , 𝑒⃗5 } a base canónica de ℙ4 . Tem-se:

𝑓⃗1 = 1 = 𝑒⃗5 , 𝑓⃗2 = 𝑒⃗4 + 𝑒⃗5 𝑒 𝑓⃗3 = 𝑒⃗3 + 𝑒⃗5 .

Logo:

𝐵1 = {𝑒⃗1 , 𝑒⃗2 , 𝑒⃗3 , 𝑒⃗4 , 𝑓⃗1 }, e 𝑓⃗2 = 𝑒⃗4 + 𝑓⃗1 , 𝑓⃗3 = 𝑒⃗3 + 𝑓⃗1

𝐵2 = {𝑒⃗1 , 𝑒⃗2 , 𝑒⃗3 , 𝑓⃗2 , 𝑓⃗1 }, e 𝑓⃗3 = 𝑒⃗3 + 𝑓⃗1 .

𝐵3 = {𝑒⃗1 , 𝑒⃗2 , 𝑓⃗3 , 𝑓⃗2 , 𝑓⃗1 }.

Então 𝐹 ′ = 〈𝑒⃗1 , 𝑒⃗2 〉 = 〈𝑥 4 , 𝑥 3 〉.

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Exercícios.

1. No espaço vectorial real ℙ3 , sejam os subespaços vectoriais 𝐹 = 〈𝑥 3 + 𝑥 2 , 𝑥 3 − 1〉 e 𝐺, representado


pelo sistema 𝑎 − 𝑏 + 𝑐 − 𝑑 = 𝑎 + 𝑐 + 2𝑑 = −𝑏 + 𝑐 + 𝑑 = 0, em relação à base 𝐵 = {𝑥 3 −
𝑥 2 , 𝑥 2 − 2𝑥, 𝑥 − 1, −𝑥 3 + 𝑥 + 2}.
a) Determine 𝐹 + 𝐺.
b) Represente 𝐹 + 𝐺 por intermédio de um sistema de equações lineares homogéneas, em relação
à base 𝐵.
c) Determine 𝐹 ∩ 𝐺.
2. No espaço vectorial real ℝ4 , seja o subespaço vectorial 𝐹 = 〈(1,1,0,0), (1,0,0,1)〉.
a) Verifique se o vector 𝑥⃗ = (1,2,0, −1) pertence a 𝐹.
b) Construa um subespaço vectorial 𝐺 de ℝ4 , de dimensão dois, tal que 𝐺 ≠ 𝐹 e 𝐺 ∩ 𝐹 = 〈𝑥⃗〉.
c) Diga qual é a dimensão de 𝐺 + 𝐹.
d) Construa um subespaço complementar de 𝐹 em ℝ4 .
3. No espaço vectorial real ℝ3 , sejam 𝐹 = {(𝑥, 𝑦, 𝑧): 3𝑥 + 𝑦 = 𝑥 − 𝑧 = 0} e 𝐺 = {(𝑥, 𝑦, 𝑧): 𝑘𝑥 + 2𝑦 −
𝑧 = 0}, com 𝑘 ∈ ℝ. Determine o valor real de 𝑘 para o qual 𝐹 ∪ 𝐺 é um subespaço vectorial de ℝ3 .
4. No espaço vectorial real ℝ4 , sejam os subespaços vectoriais 𝐹 = 〈(1,0,1,0), (0,1, −1,0), (1,1,1,1)〉 e
𝐺 = {(𝑥, 𝑦, 𝑧, 𝑤): 𝑥 + 𝑦 − 𝑤 = 𝑥 + 2𝑧 + 𝑤 = 0}.
a) Determine 𝐹 ∩ 𝐺 e 𝐹 + 𝐺.
b) Averigúe se 𝐹 ∪ 𝐺 ≤ ℝ4 .
5. No espaço vectorial real ℝ3 , sejam os subespaços vectoriais 𝐹 = 〈(1,0,0)〉, 𝐺 = {(𝑥, 𝑦, 𝑧): 𝑥 + 𝑦 =
0} e 𝐻 = {(𝑥, 𝑦, 𝑧): 2𝑥 − 𝑦 = 𝑥 + 𝑧 = 0}. Verifique se:
a) 𝐹 + 𝐺 = 𝐹⨁𝐺.
b) 𝐹 + 𝐺 + 𝐻 = 𝐹⨁𝐺⨁𝐻.
6. No espaço vectorial real ℙ3 , seja 𝐹 um subespaço definido por 𝑎 + 𝑏 − 𝑐 + 𝑑 = 𝑎 + 𝑏 + 𝑐 − 𝑑 = 0,
em relação à base canónica.
a) Determine uma base de 𝐹.
b) Determine uma base de ℙ3 que inclua os vectores da base de 𝐹, determinada na alínea anterior.
c) Determine um subespaço complementar de 𝐹.
d) Sendo 𝐻 = 〈𝑥 3 + 𝑥 2 + 𝑘𝑥 + 1, 𝑘𝑥 3 + 𝑥 2 + 𝑘𝑥 + 1〉, discuta em função do parâmetro real 𝑘 a
dimensão de 𝐹 ∩ 𝐺.
7. No espaço vectorial real ℝ4 , sejam os subespaços vectoriais 𝐹 = {(𝑥, 𝑦, 𝑧, 𝑤): 𝑥 + 𝑦 + 𝑧 + 𝑤 = 0} e
𝐺 = {(𝑥, 𝑦, 𝑧, 𝑤): 𝑥 = 𝑦 = 𝑧 = 0}.
a) Verifique que 𝐹⨁𝐺 = ℝ4 .
b) Indique dois outros subespaços vectoriais 𝑈 e 𝑉 de ℝ4 , distintos de 𝐹 e 𝐺, tais que 𝑈⨁𝑉 = ℝ4 .

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