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Flora de Mirandiba
Flora de Mirandiba
Flora de Mirandiba
Editores
Marccus Alves
Maria de Fátima Araújo
Jefferson Rodrigues Maciel
Shirley Martins
Recife - 2009
República Federativa do Brasil Coordenação Geral de Gestão de Ecossistemas –
Presidente CGEC/SEPED/MCT
Luiz Inácio Lula Da Silva Coordenadora
Maria Luiza Braz Alves
Vice-Presidente
José Alencar Gomes da Silva PROBIO – Projeto e Conservação e Utilização Susten-
tável da Diversidade Biológica Brasileira
Ministério da Ciência e Tecnologia Coordenador Executivo
Ministro Luiz Antonio Barreto de Castro
Sérgio Machado Rezende
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Secretário-Executivo Tecnológico – CNPq
Luiz Antonio Rodrigues Elias Presidente
Marco Antonio Zago
Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisas e De-
senvolvimento – SEPED/MCT Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT
Secretário Esplanada dos Ministérios, Bloco E
Luiz Antonio Barreto de Castro CEP: 70067-900, Brasília, DF
Telefone: (61) 3317-7500
http://www.mct.gov.br/
Prefácio�����������������������������������������������������������������������������������7
Autores Colaboradores��������������������������������������������������������9
Apresentação���������������������������������������������������������������������� 15
PRANHCAS
Referências básicas de consulta���������������������������������������� 21
para os estudos realizados������������������������������������������������� 21
Descrição geral da Área de trabalho������������������������������� 23
Diversidade taxonômica, conservação e������������������������� 27
usos da flora local��������������������������������������������������������������� 27
Fitofisonomia���������������������������������������������������������������������� 31
Nectários Extraflorais�������������������������������������������������������� 33
Palinologia de Leguminosae��������������������������������������������� 37
Famílias Monografadas
Prefácio
Para entender a importância deste trabalho é preciso contextualizar duas questões: a primeira
é que das províncias biogeográficas do território brasileiro, a da Caatinga, com aproximadamente os
mesmos limites da área de clima semi-árido do nordeste brasileiro, é uma das maiores e mais descon-
hecidas. A heterogeneidade da flora dessa província decorre de dois gradientes de umidade, um no
sentido Norte-Sul, que se manifesta em uma diminuição das precipitações e outro Oeste-Leste, que se
expressa com um aumento do efeito da continentalidade. Outro fator importante na diversificação da
flora é a história dos eventos geológicos e as variações topográficas. A Caatinga é a vegetação caracterís-
tica da província e ocorre principalmente nas superfícies cristalinas, a chamada Depressão Sertaneja.
A segunda questão é a de que a Depressão Sertaneja representa um extenso conjunto de
pediplanos ora rodeado por extensos planaltos como o da Ibiapaba, entre o Piauí e o Ceará, ora en-
tremeado por relevos sedimentares de variadas dimensões como as chapadas e bacias sedimentares,
onde o conhecimento botânico é ainda mais limitado que nas áreas do cristalino. Neste sentido, deve-
mos comemorar este trabalho sobre a diversidade vegetal de uma área sedimentar em plena Depressão
Sertaneja.
A necessidade deste tipo de publicação é cada vez mais reconhecida pelo crescente número de
profissionais interessados em biodiversidade. Na verdade, apesar de sua audiência claramente alinhada
com botânicos, o livro pode servir a um maior número de leitores, englobando diversos profissionais
interessados na conservação de Caatinga como: ecólogos, agrônomos, engenheiros florestais, geógra-
fos, entre outros.
A realização da Flora de Mirandiba permitiu coletar cerca de 5.000 amostras que estão de-
positadas no herbário Geraldo Mariz - UFP, com duplicatas distribuídas em cerca de 20 herbários do
Brasil e exterior. O esforço de cerca de 25 coletores, incluídos alunos de pós-graduação e de graduação,
e dos cerca de 80 taxonomistas que participaram elaboração das monografias, resultou em um trabalho
com aproximadamente 450 espécies distribuídas em 76 famílias de plantas vasculares (angiospermas
e pteridófitas). Além da descrição e ilustração das espécies, são apresentados chaves de identificação,
comentários sobre seu ambiente local de ocorrência, distribuição geral, espécies raras ou endêmicas ou
ameaçadas, e comentários ecológicos.
Espero que os leitores compartilhem a motivação dos autores para realização deste livro e que
isso ajude na compreensão e conservação da flora da Caatinga.
Profa. Dra, Maria Jesus Nogueira Rodal, UFRPE.
- Flora de Mirandiba 7
Famílias Monografadas
Autores Colaboradores
- Flora de Mirandiba 9
AFutores M
amíliasC onografadas
olaboradores
Dra. Daniela Cristina Zappi (Cactaceae) - Royal Botanic Gardens, Kew, RBG, Kew, TW9 3AE.
Richmond, Inglaterra.
MSc. Diogo Amorim de Araújo (Arecaceae, Aristolochiaceae, Cucurbitaceae, Dioscoriaceae, Passi-
floraceae) - Laboratório de Morfo-Taxonomia Vegetal, Departamento de Botânica, Universidade Fed-
eral de Pernambuco (UFPE). Av. Prof. Moraes Rego, 1235. 50670-901. Recife, Pernambuco. Endereço
atual: Herbário, Universidade Federal do Vale do São Francisco. Petrolina, Pernambuco.
Acad. Edlley Max Pessoa da Silva (Burseraceae) - Laboratório de Morfo-Taxonomia Vegetal, De-
partamento de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Av. Prof. Moraes Rego, 1235.
50670-901. Recife, Pernambuco.
MSc. Eduardo Bezerra de Almeida Jr. (Chrysobalanaceae, Sapotaceae) - Laboratório de Florística
de Ecossistemas Costeiros, Universidade Federal Rural de Pernmabuco. Rua Dom Manoel de Me-
deiros. Recife, Pernambuco. Dr. Efigênia de Melo (Polygonaceae) - Laboratório de Taxonomia Vegetal,
Universidade Estadual de Feira de Santana. Rodovia BR 116, km3, s.n. 44031-460. Feira de Santana,
Bahia.
MSc. Elisabeth Córdula (Leguminosae) - Laboratório de Morfo-Taxonomia Vegetal, Departamento
de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Av. Prof. Moraes Rego, 1235. 50670-901.
Recife, Pernambuco. Endereço atual: Cefet. Recife, Pernambuco.
Dr. Emerson Antonio Rocha (Cactaceae) - Herbário UESC, Departamento de Ciências Biológicas,
Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Rodovia Ilhéus-Itabuna, Km 16, 45650-000. Ilheus,
Bahia.
Dr. Francisco de Assis Ribeiro dos Santos (Palinologia) - Laboratório de Micromorfologia Vegetal,
Laboratório de Taxonomia Vegetal, Universidade Estadual de Feira de Santana. Rodovia BR 116, km3,
s.n. 44031-460. Feira de Santana, Bahia.
Acad. Gabriel de Melo Faria (Orchidaceae) - Herbário, Departamento de Botânica, Universidade
Federal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego, 1235. 50670-901. Recife, Pernambuco.
Biól. Géssica Gomes-Costa (Turneraceae) - Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, Universidade
Federal da Paraíba, CP 5009. 58049-430. João Pessoa, Paraíba.
Dra. Janice Sanders (Malvaceae) - Herbario, Instituto Darwinion. San Isidro. Argentina.
Dr. Jefferson Rodrigues Maciel (Alismataceae, Araceae, Bromeliaceae, Cactaceae, Commelinace-
ae, Hydrocharitaceae, Iridaceae, Limnocharitaceae, Onagraceae, Orchidaceae, Poaceae, Salicaceae, Zy-
gophyllaceae) - Laboratório de Morfo-Taxonomia Vegetal, Departamento de Botânica, Universidade
Federal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego, 1235. 50670-901. Recife, Pernambuco. Endereço atual:
Herbário, Universidade Federal do Vale do São Francisco. Petrolina, Pernambuco.
Dr. José Iranildo Miranda de Melo (Boraginaceae, Hydroleaceae, Loasaceae) - Departamento de
Biologia, Universidade Federal de Campina Grande. Campina Grande, Paraíba.
MSc. Juliana Santos Silva (Chrysobalanaceae, Lamiaceae, Piperaceae, Polygalaceae) - Laboratório de
Taxonomia Vegetal, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros. Recife,
10 Flora de Mirandiba -
Famílias
A utores M
Colaboradores
onografadas
Pernambuco. Biól. Juliana Silva Santos (Lamiaceae) - Laboratório de Taxonomia Vegetal, Universidade
Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros. Recife, Pernambuco. Dr. Julio Antonio
Lombardi (Vitaceae) - Departamento de Botânica, Instituto de Biociências de Rio Claro, Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Av. 24-A 1515. CP 199. 13506-900. Rio Claro, São Paulo.
Biól. Jussara Maria de Oliveira Gomes (Erythroxylaceae) - Laboratório de Morfo-Taxonomia Veg-
etal, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego, 1235.
50670-901. Recife, Pernambuco.
Biól. Kalinne Mendes (Apocynaceae, Moringaceae, Urticaceae) - Laboratório de Morfo-Taxonomia
Vegetal, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego,
1235. 50670-901. Recife, Pernambuco.
MSc. Katarina Romênia Nascimento Pinheiro (Molluginaceae, Plumbaginaceae, Fitofisionomia)
- Laboratório de Morfo-Taxonomia Vegetal, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Per-
nambuco. Av. Prof. Moraes Rego, 1235. 50670-901. Recife, Pernambuco.
MSc. Kiriaki Nurit-Silva (Turneraceae) - Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, Universidade
Federal da Paraíba, CP 5009. 58049-430. João Pessoa, Paraíba.
Dr. Luciano Paganucci de Queiroz (Leguminosae) - Laboratório de Taxonomia Vegetal, Universi-
dade Estadual de Feira de Santana. Rodovia BR 116, km3, s.n. 44031-460. Feira de Santana, Bahia.
MSc. Lucilene Lima dos Santos (Anacardiaceae, Bignoniaceae) - Laboratório de Etnobotânica Apli-
cada, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros. Recife, Pernambuco.
Dr. Marccus Alves (Alstroemeriaceae, Amaranthaceae, Apocynaceae, Bromeliaceae, Commelinace-
ae, Cyperaceae, Euphorbiaceae, Gentianaceae, Leguminosae, Loganiaceae, Malvaceae, Molluginaceae,
Moringaceae, Nyctaginaceae, Nynphaeaceae, Onagraceae, Plumbaginaceae, Pontederiaceae, Salicaceae,
Urticaceae, Violaceae, Zygophyllaceae, Fitofisionomia, Nefs, Palinologia) - Laboratório de Morfo-Tax-
onomia Vegetal, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes
Rego, 1235. 50670-901. Recife, Pernambuco.
Dr. Marcondes Albuquerque de Oliveira (Sapindaceae) - Herbário, Universidade Federal do Vale
do São Francisco. Petrolina, Pernambuco.
Dr. Marcos Sobral (Myrtaceae) - Herbário BHCB, Universidade Federal de Minas Gerais. Av. Antônio
Carlos 6627. 31270-110. Belo Horizonte, Minas Gerais.
Dra. Margareth Ferreira de Sales (Anacardiaceae, Bignoniaceae, Oxalidaceae, Polygalaceae) -
Laboratório de Taxonomia Vegetal, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de
Medeiros. Recife, Pernambuco. Dra. Maria Bernadete Costa e Silva (Capparaceae, Poaceae) - Empresa
Pernambucana de Pesquisa Agropecuária, Herbário IPA-Dárdano de Andrade Lima. Av. Gal. San Mar-
tin 1371. Bonji. 50761-000. Recife, PE – Brasil.
MSc. Maria Carolina de Abreu (Oxalidaceae, Piperaceae) - Laboratório de Taxonomia Vegetal, Uni-
versidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros. Recife, Pernambuco.
- Flora de Mirandiba 11
AFutores M
amíliasC onografadas
olaboradores
12 Flora de Mirandiba -
F utores M
Aamílias Colaboradores
onografadas
Dra. Rita de Cássia de Araújo Pereira (Asteraceae) - Empresa Pernambucana de Pesquisa Agro-
pecuária, Herbário IPA-Dárdano de Andrade Lima. Av. Gal. San Martin 1371. 50761-000. Recife, Per-
nambuco.
Dr. Sérgio Romero da Silva Xavier (Marsileaceae, Pteridaceae, Selaginellaceae) - Centro de Ciências
Biológicas e Sociais Aplicadas, Universidade Estadual da Paraíba, Campus V. R. Neuza de Souza Sales,
s/n. 58058-420. Campina Grande, Paraíba.
Dra. Shirley Martins (Cyperaceae) - Laboratório de Morfo-Taxonomia Vegetal, Departamento de
Botânica, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego, 1235. 50670-901. Recife, Per-
nambuco. Endereço atual: Departamento de Botânica, Instituto de Biociências de Rio Claro, Univer-
sidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Av. 24-A 1515. CP 199. 13506-900. Rio Claro, São
Paulo.
Dra. Silvia Rodrigues Machado (Nefs) - Departamento de Botânica, Instituto de Biociências de
Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Botucatu, São Paulo.
Dra. Taciana Barbosa Cavalcanti (Lythraceae) - Laboratório de Sistemática Vegetal, Herbário CEN,
Embrapa-Cenargen. Recursos Genéticos e Biotecnologia.CP 02372. 70770-900. Brasília, Distrito Fed-
eral.
Biól. Tiago Pontes Arruda (Araceae, Loranthaceae, Papaveraceae, Salicaceae, Santalaceae) - Labo-
ratório de Morfo-Taxonomia Vegetal, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Pernam-
buco. Av. Prof. Moraes Rego, 1235. 50670-901. Recife, Pernambuco.
MSc. Yanna Melo (Alstroemeriaceae, Nyctaginaceae, Nefs) - Laboratório de Morfo-Taxonomia Veg-
etal, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego, 1235.
50670-901. Recife, Pernambuco.
Coletores
Aline Melo, Anderson Alves-Araújo, Bruno Sampaio Amorim, Clara Emanuela Lima Lourenço, Diogo
Amorim de Araújo, Elizabeth Córdula, Jefferson Maciel Rodrigues, Juliana Santos Silva, Jussara Maria
de Oliveira Gomes, Kalinne Mendes, Katarina Romênia Nascimento Pinheiro, Leonardo Biral, Lu-
cilene Lima dos Santos, Luiz Gustavo de Souza, Marccus Alves, Maria do Céo Rodrigues, Maria de
Fátima de Araújo Lucena, Maria Teresa Aureliano Buril Vital, Polyhanna Gomes, Scott Heald, Simone
Schimidt, Shirley Martins, Yanna Melo.
- Flora de Mirandiba 13
AFutores
amíliasC
M olaboradores
onografadas
Revisores
14 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
Apresentação
- Flora de Mirandiba 15
Famílias M
Aonografadas
presentação
fias de famílias, foi iniciada a construção de uma rede de colaboradores. Esta rede de colaboradores
conta com cerca de 100 profissionais e inclui coletores, autores de monografias, revisores e ilustradores
científicos. Esta rede de profissionais altamente qualificados, com diferentes graus de experiência e ori-
undos de diversos estados brasilieros foi construída gradativamente. Importante ressaltar que a rede de
colaboradores incluiu além de pesquisadores experientes, recém-doutores, doutorandos, mestrandos e
alunos de iniciação cientifica, especialmente da Universidade Federal de Pernambuco e da Universidade
Federal Rural de Pernambuco.
Para a apresentação das famílias, gêneros e espécies, optou-se pela ordenação alfabética. Para
cada família monografada é apresentada uma breve descrição com comentários gerais sobre distribuição
geográfica e referências selecionadas sobre a taxonomia do grupo. No caso de famílias com dois ou
mais representantes, acompanha uma chave dicotômica de identificação. Para cada espécie é oferecida
uma breve descrição com os caracteres mais relevantes à sua identificação, acompanhada de comentári-
os sobre a distribuição geográfica, habitat de ocorrência no município de Mirandiba, nomes populares
e usos locais quando conhecidos. Para a citação do material examinado foram selecionadas amostras
que melhor represnetassem as espécies em estudo. Quando necessário estão citados materiais adicio-
nais. As demais amostras coletadas na área de estudo e que não estão citadas podem ser consultadas no
Herbário Geraldo Mariz (UFP). Algumas famílias não tiveram as monografias finalizadas a tempo para
publicação. Neste caso, os editores elaboraram uma chave de identificação para as espécies.
Paralelamente a a esta flora, as amostras coletadas na área permitiram a elaboração de uma
monografia de conclusão de graduação, cinco dissertações de mestrado e uma tese de doutorado.
Através de um dos trabalhos ainda em andamento (Dissertação de Mestrado de Katarina Pinheiro)
foram recentemente coletadas espécies não incluídas nas monografias já elaboradas. Para estes casos
específicos, os editores decidiram pela incluisão para cada família com uma nova citação os seguintes
dados: nome da espécie, amostras coletadas e um pequeno comentário sobre a mesma.
Ao final, esta obra apresenta aos leitores, ao longo de suas páginas, citações e descrições, ilus-
trações, fotografias, chaves de identificação e referências bibliográficas referentes a cerca de 500 espé-
cies, distribuídas em aproximadamente 80 famílias de Angiospermas e Pteridófitas.
16 Flora de Mirandiba -
Pranchas
A
B
C D
E F G
J
H I
A- Fazenda Baixio Grande G-Serra das Umburanas
B- Fazenda Catolés H-Serra das moças
C-Fazenda Pedra Comprida I-Serrotinho
D-Fazenda Salinas J-Sítio CabaçasH- Melochia tomentosa L.
E-Fazenda Tigre I- Ptilochaeta bahiensis Turcz.
F-Fazenda Tupan J- Eugenia dysenterica DC.
A B
C D
E F
G H I J
A- Ruellia asperula (Nees) Lindau F- Ipomoea marcellia Meisn.
B- Aspidosperma pyrifolium Mart. G- Serjania glabrata Kunth.
C- Arrabidaea corallina (Jacq.) Sand. H- Melochia tomentosa L.
D- Cordia leucocephala Moric. I- Ptilochaeta bahiensis Turcz.
E- grandiflora (Cham. & Schltdl.) Steud. J- Eugenia dysenterica DC.
B
A
D
C
E F
G
H J
A- Vitex gardneriana Schau- F- Arrojadoa rhodantha
er (Gürke) Britton & Rose
B-Ditaxis malpighiacea G- Tacinga inamoena (Brit-
(Ule) Pax & K. Hoffm. ton & Rose) N.P. Taylor &
C- Erythroxylum pungens O. Stuppy
E. Schulz H- Triplaris gardneriana
D- Passiflora luetzelburgii Wedd
I Harms
E- Cissus simsiana Schult.
I- Cyperus eragrostis Lam.
J- Tillandsia streptocarpa
Baker
Famílias Monografadas
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- Flora de Mirandiba 21
Referências básicas de consulta para os estudos realizados
Famílias Monografadas
22 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
Área de Estudo
- Flora de Mirandiba 23
Descrição Geral
Famílias Mde
da área Trabalho
onografadas
Há registro ainda de depósitos mais recentes ao longo dos rios, riachos e açudes. Para Jatobá (2000), o
município apresenta terrenos sedimentares do Siluriano-Devoniano e terrenos ígneos e metamórficos
do Pré-Cambriano.
24 Flora de Mirandiba -
D
Famílias MG
escrição eral da área de Trabalho
onografadas
- Flora de Mirandiba 25
Famílias
Descrição Geral Mde
da área Trabalho
onografadas
eração, Croton blanchetianus é uma das espécies mais abundantes, dominando uma parte considerável
da paisagem. Sua abundância está relacionada tanto aos aspectos biológicos da planta quanto ao seu
manejo empirico realizado pela comunidade local.
As trepadeiras estão amplamente distribuídas nas distintas fisionomias no município. Rep-
resentantes herbáceos e lenhosos de Convolvulaceae, Sapindaceae e Vitaceae são os mais comuns.
Durante o período de chuvas, ocupam grandes trechos do estrato herbáceo (especialmente Jacquemontia
spp. e Ipomoea spp.) e do subosque das áreas de caatinga arbustiva-arbórea.
A riqueza de epifitas, hemiepífitas, parasitas, hemiparasitas e saprófitas é reconhecidamente
baixa em Caatinga. Na área de estudo, foram registradas poucas espécies com estas formas de vida,
com maior destaque para Tillandsia spp. No entanto, estas espécies, aparentemente não tem relevância
na fisionomia da área.
26 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
- Flora de Mirandiba 27
Diversidade taxonômica, conservação e usos da flora local
Famílias Monografadas
servas, e castanhas, a madeira é amplamente empregada na construção civil e folhas, flores e frutos são
empregadas como fitoterápicos locais. Como fonte de fibra o destaque é do “ouricuri” [Syagrus coronata
(Mart.) Becc., Arecaceae], a qual possui também os frutos secos utilizados no artesanato local.
Vale ressaltar que estão monografadas neste trabalho apenas as espécies encontradas em áreas
preservadas ou com o mínimo de intervenção antrópica. Três casos peculiares são pertinentes e mere-
cem atenção pela ocorrência em áreas de capoeira em regeneração, recentemente cortada ou em área
de contato com a caatinga preservada. A “flor-de-cera” [Calotropis procera (Aiton) W. T. Aiton, Apoc-
ynaceae], “algaroba” [Prosopis juliflora (Sw.) DC., Leguminosae], e “moringa” [Moringa oleifera Lam.,
Moringaceae] são exemplos de plantas exóticas lenhosas que gradativamente avançam pelas áreas de
caatinga do município.
A arborização urbana, como na maioria das cidades do interior de Pernambuco, recebe pouca
atenção dos gestores públicos e não exerce uma das suas funções primordiais que é a amenização da
temperatura. Na área urbana do município, são poucas as árvores plantadas em praças, parques e jardins
públicos. As existentes passam por podas radicais regularmente. As principais espécies encontradas na
cidade são: “algaroba” [Prosopis juliflora (Sw.) DC., Leguminosae], “brasileirinho” [Erythrina indica Lam.
var. picta Hort., Leguminosae], “cajueiro” [Anacardium occidentale L., Anacardiaceae], “cássia-amarela”
[Senna siamea (Lam.) H.S. Irwin & R.C. Barneby, Leguminosae], “coqueiro-da-bahia” (Cocos nucifera
L., Arecaceae), “figueira-beijamina” [Ficus benjamina L., Moraceae], “filício” [Filicium decipiens (Wight
& Arn.) Thw., Sapindaceae], “guamuxil” [Pithecellobium dulce (Roxb.) Benth., Leguminosae], “jasmim-
manga” [Plumeria rubra L., Apocynaceae], “juazeiro” [Ziziphus joazeiro Mart., Rhamanaceae], “leucena”
[Leucena leucopcephala (Lam.) R. De Wit., Leguminosae], “mangueira” [Mangifera indica L., Anacardiaceae],
“moringa” [Moringa oleifera Lam., Moringaceae], “murta” [Murraya paniculata (L.) Jacq., Rutaceae], “niim”
[Azadirachta indica A. Juss., Meliaceae], “pau-brasil” [Caesalpina echinata Lam., Leguminosae], “pau-de-
cola” (Cordia abyssinica R. Br., Boraginaceae) e “sete-copas” [Terminalia catappa L., Combretaceae]. As
visualmente mais abundantes são “algaroba”, “cássia-amarela”, “figueira-beijamina” e “pau-de-cola”.
Percebe-se facilmente que o emprego de espécies nativas da Caatinga na arborização urbana é
praticamente inexistente e faz-se restrito a exemplos pontuais, em geral, associados as ações individuais
dos moradores.
Nos últimos meses de trabalho de campo foi verificado um aumento significativo da explo-
ração de madeira para produção de carvão vegetal. O produto visa abastecer o crescente mercado de
calcinação da gipsita na região da Chapada do Araripe, sertão pernambucano. Apesar da exploração
madeireira estar direcionada a áreas de plantio de “algaroba” [Prosopis juliflora (Sw.) DC., Leguminosae],
foi constatado o corte e transporte de madeiras de espécies nobres e nativas da caatinga como “braúna”
[Schinopsis brasiliensis Engl., Anacardiaceae], “angico” [Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan., Legu-
minosae], “pau-ferro” [Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul., Leguminosae] e “aroeira” [Myracrodruon urundeuva
Allemão, Anacardiaceae], entre outras.
Apesar de nenhuma das espécies apresentada ao longo deste livro estar incluída na lista de
espécies ameaçadas publicada recentemente pelo o MMA (2008) é evidente que muitas delas sofrem
forte pressão pela fragmentação do habitat, exploração excessiva e ação de caprinos e bovinos.
Os resultados aqui apresentados confirmam as previsões do MMA (2002) que indica-
vam a região de Mirandiba como importante centro para realização de inventários sobre a diversidade
28 Flora de Mirandiba -
Diversidade taxonômica, conservação e usos da flora local
Famílias Monografadas
vegetal. Resta agora que este trabalho venha a nortear políticas públicas que garantam o manejo e a
consErvasção das áreas de caatinga ainda existentes no município de Mirandiba. E finalmente, que o
Ministério do Meio Ambiente promova área de estudo à categoria de “Prioritária para conservação
vegetal” no bioma Caatinga.
- Flora de Mirandiba 29
Famílias Monografadas
Fitofisonomia
Katarina Pinheiro, Maria Jesus Nogueira Rodal & Marccus Alves
- Flora de Mirandiba 31
Fitofisionomia
Famílias Monografadas
Para o Argissolo, a vegetação é do tipo arbustiva aberta formada predominantemente por Cro-
ton blanchetianus Baill., com poucas árvores espaçadas e sem doiminância clara de uma espécie arbórea.
O Neossolo quartzarênico, é o único existente de origem sedimentar, onde sua vegetação é do
tipo abustiva densa com a reduzida presença de árvores de maior porte. Porém, é a única com registro
de Syagrus coronata (Mart.) Becc. (Arecaceae).
Merece atenção observar que para as fisionomias inseridas no embasamento cristalino, é evi-
dente a dominância de C. blanchetianus Baill. Após alguns trabalhos realizados na Caatinga, levantou-se
a hipótese que esta planta tende a predominar em áreas antropizadas. No entanto, a ocorrência desta
espécie parece está mais relacionada com sua capacidade de adaptação a solos com condições de esta-
belecimento mais adversas. Pois, em algumas fisionomias estudadas, a espécie é dominante indepen-
dente de atividades antrópicas.
Desta forma, fica evidente a diversidade fisionômica encontrada para o município de Miran-
diba. Contudo, assim como outros locais de Caatinga, tais variações fisionômicas reladas não são es-
sencialmente relacionadas à intervenção antrópica. Toda a variedade de fatores abióticos descrita acima,
parece ser a principal influenciadora para a variabilidade fitofisionômica encontrada para o município.
ANDRADE-LIMA, D. 1981. The caatingas dominium. Revista Brasileira de Botânica, 4: 149-453.
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32 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
Nectários Extraflorais
Yanna Melo, Maria de Fátina de Araújo Lucena, Silvia R. Machado & Marccus Alves
Nas Angiospermas, é comum a presença de glândulas com funções variadas como a secreção
de resina, óleo, substâncias urticantes, entre outros aspectos. A função das glândulas e do conteúdo
secretado é definida pela condição ecológica da planta e suas adaptações ao meio (Bentley & Elias
1983). Segundo estes autores, nectários extraflorais (NEFs), assim como os nectários florais (NFs), são
glândulas responsáveis pela secreção de néctar, sendo que difere destes por se localizar nos órgãos veg-
etativos ou em ramos reprodutivos (pedúnculo da inflorescência, pedicelo floral) sem estar diretamente
localizado na flor (a partir do receptáculo).
O néctar é uma substância açucarada, rica energeticamente e que garante a interação entre os
vegetais e os elementos da fauna, especialmente, formigas. Estas, em geral são tem comportamento
agressivo, e em troca do recurso ofertado mantêm distantes os herbívoros. Embora os NEFs não este-
jam diretamente relacionados à polinização, há registros de polinizadores que visitam essas glândulas.
A visita do polinizador ao NEF parece ser uma questão de oportunidade, devido à disponibilidade do
recurso durante a passagem do agente pela planta. No entanto, não se deve descartar, a possibilidade
do NEF ser mais um mecanismo relacionado direta ou indiretamente a polinização.
Além da função ecológica, os NEFs têm sido uma importante ferramenta nos estudos de
taxonomia e filogenia. Essas glândulas apresentam diversos caracteres como coloração, formato e ta-
manho, que podem fornecem dados taxonômicos importantes. Os NEFs também apresentam car-
acterísticas anatômicas e ultra-estruturais bastante peculiares aos táxons em que ocorrem e inteiramente
relacionadas à secreção do néctar.
Os NEFs são distribuídos em diferentes grupos de vegetais (Keeler 2008). Atualmente estão
registradas cerca de 4.000 espécies de Angiospermas com NEFs distribuídas em mais de 100 famílias,
e nove espécies de Pteridófitas distribuídas em quatro famílias. Dentre as Angiospermas, a família Le-
guminosae é a mais representativa (cerca de 1000 spp), seguida de Passifloraceae (cerca de 400 spp),
Euphorbiaceae (cerca de 300 spp), Malvaceae (cerca de 300 spp) e Rosaceae (cerca de 250 spp).
Os registros de plantas com NEFs englobam todos os continentes terrestres se estendendo
das Américas até a Oceania. São diversos os ecossistemas em que ocorrem, assim como o hábito e as
formas de vida. Há registros de plantas com NEFs em florestas úmidas, cerrado, caatinga, manguezal,
áreas litorâneas e até desertos. Os táxons com NEFs apresentam-se sob formas diversas, sendo desde
Ervas até árvores, incluindo subarbustos aquáticos [Neptunia plena (L.) Benth – Leguminosae].
No Brasil, existem citações de Nefs para a Amazônia, o Cerrado e a Caatinga e Manguezal
(Oliveira & Leitão-Filho 1987; Lewis & Owen 1989; Morellato & Oliveira 1991; Machado et al. 2008;
Araújo inédito; Melo inédito). Em Mirandiba, foram observados Nefs em Leguminosae (Prancha 2, fig.
A D), Euphorbiaceae (Prancha 2, fig. E F), Capparaceae, Malvaceae e Turneraceae. Foram encontrados
diferentes tipos de glândulas, incluindo tricomas glandulares nectaríferos, distribuídas nas folhas e no
pedicelo floral.
O número de espécies de Leguminosae com NEFs demonstra a representatividade na família.
- Flora de Mirandiba 33
Nectários Extraflorais
Famílias Monografadas
No entanto, é importante destacar a distribuição também em Euphorbiaceae, que está entre os princi-
pais grupos de plantas com NEFs.
Embora a Caatinga seja um ambiente considerado inóspito, devido à escassez hídrica, é no-
tável a distribuição de plantas com NEFs nesse ecossistema. Essas glândulas possivelmente conferem
recursos alimentares para a fauna local.
BENTLEY, B. & ELIAS, T. S. 1983. The Biology of Nectaries. New York: Columbia University
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34 Flora de Mirandiba -
Nectários Extraflorais
Famílias Monografadas
- Flora de Mirandiba 35
Famílias Monografadas
Palinologia de Leguminosae
Maria Teresa Buril & Francisco de Assis Ribeiro dos Santos
A família Leguminosae é representada no Brasil por cerca de 270 gêneros e 6.700 espécies
e desponta como a família com maior número de espécies e de endemismos na caatinga (Giullieti et
al. 2002). A morfologia polínica das leguminosas é bastante variável, caracterizando-a como família
euripolínica, e os caracteres polínicos são utilizados principalmente na separação das subfamílias, dos
gêneros e de algumas seções (Guinet 1981). Caesalpinioideae tem grãos de pólen de oblato-esferoidais a
prolato-esferoidais, tricolporados, com superfície de reticulada a rugulada ou fossulada-foveolada (Gra-
ham & Baker 1981). Em Mimosoideae são encontrados desde grãos de pólen em mônades até tétrades
e políades, porados (Sorsa 1969, Guinet 1981). Papilionoideae tem grãos de pólen de prolatos a sub-
prolatos ou sub-oblatos a oblato-esferoidais, tricolporados, colpados ou porados, e a exina é geralmente
reticulada com margens psiladas na região apertural (Ferguson & Skvarla 1981).
Os estudos de palinoflora, ainda raros no Brasil, são importantes não apenas para o conheci-
mento da flora local como também para subsidiar pesquisas paleobotânicas, taxonômicas, melissopal-
inológicas e de ecologia da polinização. O cenário de trabalhos de floras polínicas é ainda mais carente
na Caatinga. Pioneiramente, Gomes (1966) descreveu os grãos de pólen de 15 espécies das quais duas
são de Leguminosae. A palinologia de leguminosas na caatinga foi abordada novamente apenas 40 anos
depois, quando em 2006 Lima et al. publicaram a descrição polínica de espécies do gênero Mimosa do
semi-árido. O maior estudo para a caatinga foi publicado no ano seguinte por Silva, que descreveu a
morfologia polínica de 144 espécies da Reserva de Canudos, na Bahia, das quais 30 são leguminosas.
Diante da notável representatividade das leguminosas na caatinga de Mirandiba (Córdula et al.
2008), o presente trabalho, que foi tema de dissertação da primeira autora, teve como principal objetivo
descrever a morfologia polínica das espécies de Leguminosae que ocorrem em Mirandiba.
Para tal estudo, o material polínico foi preparado pelo método padrão de acetólise (Erdtman
1960) para posterior análise em microscopia óptica (MO), e para a microscopia eletrônica de varredura
(MEV) foram utilizados grãos de pólen não acetolisados. As descrições seguiram a nomenclatura de
Punt et al. (2007) e as lâminas foram depositadas na Palinoteca do Laboratório de Micromorfologia
Vegetal (LAMIV), da Universidade Estadual de Feira de Santana.
Com as descrições palinológicas das Leguminosae de Mirandiba, são inéditas as de-
scrições e ilustrações para 40 espécies, 55% do total das espécies estudadas na área, além de serem
adicionados novos dados, especialmente imagens de microscopia eletrônica de varredura, para mais
23 espécies. Dentro de cada subfamília foram estabelecidos, sempre que possível, tipos polínicos para
facilitar a identificação de grupos de espécies.
Em Caesalpinioideae, foram identificados cinco tipos polínicos distintos: 1. tipo Bauhinia (2
spp.)com grãos de pólen grandes com exina microrreticulada e gemada; 2. tipo Senna (Senna – 8 spp. e
Chamecrista – 6 spp.), grãos de pólen médios, subprolatos a prolatos, psilados a microrreticulados, 3-col-
porados com colpos longos, fusionados ou não nos polos; 3. tipo Caesalpinia (3 spp.), grãos de pólen
grandes, suboblatos, 3-colporados, aspidados, reticulados, heterobrocados; 4. tipo Parkinsonia (1 sp.),
- Flora de Mirandiba 37
Palinologia de Leguminosae
Famílias Monografadas
CÓRDULA, E.; QUEIROZ, L. P. & ALVES, M. 2008. Checklist da flora de Mirandiba, Per-
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38 Flora de Mirandiba -
Palinologia de Leguminosae
Famílias Monografadas
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- Flora de Mirandiba 39
Famílias
monografadas
Famílias Monografadas
1. Acanthaceae
Cíntia Kameyama
Família com cerca de 3250 espécies e 240 gêneros, distribuindo-se pelos trópicos e subtrópi-
cos de todo o mundo, alcançando algumas regiões temperadas. Nas Américas ocorrem cerca de 85
gêneros e 2000 espécies. No Brasil estima-se que ocorram cerca de 40 gêneros e 540 espécies, a maioria
nas formações florestais do Sudeste e Centro-Oeste, especialmente em matas mesófilas.
- Flora de Mirandiba 43
Famílias Monografadas
1.2. Justicia aequilabris (Nees) Lindau in Engler & Prantl., Nat. Pflanzenfam. 4(3b): 350.
1895.
Justicia strobilacea (Nees) Lindau in Engler & Prantl., Nat. Pflanzenfam. 4(3b): 350. 1895
Arbustos ca. 1m alt., ramos subcilíndricos a cilíndricos, tomentosos, glabrescentes. Folhas
semicarnosas, papiráceas, subssésseis, pecíolos ca. 1-3mm compr.; lâminas lanceoladas, elípticas e ob-
longo-elípticas, 3,5-5x1,7-4cm, ápice agudo a acuminado, base acuminada, margem inteira a levemente
crenada, vilosa, face adaxial glabrescente. Inflorescências espigas terminais com flores decussadas,
2-3,5cm compr. (sem incluir as corolas), pedúnculo ca. 4mm compr.; brácteas verdes, sésseis, ovais, 1,2-
1,5x0,7-0,9cm, ápice agudo, mucronado, base arredondada, ciliada e vilosa em ambas as faces, sendo
mais densamente nas nervuras e na face abaxial, tricomas longos intercalados com tricomas muito
curtos e glandulares; bractéolas 2, estreitamente oblanceoladas a lineares, 6-8x0,7mm, ápice agudo,
indumento como da bráctea. Flores, sépalas 5, unidas apenas na base, iguais entre si, linear-lanceola-
44 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
das, 0,4-0,6mm, com tricomas muito curtos glandulares; corola vermelha, pubescente externamente,
bilabiada ca. 3cm compr., tubo ca. 2cm compr., lábio superior unidenteado, inferior 3-lobado, lobos
iguais, estreitamento elípticos, 0,7mm compr., ápice arredondado; estames 2, anteras 2-tecas, tecas sem
apêndices, inseridas em alturas diferentes no conectivo; ovário ca. 2mm, estilete glabro. Fruto cápsula
não vista.
Material examinado: Faz. Areias, 31.V.2006, M. F. A. Lucena 1489 (UFP, SP).
Material adicional: PERNAMBUCO: Araripina. Serra do Jardim, estrada Araripina-Crato, 26.IV.1983, F. Galindo et
al. CEPE 518 (SPF, IPA)
Comentários: distribui-se do leste da Bolívia, noroeste do Paraguai ao Nordeste do Brasil (Ezcurra
2002). Em outras localidades esta espécie pode apresentar folhas bem mais amplas.
1.3. Ruellia asperula (Nees) Lindau in Engler, Nat. Pflanzenfam. 4(3b): 311. 1895.
Subarbustos, 20-40cm alt., ramificados; ramos tetragonais quando jovens a subcilíndricos,
esparsamente hirsutos, glabrescentes. Folhas pecioladas, pecíolos 13-15mm compr., tomentosos; lan-
ceoladas a oblongo-lanceoladas, 3-5,2x1,5-2,44cm, ápice agudo, às vezes levemente acuminado, mar-
gem crenada, base arredondada, obtusa a aguda, às vezes levemente atenuada, tomentosa em ambas
as faces. Inflorescência tirsóides, algumas vezes pouco desenvolvidas, flores axilares e terminais; in-
florescências totalmente hirsutas com tricomas glandulares entremeados de tricomas tectores, brácteas
foliáceas, um pouco menores que as folhas, cimeiras 1-8-floras; bractéolas sésseis a subsésseis, lanceo-
ladas, 8-10x2-4mm, ápice agudo. Flores sépalas 5, unidas a base, lineares, 8-10mm compr., subiguais
ou uma mais longa que as demais, indumento igual ao das bractéolas; corola vermelha, pubescente
externamente, tricomas glandulares e tectores, ca. 4,2cm compr., tubo (parte estreita) ca. 1,5cm compr.,
fauce recurvada, estreitamente obcônica e gibosa, ca, 1,7cm compr, 0,5cm diâm. na porção mais larga,
lobos 5, reflexos na flor madura, levemente desiguais, os 2 superiores um pouco mais unidos entre si,
ca. 4x3mm, ápice levemente emarginado, os 3 inferiores ca. 5x4mm, o central um pouco mais estre-
ito, ápice arredondado; estames 4, dídinamos, exsertos, anteras 2-tecas, ca, 1,6mm compr.; ovário ca.
1,8mm compr., estilete hirsuto. Fruto cápsula subclavada, ca. 12mm compr., porção estéril ca. 7mm
compr., apiculada; sementes 4, lenticulares, ca. 3mm diâm.
Material examinado: Salinas, 04.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1620 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.2007, E. Córdula et al.
238 (UFP); id., 8.II.2007, Y. Melo et al. 118 (UFP).
Comentários: ocorre na caatinga nos Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Piauí e Pernambuco.
- Flora de Mirandiba 45
Famílias Monografadas
margem inteira a subcrenada, base arredondada, obtusa a aguda, às vezes levemente atenuada, pubes-
cente com tricomas glandulares e tectores entremeados em ambas as faces, glabrescente. Inflorescên-
cias dicásios axilares; hirsutas com tricomas glandulares entremeados de tricomas tectores; bractéolas
linear-lanceoladas, 12x2mm na base da inflorescência, as mais distais gradativamente mais estreitas
e mais curtas, com tricomas glandulares entremeados de tricomas tectores. Flores sépalas 5, unidas
a base, lineares, 12-15mm compr., iguais, indumento igual ao das bractéolas; corola lilás, pubescente
externamente, tricomas glandulares e tectores, 2-2,5cm compr., tubo (parte estreita) ca. 1,2cm compr.,
fauce obcônica, ca, 0,8cm compr, 0,5cm diâm. na porção mais larga, lobos 5, levemente desiguais,
arredondados, ca. 4x4mm; estames 4, dídinamos, subexsertos, anteras 2-tecas, ca, 2mm compr.; ovário
ca. 2mm compr., estilete hirsuto. Fruto cápsula cilíndrica, ca. 13mm compr., apiculada; sementes 10,
lenticulares, sementes maduras não examinadas.
Material examinado: Fazenda Tigre, 03.X.2006, M. F. A Lucena et al. 1609 (UFP, SP); Vertentes, 21.VI.2007, Y.
Melo et al. 232 (UFP, SP).
Comentários: ocorre do México ao Nordeste e Centro-Oeste do Brasil em ambientes abertos, muitas
vezes perturbados em locais com uma estação seca bem definida.
2. Alismataceae
Anderson Alves-Araújo & Jefferson Rodrigues Maciel
Família amplamente distribuída em ambos os hemisférios, com exceção das regiões polares.
É formada por 12 gêneros e cerca de 80 espécies, sendo registrados no Neotrópico apenas os gêneros
mais diversos da família, Sagittaria e Echinodorus. No domínio das caatingas, Matias (2005) confirmou
a ocorrência de oito espécies e duas subespécies de Echinodorus e duas espécies e duas subespécies de
Sagittaria. Em Mirandiba, Echinodorus está representado apenas por Echinodorus subalatus (Mart.) Griseb.
Este gênero se diferencia de Sagittaria, principalmente, pela presença de flores bissexuadas em toda a
inflorescência.
46 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
Neotropics with special reference to Brazil. Acta Amazônica, Supl., 15: 153-193.
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Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2005.
2.1. Echinodorus subalatus (Mart.) Griseb., Cat. Pl. Cub. 218. 1866.
Ervas aquáticas, 30-75cm, perenes, rizomatosas. Folhas emersas e submersas. Folhas emersas
9-18x4-11,2cm, ovais a elípticas, 7-9 nervadas. Inflorescência em tirsos; escapo alado, ereto; brácteas
ovais, ápice caudado. Flores curto a longo-pediceladas; díclinas, sépalas 3, verdes glabras, ovaladas,
ápice agudo ou revoluto; pétalas 3, brancas, glabras, ovaladas; estames 12; ovários numerosos, livres,
inseridos em receptáculo convexo. Fruto não observado.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro. 153 (UFP, MO).
Comentários: espécie restrita à América do Sul e que pode ser encontrada em diversos tipos
de ambientes aquáticos (intermitentes ou não). Matias (2005), com base na presença de alas no escapo
da inflorescência, reconheceu a ocorrência na caatinga de dois táxons. Echinodorus subalatus (Mart.)
Griseb var. subalatus. diferencia-se de E. subalatus var. andrieuxii (Hook. & Arn.) R. R. Haynes & Holm-
Niels. por apresentar o eixo da inflorescência alado. Na caatinga, o é popularmente conhecido como
“Chapéu de couro” e muito utilizado para fins medicinais.
3. Alstroemeriaceae
Yanna Melo & Marccus Alves
- Flora de Mirandiba 47
Famílias Monografadas
3.1. Alstroemeria longistaminea Mart. ex. Schult. & Schult.f. in Roem. & Schult., Syst. Veg.
7(1): 739-740. 1829.
Ervas eretas, monóicas; ramos cilíndricos, glabros, verdes; raízes tuberosas. Folhas 3,0-
8,5x0,5-1,9cm, simples, ressupinadas, alternas; membranáceas, oblanceolada, ápice agudo, base
atenuada, margem inteira, pecíolo alado; estípulas ausentes. Inflorescência terminal, umbela. Flores
trímeras, bissexuadas, zigomorfas; tépalas externas 3, espatuladas, ápice cuspidado, base atenuada e
papilosa, 2,5-3,0cmx8-10mm, variegadas em tons de rosa escuro, amarelo e verde, máculas vináceas;
tépalas internas-3, 5cmx5mm, espatuladas, ápice acuminado, base atenuada e papilosa, variegadas em
tons de verde e amarelo, máculas vináceas; eixo floral verde; estigma trífido, base do estilete papilosa;
estames exsertos, antera rimosa, base do filete papilosa; ovário ínfero, sincárpico, tricarpelar, trilocular,
placentação axial. Fruto cápsula loculicida, seco, deiscente, explosivo, ovóide, cicatriz apical, circular.
Material examinado: Serra do Tigre, 31.V.2006, K. Pinheiro & D. Araújo 178 (UFP); Fazenda Baixio Grande,
19.IV.2007, Y. Melo et al. 184 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1417 (UFP). Material adicional:
PERNAMBUCO: Bezerros, 09.IV.2005, Y. Melo et al. 24 (UFP), 31.VII.2005, Y. Melo et al. 47 (UFP).
Comentários: ocorre em regiões sombreadas do semi-árido pernambucano. Em Mirandiba
localiza-se nas áreas com solos rochosos de caatinga arbórea densa. A espécie é facilmente reconhecida
por apresentar flores pêndulas e folhas ressupinadas.
4. Amaranthaceae
Polyhanna Gomes & Marccus Alves
48 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
Amaranthaceae ocorre em quase todos os continentes, exceto Antártida, com centro de diversidade
nos trópicos e subtrópicos. Colonizam preferencialmente ambientes antropizados ou menos freqüentemente
formações florestais secas ou espinhosas. Compreende cerca de 70 gêneros e aproximadamente 1000 espécies
(Duke 1961, Siqueira 2003, Nee 2004). No Brasil ocorrem cerca de 100 espécies, distribuídas em 15 gêneros
(Siqueira 2002). Em Mirandiba, a família está representada por 4 gêneros e 5 espécies. Espécies de Amaranthus
possuem frutos comestíveis e representantes de diferentes gêneros apresentam potencial ornamental (Nee
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Botanical Garden, 48(1): 1-106.
SIQUEIRA, J. C 2002. Amaranthaceae. In: WANDERLEY, M. G. L..; SHEPHERD, G. J & GIULIETTI,
A. M. (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. FAPESP, HUCITEC, São Paulo, 2:11-30.
4.1. Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze, Gen. Pl. 2: 537. 1891. Prancha 4, fig. A-B.
Ervas ou subarbustos, eretos, 0,2-1m alt.; ramos pilosos, creme-esverdeados, dourados
ou avermelhados. Folhas lanceoladas, elípticas ou lineares; 2,9-6,5x0,6-2,1cm, pilosas, ápice agudo,
base cuneada; pecíolo 1-6mm compr., piloso. Inflorescências 1-12,3cm compr., glomeruliformes,
congestas, terminais ou axilares, pedunculadas, pedúnculos pilosos a pubescentes. Flores andróginas,
cremes, sépalas 5, livres, iguais entre si, oblongas, dorsalmente pilosas, trinervadas, nervura mediana
ultrapassando as laterais; brácteas 3, pilosas, sem nervura proeminente, central lanceolada, laterais
naviculares; estames 5, unidos em tubo curto 1mm compr., ápice dos pseudoestaminódios lacerado;
ovário orbicular, estilete presente, estigma capitado, inteiro, papiloso.
Material examinado: Chacal, 16.IV.2007, L. G. R. Souza et al. 3 (UFP); Fazenda Baixio Grande, 03.X.2006,
- Flora de Mirandiba 49
Famílias Monografadas
M. F. A. Lucena et al. 1605 (UFP, RB); Fazenda Troncão, 16.IV.2007, M. T. Vital et al. 91 (UFP).
Comentários: espécie amplamente distribuída na América do Sul (Siqueira 2002). Dentre as
representantes da família, é a mais comum no município de Mirandiba.
4.2. Alternanthera ficoidea (L.) R. Br., Prodr. 417. 1810. Prancha 4, fig. C-E.
Ervas ou subarbustos, eretos, 0,2-1m alt.; ramos pilosos, pubescentes quando jovens, amarelo-
esverdeados. Folhas elípticas; 2-7,6x0,9-3,1cm, pilosas, ápice apiculado, base cuneada; pecíolo 3-5mm,
piloso. Inflorescências 4-8mm compr., glomeruliformes, congestas, axilares, sésseis. Flores andróginas,
brancas, sépalas 5, livres, desiguais entre si, dorsalmente pilosas, 3 maiores, lanceoladas, externas,
trinervadas, nervura mediana ultrapassando as laterais, 2, menores, aristadas, internas, uninervadas;
brácteas 3, pilosas, central lanceolada, laterais aristadas; estames 5, unidos em tubo curto 1mm compr.,
ápice dos pseudoestaminódios lacerado; ovário obovóide, estilete presente, estigma capitado, inteiro,
papiloso.
Material examinado: Chacal, 31.III.2006, K. Pinheiro et al. 95 (UFP, MO, RB); Fazenda Baixio Grande,
19.IV.2007, Y. Melo et al. 177 (UFP, RB, MO); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, P. Gomes et al. 282 (UFP); Fazenda Troncão, 16.IV.2007,
Y. Melo et al. 134 (UFP, RB).
Comentários: Alternanthera ficoidea apresenta distribuição desde o México até a Argentina
(Duke 1961). No Brasil, existem registros para os estados de Paraná, Rio de Janeiro e Bahia. De acordo
com dados de herbários e de bibliografias este parece ser o primeiro registro de A. ficoidea para o estado
de Pernambuco. Essa espécie é comumente confundida com A. polygonoides (L.) R. Br.. Segundo Duke
(1961), o pseudoestaminódio lacerado e não ultrapassando em tamanho os estames em A. ficoidea são as
principais características que a distingue de A. polygonoides. Em Mirandiba, é encontrada como ruderal e
nas proximidades de cursos d’água.
4.3. Froelichia humboldtiana Seub. in Mart., Fl. bras. 5(1): 166. 1875. Prancha 4, fig.
F-H.
Ervas, decumbentes ou eretas, 50-70cm alt.; ramos pilosos, cremes ou enegrecidos. Folhas
elípticas; 2,7-5x0,8-2cm, adaxialmente pilosas, abaxialmente pubescentes, ápice acuminado, base
cuneada; pecíolo 7-8mm, pubescente. Inflorescências 14,2-45cm compr., espiciformes, laxas, terminais,
pedunculadas, pedúnculos pubescentes. Flores andróginas, brancas, sépalas 5, soldadas, iguais entre si,
lanceoladas, dorsalmente pilosas, sem nervura proeminente; brácteas 3, glabras, uninervadas, central
lanceolada, laterais ovadas; estames 5, unidos em tubo longo 3,5mm compr., ápice do tubo lobado;
ovário turbinado, estilete presente, estigma penicilado, não papiloso.
Material examinado: estrada para o Sítio Areia Malhada, 16.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 114 (UFP, RB, MO);
Fazenda Areias, 05.VI.2006, M. F. A. Lucena et al. 1459 (UFP); Fazenda Vertentes, Serra das Umburanas, 18.VI.2007, Y. Melo et
al. 170 (UFP).
Comentários: esta espécie se diferencia das demais encontradas na área de estudo por suas
flores estarem agrupadas em inflorescências laxas, pela união dos estames formando um tubo longo e
pelo estigma penicilado
50 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
4.4. Gomphrena vaga Mart. Sp. Pl. 1: 224-225. 1753. Prancha 4, fig. I-J.
Subarbustos, eretos ou escandentes, até 1m alt.; ramos pilosos, alvos. Folhas elípticas a
lanceoladas; 3,3-4,3x1,5-1,7cm, adaxialmente pilosas, abaxialmente pubescentes, ápice acuminado, base
cuneada; pecíolo 2-3mm compr., pubescente. Inflorescências 4-5cm, glomeruliformes, congestas,
terminais ou axilares, pedunculadas, pedúnculos pilosos. Flores andróginas, brancas, sépalas 5,
livres, desiguais entre si, lanceoladas, dorsalmente pilosas, 2 maiores, externas, trinervadas, nervuras
de tamanhos iguais, 3, menores, internas, trinervadas, nervuras iguais entre si; brácteas 3, pilosas,
uninervadas, apiculadas; estames 5, unidos em tubo curto 0,5mm compr., ápice do tubo lanceolado;
ovário ovóide, estilete presente, estigma capitado, bífido, não papiloso.
Material examinado: Serra das Umburanas, 18.VI.2007, M. C. Pessoa et al. 137 (UFP, RB, MO), Y. Melo et al.
172 (UFP, RB, MO).
Comentários: a principal característica que diferencia Gomphrena vaga das demais espécies da
família, na área de estudo, é o estigma bífido, um dos caracteres diagnósticos do gênero. Essa espécie é
amplamente distribuída na América do Sul (Siqueira 2002). Em Mirandiba é encontrada em trechos de
caatinga arbóreo-arbustiva densa, geralmente antropizada.
- Flora de Mirandiba 51
Famílias Monografadas
Prancha 4. Figuras A-B. Alternanthera brasiliana. A. Flor. B. Tépala. C-E. Alternanthera ficoidea. C. Ramo
com inflorescência. D. Flor. E. Androceu, com tubo de pseudoestaminódios, e gineceu. F-H. Froelichia
cf. humboldtiana. F. Ramo da inflorescência. G. Flor. H. Gineceu. Figuras I-J. Gomphrena cf. vaga. I.
Gineceu e androceu, sem dois dos cinco estames. J. Detalhe do estigma.
52 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
5. Amaryllidaceae
Anderson Alves-Araújo
Ervas perenes ou anuais, terrestre ou epífita (raro), bulbosa ou ocasionalmente com rizoma.
Folhas alternas, dísticas ou espiraladas, pauci a multifolias, geralmente caducas, simples, sésseis ou
pseudopecioladas, lineares, lanceoladas, falcadas, bifaciais ou circulares, glabras ou mais raramente
papilosas, margem lisa. Inflorescência umbelada, ereta, terminal ou axial, 1-multiflora escapo rico
em cera epicuticular, fistulado ou sólido, bráctea livre ou fusionada. Flores vistosas, monoclamídeas,
trímeras, pediceladas ou sésseis; hipanto presente ou não; tépalas 6, vermelhas, lilases, róseas, alvas,
verdes, cremes ou violetas, paraperigônio presente ou não; estames 5-6, corona estaminal presente ou
não; estigma capitado, trilobado ou trífido, ovário ínfero.
Amaryllidaceae s.s. possui distribuição pantropical e cerca de 60 gêneros e 850 espécies. A América
do Sul constitui um de seus centros de diversidade, abrigando representantes de seis de suas 15 tribos.
No semi-árido nordestino podem ser encontradas, principalmente, as espécies Griffinia gardneriana
(Herb.) Ravenna, Habranthus itaobinus Ravenna, Habranthus robustus Herb. ex Sweet, Habranthus sylvaticus
Herb., Hippeastrum puniceum (Lam.) Kuntze, Hippeastrum solandriflorum (Lindl.) Herb., Hippeastrum
stylosum Herb. (Alves-Araújo et al. 2009). Por possuir folhas caducas e apresentarem um curto período
de florescimento, essa família é pobremente representada nas coleções botânicas. Algumas de suas
espécies são largamente cultivadas devido à beleza de suas flores e também utilizadas na medicina
popular contra enfermidades.
5.1. Habranthus sylvaticus Herb., Amaryllidaceae: 166. 1837. Prancha 5, fig. A-B
Ervas bulbosas, bulbo obovado a ovado; colo 2-5cm compr. Folhas decíduas, dísticas, eretas,
sésseis, ensiformes, canaliculadas, nervura central não conspícua, verde-escuras em ambas as faces, base
vinácea, ápice acuminado, margens inteiras, retas. Inflorescência uniflora; escapo fistulado, cilíndrico,
verde-escuro, base verde a vinácea; brácteas 2, 1,8-2,9cm compr., espatáceas, em parte fusionadas, ápices
livres, hialinas, verdes a róseo-esverdeadas. Flores declinadas, pedicelo 3,5-8cm compr., crateriforme,
zigomorfa, hipanto 1,3-2,5cm compr., paraperigônio formado por apêndices recurvados; tépalas 6,
leve a fortemente reflexas, róseas, rosa-intenso a alaranjadas, anel alvo na fauce, base verde a vinácea;
estames 6, declinado-ascendentes, tridínamos a heterodínamos, dialistêmones, anteras amarelas; ovário
0,4-0,6cm compr., ínfero, trilocular, verde a vináceo; estilete 4,8-5,9cm compr., alvos a róseos, base
verde, estigma trífido, alvo. Fruto não visto.
- Flora de Mirandiba 53
Famílias Monografadas
Material examinado: Fazenda Malhada de Areia, 09.II.2007, Y. Melo et al. 126 (UFP); estrada de acesso para
Carnaubeiras, 07.II.2007, M. T. Vital et al. 46 (UFP); Estrada de acesso para Carnaubeiras, 07.II.2007, M. F. A. Lucena et al. 1652
(UFP).
Comentários: dentre as espécies de Habranthus ocorrentes no semi-árido nordestino, H.
sylvaticus Herb. juntamente com H. itaobinus Rav. distribuem-se por todo o Nordeste brasileiro. Ocorrem
em diversos ambientes, em especial, áreas abertas e com solos bem drenados. Habranthus sylvaticus pode
ser distinta das demais, principalmente, pela presença de hipanto longo (1,3 a 2,5cm compr.) e flores
róseas a alaranjadas com anel alvo na fauce.
6. Anacardiaceae
Andrêsa Súana Argemiro Alves, Lucilene Lima dos Santos & Margareth Ferreira de Sales
Árvores, arbustos, subarbustos e lianas, inermes ou com espinhos, canais resiníferos presentes.
Folhas geralmente alternas, simples, pinadas compostas ou raramente bipinadas, margem inteira ou
profundamente serreada. Inflorescências em panículas terminais ou axilares. Flores geralmente
inconspícuas, heteroclamídeas, dialipétalas, em geral bissexuais, apresentam disco nectarífero
intraestaminal distinto; sépalas 5, verdes, amarelas ou marrons; pétalas 5, verdes, amareladas ou róseas;
ovário geralmente unilocular, uniovulado; estames 5 ou 10. Fruto aquênio, drupa, sâmara ou utrículo.
54 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
6.2. Spondias tuberosa Arruda, Sp. Pl. 1: 371. 1753. Prancha 5, fig. F-H.
Árvores, 5m alt; ramos inermes. Folhas compostas imparipinadas, 18cm compr., peciólulos
3-4mm compr., folíolos 5-9, elípticos, 5,5-2,5x2,0-1,1cm. Inflorescências 8,5-3,5cm compr. Flores
pediceladas, actinomorfas, hermafroditas; sépalas 5, pilosas, marrons; pétalas 5, glabras, cremes; estames
10, 1,5-1,0mm compr., filete glabro; ovário globoso, glabro, estigma trífido; masculinas, sépalas 5; pétalas
5, glabras, cremes; estames 10, 1,5-1,0mm de compr. Fruto drupa, amarelo-esverdeado.
Material examinado: Serra do Tigre, 10.II.2007, K. Pinheiro et al. 209 (UFP). Serra das Umburanas, 18.IV.2007,
L. L. Santos et al. 261 (UFP); 18.IV.2007, L. L. Santos et al. 262 (UFP). Material adicional: PERNAMBUCO: Ibimirim, 15.IV.1988,
M. G. M. Pires s.n. (PEUFR); Serra Talhada, 04.II.1998, A. Sacramento et al. 243 (PEUFR).
Comentários: Spondias tuberosa é conhecida popularmente na área como umbuzeiro, sua
ocorrência se dá em abundância em toda região Nordeste e parte do estado de Minas Gerais, sendo
endêmica da Caatinga. A espécie está distribuída desde áreas de caatinga mais baixas até matas de
altitude. No município de Mirandiba, os indivíduos ocorrem freqüentemente em solos argilosos. Nota-
se grande valor econômico nesta espécie, sendo seu uso empregado na alimentação humana e animal,
nas culturas apícolas, nos reflorestamentos, bem como medicinal e na extração de óleos essenciais.
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Famílias Monografadas
Prancha 5. Figuras A-C. Habranthus sylvaticus. A. Hábito. B. Flor em vista lateral. C. Flor em vista
frontal. D-E. Schinopsis brasiliensis D. Hábito. E. Flor. F-H. Spondias tuberosa. F. Hábito. G. Flor
masculina. H. Flor hermafrodita.
56 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
7. Annonaceae
Aline Fernandes Pontes
Família com distribuição pantropical, apresentando ca. 130 gêneros e 2300 espécies. No Brasil,
são encontradas ca. 300 espécies, distribuídas em 27 gêneros. Ocorrem na Floresta Atlântica (também
nas restingas), Floresta Amazônica, Cerrado e Caatinga. Em Mirandiba, foi registrada uma espécie,
Rollinia leptopetala R. E. Fr. que ocorre principalmente em vegetação de caatinga. Algumas espécies do
gênero Annona: A. spinescesns Mart. e A. vepretorum Mart., também são típicas da caatinga. A. coriacea
Mart. e Duguetia furfuracea (A. St.-Hil.) Saff. podem ocorrer na caatinga e/ou em áreas de transição
entre caatinga e cerrado. Annona squamosa L. (pinha, ata ou fruta-do-conde) e A. muricata L. (graviola)
são bastante cultivadas como árvores frutíferas em todo o país, sendo muito conhecidas e apreciadas.
Rollinia mucosa (Jacq.) Baill. também apresenta frutos comestíveis (araticum) e é bastante cultivada no
sul e sudeste do país.
- Flora de Mirandiba 57
Famílias Monografadas
7.1. Rollinia leptopetala R. E. Fr., Kongl. Svenska Vetensk. Handl. 34(5): 50. t. 7, f. 3-4.
1900.
Árvores, 3-7m alt. Folhas elípticas a ovado-elípticas, 1,7-9,8x1,2-4,1cm, cartáceas, ápice agudo
a obtuso, base obtusa, face abaxial tomentosa, face adaxial esparso-tomentosa a glabrescente, pecíolos
2-9mm compr., tomentosos. Inflorescências opositifólias ou supra-axilares, 1-3 flores; brácteas 2,
diminutas, triangulares. Flor vermelha a vinácea; sépalas 3, levemente soldadas na base, ovadas a
ovado-triangulares, 1,5-3,5x2,5-4mm; corola gamopétala; corola 2-4mm compr., 3-4mm diâm.; pétalas
6, pétalas internas ovadas pétalas externas com apêndices dorsais aliformes, alas obovadas, 1-1,6cm
compr., 8-11mm, 1-2mm esp., pubescentes; estames numerosos, 0,5mm compr.; carpelos ca. 30, ca.
1mm, glabros. Fruto apocárpico, 18-30 carpídios; carpídios obovados, curto-estipitados, glabros a
esparso-tomentosos; semente 1 por carpídio, elíptica.
Material examinado: estrada para Cacimba Nova, 31. III. 2006, K. Pinheiro et al. 80 (UFP); 31.III.2006, K.
Pinheiro et al. 81 (UFP); estrada para o Sítio Malhada da Areia, 16.IV.2007, D. Araújo et al. 226 (UFP);,16.IV.2007, K. Mendes et
al. 04 (UFP); Fazenda Baixa Grande, 19.IV.2007, M. T. Vital et al. 135 (UFP); Vertentes, 19.IV.2007, D. Araújo et al. 258 (UFP);
19.IV.2007, P. Gomes et al. 301 (UFP).
Comentários: ocorre principalmente em caatinga arbustivo-arbórea, podendo ser encontrada
próxima a rios ou outros corpos d’água, e em áreas mais sombreadas, como os lajedos. É encontrada
também nos estados de: Ceará, Paraíba e Piauí. O gênero Rollinia caracteriza-se por apresentar frutos
sincárpicos (na maioria das espécies) e flores com corola gamopétala, com um tubo da corola curto
e pétalas externas com apêndices dorsais em forma de alas. Rollinia leptopetala distingue-se das demais
espécies do gênero por apresentar frutos apocárpicos e flores vermelhas a vináceas in vivo. Seus frutos
são citados como comestíveis.
8. Apocynaceae
Polyhanna Gomes, Kalinne Mendes, Marccus Alves & Alessandro Rapini
58 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
São encontradas em todos os continentes, exceto Antártica, com maior diversidade na região
tropical, ocorrendo desde florestas tropicais a ambientes semi-áridos. Compreendem cerca de 350
gêneros e quase 5000 espécies, estando dentre as 10 maiores famílias de angiospermas em número
de espécies. No Novo Mundo, existem cerca de 100 gêneros e aproximadamente 1500 espécies. Em
Mirandiba, a família é representada por nove espécies, distribuídas em oito gêneros; duas espécies são
introduzidas. A maior relevância econômica das Apocynaceae está no cultivo de plantas ornamentais,
além de espécies que fornecem madeira de qualidade, compostos bioativos e, em alguns casos frutos
comestíveis, como a mangaba (Woodson 1951, Rapini 2004).
- Flora de Mirandiba 59
Famílias Monografadas
8.1. Allamanda blanchetii A.DC., Prodr. 8: 319. 1844. Prancha 6, fig. A-E.
Arbustos, 0,5-1,8m alt.; ramos pilosos. Folhas verticiladas; lanceoladas a rotundifolias,
5-10,5x2-5cm, híspidas a pilosas; pecíolo ca. 1mm compr., coléteres intrapeciolares. Inflorescências
7-13cm compr., terminais, dicásios, 2-8 flores. Flores 7-10,5cm compr.; cálice glabro, coléteres ausentes;
corola vinácea, campanulada, glabra; corona ausente; estames ca. 1cm compr., livre do gineceu, pólen
em mônades; gineceu ca. 2,5cm compr., ovário sincárpico, cabeça estilar em carretel; disco nectarífero
presente. Frutos cápsulas espinescentes; sementes aladas, coma ausente.
Material examinado: Fazenda Baixio Grande, 19.IV.2007, M. T. Vital et al. 132 (UFP, MO, RB); Serra das
Umburanas, 18.IV.2007, C. E. Lourenço et al. 261 (UFP, MO, RB).
Comentários: comum na Caatinga, ocorrendo em lugares secos e pedregosos
do Nordeste do Brasil,
desde o Maranhão até a Bahia (Sakane & Shepherd 1986), com registros também em Goiás e Venezuela.
Distingui-se das demais espécies do gênero devido às flores violáceas, que lhe proporcionam um alto
potencial ornamental. Apresenta grande variação na forma das folhas, de lanceolada a rotundifolia.
8.2. Aspidosperma pyrifolium Mart., Nov. Gen. Sp. Pl. 1: 60. 1824. Prancha 6, fig. I-J.
Árvores, 2,5-3m alt.; ramos glabros, lenticelas proeminentes. Folhas alternas; (ob)ovadas,
3-7x2-4,5cm, glabras; pecíolo 1-1,6cm compr., coléteres nodais. Inflorescências 2-2,5cm compr.,
extra-axilares, corimbiformes, 8-16 flores. Flores 2-2,5cm compr.; cálice piloso, coléteres ausentes;
corola alva a amarelada infundibliforme, ambas as faces pilosas; corona ausente; estames ca. 1,2mm
60 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
compr., livres do gineceu, pólen em mônades; gineceu ca. 3mm compr., ovário apocárpico, cabeça
estilar globosa; disco nectarífero ausente. Frutos esquizocarpos, 2 folicários obovados, lisos; sementes
aladas, coma ausente.
Material examinado: Serra do Tigre, 08.II.2007, Y. Melo et al. 104 (UFP, RB); Serra das Umburanas, 18.IV.2007,
C. E. Lourenço et al. 269 (UFP, RB).
Comentários: conhecida popularmente como pereiro, pau-pereiro, pereiro-preto ou peroba-
paulista, esta espécie ocorre em caatinga, cerrado e floresta de várzea, com distribuição ampla no
Nordeste e Sudeste do Brasil e no Paraguai (Woodson 1951), com registros também na Bolívia e
Argentina. Sua madeira é utilizada na construção civil.
- Flora de Mirandiba 61
Famílias Monografadas
8.5. Funastrum clausum (Jacq.) Schltr., Repert. Spec. Nov. Regni Veg. 13: 283. 1914.
Prancha 6, fig. L-M.
Ervas trepadeiras; ramos pilosos, glabrescentes. Folhas opostas; elípticas a oblongas, 3,2-
4,7x0,8-1,5cm, pilosas, coléteres na base; pecíolo 3-7mm compr. Inflorescências 7-10cm compr., extra-
axilares, umbeliformes, 16-26 flores. Flores 2-2,5cm compr.; cálice tomentoso a hirsuto abaxialmente,
coléteres basais alternissépalos; corola branca, rotácea, hirsuta abaxialmente, velutina na região do tubo
adaxialmente, margem ciliada; corona levemente arroxeada, simples, lobos globosos; polínos pendentes,
oblongos, ca. 1,1mm compr.; ginostégio ca. 1,2mm compr., cônico no ápice; ovário apocárpico; disco
nectarífero ausente. Frutos não observados.
Material examinado: Fazenda Salinas, 04.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1629 (UFP, RB).
Comentários: encontrada desde o México até o sul da América do Sul (Woodson et al. 1975).
Facilmente reconhecida pelas inflorescências longipedunculadas, com flores rotáceas com lobos da
corona globosos.
8.7. Matelea harleyi Fontella & Morillo. Ernstia 3(3-4): 117. 1994. Prancha 6, fig. K.
Ervas trepadeiras; ramos hirsutos. Folhas opostas; ovadas, 3,6-10x1,2-5cm, híspidas a
estrigosas, com tricomas glandulosos abaxialmente, coléteres na base; pecíolo 1,2-2,5cm compr.
Inflorescências 1-1,5cm compr., extra-axilares, cimeiras, 2-4 flores. Flores 9-12mm compr.; cálice
pubescente abaxialmente, coléteres basais; corola alva com estrias amarelas, campanulada, hirsuta na
porção apical abaxialmente, pilosa ao longo da fauce adaxialmente; corona simples, lobos subcuneados,
tridenteados no ápice; polínios horizontais, orbiculares (-ovados) ca. 0,5mm compr.; ginostégio 1,2-
2mm compr., plano no ápice; ovário apocárpico; disco nectarífero ausente. Frutos não observados.
Material examinado: Serra das Umburanas, 18.VI.2007, P. Gomes et al. 298 (UFP, MO, RB);
Serra do Tigre, 17.IV.2007, K. Pinheiro et al 224 (UFP, MO, RB).
Comentários: ocorre do Rio Grande do Norte à Bahia, em caatinga. Assemelha-se
superficialmente à M. nigra, especialmente pelos caracteres vegetativos e pelos frutos com lenticelas alvas
proeminentes brotando do exocarpo lenhoso, mas pode ser distinta pelas flores claras, sem nervação
62 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
marcada e pelos lobos da corona, quase da altura do ginostégio e tridenteados no ápice. Em Mirandiba,
foi encontrada na borda da vegetação, a cerca de 450 m de altitude.
8.8. Matelea nigra (Decne.) Morillo & Fontella, Ernstia 57: 2. 1990. Prancha 6, fig. F-G.
Ervas trepadeiras; ramos pilosos, suberosos para a base. Folhas opostas; elíptico-lanceoladas a
ovado-cordadas, 5-14x3-9cm, , esparsamente híspidas a pilosas, com tricomas glandulosos abaxialmente,
coléteres basais; pecíolo 4-5,6cm compr., coléteres nodais. Inflorescências 8-10mm compr., extra-
axilares, cimeiras, 10-19 flores. Flores ca. 8mm compr.; cálice glabro, coléteres basais; corola vinácea,
campanulada, glabra; corona simples, lobos planos bifurcados no ápice; polínios horizontais, orbiculares,
ca. 0,5mm compr.; ginostégio ca. 1mm compr., plano no ápice; ovário apocárpico; disco nectarífero
ausente. Frutos não observados.
Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, M. T. Vital et al. 127 (UFP, RB); Serra do Tigre,
III.2006, K. Pinheiro s/nº (UFP).
Comentários: ocorre na Região Nordeste, chegando a Minas Gerais, geralmente em caatinga.
Pode ser facilmente reconhecida pelas flores com corola esverdeada ou vinácea, com nervação bem
marcada, e pela corona com lobos mais altos que o ginostégio e bifurcados no ápice. Em Mirandiba,
ocorre em caatinga arbustivo-arbórea, sob forte exposição à luz.
- Flora de Mirandiba 63
Famílias Monografadas
Prancha 6. Figuras A-E. Allamanda blanchetii. A. e B. folhas. C. corte longitudinal da flor no nível da
cabeça estilar. D. corte longitudinal na base flor, mostrando disco nectarífero pentalobado ao redor
do ovário. E. corte transversal do ovário. F-G. Aspidosperma pyrifolium, I. fruto; J. semente. H-I.
Funastrum clausum. H. ramo com inflorescência. I. Detalhe da base da lâmina foliar, mostrando os
coléteres na face adaxial. J. Matelea harleyi. Par de folhas com inflorescência. K-L. Matelea nigra. K.
Flor. L. Polinário. M. Petalostelma dardanoi. Flor.
64 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
9. Araceae
Anderson Alves-Araújo, Jefferson Rodrigues Maciel & Tiago Pontes Arruda
ANDRADE, I. M.; MAYO, S. J. & FRANÇA, F. 2006. Araceae In: GIULIETTI, A. M.;
CONCEIÇÃO, A. & QUEIROZ, L. P. (eds.). Diversidade e caracterização das fanerógamas do
semi-árido brasileiro. Associação Plantas do Nordeste, Recife, Associação Plantas do Nordeste,
Recife, 1: 52-55.
BOGNER, J. 1989. A preliminary survey of Taccarum (Araceae) including a new species from
Bolívia. Willdenowia, 19: 191-198.
GONÇALVES, E. G. Inéd. Sistemática e evolução da tribo Spathicarpeae (Araceae).
Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 2002.
- Flora de Mirandiba 65
Famílias Monografadas
cordada; pecíolo 3-12cm compr. Inflorescência em espádice, 2-3 por indivíduo, eixo da inflorescência
(espiga) adnato à espata; pedúnculo 11-18cm compr.; espata 2,3-6cm compr., membranácea, levemente
curvada, base aguda, ápice acuminado, verde; espiga 2-5cm compr. Flores monoclamídeas, sésseis;
flores masculinas 2mm compr., estames 3-4, sinândricos; flores femininas 1,5-2mm compr., ovário
1-locular, estigma discóide, estaminódios 3-5. Fruto baga, ovóide, monospérmico; sementes globosas,
verruculosas, negrescentes.
Material examinado: Serra do Tigre, 17.IV.2007, J. R. Maciel 418 (UFP, MO).
Comentários: espécie de distribuição exclusivamente neotropical, podendo ser encontrada
em diferentes tipos vegetacionais como Caatinga, Cerradão e florestas mesofíticas. É popularmente
conhecida como Flor-de-Cobra ou Tajá-Cobra e freqüentemente utilizada como ornamental. Pode ser
distinta dentre as outras espécies de Spathicarpa, segundo Gonçalves (2002), pela presença de folhas
Prancha 7. Figuras A-C. Lemna minuta A. Hábito. B. Vista lateral. C. Vista dorsal. D. Spathicarpa
gardneri. Hábito. E-F. Taccarum ulei. E. Folha. F. Fruto.
9.2. Taccarum ulei Engl. & K. Krause, Notizbl. Konigl. Bot. Gart. Berlin 6: 116. 1914.
Prancha 7, fig. E-F.
Ervas geofíticas, tuberosas, irregularmente dormentes. Folha 1, ereta, glabra, membranácea,
bipinatífida, levemente discolor, base desnudada; pecíolo 42cm compr. Inflorescência em espádice,
solitária, espiga livre; pedúnculo 16cm compr.; espata 15cm compr., cartácea a subcoriácea, ovada,
ápice agudo, marrom; espiga 13cm compr. Flores monoclamídeas, sésseis; flores masculinas 0,8-1mm
compr., estames 4-5, sinândricos; flores femininas 1,5-2mm compr., ovário 6-locular, estigma 5-lobado,
estaminódios 4-5, clavados. Infrutescência com espata persistente. Fruto baga, fortemente sulcada,
6mm compr.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, M. F. A. Lucena 1173 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007,
66 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
10. Arecaceae
Diogo Amorim de Araújo
Família de distribuição pantropical com cerca 200 gêneros e 2000 espécies. No Brasil ocorrem
cerca de 40 gêneros e 200 espécies encontradas em quase todas as formações vegetais, especialmente as
mais úmidas. Várias espécies se destacam pela importância econômica como ornamentais ou alimentí-
cias. Vários estados da região Nordeste se destacam pela produção de côco (Cocos nucifera L..), palmeira
de maior importância econômica no mundo. Em Mirandiba, além das espécies cultivadas como orna-
mentais na zona urbana (côco, palmeira-anã, entre outras) foi encontrada apenas Syagrus coronata (Mart.)
Becc. ocorrendo em apenas algumas das áreas onde foram realizadas coletadas.
HENDERSON, A.; GALEANO, G. & BERNAL, R. 1995. Field guide to the palms of the
Americas. Princenton University Press, Princenton, New Jersey.
LORENZI, L.; SOUZA, H. M.; COSTA, J. T. M.; CERQUEIRA, L. S. C. & FERREIRA, E.
2004. Palmeiras brasileiras e exóticas cultivadas. Instituto Plantarum, Nova Odessa, SP.
- Flora de Mirandiba 67
Famílias Monografadas
10.1. Syagrus coronata (Mart.) Becc., Agricultura Coloniale 10: 466. 1916.
Estipe solitário, ca. 10m alt., vestígios persistentes de pecíolos na metade superior dispostos
em cinco fileiras verticais. Folhas pinadas, 15-30, contemporâneas, dispostas em cinco fileiras ver-
ticais; bainha e pecíolo de 50-70cm compr., margens cobertas por fibras achatas e rígidas, raque ca.
2,8m compr.; pinas 80-130 em cada lado, lineares, rígidas, esbranquiçadas na face inferior, agrupadas
de 2-5, dispostas em diferentes planos, as da porção média da folha de 35-55x2-3cm. Inflorescências
interfoliares e ramificadas; brácteas pedunculares lenhosas e profundamente frisadas na parte externa;
raque de 35-52cm compr., 34-78 raquilas de 20-35cm compr. Frutos elipsóides, amarelo-esverdeados,
marrom-tomentosos, 2,5-3cm compr., mesocarpo carnoso.
Material examinado: Fazenda Baixa Grande, 19.IV.2007, J. R. Maciel 451 et al. (UFP).
Comentários: conhecida como “ouricuri”, ocorre na Caatinga do norte do estado de Minas
Gerais até o sul de Pernambuco. Muito freqüente na Caatinga, ocorre também em Florestas Esta-
cionais Semideciduais e Restingas (Henderson et al. 1995). O mesocarpo e a amêndoa dos frutos são
tradicionalmente apreciados em todo o semi-árido nordestino. Em Mirandiba os frutos secos e folhas
são utilizados no artesanato local. Reconhecida pela disposição das folhas contemporâneas em cinco
fileiras verticais.
11. Aristolochiaceae
Diogo Amorim de Araújo
Trepadeiras, herbáceas ou lenhosas, ervas, raramente árvores; caule com raios de xilema
largos, interfasciculares. Folhas alternas, simples, às vezes, com pseudo-estípulas, palminérveas, mar-
gem frequentemente inteira. Inflorescência cimosa ou racemosa, frequentemente reduzida a flores
solitárias. Flores geralmente vistosas, monoclamídeas, bissexuadas, zigomorfas ou actinomorfas; cálice
trímero, gamossépalo, frequentemente petalóide e sigmóide dividido em: utrículo (parte basal inflada),
tubo e limbo (parte expandida); estames 6-12, frequentemente adnatos ao estilete formando o ginos-
têmio, anteras rimosas; ovário ínfero, gamocarpelar, raramente dialicarpelar, 4-6 carpelar, 4-6 locular,
placentação axial, raramente parietal, lóculos pluriovulados. Frutos geralmente cápsulas septicidas, fre-
quentemente pêndula, com deiscência a partir da base, raramente folículos ou dividio em cocos.
68 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
11.1. Aristolochia birostris Duch., in Ann. Sci. Nat., Bot., ser. 4, 2: 60-62. 1854.
Trepadeiras herbáceas, caule glabro, fendido, suberoso, ramos estriados. Folhas membraná-
ceas, 8,5-10x4,3-5,8cm, cordiformes, margem inteira, ambas as faces glabras, pseudoestípula ausente.
Flores pouco vistosas, solitárias; pedúnculo 7-11cm compr., glabro; perigônio bilabiado, glabro, ar-
roxeado, fauce amarela; utrículo comprimido na porção mediana; lábio inferior curto-arredondado, oc-
ultando a face interna, lobos 2, 1,3x0,5cm formando um angulo de 180º entre si, ápice obtuso, múcron
entre os lobos, 0,1cm compr.; ginostêmio estipitado, anteras de ápice agudo. Fruto cápsula, 3,1x1,2cm;
sementes cordiformes, plano-convexas, escabras na face plana.
Material examinado: Vertentes, 17.IV.2007, D. Araújo 269 et al. (UFP). Material adicional: PERNAM-
BUCO: Tapera, 13.VI.1932, B. Pickel 1184 (IPA, NY); CEARÁ: s/ loc., s/ dat., Allemão & Cysneiros 1350, (SP-9525).
Comentários: espécie conhecida apenas para os estados do Ceará, Pernambuco, Sergipe e
Bahia. No estado de Pernambuco a espécie possui apenas mais um registro, para a região de Tapera,
hoje municipio de São Lourenço da Mata. Na ocasião da Flora Brasilica foi descrita a espécie Aristolochia
allemanii Hoehne, logo sinonimizada à A. birostris pelo pelo próprio autor. Na medicina popular local,
bem como em todo o semi-árido, semelhante aos outros membros da família, é utilizada para facilitar
o parto e para problemas na menstruação.
12. Asteraceae
Rita de Cássia de Araujo Pereira & Maria Rita Cabral Sales de Melo
- Flora de Mirandiba 69
Famílias Monografadas
e da corola (ligulada e tubulosa), que as diferenciam de outros grupos (Heywood et al. 1977). Na sua
grande maioria são plantas herbáceas, com cerca de 2% dos seus representantes arbóreos e arbustivos.
Apresentam flores em capítulos florais involucrados, centripétalos, ovário ínfero com um único óvulo
basal, anteras conatas em um tubo ao redor do estilete e sementes sem endosperma. Na área estudada
foram encontradas 17 espécies posicionadas em 16 gêneros.
BREMER, K. 1994. Asteraceae: cladistics & classification. Portland, Oregon: Timber Press.
LORENZI, H.; MATOS, F. J. MATOS. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas.
Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda, Nova Odessa, 2002.
ROBINSON, H. 1988. Studies in the Lepidaploa Complex (Vernoniae: Asteraceae). IV. The new
genus, Lessingianthus. Proceedinngs of the Biological Society of Washington, 101: 929-921.
PEREIRA, R. DE C. A. Inéd. A tribo Heliantheae Cassini (Asteraceae) no estado de Per-
nambuco-Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, PE,
1989.
PEREIRA, R. DE C. A. Revisão taxonômica do gênero Ichthyothere Mart. (Helianthaea -
Asteraceae). Tese de Doutorado. Universidade Federal Rural de Pernambuco. Recife, PE, 2001.
SALES DE MELO, M. R. C. Inéd. Levantamento florístico e estudo citogenético da tribo
Vernonieae Cass. (Asteraceae) no estado de Pernambuco, Brasil. Tese de Doutorado. Universidade Federal
Rural de Pernambuco, Recife, PE, 2005.
70 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
12.1. Acanthospermum hispidum DC., Prod. 5: 522. 1836. Prancha 8, fig. A-B.
Ervas eretas, até 1m alt.; ramos cilíndricos, sulcados, híspidos. Folhas opostas, sésseis; lâmina
inteira, membranácea, 1,5-8x0,5-4cm, ovado-oblonga, base atenuada, ápice obtuso ou agudo, margem
serreada ou sub-inteira, faces adaxial e abaxial híspidas. Inflorescência capítulo, isolado; brácteas
involucrais 12-14, duas séries, as exteriores 3,5-4,5mm compr. ovadas, ciliadas, híspido-pubescentes; as
interiores recobrem o ovário das flores do raio; receptáculo paleáceo, páleas obovadas, ciliadas. Flores
dimorfas, as do raio femininas ca. 8, amareladas, liguladas, ápice bidenteado; lígula ca. 2x1mm, tubo
curtíssimo, estilete glabro; flores do disco hermafroditas 5-7, tubulosas, amareladas, lacínias 4-5, ramos
do estilete lobados, papilas na parte engrossada da porção superior; anteras ápice obtuso a agudo, base
obtuso-auriculada. Fruto cipsela dimorfa, as do raio férteis, base afilada, ápice alargado, obovadas,
bicorniculadas, recobertas por numerosas cerdas em forma de ganchos, 5-6mm compr.; as do disco
- Flora de Mirandiba 71
Famílias Monografadas
12.2. Acmella uliginosa (Sw.) Cass., Nov. Gen. Sp. Pl.: 110. 1788.
Ervas eretas a semi-rastejantes, 10-60cm alt.; ramos cilíndricos, sulcados, esparsamente
pubescentes. Folhas opostas, pecioladas; lâmina inteira, membranácea, 2-9x0,5-3,5cm, ovada a
lanceolada-ovada, base semi-cuneada, ápice agudo, margem serreada, glabra em ambas as faces.
Inflorescência capítulo, isolado, terminal; brácteas involucrais ca. 8, duas séries, 4-6mm compr.,
finamente estriadas, lanceolada-ovadas, ápice agudo, margens laxamente ciliadas, glabras; receptáculo
cônico, paleáceo; páleas oblongo-lanceladas, cunculadas, glabras, ciliadas. Flores dimorfas, as do raio
femininas ca. 12, amarelas, liguladas, ápice inteiro; lígula 1x2mm, ramos do estilete papilosos acima da
bifurcação; as do disco hermafroditas mais de 20, tubulosas, amareladas, lacínias 5, pubescentes, ramos
do estilete com ápice truncado, pilosos; anteras ápice ovado, base obtuso-auriculada. Fruto cipsela
isomorfa, obovada, comprimida dorsiventralmente, ciliada nos vértices e glabra no restante, 2-3mm
compr.; pápus formado por 2 séries de aristas, cerdosas, de tamanho desiguais.
Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 134 (UFP, IPA); Fazenda Troncão, 16.V.2007,
M. T. Vital et al. 92 (UFP, IPA). Material adicional: PERNAMBUCO: Serra Talhada, 15.IV.1986, M .Ataide 626 (IPA); Serinhaém,
28.III.1988, R. Pereira et. al. s/n (IPA).
Comentários: Acmella uliginosa apresenta ampla distribuição na América Tropical, Índia,
China, Filipinas até Austrália. No Brasil é encontrada praticamente em todo o país. Para Pernambuco
ocorre em todo o estado, de preferência em solos arenosos, úmidos ou bastante encharcados. Nas
áreas mais secas da caatinga cresce nas margens e leitos de pequenos riachos, em locais sombreados.
Diferencia-se das outras espécies encontradas na região pelo receptáculo cônico, provido de páleas
oblongo-lanceladas, cunculadas, sem glândulas (Pereira 1989). Empregada como medicinal, no combate
a problemas do estômago e intestino. É popularmente conhecida como “macela d’água”, ”pimenta
d’água” e “jambú”.
72 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
12.4. Blainvillea acmella (L.) Philip., Blumea 6(2): 350 – 351. 1950
Ervas a subarbustos eretos, 0,2-2m alt.; ramos cilíndricos, estriados, pubescentes. Folhas
opostas, pecioladas; lâmina inteira, membranácea, 4-12x1,5-7cm, ovada, base atenuada, ápice agudo,
margem serreada, faces adaxial e abaxial estrigosas. Inflorescência capítulo,, isolado ou adensados;
brácteas involucrais 9-12, em duas séries, 4-7mm compr., ovadas a lineares, laxamente pilosas, margens
lisas; receptáculo paleáceo; páleas cunculadas, oblanceoladas, margem inteira ou lacerada. Flores
dimorfas; as do raio femininas 8-12, brancas, obscuramente liguladas, ápice trilobado, tubo intumescido
na base; ramos do estilete levemente pilosos acima da bifurcação; as do disco hermafroditas, 14-20,
tubulosa-infundibiliformes, branco-hialinas, lacínias 5, pilosas; anteras ápice agudo, base auriculada.
Fruto cipsela, dimorfa; obovada; as do raio de seção triangular, base curvada; pápus com 2-4 aristas
ríjas; as do disco de seção quadrangular, base ereta, subcomprimidas, 0,15-0,2x0,5-0,1cm; pápus com
2-3 aristas ríjas, inseridas na margem da cipsela.
Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, J. R. Maciel et al. 415 (UFP, IPA); Estrada próximo a Fazenda
Tigre, 17.IV.2007, D. Araújo et al. 236 (UPE, IPA). Material adicional: PERNAMBUCO: Ouricuri, 01.V.1984, G. Costa Lima
109 (IPA).
Comentários: Blainvillea acmella é uma planta cosmopolita, comum nas áreas tropicais. No
Brasil é citada para quase todas as regiões do país. Apontada como uma das espécies de maior abundancia
em todo o estado de Pernambuco, é invasora de culturas diversas e também como ruderal. Muito
comum na caatinga principalmente, em localidades abertas, onde mostra crescimento mais vigoroso
- Flora de Mirandiba 73
Famílias Monografadas
(Pereira 1989). A espécie destaca-se por apresentar capítulos obscuramente ligulados e pápus com
aristas inseridas na margem da cipsela. É popularmente conhecida como “bamburral” e “erva-palha”.
12.6. Centratherum punctatum Cass., Dict. Nat.:384. 1817. Prancha 8, fig. C-D.
Ervas a subarbustos, eretos a subprostrados, 30-80cm alt.; ramos cilíndricos, estriados,
pubescentes, tricomas purpúreos. Folhas alternas, pecioladas; lâmina inteira, membranácea, 2-5x1,5-
3cm, lanceolada, oblongo-lanceolada a elíptica, base atenuada, ápice agudo, mucronado, margem serreada,
ambas as faces, glabrescentes, vênula principal proeminente, demais pouco perceptíveis; Inflorescência
capitulo, terminal, folhoso, solitário ou reunido em panículas, laxas, sésseis a pedunculadas; brácteas
involucrais 7-8 séries; invólucro subdividido em dois tipos; o externo folhoso, com brácteas involucrais
desiguais, o interno campanulado; receptáculo plano, subalveolado, raras aristas curtas. Flores isomorfas,
74 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
hermafroditas, 75-140, púrpuras a liláses, 3-5,5mm compr.; anteras sagitadas; ovário com estilopódio
inconspícuo. Fruto cipsela, cilíndrica, glabra, multisulcada; carpopódio ausente; pápus unisseriado;
páleas filiformes, barbeladas, precocemente caducas.
Material examinado: Serra do Tigre 17.IV.2007, K. Mendes et al. 7 (UFP, IPA); 30.V.2006, K. Pinheiro et al.
112 (UFP, IPA); 17.IV.2007, K. Pinheiro 228 (UFP, IPA), Y. Melo et al. 147 (UFP, IPA); Sitio Malhada da Areia 16.IV.2007, D.
Araujo et al. 211 (UFP, IPA); Estrada próxima a Fazenda Tigre 17.IV.2007, D. Araujo et al. 244 (UFP, IPA); Estrada para o Sítio
Areia Malhada, 16.IV.2007, K. Mendes et al. 03 (UFP, IPA); Fazenda Tigre, subida da Serra, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al.
1437 (UFP,IPA).
Material adicional: PERNAMBUCO: Sertania, 4.IV.2000, A. Bocage 368 (IPA).
Comentários: apresenta ampla distribuição na América Central e América do Sul. No Brasil
ocorre em vegetação de caatinga, bordas de matas, tabuleiros, campos rupestres e cerrados. A espécie
é reconhecida por apresentar as brácteas involucrais externas largamente foliáceas. É popularmente
denominada como “vassourinha-roxa”, “perpétua-brava-do-mato”, “perpétua-roxa-do-mato”,
“perpétua-do-mato”, “melosa”, “aletria” e “suspiro-de-cachorro”.
12.7. Conocliniopsis prasiifolia (DC.) R.M. King & H. Rob., Phytologia 23:308. 1972.
Ervas a subarbustos, 30-80cm alt.; ramos cilíndricos, estriados, pubescentes. Folhas alternas,
eventualmente as inferiores opostas, pecioladas; lâmina inteira, membranácea, 2-7x1,5-3cm, trinervada,
deltóide a deltóide-oval-lanceolada, base truncada a levemente cordada, ápice agudo margem inciso-
crenada a inciso-serrada, face adaxial glabrescente e abaxial glandulosa-pilosa. Inflorescência capítulo,
reunido em corimbos, paniculados,, terminais, subssésseis a curto-pedunculados; brácteas involucrais
4 series, 3,5-5,5mm larg., arroxeadas na parte superior, acuminadas, dorsalmente glandulosas a pilosas;
receptáculo faveolado. Flores isomorfas, hermafroditas, 20-50, púrpuras, 3-4mm compr., glândulosas
na metade superior. Fruto cipsela, isomorfa, angulosa, pápus hialino, 1,5-3x2,5-3mm; carpopódio
oblíquo, proeminente; pápus setáceo, barbelado, unido na base, 2,5-3mm, filarias persistentes.
Material examinado: Fazenda Vertentes, 19.IV.2007, P. Gomes et al. 266 (UFP, IPA); 19.IV.2007, L. G. R.
Souza 39 (UFP, IPA).
Material adicional: PERNAMBUCO: Tupanatinga, 12.IX.2000, J. Calado 36 (IPA); Serra Talhada, 9.II.1996,
M. L.Gomes 138 (IPA).
Comentários: espécie com ampla distribuição no norte da América do Sul, principalmente
na Venezuela e na região leste brasileira (Aranha et al. 1982). Em Pernambuco ocorre na caatinga
em ambientes de campos rupestres e nas florestas serranas. Diferencia-se das demais por apresentar
flores isomorfas, hermafroditas, púrpuras, com glândulas na metade superior de suas pétalas. Utilizada
na medicina tradicional como analgésico, antiinflamatório e antipirético. Conhecida popularmente na
região como “aleluia” e “mentrasto”.
12.8. Delilia biflora (L.) Kuntz., Bull. Sei. Sec. Philom. Paris. 3(10): 54. 1823. Prancha 8,
fig. E.
Ervas eretas a subsarmentosas, 0,3-0,9ma lt.; ramos cilíndricos, estrigosos. Folhas opostas,
pecioladas; lâmina inteira 2,5-5x1-2,5cm membranácea, oval-lanceolada, base obtusa, ápice agudo,
- Flora de Mirandiba 75
Famílias Monografadas
margem serreada, faces adaxial e abaxial estrigosas. Inflorescência capítulo, reunido, em cachos,
axilares e terminais, formados por um invólucro samaróide; brácteas involucrais 3 em duas séries,
membranáceas, esverdeadas, finamente reticuladas, 0,3-0,6x0,2-0,5cm, cordadas na base, arredondadas
no ápice, pubescentes em ambas as faces, margens lobadas, as exteriores amplamente orbiculares, as
interiores ovadas; receptáculo nú. Flores dimorfas, as do raio femininas 1, amarelada, ligulada, ápice
curtamente trilobado; lígula ca. 0,15-0,3x0,1-0,2cm; do disco hermafroditas 1-2, funcionalmente
masculinas, tubulosas, amareladas, lacínias 5 ciliadas, ramos do estilete papilosos em toda sua extensão;
anteras ápice acuminado, base cordada. Fruto cipsela isomorfa; comprimida dorsiventralmente obovada,
com seção quadrangular, glabra; pápus ausente.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro et al. 125 (UPE, IPA); Estrada próxima a Fazenda
Tigre, 17.IV.2007, D. Araújo et al. 242 (UPE, IPA). Material adicional: PERNAMBUCO: Parnamirim, 23.V.1984, F.
Araújo 88 (IPA); Petrolina, 14.IV.1988, R. Pereira 298 (IPA).
Comentários: Delilia biflora é uma espécie cosmopolita e considerada como ruderal e invasora.
Separa-se facilmente das outras espécies da região, por apresentar capítulos formados por um invólucro
samaróide, agrupados em cachos axilares e terminais, e brácteas involucrais exteriores amplamente
orbiculares. É popularmente conhecida como “espoleta”.
76 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
12.10. Egletes viscosa (L.) Less., Syn. Gen. Compos: 252. 1832
Ervas eretas a ascendentes, 40-80cm alt.; ramos estriados, pilosos, tricomas longos nos caules
jovens. Folhas alternas, sésseis a curtamente-pecioladas; lâmina pinatifida, membranácea, 4-10x2-5cm,
obovada, margens profundamente lobadas e grosseiramente denteadas, base auriculada nas folhas
inferiores, híspidas, tricomas esparsos em ambas as faces. Inflorescência capítulo, pedunculado,
terminal e axilar, solitário ou reunido em cimeira; brácteas involucrais 2-3 séries; receptáculo nu; Flores
dimorfas, hermafroditas; as do raio 18-30, liguladas, alvacentas, 0,6-1mm compr.; as do centro mais de
50 tubulosas, amarelas,1,2-1,7mm compr. Fruto cipsela, obovada, pápus coroniforme.
Material examinado: Fazenda Tigre, 03.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1610 (UFP, IPA).
Material adicional: PERNAMBUCO: Serra Talhada, 08.VIII.2001, F. Galindo s/n (IPA).
Comentários: Nativa da América tropical. No Brasil, ocorre do Piauí ao Mato Grosso
(Lorenzi & Matos 2002) em leitos secos de rios, áreas semi-encharcadas, margens dos rios, lagos e
açudes do litoral ao sertão. Ocorre em solos pesados, arenosos, argilosos. Apresenta um conjunto
de características morfológicas que torna fácil sua separação das outras espécies da região, como
os capítulos florais axilares e terminais, flores liguladas de pétalas alvas em torno da porção central
amarela que é formada por flores não liguladas. Apresenta suas folhas perfumadas. Suas flores são
utilizadas no fabrico de travesseiros; na medicina popular, usualmente utilizada no tratamento dos
distúrbios gastrintestinais, cólicas, gases, azia, má digestão, diarréia e enxaqueca, bem como nos casos
de irregularidades menstruais. É popularmente conhecida na região como “macela”.
- Flora de Mirandiba 77
Famílias Monografadas
78 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
no estado de Pernambuco, em caatinga. É facilmente reconhecida, na área, pelas folhas lineares com
glândulas oleíferas, e capítulos tubulosos, diminutos com pequeno número de flores do disco 1-3. É
popularmente conhecida como “cravinho-brabo”.
12.14. Porophylum ruderalis (Jacq.) Cass. Dict. Sci. Nat. 43: 53. 1826
Ervas eretas, 30-80cm alt.; ramos cilíndricos, estriados. Folhas basais opostas, demais alternas,
pecioladas; lâmina inteira, membranácea, 1,5-5,5x1,0-3,0cm larg., ovada, elíptica ou obovada, ápice
apiculado, assimétrico, base cuneada, margem ondulada a crenada, glabras, com glândulas oleíferas
marginais. Inflorescência capítulo, discóide, terminal, pedunculado, reunidos em corimbosos; brácteas
involucrais 5 séries, glabras, linear-oblongas, planas, hialinas, glândulas oleíferas alongadas, marginais;
receptáculo convexo, nu. Flores isomorfas, hermafroditas, 30-60, amareladas a esverdeadas, tubulosas,
8-15mm compr., esparsamente pilosas. Fruto cipsela, cilíndrica com base e ápice estreitado, pilosa,
6-12mm comp; pápus setáceo, castanho amarelado a branco, 7-11mm compr.; carpopódio saliente e
recurvado.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. Lucena 1432 (UFP,IPA).
Material adicional: PERNAMBUCO: Serra Talhada, Manga Pedra Branca, 15.V.1968, O. C. Lira 68-221 (IPA);
Igarassu, Mata dos Macacos, 16.IV.2008, J. Irapuan et al. 15 (IPA).
Comentários: Espécie amplamente distribuída, ocorrendo com maior freqüência em áreas
antropizadas e de cultivo É de fácil reconhecimento por apresentar glândulas oleíferas nas margens das
suas folhas, com odor forte.
- Flora de Mirandiba 79
Famílias Monografadas
12.16. Vernonia chalibaea Mart. ex DC. Prodr. 5: 54. 1836. Prancha 8, fig. F-G.
Ervas a subarbustos eretos, 0,5-1,5m alt.; ramos cilíndricos, sulcados, estrigosos. Folhas
alternas, subsésseis; lâmina inteira, membranácea, 1-4 x 0,5-3cm, elíptica a oblanceolada, base atenuada,
ápice obtuso, mucronado, margem lisa, ondulada, revoluta, faces adaxial e abaxial tomentosas.
Inflorescência capítulo, reunido em cincínios folhosos, escorpióides, sésseis, laxos; brácteas foliáceas
oblongas; brácteas involucrais 6 séries, lilases, imbricadas, cunculares, ápice aristado, presença de
glândulas translúcidas no dorso; receptáculo nu, plano. Flores isomorfas, hermafroditas, 18-20,
excepcionalmente 21, lilases, 8-10mm compr., lacínias 5, não ciliadas, glandulosas, hialinas. Fruto
cipsela, isomorfa, estriada, com tricomas nos sulcos e nas costas, 1-2mm compr.; carpopódio nítido;
pápus bisseriado, cerdas persistentes, série externa cerdosa; cerdas fimbriadas; serie interna filiforme,
barbelada.
Material examinado: Fazenda Areias, 31.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1474 (UFP, IPA); Fazenda Malhada da
Areia, 8.II.2007, Y. Melo et al. 125 (UFP, IPA); Fazenda Vertentes, 07.II.2007, M. T. Vital et al. 55 (UPE, IPA); Serra do
Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1406 (UPE, IPA).
Material adicional: PERNAMBUCO: Salgueiro 12.IV.1988, R. Pereira 260 (IPA); Tacaratu, 13.IX.1990, R.
Pereira et al. 550 (IPA).
Comentários: espécie endêmica do Nordeste brasileiro, com registro para os estados da Bahia,
Ceará, Pernambuco e Piauí. Em Pernambuco, é encontrada em caatinga, inselbergues e mata serrana
(Sales de Melo 2005). É de fácil reconhecimento por apresentar ramos estrigosos e inflorescência
terminal em cincínios escorpióides, com capítulos laxos. Não foi encontrado nome popular na região
12.17. Vernonia remotiflora Rich., Act. Soc. hist. Nat. 1:112. 1792
Ervas a subarbustos eretos, 0,4-1m alt.; ramos cilíndricos, estriados, pubescentes. Folhas
alternas, sésseis a subsésseis; lâmina inteira, membranácea, 6-12x2-4cm, oblonga a oblongo-lanceolada,
base atenuada, ápice agudo, margem serreada, faces adaxial e abaxial pubescentes. Inflorescência
capítulo, reunida em cincínios, folhosos, sésseis; presença de brácteas foliáceas oblongas a lineares,
1-5x0,1-1cm; brácteas involucrais 5-6 séries, arroxeadas no ápice, planas, ápice acuminado, tomentosas;
receptáculo nu, plano. Flores isomorfas, hermafroditas, 15-20, lilases, 5-9cm compr.; lacínias 5, com
glândulas amareladas no ápice; ramos do estilete bipartidos, densamente pilosos abaixo da bifurcação.
Fruto cipsela, isomorfa, cilíndrica, glandulosa, serícea, 1,5-2mm compr.; carpopódio nítido; pápus
bisseriado, cerdoso hialino; série interna filiforme, caduca, externa aplainada persistente.
Material examinado: Fazenda Tigre; Serra do Tigre, 31.V.2006, K. Pinheiro et al. 175 (UFP, IPA); Fazenda Tigre,
no sopé da Serra, M. F. A. Lucena et al. 1447 (UFP, IPA).
Material adicional: PERNAMBUCO: Arcoverde 21.VII.1971, D. Andrade-Lima 71-6324 (IPA); Exu,
80 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
Prancha 8. Figuras A-B. Acanthospermum hispidum. A. Ramo florido. B. Fruto. C-D. Centratherum
punctatum. C. Hábito. D. Capítulo. E. Delilia biflora. Hábito. F-G. Vernonia chalibea. F. Ramo
florido. G. Capítulo.
- Flora de Mirandiba 81
Famílias Monografadas
13. Bignoniaceae
Lucilene Lima dos Santos, Andrêsa Súana Argemiro Alves & Margareth Ferreira de Sales
Árvores, arbustos, ou trepadeiras lenhosas (lianas), raro herbáceas. Folhas opostas, compostas,
raro simples, com o folíolo terminal freqüentemente substituído por uma gavinha; pseudoestípulas
freqüentemente presentes, foliáceas ou inconspícuas. Inflorescências terminais ou axilares, racemos,
tirsos ou panículas, às vezes fasciculadas ou reduzidas a uma única flor. Flores andróginas, zigomorfas,
diclamídeas; cálice tubuloso, campanulado, urceolado, com bordo truncado, denteado, lobado, bilabiado
ou espatáceo; corola 5-lobada, gamopétala, tubular; estames inclusos ou exsertos didínamos, 4, raro 2
ou 5, estaminódio geralmente presente, anteras biloculares, divaricadas ou paralelas, rimosas; ovário
súpero, bicarpelar, bilocular, raramente unilocular, disco cupuliforme ou pulvinado, ou ausente, estilete
terminal com estigma bilamelado. Fruto cápsula septígrafa ou loculicida, ou fruto indeiscente, bacáceo,
sementes geralmente aladas.
A família Bignoniaceae compreende 120 gêneros e cerca de 650 espécies com distribuição
predominantemente Neotropical. O Brasil caracteriza-se como o centro de diversidade da família
(Gentry 1973), com cerca de 55 gêneros e 315 espécies. As espécies da família estão distribuídas em
oito tribos, das quais Bignonieae e Tecomeae ocorrem em Mirandiba.
GENTRY, A .H. 1973. Flora of Panamá: Bignoniaceae. Annals of the Missouri Botanical
Garden, 60: 573-780.
LOHMANN, L. G. & PIRANI, J. R. 2003. Flora de Grão-Mogol, Minas Gerais: Bignoniaceae.
Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo, 21(1): 109-121.
SANDWITH, N. Y. & HUNT, D. R. 1974. Bignoniáceas. In: Reitz, R. (ed.). Flora Ilustrada
Catarinense. Herbário Barbosa Rodrigues. Itajaí, SC.
82 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
13.1. Anemopaegma citrinum Mart. ex DC., Prodr. 9: 189. 1845. Prancha 9, fig. A.
Lianas; ramos cilíndricos, glabros, estriados; pseudoestípulas inconspícuas. Folhas
2-folioladas, gavinha simples; folíolos 3,5-5x1,2-2,4cm, cartáceos, ovados, glabros, margem inteira,
venação broquidódroma. Inflorescência axilar, racemo, paucifloro. Flores com cálice 5-6mm compr.,
tubuloso, truncado, glabro; corola amarela, glabra, tubo ca. 3cm compr.; estames maiores ca. 2,3cm
compr., menores ca. 1,3cm compr., estaminódio 4mm compr.; pistilo 2,2cm compr., ovário elipsóide a
ovóide-elipsóide, estipitado, glabro; disco nectarífero transversalmente elíptico. Fruto cápsula, elipsóide
a suborbicular.
Material examinado: Serrotinho, 09.II.2007, M. T. Vital et al. 61 (UFP).
Comentário: o gênero está representado por cerca de 30 espécies na América tropical,
ocorrendo desde o Brasil e Argentina até o México. Anemopaegma é um gênero de taxonomia difícil entre
os que constituem a família Bignoniaceae com muitas espécies mostrando grande variedade morfológica
(Gentry 1973). Anemopaegma citrinum é pouco freqüente, diferenciando-se das demais ocorrentes em
Mirandiba por apresentar inflorescência axilar, pauciflora.
13.2. Anemopaegma gracile Bureau & K.Schum., Fl. bras. 8(2): 132-133. 1896.
Prancha 9, fig. B.
Lianas; ramos cilíndricos, glabros, estriados; pseudo-estípulas foliáceas, orbiculares. Folhas
2-folioladas, gavinha simples; folíolos 3-6,4x1,8-2,5cm, cartáceos, lanceolados, glabros, margem inteira,
venação broquidódroma. Inflorescência terminal, racemo, multifloro. Flores com cálice ca.1cm
compr., campanulado, truncado, glabro; corola amarela, tubo 5-6cm compr.; estames maiores ca. 2,5cm
compr., menores ca.1cm compr., estaminódio 6-8mm compr; pistilo 1,8-2cm compr, ovário elipsóide a
- Flora de Mirandiba 83
Famílias Monografadas
ovóide-elipsóide, estipitado, glabro; disco nectarífero transversalmente elíptico. Fruto cápsula elipsóide
a suborbicular.
Material examinado: Vertentes, 19.IV.2007, L. G. R. Souza et al. 53 (UFP)
Comentário: caracteriza-se por apresentar inflorescência terminal, multiflora, distinguindo-se
das outras duas Anemopaegma que ocorrem em Mirandiba.
13.3. Anemopaegma laeve DC., Prodr. 9: 189. 1845. Prancha 9, fig. C-D.
Lianas; ramos cilíndricos, glabros, estriados; pseudo-estípulas foliáceas, orbiculares. Folhas
2-folioladas, gavinha simples; folíolos 4-6,3x3,4cm, cartáceos, ovados, margem revoluta, glabros,
venação broquidódroma. Inflorescência axilar, racemo, paucifloro. Flores com cálice 0,6-1,4x1cm,
campanulado, truncado, glabro; corola amarela, tubo 3,7-4,1x1,5cm; lobos brancos, glabrescentes,
estames maiores 2,2-2,3cm compr., menores 1,5-1,6cm compr., estaminódio 6-8mm compr; pistilo 1,8-
2cm compr, ovário elipsóide a ovóide-elipsóide, estipitado, glabro; disco nectarífero transversalmente
elíptico. Fruto cápsula elipsóide a suborbicular, glabra.
Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, K. Pinheiro et al. 100 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007,
J. S. Silva et al. 191 (UFP); Serra do Tigre, 01.X.2006, K. Pinheiro et al. 195 (UFP); Serrotinho, 31.V.2006, M. F. A. Lucena et al.
1457 (UFP).
Material adicional: PERNAMBUCO: Buíque, 17. III. 1995, A. Laurênio et al. 27 (PEUFR).
Comentários: Anemopaegma laeve distribui-se do nordeste do Brasil ao norte de Minas Gerais,
geralmente em áreas de caatinga ou em formações de carrasco (Lohmann & Pirani 2003). Em alguns
locais é conhecida como saboneteira. Em Mirandiba e uma espécie comum às áreas de caatuinga
arbustiva.
13.4. Arrabidaea corallina (Jacq.) Sand., Kew Bull. 1953(4): 460. 1954. Prancha 9, fig.
E.
Liana; ramos cilíndricos, glabros, estriados, lenticelas proeminentes; pseudo-estípulas
inconspícuas, orbiculares. Folhas 3-folioladas, gavinha simples; folíolos 2,1-6,5x1-3,4cm, cartáceos,
oblongos, tomentosos a velutinos, margem inteira, venação broquidódroma. Inflorescência axilar,
tirso, multifloro. Flores cálice 2x0,9cm compr., tubuloso, truncado, glabro; corola lilás, tomentosa, tubo
2,8-3,7cm compr.; estames maiores 1,8-1,9cm, menores com 1,3-1,4cm compr., estaminódio 6-8mm
compr.; pistilo 2,4-2,6cm compr.; ovário cilíndrico, lepidoto; disco nectarífero transversalmente elíptico.
Fruto cápsula 16,8-20,2cm compr., linear, tomentosa.
Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, K. Pinheiro et al. 96 (UFP); Fazenda Baixio Grande, 03.X.2006,
Y. Melo et al. 95 (UFP); 08.II.2007, E. Córdula et al. 217 (UFP); Serra do Tigre, 30.III.2006, E. Córdula et al. 22 (UFP); Serrrotinho,
09.II.2007, M.T. Vital et al. 71 (UFP).
Material adicional: PERNAMBUCO, Buíque, 10.X.1995, L. S. Figuêiredo et al. 233 (PEUFR).
Comentários: para Arrabidaea registram-se cerca de 70 espécies na América tropical do
México e Leste das Índias (raro) a Argentina (Gentry 1973). Ocorre também nos Estados de Santa
Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás, Ceará (Sandwith & Hunt 1974). Arrabideae corallina
é uma espécie comumente encontrada em Mirandiba.
84 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
13.5. Clytostoma binatum (Thunb.) Sand., Recueil Trav. Bot. Neerl. 34: 231. 1937.
Prancha 9, fig. F-G.
Lianas; ramos cilíndricos com estrias transversais, pseudoestípulas inconspícuas.
Folhas 2-folioladas; folíolos 10x6,1 cm, cartáceos, elipticos, glabros, margem inteira, venação
bronquidódroma. Inflorescência terminal, tirso, paucifloro. Flores com cálice ca. 3cm compr.,
campanulado, truncado, glabro; corola rósea tubo ca. 5cm compr.; lobos brancos, glabrescentes,
estames maiores ca. 2,5cm compr., menores ca. 1,5cm compr., estaminódio 6-8mm compr.; pistilo
1,8-2cm compr, ovário oblongo-cilíndrico, lepidoto; disco nectarífero transversalmente elíptico.
Fruto cápsula echinada, elíptica.
Material examinado: Fazenda Baixa Grande, 03.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1600 (UFP).
Comentários: para o gênero ocorrem cerca de 10 espécies para a América tropical. Espécie
comumente citada para ambientes mais úmidos (Gentry 1973), podendo ocorrer também, em áreas
de Caatinga, como em Mirandiba.
13.6. Cuspidaria argentea (Wawra) Sand., Kew Bull. 1954: 606. 1955. Prancha 9, fig.
I.
Lianas; ramos cilíndricos com estrias transversais, pseudoestípulas inconspícuas. Folhas
3-folioladas, gavinha simples; folíolos 2,5-5,5x2-2,7cm, membranáceos, ovados, vilosos a tomentosos,
margem inteira, venação eucampdódroma. Inflorescência axilar, tirso, multifloro. Flores cálice ca.
3mm, campanulado, truncado, glabro; corola rósea, glabrescente, tubo ca. 4cm compr.; estames maiores
ca. 2,2cm compr., menores ca. 1,4cm compr., estaminódio 7mm compr, anteras retrorsas; pistilo 1,8-
2cm compr, ovário cilíndrico, lepidoto; disco nectarífero transversalmente elíptico. Fruto cápsula 3-4cm
compr., oblongo-linear com 4 alas cartáceas, glabra.
Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, M. F. A. Lucena et al. 1185 (UFP).
Material adicional: PERNAMBUCO, Buíque, 09. VII. 1995, L S. Figuêiredo et al. 110 (PEUFR).
Comentários: gênero com cerca de 10 espécies na América tropical continental do Panamá
à Argentina, principalmente no Brasil (Gentry 1973). A espécie caracteriza-se por apresentar folíolos
com venação eucampdódroma e cápsula oblongo-linear com 4 alas cartáceas. Ocorre ocasionalmente
no município de Mirandiba. É facilmente reconhecida pela cor dos folíolos próximos a inflorescência,
que apresenta a mesma coloração das flores.
13.7. Mansoa angustidens Bureau & K.Schum. in Mart., Fl. bras. 8(2): 200. 1896.
Prancha 9, fig. H.
Lianas; ramos cilíndricos com estrias transversais, pseudoestípulas inconspícuas. Folhas
2-3-folioladas, folíolos 1,3-6,5cm compr., membranáceos, elípticos a ovados, glabros, margem
inteira, venação bronquidódroma. Inflorescência axilar e terminal, tirso, paucifloro. Flores cálice
3-4mm compr., campanulado, truncado, glabro; corola lilás, tubo 3,5-4cm compr.; estames maiores
ca. 3,6cm compr., menores ca. 1,4cm compr., estaminódio 4-4,5mm compr.; pistilo 3-3,4cm compr.,
ovário oblongo-cilíndrico, lepidoto; disco nectarífero transversalmente elíptico. Fruto cápsula não
- Flora de Mirandiba 85
Famílias Monografadas
86 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
observada
Material examinado: Malhada da Areia, 16.IV.2007, C. E. L. Lourenço et al. 252 (UFP); Serra do Tigre,
31. V. 2006, M. F. A. Lucena et al. 1464 (UFP); M. C. Pessoa et al. 110 (UFP); M. F. A. Lucena et al. 1470 (UFP); Serrotinho,
09.II.2007, M. T. Vital et al. 74 (UFP).
Material adicional: PERNAMBUCO, Buíque, 20.V.1995, E. Inácio et al. 56 (PEUFR).
Comentários: o gênero apresenta 5 espécies nativas brasileira, entre elas M. difficilis,
ocorrendo até a Bolívia, Paraguai e Argentina (Sandwith & Hunt 1974). Mansoa angustidens ocorre,
preferencialmente, em solos arenosos. Em Mirandiba é uma espécie ocasional.
13.8. Tabebuia impetiginosa (Mart. ex A.DC.) Standl., Field Mus. Nat. Hist., Bot. Ser.
11(5): 176. 1936. Prancha 9, fig. J.
Árvores; ramos cilíndricos com estrias transversais, pseudo-estípulas ausentes. Folhas
digitadas; folíolos 5, anisófilos; folíolos terminais 4-10,6x1,9-5,5cm, folíolos intermediários 5,2-9x2,3-
3,7cm, folíolos basais 2,3-6,2x1,4-3,2cm, membranáceos a cartáceos, elípticos a ovais, glabros a pilosos,
margem inteira, venação broquidódroma. Inflorescência terminal, panícula, multiflora. Flores com
cálice 5-6x3-5mm, campanulado, 4-denticulado, glabro; corola rósea a lilás, glabrescente, tubo 4-5,6cm
compr.; estames maiores 1,2-2cm compr., menores 0,8-1,3cm compr., estaminódio 6-7mm compr.;
pistilo 3-3,5cm compr, ovário oblongo-cilíndrico, lepidoto; disco nectarífero transversalmente elíptico.
Fruto cápsula 11-18,9cm, linear, glabra.
Material examinado: Salinas, Sítio do Sr. Zildécio, 04.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1631 (UFP)
Material adicional: PERNAMBUCO, Buíque, 06.XII.1996, A. P. S. Gomes et al. 360 (PEUFR).
Comentários: o gênero está representado por cerca de 45 espécies na América tropical
(Sandwith & Hunt 1974). Tabebuia impetiginosa é freqüentemente encontrada no Estado de Pernambuco.
Espécie comum em áreas de Caatinga, popularmente conhecida como pau d’arco-roxo ou ipê-roxo. É
ornamental, apresentando também potencial madeireiro e medicinal.
14. Boraginaceae
José Iranildo Miranda de Melo
- Flora de Mirandiba 87
Famílias Monografadas
ovário 2 ou 4 locular pela intrusão de um septo, súpero, óvulos 1-2 por lóculo, anátropos ou hemi-
anátropos, placentação axial ou basal; estilete inteiro, raro levemente bífido no ápice, ou 2-bifurcado,
terminal, cilíndrico ou subcilíndrico; estigma séssil, subséssil ou com estilete evidente, com distintos
formatos. Frutos secos ou carnosos, deiscentes ou indeiscentes, drupáceos ou esquizocárpicos com 2
ou 4 núculas; sementes 1-2 por loco; embrião plano ou curvo.
Esta família inclui aproximadamente 2.500 espécies em 130 gêneros, dispersos nas regiões
tropicais, subtropicais e temperadas. No Brasil ocorrem ca. 150 espécies e 11 gêneros distribuídos
em todas as regiões, habitando preferencialmente Caatingas, Cerrados, Floresta Amazônica e Floresta
Atlântica. Na área de estudo, foram registradas oito espécies em três gêneros predominantemente
associadas à ambientes abertos.
88 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
14.1. Cordia curassavica (Jacq.) Roem. & Schult., Syst. Veg. 4: 460. 1819.
Arbustos; ramos vilosos, sulcados. Folhas alternas; lâmina 5,5-10,6x2-3,7cm, membranácea,
lanceolada, ápice agudo, margem serreada, base atenuada, face adaxial glabrescente, face abaxial vilosa,
venação semi-craspedódroma; pecíolo ca. 1,2cm compr., sulcado, viloso, decorrente. Inflorescência
3,3-6cm compr., espiciforme, congesta, terminal e axilar; pedúnculo 3,5-4,7cm compr., viloso. Flores
ca. 4mm compr., sésseis; cálice ca. 3,7mm compr., obcampanulado, pubescente, lacínios ca. 1,2mm
compr., trulados; corola ca. 3mm compr., tubular-salverforme, vilosa internamente, lobos ca. 1mm
compr., oval-lanceolados; estames subsésseis, anteras ca. 0,5mm compr., oblongas, divaricatas, filetes
ca. 0,5mm compr.; ovário ca. 0,5mm compr., ovóide; estilete ca. 1,5mm compr.; ramos estigmáticos
ca. 0,5mm compr., estigmas 4, ca. 0,3mm compr., clavados, vilosos, tricomas castanhos e ferrugíneos.
Fruto drupa, ca. 4mm compr., ovóide.
Material examinado: Vertentes, 19.IV.2007, D. Araújo 256 (MO, MOSS, RB, UFP).
Comentário: esta espécie se dispersa do norte do México ao nordeste da América do Sul,
incluindo as Antilhas (Miller 1988). No Brasil, pode ser encontrada em todas as regiões; em ambientes
de cerrado, restinga e floresta (Taroda 1984). Na área de estudo, está associada à caatinga arbustiva
aberta, em solos argilosos alcançando 483 m. Coletada com flores e frutos em abril. É espécie
morfologicamente semelhante à C. dardani, com a qual compartilha, principalmente, as inflorescências
espiciformes. Caracteriza-se, especialmente, pela lâmina foliar lanceolada, concolor, com base atenuada,
além do cálice pubescente e fruto ovóide.
14.2. Cordia dardani Taroda, Notes Roy. Bot. Gard. Edinburgh 44(1): 111. 1986. Prancha
10, fig. A-B.
Subarbustos ou arbustos, ca. 1m alt. Folhas alternas; lâmina 2,5-4,6x1,1-1,9cm, discolor,
subcartácea, ovada a ovado-elíptica, ápice obtuso, margem crenulada, base levemente cordada, face
adaxial puberulenta, bulada, face abaxial vilosa, rufescente, venação semi-craspedódroma; pecíolo ca.
0,6mm compr., viloso. Inflorescência 1,5-3,4cm compr., espiciforme, congesta, terminal e axilar;
pedúnculo 1,3-2cm compr., densamente viloso, rufescente. Flores ca. 5mm compr., sésseis; cálice ca.
2,7mm compr., obcônico, tomentoso, lacínios diminutos, ovados; corola ca. 4,3mm compr., tubular-
salverforme, pubescente externamente, internamente vilosa na região do tubo, lobos diminutos,
truncados; estames subsésseis, anteras ca. 0,8mm compr., oblongas, divaricatas; ovário ca. 1mm compr.,
piriforme; estilete ca. 2,7mm compr.; ramos estigmáticos ca. 0,2mm compr., estigmas 4, ca. 0,3mm
compr., foliáceos, vilosos. Fruto drupa, ca. 3,5mm compr., piriforme, cálice recobrindo quase todo o
- Flora de Mirandiba 89
Famílias Monografadas
fruto.
Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, C. E. L. Lourenço et al. 267 (MO, MOSS, RB, UFP);
Serra das Umburanas, 18.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 139 (MO, MOSS, RB, UFP).
Comentários: ocorre apenas no nordeste do Brasil, em vegetação de caatinga. Encontrada,
até o momento, nos estados de Pernambuco (Taroda 1984), Sergipe (Melo & Sales 2005), Alagoas (Melo
& Lyra-Lemos 2008), Paraíba e Rio Grande do Norte (Melo et al. inéd.). Em Mirandiba, está associada
à caatinga arbustivo-arbórea e em beira de estrada, sobre solos arenosos e em afloramentos rochosos,
alcançando 457m. Coletada com flores e frutos em abril. Cordia dardani é reconhecida, principalmente,
pelas inflorescências espiciformes associadas à lâmina foliar ovada, discolor, com base levemente
cordada ou, ainda, pelo cálice rufescente e fruto piriforme quase inteiramente recoberto pelo cálice.
14.3. Cordia globosa (Jacq.) Kunth in H.B.K., Nov. Gen. Sp. 3: 76. 1819.
Arbustos; ramos com lenticelas, vilosos. Folhas alternas; lâmina 5,3-6,7x1,8-2,6m, discolor,
membranácea, elíptica a lanceolada, ápice agudo, margem serreado-denteada, base oblíqua, face
adaxial vilosa, face abaxial tomentosa, venação craspedódroma; pecíolo 0,5-0,6mm compr., viloso.
Inflorescência glomérulo-globosa, congesta, axilar e supra-axilar; pedúnculo 1,8-4cm compr. Flores
ca. 4,5mm compr., sésseis; cálice ca. 3mm compr., campanulado, lacínios 1-1,2mm compr., ovados,
com curtos tricomas ferrugíneos nas margens; corola ca. 4mm compr., infundibuliforme, creme, vilosa
internamente e externamente, lobos ca. 1mm compr., orbiculares; estames subsésseis, anteras ca. 0,7mm
compr., oblongas, divaricatas, dorsifixas; ovário 1-1,2mm compr., cônico; estilete ca. 3mm compr., viloso
na porção superior; ramos estigmáticos ca. 0,5mm compr., estigmas 4, ca. 0,7mm compr., foliáceos,
pubescentes. Fruto drupa, ca. 5mm compr., elipsóide, quase inteiramente recoberta pelo cálice.
Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, K. Pinheiro et al. 105 (MO, MOSS, RB, UFP).
Material adicional: RIO GRANDE DO NORTE: Campo Grande, Fazenda Horizonte, 06. VI. 1999, W. Castro
08 (MOSS).
Comentários: esta espécie distribui-se do sudeste da Flórida ao nordeste da América do Sul,
incluindo Antilhas (Miller 1988). No Brasil, ocorre apenas na região Nordeste (CE, RN, PB, PE, AL, SE,
BA). Na área de estudo, está associada à caatinga arbustiva, onde alcança 478m. Coletada com flores em
março. Pode ser reconhecida facilmente pela lâmina foliar discolor, inflorescências glomérulo-globosas
com flores ca. 4mm e fruto elipsóide quase inteiramente recoberto pelo cálice.
14.4. Cordia leucocephala Moric., Pl. Nouv. d´Americ. 148: 88. 1846.
Prancha 10, fig.C.
Subarbustos, ca. 40cm alt.; ramos vilosos entremeados por tricomas diminutos. Folhas
alternas; lâmina 2,9-8,5x1,1-4,3cm, discolor, membranácea, estreitamente a largamente ovada, ápice
acuminado ou retuso, margem serreada, base cuneada, face adaxial estrigosa a vilosa, face abaxial
pubescente a tomentosa, venação craspedódroma; pecíolo 0,3-0,9cm compr., viloso, tricomas
ferrugíneos. Inflorescência glomérulo-globosa, terminal; pedúnculo 1,4-4,5cm compr., viloso. Flores
2,2-3,3cm compr., sésseis; cálice ca. 5mm compr., pubescente, lacínios 1,5-2mm compr., ovados; corola
2,3-3cm compr., infundibuliforme, alva, lobos 2-3x6,5-8mm, largamente ovados, emarginados; estames
90 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
com filetes 1,5-2mm compr., anteras ca. 1,7mm compr., oblongas, divaricatas, dorsifixas; ovário ca.
1,5mm compr., estreitamente ovado; estilete ca. 2,5mm compr.; ramos estigmáticos ca. 0,2mm compr.,
estigmas 4, ca. 1mm compr., foliáceos. Fruto drupa, ca. 6 mm compr., elipsóide.
Material examinado: Fazenda Baixa Grande, 03.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1598 (MO, MOSS, RB, UFP);
Malhada da Areia, 16.IV.2007, D. Araújo 221 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, M. T. Vital 116 b (UFP); Serra do Tigre,
30.III.2006, K. Pinheiro & M. Alves 57 (MOSS, UFP).
Comentários: ocorre apenas na região nordeste do Brasil, associada à vegetação de caatinga
(Taroda 1984, Melo & Sales 2005) e no litoral, em ambientes de restingas (Melo & Sales 2005). Em
Mirandiba, está associada a áreas de caatinga arbustiva aberta e densa, inclusive em terrenos agricultáveis,
e em caatinga arbórea, sobre solos areno-argilosos, estendendo-se desde 457m até 483m. Encontrada
florida em abril e em dezembro. Pode ser reconhecida, principalmente, pelas inflorescências glomérulo-
globosas portando flores com cálice de ápice agudo e corola com 2,3-3cm, infundibuliforme, alva.
14.6. Heliotropium elongatum (Lehm.) I.M. Johnst., Contr. Gray Herb. Harv. Univ. 81:
18. 1928. Prancha 10, fig. E-F.
Ervas, 30-35cm alt.; ramos sulcados, vilosos a hirsutos. Folhas alternas; lâmina 2,5-6,4x1,7-
3,5cm, membranácea, bulada, ovada, ápice agudo, margem erosa, base obtusa, face adaxial pubescente
a tomentosa, entremeada por longos tricomas aciculares, face abaxial pubescente a vilosa, venação
- Flora de Mirandiba 91
Famílias Monografadas
14.7. Heliotropium procumbens Mill., Gard. Dict. 8: 10. 1768. Prancha 10, fig. G-H.
Ervas ou subarbustos, ca. 20-40cm alt., ereto ou prostrado; ramos cinéreos, estrigosos. Folhas
alternas; lâmina 1,1-2,8x0,3-1,1cm, subcarnosa, elíptica a obovada, ápice acuminado, margem levemente
revoluta, base atenuada, estrigosa em ambas as faces, venação hifódroma; pecíolo 0,3-1cm compr.,
viloso. Inflorescência 1-4cm compr., escorpióide, axilar e terminal; pedúnculo 0,4-1cm compr., viloso.
Flores ca. 2mm compr., subsésseis; cálice ca. 1,2-1,5mm compr., viloso externamente, lacínios ca. 1mm
compr., estreitamente a largamente elípticos; corola ca. 1,5-1,7mm compr., tubular-hipocrateriforme,
serícea externamente, vilosa internamente, lobos ca. 0,5mm compr., ovado-lanceolados; estames sésseis,
anteras ca. 0,5mm compr., ovado-lanceoladas; ovário ca. 0,3mm compr.; estigma ca. 0,3mm compr.,
cônico, pubescente, subséssil. Fruto esquizocarpo ca. 1mm compr., globoso, estrigoso, núculas 4.
Material examinado: Fazenda Baixa Grande, 03.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1604 (UFP); Fazenda Tigre,
29.III.2006, M. F. A. Lucena 1158 (UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, M. T. Vital et al. 112 (UFP); Serra do Tigre, 31.V.2006, K.
Pinheiro 133 (UFP).
Comentários: esta espécie se dispersa do sul dos Estados Unidos da América até a Argentina
(Frohlich 1981) e, no Brasil, em todas as regiões (Melo & Sales 2005). Na área de estudo, está associada
às caatingas arbustiva aberta e densa e arbustivo-arbórea densa, em ambientes de borda e no interior,
sobre solos arenosos e pedregosos, estendendo-se desde 457m até 500m. Coletada com flores de março
a maio e em dezembro, e com frutos em março, abril e em dezembro. Pode ser seguramente reconhecida
pelos ramos cinéreos, corola com lobos ovado-lanceolados e, principalmente, pelo fruto com quatro
núculas, estrigoso.
14.8. Tournefortia salzmannii A.DC., Prodr. 9: 524. 1845. Prancha 10. Fig. I.
Arbustos, ca. 1,7m alt.; ramos com lenticelas, vilosos quando jovens. Folhas alternas; lâmina
2-11x1-6,5cm, membranácea, estreitamente a largamente ovada, ápice acuminado, margem inteira,
92 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
base cuneada, estrigosa em ambas as faces, rufescente em ambas as faces ou apenas na face abaxial,
venação broquidódroma; pecíolo 0,3-1cm compr., subcilíndrico, viloso. Inflorescência 1,8-11,2cm
compr., escorpióides com ramos secundifloros, terminal e lateral; pedúnculo 0,7-1,7cm compr., viloso.
Flores 3-5mm compr., subsésseis; cálice ca. 3mm compr., viloso, lacínios 1-2mm compr., estreitamente
elípticos, ápices cirrosos ou não; corola ca. 5mm compr., tubular, vilosa, lobos ca. 2mm compr.,
lineares, involutos; estames subsésseis, anteras ca. 0,5mm compr., conatas, ovadas, tricomas no ápice
este apiculado; ovário ca. 1mm compr., cônico; estilete ca. 1,6mm compr.; estigma ca. 0,4mm compr.,
cônico, levemente bífido no ápice, pubescente. Fruto drupa, ca. 3,5mm compr., subglobosa, 4 lobos.
Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, D. Araújo et al. 239 (MO, MOSS, UFP); Fazenda Tigre,
17.IV.2007, L. L. Santos et al. 225 (MO, MOSS, RB, UFP); Serra do Tigre, 10.II.2007, Y. Melo et al. 105 (UFP).
Material adicional: RIO GRANDE DO NORTE: Lagoa Nova, Santa Rita, 24. VI. 1980, O. F. Oliveira et al.
Prancha 10. Figuras A-B. Cordia dardani. A. Ramo florido. B. Flor. C. Cordia leucocephala. Androceu. D.
Heliotropium angiospermum. Fruto. E-F. Heliotropium elongatum. E. Estigma. F. Fruto. G-H. Heliotropium
procumbens. G. Flor. H. Fruto. I. Tournefortia salzmannii. Ramo florido.
- Flora de Mirandiba 93
Famílias Monografadas
1184 (MOSS).
Comentários: encontrada na Argentina, Paraguai, Bolívia (Johnston 1930) e, no Brasil, nas
regiões Nordeste, Sudeste e Sul. Em Mirandiba, ocorre em caatinga arbustivo-arbórea densa, inclusive
em beira de estrada, associada a solos arenosos, alcançando 489m. Coletada com flores em fevereiro
e abril, e com frutos em abril. Pode ser reconhecida pelo hábito arbustivo, mas, principalmente, pela
corola com lobos involutos, anteras conatas, estigma cônico levemente bífido no ápice e fruto drupáceo
com quatro lobos.
15. Bromeliaceae
Jefferson Rodrigues Maciel & Marccus Alves
94 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
1. Ervas terrestres�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
1’.Ervas epífitas�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
2. Folhas maculadas irregularmente de cinza; inflorescência racemosa�������������� Neoglaziovia variegata
2’. Folhas não maculadas; inflorescência espiciforme�������������������������������������������������������������������������������������3
3. Frutos carnosos, amarelo-intenso ������������������������������������������������������������������������������� Bromelia laciniosa
3’. Frutos secos, marrom escuros ���������������������������������������������������������������������������� Encholirium spectabile
4. Folhas eretas, 1-3cm compr., escapo 4,2-5cm compr������������������������������������������������ Tillandsia loliacea
4’. Folhas recurvadas, 3-15cm compr., escapo 5-26cm compr. ��������������������������������������������������������������������4
5. Folhas 3-6cm compr.; inflorescência espiciforme���������������������������������������������������Tillandsia recurvata
5’. Folhas 8-15cm compr., inflorescência paniculada���������������������������������������������Tillandsia streptocarpa
15.1. Bromelia laciniosa Mart. ex Schult. & Schult. f., Syst. Veg. 7(2): 1278. 1830.
Ervas terrestres. Folhas 30-86cm compr., linear a lanceolada, ereto-patentes, não superando o
escapo; margem epinescente, espinhos retrorsos; face adaxial e abaxial esparsamente pruinosa-lepidota,
verde, sem máculas. Inflorescência até 50cm compr., espiciforme, ereta, multiflora; escapo ca. 0,4m
compr., glabro, brácteas ao longo de toda a sua extensão, vistosas. Flores 3,5-4cm compr., pediceladas;
sépalas livres, esverdeadas com extremidades roxas; pétalas livres, esverdeadas; ovário ínfero. Fruto
baga, 3-5cm compr., fusiforme, amarelo intenso a amarelo-esverdeado.
Material examinado: São Gonçalo, 11.VII.2008, K. Pinheiro 829 (UFP); Chacal, 19.VII.2008, K. Pinheiro 1090
(UFP).
Material adicional: PERNAMBUCO: Alagoinha, 05.VII.1994, G. M. Souza 55 (UFP).
Comentários: citada apenas para o semi-árido, ocorrendo até Minas Gerais. Também
conhecida como macambira é encontrada em ambientes com solo argiloso-pedregoso, arenoso e
afloramentos rochosos. Aparentemente não possui nenhuma importância econômica, mas em épocas
de seca extrema pode ser útil na forragem de animais e apresenta potencial ornamental. As amostras
coletadas na área de estudo apresentava-se em fenofase de frutificação.
15.2. Encholirium spectabile Mart. ex Schult. & Schult. f., Syst. Veg. 7(2): 1233. 1830.
Ervas terrestres. Folhas 30-90cm compr., linear a lanceolada, patentes, não superando o
escapo; margem fortemente epinescente, espinhos retrorsos; face adaxial e abaxial esparsamente
pruinosa-lepidota, verde, sem máculas. Inflorescência até 1,2m compr., espiciforme, ereta, multiflora;
- Flora de Mirandiba 95
Famílias Monografadas
escapo ca. 1,5m compr., glabro, brácteas ao longo de toda a sua extensão. Flores 3-4cm compr., curto-
pediceladas; sépalas livres, esverdeadas; pétalas livres, amarelo-esverdeadas; ovário ínfero. Fruto cápsula,
piriforme, 0,8-1,5cm compr., marrom-escuro; sementes circulares, alada diminuta.
Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, L. G. Souza 30 (UFP).
Comentários: Conhecida como macambira-de-flexa é encontrada em afloramentos rochosos
formando densas ilhas de vegetação. Em épocas de seca extrema pode ser útil na forragem de animais
e apresenta potencial ornamental. Nas populações acompanhadas foi registrada intensa visitação das
flores por diferentes espécies de beija-fllor.
15.3. Neoglaziovia variegata Mez in Mart., Fl. bras. 3(3): 427. 1894.
Ervas terrestres. Folhas 1-2m compr., linear, paucifólia, eretas, superando o escapo; margem
epinescente, espinhos retrorsos; face adaxial esparsamente pruinosa-lepidota, face abaxial glabra, verde,
maculada irregularmente de cinza. Inflorescência 18-30cm compr., racemosa, ereta, multiflora; escapo
70-80cm compr., pruinoso-lepidoto, brácteas ao longo de toda a sua extensão, vistosas. Flores 1cm
compr., pediceladas; sépalas livres, vermelhas; pétalas livres, roxas; ovário ínfero.
Material examinado: Fazenda Baixio Grande, 08.II.2007, M. F. A. Lucena et al. 1669 (UFP); Serra do Tigre,
17.IV.2007, J. R. Maciel et al. 419 (UFP, RB); Serrotinho, 09.II.2007, M. T. Vital et al. 70 (UFP); Chacal, 19.VII.2008, K. Pinheiro
1089 (UFP); 25.X.2008, K. Pinheiro 1228 (UFP); Serra do Tigre, 23.VII.2008, K. Pinheiro 1196 (UFP).
Comentários: endêmica da Caatinga (Smith & Downs 1979). O caroá, como é conhecido,
pode ser encontrado no sub-bosque de caatingas arbóreas a ambientes abertos, em solos compactos e
pouco profundos, sendo comum em frestas de afloramentos rochosos. Distingue-se das demais espécies
pelo hábito terrestre e folhas tipicamente variegadas. As folhas fibrosas foram largamente exploradas
por toda a caatinga. Atualmente, vem sendo empregada de forma local para produção de artefatos
artesanais pelas comunidades visitadas. Esta espécie é bastante abundante nos ambientes de caatinga
arbustiva e caatinga arbóreo-arbustiva.
15.4. Tillandsia loliacea Mart. ex Schult. f., Syst. Veg. Fl. Peruv. Chil. 7: 1204. 1830.
Ervas epífitas. Folhas 1-3cm compr., linear, multifólia, eretas, não superando o escapo;
margem lisa; faces abaxial e adaxial densamente pruinoso-lepidotas, cinzas. Inflorescência 3-4cm
compr., espiciforme, ereta, 5-floras; escapo 4,2-5cm compr., pruinoso-lepidoto, brácteas distribuídas
ao longo de toda a sua extensão, pouco vistosas. Flores 1,5-2cm compr., subssésseis; sépalas livres,
marrons; pétalas livres, cremes; ovário súpero.
Material examinado: Carnaubeira, 07.II.2007, M. F. A. Lucena 1656 et al. (UFP); Fazenda Troncão, 16.IV.2006,
M. T. Vital et al. 100 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.2007, J. R. Maciel et al. 417 (UFP, RB, MO).
Comentários: ocorre nos ambientes semi-áridos da Argentina, Bolívia, Paraguai e Brasil
(Smith & Downs 1977). Amplamente distribuída nas áreas visitadas. Facilmente reconhecível por seu
pequeno porte e folhas tipicamente eretas. Sem valor econômico significativo, além de um potencial
para uso ornamental, destaca-se por sua contribuição na paisagem como uma das mais características
epífitas da Caatinga.
96 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
16. Burseraceae
Maria de Fátima de Araújo Lucena & Edlley Max Pessoa da Silva
- Flora de Mirandiba 97
Famílias Monografadas
Burseraceae possui distribuição pantropical com cerca de 20 gêneros e 500 espécies (Souza
& Lorenzi 2006). O centro de diversidade da família encontra-se nas regiões tropicais da África, Ásia e
América, com destaque neste último continente, para a região amazônica, como importante centro de
diversidade e endemismo (Daly 2004). Para o Brasil 7 gêneros e cerca de 60 espécies são registradas.
Para o Nordeste brasileiro, Daly (2006) indica a ocorrência de 5 gêneros e 23 espécies com destaque para
Protium Burm. f. e Tetragastris respectivamente com 15 e 4 espécies. As espécies da família apresentam
rico potencial econômico, principalmente pela produção de óleos e resinas de suas folhas e cascas,
conferindo forte aroma a essas estruturas (Daly 2004). Em Mirandiba, a família está representada
apenas por uma espécie: Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillett.
GILLET, J.B. 1980. Commiphora (Burseraceae) in South America and its relationship to Bursera.
Kew Bulletin, 34 (3): 569-588.
DALY, D.C. 2006. Burseraceae. In: Maria Regina de V. Barbosa; Cynthia Sothers; Simon
Mayo; Cíntia F.L. Gamarra; Alyne Carneiro de Mesquita. (Org.). Checklist das Plantas do Nordeste
Brasileiro: Angiospermas e Gymnospermas. Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, (1): 53.
LIMA, L.R., PIRANI, J.R. 2005. Burseraceae. In: WANDERLEY, M. G. L..; SHEPHERD, G.
J.; MELHEM, T. S. & GIULIETTI, A. M. Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. Hucitec,
São Paulo, 4: 163-168.
16.1. Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillett, Kew Bulletin 34(3): 582. 1980.
Bursera leptophloeos Mart. In Mart., Fl. bras. 11(2): 393. 1828.
98 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
algumas vezes, na região, com “imburana-de-cheiro” (Amburana cearensis Allemão, Leguminosae), porém
diferencia-se desta pelo ritidoma de cor verde.
17. Cactaceae
Emerson Antonio Rocha, Daniela Cristina Zappi & Nigel P. Taylor
HUNT, D. R., TAYLOR, N. P. & CHARLES, G. 2006. The New Cactus Lexicon, (Text &
Atlas). Dh books, Milborne Port, U.K.
TAYLOR, N. P. 1991. The genus Melocactus (Cactaceae) in Central and South America. Bradleya,
- Flora de Mirandiba 99
Famílias Monografadas
9: 1-80.
TAYLOR, N. P. & ZAPPI, D. C. 2004. Cacti of Eastern Brazil. Royal Botanic Gardens.
Kew.
ZAPPI, D. C. Inéd. A família Cactaceae nos Campos Rupestres da Cadeia do Espinhaço
Minas Gerais, Brasil. Dissertação de mestrado. Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 1992.
17.1. Arrojadoa rhodantha (Gürke) Britton & Rose, Cact. 2: 171-172. 1920.
Cereus rhodanthus Gürke, Monatsschr. Kakt.-Kunde 18:66. 1908.
Arbustos áfilos, 0,6-1,1m alt. Cladódio cilíndrico ou às vezes articulado, pouco ramificado, 11-
12 costelados; artículos curtos, geralmente crassos, pouco angulosos, com polpa mucilaginosa; aréolas
armadas, distanciadas de 0,7-0,9cm, entre si, 0,3-0,4cm diâm.; espinhos rígidos em número e tamanho
diferentes; os radiais 6-8, medindo 0,5-1,0cm, cinza ou amarelados; 4-6 espinhos centrais, medindo de
1,5-2,1cm compr., aciculares, cinzentos ou dourados. Flores andróginas, isoladas ou agrupadas, sésseis,
nascendo de um cefálio apical, inseridas nas articulações ou nos ápices, bastante ornamentais, diurnas,
muito vistosas, com 2-2,5cm na antese; perianto cilíndrico, tubuloso, perfeitamente diferenciado em
sépalas e pétalas; androceu formado por numerosos estames, com filetes longos, inseridos no perianto;
anteras globosas, biloculares, pequenas; gineceu constituído de ovário ínfero, unilocular, pluriovular.
Fruto baga, deiscente, sucosa, ovóide a alogado-cônica, pequena, com 3,5-4,5x1,3-1,5(-1,7)cm, glabra;
exocarpo róseo; mesocarpo mucilaginoso; sementes não expostas, negras e brilhantes, no fruto
maduro.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, K. Pinheiro 74 & M. Alves (UFP); Distrito Vertentes, Fazenda
Baixio Grande, 03.X.2006, Y. Melo et al. 87 (UFP); Baixa Grande, 08.II.2007, M. F. A. Lucena et al. 1671 (UFP); Estrada para o
Sítio Areia Malhada, 16.IV.2007, P. Gomes et al. 275 (UFP); Fazenda Baixio Grande, 19.IV.2007, Y. Melo et al. 190 (UFP).
Comentários: conhecida popularmente na região como Rabo-de-raposa, espécie endêmica do
Brasil, ocorrendo em Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Piauí, ocorrendo exclusivamente em poucas
áreas na caatinga (Taylor & Zappi 2004), sendo encontrada em solos areno-pedregosos e argilosos. No
município de Mirandiba, a espécie ocorre com poucos indivíduos habitando áreas de caatinga bem
preservadas, em solos areno-pedregosos e geralmente em áreas sombreadas.
17.3. Harrisia adscendens (Gürke) Britton & Rose, Cact. 2: 155. 1920.
Arbustos áfilos, 1,5-3m alt. Cladódio pouco articulado, ramificações escandentes, com alguns
pêndulos quando mais velhos; artículos alongados, geralmente crassos, pouco anguloso, costelas quase
imperceptíveis, com polpa mucilaginosa; aréolas armadas, distanciadas de 1,5-2cm, entre si, 0,5-0,8cm
diâm., formando pequenos tubérculos endurecidos; espinhos rígidos em número e tamanho diferentes;
os radiais 4-9, medindo 0,2-1cm, de cor cinza; 2-3 espinhos centrais, medindo de 2-4cm de compr.,
aciculares, cinzentos. Flores andróginas, isoladas, sésseis, inseridas nos ângulos, laterais, no centro
das aréolas, bastante ornamentais, noturnas, muito vistosas, com 18-22cm compr. na antese; perianto
infundibiliforme, tubo longo, perfeitamente diferenciado em sépalas e pétalas; androceu formado por
numerosos estames, com filetes longos, inseridos no perianto; anteras globosas, biloculares, pequenas;
gineceu constituído de ovário ínfero, unilocular, pluriovular;. Fruto baga, deiscente, sucosa, globosa,
17.4. Melocactus zehntneri (Britton & Rose) Luetzelb., Estud. Bot. Nordeste 3: 111.
1926.
Ervas globosas, mucilaginosas, áfilas, não ramificadas; 20-30x15-20cm, verde-claro, às vezes
glauco, com 10-12 ângulos, dotados de aréolas com 0,7-1,0cm diâm., separadas entre si de 1,0-1,5cm,
armadas com 9-10 espinhos, córneos, levemente recurvos, acinzentados ou marrom-avermelhados, de
vários tamanhos, sendo os inferiores maiores. Cefálio globoso ou cilíndrico, central, terminal, 10-15cm
diâm., revestido por numerosos pêlos róseos, rígidos, onde se aglomeram, de forma espiralada, as flores e
os frutos. Flores róseo-esbranquiçadas, pequenas, 1,5-2,0cm compr., quase completamente exsertas do
cefálio, 2,0-2,5x0,3-1,0cm; androceu formado por numerosos estames, inseridos na fauce do perigônio;
filetes alargados na base; anteras diminutas, globosas, biloculares; ovário ínfero, diminuto, unicarpelar,
pluriovular; estilete muito delgado; estigma com 4-5 lobos, alvacentos. Fruto baga, alongado-cônica,
2,0-2,5x0,5-1cm, rósea na parte superior e esbranquiçada no 1/4 basal, sementes numerosas, diminutas
(<0,2cm), globosas, pretas.
Material examinado: Estrada para Serra do Tigre, 10.XI.2007, Y. Melo et al. 110 (UFP).
Comentários: conhecida popularmente na região como Coroa-de-frade, esta espécie endêmica
do Nordeste, encontrada principalmente na caatinga e nos campos rupestres da Bahia (Taylor 1991),
habitando principalmente os solos rochosos, arenosos e graníticos. Atualmente, tem sido usada em
jardinagem e comercializada com fins ornamentais. No município de Mirandiba, esta espécie apresenta
grandes populações.
perianto; anteras subglobosas; pericarpelo 0,6-1cm compr., ovóide. Fruto baga 3-6x4-6cm, suculenta,
subglobosa, deiscente lateralmente; epicarpo glabro, purpúreo; polpa funicular mucilaginosa, purpúrea;
sementes ca. 2mm compr., obovóides a cordiformes, expostas no fruto maduro.
Material examinado: Fazenda Baixa Grande, 08.II.2007, M. F. A. Lucena et al. 1670 (UFP).
Comentários: conhecida popularmente na região como Xique-xique, espécie endêmica do
Nordeste do Brasil, ocorrendo desde o Maranhão até a Bahia, com ampla distribuição na caatinga
(Taylor & Zappi 2004), sendo encontrada em solos areno-pedregosos e afloramentos rochosos. No
município de Mirandiba, a espécie ocorre com poucos indivíduos habitando áreas de caatinga bem
preservadas ou parcialmente antropizadas.
17.6. Tacinga inamoena (Britton & Rose) N.P. Taylor & Stuppy, Succ. Pl. Res. 6: 119.
2002.
Opuntia inamoena K. Schuman Fl. bras. 4, 2: 306. 1890.
Subarbustos eretos ou decumbentes, 30-60cm alt.. Cladódios compressos, orbiculares,
ovais ou obovais, 5-13cm compr., 5-12cm larg., verde escuros a verde amarelados, com epiderme não
verrucosa; aréolas castanho claras, distanciadas 1-2cm, desprovidas de espinhos, externamente com
aparência punctiforme, imersas no cladódio, com secção oval, preenchidas por númerosos gloquídeos,
2-3mm, agudos, translúcidos, dotadas de diminutas espículas reflexas dispostas aos pares. Flores
diurnas, localizadas no ápice dos cladódios terminais, 3,5-4,2cm; pericarpelo globoso, 1,8-2,0cm, verde;
segmentos do perianto eretos na antese, (1,5-)1,7-2,2cm, laranja a alaranjados, com ápices apiculados,
crassos externamente, ovais, internos obovais, delgados, venulosos; estames numerosos, expostos,
eretos; lobos do estigma exsertos. Frutos 3,5-4,5cm diâm., globoso a depresso globoso, amarelo a
alaranjado, polpa funicular translúcida, muitas sementes; sementes 3-3,2mm compr., negras, protegidas
por um arilo esclerificado anelar, testa lisa, fosca.
Material examinado: Serra do Tigre, 03.III.2006, K. Pinheiro 49 & M. Alves (UFP); Serra do Tigre, 08.II.2007,
Y. Melo et al. 164 (UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, M. T. Vital et al. 115 (UFP). Próximo a Serra das Umburanas, 18.IV.2007,
D. Araújo et al 254 (UFP).
Comentários: conhecida popularmente na região como Palma-miúda ou Cambeba, esta
espécie é endêmica do Brasil. No Brasil foi registrada para Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba,
Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe (Taylor & Zappi 2004). No município de Mirandiba,
foram registrados vários indivíduos sobre rochas ou em solos pedregosos e áreas abertas. Suas flores
variam de vermelho a vermelho-alaranjadas. De acordo com Taylor & Zappi (2004), diferencia-se de
T. saxatilis por apresentar aréolas espaçadas, separadas por 1-2cm, cladódios geralmente sem espinhos
na maturidade.
17.7. Tacinga palmadora (Britton & Rose) N.P. Taylor & Stuppy, Succ. Pl. Res. 6: 112.
2002.
Opuntia palmadora Bitton & Rose, Cact. 1: 202 (1919).
Subarbustos eretos, colunares, 60-140cm alt.. Cladódios compressos, ovais ou obovais, com
base cilíndrica, 10-15cm de compr., 5-8(-10)cm larg., verde escuros a verde-cinéreos, com epiderme
verrucosa; aréolas alvas alvo-cinéreas, dispostas em malhas não ortogonal, distanciadas 1-1,6cm, providas
de espinhos, armadas, externamente com aparência estrelada, imersas no cladódio, com secção oval a
circular, preenchidas por númerosos gloquídeos, 2-3mm, agudos, dourados a castanhos, mergulhados
no feltro da aréola. Flores diurnas, tubulosas, localizadas no ápice dos cladódios terminais, 2,8-3,3cm;
pericarpelo subgloboso a globoso, 1,3-1,5cm, verde; segmentos do perianto eretos na antese, 1,3-1,7cm,
vermelhos, com ápices apiculados, crassos externamente, ovais, internos obovais, delgados, venulosos;
estames numerosos, geralmente inclusos, eretos; lobos do estigma inclusos. Frutos 2,5-3,5cm diâm.,
globoso a depresso globoso, verde-amarelados a avermelhados, polpa funicular translúcida, muitas
sementes; sementes 2,5-3mm compr., negras, protegidas por um arilo esclerificado anelar, testa lisa,
fosca.
Material examinado: Distrito de Vertente, Fazenda Baixio Grande, 03.X.2006, Y. Melo et al. 88 (UFP).
Comentários: conhecida popularmente na região como Quipapá ou Palmatora, esta espécie
é endêmica do Brasil. No Nordeste brasileiro ocorre desde o Rio Grande do Norte até a Bahia, com
ampla distribuição na caatinga (Taylor & Zappi 2004). No município de Mirandiba, a espécie ocorre
com vários indivíduos habitando áreas de caatinga, em geral aberta, em solos areno-pedregosos ou
sobre rochas. Suas flores variam de vermelho a vermelho-alaranjadas. Diferencia-se de T. inamoena por
apresentar espinhos, 0,7-1,3cm de comprimento e flores geralmente tubulosas e vermelhas.
18. Capparaceae
Maria Bernadete Costa e Silva
Está distribuída nas regiões tropicais, subtropicais e temperada, especialmente das Américas,
África e Ásia, com cerca de 40 gêneros e 700 espécies. No Brasil, a família está amplamente distribuída,
com aproximadamente sete gêneros e 50 espécies, ocorrendo de norte a sul, em todas as regiões
Costa e Silva, M. B. 1996. Capparaceae. In: Sales, M. F.; Mayo, S. J. & Rodal,
M. J. N. (eds.). Plantas vasculares das florestas serranas de Pernambuco: um checklist da
flora ameaçada dos brejos de altitude de Pernambuco, Brasil. Universidade Federal Rural de
Pernambuco (Imprensa Universitária), Recife.
Costa e Silva, M. B. 2002. Diversidade e Distribuição da família Capparaceae Juss. no
estado de Pernambuco – Brasil. In: Tabarelli, M. & Silva, J. M. C. da (orgs.). Diagnóstico ds
Biodiversidade de Pernambuco. SECTMA, Recife. 1: 305-312.
Eichler, A.G. 1865. Capparideae. In: MARTIUS, C. & EICHLER, A. G. (eds.). Flora
Brasiliensis, 13(1): 237-344.
Ruiz-Zapata, T. & Iltis, H.H. 1998. Capparaceae. In: P. Berry, B.K. Holst & K.
Yatskievych (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana, 4: 132-157.
18.1. Capparis coccolobifolia Mart., Fl. bras. 13(1): 253. 1865. Prancha 11, fig. C.
Arbustos ou árvores, até 8m alt., ramos florais geralmente em zig-zag. Folhas alternas;
nectário extra-floral intrapeciolar, globoso; lâmina 5-20x1,5-6cm, coriácea, largo-elíptica a largo-oval
ou arredondada. Inflorescência racemosa a paniculada, pauciflora. Flores pediceladas; brácteas
brevemente caducas, diminutas; sépalas em dois verticilos, as externas 2, com 5-7x7-9mm, as internas 2,
ca. 0,9x1cm, coriáceas, arredondadas, côncavas, branco-amareladas; nectários 4, inseridos no receptáculo;
pétalas 1,5-4x1-3cm, obovais levemente côncavas, branca a creme; estames em torno de 100, inseridos
num disco de 1mm compr.; filetes 2-4cm compr., brancos a róseos, pilosos na base; anteras creme a
amarelo-pálido; ginóforo 3,5-8cm compr.; ovário cilíndrico-cônico, róseo-alaranjado; estigma discóide.
Fruto cápsula folicular, 5-15cm compr. e 1,5-2,5cm diâm., superfície rugosa, constricções; sementes ca.
45, elipsóides, distribuídas em duas fileiras.
Material examinado: Serra do Tigre, 30. III.2006, M. F. A. Lucena et al. 1175 (UFP).
Comentários: no Brasil é restrita a região Nordeste, preferencialmente na Bahia e em
Pernambuco. Está associada a vegetações de mata seca. Em Mirandiba foi encontrada em em solos
argiloso-arenosos avermelhado e até pedregosos. É interessante mencionar que em solos arenosos, os
indivíduos apresentam as flores e folhas maiores e folhas menos coriáceas e mais glabras. O período de
maior floração foi de abril a junho enquanto o de frutificação foi de maio a julho. É próxima de Capparis
flexuosa pelo hábito, tipo de fruto e presença de nectários extra-florais.
30cm compr., verde a castanho com estrias verde-escuras, endocarpo vermelho-vináceo; sementes 15-
30, elipsóides a ovóides, esverdeadasrecoberta por um arílo branco oleginoso.
Material examinado: Serra do Tigre, 8. II. 2007, Y. Melo et al. 107 (UFP).
Comentários: no Brasil Capparis flexuosa ocorre em quase todas as regiões, em solos argilosos
e/ou arenosos. É encontrada em Pernambuco, em todas as zonas fitogeográficas, incluíndo o
Arquipélago de Fernando de Noronha, onde apresenta porte arbóreo. Em Mirandiba foi coletada em
caatinga arbustiva densa. Floresce praticamente durante todo o ano e mais intensamente de outubro a
maio e é conhecida popularmente como “feijão de boi”.
18.3. Capparis jacobinae Moric. ex Eichler in Mart. Fl. bras. 13(1): 277. 1865.
Prancha 11, fig. D.
Arbustos, com 1,5-6m alt., recobertos por tricomas estrelados cremes nos ramos, face inferior
das folhas, pecíolo, inflorescência, pedicelo, cálice, disco e base dos estames. Folhas alternas, espiraladas,
curto-pecioladas; lâmina 6-14,5x0,5-1,5cm, coriácea, linear a estreito-lanceolada. Inflorescência
racemosa terminal densiflora; bráctea 1, linear-subulada, 1-6mm compr. Flores pediceladas; sépalas em
dois verticilos, largo-ovais, côncavas; as duas externas 0,7-1x0,6-0,8cm, as internas 4-6x3-5mm, brancas,
levemente indumentadas na porção mediana superior; nectários florais 4, localizados internamente na
base das sépalas, ca. 3x3mm, verde amarronzadas com estrias róseas; pétalas 1-1,2x0,6-0,8cm obovais,
sésseis, levemente côncavas, glabras, margem ciliada, brancas a róseas; estames 40-50, inseridos num
disco ca. 1x3mm; filetes brancos a rosados; anteras amarelo-clara; ginóforo 1-3cm compr.; ovário
botuliforme, glabro; estigma séssil, discóide. Fruto bacóide 12-15x3-5cm; sementes 13-27, 2-2,3cm
compr., creme.
Material examinado: Serra das Umburanas, 10.II.2007, M. F. A. Lucena et al. 1290 (UFP).
Comentários: Capparis jacobinae apresenta distribuição exclusiva no Nordeste do Brasil. Sua
ocorrência foi confirmada nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia.
Em Pernambuco a espécie está bem distribuída especialmente dentro do semi-árido, do agreste ao sertão,
em vegetação de matas secas e caatingas arbórea-arbustivas, com solos arenosos e em altitudes acima de
310m. Em Mirandiba foi encontrada em solos argilosos a pedregosos. Seus frutos são semelhantes, na
forma e tamanho aos de Capparis yco, diferenciando, apenas, por ser glabro e esverdeado e com a polpa
mais clara. É conhecida popularmente como “icó banana” ou “icó branco”.
18.4. Capparis yco (Mart.) Eichler in Mart., Fl. bras. 13(1): 272. 1865. Prancha 11, fig. A.
Arbustos, 2-5m alt., recobertos por indumento estrelado creme amarelado, que reveste
ramos, pecíolo, folhas, inflorescências, sépalas, face externa das pétalas, disco, base dos estames,
ginóforo e ovário. Folhas opostas, discolores, lâmina 9-23x3-8cm, coriácea, lanceolada a oval oblonga.
Inflorescência paniculada, bráctea 1, subtendendo cada botão floral, 0,8-1cm compr., linear-subulada.
Flores sépalas 1-1,8x4-7mm, reflexas, persistentes, amarelas; nectários florais 4, na base das sépalas,
3-5x2-4mm, oblongóides; pétalas 1,5-2x0,5-0,7cm, sésseis, obovais-oblongas, amarelas, reflexas no
terço superior e eretas no restante simulando um tubo; estames 14-16, de tamanhos variados, dispostos
no disco, anteras amarelas; ginóforo 3,5-5cm de compr.; ovário 3-5mm de compr., botuliforme, estigma
discóide. Fruto bacóide, 6-10x4,5-6cm,ovóide, amarelado; sementes 10-20, envolta em polpa amarela.
Material examinado:Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. Lucena 1454, et al.(UFP).
Comentários: distribuição restrita ao Nordeste do Brasil, principalmente Bahia e Pernambuco,
na região semi-árida, às vezes, em “brejos de altitude”, em torno de 880m. Em Mirandiba foi encontrada
em vegetação de caatinga hiperxerófila densa de solo arenoso. Floresce e frutifica durante todo ano, e é
conhecida popularmente, em Pernambuco como “icó preto” ou “icó de cavalo”.
18.5. Cleome diffusa Banks ex DC., Prod. 1: 241. 1824. Prancha 11, fig. G.
Ervas, 25-50cm alt.; ramos armados, pubérulo-glandulares. Folha 3-5 foliolada; folíolo séssil,
lanceolado a elíptico, central 1,5-4,5x1,5-2cm, laterais 1-2,7x0,5-1cm. Inflorescência em racemo
terminal, pauciflora; bráctea oval a lanceolata, 1-2,5cmx0,5-1,5cm, persistente, subséssil. Flor zigomorfa;
sépala subulada, linear a lanceolada, 3-5mm compr., verde, patente, decidua; pétala ungüiculada, unha ca.
2mm compr.; lâmina oblanceolada, ca. 5x3mm, branca, glabras; disco globoso; estames 6, desiguais, 2 a
2, glabros, antera oblonga, amarela; ginóforo ausente a 2mm compr.; ovário fusiforme, 6mm compr.,
estigma séssil, discóide. Fruto cerácio fusiforme, agudo a acuminado em ambas as terminações, 0,8-
3x0,3-0,5cm, glabro, liso, esverdeado; carpóforo até 1cm; semente piriforme, tricomas sobre pequenas
cristas transversais e uma das terminações alongada e unida à outra pelo arilo branco.
Material selecionado: Fazenda Trocão, 16.IV.2007, K. Pinheiro et al. 215 (UFP).
Comentários: Cleome diffusa, com ampla distribuição, é restrita ao Brasil, da Paraíba, a Santa
Catarina. É uma planta anual que ocorre em ambientes abertos e terrenos abandonados, tendo sido
encontrado em Mirandiba nas margens da estrada, em solos secos e arenosos. É próxima a Cleome aculeata,
pelo porte semelhante e diferem pelo número de folíolos que nesta última, é apenas trifoliolada.
18.6. Cleome guianensis Aubl., Pl. Guian. 2: 675 1775. Prancha 11, fig. I.
Ervas eretas, 10-50cm alt., inermes, glabras. Folha séssil, alterna a pseudo-verticilada; folíolo
filiforme a estreito-linear, 0,5-3,5x0,1cm. Flor isolada, axilar; sépala desigual, lanceolada, estreito-
eliptica, 2-4x0,6-1mm; pétala espatulada, obovada, 4-6x2-3mm, amarela, glabra; estames 8, desiguais,
4 filetes de 6-7mm compr., antera 0,8mm compr., 4 estames, apofisados, filete 4-5mm compr., anteras
estéreis, com a metade do tamanho das férteis, apófise globosa; ovário séssil, fusiforme; estigma difuso.
Fruto cerácio cilíndrico toruloso, agudo em ambas as terminações, 2-2,5x0,2-0,3cm, glabro, estilete
persistente; semente obovóide, 1-2x1,3-1,6mm, tuberculada a fortemente transverso rugosa, com
protuberâncias semelhantes a espinhos, uma das terminações longa e pontiaguda.
Material selecionado: Cacimba Nova, 3.III.2006, M. F. A. Lucena et al. 1192 (UFP ); Serra das Umburanas,
18.IV.2007. Y. Melo et al. 169 (UFP).
Comentários: está distribuída desde o México passando por Cuba, Guianas, Colômbia,
Venezuela até o Brasil, onde ocorre em todas as regiões exceto a Sul, em elevações de até 1600m, em
ambientes abertos, margens de estradas, pântanos e leitos secos de rio. Em Mirandiba foi encontrada
na caatinga arbustiva aberta densa de solo arenoso. Cleome guianensis é próxima de Cleome tenuifolia com
folhas semelhantes, diferindo pelas flores grandes e fruto ovalado e inflado desta última.
Prancha 11. Figura A. Capparis yco. Ramo florífero. B. Capparis flexuosa. Fruto. C. Capparis
coccolobifolia. Fruto. D. Capparis jacobinae. Ramo florífero. E. Cleome spinosa. Ramo florífero. F. Cleome
rotundifolia. Ramo florífero. G. Cleome diffusa. Ramo florífero. H. Cleome tenuifolia. Hábito. I. Cleome
guianensis. Hábito. J. Cleome lanceolata. Hábito.
18.7. Cleome lanceolata (Mart. & Zucc.) H. H. Iltis, Brittonia 11: 149. 1959. Prancha
11, fig. J.
Ervas eretas, 7-35cm alt. inermes, glabras. Folha peciolada; estípula diminuta, triangular-
lanceolada; folha lanceolada, 2-3x1-1,5cm, glabra. Inflorescência em racemo terminal ou axilar;
bráctea setácea, diminuta, caduca. Flor pendente; sépala subulada, lanceolada, elíptica, 2-3mm compr.;
pétala espatulada, oboval, rômbica, ápice 4-6,5x2mm, amarela a alaranjada, glabra; estames 6, quatro
filetes 4-5mm compr., antera 0,8-1,2mm compr., dois apofisados, filete 3-4mm compr., apófise cônica,
disciforme; ovário séssil, cilíndrico, estilete persistente no fruto, estigma globoso. Fruto cerácio
fusiforme, longitudinalmente estriado, 1,6-4x0,1-0,4cm, glabro; semente coclear a orbicular, de 1-2mm
diâm., com tubérculos e rugosa transversalmente com saliências cônicas na testa, membrana afundada
na abertura.
Material selecionado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007. L. L.Santos 255 et al (UFP).
Comentários: ocorre na região Nordeste do Brasil, do Piauí a Bahia, em vegetação de caatinga,
ambientes abertos e solos variados. Em Mirandiba foi encontrada em caatinga herbácea-arbustiva. É
facilmente reconhecida por seu pequeno porte, por suas folhas lanceoladas e suas flores amarelas,
sendo muito próxima de Cleome guianensis, que difere principalmente pela forma das folhas e semente.
18.8. Cleome rotundifolia (Mart. & Zucc.) Iltis, Brittonia, 11: 159. 1959. Prancha 11,
fig. F.
Ervas decumbentes, prostradas, 10-35cm alt., pubérulo-glandulares. Folha séssil ou subséssil;
estípula diminuta; folha oval a suborbicular, 10-30x5-14mm,. Flor isolada na axila da folha; sépala ca.
1mm, pubérula na face externa; pétala unguiculada, unha delgada, oblanceolada, aguda a arredonda,
amarela, 7-9x2-3mm; estames 8, de tamanhos diferentes, 4 filetes 4-5mm compr., 4 filete apofisados,
3-4mm compr., apófise estreita, cônica a subsagitada, ca. 0,7m compr., antera 0,5-1,7mm compr.;
ovário elíptico, pubescente, estilete persistente no fruto. Fruto cerácio séssil, oval, elíptico puberulo,
reflexo, 8-14x6-9mm. Semente de forma conduplicada comprimida, apresentando longos acúleos na
superficie ondulada, 3-4x2,5-3,5mm, e totalmente revestida de pequenos tricomas, e com uma das
terminações que se prolonga como um grande espinho.
Material selecionado: Fazenda Vertentes, 19.V.2007, M. C. Pessoa et al 153 (UFP); Estrada para Cacimba Nova,
31.III.2006. K. Pinheiro 103(UFP).
Comentários: possui distribuição restrita ao Nordeste do Brasil. É endêmica em vegetação
de caatinga, ocorrendo do Piauí a Bahia em elevações de 100 a 500m, em solos arenosos a pedregosos
Em Mirandiba foi encontrada em caatinga arbustiva densa; em solo arenoso. Cleome rotundifolia é uma
espécie facilmente reconhecida por ser a única espécie do gênero com folhas ovais.
18.9. Cleome spinosa Jacq., Enum. Pl. Car.: 26. 1760. Prancha 11, fig. E.
Ervas a subarbustos, até 2,5m alt., ramos armados ou inermes, hirsutos, pubérulos, pilosos a
tomentoso-glandulares. Folha 5-7 folioladas; folíolo lanceolado a oblanceolado, central 5-12,5x0,5-3cm,
laterais 1,5-6,5x0,5-1,6cm, pubérulo a piloso nas duas faces. Inflorescência em corimbos terminais,
0,2-1m compr. Flor hermafrodita, masculina e feminina na mesma inflorescência, zigomorfa; bráctea
simples, cordiforme a lanceolada; sépala linear a lanceolada, aguda a acuminada, 0,7-1cm compr, verde,
pubérula na face externa; pétala unguiculada, unha 0,9-2cm compr., lâmina 1,5-2x0,4-1cm, pubérula,
branca a rosa pálido; disco globoso, obliquamente cônico; estames 6, iguais, glabros, filete 2-6cm compr.,
lilás a vermelho escuro, antera 0,7-1cm; ginóforo 3,5-6cm compr.; ovário botuliforme; pubérulo, estigma
séssil. Fruto cerácio cilíndrico a fusiforme, 8-20x0,4cm, reflexo, glabro a pubérulo; semente reniforme,
ca. 2mm diâm., terminações abertas e algumas cristas transparentes no dorso.
Material selecionado: Vertentes, 07.II.2007, M. F. A. Lucena et al.1662 (UFP); Salinas, 08.X.2006. M. F. A.
Lucena et al. 1628 (UFP); Serra do Tigre, 08.II.2007, Y. Melo et al. 116 (UFP).
Comentários: esta espécie, de ampla distribuição na América, ocorre no Sudeste do México,
Indias Ocidentais, passando pela Colombia, Costa Rica, Venezuela, Equador e Bolívia, entrando no Brasil
onde ocorre de norte a sul, em elevações de até 1000m, ocorrendo em solos encharcados, próximos a
lagos em leitos secos de rio e margens de estradas. Em Mirandiba foi encontrada na caatinga arbustiva
aberta sedimentar; de solo arenoso, alaranjado. Cleome spinosa é altamente polimórfica, apresentando
variações morfológicas distintas. É próxima de C. hassleriana, da qual difere por esta ter pétalas roseas
glabras e fruto curto e pubérulo
18.10. Cleome tenuifolia (Mart. & Zucc.) H. H. Iltis, Brittonia 11: 161. 1959. Prancha
11, fig. H.
Ervas eretas, 20-40cm alt.; ramo glabros, inermes. Folha séssil; filiforme, 15-40x0,4-0,5mm.
Flor isolada, axilar; sépala lanceolada, raro oblonga, 4-6x1,2-2mm; pétala espatulada, rombóide, oboval,
10-14x4-5mm, branca a amarela; estames 6, 2 maiores, filete 6-9mm compr., 4 apofisados com filete
5-7mm compr.; apófise obcônica a esférica; antera 2-2,3mm compr.; ovário séssil, elíptico; estilete
0,5-1mm, filiforme, persistente no fruto, estigma difuso. Fruto cerácio, oval a arredondado, inflado,
9-15x8-10mm, ápice acuminado, base aguda, valva glabra; semente com ornamentação aculeada, 4,5-
5x4-4,9mm, pubérula com os tricomas de base larga.
Material selecionado: Serra do Tigre, 03.X.2006. M. F. A. Lucena et al. 1616 (UFP).
Comentários: restrita a região Nordeste do Brasil, em vegetação de caatinga, ocorrendo nos
estados de Pernambuco, Bahia e Piaui, em elevações de ca. de 500m, em terrenos arenosos e nos lugares
mais áridos. Cleome tenuifolia recebeu este nome por causa de suas folhas filiformes e delicadas. É muito
semelhante a C. guianensis por ambas apresentarem folhas filiformes, diferindo pelo formato do fruto.
19. Chrysobalanaceae
Juliana Santos Silva & Eduardo Bezerra de Almeida Jr.
Subarbustos, arbustos, árvores ou lianas. Folhas alternas, simples, margem inteira; estípulas
caducas ou persistentes; pecíolo freqüentemente com duas glândulas laterais. Inflorescências racemosas,
paniculadas ou cimosas; brácteas e bractéolas, glândulas, quando presente, sésseis ou estipitadas. Flores
hermafroditas, actinomorfas ou zigomorfas, diclamídeas ou raramente monoclamídeas; cálice (4-)5-
mero, dialissépalo ou gamossépalo, freqüentemente glandular; corola (4-)5-mera, dialipétala, branca
ou púrpura, às vezes, ausente; estames (2-)5-numerosos, às vezes dispostos unilateralmente, filetes
filiformes, livres ou unidos entre si, anteras pequenas, rimosas, glabras ou pubescentes; disco nectarífero
presente; ovário súpero, geralmente unilocular com 2 óvulos, ou bilocular com um óvulo em cada
lóculo; estilete ginobásico, filiforme. Fruto drupa, seca ou carnosa; sementes 1-2 por lóculo, carnosas.
19.1. Licania rigida Benth., J. Bot. Hooker 2: 220. 1840. Prancha 12, fig. A-D.
Árvores, 6-12m alt., lenticeladas. Folhas coriáceas, glabrescente-puberulentas; 10,5-13,5x4,5-
7cm, elípticas, base obtusa, ápice obtuso-mucronulado, eucamptódroma; pecíolo 0,5-1,5cm compr.,
puberulento, glândulas -2, sésseis; estípulas ausentes. Inflorescência cimosa-paniculada, terminal;
címulas 4-5 flores; raque tomentosa, tricomas acinzentados; brácteas e bractéolas 1,5-2mm compr., ovais,
tomentosas, persistentes, eglandulares. Flores 2,8-3mm compr., cremes; pedicelo 0,5-1mm compr.,
tomentoso; receptáculo campanulado, tomentoso; cálice gamosépalo, lobos 5, agudos, tomentosos;
corola dialipétala, pétalas 5, elípticas, puberulentas; estames 10, agrupados, filete densamente velutino;
ovário inserido na base do receptáculo, lanoso; estilete viloso. Fruto 2,5-3,5x0,8-1cm, seco, glabro.
Material examinado: Salinas, 4.X.2006, M. F .A. Lucena et al. 1623 (UFP, PEUFR, RB, MO).
Material adicional: PERNAMBUCO: Recife, Dois Irmãos, 1.III.1969, I. Pontual 992 (PEUFR).
Comentários: espécie comum em área de mata ciliar dos cursos de água temporários do
20. Combretaceae
Maria Iracema Bezerra Loiola
Ervas, arbustos, árvores e lianas, heliófilas, xerófilas a halófitas. Folha simples, inteira, oposta,
alterna, espiralada ou verticilada, peciolada, coriácea a cartácea, glabrescente a cinéreo-pubescente,
com ou sem tricoma glandular ou escamoso. Inflorescência axilar ou terminal, espiga, panícula ou
racemo, com o mesmo padrão de tricoma da folha. Flores 4-5-meras; hipanto inferior aderente ao
ovário, hipanto superior em tubo curto ou alongado, de forma variável e terminando nos lobos do
cálice; estames 4-8, raro ausentes, exsertos ou inclusos; disco nectarífero geralmente na base do hipanto
superior; ovário ínfero, unilocular; 2-6 óvulos, apicais, com placentação pêndula. Fruto geralmente
indeiscente, drupa ou sâmara com 2-5 alas papiráceas a coriáceas; semente 1, endosperma ausente.
EXELL, A. W. 1953. The Combretum species of the new world. Botanical Journal of the
Linnean Society, 55(356): 130-141.
LOIOLA, M. I. B. & SALES, M. F. 1996. Estudos taxonômicos do gênero Combretum Loefl.
(Combretaceae R. Br.) em Pernambuco – Brasil. Arquivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro,
34(2): 173-190.
20.1. Combretum hilarianum D. Dietr., Syn. Pl. 2: 1303. 1840. Prancha 12, fig. E-J.
Arbustos escandentes a arvoretas, 2-3m alt.; ramos, folhas e inflorescências densamente
revestidos por indumento viloso a seríceo, sendo raro o escamoso. Folhas 6-7,8cm compr., estreito-
elípticas a lanceoladas, base obtusa, levemente obcordada, ápice agudo a caudado, face superior vilosa
a serícea, face inferior densamente vilosa. Inflorescência racemosa, densiflora; eixo dos racemos 3,3-
4,2cm compr. Flores 0,5-0,6cm compr.; hipanto inferior fusiforme, externamente tomentoso; hipanto
superior raso-cupuliforme; lobos do cálice deltóides; pétalas obovado-espatuladas, cremes; estames 8;
disco nectarífero aneliforme, margem livre, densamente viloso.
Material examinado: Estrada para o Sítio Areia Malhada, 16.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 111 (UFP, UFRN);
Serrotinho, 31.III.2006, M. F. Lucena et al. 1183 (UFP, UFRN); Fazenda Areias, 31.V.2006, M. F. Lucena et al. 1463 (UFP,
UFRN); Várzea do Tiro, 15.VII.2008, K. Pinheiro 904 (UFP); Chacal, 19.VII.2008, K. Pinheiro1066 (UFP)..
Comentários: espécie neotropical com distribuição restrita ao Brasil e Peru, ocorrendo em
locais com altitude variando entre 490-700m, desde capoeira de vegetação secundária a caatinga. Na
área de estudo foi encontrada em área de caatinga arbustiva densa e solo areno-argiloso. É facilmente
reconhecida por apresentar indumento viloso a seríceo, além do escamoso, nos ramos e elementos
florais, pelo hipanto raso-cupuliforme e pétalas obovado-espatuladas.
20.2. Combretum lanceolatum Pohl ex Eichler in Mart., Fl. bras. 14(2): 10. 1867. Prancha
12, fig. L-Q.
Arbustos escandentes, 4m alt.; ramos, folhas e inflorescências densamente revestidos
exclusivamente por indumento escamoso de contorno irregular, brilhante, transparente a amarelados.
Folhas 6,5-10,2cm compr., estreito-elíptica a elíptica, base aguda, ápice agudo a acuminado, cartáceas.
Inflorescência racemosa, densiflora; eixo dos racemos 7,5-10,5cm compr.. Flores 3,4-4cm compr.;
hipanto inferior tetrágono, densamente lepidoto na face externa; hipanto superior crateriforme,
externamente lepidoto e internamente pubescente; lobos do cálice deltóides; pétalas suborbiculares a
orbiculares; estames 8; disco nectarífero protuberante, envolvendo o estilete, com margem completamente
livre, velutino. Fruto 4-alado, vinho a purpúreo; alas subcoriáceas, secas, esparsamente lepidotas.
Material examinado: Salinas, Sítio do Sr. Zildécio, 04.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1619 (UFPE, UFRN).
Prancha 12. Figuras A-D. Licania rigida Benth. A. Ramo. B. Botão floral. C. Flor. D. Detalhe da flor. E-J.
Combretum hilarianum. E. Ramo florífero. F. Botão com bractéola. G. flor. H. Flor em vista
longitudinal. I. Pétalas em vista dorsal e frontal. J. Fruto. L-Q. Combretum lanceolatum. L. Ramo
florífero. M. Botão com bractéola. N. flor. O. Flor com vista longitudinal. P. Pétala em vista dorsal. Q.
Fruto.
20.3. Thiloa glaucocarpa (Mart.) Eichler in Mart., Fl. bras. 49(10): 151. 1866.
Material examinado: Fazenda Tigre, 23.VII.2008, K. Pinheiro1180 (UFP); 23.VII.2008, K. Pinheiro 1200
(UFP). Comentários: espécie com distribuição sul-americana e ocorrência em áreas do semi-árido brasileiro. Em Mirandiba, foi encontrada em
apenas uma área de caatinga arbustiva de origem cristalino (solo litólico). Distingue-se pelo hábito arbustivo e as folhas opostas, membranáceas,
glabras e subsésseis. As amostras da espécie foram coletadas em fase estéril e após a elaboração da monografia. As mesmas referem-se a parte da
dissertação de mestrado de K. Pinheiro em desenvolvimento na área.
21. Commelinaceae
Jefferson Rodrigues Maciel & Marccus Alves
Ervas eretas ou decumbentes, anuais, hermafroditas. Folha com bainha glabra ou pubescente;
lâmina oval a elíptica, aguda, acuminada ou aguda a acuminada, equilateral a cuneada ou atenuada,
simples, inteira, curtamente peciolada, glabra ou pelo menos ciliada ou ciliolada nas margens.
Inflorescência laxa ou congesta, inclusa ou exserta, subentendida por bráctea espatácea ou foliácea,
pedunculada ou séssil; bráctea glabra ou pubescente. Flor zigomorfa ou actinomorfa, trímera, perfeita,
díclina, diclamídea, diplostêmone; sépalas 3, alvas ou verdes, livres ou as duas ventrais unidas; pétalas
3, amarelas ou azuis, livres, a ventral reduzida ou não; estames 3 ou 6, filete glabro, antera oblíqua ou
divergente, amarela, estaminódio presente ou ausente, quando presente 3, filete glabro; ovário súpero,
trilocular, globoso ou oblongo; estilete curvado ou reto, simples, glabro; estigma lobado ou capitado.
Fruto cápsula loculicida.
Família com distribuição ampla nas regiões tropicais, subtropicais e temperadas de ambos
os hemisférios. É formada por cerca de 650 espécies e 41 gêneros, que ocorrem nas mais distintas
condições ecológicas. No Brasil estão registrados 13 gêneros e 61 espécies, sendo que para região
Nordeste a diversidade da família está estimada em oito a nove gêneros e 19 a 24 espécies. A importância
econômica da família está principalmente relacionada ao uso ornamental de algumas espécies devido à
bela folhagem e flores que elas apresentam.
21.1. Aneilema brasiliense C. B. Clarke in D.C., Monogr. Phan., 3: 225. 1881. Prancha
13, fig. A.
Ervas eretas, 30-50cm alt. Folha com bainha glabra; lâmina 7-13x3,5-4,5cm, oval a elíptica, aguda
a acuminada, atenuada, inteira, peciolada, glabra na superfície e ciliolada nas margens. Inflorescência
laxa, exserta, subentendida por bráctea folhosa; bráctea 1cm compr., glabra. Flor zigomorfa; sépalas
verdes, livres; pétalas livres, azuis, a ventral reduzida; estames 3, antera oblíqua, amarela; estaminódios
3; ovário oblongo, estilete ca. 3mm, glabro, estigma capitado.
Material examinado: Serra do Tigre, 31.V.2006, K. Pinheiro & D. Araújo 169 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.2007,
P. Gomes et al. 291 (UFP).
Comentários: segundo Fadden (1991) este é o único representante do gênero na América
do Sul. Em Mirandiba foi encontrada no subosque de caatinga arbustiva densa, sobre solo pedregoso
umedecido após as chuvas. É caracterizada pela inflorescência laxa muito ramificada e com ramos
longos. Não há indício de que apresente uso econômico na região.
21.2. Callisia filiformis (M. Martens & Galeotti) D.R. Hunt, Kew Bull. 41: 410. 1986.
Prancha 13, fig. B.
Ervas decumbentes, ca. 20cm alt. Folha com bainha glabra ou pubescente; lâmina 2,5-
5x0,4-0,7cm, elíptica, aguda, atenuada, inteira, séssil, glabra na superfície e ciliada nas margens.
Inflorescência laxa, exserta, subetendida por bráctea folhosa, pedunculada; bráctea 1mm compr.,
glabra. Flor actinomorfa; sépalas alvas, livres; pétalas amarelas, livres, sem pétala reduzida; estames 6,
antera divergente, amarela, estaminódio ausente; globoso, estilete 1mm, reto, estigma lobado.
Material examinado: Fazenda Troncão, 16.IV.2007, K. Pinheiro et al. 221 (UFP); Fazenda Troncão, 16.IV.2007,
J. R. Maciel et al. 394 (UFP); Serra do Tigre, K. Pinheiro 148 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, L. L. Santos et al. 252
(UFP).
Comentários: ocorre do México ao Brasil. Esta espécie é muito freqüente no estrato herbáceo
efêmero, sendo indiferente a áreas arenosas ou pedregosas, mas sempre preferindo os ambientes mais
abertos. É caracterizada pelo pequeno porte e flores zigomorfas sem estaminódios e com estames de
21.3. Commelina obliqua Vahl, Enum. Pl. 2: 172. 1805 [1806]. Prancha 13, fig C.
Ervas eretas, 30-50cm alt. Folha com bainha pubescente; lâmina 7-13x1,5-3,8cm, oval a
elíptica, acuminada, aequilateral a cuneada, inteira, curtamente peciolada, glabra. Inflorescência
congesta, inclusa, subentendida por bráctea espatácea, pedunculada; bráctea 2cm compr., pubescente.
Flor zigomorfa; sépalas alvas, duas ventrais unidas; pétalas azuis, a ventral reduzida; estames 3, antera
oblíqua, amarela, estaminódios 3; ovário globoso, estilete 8-9mm, curvado, estigma lobado.
Material examinado: Serrotinho, 30.V.2006, J. R. Maciel et al. 454 (UFP); Serra do Tigre, 31.V.2006, K. Pinheiro
192 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, L. G. Souza 32 (UFP); Serra do Tigre, 30.III.2006, K. Pinheiro & M. Alves 39
(UFP).
Comentários: amplamente distribuída nos neotrópicos esta espécie é caracterizada, dentre as
demais aqui tratadas, pela inflorescência congesta subetendida por uma bráctea espatácea e pelo estilete
longo e curvado. Foi encontrada unicamente no início do período chuvoso, em solo pedregoso e
arenoso úmidos, em áreas abertas ou fechadas. Não há indícios de que apresente algum uso econômico
na região.
Prancha 13. Figura A. Aneilema brasiliensis Ramo florífero B. Callisia filiformis. Ramo florífero. C.
Commelina obliqua. Ramo florífero.
22. Convolvulaceae
Maria Teresa Aureliano Buril-Vital
17’. Trepadeiras��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 19
18. Folhas reniformes����������������������������������������������������������������������������������������������������������Ipomoea asarifolia
18’. Folhas cordadas�����������������������������������������������������������������������������������������������������������Ipomoea procurrens
19. Genitália exserta������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 20
19’. Genitália inserta������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������ 22
20. Inflorescência reduzidas a 1 ou 2 flores����������������������������������������������������������������������� Ipomoea coccinea
20’. Inflorescências tirsóides ou cimeiras truncadas������������������������������������������������������������������������������������� 21
21. Sépalas exteriores menores que as interiores������������������������������������������������������������������ Ipomoea tubata
21’. Sépalas interiores e exteriores do mesmo tamanho������������������������������������������������ Ipomoea marcellia
22. Folhas lobadas���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 23
22’. Folhas inteiras���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 27
23. Folhas levemente lobadas, séplas herbáceas���������������������������������������������������������������������������Ipomoea nil
23’ Folhas profundamente lobadas, sépalas membranáceas a coriáceas���������������������������������������������������� 24
24. Folhas pilosas����������������������������������������������������������������������������������������������������������������Ipomoea blanchetii
24’. Folhas glabras���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 25
25. Folhas apenas 3-lobadas em um indivíduo�������������������������������������������������������������� Ipomoea dichotoma
25’. Folhas 3-5-7-lobadas em um indivíduo��������������������������������������������������������������������������������������������������� 26
26. Sépalas externas ovata-lanceolada, internas ovais��������������������������������������������������������Ipomoea digitata
26’ Sépalas iguais, lanceoladas���������������������������������������������������������������������������������������������������� Ipomoea rosea
27. Sépalas pubescentes������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 28
27’. Sépalas glabras��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 29
28. Sépala coriácea��������������������������������������������������������������������������������������������������������������Ipomoea subincana
28’ Sépala membranáceas������������������������������������������������������������������������������������������������������� Ipomoea discolor
29. Sépalas exteriores menores que as interiores��������������������������������������������������������������Ipomoea bahiensis
29’. Sépalas interiores do mesmo tamanho das exteriores��������������������������������������������������������������������������� 30
30. Sépalas obtusas <0,5cm compr����������������������������������������������������������������������������������Ipomoea brasiliana
30’. Sépalas rotundatas >0,5cm compr������������������������������������������������������������������������Ipomoea macrophylla
22.1. Cuscuta globosa Ridl., J. Linn. Soc., Bot. 27: 48. 1890. Prancha 14, fig. C.
Holoparasitas, caule delgado, volúvel, amarelado, glabro; látex hialino. Áfilas. Inflorescência
tirso, florescências parciais glomérulos com muitas flores. Flores muito pequenas, brancas; sépalas
cupulares, ovais, agudas, glabrescentes, lobos do mesmo tamanho; corola pentâmera, base imbricada;
estames 5, anteras de deiscência longitudinal; estilete 1, estigmas 2, capitados. Fruto cápsula globosa,
4-valvar.
Material examinado: Serrotinho, 15.IV.2007, P. S. Gomes et al. 294 (UFP).
Comentários: Cuscuta globosa é considerada uma espécie endêmica da caatinga com
distribuição restrita a poucos ambientes do Domínio. O gênero Cuscuta é bastante confundido com
Cassyta (Lauraceae), também holoparasita, mas podem ser diferenciados pelas anteras de deiscência
valvar da última.
22.7. Evolvulus tenuis Mart. ex Choisy., Convolv. Diss. Sec.: 156. 1837. Prancha 14, fig
D-E.
Subarbustos decumbentes, densamente pilosos nas regiões mais jovens. Folhas alternas,
ovado-lanceoladas, base rotunda, ápice agudo, margem inteira, lanulosas, membranáceas, lâmina
9-13x12-13mm; pecíolo 1-2mm compr. Inflorescência racemo com 1-3 flores, 3-4 brácteas lanceoladas
na base do pedúnculo axial. Flores ca. 8mm compr., azuis; sépalas iguais entre si, lineares, pilosas, ca.
4mm compr.; corola hipocrateriforme, pouco lobada, glabra; estames 5, alternos aos lobos da corola,
do mesmo tamanho; estiletes 2, cada um com 2 estigmas lineares e com o dobro do tamanho da corola.
Fruto cápsula, globosa.
Material examinado: Fazenda Vertentes, 19.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 160 (UFP).
Comentários: Evolvulus tenuis é agrupada na seção Alsinoidei podendo ser confundida com E.
pohlii. As duas podem ser separadas pelo número de flores por pedúnculo, tendo a última apenas uma.
Entretanto, apesar de E. tenuis ser encontrada com até 3 flores por pedúnculo, a situação mais comum
é ter também apenas uma. Desta forma, um segundo caráter que diferencia as duas espécies é a forma
das sépalas, lanceoladas em E. pohlii e lineares em E. tenuis.
22.8. Ipomoea asarifolia Roem & Schult., Syst. Veg. 4: 251. 1819.
Subarbustos, reptantes, glabros; látex alvo. Folhas alternas, reniformes, base cordada, ápice
obtuso, margem inteira, glabras ou pouco pilosas na face adaxial, lâmina 5-7,5x7,5-10cm; pecíolo 5-6cm
compr., glabro, liso; nectários em depressões. Inflorescência cimeira dicasial, 3-7 flores, pedúnculo
1,5-3cm compr. Flores grandes, róseas; sépalas externas ovais, subcoriáceas, rugosas, internas elípticas,
lisas, maiores duas vezes que as externas; corola infundibuliforme, 7,5-8cm compr., região mesopétala
glabra; estames 5, heterodínamos; estilete 1, estigmas 2, capitados. Fruto cápsula, subglobosa, glabra.
Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, M.T. Vital et al. 103 (UFP, HUEFS); Fazenda Tigre,
03.X.2006, M.F.A. Lucena et al. 1615 (UFP, IPA, HUEFS); Serra do Tigre, 08.II.2007, Y. Melo et al. 114 (UFP).
Comentários: conhecida popularmente como “salsa”, “salsa-brava”, “salsa-da-rua”,
em Mirandiba ocorre principalmente próxima aos leitos dos riachos ou regiões alagadas. Pode ser
confundida com I. pes-caprae que se diferencia principalmente pelas sépalas quase iguais entre si em
tamanho e forma.
22.9. Ipomoea bahiensis Willd ex Roem & Schult. Syst. Veg. 4: 789. 1819.
Ervas volúveis, glabras; látex reduzido, hialino. Folhas alternas, ovais, base cordada, ápice
acuminado, margem inteira, glabrescentes, membranáceas; pecíolo 5-7cm compr., glabro; nectários
em depressões perfuradas. Inflorescência tirso frondoso, inflorescências parciais cimeiras contractas,
umbeliformes, 5-7. Flores vistosas, roxas, fauce vinácea; sépalas externas ovais, cartáceas, margem mais
clara, glabras, sépalas internas oblongas, glabras, maiores que as externas; corola infundibuliforme, tubo
ca. 4,2-5cm compr.; estames 5, didínamos; estilete 1, ca. 1,5cm, estigmas 2, globosos. Fruto cápsula
ovóide, glabra.
Material examinado: Serra do Tigre, 17.IV.2007, E. Córdula et al. 234 (UFP); Fazenda Baixa Grande, 03.X.2006,
M. F. A.Lucena et al. 1601 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro 160 (UFP).
Comentários: espécie muito comum na paisagem da caatinga, ocorrendo inclusive em áreas
antropizadas, como em Mirandiba. Ipomoea bahiensis apresenta um grande polimorfismo foliar. Na área
de estudo ocorre ainda a variedade I. bahiensis var. sagittifolia que diferencia-se principalmente pelos
pecíolos mais curtos, as folhas sagitadas e inflorescência do tipo cimeira com poucas flores (3-5). Esta
subespécie está mais amplamente distribuída na caatinga.
margem inteira, face adaxial escura, vilosa, face abaxial alva, lanosa; pecíolo 4-4,2cm compr., lanoso.
Inflorescência tirso frondoso, inflorescências parciais dicásios com 1-3 flores; pedúnculo 5,1-5,6cm
compr. Flores vistosas, róseas com fauce roxa; sépalas externas ovado-oblongas, pouco maiores que
as internas, glabras, subcoriáceas; corola infundibuliforme, glabra; estames 5, didínamos; estilete 1,
estigmas 2, capitados. Fruto cápsula, globosa, glabra, sépalas persistentes, acrescentes
Material examinado: Fazenda Troncão, 16.IV.2007, J. S. Silva et al. 162 (UFP, IPA); Fazenda Tigre, 17.IV.2007,
L. G. R. Souza et al. 12 (UFP); Sítio Areia Malhada, 16.IV.2007, L. G. R.Souza et al. 06 (UFP).
Comentários: Ipomoea brasiliana é considerada uma espécie endêmica da caatinga, com ampla
distribuição no bioma. Dentre as espécies ocorrentes em Mirandiba, pode ser confundida com I.
subincana (Choisy) Meisn. principalmente pelo hábito, mas as espécies podem ser diferenciadas pela
presença de tricomas densos nas sépalas da última.
22.12. Ipomoea carnea Jacq. ssp. fistulosa (Mart. ex Choisy) D.F. Austin, Enum. Syst.
Pl.: 13. 1760.
Arbustos eretos, 1-2m alt., caule fistuloso, lanuloso; látex abundante, alvo. Folhas alternas,
lanceoladas, base cordada a sagitada, ápice acuminado, margem inteira, faces abaxial e adaxial pubérulas,
lâmina 11-13x3-6cm; pecíolo 3-4cm compr., lanuloso. Inflorescência tirsos, axilares ou terminais,
inflorescências parciais cimeiras, dicasiais, corimbiformes, com até 16 flores; pedúnculo 7-8,2cm. Flores
7-7,5cm, róseas, tubo purpúreo; sépalas ovais, glabras, subcoriáceas; corola infundibuliforme, áreas
mesopétalas pilosas; estames 5, didínamos; estilete 1, estigmas 2, capitados. Fruto cápsulas ovóides,
pilosas.
Material examinado: Fazenda Tigre, 03.X.2006, M. F. A.Lucena et al. 1725 (UFP, IPA, HUEFS); Fazenda
Tigre, 17.IV.2007, M. T. Vital et al. 102 (UFP, IPA); Fazenda Tigre, 08.II.2007, M. T. Vital et al. 64 (UFP, IPA, HUEFS).
Comentários: em Mirandiba, I. carnea é cultivada na Fazenda Tigre e conhecida localmente
como “algodão-bravo”, é ainda conhecida como “mata-cabra” e “mata-pinto” por ser tóxica para
animais em criadouro. É a única espécie de Convolvulaceae com porte de arvoreta presente na área de
estudo. Deve-se salientar que esta espécie faz parte de um complexo composto por I. carnea ssp. carnea
e I. carnea ssp. fistulosa podendo ser diferenciadas pela forma da folha, ovais na primeira e lanceoladas
na segunda.
pedúnculo longo, 24-32cm compr., densamente lanoso. Flores alvas; sépalas iguais entre si, obtusas,
densamente lanosas, membranáceas; corola infundibuliforme, tubo levemente anguloso, cilíndrico, 3,7-
4,1cm; estames 5, mesma altura, exsertos; estilete 1, estigmas 2, capitados, exsertos. Fruto cápsula,
ovóide, esparsamente pilosa.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1431 (UFP, IPA, HUEFS); Serra do
Tigre, 31.V.2006, K. Pinheiro 176 (UFP).
Comentários: Ipomoea marcellia é uma espécie endêmica da Caatinga, inicialmente conhecida
apenas para Pernambuco, apresenta ampla distribuição no domínio. É reconhecida principalmente pela
presença de tricomas densos e alvos tanto nas folhas quanto nas flores.
22.20. Ipomoea procurrens Meisn. in Mart., Fl. bras. 7: 254, tab. 93 (2). 1869.
Ervas decumbentes, estoloníferas, caule levemente anguloso, volúvel, glabro; látex ausente.
Folhas alternas, oblongas, base subcordada, ápice agudo, margem inteira, glabras, lâmina 4-4,5x3,8-
4cm; pecíolo 2-2,3cm compr., glabro. Inflorescência tirso, frondoso, florescências parciais cimeiras
dicasiais truncadas; pedúnculo 4-4,3cm compr. Flores roxas, 5,8-6,6cm compr.; sépalas externas
oblongas, coriáceas, rugosas, menores, internas ovais, acuminadas; corola infundibuliforme, glabra;
estiletes 5, heterodínamos, estilete 1, estigmas 2, capitados. Fruto cápsula, ovóide, glabro.
Material examinado: Fazenda Tigre, 30.V.2006, E. Córdula et al. 52 (UFP, IPA, HUEFS).
21.22. Ipomoea subincana Meisn., Prodr. 9: 325. Prancha 14, fig. F-G.
Lianas, caule cilíndrico, lanoso, tricomas acizentados; látex hialino. Folhas alternas, ovais,
base cordada, ápice agudo a acuminado, margem inteira, face abaxial densamente lanosa, tricomas
acizentados, tricomas esparsos na face adaxial, lâmina7,9-9,5x7,6-7,8cm; pecíolo 2,9-4,1cm compr.,
lanoso. Inflorescência tirso, frondoso, florescências parciais racemos, paucifloras, pedúnculo
lanoso 6-7cm compr. Flores grandes, roxas, fauce do tubo mais escura; sépalas externas ovais, base
arredondada, ápice arredondado a agudo, densamente lanosas, tricomas acizentados, sépalas internas
iguais em forma, pouco maiores; corola subinfundibuliforme, 7-7,5cm compr.; estames 5, didínamos;
estilete 1, estigmas 2, capitados. Fruto não observado.
Material examinado: Serra do Tigre, 31.V.2006, K. Pinheiro et al. 181 (UFP).
Comentários: citada anteriormente como muito confundida com I. brasiliana diferencia-se
pela presença de pêlos densos nas sépalas.
22.24. Jacquemontia confusa Meisn. in Mart., Fl. bras. 7: 294. 1869. Prancha 14, fig
A-B.
Lianas, caule tomentoso. Folhas simples, alternas, ovatas, base subcordada, ápice agudo,
margem inteira, lâmina 4-6x2,5-4,5cm, membranácea, faces abaxial e adaxial tomentosas; pecíolo 1-2cm
compr., tomentoso. Inflorescência cimeira, axilar, corimbiforme, pedúnculo muito curto 3-5mm
compr., multiflora. Flores pequenas, 1-1,2cm compr., alvas; sépalas iguais ou pouco desiguais entre si,
2-3mm compr., ovais, obtusas, glabras; corola infundibuliforme, glabra; estames didínamos; estilete 1,
estigmas 2, lineares, alongados. Fruto cápsula, globosa, 4-valvar, glabra, cálice persistente.
Material examinado: Serra do Tigre, 13.II.2007, K. Pinheiro et al.177 (UFP, HUEFS); Várzea do Tiro,
15.VII.2008, K. Pinheiro 911 (UFP); Chacal, 18.VII.2008, K. Pinheiro 1017 (UFP).
Comentários: Jacquemontia confusa é uma espécie muito próxima a Convolvulus nodiflorus Desr.,
havendo uma grande dificuldade na delimitação desses dois táxons. Aparentemente a única diferença
está no comprimento dos estigmas, cilíndricos em ambas, mais longos em C. nodiflorus. Entretanto,
a variabilidade no comprimento dos lobos do estigma em J. confusa dá margem a várias dúvidas na
identificação dessa espécie.
22.25. Jacquemontia evolvuloides Meisn. in Mart., Fl. bras. 7: 307. 1869. Prancha 14,
fig. H.
Lianas, caule delgado, lanoso; látex ausente. Folhas ovais, base cordada, ápice acuminado,
margem inteira, lanosas, lâmina 2,5-3,5x1,5-2,5cm; pecíolo 2-5mm compr., piloso. Inflorescência tirso,
frondoso, florescências parciais racemos axilares, 2-3 flores; pedúnculo longo, axilar, 5-6,5cm compr.
Flores sépalas iguais entre si, lanceoladas, base arrendondada, ápice acuminado, lanosas, 2-3mm compr.;
corola infundibuliforme, azul, 0,9-1cm compr., áreas mesopétalas glabras, claras; estames didínamos,
alvos; estilete 1, estigmas 2, oval-planos. Fruto cápsula, globosa, 4-valvar, 2-locular.
Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 119 (UFP, IPA, HUEFS); Serra do Tigre,
30.III.2006, K. Pinheiro et al. 35 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro et al. 143 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F.
A.Lucena et al. 1416 (UFP, IPA, HUEFS); Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro et al. 134 (UFP)
Comentários: ocorre em áreas de savanas.
22.26. Jacquemontia glaucescens Choisy, Mém. Soc. Phys. Genève 8(1): 64. 1838.
Material examinado: Chacal, 18.VII.2008, K. Pinheiro1052 (UFP).
Comentários: espécie conhecida de apenas poucas coletas nos herbários locais. Em Mirandiba,
foi encontrada em apenas uma área de caatinga arbustiva de origem sedimentar (areia quartzosas).
Distingue-se das demais espécies do gênero no local pela pilosidade das folhas, o comprimento das
sépalas e coloração das flores. A única amostra disponível da espécie foi coletada após a elaboração da
monografia. A mesma refere-se a parte da dissertação de mestrado de K. Pinheiro em desenvolvimento
na área.
22.27. Jacquemontia gracilis Choisy., Mém. Soc. Phy. d’Hist Nat Gen 6: 476. 1833.
Lianas, caule delgado, densamente lanoso; látex ausente. Folhas ovais, base subcordada, ápice
agudo, margem inteira, tricomas crespos, curtos, lâmina 2-2,5x1,3-1,7cm; pecíolo 0,5-1mm compr.,
piloso. Inflorescência tirso politélico, frondoso, inflorescências parciais racemosas, axilares, 2-3
flores, raro 1; pedúnculo longo, 4,5-5cm compr. Flores sépalas iguais em forma e tamanho, ovais, base
subcordada a arredondada, ápice acuminado, tricomas esparsos presentes apenas nas externas; corola
infundibuliforme lilás, áreas mesopétalas claras; estames de mesma altura, alvos; estilete 1, estigmas 2,
oval-planos. Fruto cápsula, globosa, 8-valvar, amarronzada.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro et al. 159 (UFP); Serra do Tigre, 31.V.2006, K.
Pinheiro et al. 180 (UFP).
Comentários: comum em áreas sombreadas ou mais úmidas. Dentre as espécies de Jacquemontia
ocorrentes em Mirandiba, pode ser confundida com J. evolvuloides devido ao tipo de inflorescência em
racemos com poucas flores, entretanto podem ser diferenciadas pela distribuição dos tricomas nas
sépalas e pelo comprimento dos pecíolos.
22.28. Jacquemontia grandiflora Meisn. Bot. Jahrb. Syst. 57: 41. 1897.
Lianas, caule cilíndrico, convoluto, lanuloso; látex hialino. Folhas ovais a obovais, base
cordada, ápice apiculado, margem inteira, lanosas, tricomas curtos, densos, lâmina 6-6,9cm compr.;
pecíolo piloso 1-1,5cm compr. Inflorescência tirso, frondoso, inflorescências parciais cimeiras,
axilares, congestas, capituliformes, bracteoladas; pedúnculo muito longo, 10-11cm compr.; brácteas
lanceoladas, base subcordadas, ápice acuminado, pilosas, tamanho variável. Flores sépalas lanceoladas,
base subcordadas, ápice acuminado, externas e internas iguais em forma e tamanho, membranáceas,
pilosas; corola infundibuliforme azul, área mesopétala larga, sem coloração diferenciada; estames de
mesma altura, alvos; estilete 1, estigmas 2, oval-planos. Fruto cápsula, globosa, 4-valvar, amarronzada.
Material examinado: Serra do Tigre, 31.V.2006, J. R. Maciel et al. 493 (UFP, HUEFS, RB, MO).
Comentários: inclusa na seção Cymosae, assim como J. multiflora, caracterizada pelo tipo de
inflorescência, podem ser diferenciadas principalmente pela forma das sépalas.
22.29. Jacquemontia multiflora Hallier, Bot. Jahrb. Syst. 16: 543. 1893
Lianas, caule cilíndrico, lanoso; látex ausente. Folhas ovais, base cordada, ápice agudo a
apiculado, margem inteira, ambas as faces lanosas, tricomas curtos, esbranquiçados, lâmina 5,5-6x4-4,5cm;
pecíolo curto, piloso. Inflorescência tirso, frondoso, inflorescências parciais cimeiras umbeliformes
densas, bracteoladas, pedúnculo longo, axilar, 7-8cm compr. Flores sépalas ovais, acuminadas, margem
inteira, tricomas esparsos, externas maiores; corola infundibuliforme, azul, área mesopétala alva, tubo
muito curto, aberto; estames didínamos, alvos; estilete 1, estigmas 2, oval-planos, alvos. Fruto cápsula,
globosa, 4-valvar.
Material examinado: Fazenda Baixa Grande, 19.IV.2007, M. T. Vital et al. 131 (UFP, IPA); Fazenda Troncão,
16.IV.2007, M. T. Vital et al. 99 (UFP, IPA); Sítio Malhada da Areia, 16.IV.2007, K. Mendes et al. 01 (UFP); Sítio Malhada da
Areia, 16.IV.2007, D. Araújo et al. 223 (UFP, IPA. HUEFS).
Comentários: bastante comum principalmente sobre cercas e em áreas antropizadas.
Geralmente forma populações fortemente adensadas e apresenta forte potencial ornamental. Conhecida
popularmente como “azulzinha”.
22.30. Merremia aegyptia (L.) Urb., Symb. Antill. 4: 505. 1910. Prancha 14, fig. I.
Lianas, caule cilíndrico convoluto, piloso; látex leitoso. Folhas palmadas, 5-folioladas, folíolos
lanceoladaos, ápice agudo, margem lisa, densamente lanosos, tricomas longos, dourados, folíolos
maiores 4-4,5cm compr., folíolos menores 2-2,5cm compr.; pecíolo 3,3-3,6cm compr. Inflorescência
tirso, frondoso, composto por cimeiras dicasiais, axilares, 5-7 flores; pedúnculo longo, 12-14,5cm
compr. Flores sépalas externas e internas homogêneas, lanceoladas, base subcordada, ápice agudo,
densamente lanosa, tricomas muito longos 3-6mm compr., dourados, aglomerados na base das sépalas;
corola campanulada, creme, 1,4-2,5cm compr., área mesopétala glabra; estames 5, didínamos, anteras
alvas, retorcidas em forma de espiral após a antese, estilete 1, estigmas 2, alvos a róseos. Fruto cápsula,
ovóide a elipsóide.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro et al. 157 (UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, C. E.
L. Lourenço et al. 259 (UFP, IPA, HUEFS); Fazenda Baixa Grande, 19.IV.2007, M. T. Vital et al. 130 (UFP, IPA); Fazenda Tigre,
17.IV.2007, J. S. Silva et al. 171 (UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, J. S. Silva et al. 182 (UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, L. G.
R.Souza et al. 14 (UFP, IPA, HUEFS); Fazenda Tigre, 30.V.2006, E. Córdula 58 (UFP, IPA, HUEFS).
Comentários: bastante comum na região, principalmente em áreas mais antropizadas.
22.31. Merremia cissoides Choisy, Bot. Jahrb. Syst. 16: 552. 1893.
Lianas, caule cilíndrico, glabrescente; látex leitoso. Folhas digitadas, 3-5 lobos, lobos
lanceolados, ápice agudo a acuminado, margem denteada, muricadas, raro pilosas, tricomas longos,
esparsos, lâmina 1-2cm compr.; pecíolo 5-12mm compr., glabrescente. Inflorescência racemo, axilar,
pedicelo 1-1,8cm compr. Flores sépalas externas e internas iguais em forma e tamanho, lanceoladas,
base oval, ápice agudo a acuminado, glabras, raro pilosas, tricomas esparsos, 1,3-1,5cm compr.; corola
infundibuliforme, 2-2,5cm compr., creme, fauce vinácea, área mesopétala glabra, 3 nervuras; estames
5, didínamos, anteras alvas, retorcidas em forma de espiral após a antese, estilete 1, estigmas 2, róseos.
Fruto cápsula, elípsóide a ovóide.
Material examinado: Serrotinho, 09.II.2007, M. T. Vital et al. 81 (UFP, IPA, HUEFS).
Comentários: diferencia-se facilmente de M. aegyptia pela ausência de tricomas dourados no
cálice e pela fauce da corola vinácea.
22.32. Operculina alata (Ham.) Urb., Symb. Antill. 3: 343. 1902. Prancha 14, fig. J.
Lianas, caule anguloso, glabro; látex alvo. Folhas digitadas, 5-folioladas, folíolos lanceolados,
ápice agudo, margem inteira, folíolos centrais 7-8cm compr., folíolos periféricos 4,5-5cm compr., glabras;
pecíolo glabro 2,5-6,5cm compr. Inflorescência racemo, axilar, 1-2 flores; pedúnculo alado, glabro,
5,5-8,5cm compr. Flores brancas; sépalas externas e internas iguais; corola campanulada, estames 5,
mesmo tamanho; estilete 1, estigmas 2, globosos. Fruto cápsula depresso-globosa.
Material examinado: Cajueiro, 31.V.2006, M. F. A.Lucena et al. 1487 (UFP, HUEFS, RB, MO).
Comentários: Operculina alata é uma espécie comum na caatinga pernambucana. É facilmente
reconhecida pelos pedicelos alados.
Prancha 14. Figuras. A-B. Jacquemontia confusa. A. Hábito. B. Flor. C. Cuscuta globosa. Hábito. D-E.
Evolvulus tenuis. D. Flor. E. Detalhe do estigma. F-G. Ipomoea subincana. F. Flor. G. Detalhe dos
estames e estigma. H. Jacquemontia evolvuloides. Flor. I. Merremia aegyptia. Flor. J. Operculina alata.
Folha e fruto.
23. Cucurbitaceae
Diogo Amorim de Araújo
Família de distribuição tropical e subtropical com cerca de 120 gêneros e 850 espécies. No
Brasil ocorrem cerca de 30 gêneros e 200 espécies. A tradicional importância econômica da família é
representada pelas várias espécies cultivadas em todo o país, tais como: Citrullus lanatus (melancia),
Cucumis melo (melão) - espécies introduzidas; ou Sicana odorifera (cruá), Luffa cylindrica (bucha) - espécies
nativas.
KEARNS, D. M. 1998. Cucurbitaceae. In:. STEYERMARK, J. A.; BERRY, P. E.; K.
YATSKIEVYCH & B. K. HOLST (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana. Missouri Botanical
Garden Press, St. Louis 4: 431-461.
agudo, ca. 0,5cm compr., 5-7 nervuras proeminentes; corola amarela, 5-lobada, lobos oblongos, ca.
1cm compr., ápice obtuso, face externa pubescente; estames 3, livres, tecas flexuosas, conadas. Flores
femininas solitárias, axilares; pendunculo delgado, ca. 9cm compr., pubescente, bráctea semelhante
aquelas das flores masculinas; cálice e corola similares às flores masculinas; ovário fusiforme, rostrado,
pubescente, estiletes 3, conados, estigmas 3, 2-lobados. Fruto baga, laranja intenso, ovóide, rostrado,
3-carpelar, 3-valvar, cada caperlo se enrola expondo as sementes; sementes numerosas, vermelho vivo,
oblongas, compressas, testa rugulosa.
Material examinado: Salinas, 04.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1627 (UFP); Sítio Chacau, 19.VI.2007, Y. Melo
et al. 221 (UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, J. S. Silva et al. 167 (UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, L. G. R. Souza 13 (UFP).
Comentários: planta originária da África, pode ser encontrada em quase todo o território
das Américas do Sul e Central. Possui importância tradicional como medicinal, ornamental, apícola,
forrageira e possui frutos comestíveis. Em algumas regiões os frutos são equivocadamente conhecidos
como venenosos. Espécie também amplamente conhecida como planta invasora na agricultura por ser
muito favorecida pelas condições de ambientes perturbados. Nome popular: “melão-de-são-caetano”.
24. Cyperaceae
Marccus Alves & Shirley Martins
Ervas anuais ou perenes, cespitosas ou isoladas, por vezes rizomatosas. Escapo central ou
lateral, trígono a cilíndrico, escabro ou liso, áfilo ou folioso. Folhas geralmente com bainha fechada,
lâminas filiformes a lanceoladas, lâmina expandida a cilíndricas, às vezes rudimentares. Inflorescência
terminal ou axilar, antelóide, capituliforme ou uniespicada, laxa ou congesta. Espiguetas subsésseis a
pediceladas, lanceolóides, ovóides, obovóides, elipsóides, por vezes lateralmente comprimidas, isoladas
ou agrupadas no ápice do eixo; antóide bissexuado, raro unissexuado; gluma coriácea a membranácea,
naviculada a cuculada, uni a plurinervada, ápice mútico a aristado, margem glabra a curto-ciliada; cerdas
periânticas por vezes presentes; estames 2-3; estilete 2-3fido. Fruto aquênio, obovóide, elipsóide, ovóide,
trígono a bicôncavo, irregularmente tuberculado a liso, ápice por vezes trilobulado, base acuneada, raro
estipitada; estilopódio por vezes presente.
Família cosmopolita com elevada diversidade de gêneros e espécies nos trópicos (Goetghebeur
1998). Segundo Alves et al. (2009), no Brasil estão registradas cerca de 700 espécies distribuídas em 42
gêneros, das quais cerca de 200 ocorrem no semi-árido brasileiro (Alves 2006) e 110 no estado de
Pernambuco (Luceño et al. 1997). Atualmente são reconhecidas duas subfamílias (Simpson et al. 2007),
das quais apenas Cyperoideae está representada em Mirandiba. Além das 14 espécies aqui apresentadas
foram encontradas outros representantes considerados ruderais. Estas espécies foram observadas
principalmente na zona urbana e relacionadas a ambientes como praças e jardins. Por não terem sido
localizadas em áreas de caatinga ou ao menos em remanescentes parcialmente antropizados, as mesmas
foram excluídas deste tratamento. As medidas indicadas para os frutos, aqui tratado pelo tipo único da
família (“aquênios”), incluem o estilopódio, quando estes estão presentes.
GOETGHEBEUR, P. 1998. Cyperaceae. In: K. Kubitzki et al. (eds.). The families and
genera of vascular plant: IV. Flowering plants – monocotyledons. Springer-Verlag, Berlin. Pp.
141-190.
LUCEÑO, M. & ALVES, M. 1997. Clave de los géneros de ciperáceas de Brasil y novedades
taxonómicas y corologicas en la família. Candollea, 52: 185-191.
LUCEÑO, M., ALVES, M. & MENDES, A. P. 1997. Catálogo florístico y claves de
identificación de las Cyperaceae de los estados de Paraíba y Pernambuco (Nordeste de Brasil). Anales
del Jardín Botánico de Madrid, 55:67-100.
PRATA, A. Bulbostylis Kunth (Cyperaceae) no Brasil. Tese de Doutorado, Universidade
de São Paulo, São Paulo, SP, 2004.
SIMPSON, D.; MUASYA, A.; ALVES, M.; BRUHL, J.; DHOOGE, S.; CHASE, M.; FURNESS,
C.; GHAMKHAR, K.; GOETGHEBEUR, P.; HODKINSON, T.; MARCHANT, A.; REZNICEK,
A.; NIEWBORG, R.; ROALSON, E.; METS, E.; STARR, J.; THOMAS, W.; WILSON, K. & ZHANG,
X. 2007. Phylogeny of Cyperaceae based on DNA sequence data – a new rbcL analysis. Aliso, 23: 72-
83.
TREVISAN, R. & BOLDRINI, I. I. 2008. O gênero Eleocharis R. Br. (Cyperaceae) no Rio
Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, 6(1): 7-67.
7’. Glumas com ápice acuminado a curtíssimo-mucronado, apículo reto, quando presente�������Cyperus
eragrostis
8. Estilopódio umbonado������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������9
8’. Estilopódio ausente�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 10
9. Aquênio minutamente punctado������������������������������������������������������������������������������ Bulbostylis tenuifolia
9’. Aquênio irregularmente tuberculado no terço superior��������������������������������Bulbostylis aff. loefgrenii
10. Ráquila articulada, alada e espessado na base de cada antóide ���������������������������������Cyperus odoratus
10’. Ráquila íntegra, filiforme e sem espessamento na base de cada antóide������������������������������������������� 11
11. Espigueta uniflora �������������������������������������������������������������������������������������������������������� Cyperus aggregatus
11’. Espigueta multiflora ���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 12
12. Margem da gluma não membranácea, estilete bífido, aquênio 0,6-0,7mm compr. �����������������Pycreus
capillifolius
12’. Margem da gluma membranácea e translúcida, estilete trífido, aquênio 1,2-1,4mm compr����������� 13
13. Gluma com mácula lateral vinácea����������������������������������������������������������������������������Cyperus sphacelatus
13’. Gluma sem esta característica ������������������������������������������������������������������������������������������������Cyperus iria
24. 1. Bulbostylis aff. loefgrenii (Boeck.) Prata & M.G. López, Kew Bull. 56(4): 1008.
2001.
Ervas, 8-30cm alt., anuais, cespitosas, curtíssimo-rizomatosas; base paleácea. Escapo central,
levemente trígono a cilíndrico, escabro, áfilo; bráctea tectriz glumiforme, ápice longo-ciliado, longo-
aristada, por vezes superando a inflorescência. Folhas 4-8x0,09-0,1cm, filiformes, pardo-esverdeadas;
ápice da bainha oblíquo, longo-ciliado. Inflorescência terminal, antelóide, ramificada, laxa, eixos
primários 0-2,3cm compr. Espiguetas 0,5-0,7cm compr., subsésseis a pediceladas, ovóides a elipsóides,
isoladas no ápice de cada eixo; antóide bissexuado; gluma 3,5-4x1,4-1,6mm, ovalada, naviculada,
uninervada, pardo-vinácea; ápice acuminado, curto-apiculado; margem curto-ciliada; estames 3; estilete
trífido. Fruto aquênio, 1,2-1,4x1-1,1mm, obovóide, trígono, ângulo ventral espessado, irregularmente
tuberculado no terço superior, pardo-escuro a nigrescente; base estipitada; estilopódio umbonado,
diminuto, nigrescente.
Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. Maciel et al. 429 (UFP).
Comentários: segundo Prata (2004), B. loefgrenii (Boeck.) Prata & M.G. López ocorre em
áreas de cerrado do Brasil. Apesar da semelhança com o material aqui descrito, os aquênio apresentam
ornamentação levemente distinta. É possível que o material coletado trate-se de uma nova espécie para
ciência ou ao menos, caso a identificação se confirme, amplie os limites de distribuição, sendo a sua
primeira citação para o semi-árido. Em Mirandiba, foi coletada em fendas sombreadas de afloramentos
rochosos com solo arenoso e rico em materia orgânica.
24.2. Bulbostylis tenuifolia (Rudge) J.F. Macbr., Field. Mus. Nat. Hist., Bot. Ser. 11: 5.
1931.
Ervas, 10-35cm alt., anuais, cespitosas; base paleácea. Escapos laterais, levemente trígonos a
cilíndricos, liso, áfilo; bráctea tectriz glumiforme, longo-aristada, não superando a inflorescência. Folhas
3-7x0,09-0,1cm, filiformes, pardo-esverdeadas; ápice da bainha oblíquo, longo-ciliado. Inflorescência
terminal, antelóide, ramificada, laxa, eixos primários 0-3,5cm compr. Espiguetas 0,4-2cm compr.,
subsésseis a pediceladas, cilíndricas, isoladas no ápice de cada eixo; antóide bissexuado; gluma 1,6-
1,8x0,1,3-1,6mm, ovalada, naviculada, uninervada, pardo-vinácea; ápice acuminado, mútico; margem
membranácea, por vezes curto-ciliada; estames 2; estilete bífido. Fruto aquênio, 0,7-0,8x0,3-0,5mm,
obovóide, trígono, ângulo abaxial espessado, minutamente punctado, pardo-escuro a nigrescente; base
estipitada; estilopódio umbonado, diminuto, nigrescente.
Material examinado: estrada de acesso a cidade, 24.VII.2008, A. Alves-Araújo et al. 1046 (RB, UFP); estrada para
Serrotinho, 30.V.2006, J. Maciel et al. 385 (UFP); Fazenda Areias, 31.V.2006, M. F. Lucena et al. 1476 (UFP).
Comentários: segundo Prata (2004), a espécie está registrada no Brasil para os estados do
Amazonas e Minas Gerais, sendo aqui pela primeira vez citada para região Nordeste. Em Mirandiba, a
espécie é observada após o período chuvoso, ocorrendo no subosque de caatinga arbustiva densa em
solo de origem sedimentar.
24.3. Cyperus aggregatus (Willd.) Endl., Cat. Horti Vindob. 1: 93. 1842.
Ervas, 5-25cm alt., perenes, curto-rizomatosas; base bulbiforme, pardo-vinácea. Escapo
central, trígono, liso, áfilo; bráctea tectriz foliácea, superando em muito a inflorescência. Folhas
6-14x,4-0,8cm, lâmina expandida, lineares, verdes. Inflorescência terminal, capituliforme a por vezes
antelóide, congesta, eixos primários 0-0,5cm compr. Espiguetas 3-4,5mm compr., sésseis, obovóide,
reunidas em eixo de 2,5-3,5cm compr., congestas; antóide bissexuado, 1 por espigueta; bráctea estéril
plurinervada; gluma 2,3-2,6x1,4-1,6mm, elíptica, naviculada, uninervada, pardo-esverdeada; ápice
acuminado; margens glabras; estames 3; estilete trífido. Fruto aquênio, 1,9-2x0,9-1mm, elípsóide a
levemente obovóide, trígono, minutamente punctado, pardo-esverdeado a nigrescente, brilhoso; ápice
curtamente apiculado, base acuneada..
Material examinado: Fazenda São Gonçalo, 24.VII.2008, K. Pinheiro et al. 1306 (UFP).
Comentários: espécie amplamente distribuída no país (Luceño et al. 1997) podendo ocorrer
em áreas antropizadas e bordas de mata. Em Mirandiba foi coletada entre rochas em ambiente
sombreado e nas margens de rios temporários. As amostras analisadas para a área de estudo apresentam
os eixos onde as espiguetas estão inseridas mais curtos do que os usualmente encontrados nas amostras
provenientes da região Nordeste.
24.8. Cyperus uncinulatus Schrad. ex Nees in Mart., Fl. bras. 2(1): 23. 1842.
Ervas, 3-15cm alt., anuais, cespitosas; base bulbiforme, pardo-vinácea. Escapo central,
levemente trígono, liso, áfilo; bráctea tectriz foliácea, superando em muito a inflorescência. Folhas
7,5-12,0x0,09-0,15cm, lâmina expandida, lineares, pardo-esverdeadas. Inflorescência terminal,
capituliforme, congesta. Espiguetas 4-7,5mm compr., subsésseis, lanceoladas, lateralmente
comprimidas, laxas; antóide bissexuado; gluma 1,3-1,5x0,4-0,7mm, ovada, fortemente naviculada,
nervuras inconspícuas, esverdeada, pardo-escura a pardo-vinácea; ápice aristado, recurvado; margens
membranáceas, hialinas; estames 3; estilete trífido. Fruto aquênio, 0,4-0,5x0,2mm, elípsóide, levemente
trígono, levemente rugoso, pardo a por vezes pardo-escuro.
Material examinado: estrada de acesso a cidade, 24.VII.2008, A. Alves-Araújo et al. 1042 (UFP); estrada para o
rio do Padre, 10.III.2008, E. Córdula et al. 358 (UFP); Cacimba Nova, 29.III.2006, S. Martins 190 & M. Alves (UFP); estrada para
Areia Malhada, 16.IV.2007, L. Souza et al. 7 (UFP); estrada para Serrotinho, 30.V.2006, J. Maciel et al. 381 (UFP); Fazenda Troncão,
16.IV.2007, J. Maciel et al. 404 (UFP); Fazenda Troncão, 16.IV.2007, J. Maciel et al. 402 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2008,
L. Souza et al. 25a (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro & D. Araújo 117 (UFP); Serra do Tigre, 31.V.2006, K. Pinheiro
& D. Araújo 172 (UFP); Vertentes, 19.IV.2007, D. Araújo et al. 262 (UFP).
24.10. Eleocharis geniculata (L.) Roem. & Schult., Syst. Veg. 2:150. 1817.
Ervas, 10-35cm alt., perenes, curto-rizomatosas, cespitosas; base pardo-vinácea. Escapo
central, cilíndrico a levemente elíptico, quando desidratado, tabiques transversais ausentes, liso,
áfilo; bráctea tectriz ausente. Folhas com lâminas reduzidas a apículo diminuto,, esverdeado; bainha
rígida, esverdeada a vinácea na base, ápice obliquo a por vezes truncado, membranáceo-translúcido.
Inflorescência unispicada. Espigueta 3-5mm compr., séssil, globosa a elipsóide, congesta; antóide
bissexuado; gluma 1,8-1,9x0,7-0,8mm, elípticas, levemente cuculada, uninervada, membranácea, base e
nervura esverdeada a translúcida, terço superior vináceo; ápice mútico; estames 3; estilete bífido; cerdas
periânticas curto-escabras, não superando o aquênio. Fruto aquênio, 0,9-1x0,4-0,5mm, obovóide,
bicôncavo, por vezes plano em um dos lados, liso, nigrescente, brilhoso; estilopódio persistente, crasso,
marrom-esverdeado.
Material examinado: estrada de acesso a cidade, 24.VII.2008, A. Alves-Araújo et al. 1018 (UFP); Cacimba Nova,
29.III.2006, S. Martins & M. Alves 187 (UFP).
Comentários: espécie amplamente distribuída no país, com registro nas cinco regiões
e ocorrendo em ambientes sazonalmente alagados (Alves et al. 2009). Em geral apresenta ampla
variabilidade na coloração, formato e comprimento das espiguetas (Luceño et al. 1997). Em Mirandiba
foi coletada em áreas próximas a rios temporários e em margens de açudes em solo arenoso.
24.11. Lipocarpha micrantha (Vahl) G. Tucker, J. Arnold Arbor. 68: 410. 1987.
Ervas, 5-20cm alt., anuais, cespitosas; base vinácea. Escapos laterais, cilíndricos a levemente
trígonos, lisos, áfilo; bráctea tectriz filiforme, única, superando em muito a inflorescência. Folhas
0,8-1x0,01-0,04cm, lineares a filiformes, esverdeadas. Inflorescência pseudo-lateral, capituliforme,
congesta. Espiga 2-4, 3-5(6)mm compr., sésseis, elipsóides, congestas; antóide bissexuado; bráctea
glumiforme 0,7-0,9x0,6-0,7mm, obovóide, levemente cuculada, apiculada, uninervada, base esverdeada
a translúcida, terço superior e por vezes margens vináceas; estames 2; estilete bífido. Fruto aquênio,
0,3-0,4x0,2-0,3mm, obovóide, levemente bicôncavo, diminutamente punctado, marrom-esverdeado.
Material examinado: estrada de acesso a cidade, 24.VII.2008, A. Alves-Araújo et al. 1019 (UFP); Fazenda Troncão,
16.IV.2007, J. Maciel et al. 401 (RB, UFP). Serra da Gia, 30.V.2008, J. Maciel et al. 383 (RB, UFP).
Comentários: em Lipocarpha, a espiga é uma reunião de espiguetas fortemente contraídas, sendo
estas protegidas por brácteas glumiformes, muitas vezes tratadas por “glumas”. Espécie amplamente
distribuída no país, com registro nas cinco regiões e ocorrendo em ambientes sazonalmente alagados
(Luceño & Alves 1997). Em Mirandiba foi coletada em áreas próximas a rios temporários e açudes em
solo areno-pedregoso e solo arenoso.
24.12. Pycreus capillifolius (A. Rich.) C.B. Clarke in Th. Durand & Schinz, Consp. Fl.
Afr. 5:535. 1894.
Ervas, 3-35cm alt., anuais a perenes, cespitosas, curto-rizomatosas; base por vezes bulbiforme,
pardo-vinácea a pardo-purpúrea. Escapos laterais, levemente trígonos, lisos, áfilos; bráctea tectriz
filiforme, superando em muito a inflorescência. Folhas 3,5-20,5x0,09-0,2cm, lineares, pardo-esverdeadas.
Inflorescência terminal, antelóide, ramificada, parcialmente laxa, eixos primários 0-5,5(-7,5)cm compr.
Espiguetas 7,5-26,5mm compr., subsésseis, lanceoladas, lateralmente comprimidas, congestas; antóide
bissexuado; gluma 1,4-1,6x0,4-0,6mm, elíptica, naviculada, plurinErvasda, pardo-escura; ápice curto-
mucronado, reto; estames 2-3; estilete bífido. Fruto aquênio, 0,6-0,7x0,3-0,5mm, elipsóide a levemente
obovóide, trígono, minutamente punctado, pardo-escuro nos vértices, pardo-claro na região intercostal;
apículo diminuto, nigrescente.
Material examinado: estrada para Serrotinho, 30.V.2006, J. Maciel et al. 384 (UFP); Fazenda Troncão, 16.IV.2007,
J. Maciel et al. 403 (UFP); Fazenda Troncão, 16.IV.2007, M. Vital et al. 93 (UFP); Vertentes, 19.IV.2007, D. Araújo et al. 261a
(UFP).
Comentários: o material estudado difere, em parte, da descrição apresentada por Kükenthal
(1956), especialmente com relação ao comprimento das espiguetas e formato do aquênio. A espécie
é amplamente distribuída no país, com registro em diversas regiões e associada a áreas abertas e com
solos arenosos (Alves et al. 2009). Em Mirandiba, a espécie é registrada durante o período chuvoso,
ocorrendo nas margens de vegetação arbustiva-arbórea e especialmente em fendas de lajedos onde
ocorre deposição de sedimento.
24.13. Pycreus macrostachyos (Lam.) Raynal, Kew Bull. 23: 314. 1969.
Ervas, 30-80cm alt., perenes, curto-rizomatosas; base por vezes bulbiforme, pardo-vinácea
a pardo-purpúrea. Escapo central, trígono, liso, raro levemente escabro, áfilo; bráctea tectriz foliácea,
25. Dioscoreaeceae
Diogo Amorim de Araújo
TÉLLEZ, O. 1998. Dioscoreaceae. In: STEYEMARK, J. A., BERRY, P. E. & HOLST, B.K.
(eds.). Flora of the Venezuelan Guayana, Missouri Botanical Garden, St. Louis, 4: 686-696.
26. Erythroxylaceae
Maria Iracema Bezerra Loiola & Jussara Maria de Oliveira Gomes
Árvores, arvorestas, arbustos ou subarbustos, glabros. Folhas simples, inteiras, alternas, raro
opostas, estipuladas, pecioladas; estípula persistente ou caduca, estriada ou enérvea. Flores solitárias
ou em fascículos axilares, pediceladas ou subsésseis, actinomorfas, heterostílicas; cálice persistente,
sépalas 5, unidas na base; pétalas 5, livres, com apêndices; estames geralmente 10, filetes unidos na
base formando um tubo curto, anteras ditecas, deiscência longitudinal; ovário 1, súpero, (2–) 3-locular,
geralmente só um lóculo ovulífero, óvulo 1-2, pêndulo; estilete (2–) 3, livres ou soldados desde a base,
estigma capitado, raramente subséssil. Fruto drupa, 1 semente, raro cápsula, 2–3 sementes, cálice e
filetes persistentes na base do fruto; embrião reto, com ou sem endosperma.
Família predominantemente pantropical, com quatro gêneros e cerca 240 espécies, tendo como
principais centros de diversidade e endemismo o Brasil e a Venezuela. Nas Américas ocorre apenas o
gênero Erythroxylum P. Browne. A posição sistemática da família e suas afinidades têm apresentado
controvérsias e alguns autores a posicionaram na ordem Geraniales, enquanto outros em Linales.
Estudos moleculares recentes evidenciaram a grande afinidade entre Erythroxylaceae e Rhizophoraceae
e sugeriram seu posicionamento na ordem Malpighiales. O gênero está bem representado no nordeste
brasileiro, onde foram registradas 66 espécies, sendo 25 endêmicas.
26.3. Erythroxylum sp
Arvoretas; ramos acinzentados a enegrecidos, estriados longitudinalmente, densamente
lenticelados; estípulas 2-3mm compr., enérveas, triangulares, curtamente 3-setulosas; pecíolo 3-4mm
compr. Folhas 2,6-3,5cm compr., elípticas, membranáceas, ápice levemente arredondado, mucronulado,
base cuneada. Flores não observadas.
Material examinado: Cacimba Nova, 09.II.2007, M. F. A. Lucena 1680 (RB, UFP, UFRN).
Comentários: esta espécie foi encontrada apenas vegetativamente, com quatro folhas jovens,
o que dificultou sua identificação a nível específico. Compartilha com E. caatingae as estípulas enérveas
e folhas pecioladas, no entanto, em Erythroxylum sp as estípulas e folhas são menores. Sem interesse
econômico aparente.
espigas, racemos, panículas, capítulos e pseudanthos; brácteas presentes ou ausentes. Flores unissexuais
geralmente actinomorfas; pequenas ou raro vistosas, frequentemente pediceladas, cálice das flores
estaminadas e pistiladas geralmente com 3-5 sépalas, livres, de prefloração valvar ou mais raramente
imbricada, tamanhos iguais ou desiguais; cálice pistilado às vezes acrescente; corola de ambos os sexos
3-6 pétalas, livres ou discretamente unidas, valvar ou imbricadas, diminutas ou ausentes, algumas vezes
coloridas. Disco das flores estaminadas intraestaminal ou extraestaminal com 5-6 glândulas, livres
(lobados) ou anulares, ou ausentes. Disco das flores pistiladas anular, inteiro ou lobado ou ausente.
Estames 1-100, em geral 3-25; estames livres ou conados, anteras eretas ou flexionadas no botão,
introrsas ou extrosas, em geral 2-tecas, deiscência longitudinal; grãos de pólen geralmente tricolporados,
tectados, inaperturados a politremados. Gineceu sincárpico de (1-)3(-25) carpelos fusionados; ovário
súpero com estiletes livres ou fusionados na base; estigmas inteiros, planos ou eretos, lobados ou
plumosos, laciniados ou multífidos; óvulos 1-2 por lóculo, anátropos, inseridos abaixo do obturador,
placentação axilar. Fruto frequentemente esquizocárpico, deiscência septicida, septicida-loculicida,
abrindo-se em 3 valvas, irregular ou indeiscente, drupáceo, bacáco ou samaróide; sementes 1-2 por
lóculo, testa carnosa ou esclerificada, carúncula presente ou ausente, embrião reto ou curvo, cotilédones
planos ou ou curvos.
(1) 71-74.
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1. Plantas trepadeiras��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
1’ Plantas não trepadeiras������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
2. Racemo axilar com tricomas glandulares e urticante�������������������������������������������������������Tragia volubilis
2’. Pseudanto protegido por 2 brácteas, foliáceas, verdes�������������������������������������� Dalechampia scandens
27.2. Bernardia sidoides (Klotzsch) Müll. Arg., Linnaea 34: 177. 1865.
Ervas eretas, monóicas, anuais, 10-20cm alt.; ramos hirsutos; estípulas lineares, 2-3mm compr.
Folhas simples, inteiras, verticiladas, raro alternas; elípticas a ovais, 1-5 x 0,5-2cm, membranáceas,
setosas, base cuneada a atenuada, ápice agudo a acuminado, margem serreada, nervação eucamptódroma.
Inflorescência racemos congestos axilares e terminais, paucifloros. Bráctea-1, campanuliforme. Flores
estaminadas 4-5, 2-3mm compr.; protegidas por bráctea campanuliforme; sépalas-3, ovais, 2mm compr.,
valvares; estames-25. Flores pistiladas-3, 2-5mm compr.; bractéola-1, largo-triangulares, sépalas-4,
ovais, 2mm compr.; ovário subgloboso, 1mm diâm., híspido-glandulígero, estiletes-3, laminares, bífidos.
Fruto trígono, 3-4mm, fortemente 3-arestado; sementes trígonas, 3x2mm, base truncada, testa marrom
a enegrecida, columela persistente.
Material examinado: Serra do Tigre, 17.IV.2007, K. Pinheiro s/n (UFP 50486).
Comentários: referida para o norte da América do sul e Brasil (Govaerts et al. 2000). No
nordeste do Brasil, Lucena & Alves (inéd.) registram sua ocorrência para os estados de Alagoas,
Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Reconhecida pelo porte herbáceo, folhas
verticiladas, inflorescência em racemos congestos, curtos, com poucas flores estaminadas e pistiladas;
sementes trígonas. Em Mirandiba a espécie foi registrada habitando áreas com solos pedregosos e
sombreados. Nome popular: manda-pulão.
27.3. Cnidoscolus bahianus (Ule) Pax & K. Hoffm. in Engl. & Prantl., Nat. Pflazenfam.
19c: 164. 1931.
Arbustos a árvores monóicos, 2-15m alt.; látex leitoso; ramos glabros com tricomas
aculeiformes de base alargada, canaliculados; estípulas inconspícuas, caducas, linear-triangulares, 1,5-
2mm compr., internamente papilosas. Folhas palmatilobadas (3-5), ovais a reniformes, 1-3x0,5-1cm,
cartáceas a membranáceas, pilosas, base auriculada, ápice acuminado a caudado, margem denteada-
irregular, nErvasção actinódroma basal; glândulas papiliformes, basilaminares. Inflorescência dicasial.
27.4. Cnidoscolus loefgrenii (Pax & K. Hoffm.) Pax & K.Hoffm, Nat. Pflanzenfam.
19c: 166. 1931.
Arbustos monóicos, 1-3m alt.; látex leitoso; ramos pubescentes; estípulas lacerado-glandulosas,
1,5-2mm compr. Folhas palmatilobadas (5), lobos elíptico-lanceolados a rômbicos, 2,5-11x4-11cm,
membranáceos, pilosos, tricomas simples, urentes, esparsos, base auriculada, ápice acuminado a caudado,
margem denteada-glandulígera, nervação actinódroma basal; glândulas papiliformes, basilaminares.
Inflorescência dicasial. Flores estaminadas 3-5mm compr.; perianto hipocrateriforme, pubescente,
tricomas urentes no ápice do botão; sépalas-5, ovais, 4-5mm compr., imbricadas, livres no ápice; estames-
10, livres, 5 internos, 5 externos. Flores pistiladas 5-10mm compr.; perianto urceolado, bractéola-2,
lanceoladas, papilosas; sépalas-5, largo-triangulares 5-7mm compr.; disco anelar, pubescente; ovário
oblongo-ovóide, 5x4mm, hirsuto-puberulento; estiletes-3, multífidos. Fruto oblongo-ovóide, 8x6mm,
espinescente; sementes oblongo-elípticas, 7,5x3mm, testa marrom-escuro, maculada.
Material examinado: Salinas, 04.X.2006, M. F. A.Lucena et al. 1618 (M, UFP); Vertentes, 02.X.2006, M. F.
A.Lucena et al. 1589 (UFP); 07.II.2007, M. F. A. Lucena et al. 1659 (UFP).
Comentários: ocorre no Brasil em diversos estados das regiões Nordeste e Sudeste e na
Argentina (Melo 2000). Freqüente segundo este autor, na zona das Caatingas, nas subzonas do Agreste
e do Sertão. Espécie facilmente confundida com C. urens (L.) Arthur, diferenciando-se desta pelo
perianto das flores pistiladas urceolado e tricomas urentes no ápice do botão das flores estaminadas.
Encontrada em Mirandiba em áreas de caatinga com afloramentos rochosos, sobre solos de areias
quartzosas, ou em áreas com latossolos pedregosos. Populações esparsas. Nome popular: cansanção,
urtiga, urtiga-branca
27.5. Cnidoscolus quercifolius Pohl, Pl. bras. icon. Descr. 1: 62. 1827.
Cnidoscolus phyllacanthus (Müll.Arg.) Pax & K.Hoffm. in H.G.A. Engler, Nat. Pflanzenfam. ed.
2, 19c: 165. 1931.
Arbustos a árvores monóicos, 1,5-6m alt.; látex leitoso; ramos glabros a esparso urticantes,
fistulosos; estípulas laciniadas, 2-3mm compr., glandulígeras. Folhas pinatilobadas a oblanceoladas
3,5-12x2,5-14cm compr., cartáceas, glabras, tricomas urticantes concentrados nas nervuras, base
cuneada, raro cordada, ápice acuminado, margem irregular denteada com tricomas esparsos; nervação
broquidódroma. Inflorescência dicasial; bráctea-1 triangular. Flores estaminadas 5-8mm compr.;
perianto hipocrateriforme, glabro a pubescente, sépalas-5, obovais, 2,5-5mm compr., imbricadas, livres
no ápice; estames- 10 (8), concrescidos; coluna estaminal vilosa na base, verticilos-2, estaminódios-5.
Flores pistiladas 8-15mm compr.; perianto oblongo, sépalas-5, oblongas, 1,5-3,5mm compr.; disco
glandular anelar; ovário oblongo-elíptico, 3x4mm, glabro; estiletes-3, eretos, multífidos. Fruto oblongo
15-20x20-25mm, híspido-urente; sementes oblongas, 10x8mm, testa acinzentada, maculada.
Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, M. F. A. Lucena et al. 1193 (SP, UFP), Catolé, 04.X.2006, M.
F. A. Lucena et al. s/n (UFP); Vertentes, 07.II.2007, M. F. A. Lucena et al. 1661 (RB, SP, UFP).
Comentários: espécie amplamente distribuída em todo Nordeste e na Caatinga (Melo
2000) formando, em algumas regiões, populações numerosas. A presença de folhas pinatilobadas,
em geral, concentradas no ápice dos ramos, filetes unidos em dois verticilos e ausência de glândulas
no limbo auxiliam a identificação deste táxon. Foi registrada no município de Mirandiba, habitando
preferencialmente trechos de caatinga aberta sedimentares ou do cristalino, com árvores esparsas.
Observou-se, que, mesmo no período de estiagem a espécie apresenta indivíduos com folhagens.
Comum na área o uso da entrecasca por caprinos. Alguns indivíduos podem apresentar variação foliar
quanto à profundidade dos lobos. Nomes populares: favela, favela verdadeira, faveleira, favela-de-
galinha.
estames em dois verticilos e filetes unidos na base da coluna estaminal vilosa e perianto pistilado
hipocrateriforme. Em Mirandiba foi coletada em áreas de caatinga parcialmenbte antropizada, em solos
arenosos ou em frestas de rochas. Nome popular: cansanção, urtiga-branca.
27.7. Cnidoscolus vitifolius (Mill.) Pohl, Pl. Bras. Icon. Descr. 1: 62. 1827.
Arbustos monóicos, 1-3m alt.; ramos glabros; estípulas triangulares, 2-3mm compr.,
glandulígeras. Folhas palmatilobadas (3-5); oblatas a reniformes, 4,5-12,5x5,5-18,5cm, cartáceas,
pilosas, tricomas simples, base auriculada, ápice acuminado, margem denteada-glandulígera; nervação
actinódroma basal, glândulas papiliformes, acropeciolares. Inflorescência dicasial; bráctea-1 largo-ovais
a triangulares, crassas. Flores estaminadas 5-10mm compr.; perianto clavado, sépalas-5, largo-ovadas,
4-5mm compr., imbricadas, livres no ápice; estames-15-20, concrescidos, verticilos-4, estaminódios-5,
disco glandular, viloso. Flores pistiladas 8-15mm compr.; perianto oblanceolado, sépalas-5, ovadas,
côncavas; ovário piriforme, 5x4mm, puberulento-hirsuto; estiletes-3, multífidos. Fruto ovóide a
piriforme, 17x15mm; sementes ovóides, 8x7mm, testa creme, maculada.
Material examinado: Serrotinho, 09.II.2007, M. F. A. Lucena et al. 1678 (UFP); Serra das Umburanas, Alto dos
Correios, 10.II.2007, M. F. A. Lucena et al. 1688 (UFP).
Comentários: Referida para o Brasil, Bolívia e nordeste da Argentina (Govaerts et al. 2000).
Lucena & Alves (inéd.) apresenta sua distribuição na região Nordeste, até o momento, para os seguintes
estados: Bahia, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Sergipe e Piauí. As folhas cartáceas, botões florais
estaminados clavados, cinco estaminódios livres no ápice da coluna estaminal, estames com conectivo
bem evidenciado, disco glandular viloso na base dos estames e a ocorrência de 3 estiletes concrescidos
e adpressos, tornam C. vitifolius distinguível das demais espécies congêneres na área estudada. Foram
observadas em Mirandiba, populações com indivíduos esparsos ocorrendo em latossolos pedregosos
ou arenosos com maior freqüência em áreas de caatinga arbustiva densa com altitudes de 440-511m. Na
localiddae de Serrotinho foi registrada coleta de látex do caule por abelhas do gênero Trigona.
27.8. Croton adamantinus Müll. Arg. in Mart., Fl. bras. 11(2): 115. 1873.
Arbustos, 0,8-2m alt.; ramos pilosos, tricomas estrelados; estípulas-2, lineares a lanceoladas,
3-7mm compr. Folhas inteiras, cordiformes, ovais, raro lanceoladas, 2-10,5x1,5-7cm, cartáceas, pilosas,
tricomas estrelados, base cordada, raro truncada, ápice acuminado a agudo, margem erosa, glândulas
estipitado-pateliformes, interespaçadas entre as serras na face adaxial; nervação cladódroma, glândulas
2-4, estipitado-pateliformes, acropeciolares, face abaxial. Inflorescência racemos terminais. Flores
estaminadas 3-3,5mm compr.; bractéola-1, linear; sépalas-5, ovais, 1-1,5mm compr., valvares; pétalas-5,
ovais, 1-1,5mm compr.; estames-11. Flores pistiladas 5-8mm compr.; bractéola linear a triangular;
sépalas 5-6, desiguais em tamanho e forma, crassas; 1-largo-oblonga, 4mm compr., 1-espatulada,
4,5mm compr., 3-largo-elípticas, reduplicadas, 5mm compr., pétalas-5, setáceas, 2mm compr., ápice
glandulígero, tricomas esparso-estrelados; ovário oblongo, 3x4mm, denso-híspido; estiletes 3-4, livres,
longo-interespaçados, suberetos. Fruto oblongo a depresso-globoso, 9x8mm; sementes ovóides a
largo-elípticas, 5x3mm, testa marrom escuro a enegrecida, brilhantes.
Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, M. F. A. Lucena et al. 1194 (WIS, UFP); Serra da Jia,
31.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1493 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.2007, K. Pinheiro et al. 236 (UFP).
Comentários: espécie com distribuição restrita ao estado de Minas Gerais, de acordo com
levantamento efetuado por Govaerts et al. (2000). Recente levantamento realizado por Lucena & Alves
(inéd.) vem ampliar essa ocorrência para diversos estados da região Nordeste do Brasil: Bahia, Ceará,
Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte. Considerada espécie endêmica do bioma Caatinga
por Lucena & Alves (inéd.) e seu reconhecimento é facilitado pelas margens irregularmente serreadas
com glândulas estipitado-pateliformes na reentrância das serras, visualizadas apenas na face adaxial das
mesmas e 2-4 glândulas no ápice do pecíolo. A presença de pétalas nas flores pistiladas constitui outro
caráter importante para diferenciá-la. Em Mirandiba pode ser encontrada preferencialmente em áreas
de caatinga arbustiva densa com areias quartzosas distróficas ou com afloramentos rochosos e altitude
até 511m. Nome Popular: canelinha-da-areia, canela-de-urubu.
bractéolas 1-3, lineares; sépalas-5, largo-ovais a deltóides, crassas, 2-3mm compr., valvares; pétalas-5,
espatuladas a oblongas 1,5-4mm compr.; estames-15; disco glandular 5-lobado. Flores pistiladas
3,5-5mm compr.; bractéolas-3, triangulares; sépalas-5, ovais a orbiculares, 3-6mm compr, valvares,
reduplicadas; ovário globoso, 2,5mm diâm., tricomas lepidotos, estiletes-3, concrescidos em coluna
crassa, multífidos. Fruto 4x5mm; sementes elípticas 4x5mm, testa enegrecida, lisa, brilhante.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, M. F. A.Lucena et al. 1172 (UFP); Estrada de acesso a
Carnaubeiras, 07.II.2007, M.T.Vital et al. 48 (UFP); Fazenda Troncão, 16.IV.2007, K. Pinheiro et al. 217 (UFP); Sítio Areia Malhada,
17.IV.2007, P. Gomes et al. 274 (M, UFP).
Comentários: espécie amplamente distribuída por todo o Nordeste, possivelmente restrita
a Caatinga. Freqüentemente confundida com C. jacobinensis, que, além de não ocorrer no domínio das
Caatingas, se diferencia pelos tricomas simples no ovário e estiletes não colunares. Em Mirandiba
as comunidades rurais utilizam sua madeira para produção de lenha, utensílios e cercas, além de ser
pioneira em áreas de regeneração de caatinga. Sua ocorrência no município estende-se desde áreas de
caatinga arbustiva aberta ou densa a caatingas com fisionomia arbórea, em altitudes que variam entre
495-550m, habitando sopé e topo de algumas serras. Nome popular: marmeleiro, marmeleiro-preto.
27.11. Croton glandulosus L., Syst. Nat. ed. 10, 2: 1275. 1759.
Ervas a subarbustos, 0,2-0,6m alt.; ramos pilosos, dicotômicos, tricomas estrelados; estípulas-2,
lineares, 1,5-2mm compr., glandulígeras. Folhas inteiras, ovais a elípticas, 1-3x0,5-1cm, membranáceas,
pilosas, tricomas estrelados e simples, base cuneada, ápice acuminado, margem serreado-glandular;
nervação craspedródroma, glândulas-2, estipitado-pateliformes, acropeciolares, glândulas 2-4,
obpiriformes, basilaminares. Inflorescência racemos axilares e terminais. Flores estaminadas 2-3mm
compr.; bractéola-1, linear, glândulas 2-4, obpiriformes; sépalas-5, ovais, 1-1,5mm compr., valvares;
pétalas-5, espatuladas, 1-1,5mm compr., vilosas; estames 6-8. Flores pistiladas 3,5-6mm compr.;
bractéola-1, linear, glândulas 2-4, obpiriformes; sépalas 5-6, espatuladas, 2-2,5mm compr.; coléteres
alternisépalos; ovário obovóide 3x2mm; estiletes-3, bífidos. Fruto ovóide 4x5mm; sementes ovóides,
3x2,5mm, testa creme, maculada.
Material examinado: Serrotinho, 29.III.2006, M. F. A.Lucena et al. 1157 (RB, SP, UFP).
Comentários: referida para os Estados Unidos e América Tropical (Govaerts et al. 2000).
No Nordeste é listada por Lucena & Alves (submetido) para Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco,
Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe. Presente em diferentes tipos vegetacionais. Apresenta afinidades
com Croton lundianus (Didr.) Müll. Arg. e C. hirtus L’Her. por compartilharem glândulas pateliformes
acropeciolares, porém C. hirtus apresenta indumento hirto nos ramos e em C. lundianus as flores
pistiladas e estaminadas são distanciadas entre si. Em Mirandiba a espécie habita prerencialmente
áreas de caatinga sedimentar degradadas formando pequenas populações em altitude de 458m.
erosa a esparso-serreada, glândulas estipitado-pateliformes nas reentrâncias das serras, face abaxial;
nervação cladódroma; glândulas-2, acropeciolares, estipitado-pateliformes a subséssil-pateliformes, raro
subcilíndricas, face abaxial; glândulas translúcidas em ambas as faces. Inflorescência racemos terminais.
Flores estaminadas 1,5mm compr.; bractéola-3, triangulares; sépalas-5, ovais, 1mm compr., valvares;
pétalas-5, espatuladas a obovadas, 1mm compr., internamente velutinas; estames-15. Flores pistiladas
4-5mm compr.; bractéola-3, triangulares, ápice glandulígero; sépalas-5, lanceoladas, reduplicadas, 5mm
compr.; disco glandular 5-lobado, lobos intercalados por coléteres; ovário globoso, 3mm diâm., denso-
estrelado, híspido; estilete-3, bífidos. Fruto depresso-globoso, 4x5mm; sementes elípticas, 3x2,5mm,
testa marrom escuro, rugosa.
Material examinado: Serrotinho, 9.II.2007, M. F. A. Lucena et al. 1675 (NY, MAC, MO, SP, UFP).
Comentários: espécie endêmica do Nordeste do Brasil (Govaerts et al. 2000) registrada por
Lucena & Alves (inéd.) para os estados da Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do
Norte, Sergipe. Compreende planta arbustiva e aromática, caracterizada pela presença de duas glândulas
acropeciolares, estipitado-pateliformes na face abaxial e glândulas do mesmo tipo nas reentrâncias
das serras, bractéolas glandulígeras e lobos do disco glandular das flores pistiladas com coléteres. A
alta densidade de tricomas nas folhas, dificulta por vezes, a observação das estípulas e glândulas nas
reentrâncias das serras, além do fenômeno de herbivoria sobre estas últimas. Diferentemente de outros
registros, em Mirandiba a espécie foi coletada exclusivamente em caatinga de areia, arbustiva e densa.
Nome Popular: mulatinha, canelinha-de-cheiro, caatinga-de-cheiro-verde, alecrim–de-caboclo, alecrim-
de-vaqueiro.
27.13. Croton heliotropiifolius Kunth in H.B.K., Nov. Gen. Sp. 2: 83. 1817.
Croton rhamnifolius Kunth in H.B.K.. Gen. Sp. 2: 75. 1817, nom. illeg.
Arbustos, 1-2m alt.; aromáticos; látex incolor a creme, ramos pilosos, tricomas estrelados,
estípulas lanceoladas a subuladas, inconspícuas, glandulígeras. Folhas inteiras, ovais a lanceoladas,
raro elípticas, 2,5-14x1-7cm, membranáceas a cartáceas, pilosas, tricomas estrelados, base cordada,
obtusa a arredondada, ápice agudo a acuminado, margem discretamente serreada a denteada, raro
inteira, glandulígera, nervação craspedódroma a broquidódroma; glândulas 2(4), inconspícuas,
ovóides, basilaminares, na face adaxial. Inflorescência racemos terminais. Flores estaminadas 2-4mm
compr., bractéolas-3, tamanhos desiguais, lanceoladas a triangulares; sépalas-5, ovais a elípticas, 1,5-
2mm compr., valvares, glândulas translúcidas; pétalas-5, espatuladas a estreito-elípticas, 1,5-2mm
compr.; estames 15-20, disco glandular 5-lobado. Flores pistiladas 4-7mm compr.; bractéolas 1-3,
lanceoladas a elípticas; sépalas-5, oblongas a lineares, 1-2,5mm compr., valvares, disco glandular
5-lobado, lobos truncados às vezes intercalados por coléteres; ovário depresso-globoso, 2,5x2mm,
denso-estrelado; estiletes-3, bífidos. Fruto oblongo, 5x7mm; sementes elípticas a oblongas, 4x2mm,
testa cinza.
Material examinado: Vertentes, 02.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1594 (UFP).
Comentários: espécie de ampla distribuição, com ocorrência nas Américas do Norte,
Central e do Sul e nas Antilhas (Lucena & Sales inéd.). Também pode ser considerada amplamente
distribuída por todo semi-árido do nordeste brasileiro com raras e eventuais populações ocorrendo
em Floresta Atlântica. Seu reconhecimento no campo é facilitado pelo aroma característico, com
27.14. Croton laceratoglandulosus Cordeiro & Caruzo, Bot. J. Linn. Soc. 158:
493-498. 2008.
Arbustos, 0,7-1,5m alt.; látex incolor, ramos pilosos, tricomas denso-estrelados; estípulas
laciniadas, 10-15mm compr., glandulígeras. Folhas inteiras, alternas, cordiformes a largo-elípticas, 8,5-
19x5-11,5cm, cartáceas, pilosas, tricomas denso-estrelados e simples, base cordada, ápice cuspidado
a acuminado, margem dentado-glandulígera, glândulas estipitado-capitadas; nervação cladódroma;
glândulas 2-4, estipitadas a sésseis, basilaminares, acropeciolares. Inflorescência racemos terminais.
Flores estaminadas 2-4mm compr.; bractéola-1, pinatífida, glandulígera; sépalas-5, ovais, 2-3mm
compr., valvares; pétalas- 5, obovadas, 2mm compr.; estames 30-40, receptáculo viloso. Flores
pistiladas 3-5mm compr.; bractéola-1, semelhante às estaminadas; sépalas-5, ovais, reduplicadas, 3-5mm
compr., margem estipitado-glandulígeras; ovário depresso-globoso, 3x4mm, tricomas denso-estrelados,
estiletes-3, multífidos. Fruto depresso-globoso 10x10mm; sementes elípticas a ovóides 5x3mm, testa
cinza, rugosa.
Material examinado: Fazenda Baixa Grande, 19.IV.2007, J. R. Maciel et al. 447 (UFP).
Comentários: espécie com distribuição restrita até então ao estado do Ceará, sendo este
um novo registro para a região. Exclusiva de áreas de caatinga não impactadas e sobre afloramentos
rochosos. Foi coletada em hábitat sombreado, no interior de catinga arbórea, com altitude de 590m.
Flores visitadas por abelhas. A espécie pode ser reconhecida pelas longas estípulas laciniadas de margem
glandular e presença de glândulas nas brácteas, bractéolas, sépalas das flores pistiladas, margem e base
das folhas.
27.17. Croton rhamnifolioides Pax & K. Hoffm, Repert. Spec. Nov. Regni Veg. 19:
174. 1923.
Arbustos, 1,5–2,80m alt.; aromáticos; látex incolor, ramos glabros, sulcados, descamantes;
estípulas inconspícuas. Folhas inteiras, alternas a subopostas, elípticas, 3,5-7,5x1,8-4cm, cartáceas,
raro membranáceas, pilosas, tricomas estrelados, base obtusa a cordada, ápice acuminado, raro
retuso, margem inteira, nErvasção eucamptódroma; glândulas 2-4, circulares, sésseis, basilaminares
na face adaxial, glândulas-2, pateliformes na face abaxial. Inflorescência racemos terminais. Flores
estaminadas 2-3mm compr.; sépalas-5 ovais, 2mm compr., valvares; bractéolas-3, tamanhos desiguais,
lanceoladas a triangulares. Flores pistiladas 5mm compr.; sépalas-5, lanceoladas, 3-5mm compr.,
valvares, velutinas a tomentosas; pétalas-5, elíptico-oblongas, raro ovais, 2-5mm compr.; externamente
velutinas, internamente vilosas na base; disco glandular 5-lobado; ovário globoso, 3mm diâm., denso-
estrelado; estiletes-3, bífidos, adpressos. Fruto globoso, 5,5x5,5mm, sementes elípticas, 5x3,5mm, testa
cinza-brilhante.
Material examinado: Serra da Jia, 31.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1486 (UFP).
Comentários: Govaerts et al. (2000) consideram esta espécie endêmica do Brasil com registro
apenas para o estado da Bahia, mas levantamento realizado por Lucena & Alves (inéd.), revelou sua
ocorrência para outros estados: Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Táxon possivelmente restrito ao bioma caatinga. Morfologicamente semelhante a C. heliotropiifolius,
porém diferencia-se deste, pela presença de 2-4 glândulas pateliformes na base da lâmina foliar e
estiletes adpressos sobre o ovário. Ocorre em populações numerosas em áreas de caatinga com solos
fortemente pedregosos. Nomes populares: caatinga-branca, marmeleiro-branco, quebra-faca, quebra-
facão, catinga-porco. Planta medicinal (Randau 2001). Em Mirandiba a entrecasca é utilizada para
tratamento de enxaquecas e ressacas.
revelam ser esta espécie ser ocasional em caatinga e floresta atlântica, porém freqüente em brejos de
Altitude. São plantas com folhas delicadas e ativo aroma amentolado; facilmente reconhecidas pela
ramificação caulinar dicotômica e as folhas ovais a lanceoladas com duas a quatro glândulas estipitado-
pateliformes, caliciformes ou cilíndricas no ápice do pecíolo. Espécimes analisados de C. pulegioides
Müll. Arg. e C. pulegiodorus Baill. apresentaram caracteres similares aos de C. tetradenius, incluindo estágios
intermediários entre os diferentes tipos de glândulas acropeciolares. Possivelmente, ambas podem se
tratar de uma única espécie. C. tetradenius, habita áreas de solos pedregosos em ambientes sombreados
e úmidos de caatinga arbustivo-arbórea, em geral, à margem de riachos temporários. Nome popular:
caatinga-de-bode, zabelê, velandinho; barba-de-bode.
com Lucena & Alves (inéd.): Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte
e Sergipe. Táxon com ocorrência em diferentes tipos vegetacionais. O hábito, as folhas 3-lobadas e o
pseudanto característico são aspectos que individualizam a espécie das demais encontradas nas áreas de
estudo. Nomes Populares: tamiarana, coça-coça.
27.21. Ditaxis malpighiacea (Ule) Pax & K. Hoffm. in Engler, Pflanzenr., 147(4): 60.
1912.
Arbustos monóicos, 0,50-1,20m alt.; ramos glabrescentes a seríceos, quadrangulares; estípulas
escamiformes, largo-triangulares, côncavas, 2mm compr. Folhas estreito-elípticas, raro obovadas a
oblanceoladas, 2-4x0,6-1,5cm, faces abaxial e adaxial tomentosa, tricomas malpighiáceos e simples,
base atenuada, ápice acuminado, glandulígero, margem inteira, nervação trinérvia e eucamptódroma.
Inflorescência racemos axilares; brácteas e bractéolas, escamiformes, largo-triangulares, cônicas
2-3mm compr. Flores estaminadas 5-6mm compr.; sépalas-5, lanceoladas a ensiformes, raro oblongas,
3-4mm compr., valvares; pétalas-5, espatuladas a obovadas, 2,5-3mm compr., disco glandular 5-lobado,
lobos ovóides; estames-10, verticilos-2. Flores pistiladas 5-9mm compr.; sépalas-5, oval-lanceoladas,
3-5mm compr., valvares; pétalas-5, estreito-elípticas, 3-3,5mm compr.; disco glandular 5-lobado; ovário
abaulado, 2x4mm compr., hirsuto, 3(4) carpelar; estiletes-3, bífidos, eretos, conados; estigma alado-
sinuoso. Fruto depresso-globoso, 5x6mm, fortemente 3-arestado; sementes largo-ovais, 2,5x2,5mm,
testa preta, foveoladas.
Material examinado: Fazenda Baixa Grande, 09.II.2007 M. F. A. Lucena et al. 1684 (UFP).
Comentários: espécie considerada endêmica do Brasil (Pernambuco e Piauí), tendo agora
sua distribuição na região Nordeste, ampliada por Lucena & Alves (inéd.) para os estados de: Alagoas,
Bahia, Paraíba. Compreende um arbustos monóico, delgado, de ramos quadrangulares, ovário hirsuto
3-4 carpelos e sementes foveoladas. A ausência de tricomas estrelados é incluída por Webster (1994),
como outro caráter diagnóstico do gênero, porém nos exemplares estudados é comum a presença
esparsa dos mesmos. Coletada em áreas de caatinga arbórea densa e hipoxerófila, entre 450-504m alt.
em solos areno-argilosos, pedregosos e latossolos vermelhos. Nome popular: pau-de-mocó, carqueja.
27.22. Euphorbia chamaeclada Ule, Bot. Jahrb. Syst. 42: 224. 1908.
Ervas suberetas a prostradas, anuais, monóicas; ramos tomentosos, raro vilosos; estípulas-2,
lineares, 1-1,5mm compr. Folhas oblongas, 0,8-1x0,3-0,5cm, glabras a pilosas, tricomas simples, base
assimétrica, ápice obtuso a agudo, margem inteira a discretamente serreada. Inflorescência ciátios-3,
axilares, 3mm compr; invólucro caliciforme urceolado, tomentoso-viloso, internamente viloso;
glândulas-4, pateliformes a transversalmente elípticas, <1mm compr., opostas, apêndices glandulares-4,
desiguais, oblato-truncados, margem sinuosa a tripartida. Flores estaminadas-5 por ciátio, 1mm compr.
Flor pistilada-1, 1,5mm compr.; ovário globoso-oblongo, 1x2,5mm larg., velutino; estiletes 3, bífidos,
eretos. Fruto globoso, 1,5x1,5mm; sementes 1x0,5mm, testa marrom-avermelhada.
Material examinado: Serra da Jia, 31.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1497 (UFP).
Comentários: considerada endêmica da Bahia (Sátiro & Roque 2008). Trabalho desenvolvido
por Lucena & Alves (inéd.) vem agora ampliar essa distribuição para os estados de Pernambuco e
Paraíba. O hábito subereto a prostrado, juntamente com a presença de três ciátios por axila das folhas,
invólucro urceolado tomentoso-viloso com quatro glândulas desiguais e transversalmente elípticas,
são caracteres que auxiliam na delimitação deste táxon. Em Mirandiba, habita preferencialmente áreas
de caatinga com latossolos pedregosos ou litólicos formando por vezes, um pequeno tapete sobre
o substrato. Ocasional em bordas de ambientes florestais ou ainda em solos rochosos de Cerrado
(Carneiro-Torres 2001). Nome Popular: tapete.
sombreados segundo Lucena & Alves (inéd.) Distingue-se pelos ramos não suculentos e a ausência
das brácteas características de Euphorbia comosa. Em Mirandiba os indivíduos são ocasionais não
chegando a formar populações numerosas; foram coletados preferencialmente em áreas sombreadas
de caatinga arbórea densa com solos pedregosos, no topo de serras ou próximo a margem de riachos
temporários.
raramente em regiões litorâneas (Gallindo 1985). Este mesmo autor descreve para Pernambuco três
variedades: J. molissima var. mollisima, J. molissima var. velutina Pax & Hoffm. e J. molissima var. subglabra
Mull.Arg., diferenciadas por caracteres florais e vegetativos. Nome Popular: pinhão-brabo.
Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, M. F. A. Lucena et al. 1189 (UFP); Serrotinho, 31.III.2006, M.
F. A. Lucena et al. 1181 (UFP); Vertente, 07.02.2007, M. F. A. Lucena et al. 1660 (UFP).
Comentários: endêmica do Nordeste brasileiro segundo Govaerts et al. (2000) com distribuição
nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe
(Lucena & Alves inéd.). Espécie de fácil reconhecimento por suas flores creme-amareladas, pequeno
porte e margens das folhas ciliadas e glandulares. Em Mirandiba coletada exclusivamente habitando
áreas de caatinga sedimentar arbustiva densa e aberta. Nome Popular: pinhão-rasteiro, pinhãozinho.
27.29. Manihot caerulescens Pohl, Pl. Bras. Icon. Descr. 1: 56. 1827.
Arbustos a arvoretas, monóicos, 2-7m alt., látex leitoso, amarelo; ramos puberulento-
canescentes com cicatrizes nodulares; estípulas inconspícuas. Folhas 3-5 lobadas; não peltadas, lobos
obovais, raro elípticos, centrais 1,3-5x0,8-2,7cm, laterais 3,5-7x1,5-5,5cm, cartáceas a coriáceas, glabras a
puberulentas ao longo das nervuras, base auriculada a atenuada, ápice acuminado a aristado, raro cirroso,
margem inteira, nervação actinódroma basal, lobular eucamptódroma. Inflorescência racemos axilares.
Flores estaminadas 10-18mm compr.; bractéola ausente; sépalas-5, elíptico-lanceoladas, estriadas, 10-
15mm compr., imbricadas; estames-10, sobre excrescências globosas; anteras plano-achatadas. Flores
pistiladas 10-13mm compr.; sépalas-5, elíptico-lanceoladas, 5-13mm compr.; disco glandular anelar,
sinuoso; ovário ovóide, 6x5mm, glabro, crasso, rugoso; estigma anelar papiloso. Fruto elíptico, 2-2,5mm,
com excrescências; sementes oval-elípticas, 10x9mm compr., testa marrom-maculada.
Material examinado: Serra da Jia, 31.V.2006, M. F. A. Lucena 1482 (UFP).
Comentários: táxon exclusivo do Brasil e Paraguai (Govaerts et al. 2000). No nordeste do
Brasil registrado para os seguintes estados: Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí. Espécie
reconhecida pelos lobos obovais, cartáceos com nervuras impressas, látex amarelo e estames com anteras
plano-achatadas. Diferente de M. dichotoma, os frutos são elípticos com excrescências e seis arestas
proeminentes. Coletada em caatinga arbórea densa com solo pedregoso. Nome Popular: maniçoba,
mandioca de veado.
27.31. Microstachys corniculata (Vahl) Griseb., Fl. Brit. W. I.: 49. 1864.
Subarbustos, monóicos, 0,20-1m alt.; látex incolor; ramos hirsutos; estípulas inconspícuas.
Folhas inteiras, alternas, verde-avermelhadas; lâmina oval-lanceolda, 2,5-9,5x1-4cm, membranácea,
pilosa, base cordada, ápice atenuado, margem minutamente serrilhada, glandulígera; nervação
cladódroma. Inflorescência racemos espiciformes; 1-2 flores pistiladas na base; flores estaminadas
em cimeiras; bráctea-1, oval a discóide, glandular, na base de cada címula. Flores estaminadas 5 por
cimeira, ca. 2mm compr.; sépalas-3, ovais, 0,5mm compr., avermelhadas; estames-3, livres; bractéola–1,
discóide, glandular. Flores pistiladas 2-3mm compr.; sépalas-5; ovário elíptico a oblongo, 3x2mm,
12-corniculado sendo 4 cornos por lóculo; estiletes-3, recurvados. Fruto oblongo, 4x3mm; sementes
oblongas, 3x2mm, testa preta, alveolada, carúncula estipitada.
Material examinado: Fazenda Vertentes, 19.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 156 (UFP).
Comentários: táxon com ocorrência desde o México atéa América Tropical (Govaerts et al.
2000). Distribuição no Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do
Norte e Sergipe). Espécie facilmente reconhecida por suas folhas oval-lanceoladas de base cordada,
com tonalidade verde-avermelhada e pelos frutos 12-corniculados, 4 por coca. O látex é hialino e
escasso. Freqüentemente confundido com M. hispida, no entanto, esta espécie apresenta folhas elípticas
a estreito-elípticas de base obtusa a arredondada e frutos com inúmeros cornículos, irregularmente
distribuídos. Coletada em área de caatinga arbustiva aberta com solo arenoso e 480m de altitude. Porém,
a espécie é comum também em áreas florestais, habitando bordas de matas. Ilustração em Esser (1999);
Smith & Downs (1959) e Santos-Filho (2000).
27.32 Phyllanthus amarus Schumach. & Thonn., Kongl. Danske Vidensk. Selsk. Skr.
4: 195. 1829.
Ervas a subarbustos, anuais, 15-30cm alt.; ramos glabros, filantóides; catáfilos triangulares
a lanceolados; estípulas lanceoladas, ápice acuminado, margem inteira, 0,5-1,5mm compr. Folhas
oblongas, 5,5-10x2,5-5cm, membranáceas, base arredondada, ápice obtuso, margem inteira a discreto
sinuosa, nervação broquidódroma. Inflorescência cimeiras axilares bissexuais; brácteas lineares. Flores
estaminadas 5-8mm compr.; sépalas-5, oblongas, 1-1,5mm compr., valvares, margem hialina, faixa verde
central, disco glandular 5-lobado, lobos orbiculares livres; estames-3, concrescidos, rimas oblíquas.
Flores pistiladas 6-11,5mm compr.; sépalas-5, oblongas a obovais, 2-3mm compr., valvares; disco
glandular 5-lobado, livre; ovário globoso, 4mm diâm.; estiletes-3, bífidos, eretos. Fruto depresso-globoso,
5x5mm; sementes trígonas, 1x1,5mm, testa enegrecida, verruculosa, estriada longitudinalmente.
Material examinado: Serra da Jia, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1494 (UFP).
Comentários: de acordo com Silva & Sales (2004) a espécie é pantropical, ocorrendo nas
Américas desde os Estados Unidos até a Argentina, incluindo Antilhas. Distribuição no Nordeste
(Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco e Piauí), habitando diferentes tipos vegetacionais. Em Pernambuco
é amplamente distribuída, em geral associada a ambientes perturbados, ocorrendo em canteiros de
jardins, margens de estradas e calçadas, além de ser invasora em áreas de cultivos (Silva & Sales 2004).
Em Mirandiba foi coletada em vegetação de caatinga com latossolos pedregosos sob a sombra e na
margem de riachos temporários. O padrão filantóide das folhas, lobos orbiculares do disco nectarífero,
estames unidos, rimas das anteras oblíquas e estiletes eretos são bons caracteres que a diferencia de P.
heteradenius. Facilmente confundida com P. niruri, diferenciando-se desta pela base simétrica da folha.
Ilustração em Silva & Sales (2004).
27.33. Phyllanthus heteradenius Müll. Arg. in Mart., Fl. bras. 11(2): 63. 1873.
Ervas, anuais, 10-45cm alt.; ramos glabros, não filantóides; estípulas lanceoladas, ápice
caudado a apiculado, margem discreto-serreada, 0,5-1mm compr. Folhas largo-elípticas a ovais,
1-3x0,5-1cm, membranácea, base atenuada a arredondada, ápice arredondado a mucronulado, margem
inteira a discreto sinuosa, nervação cladódroma. Inflorescência cimeiras axilares unissexuais; brácteas
triangulares. Flores estaminadas 9-10mm compr.; sépalas-5, obovais, 1-1,5mm compr., valvares,
disco 5-lobado, lobos elípticos; estames-3, livres, rimas transversais. Flores pistiladas solitárias, 3,5-
4mm compr.; sépalas-5, largo-ovais a obovais, 2-2,5mm compr., imbricadas; disco glandular 5-lobado,
adnados na base; ovário oblato, 3,5x4mm; estiletes depressos. Fruto depresso-globoso, 5x5mm; semente
1x1,5mm, testa enegrecida, verruculosa, estriada longitudinalmente.
Material examinado: Fazenda do Tigre, 30.III.2006, K. Pinheiro 118 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F.
A. Lucena et al. 1419 (UFP); Serra da Jia, 31.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1485 (UFP). Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. R.
Maciel et al. 434 (UFP).
Comentários: exclusiva do nordeste do Brasil, em vegetação de caatinga hiperxerófila e
cerrado nos estados de Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco e Sergipe (Wesbter 2002 apud Silva &
Sales 2004). Lucena & Alves (submetido) registram essa espécie também para o Rio Grande do Norte.
Pode ser facilmente confundida com outras espécies do gênero nos ambientes de caatinga. Caracteriza-
se pelos ramos não filantóides, o formato das estípulas e dos lobos do disco nectarífero. No município
de Mirandiba a espécie foi registrada em áreas de caatinga arbórea densa com pequenas populações em
ambiente sombreado, na proximidade de riachos temporários em solos argilo-pedregosos e altitude de
450-520m.
27.34. Sapium glandulosum (L.) Morong, Ann. New York Acad. Sci. 7: 227.1893.
Sapium biglandulosum (L.) Müll. Arg., Linnaea 32: 116. 1863.
Sapium glandulatum (Vell.) Pax in H.G.A. Engler, Pflanzenr. 5: 229. 1912, nom. illeg.
Sapium montevidense Klotzsch ex Baill., Adansonia 5: 320. 1865.
Arbustos a arvoretas, monóicos, 4-10m alt.; ramos glabros; estípulas-2, largo-triangulares a
deltóides, 2mm compr., crassas, serreado-ciliares. Folhas inteiras, alternas a subopostas; glândulas-4,
côncavas, acropeciolares-2, basilaminares-2; lâmina elíptica a oboval, 2,5-9,5x1-4cm, membranácea a
cartácea, glabras, base atenuada a cuneada, ápice obtuso a agudo, cuculado-inflexo, margem serreada a
crenulada; nervação eucamptódroma. Inflorescência racemos espiciformes; bráctea deltóide, 1,5mm
compr., glabra; bractéolas-2, glandulares, discóides a elípticas. Flores estaminadas 3-5 por cimeira, ca.
2mm compr.; sépalas-2, obovais, 1-1,5mm compr., imbricadas; pétalas ausentes; estames-2; bractéola–2,
glandulares, discóides. Flores pistiladas 2-3mm compr.; sépalas-3; ovário globoso, 3mm diâm.; estilete-1,
colunar, crasso; estigmas-3, crassos, recurvados Fruto oblongóide a obovóide, 10x15mm; sementes
elípticas, 7x5mm, testa creme, verruculosa.
Material examinado: Serra do Tigre, 18.IV.2007, K. Pinheiro 243 (UFP); Fazenda Areias, 31.V.2006, M. F. A.
Lucena et al.1473 (UFP).
Comentários: amplamente distribuída do México a América Tropical (Govaerts et al. 2000).
Distribuição no nordeste do Brasil (Lucena & Alves, inéd.): AL, BA, CE, SE, PB, PE, PI. Comum em
florestas úmidas e decíduas (Burger & Huft 1995), brejos de altitude e cerrado (Santos 2000). Diferencia-
se de S. argutum (Müll. Arg.) Huber por apresentar 2-16 (11) pares de nervuras eucamptódromas; ovário
3-locular e margem foliar com glândulas (Kruijt 1996, Santos 2000). Reconhecida ainda pelo par de
glândulas no pecíolo, ápice da folha inflexo e abundante látex branco-leitoso. Coletada em Mirandiba em
caatinga arbórea arbustiva densa de areia e de latossolos avermelhados e caatinga de solos pedregosos.
Nome popular: burra-leiteira. Indicada como medicinal (Santos 2000).
ou ainda flores pistiladas na base e estaminadas no ápice de um único eixo floral. Tricomas glandulares
e urentes, longo-estipitados nos ramos e inflorescência é um caráter para o fácil reconhecimento da
espécie. Comum em Mirandiba em áreas sombreadas de caatinga arbustiva aberta ou arbórea densa,
sobre solos argilosos e pedregosos, em altitudes de 440-540m. Nome Popular: urtiguinha, cipó-urtiga.
28. Gentianaceae
Aline Melo, Anderson Alves-Araújo, Marccus Alves
Família cosmopolita, porém, com distribuição concentrada nas regiões temperadas. Possui 87
gêneros e aproximadamente 1650 espécies, dos quais 28 gêneros e 100 espécies são encontrados no
Brasil. A família tem grande importância farmacológica, tendo seus extratos usados para combate à
febre, problemas gastrointestinais e inflamações. Algumas espécies são utilizadas na horticultura, como
a Eustoma grandiflorum (Raf.) Shinners e a Exacum affine Balf. f. ex Regel., e também como ornamentais,
Gentiana L. (Struwe & Albert 2004). Schultesia é pantropical, com cerca de 20 espécies ocorrentes no
Brasil (Guimarães 2007). O gênero está presente nos cerrados e campos rupestres e caatinga.
28. 1. Schultesia guianensis (Aubl.) Malme var. guianensis, Ark. Bot. 3(12): 9. 1904.
Prancha 15, fig. A.
Ervas, 7,5-10cm alt., anuais, eretas; caule tetragonal. Folhas 1,5-3,5x0,3-0,8cm, sésseis,
opostas, oval-lanceoladas, base arredondada a truncada, ápice agudo, margem inteira. Flores 2-2,3cm
compr., amarelas, solitárias, actinomorfas; cálice 4-lobado, lobos do cálice carinados, oblongos, ápice
agudo; corola 4-lobada, infundibuliforme, lobos da corola lanceolados, ápice levemente acuminado;
estames 4, eretos, não-alados, exsertos; anteras 2-2,5x1mm, eretas, oblongas, rimosas; ovário unilocular;
estigma bilobado.
Material examinado: Serra das Umburanas, 23.VI.2007, Y. Melo et al. 306 (UFP).
Comentários: espécie com distribuição desde o México até o Paraguai. Schultesia guianensis
se caracteriza pelas folhas oval-lanceoladas e flores amarelas. Em Mirandiba a espécie foi encontrada
habitando solos pedregosos a margem de riachos temporários no período chuvoso. Não há relato de
usos desta espécie pelas comunidades locais.
28.2. Schultesia pohliana Progel., Fl. bras. 6(1): 205, t. 56, f. 1. 1865.
Prancha 14, fig. B.
Ervas, 8,5cm alt ., anuais, eretas; caule tetragonal. Folhas 1,5-3cmx0,1-0,25cm, sésseis, opostas,
estreitamente linear-oblonga, base estreitamente atenuada, ápice agudo, margem inteira. Flores 1,5cm
de compr., róseas, solitárias, actinomorfas; cálice 4-lobado, lobos do cálice carinados, lanceolados, ápice
acuminado; corola 4-lobada, infundibuliforme, lobos da corola obovados, ápice obtuso; estames 4,
eretos, não alados, exsertos; anteras 1-1,5x0,5mm, eretas, oblongas, rimosas; ovário unilocular; estigma
bilobado.
Material examinado: Estrada para Fazenda Troncão, 16.IV.2007, J. S. Silva et al. 165 (UFP).
Comentários: espécie distribuída desde o Panamá até a Bolívia. Neste trabalho ela é citada
pela primeira vez para o Nordeste do Brasil. Em Mirandiba foi observada ocorrendo em simpatria com
S. guianensis. Não há relato de usos desta espécie pelas comunidades locais.
29. Hydroleaceae
José Iranildo Miranda de Melo
Família com um gênero e onze espécies distribuídas nas regiões tropicais e temperadas, sendo
os principais centros de diversidade as Américas do Sul (Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai, Colômbia
e Venezuela), Central (Continental e Insular) e do Norte (Estados Unidos da América e México) e
África Tropical. No Brasil, ocorrem duas espécies das quais Hydrolea spinosa L., é a mais amplamente
distribuída e encontrada em Mirandiba.
29.1. Hydrolea spinosa L., Sp. pl. ed. 2, 1: 328. 1762. Prancha 15, fig. C-E.
Ervas, ca. 30cm alt.; ramos viscosos, hirsuto-glandulares, espinhos axilares, solitários. Folhas
alternas; lâmina 2,2-5,4x0,6-1,4cm, membranácea, elíptica a estreitamente-elíptica, ápice agudo,
margem inteira, ciliada, base atenuada, hirsuta em ambas as faces, tricomas glandulares, venação
broquidódroma; pecíolo 0,2-0,4cm compr., cilíndrico, hirsuto. Inflorescência até 2,4cm compr.,
curtamente pedunculada. Flores até 1,5cm compr., pedicelo ca. 0,2mm compr.; cálice ca. 9mm compr.,
obcampanulado, lacínios 7-8x1-1,5mm, lanceolados, hirsuto-glandulares externamente; corola 1-1,3cm
compr., rotáceo-campanulada, cerúlea, lobos ca. 0,5mm compr., suborbiculares; estames opositipétalos,
exsertos, anteras 2,2-2,8mm compr., dorsifixas, filetes 1,2-1,4mm compr., arroxeados, dilatados na base;
ovário ca. 3mm compr., ovóide, pluriovulado; estiletes 2, terminais, ca. 1 cm, arroxeados, hirsuto-
30. Hydrocharitaceae
Anderson Alves-Araújo & Jefferson Rodrigues Maciel
Ervas aquáticas, dulcícolas, anuais, fixas no substrato ou livres flutuantes; caule simples ou
ramificado. Folhas sésseis, submersas, alternas ou freqüentemente verticiladas, regularmente distribuídas
ao longo do caule ou restritas ao ápice; estípula ausente. Inflorescência simples, com flor solitária.
Flores uni ou bissexuadas, protegidas por espata séssil ou subsséssil, emergente acima da superfície da
água, sobre um rígido hipanto; sépalas 3, persistentes; pétalas 3, vistosas; estames 1-muitos, rudimentares
em flores femininas; ovário 3-carpelar, unilocular. Fruto cápsula, ovóide, deiscência irregular; sementes
6-7, fusiformes.
30.1. Apalanthe granatensis (Bonpl.) Planch., Ann. Mag. Nat. Hist., ser. 2, 1: 87. 1848.
Ervas aquáticas, fixas, emersas, caule ramificado. Folhas 9-12x0,9-1mm, alternas ou
freqüentemente 4-verticiladas, lineares, planas, glabras, ápice agudo, margem inteira, escabra. Flor 2mm
compr., bissexuada, axilar, solitária, subentendida por uma espata de 5mm compr., séssil; sépalas 3,
esverdeadas; pétalas 3, alvas; estames 3, 1mm compr., anteras 0,3mm compr., deiscência rimosa; ovário
ínfero, sincárpico. Fruto ca. 6mm compr.
Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 131 (UFP).
Comentários: espécie com distribuição neotropical, sendo encontrada praticamente em todo
o país. Muito comum em cursos de água-doce ou açudes, ambiente no qual foi coletada em Mirandiba.
Gênero monotípico, Apalanthe granatensis é caracterizada pelas flores bissexuadas com três estames.
Aparentemente não apresenta potencial econômico, entretanto, possui hábito semelhante ao de Egeria
e de Elodea, esses últimos utilizados como ornamentais em aquários e tanques de jardins.
31. Iridaceae
Anderson Alves-Araújo & Jefferson Rodrigues Maciel
KLATT, F. W. 1871. Irideae. In: MARTIUS, C.; EICHLER, A. G. & URBAN, I. (eds.). Flora
brasiliensis, 3(1): 509-548.
GOLDBLATT, P. & HENRICH, J. E. 1987. Notes on Cipura (Iridaceae) in South and Central
America, and a new species from Venezuela. Annals of the Missouri Botanical Garden, 74(2): 333-
340.
31.1. Cypella gracilis (Herb.) Klatt in Mart., Fl. bras. 3: 521. 1871. Prancha 15, fig. F.
Ervas cormosas, sazonalmente dormentes; cormos 3-4cm compr.; catafilos 4-5cm compr.,
marrons. Folhas 22-28cm compr., 1-3, eretas, plicadas, lanceoladas, glabras, membranáceas a
subcoriáceas, inteiras, verdes, concolores. Inflorescência ramificada, flores 2-3; pedúnculo 19-21cm
compr.; bráctea tectriz 23cm compr., verde. Flores não vistas. Fruto cápsula, obovóide, marrom,
3-sulcado; sementes angulares, castanhas.
Material examinado: Serra do Tigre, 31.V.2006, K. Pinheiro 174 & D. Araújo (UFP). Material adicional:
Pernambuco: Arcoverde, Estação experimental, 21.VII.1971, Andrade-Lima 71-6407 (IPA); Buíque, Chapada de São José,
21.VI.1975, Andrade-Lima 75-8120 (IPA).
Comentários: espécie de distribuição conhecida apenas para o estado do Rio de Janeiro, o
qual foi citado no amplo trabalho da Flora brasiliensis (Klatt 1871). Embora não tenha sido constatado
uso formal da espécie, percebe-se grande potencial ornamental. Pode ser distinta dentre as outras
espécies ocorrentes no Nordeste brasileiro por apresentar, principalmente, o escapo ramificado.
Prancha 15. Figura A. Schultesia guianensis var. guianensis. Hábito. B. Schultesia pohliana. Hábito. C-
E. Hydrolea spinosa. C. Hábito. D. Flor. E. Flor aberta. F. Cypella gracilis. Hábito.
32. Lamiaceae
Juliana Silva dos Santos & Juliana Santos Silva
Prancha 16. Figuras A-E. Hypenia salzmannii A. Ramo. B. Detalhe do tricomas. C. Flor. D. Cálice
frutífero. E. Fruto. Figuras F-M. Hyptis suaveolens. F. Ramo. G. Flor. H. Cálice e bráctea. I. Detalhe
dos tricomas nos lacínios. J. Detalhe dos tricomas da bráctea. L. Vista frontal do fruto. M. Vista
lateral do fruto. Figuras N-Q. Ocimum campechianum. N. Ramo. O. Aspecto geral das flores. P.
Bráctea. Q. Fruto.
32.1. Hypenia salzmannii (Benth.) H. Harley, Bot. J. Linn. Soc. 98(2): 91.1988.
Prancha 16, fig. A-E.
Subarbustos, 0,5-2m alt., aromático; tricomas uni a pluricelulares revestindo ramos, folhas,
pecíolos, corola e cálice. Caule ramos cilíndrico a subquadrangulares, intumescido na porção mediana dos
entrenós, pubescentes a vilosos. Folhas opostas, simples; pecíolo 0,7-1,3cm compr., subquadrangular,
arroxeados, viloso; lâmina 2,5-2,8x0,9-1,9cm, membranácea, oblonga, base cuneada, ápice agudo,
margem crenada, nErvasção eucamptódroma. Inflorescências paniculadas, axilares; brácteas 0,5-1mm,
filiformes, pubescentes. Flores lilases, pediceladas; cálice 4-6mm compr., campanulado, pubescente,
lacínios 5, agudos; corola 6-8mm compr., bilabiada, pentalobada, pubescente, lobos arredondados;
estames 4, didínamos, filetes 1-1,5mm compr., glabros; ovário 1-1,5mm compr., estilete bífido. Fruto
núcula 2-3mm compr., preta, mucilagem leitosa quanto úmida.
Material examinado: Vertentes, 19.IV.2007, D. Araújo 266 (PEUFR, UFP).
Material adicional: PERNAMBUCO, Buíque, Tribo Kapinawá, 16.X.2004, R. S. Pinho 28 (PEUFR).
Comentários: espécie típica das áreas de caatinga da região Nordeste do Brasil. Conhecida por
barrigudinha em alusão ao intumescimento de seu caule, caracteriza-se por apresentar ramos arroxeados,
inflorescências em panículas, flores pediceladas com cálice de lacínios agudos, filetes glabros e fruto
com mucilagem. A infusão e o chá de suas folhas são bastante utilizados no combate à resfriados e
problemas respiratórios.
32.2. Hyptis suaveolens (L.) Poit., Ann. Mus. Natl. Hist. Nat. 7: 472. 1806.
Prancha 16, Fig. F-M.
Subarbustos, 0,2-1,5m de alt., fortemente aromático. Tricomas uni a pluricelulares, às vezes
glandulares, revestindo ramos, folhas, pecíolos, brácteas, pedicelos, cálice e corola. Folhas opostas,
simples; pecíolo 0,7-4,3cm compr.; lâmina 6-7x3,2-4cm, membranácea, oval, base cordada, ápice agudo,
margem crenada, nErvasção eucamptódroma. Inflorescências pedunculadas, capituliformes, axilares;
pedúnculo 5-6mm compr., subquadrangular, pubescente; brácteas 1-1,5mm, filiformes, pubescentes.
Flores sésseis, lilases; cálice 0,9-1cm compr., campanulado, pubescente, lacínios 5, aristados; corola 0,5-
1cm compr., bilabiada, pentalobada, pubescente; estames 4, didínamos, filetes 4-5mm compr., vilosos;
ovário 1-1,2mm compr., estilete bífido. Fruto núcula 3-4x1-1,2mm, negrescente, mucilagem ausente.
Material examinado: Fazenda Tigre, 30.V.2006, E. Córdula et al. 63 (UFP); Fazenda Tigre, 30.V.2006, M. F.
A. Lucena et al. 1440 (UFP, PEUFR); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, P. Gomes et al. 286 (UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, Y. Melo
et al. 156 (UFP, PEUFR); Sítio Areia Molhada, 16.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 112 (UFP, PEUFR).
Comentários: amplamente distribuída no continente Americano e Asiático. Em Pernambuco
ocorre em áreas de restinga e de caatinga, sendo considerada também planta ruderal. Caracteriza-se por
apresentar inflorescências capituliformes, flores sésseis, lacínios aristados, filetes vilosos e núcula sem
mucilagem. Popularmente conhecida por alfazema-de-cabloco, alfavaca-brava ou bamburral é empreada
na medicina popular, principalmente na região Nordeste. A infusão de suas flores é usada para aliviar
cólicas menstruais, problemas digestivos e, também, para febres. Vários estudos já foram conduzidos
com esta espécie, tendo sido constatadas atividades anti-tumorais, hipotensoras, vasodilatadora e
espasmogênica.
32.3. Ocimum campechianum Mill., Gard. Dict. (ed. 8): 5. 1768. Prancha 16, fig. N-Q.
Ervas, 20-50cm de alt., aromática; tricomas uni a pluricelulares ou glandulares, revestindo
ramos, folhas, pecíolos, inflorescências, pedicelos. Ramos divaricados, puberulentos a pubescentes.
Folhas opostas, simples; pecíolo 1,7-3cm compr., quadrangular, pubescente; lâmina 3,5-5x2-
3cm, cartácea, oval, discolor, base atenuada, ápice agudo, margem crenada, revestida por glândulas
punctiformes, nErvasção eucamptódroma. Inflorescências racemosas, terminais, verticilos 3 flores;
brácteas 2-7mm, foliáceas, ovais, pubescentes. Flores pediceladas; cálice 7-8mm compr., bilabiado,
ligeiramente deflexo na antese, lábio superior decurrente sobre todo o tubo, lábio inferior tetralobado,
lacinios lineares, puberulento a pubescentes; corola 4-5mm compr., bilabiada, pentalobada, lobos
oblongos a arredondados, branca, internamente lilás, puberulenta a pubescente; estames 4, didínamos,
filetes 2-3mm compr., glabros; ovário 2-3mm compr., estilete bífido. Núcula 1,5-2mm compr., marrom,
mucilagem leitosa quanto úmida.
Material examinado: Fazenda Tigre, 30.III.2006, K. Pinheiro & M. Alves 75 (UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007,
L. L. Santos et al. 223 (PEUFR, UFP); Fazenda Troncão, 16.IV.2007, J. R. Maciel et al. 406 (PEUFR, UFP).
Comentários: espécie exclusiva do continente Americano com ampla destribuição no
território brasileiro. Alvafaca ou mangericão é elemento comum de ambientes abertos e ensolarados.
Distingue-se por apresentar hábito herbáceo, glândulas punctiforme nas folhas, brácteas foliáceas e
cálice bilobado. O chá de suas folhas é popularmente utilizado no combate a cálculo renal, aftas e
inflamações na gargata, enquanto a infusão delas é empregada contra tonturas e vômitos. É ainda
bastante apreciada em saladas, massas, molhos e sopas.
33. Leguminosae
Elisabeth Córdula, Luciano Paganucci de Queiroz & Marccus Alves
1. Folhas unifolioladas������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
1’. Folhas pinadas ou bipinadas��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
2. Folhas inteiras, ápice emarginado; botões florais cilíndricos e estriados���������������Bauhinia acuruana
2’. Folhas bilobadas, divididas até ¼ do seu comprimento; botões
florais claviformes e não estriados�������������������������������������������������������������������������������� Bauhinia cheilantha
33.1.1. Bauhinia acuruana Moric., Pl. Nouv. Amer.: 77. 1840. Prancha 17, fig. J-L.
Arbustos; pubescentes, tricomas glandulares esparsos, nef ausente; estípulas deltóides, ca.
3mm compr. Folhas unifolioladas, inteiras, ovadas, 7x4cm compr., base cordada, ápice emarginado,
palmatinérveas. Inflorescências pseudoracemos, terminais. Flores brancas, hipanto tubuloso; botões
cilíndricos, estriados; cálice 5-laciniado; pétalas lanceoladas, unguladas, 4cm compr.; estames-10; ovário
piloso. Fruto legume, linear-oblongo, 17-20x1-1,5cm, pubescente.
Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, fl., E. Córdula et al. 44 (HUEFS, UFP); Faz. Areia Malhada,
16.IV.2007, fl. fr., E. Córdula et al. 224 (UFP).
Comentários: No Brasil, distribui-se nos estados da Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Minas
Gerais, Pernambuco e Piauí. Ocorre em solos pedregosos, arenosos ou argilosos, na orla de floresta
estacional caducifólia, cerradão, caatinga, cerrado, carrasco, transição caatinga/cerrado, cerrado/floresta
estacional e finalmente nos campos gerais e campos rupestres (Vaz & Tozzi 2003). Em Mirandiba
ocorre em vegetação arbustiva densa, em solo arenoso e profundo. Em Pernambuco está registrada
para Araripina, Buíque, Ibimirim, Inajá, Mirandiba, Petrolina e Tacaratu. Difere de B. cheilantha pelas
folhas inteiras.
33.1.2. Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud., Nomencl. Bot. (ed.2) 1: 191. 1840. Prancha
17, fig. H-I.
Arbustos; pubescentes, tricomas glandulares esparsos, nef ausente; estípulas lineares, 5-10mm
compr. Folhas unifolioladas, bilobadas, até ¼ partidas, eqüitativas, 6-10x6-10cm, base cordada, ápice
lobado, palmatinérveas. Inflorescências pseudoracemos, terminais. Flores brancas, hipanto tubuloso;
botões claviformes, não estriados; lacínios do cálice não se separando completamente na antese; pétalas
obovais, unguladas, 3,5x2cm; estames-5; estaminódios-5, alternados; ovário tomentoso, tricomas
glandulares esparsos. Fruto legume, linear-oblongo, 8-10x1,5-1,7cm, velutino.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, fl., E. Córdula et al. 08 (HUEFS, RB, UFP); Fazenda Troncão,
16. IV. 2007, fl., J. Silva et al. 163 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, fr., E. Córdula et al. 252 (UFP).
Comentários: conhecida popularmente como pata-de-vaca ou mororó. Ocorre no Brasil
(Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e
Sergipe), Bolívia e Paraguai, em caatinga arbórea ou arbustiva, floresta estacional, mata seca, mata de
cipó, floresta refúgio e capoeiras (Vaz & Tozzi 2003). Em Mirandiba ocorre em vegetação arbórea
com estrato arbustivo denso, de solos pedregosos e rasos derivados de cristalino. Em Pernambuco está
registrada em Alagoinha, Caruaru, Floresta, Ibimirim, Mirandiba, Petrolina, Salgueiro, Serra Talhada,
Sertânia e Triunfo. B. cheilantha é facilmente reconhecida pelas suas folhas simples, bilobadas.
33.1.3. Caesalpinia bracteosa Tul., Arch. Mus. Hist. Nat. 4: 141. 1844. Prancha 17, fig.
A-B.
Árvores, 3-6m alt., caule concolor; tricomas glandulares pedunculados nos ramos e folhas;
nefs ausentes. Folhas bipinadas; pinas 1-par, opostas; folíolos 4,5x2,5cm, elíptico-orbiculares, alternos,
glabros, base levemente assimétrica, ápice emarginado. Inflorescências em panículas terminais, 5-8cm
compr.; tricomas tectores e plumosos no eixo da inflorescência; brácteas largamente ovais, ápice agudo,
côncavas, 6-10x5-7mm. Flores amarelas, 2-2,5cm compr.; hipanto campanulado; pedicelo articulado;
sépalas sutilmente graduadas; pétalas elíptico-orbiculares, superior reflexa, máculas vermelhas; estames-
10; ovário tomentoso, curtamente estipitado. Fruto legume, falcado, 9-15x2-3cm, puberulento.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, fl., E. Córdula et al. 19 (HUEFS, UFP); Faz. Areia Malhada,
31.V.2006, fl., E. Córdula et al. 77 (UFP); Vertentes, 02.X.2006, fr., E. Córdula et al. 180 (HUEFS, UFP).
Comentários: popularmente conhecida como catingueira ou catinga de porco. Caesalpinia
bracteosa ocorre nos estados do Nordeste, do Maranhão até a Bahia e em Tocantins, Goiás e Mato Grosso,
principalmente em formações secas como caatinga, cerrados, florestas estacionais e dunas litorâneas
(Lewis 1998). Planta muito comum em Mirandiba, encontrada em todos os tipos de vegetação e solos
percorridos durante o estudo. Em Pernambuco existem registros para Afrânio, Caruaru, Floresta,
Ibimirim, Inajá, Mirandiba, Santa Maria da Boa Vista e São José do Belmonte. Muito semelhante à
C. gardneriana, diferindo desta pelos folíolos e flores maiores, além das brácteas largamente ovais e
côncavas.
33.1.4. Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul. var. ferrea, Arch. Mus. Hist. Nat. 4: 137. Prancha
17, fig. E-F.
Árvores, 4-6m alt., caule variegado; nef ausente. Folhas bipinadas; pinas-3 pares, opostas;
folíolos oblongos, 10-20mm compr., pilosos, cartáceos, base assimétrica, ápice truncado. Inflorescência
paniculada, terminal, 5-7cm compr. Flores amarelas; hipanto campanulado; cálice cupuliforme, glabro,
lacínias irregulares; pétalas obovais, 10-15mm compr., superior reflexa, máculas vermelhas; estames-10;
anteras dorsifixas, rimosas; ovário pubescente. Fruto legume bacóide, oblanceolado, 7-10x3-3,5cm,
glabro.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, fl. fr., E. Córdula et al. 10 (UFP); fl. fr., E. Córdula et al. 11
(UFP); Faz. Baixio Grande, 03.X.2006, fr., E. Córdula et al. 188 (UFP).
Comentários: popularmente conhecida como “pau-ferro” ou “jucá”. Caesalpinia ferrea var.
ferrea é típica de Caatinga, sendo especialmente observada em margens de rios temporários e menos
abundante em caatinga arbórea, ocorrendo em altitudes entre 300 e 750 m. Em Mirandiba é freqüente
em áreas de vegetação arbórea de solo pedregoso e raso derivado de cristalino. Em Pernambuco existem
registros para os municípios de Águas Belas, Alagoinha, Arcoverde, Custódia, Exu, Ibimirim, Ouricuri,
Petrolina, Salgueiro, São José do Belmonte, Serra Talhada e Triunfo.
33.1.5. Caesalpinia gardneriana Benth. in Mart., Fl. bras. 15(2): 68. 1870. Prancha 17,
fig. C-D.
Árvores, 3-6m alt., caule concolor; tricomas glandulares pedunculados nos ramos e folhas;
nefs ausentes. Folhas bipinadas; pinas 2-pares, opostas; folíolos 1,5-3x1-1,5cm, elíptico-orbiculares,
alternos. Inflorescências em panículas terminais, 5-8cm compr.; tricomas tectores e plumosos no
eixo da inflorescência; brácteas oval-lanceoladas, ápice acuminado, planas, 2-2,5x1-1,5mm. Flores
amarelas, ca. 2cm compr.; hipanto campanulado; pedicelo articulado; sépalas graduadas, superior 2x
maior do que as demais; pétalas oblongo-elípticas, superior reflexa, máculas vermelhas; estames-10;
ovário pubescente, tricomas glandulares esparsos, curtamente estipitado. Fruto legume, falcado, 7-9x2-
2,5cm, puberulento.
Material examinado: Serra das Umburanas, fl., 18.IV.2007, E. Córdula et al. 253 (HUEFS, RB, UFP);
23.VI.2007, fr., E. Córdula et al. 306 (HUEFS, RB, UFP).
Comentários: conhecida popularmente como catingueira. Caesalpinia gardneriana é uma
espécie da depressão sertaneja setentrional, ocorrendo do estado do Piauí até o Rio Grande do Norte e
Pernambuco (Queiroz 2006). Em Pernambuco há registro para Betânia, Caruaru, Mirandiba, Parnamirim
e Venturosa. Rara na área de estudo, os indivíduos observados ocorrem na Serra das Umburanas sobre
solo pedregoso e raso de embasamento cristalino em vegetação arbórea com estrato arbustivo denso.
acosmifolia, podendo ser diferenciada pelo hábito e pelo comprimento do pecíolo e das pétalas.
33.1.8. Chamaecrista calycioides (DC. ex Collad.) Greene, Pittonia 4:32. 1899. Prancha
18, fig. C-D.
Ervas decumbentes; estípulas deltóides, 5-7mm compr.; nef calicióide, estipitado, na porção
terminal do pecíolo. Folíolos ca. 14 pares, oblongo-lanceolados, 8-12mm, glabrescentes. Flor solitária,
axilar; bractéolas lanceoladas, 3mm; sépalas linear-lanceoladas, nervuras salientes, ca. 8mm compr.;
pétalas amarelas, obovais, 5mm compr., cuculo oblíquo; estames-8; estaminódios-2; ovário tomentoso.
Fruto legume, linear-oblongo, 2-3x0,3-0,4cm, piloso, pontuações nigrescentes.
Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, fl.fr., E. Córdula et al. 28 (HUEFS, RB, UFP); Faz. Areia
Malhada, 21.VI.2007, fl.fr., E. Córdula et al. 298 (UFP).
Comentários: Amplamente distribuída na América tropical, desde o Texas (E.U.A.) até a
Argentina (Irwin & Barneby 1982). Em Mirandiba ocorre em áreas degradadas e ao longo de estradas.
Foi coletada em áreas de caatinga em Pernambuco (Ibimirim, Mirandiba e Serra Talhada) e Sergipe.
33.1.9. Chamaecrista duckeana (P. Bezerra & Afr. Fern.) H.S.Irwin & Barneby, Mem.
New York Bot. Gard. 35:861. 1982. Prancha 18, fig. E-F.
Ervas eretas; estípulas linear-lanceoladas, estriadas, 12-15mm compr.; nef calicióide, estipitado,
abaixo do 1° par de folíolos. Folíolos 15-20 pares, oblongo-lanceolados, 8-13mm compr., glabrescentes.
Brácteas 5-6, espiraladas na base da inflorescência, linear-lanceoladas, 5-8mm compr. Inflorescência
racemosa, supra-axilar; bractéolas linear-lanceoladas, 4-5mm compr. Flores, sépalas linear-lanceoladas,
nervuras salientes, 7-12mm compr.; pétalas amarelas, obovadas, 5-10mm compr., cuculo oblíquo, listras
vermelhas; estames-10; ovário piloso. Fruto legume, linear-oblongo, 5-6x0,4-0,5cm, glabrescente.
Material examinado: Serra do Tigre, 17.IV.2007, fl.fr., E. Córdula et al. 233 (HUEFS, RB, UFP).
Comentários: popularmente conhecida como canafístula-brava. Chamaecrista duckeana está
representada por apenas duas coletas no Ceará (Irwin & Barneby 1982). Em Mirandiba ocorre em
áreas inundáveis com solo pedregoso e raso. Registrada pela primeira vez para Pernambuco (Mirandiba
e Serra Talhada), além do Rio Grande do Norte, ampliando assim a distribuição da espécie.
33.1.10. Chamaecrista pilosa (L.) Greene var. luxurians (Benth.) H.S.Irwin & Barneby,
Mem. New York Bot. Gard. 35: 720. 1982. Prancha 18, fig. G-H.
Ervas decumbentes; estípulas lanceoladas, 10mm compr.; tricomas tectores, 7mm compr.
e estrigosos, 3mm; nef calicióide, estipitado, no terço superior do pecíolo. Folíolos ca. 9 pares,
subfalcados, 15-17mm compr., glabros. Flores 1-2, axilares; bractéolas linear-lanceoladas, 5mm compr.;
sépalas lanceoladas, nervuras inconspícuas, ca. 8mm compr.; pétalas amarelas, obovais, 10mm compr.,
cuculo obliquo; estames-7; 2-3 estaminódios; ovário piloso. Fruto legume, linear-oblongo, 5x0,5cm,
puberulento.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, fl.fr., E. Córdula et al. 55 (HUEFS, RB, UFP).
Comentários: Endêmica do Brasil, distribui-se em Tocantins, Goiás, Maranhão, Ceará e
Bahia (Irwin & Barneby 1982). Em Mirandiba ocorre em áreas alagáveis, de solo pedregoso e raso. Em
Pernambuco foi coletada em Arcoverde, Buíque, Mirandiba e Serra Talhada. É a primeira citação da
espécie para o estado de Pernambuco e para a caatinga.
33.1.11. Chamaecrista repens (Vogel) H.S.Irwin & Barneby var. multijuga (Benth.) H.S.Irwin
& Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 745. 1982.
Ervas eretas; estípulas lanceoladas, 8-10mm compr.; tricomas tectores e estrigosos; nef
cilindrico, na porção mediana do pecíolo. Folíolos 12-16 pares, oblongos, 17-20mm compr., pilosos.
Flores 1-2, supra-axilares; bractéolas lineares, 4-5mm compr.; sépalas lanceoladas, nervuras inconspícuas,
ca. 1,5cm compr.; pétalas amarelas, espatuladas, 10-15mm compr., cuculo obliquo; estames-10; ovário
tomentoso. Fruto legume, linear-oblongo, 3,5-5x0,3-0,5cm, puberulento.
Material Examinado: Sítio Chacal, 01. V. 2008, fl.fr., K. Pinheiro 479 (UFP).
Comentários: Ocorre no Nordeste do Brasil até Minas Gerais (Irwin & Barneby 1982). Em
Mirandiba ocorre em solos arenosos e bem drenados. Em Pernambuco ocorre em Arcoverde, Caruaru,
Ibimirim, Parnamirim e Petrolina. Muito semelhante à Ch. duckeana, diferindo desta principalmente pelo
nef cilíndrico e pelo menor número de folíolos.
Mirandiba ocorre em solos arenosos e profundos. Em Pernambuco ocorre em Alagoinha, Buíque, Exu,
Igarassu, Recife, Serra Talhada, Tacaratu e Triunfo. É facilmente reconhecida pelas folhas bifolioladas
combinadas com flores brancas, actinomorfas e fruto legume bacóide.
33.1.14. Parkinsonia aculeata L., Sp. pl. 1: 375. 1753. Prancha 17, fig. G.
Arbustos a árvores, 1-3m alt.; fractiflexo; armado com espinhos nodais, 1-maior, 2-menores;
nef ausente. Folhas bipinadas, pinas 1-2 pares, raque reduzida; folíolos vestigiais, oblongos, 4mm
compr. Inflorescência racemosa, axilar. Flores amarelas; hipanto campanulado; cálice campanulado;
pétalas obovais, ungüiculadas, 12mm compr., superior com máculas vermelhas; estames-10; anteras
dorsifixas, rimosas; ovário piloso. Fruto legume nucóide, moniliforme, 4-10cm compr., glabro.
Material examinado: Fazenda Areia Malhada, 31.V.2006, fl. fr., E. Córdula et al. 90 (UFP); Faz. Salinas,
04.X.2006, fl. fr., E. Córdula et al. 191 (HUEFS, UFP); Sítio Chacal, 19.VI.2007, fl. fr., E. Córdula et al. 278 (RB, UFP).
Comentários: popularmente conhecida como espinho-de-turco. Parkinsonia aculeata é uma
espécie ruderal amplamente distribuída nas regiões áridas dos Neotrópicos (Prado & Gibbs 1993). Na
região da caatinga ocorre principalmente sobre areias aluviais associadas a riachos temporários, em
altitudes entre 200 a 400m. Em Mirandiba ocorre em lagoas temporárias. Está amplamente distribuída
em Pernambuco, havendo registros para Águas Belas, Alagoinha, Araripina, Boa Vista, Brejo da Madre
de Deus, Caruaru, Custódia, Floresta, Mirandiba, Ouricuri, Salgueiro, Serra Talhada, Serrita, Sertânia,
Taquaritinga do Norte e Venturosa. Facilmente diferenciada pela copa laxa, o tronco fotossintetizante
com ramos fractiflexos e armados. O espinho maior tem origem na raque foliar abortada e os dois
menores nas estípulas. É muito utilizada como planta ornamental, sendo uma das razões da controvérsia
sobre a possível introdução no Brasil.
33.1.15. Poeppigia procera C. Presl., Symb. Bot. 1:16. 1830. Prancha 17, fig. M-N.
Árvores, 3-5m alt.; estípulas deltóides, 15-20mm compr.; nef ausente. Folhas pinadas;
folíolos oblongos, 13mm compr., glabrescentes. Inflorescência cimosa, axilar ou terminal, 2-2,5cm
compr. Flores amarelas, hipanto campanulado; cálice campanulado; pétalas obovadas, 12mm compr.,
homomórficas; estames-10; anteras dorsifixas, rimosas; ovário glabro, estipitado. Fruto legume
samaróide, 2-3,5cm, glabro.
Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, fl. fr., E. Córdula et al. 25 (UFP); 09.II.2007, fl. fr., E. Córdula et
al. 215 (HUEFS, RB, UFP); fl. fr., M. Vital et al. 67 (UFP).
Comentários: conhecida popularmente como lava-cabelo. Poeppigia procera é uma espécie com
preferência pelas florestas estacionais da América Central e Brasil, mas também é encontrada no sul
da Amazônia (Prado & Gibbs 1993). Na caatinga, esta planta ocorre do sul do Ceará e sudeste do
Piauí até o centro sul da Bahia, principalmente em caatinga arbórea e sobre solos arenosos, argilosos
ou pedregosos, em altitudes de 320 a 925m. Em Mirandiba distribui-se esparsamente na vegetação
arbustiva densa, de solo arenoso e profundo. Em Pernambuco está registrada para os municípios de
Afrânio, Araripina, Buíque, Ibimirim, Inajá, Mirandiba e Petrolina. Esta espécie pode ser reconhecida
pela inflorescência mais curta do que a folha subjacente e imersa na folhagem e os frutos do tipo
legume samaróide.
33.1.16. Senna alata (L.) Roxb., Fl. Ind. 2: 349. 1832. Prancha 18, fig. B’-C’.
Arbustos; estípulas triangulares, base auriculada, 1,0-1,5cm compr.; nef ausente. Folhas
pinadas; pecíolo com até 1cm compr.; folíolos 7-10 pares, obovados a oblongos, par distal 7,5-8x4,5-
5cm. Inflorescência racemosa, axilar; brácteas obovadas, petalóides, amarelas, 1,8-2cm compr.,
caducas. Flores amarelas, hipanto ausente, bractéolas ausentes; pétalas obovais, 1,3-2cm compr.,
subiguais; estames funcionais-2, estames estéreis-5, anteras basifixas, poricidas, poros apicais; ovário
pubescente. Fruto legume, plano-compresso, 14,0x1,5cm, expansões aladas na superfície das valvas,
glabro; sementes 2-seriadas.
Material examinado: Serra do Tigre, 31.III.2006, fl. fr., E. Córdula et al. 65 (UFP); fl. fr., E. Córdula et al. 71
(UFP); 03.X.2006, fr., E. Córdula et al. 183 (RB, UFP).
Comentários: Popularmente conhecida como mata-pastão. Senna alata é uma espécie
amplamente distribuída na América tropical e cultivada em várias partes do mundo como ornamental
ou medicinal, tornando-se espontânea em algumas regiões do sul dos Estados Unidos e nos trópicos
da África, Ásia e Austrália (Irwin & Barneby 1982). Não existe registro nos acervos consultados de
coletas na caatinga de Pernambuco. Em Mirandiba ocorre em áreas alagáveis e com algum grau de
antropização. Facilmente reconhecida pelas brácteas petalóides, amarelas e pelos frutos com expansões
aladas na superfície das valvas.
33.1.17. Senna macranthera (Coll.) H.S.Irwin & Barneby var. pudibunda (Benth.)
H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35(1): 186. 1982. Prancha 18, fig. J-L.
Arbustos; nef digitiforme, estipitado, entre o 1º par de folíolos. Folhas pinadas; folíolos
2-pares, par distal elíptico a oblongo-elíptico, 3-3,5cm compr., pilosos, base fortemente assimétrica,
nervura central deslocada 1:2. Inflorescência racemosa, terminal; brácteas elípticas, 3,5-5,5x0,5-
0,8cm. Flores amarelas, hipanto ausente, bractéolas ausentes; sépalas espatuladas, graduadas; pétalas
suborbiculares, 2-3cm compr., uma antero-lateral oblíqua, superior emarginada; estaminódios presentes,
anteras basifixas, poricidas, poros apicais; ovário piloso. Fruto legume bacóide, cilíndrico, 5-8cm, piloso;
sementes 2-seriadas.
Material examinado: Vertentes, 02.X.2006, fl., E. Córdula et al. 175 (UFP); 22.VI.2007, fl. fr., E. Córdula et al.
305 (HUEFS, UFP); Serra das Umburanas, 23.VI.2007, fl. fr., E. Córdula et al. 307 (UFP); Sipaúba, 10.VII.2008, K. Pinheiro 742
(UFP); Areia dos Lopes, 16.VII.2008, K. Pinheiro 930 (UFP); Fazenda Lucas, 22.VII.2008, K. Pinheiro 1151 (UFP).
Comentários: popularmente conhecida como são joão. Planta de caatinga, distribuindo-se
do Ceará à Bahia, em altitudes entre 400–850m, principalmente sobre solo arenoso. Em Mirandiba
é comum em áreas degradadas e ao longo das estradas. Em Pernambuco há registros para Afrânio,
Araripina, Arcoverde, Buíque, Custódia, Inajá, Mirandiba, Ouricuri, Parnamirim, São José do Belmonte,
Serra Talhada, Sertânia, Triunfo. Assemelha-se com Senna splendida var. gloriosa, diferindo desta por
apresentar folíolos pilosos, de base assimétrica devido ao deslocamento da nervura central, além do
comprimento do fruto, que em S. macranthera var. pudibunda, não ultrapassa 8 cm de compr.
33.1.18. Senna obtusifolia (L.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35(2):
508. 1982. Prancha 18, fig. V-X.
Ervas; nef digitiforme, estipitado, entre o 1º par de folíolos. Folhas pinadas; folíolos
3-pares, obovados, par distal 3,5-4,5cm, membranáceos. Inflorescência 3-4 floras, axilar; brácteas
linear-lanceoladas, 0,2-0,4cm compr. Flores amarelas, hipanto ausente, bractéolas ausentes; sépalas
heteromórficas, graduadas; pétalas obovadas, 1cm compr., subiguais, superior emarginada; estaminódios
ausentes, anteras basifixas, poricidas, poros apicais; ovário pubescente, sulcado. Fruto legume, alongado,
curvo, 15-20x0,5cm, glabrescente.
Material examinado: Serra do Tigre, 3.III.2006, fl. fr., E. Córdula et al. 20 (UFP); Faz. Troncão, 16.IV.2007, fl.,
Y. Melo et al. 139 (UFP); Faz. Areia Malhada, 16.IV.2007, fl. fr., E. Córdula et al. 222 (HUEFS, RB, UFP).
Comentários: popularmente conhecida como mata-pasto. Senna obtusifolia distribui-se
do México até a Argentina, mas também ocorre espontaneamente nos trópicos da África e Ásia. É
considerada uma planta invasora que cresce principalmente nas proximidades de áreas úmidas ou
periodicamente inundáveis (Irwin & Barneby 1982). Em Mirandiba foi observada após as chuvas,
em pastos e áreas degradadas. Em Pernambuco foi coletada em Alagoinha, Fernando de Noronha,
Mirandiba, Ouricuri e Serra Talhada. É muito semelhante à Senna uniflora, diferindo desta pelas folhas
glabras e por apresentar apenas um nef entre oprimeiro par de folíolos.
33.1.19. Senna occidentalis (L.) Link, Handbuch 2:140. 1831. Prancha 18, fig. O-P.
Arbustos, nef globoso, subséssil, na extremidade proximal do pecíolo. Folhas pinadas;
folíolos 4-5 pares, elípticos a oval-lanceolados, par distal 5-7cm compr., membranáceos. Inflorescência
2-5 floras, axilar; pedicelo articulado; brácteas lanceoladas, 1,5-2cm. Flores amarelas, hipanto ausente,
bractéolas ausentes; sépalas oblongas, equilongas; pétalas obovais, 1,5-1,8cm compr., sub-iguais;
estaminódios presentes, anteras basifixas, poricidas, poros apicais; ovário piloso. Fruto legume, linear-
oblongo, 10-15x0,5-0,8cm, glabrescente.
Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, fl. fr., E. Córdula et al. 34 (UFP); Estrada de acesso à cidade,
19.VI.2007, fr., E. Córdula et al. 280 (UFP); Faz. Areia Malhada, 21.VI.2007, fl. fr., E. Córdula et al. 296 (HUEFS, UFP).
Comentários: Popularmente conhecida como fedegoso. Senna occidentalis é uma planta invasora
em praticamente toda a América tropical e subtropical assim como na África, Ásia e Austrália (Irwin &
Barneby 1982). Observada na área após as chuvas e em áreas degradadas. Em Pernambuco foi coletada
em Araripina, Belém do São Francisco, Ibimirim, Mirandiba, Ouricuri, Parnamirim, Petrolândia, São
José do Belmonte e Serra Talhada. É facilmente reconhecida por apresentar nectários extraflorais sésseis
na extremidade proximal do pecíolo.
33.1.20. Senna rizzinii H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 174-175.
1982.
Material examinado: São Gonçalo, 11.VII.2008, K. Pinheiro 819 (UFP); Fazenda dos Lucas, 10.II.2009, K.
Pinheiro1285 (UFP); 10.II.2009, K. Pinheiro1285 (UFP).
Comentários: espécie com distribuição restrita ao semi-árido brasileiro e conhecida de apenas
poucas coletas no estado da Bahia. Em Mirandiba, foi encontrada em apenas uma área de caatinga
arbustiva de solo podzólico. Distingue-se pelo hábito arbustivo, os ramos enegrecidos, além dos folíolos
e frutos pubescentes a pilosos. As amostras da espécie foram coletadas em fase de frutificação e após
a elaboração da monografia. As mesmas referem-se a parte da dissertação de mestrado de K. Pinheiro
em desenvolvimento na área.
33.1.21. Senna spectabilis (DC.) H.S.Irwin & Barneby var. excelsa (Schrad.) H.S.Irwin
& Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 604. 1982. Prancha 18, fig. Q-R.
Arvoretas; nef ausente. Folhas pinadas; folíolos 16-20 pares, oblongos, par distal 3,5-4x1,5-
2cm. Inflorescência paniculada, axilar; brácteas linear-lanceoladas, 4mm. Flores amarelas, hipanto
ausente, bractéolas ausentes; sépalas heteromórficas, graduadas; pétalas obovais, 2,5-3,5cm, uma antero-
lateral assimétrica, 4cm compr.; estaminódios presentes, anteras basifixas, poricidas, poros apicais;
ovário glabro. Fruto legume bacóide, quadrangular, 23-27x1cm, glabro; sementes 2-seriadas.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, fl. fr., E. Córdula et al. 21 (UFP); Sítio Chacal,
31.III.2006, fl., E.Córdula et al. 46 (UFP); Vertentes, 07.II.2007, fl., M. Vital et al. 57 (UFP).
Comentários: popularmente conhecida como canafístula. Senna spectabilis var. excelsa ocorre
principalmente no nordeste do Brasil e no Brasil central (Irwin & Barneby 1982). Em Mirandiba
apresenta-se bem distribuída em todos os tipos vegetacionais estudados. Em Pernambuco há registro
em Alagoinha, Arcoverde, Belo Jardim, Bezerros, Buíque, Garanhuns, Mirandiba, Ouricuri, Pesqueira,
Salgueiro e Serra Talhada. Reconhecida pela combinação de folhas sem nectários, pétala antero-lateral
assimétrica e frutos legume bacóide, quadrangulares.
33.1.22. Senna (Vogel) H.S.Irwin & Barneby var. gloriosa H.S.Irwin &
splendida
Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35:192. 1982. Prancha 18, fig. Z-A’.
Arbustos; nef digitiforme, estipitado, entre o 1º par de folíolos. Folhas pinadas; folíolos
2-pares, par distal estreitamente elíptico, 5-9cm compr., glabros, base simétrica, nervura mediana,
margem avermelhada. Inflorescência racemosa, axilar; brácteas lanceoladas, ca. 7mm compr. Flores
amarelas, hipanto ausente, bractéolas ausentes; sépalas elípticas, eqüilongas; pétalas obovadas, 3,5-4cm
compr., uma antero-lateral obliqua; estaminódios presentes, anteras basifixas, poricidas, poros apicais;
ovário pubescente. Fruto legume bacóide, cilíndrico, 15-20x0,5-1cm, glabro; sementes 2-seriadas.
Material examinado: Vertentes, 02.X.2006, fl., E. Córdula et al. 270 (UFP); Sítio Chacal, 19.VI.2007, fl. fr., E.
Córdula et al. 271 (HUEFS, RB, UFP).
Comentários: popularmente conhecida como canafístula-de-besouro. Senna splendida var.
gloriosa ocorre no nordeste do Brasil, do Ceará e Rio Grande do Norte até o norte de Minas Gerais,
geralmente em caatinga, cerrado ou florestas estacionais. Em Mirandiba é pouco freqüente, encontrada
em áreas degradadas, de solo arenoso e profundo. Em Pernambuco existem registros para Alagoinha,
Araripina, Buíque, Caruaru, Exu, Ibimirim, Inajá, Mirandiba, Ouricuri, Petrolândia, Serra Talhada e
Triunfo. Muito semelhante a Senna macranthera var. pudibunda, diferindo desta por apresentar folíolos
glabros e com base simétrica.
Prancha 17. Figuras A-B. Caesalpinia gardneriana. A. Ramo fértil. B. Bráctea. C-D. Caesalpinia
bracteosa. C. Bráctea. D. Ramo fértil. E-F. Caesalpinia ferrea. E. Fruto. F. Ramo fértil. G. Parkinsonia
aculeata. Ramo. H-I. Bauhinia cheilantha. H. Botão floral. I. Folha. J-L. Bauhinia acuruana. J. Botão
floral. L. Folha. M-N. Poeppigia procera. M. Fruto. N. Ramo fértil.
Prancha 18. Figura A. Chamaecrista acosmifolia var. acosmifolia. Folha. B. Chamaecrista amiciella.
Folha. C-D. Chamaecrista calycioides C. Flor. D. Folha. E-F. Chamaecrista duckeana. E. Folha. F. Flor. G-
H. Chamaecrista pilosa var. luxurians. G. Folha. H. Flor. I. Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia.
Folha. J-L. Senna macranthera var. pudibunda. J. Folha. L. Fruto. M-N. Senna trachypus. M. Fruto. N.
Folha. O-P. Senna occidentalis. O. Folha. P. Fruto. Q-R. Senna spectabilis. Q. Fruto. R. Bráctea. S-U.
Senna uniflora. S. Fruto. T. Flor. U. Folha. V-X. Senna obtusifolia. V. Folha. X. Fruto. Z-A’. Senna
splendida var. gloriosa. Z. Fruto. A’. Folha. B’-C’. Senna alata. B’. Bráctea. C’. Fruto.
33.1.23. Senna trachypus (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35:
509. 1982. Prancha 18, fig. M-N.
Arbustos, 2-3m alt.; puberulento, tricomas glandulares; nef digitiforme, estipitado, entre
cada par de folíolos. Folhas pinadas; folíolos 5-8 pares, oblongos, par distal 2-4cm compr., glabros.
Inflorescência racemosa, multiflora, axilar; bráctea não vista. Flores amarelas, hipanto ausente,
bractéolas ausentes; sépalas obovadas, 2-menores, 8mm compr., 3-maiores, 1,5cm compr.; pétalas
obovadas, 2,5-3,0cm compr., uma antero-lateral sub-séssil e oblíqua; estaminódios ausentes, anteras
basifixas, poricidas, poros apicais; ovário glabro. Fruto legume, plano-compresso, 7-12cm, glabro.
Material examinado: Fazenda Areia Malhada, 31.V2006, fl. fr., E. Córdula et al. 81 (UFP); Vertentes, 02.X.2006,
fl. fr., E. Córdula et al. 172 (HUEFS, UFP); Sítio Chacal, 19.VI.2007, fl. fr., E. Córdula et al. 273 (RB, UFP); Chacal, 25.X.2008,
K. Pinheiro 1230 (UFP).
Comentários: popularmente conhecida como canafístula-miúda. Senna trachypus é uma planta
de Caatinga comum nos limites da depressão sertaneja setentrional. Ocorre esporadicamente no bioma
cerrado, nos estados do Maranhão e Piauí e penetra no noroeste da Bahia em área de Caatinga arbórea.
Muito comum nas áreas de solo arenoso e profundo de Mirandiba. Em Pernambuco foi pouco coletada,
ocorrendo em Ibimirim, Mirandiba e Tacaratu. Reconhecida pelos ramos e pedúnculo com tricomas
glandulares, responsáveis pelo forte aroma mentolado.
33.1.24. Senna uniflora (Mill.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35:258.
1982. Prancha 18. fig. S-U.
Ervas, 35-50cm alt.; densamente pilosa; nef digitiforme, estipitado, entre cada par de folíolos.
Folhas pinadas; folíolos 4-6 pares, oboval-oblongos, par distal 3,5-4,5cm compr., membranáceos,
densamente pilosos. Inflorescência 2-5 floras, axilar; pedicelo articulado, nef digitiforme, estipitado,
na base, brácteas linear-lanceoladas, 8mm compr. Flores amarelas, hipanto ausente, bractéolas ausentes;
sépalas lanceoladas; pétalas obovais, 5mm compr.; estaminódios presentes, anteras basifixas, poricidas,
poros apicais; ovário tomentoso. Fruto legume nucóide 2-6x0,5cm, piloso.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, fl. fr., E. Córdula et al. 05 (UFP); 30.V.2006, fl. fr., K. Pinheiro
et al. 129 (UFP); 17.IV.2007, fl. fr., E. Córdula et al. 230 (RB, UFP).
Comentários: popularmente conhecida como mata-pasto-cabeludo. Distribui-se em duas
áreas principais: México a América Central e nordeste do Brasil até Goiás e Minas Gerais, sendo
considerada como invasora em ambientes úmidos e áreas cultivadas, especialmente pastagens. Em
Mirandiba é comum em pastos e áreas degradadas. Na caatinga de Pernambuco há coletas em Brejo
da Madre de Deus, Mirandiba, Ouricuri e Parnamirim. É reconhecida pelo indumento e a presença de
nef nos pedicelos.
33.2.1. Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan, Kew Bull. 10(2): 182. 1955. Prancha
19, fig. A.
Árvores armadas, nef discóide, séssil, na porção mediana do pecíolo. Folhas, pinas ca. 20 pares;
folíolos oblongos, 2,5-3,5mm compr. Inflorescência glomérulos homomórficos, 2-5 fasciculados,
axilares, subterminais; bractéolas espatuladas, pilosas, 1,5mm compr. Flores brancas, pentâmeras,
infundibuliformes, 3mm compr.; estames-10 livres, antera com glândula apical caduca. Fruto folículo,
20-25x2-3cm.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, fr., E. Córdula et al. 15 (UFP); Fazenda Salinas, 04.X.2006, fl.,
E. Córdula et al. 195 (HUEFS, UFP); Serra das Umburanas, 10.II.2007, fr., K. Pinheiro et al. 210 (UFP).
Comentários: popularmente conhecida como angico. Espécie típica das florestas estacionais
da América do Sul, no Brasil ocorre no Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste (Prado & Gibbs 1993). Às
vezes cultivada, podendo ser encontrada em pastos, às margens de rios, em matas ciliares, em matas
secas ou em montanhas até 2100m de altitude (Altschul 1964). Em Pernambuco foi coletada em brejos
de altitude, nas matas secas do agreste até a caatinga em diversos municípios. Em Mirandiba é comum
nas formações arbóreas das serras, de solo raso e pedregoso. A. colubrina destaca-se na vegetação por
ser árvores de grande porte, com frutos longos pendurados nos ramos.
33.2.2. Calliandra depauperata Benth., Trans. Linn. Soc. London 30(3): 546. 1875.
Prancha 19 fig. J.
Arbustos inermes, fortemente tortuoso; estípula linear-lanceolada, 2mm; nef ausente.
Folhas, pinas 1-2 pares; folíolos lineares, 1,5-3x0,5-1mm. Inflorescência glomérulo homomórficos,
2-fasciculados, 4-flores, axilares; bractéolas lanceoladas, 1mm compr. Flores esverdeadas, pentâmeras,
tubulosas, 3mm compr.; estames-5, monadelfos, glândulas apicais nas anteras ausentes. Fruto legume,
linear, 3,5-4x0,5-0,7cm.
Material examinado: Serra da Gia, 31.V.2006, E. Córdula et al. 89 (HUEFS, UFP); Serra das Umburanas,
04.X.2006, E. Córdula et al. 197 (UFP); Serra do Tigre, 18.IV.2007, K. Pinheiro et al. 248 (UFP).
Material adicional: PERNAMBUCO: Petrolina, 19.IV.1971, fr., E. P. Heringer 166 (PEUFR); PI - São Raimundo
Nonato, 05.XII.1971, fl., Andrade-Lima 1205 (PEUFR).
Comentários: popularmente conhecida como carqueja. Espécie endêmica da caatinga,
muito comum em bancos arenosos de riachos temporários, estendendo-se do sudeste do Piauí até
o oeste de Pernambuco e norte da Bahia (Queiroz 2006). Ocorre na caatinga e transição caatinga-
cerrado, principalmente no vale do Rio São Francisco, mas estendendo-se até o Ceará e no sopé da
Chapada Diamantina (Barneby 1998). Em Mirandiba é encontrada em áreas com vegetação arbórea-
arbustiva densa em solos pedregosos rasos e afloramentos rochosos. Em Pernambuco há registro para
Mirandiba, Orocó e Petrolina. Facilmente reconhecida pelos ramos tortuosos e rígidos, folhas arqueadas
e glomérulos 4-floros.
Material examinado: Serra do Tigre, 18.IV.2007, K. Pinheiro et al. 249 (HUEFS, UFP).
Material adicional: BAHIA: Rui Barbosa, 14.XI.2004, fl. fr., L. P. Queiroz et al. 9803 (HUEFS).
Comentários: popularmente conhecida como espinheiro. Chloroleucon dumosum ocorre
principalmente na Caatinga, do Ceará até Minas Gerais e em matas estacionais e restingas da Bahia,
Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em Mirandiba foi coletada em caatinga arbórea com estrato arbustivo
denso de solo pedregoso e raso. Diferencia-se de C. foliolosum pelos folíolos maiores e os frutos menores
enrolados em espiral.
33.2.6. Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong, Ann. New York Acad. Sci.
7: 102. 1893. Prancha 19, fig. N.
Árvores inermes; nef discóide, séssil, na porção mediana do pecíolo e entre os últimos
pares de pinas. Folhas, pinas 5-7 pares; folíolos falcados, 1,5-2cm compr. Inflorescência glomérulos
homomórficos, 2-5 fasciculados, axilares; bractéolas lanceoladas, 3mm compr. Flores brancas,
pentâmeras, infundibuliformes, 13-15mm compr.; polistêmones, monadelfo, tubo exserto. Fruto
legume bacóide, reniforme, 5-10x3-6cm.
Material examinado: Vertentes, 02.X.2006, fl. fr., E. Córdula et al. 178 (UFP); Cacimba Nova, 19.VI.2007, fr.,
E. Córdula et al. 276 (UFP).
Comentários: popularmente conhecida como orelha-de-macaco ou tamboril. Enterolobium
contortisiliquum ocorre na América do Sul (Brasil, Argentina, Bolívia Paraguai e Uruguai) desde a Floresta
Atlântica ao Cerrado (Mesquita 1990). No domínio das Caatingas esta associada às matas ciliares.
Em Mirandiba ocorrem como árvores solitárias em vegetações arbustivas densas de solo arenoso e
profundo. Em Pernambuco foi coletada em Arcoverde, Mirandiba, Ouricuri e Pesqueira. Facilmente
reconhecida pelos frutos indeiscentes, reniformes.
33.2.8. Mimosa arenosa (Willd.) Poir., Encycl. Suppl. 1(1): 66. 1810. Prancha 19, fig.
H-I.
Arbustos, acúleos curvos, internodais; estípulas subuladas, 5mm compr.; nef ausente. Folhas,
pinas 5-7 pares; folíolos lineares, 2,5-3,5x0,8-1mm, pontuações resinosas ausentes; nervura principal
central, ramificações da nervura principal ausentes. Inflorescência espigas em pseudoracemos,
terminais ou pareadas na axila das folhas distais; bractéola linear, pilosa, 1mm compr. Flores brancas,
tetrâmeras, 2-2,5mm compr.; corola campanulada, lacínias patentes; estames-8 livres. Fruto craspédio,
linear, glabro, margens retas, estipitado, 4-6x0,5-0,8cm.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, fl., E. Córdula et al. 18 (HUEFS, UFP); Sítio Chacal,
31.III.2006, fl., E. Córdula et al. 29 (HUEFS, UFP); Vertentes, 19.IV.2007, fl., E. Córdula et al. 265 (UFP).
Comentários: popularmente conhecida como unha-de-gato. Mimosa arenosa distribui-se no
Brasil (matas secas) e na costa da Venezuela, em áreas baixas, geralmente inundadas sazonalmente ou
formando moitas em beira de estradas, pastagens abandonadas e locais perturbados (Barneby 1991).
Este comportamento é o mesmo na caatinga. Em Mirandiba é muito comum e está associada a cursos
de água e beira de estradas. Em Pernambuco esta registrada para áreas de caatinga e brejos de altitude
em Buíque, Exu, Mirandiba, Ouricuri, Petrolina, Serra Talhada e Taquaritinga do Norte. Assemelha-se
a M. ophtalmocentra, diferindo desta principalmente pela nervação dos folíolos e pelo fruto estipitado.
33.2.10. Mimosa modesta Mart. var. ursinoides (Harms) Barneby, Mem. New York Bot.
Gard. 65: 767. 1991.
Ervas eretas, ramos levemente fractiflexos; um par de acúleos curvos, curtos, dispostos nos nós;
estípulas lanceoladas, 5-6mm; nef ausente. Folhas, pinas 1 par, articulada em cada jugo; folíolos elípticos,
par distal 1,3-1,5x0,8-1cm; foliólulo interno do par proximal atrofiado. Inflorescência glomérulos
homomórficos, axilares; bractéola linear, pilosa, 2,5mm. Flores róseas, tetrâmeras, infundibuliforme,
2mm; estames-4 livres. Fruto craspédio, oblongo, setas rígidas na superfície, margens sinuosas, séssil,
15-20x7-8mm.
Material examinado: Faz. Areia Malhada, 09.III.2008, fl., E. Córdula et al. 360 (UFP); Faz. São Gonçalo,
01.V.2008, fl., fr., K. Pinheiro 563 (UFP).
Comentários: popularmente conhecida como mimosa-de-vereda. Esta planta está distribuída
principalmente na parte norte da Bahia, Pernambuco e sul do Piauí, ocorrendo principalmente em
caatinga aberta com solo arenoso. Em Mirandiba ocorre em solos arenosos e bem drenados, nas
margens de estradas e pastagens. Em Pernambuco só há registro para Buíque. Esta espécie apresenta a
pina articulada em cada jugo, quando estimulada fecha não apenas os folíolos e as pinas, mas a ráquis
também se dobra sobre seu próprio eixo.
33.2.11. Mimosa ophthalmocentra Mart. ex Benth., Trans. Linn. Soc. London 30: 415.
1875. Prancha 19, fig. C’-D’.
Arbustos, acúleos retos, internodais; estípulas subuladas, 5mm compr.; nef ausente. Folhas,
pinas 2-4 pares; folíolos lineares, subfalcados, 5-6x1-1,5mm, pontuações resinosas ausentes; nervura
principal deslocada, com ramificações. Inflorescência espigas 2-3, fasciculadas em pseudoracemos,
terminais; bractéola subulada, 1mm compr. Flores brancas, tetrâmeras, 2-2,5mm compr.; corola
infundibuliforme, lacínias encurvadas; estames-8 livres. Fruto craspédio, linear-oblongo, glabro,
margens retas, séssil, 4-6x0,8-1cm.
Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. Silva et al. 193 (HUEFS, UFP).
Material adicional: BAHIA: Bendengó, 23.II.2000, fl., A. M. Giulietti et al. 1773 (HUEFS).
Comentários: popularmente conhecida como jurema-de-embira. Planta endêmica da caatinga
(Cardoso & Queiroz 2007) ocorre em áreas baixas geralmente inundadas sazonalmente ou formando
moitas em ambientes antropizados (Barneby 1991). Ocorre tanto em caatinga arenosa quanto na
depressão sertaneja em bancos arenosos de rios sujeitos a inundações periódicas. Em Mirandiba foi
coletada em área de vegetação arbórea com estrato arbustivo denso, em solos pedregosos e rasos. Na
caatinga de Pernambuco há registros para Arcoverde, Brejo da Madre de Deus, Mirandiba, Petrolina,
Serra Talhada, Sertânia e Venturosa.
33.2.12. Mimosa quadrivalvis L. var. leptocarpa (DC.) Barneby, Mem. New York Bot.
Gard. 65: 298. 1991. Prancha 19, fig. B.
Subarbustos, ramos escandentes, quadrangulares, acúleos curvos, curtos, dispostos
longitudinalmente nos entrenós; estípulas lineares, 4-5mm compr.; nef ausente. Folhas, pinas 3 pares;
folíolos oblongos, 6-10mm compr. Inflorescência glomérulos homomórficos, 1-2 fasciculados,
axilares, terminais; bractéola lanceolada, 1mm. Flores róseas, tetrâmeras, tubulosas, 1,5mm compr.;
estames-4 livres. Fruto crapédio, linear, quadrangular, armado, acúleos retos, valvas contínuas, séssil,
8-10x0,3-0,5cm.
Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, fl., E. Córdula et al. 30, (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, E.
Córdula et al. 57 (UFP); Fazenda Areia Malhada, 16.IV.2007, fl., D. Araújo et al. 207 (UFP).
Comentários: popularmente conhecida como malícia. Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa
distribui-se na América tropical e subtropical, ocorrendo em campos arenosos, savanas, florestas
abertas, além de ambientes antropizados (Barneby 1991, Queiroz in press). Em Mirandiba é comum em
ambientes perturbados. A espécie encontra-se pouco representada nos herbários locais para o bioma
caatinga. Facilmente reconhecida pelo fruto craspédio com valvas contínuas e réplum quadrangular.
33.2.13. Mimosa sensitiva L., Sp. pl. 1: 518. 1753. Prancha 19, fig. F-G.
Subarbustos, ramos escandentes, quadrangulares, acúleos curvos, curtos, dispostos
longitudinalmente nos entrenós; estípulas lanceoladas, tricomas aciculares nas margens, 5mm; nef
ausente. Folhas, pinas 1 par; folíolos elípticos a subfalcados, par distal 3,5-5x1,5-2cm; foliólulo interno
do par proximal atrofiado. Inflorescência glomérulos homomórficos 1-3, fasciculados, axilares ou
terminais; bractéola linear, pilosa, 3mm. Flores róseas, tetrâmeras, tubulosa, 3mm; estames-4 livres.
Fruto craspédio, oblongo, setas rígidas na superfície, margens sinuosas, séssil, 2-3x0,5-0,7cm.
Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, fl., E. Córdula et al. 41 (HUEFS, UFP); Fazenda Areia Malhada,
31.V.2006, fl. fr., E. Córdula et al. 74 (RB, UFP); Vertentes, 02.X.2006, fr., E. Córdula et al. 173 (UFP).
Comentários: popularmente conhecida como lambe-beiço. Espécie amplamente distribuída
no Nordeste do Brasil até o Pará e Mato Grosso do Sul e no planalto das Guinas e Venezuela (Barneby
1991). Na caatinga, M. sensitiva ocorre em ambientes antropizados, como observado em Mirandiba.
Em Pernambuco foi coletada em Araripina, Buíque, Floresta e Mirandiba. Facilmente reconhecida por
apresentar apenas um par de pinas.
33.2.14. Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir., Encycl. Suppl. 1(1): 82. 1810.Prancha 19, fig.
D-E.
Arbustos, acúleos retos, internodais; estípulas triangulares, 2-3mm compr.; nef ausente. Folhas,
pinas 3-5 pares; folíolos lineares, 4-5x1-1,5mm, pontuações resinosas na face abaxial. Inflorescência
espigas isoladas ou pareadas, axilares; bractéola linear-lanceolada, 1,5mm compr. Flores brancas,
tetrâmeras, campanuladas, 3mm compr.; estames-8 livres. Fruto craspédio, linear, pontuações resinosas,
margens onduladas, estipitado, 3-5x0,5-0,7cm.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, E. Córdula et al. 06 (UFP); Vertentes, 02.X.2006, fr., E.
Córdula et al. 179 (HUEFS, UFP); Serra das Umburanas, 10.II.2007, fl., M. Vital et al. 87 (UFP).
Comentários: popularmente conhecida como jurema-preta. Mimosa tenuiflora é uma espécie
de áreas sujeitas a secas periódicas, distribuindo-se do México até o Brasil, principalmente na caatinga,
mas também no cerrado, em afloramentos areníticos e áreas antropizadas (Barneby 1991). Na caatinga,
é comum em vegetação arbustiva sobre solo arenoso e apresenta grande capacidade de colonização
de áreas degradadas. Em Mirandiba ocorre tanto em caatinga arbustiva de solo arenoso e profundo
quanto em áreas degradadas de solo pedregoso e raso. Na caatinga de Pernambuco está registrada
para Alagoinha, Altinho, Bezerros, Buíque, Floresta, Gravatá, Ibimirim, Inajá, Mirandiba, Ouricuri,
Pesqueira, Salgueiro e Serra Talhada. Facilmente reconhecida pelas pontuações resinosas nos folíolos.
33.2.15. Neptunia plena (L.) Benth., J. Bot. (Hook.) 4(31): 355. 1841. Prancha 19, fig.
P-Q.
Arbustos prostrados, inermes; estípula oval, base hemicordada, 5-7mm; nef discóide, séssil,
entre o primeiro par de pinas. Folhas, pinas 3 pares; folíolos oblongos, 5-7x1,5-2mm. Inflorescência
glomérulos heteromórficos, axilares; flores periféricas estéreis com estaminódios petalóides amarelos,
centrais hermafroditas; bractéolas lanceoladas, 1,5mm compr. Flores amarelas, pentâmeras, tubulosas,
4-4,5mm compr.; estames-10 livres. Fruto folículo, oblongo, 1,5-2,5x0,8-1cm.
Material examinado: Serra do Tigre, 17.IV.2007, fl. fr., Y. Melo et al. 161 (UFP); 20.VI.2007, fl. fr., E. Córdula
et al. 288 (HUEFS, RB, UFP).
33.2.17. Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke, Arq. Jard. Bot. Rio de Janeiro 5:126.
1930. Prancha 19, fig. O.
Arbustos, acúleos curvos, internodais; estípulas subuladas, 4 mm compr.; nef discóide, séssil,
no 1/3 proximal do pecíolo. Folhas pinas 7-10 pares; folíolos lineares, ca. 5mm compr. Inflorescência
espigas isoladas e axilares ou paniculadas e terminais; bractéolas lineares, 0,5mm. Flores branco-
esverdeadas, pentâmeras, campanuladas, 2,5mm compr.; estames-10 livres, antera com glândula apical
caduca; ovário branco, longo estipitado, exserto. Fruto legume, oblongo, valvas onduladas, 5-7x1,5-
2cm; sementes não aladas.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, fl. fr., E. Córdula et al. 03 (UFP); Fazenda Salinas, 04.X.2006,
fr., E. Córdula et al. 194 (HUEFS); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, fl., E. Córdula et al. 257 (UFP).
Comentários: popularmente conhecida como jurema-branca. Planta endêmica da caatinga
(Cardoso & Queiroz 2007). É comum em Mirandiba, ocorrendo desde caatinga arbórea à arbustiva
densa, em solos arenosos e profundos ou pedregosos e rasos, presente também em áreas degradadas e
em cursos de água. Em Pernambuco há registros para Arcoverde, Alagoinha, Buíque, Caruaru, Cupira,
Ibimirim, Inajá, Mirandiba, Pesqueira, Salgueiro e Serra Talhada. Pode ser confundida com as espécies
de Mimosa pelas flores branco-esverdeadas, mas apresenta nectário extrafloral no pecíolo e o fruto é do
tipo legume.
- Flora de Mirandiba 207
Famílias Monografadas
33.2.18. Piptadenia aff. viridiflora (Kunth) Benth., J. Bot. (Hook.) 4(31): 337. 1841.
Árvores, pares de acúleos nodais; nef elíptico, séssil, na porção submediana do pecíolo.
Folhas, pinas 2-4 pares; folíolos lineares, ca. 5mm compr. Inflorescência espigas isoladas, axilares;
bractéolas lineares, 0,5mm. Flores branco-esverdeadas, pentâmeras, infundibuliformes, ca. 10mm
compr.; estames-10 livres, antera com glândula apical caduca; ovário branco, longo estipitado, exserto.
Fruto legume, oblongo, valvas onduladas, 6-10x1,5-2cm; sementes não aladas.
Material examinado: Limoeiro, 03.I.2008, fr., E. Córdula et al. 330 (HUEFS, UFP).
Comentários: popularmente conhecida como espinheiro. Piptadenia viridiflora é uma espécie
de caatinga e florestas secas que ocorre no nordeste do Brasil e na região noroeste da Argentina e
norte do Paraguai. Em Mirandiba é comum em caatinga arbórea em solos pedregosos derivados de
embasamento cristalino. Em Pernambuco há registro para Salgueiro e Santa Maria da Boa Vista. A
descrição da flor neste estudo baseou-se na descrição original da espécie (Bentham 1841). Observou-
se uma grande variabilidade morfológica nas folhas desta amostra com relação à Piptadenia viridiflora,
podendo ser uma possível espécie nova.
33.2.20. Pityrocarpa moniliformis (Benth.) Luckow & R.W. Jobson, Syst. Bot. 32(3):
569-575. 2007. Prancha 19, fig. A’-B’.
Piptadenia moniliformis Benth., J. Bot. (Hooker) 4: 339. 1841.
Arvoretas, inermes, nef elíptico, séssil, imediatamente abaixo do primeiro par de pinas e
na extremidade distal da raque foliar. Folhas, pinas 3-6 pares; folíolos oblongos, 10-15x5-10mm.
Inflorecência espigas pareadas, axilares, pêndulas; bractéolas subuladas, 0,5mm compr. Flores branco-
esverdeadas, pentâmeras, campanuladas, 3mm, corola reflexa; estames-10 livres, antera com glândula
apical caduca; ovário verde, longo-estipitado, exserto. Fruto legume, moniliforme, 5-10x0,7-1cm;
sementes não aladas.
Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, fl. fr., E. Córdula et al. 24 (HUEFS, RB, UFP); Fazenda Areia
Malhada, 31.V.2006, fr., E. Córdula et al. 79 (UFP); Vertentes, 02.X.2006, fr., E. Córdula et al. 174 (UFP).
Comentários: popularmente conhecida como quipembe. Pityrocarpa moniliformis é uma espécie
do Nordeste do Brasil, ocorrendo disjunta em florestas secas da região de Sucre na Venezuela. Ocorre
associada a solos pobres e arenosos no semi-árido nordestino e a tabuleiros litorâneos. Em Mirandiba
é comum em áreas de vegetação arbustiva densa em solo arenoso e profundo. Em Pernambuco há
registro para Buíque, Ibimirim, Mirandiba e Trindade. Reconhecida pelas espigas pêndulas, ovário
verde, exserto, além do fruto moniliforme.
33.2.22. Senegalia polyphylla (DC.) Britton & Rose, Ann. New York Acad. Sci. 35(3):
142. 1936.
Árvores, acúleos curvos, internodais; estípulas caducas; nef oblongo, séssil, na porção
mediana do pecíolo e na porção distal da ráquis. Folhas pinas 4-6 pares; folíolos oblongos, 6-8x3-
3,5mm. Inflorescência panícula de glomérulos homomórficos, terminais e axilares. Flores brancas,
pentâmeras, tubulosas, 6-7mm compr.; polistêmones, estames soldados na base. Fruto legume, reto,
oblongo, valvas onduladas, 10-14x2-2,5cm.
Material examinado: Fazenda São Gonçalo, 09.III.2008, fl., E. Córdula et al. 355 (UFP).
Comentários: popularmente conhecida como espinheiro-preto. Senegalia polyphylla ocorre do
México à Argentina em diversos tipos de ambientes; no Brasil, é mais associada a caatinga arbórea e
matas ciliares em rios temporários, sobre solo argilo-arenoso. Em Mirandiba é comum em matas ciliares
de rios temporários. Em Pernambuco ocorre na caatinga de Araripina, Arcoverde, Buíque, Caruaru,
Pesqueira, Santa Maria da Boa Vista, São José do Belmonte, Serra Talhada e Tacaratu. Semelhante a S.
riparia, diferenciando-se principalmente pela inflorescência paniculada e pelo maior número de pinas e
folíolos.
- Flora de Mirandiba 209
Famílias Monografadas
Prancha 19. Figura A. Anadenanthera colubrina. Fruto. B. Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa.
Fruto. C. Parapiptadenia zehntneri. Semente. D-E. Mimosa tenuiflora. D. Folha. E. Fruto. F-G.
Mimosa sensitiva. F. Folha. G. Fruto. H-I. Mimosa arenosa. H. Folha. I. Fruto. J. Calliandra
depauperata. Ramo fértil. L. Senegalia riparia. Fruto. M. Desmanthus pernambucanus. Fruto. N.
Enterolobium contortisiliquum. Fruto. O. Piptadenia stipulacea. Folha. P-Q. Neptunia plena. P. Flor
estéril. Q. Flor fértil. R. Senegalia piauhiensis. Flor. S-V. Chloroleucon foliolosum. S. Fruto. T. Folha.
U. Flor periférica. V. Flor central. X-Z. Chloroleucon dumosum. X. Fruto. Z. Folha. A’-B’. Pityrocarpa
moniliformis. A’. Folha. B’. Fruto. Mimosa ophthalmocentra. C’. Folha. D’. Fruto. E’-F’.
33.2.23. Senegalia riparia (Kunth) Britton & Rose, Ann. New York Acad. Sci. 35(3):
144. 1936. Prancha 19, fig. L.
Acacia riparia Kunth, Nov. Gen. Sp. 6: 276. 1824.
Arbustos, armados, acúleos curvos, internodais; estípulas lineares, 3-4mm compr.; nef
discóide, séssil, no 1/3 proximal do pecíolo. Folhas pinas 7-9 pares; folíolos lineares a subfalcados,
10x3mm. Inflorescência glomérulos homomórficos, 3-4 fasciculados, terminais. Flores brancas,
pentâmeras, infundibuliformes, 7-7,5mm compr.; polistêmones, estames livres. Fruto legume, reto,
oblongo, valvas onduladas, 10-15x2-2,5cm.
Material examinado: Fazenda Salinas, 04.X2006, fr., E. Córdula et al. 190 (HUEFS, RB, UFP).
Material adicional: PIAUÍ: Padre Marcos, s.d., M. E. Alencar 208 (UFP) fl.
Comentários: popularmente conhecida como jurema. Distribui-se no Peru e no Brasil,
desde o Amazonas até São Paulo e no semi-árido dos estados da Bahia, Ceará, Piauí e Minas Gerais
(Bocage 2005), sendo esta a primeira referência desta espécie para Pernambuco. Em Mirandiba ocorre
em bancos arenosos às margens do rio Pajeú. Diferencia-se de S. piahuiensis pelas inflorescências em
glomérulos e pelo fruto.
1. Flores pseudopapilionóides ou com apenas uma pétala; estames livres; fruto sâmara, criptossâmara
ou, se legume, apenas uma semente�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
1’. Flores papilionóides; estames conados; fruto lomento, legume nucóide, legume samaróide, folículo
ou, se legume, mais de uma semente�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
2. Flores com 5 pétalas; fruto sâmara������������������������������������������������������������������� Luetzelburgia auriculata
2’. Flores com 1 pétala (estandarte); fruto legume ou criptossâmara�����������������������������������������������������������3
3. Arbustos; inflorescências ramifloras; ovário verde; fruto legume�����������������������������Trischidium molle
3’. Árvores; inflorescênicas terminais; ovário vermelho, fruto criptossâmara��������� Amburana cearensis
4. Plantas trepadeiras, herbáceas ou lenhosas���������������������������������������������������������������������������������������������������5
4’. Plantas não trepadeiras (ervas, arbustos e árvores)��������������������������������������������������������������������������������� 14
5. Folhas pinadas, fruto lomento�������������������������������������������������������Chaetocalyx scandens var. pubescens
5’. Folhas trifolioladas, fruto legume ou legume nucóide�������������������������������������������������������������������������������6
6. Trepadeiras lenhosas (lianas)���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������7
6’. Trepadeiras herbáceas�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������9
7. Flores ressupinadas, cálice bilabiado, anteras homomórficas; fruto legume��� Canavalia brasiliensis
7’. Flores não ressupinadas, cálice 4-laciniado, anteras dimórficas; fruto legume nucóide������������������������8
28’. Flores solitárias; brácteas não-peltadas, 4-5mm compr.; fruto 10-20 artículos
quadrangulares, istmo central, glabro, pontuações glandulares presentes,
7-17 artículos exsertos da bráctea�������������������������������������������������������������������������������������� Zornia myriadena
29. Fruto legume ou folículo���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 30
29’. Fruto legume nucóide ou lomento���������������������������������������������������������������������������������������������������������� 33
30. Inflorescência pseudoracemosa, terminal;
androceu monadelfo�������������������������������������������������������������������������� Tephrosia purpurea subsp. purpurea
30’. Inflorescência racemosa, axilar; androceu diadelfo������������������������������������������������������������������������������� 31
31. Flores róseas, estandarte 5mm compr.; fruto folículo����������������������������������....Indigofera suffruticosa
31’. Flores amarelas ou azuis, estandarte maior do que 2cm compr.; fruto legume�������������������������������� 32
32. Folíolos 35-41; flores amarelas, estandarte oboval, 2,5cm compr����������������������� Sesbania exasperata
32’. Folíolos-5; flores azuis, estandarte oblongo, 4-4,5cm compr����������������� Centrosema rotundifolium
33. Ervas prostrada; até 10 pares de folíolos������������������������������������������������������������������������������������������������� 34
33’. Ervas ereta e subarbustos; 15-35 pares de folíolos������������������������������������������������������������������������������� 35
34. Folíolos 7-9; flores róseas, estandarte oboval, obtuso, ca. 5mm compr.;
estames diadelfos����������������������������������������������������������������������������������������������������������� Indigofera microcarpa
34’. Folíolos 5-9 pares; flores amarelas, estandarte suborbicular, emarginado, 6-7mm;
estames poliadelfos��������������������������������������������������������������������������������������������������...Aeschynomene viscidula
35. Estípula peltada, lanceolada; 25-35 pares de folíolos; flores brancas,
cálice bilabiado.������������������������������������������������������������������������������������������� Aeschynomene evenia var. evenia
35’. Estípula oval, longamente acuminada; 15-25 pares de folíolos;
flores amarelas, cálice 5-laciniado����������������������������������������������������������������������������Aeschynomene mollicula
33.3.1. Aeschynomene evenia Wright var. evenia, Anales Acad. Ci. Med. Habana. 5: 334.
1868. [1869]. Prancha 20, fig. N.
Ervas eretas; ramos com tricomas víscido-setosos, esparsos; estípulas peltadas, lanceoladas,
1,5-2,5cm compr. Folhas pinadas, estipelas ausentes; folíolos 25-35 pares, alternos, oblongos, 8-12x2-3
mm; glabros, cartáceos, base hemicordada, ápice mucronado. Inflorescência racemosa, 2-4 floras,
axilar. Flores brancas; hipanto ausente; cálice tubuloso, bilabiado, lábio superior bífido, lábio inferior
trífido; estandarte oboval, obtuso, tricomas glandulares nas margens, 8 mm compr.; androceu monadelfo,
anteras homomórficas. Fruto lomento, 10-14 articulado, artículos quadrados, 3-3,5x3-3,5mm, sem
33.3.3. Aeschynomene viscidula Michx., Fl. Bor. Amer. 2: 7475.1803. Prancha 20, fig.
L.
Ervas prostradas; ramos pilosos, tricomas víscido-setosos; estípulas lanceoladas, 4mm compr.
Folhas pinadas, estipelas ausentes; folíolos 5-9 pares, alternos, obovais, 7-12x4-7mm, pilosos, papiráceos,
base assimétrica, ápice obtuso. Inflorescência racemosa, pauciflora, axilar. Flores amarelas; hipanto
ausente; cálice campanulado, 5-laciniado, lacínia superior bífida; estandarte suborbicular, emarginado,
piloso externamente, 6-7mm compr., listras ausentes; androceu poliadelfo, anteras homomórficas.
Fruto lomento, 2-3 articulado, artículos suborbiculares, 5x5 mm, istmo marginal, piloso, tricomas
víscido-setosos; sementes reniformes, verdes.
Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, fl. fr., E. Córdula et al. 32 (HUEFS, UFP); Areia Malhada,
16.IV.2007, fl. fr., E. Córdula et al. 219 (UFP); Vertentes, 19.IV.2007, fl. fr., E. Córdula et al. 262 (UFP).
Comentários: Aeschynomene viscidula distribui-se na América Central, Antilhas, Venezuela e
Nordeste do Brasil (Rudd 1955). Na caatinga ocorre em margens e leitos arenosos de rios temporários.
Em Mirandiba é comum ao longo de estradas e cursos de água, em solos arenosos e profundos. Em
Pernambuco há registro para Cruzeiro do Nordeste, Mirandiba e Petrolina. Facilmente reconhecida
pelo hábito prostrado e os tricomas víscido-setosos, combinado com folhas pinadas e fruto do tipo
lomento. Caracteriza-se por apresentar as folhas com 5-9 pares de folíolos obovais e tricomas víscido-
setosos.
33.3.4. Amburana cearensis (Allemão) A. C. Sm., Trop. Woods 62: 30.1940. Prancha 20,
fig. F.
Árvores; ritidoma escamiforme, em faixas contínuas; ramos pubérulos; estípulas não vistas.
Folhas pinadas, estipelas ausentes; folíolos 9-15 pares, alternos, elípticos, 3,5-4,5x1,5-2, 5cm, pubérulos,
cartáceos, base truncada, ápice emarginado. Inflorescência paniculada, terminal. Flores brancas;
hipanto tubuloso; cálice tubuloso, truncado; pétala-1, estandarte suborbicular, auriculado, emarginado,
piloso externamente, 1-1,3cm compr.; androceu polistêmone, dialistêmone, anteras homomórficas;
ovário vermelho. Fruto criptosâmara, 5-7x1,5-2 cm, glabro; semente-1, oval, preta.
Material examinado: Serra do Tigre, 04.X.2006, fr., E. Córdula et al. 198 (HUEFS, UFP); Serra das Umburanas,
10.II.2007, fr., E. Córdula et al 209 (UFP); 23.VI.2007, fl., E. Córdula et al 310 (RB, UFP).
Comentários: popularmente conhecida como imburana-de-cheiro. Amburana cearensis distribui-
se nas matas secas da América do Sul (Prado & Gibbs 1993). Na caatinga ocorre principalmente nas
formas arbóreas, em diferentes tipos de solos. Em Mirandiba ocorre em vegetação arbórea sobre solo
pedregoso e raso. Uma grande população desta espécie foi localizada na Serra das Umburanas, distante
30km da sede do município. Em Pernambuco ocorre em Alagoinha, Mirandiba, Ouricuri, Salgueiro,
Santa Cruz do Capibaribe, Serra Talhada e Sertânia. Facilmente reconhecida pelo caule com ritidoma
descamando-se em faixas contínuas, flores com apenas uma pétala (estandarte), ovário vermelho e
fruto criptosâmara. Esta espécie está na lista de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção
(www.biodiversitas.org.br).
33.3.6. Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth., Comm. Legum. Gen. 71. 1837.
Lianas; ramos pubescentes; estípulas não vistas. Folhas trifolioladas, estipeladas; folíolos
elípticos a ovais, uniformes, distal 10-16x6-12cm, pubescentes, cartáceos, base obtusa, ápice agudo.
Inflorescência pseudoracemosa, axilar. Flores liláses, ressupinadas; hipanto ausente; cálice cilíndrico,
bilabiado, lábio superior tridentado; estandarte orbicular, emarginado, caloso, 3-3,5cm compr.; androceu
monadelfo, anteras homomórficas. Fruto legume, linear-oblongo, projeção alar na margem posterior,
12-16x2-2,5cm, pubescente; sementes elípticas, verdes.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, fl., E. Córdula et al. 59 (HUEFS, UFP); Baixio Grande,
30.X.2006, fl., E. Córdula et al. 189 (UFP); Serra do Tigre, 19.VI.2007, fl. fr., E. Córdula et al. 290 (UFP).
Comentários: popularmente conhecida como fava-brava. Canavalia brasiliensis distribui-se nos
Neotrópicos. No Brasil é amplamente distribuída nos estados do Nordeste, Mato Grosso, Paraná, Rio
de janeiro e Minas Gerais; ocorrendo naturalmente em dunas, ravinas, áreas inundáveis e em locais
perturbados (Sauer 1964). Em Mirandiba ocorre em margens de barragens, ao longo de estradas e
cercas, preferencialmente em solo pedregoso e raso. Em Pernambuco há registro para Mirandiba e
Salgueiro. Facilmente reconhecida pelas flores ressupinadas e frutos legumes com expansões alares nas
margens.
33.3.7. Centrosema pascuorum Mart. ex Benth., Com. Legum. Gen. 55. 1837. Prancha
21, fig. L.
Ervas eretas; ramos pubescentes; estípulas lanceoladas, ca. 5mm compr. Folhas trifolioladas,
estipeladas; folíolos linear-lanceolados, uniformes, distal 5-9x0,5-0,8cm, glabrescentes, cartáceos, base
obtusa, ápice agudo. Inflorescência racemosa, 2-floras, axilar. Flores roxas, ressupinadas; hipanto
ausente; bractéolas-2, lanceoladas, opostas na base do cálice, 4-5mm compr.; cálice campanulado,
4-laciniado, lacínia superior bífida, superando o tamanho das bractéolas; estandarte suborbicular,
obtuso, calcarado, 1-1,5cm compr.; androceu diadelfo, anteras homomórficas. Fruto legume, linear,
5,5-6,5x0,3-0,5cm, pubérulo; sementes oblongas, pretas.
Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, fl., C. Lourenço et al. 264 (UFP).
Material adicional: RIO GRANDE DO NORTE: Serra Negra do Norte, 17.IV.2002, fr., M. Loiola 622
(UFP).
Comentários: Centrosema pascuorum distribui-se no Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Bahia,
ocorrendo em campos e pastos (Fevereiro 1977). Em Mirandiba foi coletada ao longo de estrada,
em solo pedregoso e raso. Em Pernambuco há registro para Arcoverde, Cabrobó, Cupira, Fernando
de Noronha, Gravatá e Mirandiba. Diferencia-se de C. virginianum pelos folíolos linear-lanceolados,
5-9x0,5-0,8cm, estandarte (1-1,5cm compr.) e fruto (5,5-6,5cm compr.) mais curtos.
hipanto campanulado; bractéolas-2, orbiculares, opostas na base do cálice, 5-7mm compr.; cálice
infundibuliforme, 5-laciniado, lacínias uniformes; estandarte oblongo, emarginado, curtamente
calcarado, 4-4,5cm compr.; androceu diadelfo, anteras homomórficas. Fruto legume, falcado, 8-10x0,8-
1cm, pubérulo; sementes reniformes, marrons.
Material examinado: Serra do Tigre, 09.III.2008, fl., fr., E. Córdula et al. 362 (UFP).
Comentários: Centrosema rotundifolium é conhecida apenas do Nordeste do Brasil, ocorre em
caatinga, especialmente em áreas sujeitas a inundações periódicas sobre solo arenoso. Em Mirandiba
ocorre em bancos arenosos de riachos temporários. Esta é a primeira referência para Pernambuco. C.
rotundifolium é a única espécie do gênero na caatinga com cinco folíolos.
33.3.9. Centrosema virginianum (L.) Benth., Com. Legum. Gen. 56. 1837. Prancha 21,
fig. N.
Trepadeiras herbáceas; ramos pubescentes; estípulas lanceoladas, 4mm compr. Folhas
trifolioladas, estipeladas; folíolos elípticos a obovais, uniformes, distal 3,5-4x1,5-2,5cm; pubecentes na
face adaxial, cartáceos, base obtusa, ápice agudo. Inflorescência racemosa, 2-floras, axilar. Flores
lilases, ressupinadas; hipanto ausente; bractéolas-2, ovais, opostas na base do cálice, 7-8mm compr.;
cálice campanulado, 4-laciniado, lacínia superior bífida, ultrapassando o tamanho das bractéolas;
estandarte suborbicular, obtuso, calcarado, 2,5cm compr.; androceu diadelfo, anteras homomórficas.
Fruto legume, linear, 8-12x0,4-0,6cm, pubérulo; sementes reniformes, pretas.
Material examinado: Serra do Tigre, 31.V.2006, fl., E. Córdula et al. 69 (HUEFS, RB, UFP).
Comentários: popularmente conhecida como feijão-do-mato. Amplamente distribuída nos
Neotrópicos, tornando-se naturalizada na África ocidental. No Brasil distribui-se nas regiões Nordeste,
Sudeste e Sul, em restinga, cerrado, caatinga, praia, locais úmidos ou secos, sombreados ou não, em solos
argilosos ou arenosos (Fevereiro 1977). Na caatinga ocorre em locais antropizados sobre diversos tipos
de solo. Em Mirandiba foi coletada nas margens de barragens, na estação chuvosa. Em Pernambuco há
registro para Arcoverde, Cupira e Mirandiba. Facilmente reconhecida pelo hábito herbáceo escandente
e flores com estandarte suborbicular, calcarado.
33.3.10. Chaetocalyx scandens (L.) Urb. var. pubescens (DC.) Rudd, Contr. U. S. Natl.
Herb. 32: 236. 1958. Prancha 20, fig. S.
Trepadeiras herbáceas; ramos pilosos; estípulas lanceoladas, 5mm. Folhas pinadas, estipelas
ausentes; folíolos-5, opostos, elípticos, 2,5-3,5x1-1,5cm, pilosos, membranáceos, base obtusa, ápice
mucronado. Inflorescência racemosa, 2-4 floras, axilar. Flores amarelas; hipanto ausente; bractéola-1,
linear, extremidade proximal do pedicelo, 4mm; cálice campanulado, 5-laciniado; estandarte orbicular,
emarginado, 1,5-1,8cm compr., piloso externamente; androceu monadelfo, anteras homomórficas.
Fruto lomento, 4-12 articulado, artículos cilíndricos, 8-10x2mm, sem istmo, pilosos; sementes lineares,
marrons.
Material examinado: Sítio Chacal, 09.II.2007, fl. fr., M. T. Vital et al. 75 (UFP); 19.VI.2007, fl. fr., E. Córdula
et al. 274 (HUEFS, RB, UFP).
Comentários: Chaetocalyx scandens var. pubescens distribui-se no leste do Brasil e na caatinga
ocorre em áreas antropizadas nos Estados do Ceará, Pernambuco e Bahia. Em Mirandiba é comum
ao longo de estradas. Em Pernambuco há registro para Arcoverde, Buíque, Caruaru, Gravatá, Inajá,
Mirandiba, Pesqueira e Triunfo. Facilmente reconhecida por ser uma trepadeiras herbácea com folhas
pinadas e fruto do tipo lomento com artículos cilíndricos.
33.3.11. Crotalaria bahiaensis Windler & S. Skinner, Phytologia 50(3): 187-189. 1982.
Prancha 21, fig. H.
Arbustos; ramos seríceos, ferrugíneos; estípulas lineares, 5mm compr. Folhas trifolioladas,
digitadas, estipela ausente; pecíolo 1-2cm compr.; folíolos elípticos, uniformes, distal 3-3,5x2-2,5cm,
seríceos, ferrugíneos, papiráceos, base simétrica, ápice acuminado. Inflorescência racemosa, terminal;
coroa de brácteas ausentes. Flores creme; hipanto ausente; bractéolas-2, subuladas, opostas na base
do cálice, 2mm; cálice campanulado, 5-laciniado; estandarte suborbicular, obtuso, caloso, 2cm compr.;
androceu monadelfo, anteras dimórficas. Fruto legume, elíptico, inflado, 1,3-1,8x0,5-0,8cm, piloso;
sementes 2-seriadas.
Material examinado: Vertentes, 19.IV.2007, fl. fr., E. Córdula et al. 258 (HUEFS, RB, UFP).
Comentários: espécie de distribuição restrita ao Ceará, Pernambuco, Bahia e norte de Minas
Gerais, ocorrendo em caatinga, cerrado e campo rupestre. Em Mirandiba ocorre em vegetação arbustiva
densa de solo arenoso e profundo. Em Pernambuco está registrada unicamente para os municípios de
Buíque e Mirandiba. Separa-se de C. incana pelo indumento seríceo ferrugíneo, os folíolos elípticos e o
pecíolo com 1-2cm compr.
33.3.12. Crotalaria incana L., Sp. pl. 2: 716. 1753. Prancha 21, fig. I.
Arbustos; ramos pilosos, canescentes; estípulas subuladas, 3mm compr. Folhas trifolioladas,
digitadas, estipela ausente; pecíolo 4-5mm compr.; folíolos obovados, uniformes, distal 2,5-3x2-2,5cm,
glabros, membranáceos, base atenuada, ápice obtuso. Inflorescência racemosa, terminal; coroa de
brácteas no ápice. Flores amarelas; hipanto ausente; bractéolas-2, subuladas, opostas na base do cálice,
5mm compr.; cálice campanulado, 5-laciniado; estandarte suborbicular, obtuso, caloso, 12mm compr.;
androceu monadelfo, anteras dimórficas. Fruto legume, oblongo, inflado, 2,5-3,5x1-1,5cm, piloso;
sementes 2-seriadas, reniformes, marrom.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, fl. fr., E. Córdula et al. 54 (HUEFS, UFP).
Material adicional: PARAÍBA: Soledade, 04.VII.2006, fl., fr., R. Lucena 247 (PEUFR).
Comentários: popularmente conhecida como chocalho-de-cobra. Planta nativa dos trópicos
do Novo Mundo, mas ocorrendo também na Ásia e na África; é amplamente distribuída no Brasil
(Flores 2004). Na caatinga distribui-se do Ceará à Bahia em áreas antropizadas. Em Mirandiba ocorre
em áreas de pastagens. Há poucos registros para a caatinga de Pernambuco (Arcoverde e Mirandiba).
Caracteriza-se por apresentar uma coroa de brácteas no ápice da inflorescência.
33.3.13. Desmodium glabrum (Mill.) DC., Prodr. 2:338. 1825. Prancha 20, fig. A.
Arbustos; ramos pilosos, tricomas uncinados; estípulas ovadas, 4-10mm. Folhas trifolioladas,
estipeladas; folíolos estreitamente ovais, uniformes, distal 3,5-4,5x1-1,5cm, laterais menores, pilosos,
membranáceos, base obtusa, ápice agudo. Inflorescência pseudoracemosa, axilar. Flores rosadas;
hipanto ausente; bractéola-1, linear, base do pedicelo; cálice bilabiado, lábio superior bífido, lábio
inferior trífido com lacínia central maior; estandarte oboval, obtuso, 3mm compr.; androceu diadelfo,
anteras homomórficas. Fruto lomento, espiralado, 2-6 articulado, artículo distal maior, subreniforme,
4-5x3-4mm, istmo central, pubescente; sementes reniformes, marrons.
Material examinado: Serra do Tigre, 20.VI.2007, fl. fr., E. Córdula et al. 292 (HUEFS, RB, UFP).
Comentários: popularmente conhecida como engorda-magro. Desmodium glabrum é
amplamente distribuída nos Neotrópicos, no Brasil distribui-se no Nordeste, Mato Grosso e Minas
Gerais, ocorrendo em campos, pastagens, mata ciliar e vegetação densa, sempre próxima a ambientes
úmidos (Azevedo 1981). Em Mirandiba ocorre nas margens de lagoas temporárias. Em Pernambuco
há registro para Alagoinha, Caruaru e Mirandiba. Diferencia-se de D. procumbens pelo hábito arbustivo
e pelas flores róseas.
33.3.14. Desmodium procumbens (Mill.) Hitchc., Annual Rep. Missouri Bot. Gard. 4:
76. 1893. Prancha 20, fig. B.
Ervas eretas; ramos pilosos, tricomas uncinados; estípulas linear-lanceoladas, 5-7mm. Folhas
trifolioladas, estipeladas; folíolos ovais, uniformes, distal 3-3,5x1-1,5cm, laterais menores, membranáceos,
pubescentes, base arredondada, ápice agudo. Inflorescência pseudoracemosa, axilar. Flores brancas;
hipanto ausente; bractéola-1, linear, na base do pedicelo, 1mm compr.; cálice bilabiado, lábio superior
bífido, lábio inferior trífido com lacínias equilongas; estandarte oboval, obtuso, 3mm compr.; androceu
diadelfo, anteras homomórficas. Fruto lomento, espiralado, 3-5 articulado, artículos rombóides, 3-4mm
compr., istmo central, piloso; sementes reniformes, marrons.
Material examinado: Serra do Tigre, 31.V.2006, fl. fr., E. Córdula et al. 66 (HUEFS, RB, UFP).
Comentários: Desmodium procumbens distribui-se na África, Américas, Polinésia e Malásia, no
Brasil foi registrado nos Estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Pará e Paraná, ocorrendo em
terrenos perturbados, capoeiras, e matas de galeria (Azevedo 1981). Em Mirandiba ocorre nas margens
de lagoa temporária. Este é o primeiro registro desta espécie para a caatinga, existindo registros para
Pernambuco em Alagoinha e Fernando de Noronha. São ervas eretas, trifolioladas, com flores brancas
e lomentos espiralados.
33.3.15. Dioclea grandiflora Mart. ex Benth., Comm. Legum. Gen.: 68. 1837.
Prancha 20, fig. R.
Lianas; ramos pubescentes, canescentes; estípulas não vistas. Folhas trifolioladas, estipeladas;
folíolo distal elíptico a oboval, ca. 6cm compr., laterais assimétricos, pilosos, canescentes, cartáceos, base
arredondada, ápice obtuso. Inflorescência pseudoracemosa, nodosa, terminal. Flores liláses; hipanto
ausente; bractéolas-2, suborbiculares, opostas na base do cálice, 5mm compr.; cálice campanulado,
4-laciniado, lacínia inferior oval, maior do que as demais, lacínia superior emarginada; estandarte
suborbicular, emarginado, caloso, 2,5-3,5cm compr.; androceu monadelfo, anteras dimórficas. Fruto
legume nucóide, oblongo, 10-20x4-6cm, piloso, canescente, endocarpo aderido à semente; sementes
orbiculares, marrons, hilo linear, circundando ½ da semente.
Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, fl., E. Córdula et al. 23 (HUEFS, RB, UFP); Serra das Umburanas,
10.II.2007, fr., E. Córdula et al. 267 (UFP).
Comentários: popularmente conhecida como mucunã. Endêmica da caatinga (Cardoso &
Queiroz 2007), distribuindo-se em todo o semi-árido nordestino. Em Mirandiba é comum em solo
pedregoso e raso, e em afloramento rochoso. Em Pernambuco há registro para Alagoinha, Caruaru,
Floresta, Inajá, Mirandiba, Ouricuri, Parnamirim, Petrolina, Pombos e Santa Maria da Boa Vista.
Diferencia-se de D. violacea pelo indumento canescente e pelo endocarpo aderido à semente.
33.3.16. Dioclea violacea Mart. ex Benth., Comm. Legum. Gen.: 69. 1837.
Prancha 20, fig. Q.
Lianas; ramos pilosos, híspido-ferrugíneos; estípula peltada, 0,5-1cm compr. Folhas
trifolioladas, estipeladas; folíolo distal elíptico a oval, 6-8x5-6cm, laterais assimétricos, pubescentes,
ferrugíneos, cartáceos, base arredondada, ápice agudo. Inflorescência pseudoracemosa, nodosa,
axilar. Flores roxas; hipanto ausente; bractéolas-2, orbiculares, oposta na base do cálice, 3mm compr.;
cálice campanulado, 4-laciniado, lacínia inferior lanceolada, maior do que as demais, lacínia superior
emarginada; estandarte oboval, emarginado, caloso, 2,5cm compr.; androceu monadelfo, anteras
dimórficas. Fruto legume nucóide, oblongo, 10-16x5-6cm, piloso, híspido-ferrugíneo, endocarpo
individualizado; sementes orbiculares, marrons, hilo linear circundando 2/3 da semente.
Material examinado: Areia Malhada, 31.V.2006, fl. fr., E. Córdula et al. 85 (RB, UFP).
Comentários: popularmente conhecida como cipó-mucunã. Distribui-se na Argentina,
Paraguai e Brasil (Mendonça-Filho 1996). Na Caatinga, ocorre principalmente nas florestas estacionais
do Ceará até o norte de Minas Gerais. Em Mirandiba em vegetação arbustiva densa em solo arenoso e
profundo. Em Pernambuco há registro para Araripina, Brejo da Madre de Deus, Mirandiba e Pesqueira.
São lianas robustas, com indumento híspido-ferrugíneo, inflorescência lenhosa, nodosa, flores roxas e
sementes hilares.
33.3.17. Erythrina velutina Willd., Ges. Naturf. Freunde Berlin Neue Schriften 3: 426.
1801. Prancha 21, fig. E-F.
Árvores; armadas, espinhos cônicos; tricomas estrelados, caducos; estípulas lanceoladas, 5mm
compr. Folhas trifolioladas, estipelas glandulares (nef); folíolo distal oval a subdeltóide, 5-6x6-8cm,
laterais assimétricos, pilosos, cartáceos, base arredondada a truncada, ápice arredondado. Inflorescência
pseudoracemosa, terminal. Flores vermelhas; hipanto ausente; bractéolas-2, lanceoladas, opostas na
base do cálice, 1,5mm compr.; cálice espatáceo, lobos glandulares; estandarte elíptico, obtuso, ca. 5cm
compr., aproximadamente 3x maior do que as outras pétalas; androceu diadelfo, anteras homomórficas.
Fruto folículo, cilíndrico, 6-10cm compr., tomentoso; sementes reniformes, vermelhas.
Material examinado: Serra das Umburanas, 04.X.2006, E. Córdula et al. 199 (HUEFS, UFP); Serra do Tigre,
17.IV.2007, E. Córdula et al. 249 (UFP); 06.VII.2007, fl., Y. Melo 279 (UFP).
Comentários: popularmente conhecida como mulungu. Erythrina velutina distribui-se nas
florestas secas da América do Sul (Krukoff 1939). Na caatinga ocorre do Ceará até Minas Gerais.
Em Mirandiba ocorre esparsamente na vegetação arbórea com estrato arbustivo denso, em solos
pedregosos e rasos. Em Pernambuco há registro para Alagoinha, Caruaru, Floresta, Mirandiba, Ouricuri
e Salgueiro. Facilmente reconhecida pelo hábito arbóreo com folhas trifolioladas, flores ornitófilas
de um vermelho vivo e sementes vermelhas. Erythrina velutina forma aurantiaca (Ridley) Krukoff foi
registrada em Fernando de Noronha e no estado do Ceará; é similar à forma típica, mas apresenta
sementes pretas com uma banda vermelha ao redor do hilo, além de acúleos nos ramos, pecíolo e
nervura central (Krukoff 1939).
33.3.19. Indigofera microcarpa Desv., J. Bot. Agric. 3:79. 1814. Prancha 20, fig. C.
Ervas prostradas; ramos seríceos; estípulas subuladas, 1mm compr. Folhas pinadas, estipelas
ausentes; folíolos 7-9; obovais, 5-8x3-4mm, seríceos, pontuações resinosas presentes, papiráceos, base
atenuada, ápice mucronado. Inflorescência racemosa, axilar. Flores róseas; hipanto ausente; bractéola-1,
subulada, na base do pedicelo, 2-2,5mm compr.; cálice campanulado, 5-laciniado; estandarte oboval,
obtuso, piloso externamente, 5mm compr.; androceu diadelfo, anteras homomórficas. Fruto legume
nucóide, oblongo, levemente constrito entre as sementes, 5-10x2mm, seríceo; sementes esféricas,
verdes.
Material examinado: Serra do Tigre, 17.IV.2007, fl. fr., E. Córdula et al. 231(UFP); 20.VI.2007, fl. fr., E.
Córdula et al. 287 (HUEFS, RB, UFP).
Comentários: Indigofera microcarpa é amplamente distribuída na América tropical e subtropical,
e na África, ocorrendo principalmente em áreas sujeitas a inundações periódicas sobre solo arenoso. Em
Mirandiba é comum nas margens de lagoas temporárias. Este é o primeiro registro para Pernambuco.
Diferencia-se de I. suffruticosa pelo hábito herbáceo prostrado e frutos indeiscentes.
33.3.20. Indigofera suffruticosa Mill., Gard. Dict.: 2. 1768. Prancha 20, fig. D.
Arbustos; ramos seríceos; estípulas subuladas, 4-5mm compr. Folhas pinadas, estipeladas;
folíolos 9-11, estreitamente elípticos, 2,5-3x1-1,5cm, pilosos, membranáceos, base obtusa, ápice
mucronado. Inflorescência racemosa, axilar. Flores róseas; hipanto ausente; bractéola-1, linear, na
base do pedicelo, 2mm compr.; cálice campanulado, 5-laciniado; estandarte suborbicular, obtuso,
piloso externamente, 5mm compr.; androceu diadelfo, anteras homomórficas. Fruto folículo, arqueado,
1-1,5x2-3mm, pubescente; sementes quadrangulares, marrons.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, fl.fr., E. Córdula et al. 17 (HUEFS, UFP); 30.X.2006, fr., E.
Córdula et al. 182 (UFP); 17.IV.2007, fl.fr., E. Córdula et al. 225 (UFP).
Comentários: popularmente conhecida como anileira. Distribui-se na América tropical e
subtropical, habitando áreas antropizadas (Eisinger 1987). I. suffruticosa possui ampla distribuição no
Brasil (Moreira & Tozzi 1997). Em Mirandiba é comum ao longo de estradas. Em Pernambuco há
registro para Afrânio, Alagoinha, Caruaru, Gravatá e Mirandiba. Caracterizam-se pelo hábito arbustivo,
as inflorescências racemosas e eretas, as flores róseas e os frutos do tipo folículo.
se no Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba e Bahia. Comum em sopés de serra sobre solos pedregosos
ou arenosos no agreste, e raramente encontrada em outras áreas de caatinga e em transição com o
cerrado (Lima 1982). É uma espécie endêmica do nordeste do Brasil, mais característica da ecorregião
da depressão sertaneja setentrional, e em geral associada a solos arenosos. Em Mirandiba é comum nas
áreas de vegetação arbustiva densa, sobre solo arenoso e profundo. Em Pernambuco é conhecida em
Buíque, Mirandiba e Ouricuri. Facilmente reconhecida pelas flores brancas com máculas róseas e frutos
do tipo sâmara.
33.3.23. Macroptilium bracteatum (Nees & Mart.) Maréchal & Baudet, Bull. Jard.
Bot. Belg. 44(3-4): 443. 1974. Prancha 21, fig. C.
Trepadeiras herbáceas; ramos pilosos; estípulas lanceoladas, 5-7mm compr. Folhas
trifolioladas, estipeladas; folíolo distal pandurado, distal 4-6x3-4cm, laterais assimétricos, pilosos,
papiráceos, base arredondada, ápice agudo. Inflorescência pseudoracemosa, axilar, conjunto de
brácteas linear-lanceoladas na base do pedúnculo e na extremidade distal, 1-2cm. Flores vináceas;
hipanto ausente; bractéolas-2, lineares, opostas, 3mm compr.; cálice cilíndrico, 5-laciniado, lacínias
triangulares; estandarte oboval, emarginado 1,5cm compr., alas expandidas, 2cm, carenas torcidas
180°; androceu diadelfo, anteras homomórficas. Fruto legume, linear, 7-9x0,3-05cm, piloso; sementes
reniformes, marrons.
Material examinado: Serra do Tigre, 31.V.2006, fl.fr., E. Córdula et al. 68 (HUEFS, RB, UFP).
Comentários: Macroptilium bracteatum distribui-se no Brasil, Paraguai e Argentina, em
ambientes de restinga, mata úmida, caatinga e cerrado (Fevereiro 1987). Na caatinga é comum em
plantações abandonadas e margem de rios temporários, sobre solo arenoso. Em Mirandiba ocorre em
áreas alagáveis. Na caatinga há registro em Pernambuco para Arcoverde, Gravatá, Mirandiba e Ouricuri.
Separa-se das outras espécies de Macroptilium pelo conjunto de brácteas na base da inflorescência.
33.3.24. Macroptilium gracile (Poepp. ex Benth.) Urban, Symb. Antill. 9(4): 457. 1928.
Prancha 21, fig. B.
Trepadeiras herbáceas; ramos pilosos; estípulas lanceoladas, 5mm compr. Folhas trifolioladas,
estipeladas; folíolo distal oval, 3,5-4,5x2,8-4,2cm, laterais assimétricos e menores, pilosos, papiráceos,
base arredondada, ápice agudo. Inflorescência pseudoracemosa, axilar; conjunto de brácteas ausentes.
Flores vináceas; hipanto ausente; bractéolas-2, lineares, opostas, 2mm compr.; cálice cilíndrico,
5-laciniado, lacínias triangulares; estandarte oboval, emarginado, 1,3cm compr., alas expandidas, 2cm,
carenas torcidas 180°; androceu diadelfo, anteras homomórficas. Fruto legume, linear, 5-7x0,2-0,3cm,
piloso; sementes oblongas, marrons, marmoradas.
Material examinado: Serra do Tigre, 14.IV.2007, fl., E. Córdula et al. 227 (UFP); 20.VI.2007, fl. fr., E. Córdula
et al. 286 (HUEFS, RB, UFP).
Comentários: Macroptilium gracile distribui-se na América tropical, em áreas de restinga, mata
úmida, campos, cerrado, e margens de rios, podendo ser invasora de culturas; no Brasil ocorre do Pará
até o Mato Grosso (Fevereiro 1987). Na caatinga ocorre em solos arenosos e leito de rio. Em Mirandiba
ocorre em pastagens e margem de barragens. Em Pernambuco há registro para Bom Nome, Buíque,
Caruaru e Mirandiba.
224 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
33.3.25. Macroptilium lathyroides (L.) Urban, Symb. Antill. 9(4): 457. 1928.
Ervas eretas; ramos pubérulos; estípulas linear-lanceoladas, ca. 1cm compr. Folhas
trifolioladas, estipeladas; folíolo distal oblongo, 4-5x2-3cm, laterais assimétricos, pilosos, papiráceos,
base arredondada, ápice obtuso. Inflorescência pseudoracemosa, axilar; conjunto de brácteas lineares
na extremidade distal, 5-8mm. Flores vináceas; hipanto ausente; bractéolas-2, lineares, opostas, 4mm
compr.; cálice cilíndrico, 5-laciniado, lacínias triangulares; estandarte oboval, emarginado, 2cm compr.,
alas expandidas, 2,5-3cm, carenas torcidas 180°; androceu diadelfo, anteras homomórficas. Fruto
legume, linear, 8-10x0,2-0,3cm, piloso; sementes reniformes, pretas.
Material examinado: Estrada p/ Cacimba Nova, 31.III.2006, fl., E. Córdula et al. 39 (HUEFS, UFP).
Comentários: popularmente conhecida como feijão-de-rola. Macroptilium lathyroides distribui-se
na América tropical, em áreas de restinga, mata úmida, campos, cerrado, podendo ser ruderal e invasora
de culturas; no Brasil ocorre de Roraima até o Mato Grosso (Fevereiro 1987). Em Mirandiba ocorre
em áreas antropizadas. Em Pernambuco há registro para Arcoverde, Gravatá e Mirandiba. Também
apresenta conjunto de brácteas na extremidade distal da inflorescência, assim como em M. bracteatum,
diferenciando-se desta por apresentar as brácteas restritas a extermidade distal do pedúnculo.
33.3.26. Macroptilium martii (Benth.) Maréchal & Baudet, Bull. Jard. Bot. Belg. 47(1/2):
257. 1977. Prancha 21, fig. A.
Ervas prostradas; ramos canescentes; estípulas lanceoladas, 5mm compr. Folhas trifolioladas,
estipeladas; folíolo distal suborbicular, 3-4x3,5-4,5cm, laterais assimétricos, canescentes, papiráceos,
base arredondada, ápice obtuso. Inflorescência pseudoracemosa, axilar, tomentosa. Flores vermelhas;
hipanto ausente; bractéolas-2, lineares, opostas, 3,5mm compr.; cálice campanulado, 5-laciniado, lacínias
lineares, lacínia superior maior do que o tubo (5mm); estandarte orbicular, emarginado, 9mm compr.,
alas espandidas, 1,5cm, carenas torcidas 180°; androceu diadelfo, anteras homomórficas. Fruto legume,
falcado, 1,5-2x0,3-0,4cm, canescente; sementes oblongas, marrons.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, fl.fr., E. Córdula et al. 60 (HUEFS, RB, UFP); 20.VI.2007,
fl.fr., E. Córdula et al. 285 (UFP).
Comentários: Macroptilium martii distribui-se no Brasil (região Nordeste) e Paraguai, nas
restingas e na caatinga, em solos arenosos (Fevereiro 1987). Em Mirandiba ocorre em simpatria com
M. gracile, podendo ser confundida com a mesma. Em Pernambuco há registro para Bom Nome,
Mirandiba, Petrolina, Serra Talhada e Sertânia. Facilmente reconhecida pelo indumento canescente em
toda a planta e os frutos falcados, mais curtos em relação aos frutos encontrados nas demais espécies
do gênero.
33.3.27. Rhynchosia minima (L.) DC., Prodr. 2: 385. 1825. Prancha 21, fig. M.
Trepadeiras herbáceas; ramos pilosos, tricomas glandulares esparsos; estípulas lanceoladas,
3mm compr. Folhas trifolioladas, estipeladas; folíolo distal suborbicular, 3,5-4x3,5-4cm, laterais
assimétricos e menores, face adaxial pilosa, pontuações glandulosas na face abaxial, membranáceos,
base obtusa, ápice obtusa. Inflorescência racemosa, axilar. Flores amarelas; hipanto ausente;
bractéolas caducas; cálice cilíndrico, 5-laciniado, lacínias lanceoladas, inferior menor (2mm); estandarte
oboval, obtuso, piloso externamente, tricomas glandulares, 7mm compr.; androceu diadelfo, anteras
homomórficas. Fruto legume, oblongo, 1,5-2,5x06-1cm, piloso, tricomas glandulares; sementes
oblongas, pretas.
Material examinado: Estrada p/ Cacimba Nova, 31.III.2006, fl.fr., E. Córdula et al. 36 (HUEFS, UFP).
Comentários: popularmente conhecida como feijãozinho. Rhynchosia minima apresenta
distribuição pantropical, ocorrendo em habitats antropizados (Grear 1978). Na caatinga é conhecida
nas capoeiras e áreas de florestas estacionais, aparecendo após as chuvas. Em Mirandiba ocorre em
pastos. Há registro para Pernambuco em Caruaru, Fernando de Noronha, Mirandiba, São Benedito do
Sul e Serra Talhada. São trepadeiras com flores amarelas diminutas, fruto com tricomas glandulares e
sementes pretas.
33.3.28. Sesbania exasperata Kunth., Nov. Gen. Sp. 6: 534-535. 1823. [1824].
Prancha 20, fig. G.
Arbustos; ramos glabros; estípulas lanceoladas, 3mm compr. Folhas pinadas, estipelas
ausentes; folíolos 35-41, linear-oblongos, 1,5-2x0,5-0,8cm, glabro, papiráceos, base assimétrica,
ápice mucronado. Inflorescência racemosa, axilar. Flores amarelas; hipanto cilíndrico; bractéola-2,
lanceoladas, opostas, 7mm compr.; cálice campanulado, 5-laciniado, lacínias triangulares; estandarte
oboval, emarginado, caloso, 2,5cm compr.; androceu diadelfo, anteras homomórficas. Fruto legume,
linear, 16-20x0,3-0,4cm, pubescente; sementes oblongas, marrons.
Material examinado: Serra do Tigre, 20.VI.2007, fl.fr., E. Córdula et al. 291 (HUEFS, RB, UFP).
Comentários: Sesbania exasperata é amplamente distribuída na América do Sul e Antilhas,
ocorrendo principalmente em brejos temporários e margens de rios e lagos. Em Mirandiba ocorre
nas margens de lagoas temporárias. Em Pernambuco não havia registro preciso de sua coleta, até ser
coletada na área de estudo. São arbustos com folhas pinadas, inflorescências pêndulas e frutos lineares,
longos, 16-20cm compr.
33.3.29. Stylosanthes scabra Vogel, Linnaea 12:69-70. 1838. Prancha 20, fig. H-I.
Ervas eretas; ramos pilosos, tricomas víscido-setosos; estípulas-2, adnatas ao pelíolo, 1cm
compr. Folhas trifolioladas, estipelas ausentes; folíolos estreitamente elípticos, homomórficas, distal
1-1,8x0,7-1cm, glabrescentes, tricomas víscido-setosos, cartáceos, base obtusa, ápice acuminado.
Inflorescência racemosa, congesta, axilar; bráctea externa trifoliolada, interna unifoliolada. Flores
amarelas; hipanto cilíndrico; bractéola não vista; cálice infundibuliforme, 4-laciniado, lacínias
triangulares; estandarte suborbicular, obtuso, 5mm compr.; androceu monadelfo, anteras dimórficas.
Fruto lomento, 1-2 articulado, artículos suborbiculares, 3x2mm, istmo marginal, pubescente, rostro
uncinado, 1,5-2mm; sementes reniformes, marrons.
Material examinado: Serra do Tigre, 17.IV.2007, fl.fr., E. Córdula et al. 246 (HUEFS, RB, UFP).
Comentários: Stylosanthes scabra é largamente distribuído no Brasil, além da Argentina, Bolívia,
Colômbia, Paraguai, Peru, EUA e Venezuela (Costa 2006). Na caatinga ocorre em áreas abertas sobre
solos arenosos. Em Mirandiba foi coletada em áreas sazonalmente inundadas. Em Pernambuco foi
registrada para Alagoinha, Buíque e Mirandiba. Separa-se de S. viscosa pelas brácteas trifolioladas e pelo
fruto, de dimensões maiores e rostro uncinado.
226 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
33.3.30. Stylosanthes viscosa (L.) Sw., Prodr.: 108. 1788. Prancha 20. Fig. J.
Ervas decumbentes; ramos pubescentes, tricomas víscido-setosos; estípulas-2, adnadas ao
pelíolo, 0,7-1cm compr. Folhas trifolioladas, estipelas ausentes; folíolos lanceolados, uniformes, distal
1,5-1,8x0,5-0,7cm, pubescentes, tricomas víscido-setosos, cartáceos, base obtusa, ápice mucronado.
Inflorescência racemosa, congesta, axilar; bráctea unifoliolada. Flores amarelas; hipanto cilíndrico;
bractéola não vista; cálice infundibuliforme, 4-laciniado, lacínias triangulares; estandarte suborbicular,
obtuso, 5mm compr.; androceu monadelfo, anteras dimórficas. Fruto lomento, 1-2 articulado,
geralmente 1-fértil, artículos suborbiculares, 2x1,5mm, istmo marginal, glabro, rostro enrolado, 0,5mm;
sementes reniformes, marrons.
Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, fl. fr., E. Córdula et al. 47 (UFP); Areia Malhada, 16.IV.2007, fl.
fr., L. G. Souza et al. 04 (HUEFS, UFP).
Comentários: popularmente conhecida como alfafa-do-nordeste. Esta espécie caracteriza-
se pela sua grande amplitude ecológica, ocorrendo desde o Estado de Santa Catarina no Brasil até o
México, e Antilhas, com notáveis níveis de tolerância à seca, à salinidade e uma grande variedade de
tipos de solo; no Brasil ocorre no litoral, caatinga e cerrado (Costa 2006). Na caatinga ocorre em solos
arenosos, sobre rochas e em ambientes antropizados. Em Mirandiba é comum ao longo de estradas
e de cursos de água. Na caatinga de Pernambuco há registro para Alagoinha, Buíque, Cruzeiro do
Nordeste, Mirandiba e Petrolina. Reconhecida pelo aspecto pegajoso ao tato devido à presenca de
tricomas víscido-setosos e os frutos com rostro enrolado.
33.3. 31. Tephrosia purpurea (L.) Pers. subsp. purpurea, Syn. Pl. 2(2): 329. 1807.
Prancha 20, fig. M.
Arbustos; ramos pilosos; estípulas linear-lanceoladas, 5mm compr. Folhas pinadas, estipelas
ausentes; folíolos 7-11, espatulados, 2-2,5x0,7-1cm, pubescente, papiráceos, base cuneada, ápice
emarginado. Inflorescência pseudoracemosa, terminal. Flores roxas; hipanto cilíndrico; bractéola-1,
triangular, 1mm compr.; cálice campanulado, 5-laciniado, lacínias triangulares; estandarte suborbicular,
emarginado, piloso externamente, 1cm compr.; androceu monadelfo, anteras homomórficas. Fruto
legume, subfalcado, 3-3,5x0,4-0,5cm, piloso; sementes reniformes, verdes, marmoradas.
Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, fl.fr., E. Córdula et al. 37 (HUEFS, RB, UFP); Areia Malhada,
16.IV.2007, fl.fr., E. Córdula et al. 220 (UFP); Fazenda Troncão, 16.IV.2007, fl.fr., Y. Melo 140 (UFP).
Comentários: Tephrosia purpurea subsp. purpurea apresenta distribuição pantropical, sendo
possivelmente introduzida na África, Américas e Austrália (Brummit 1968). Na Caatinga, ocorre
como uma espécie invasora em áreas degradadas. Em Mirandiba é amplamente distribuída ao longo de
estradas, pastos e áreas antropizadas em geral. Em Pernambuco, não há registros além de Mirandiba,
provavelmente por falta de coletas.
33.3.32. Trischidium molle (Benth.) H. E. Ireland, Kew Bull. 62(2): 336. 2007.
Prancha 20, fig. P.
Bocoa mollis (Benth.) R. S. Cowan, Proca. Biol. Soc. Wash. 87 (13): 123. 1974.
Arbustos; ramos glabros; estípulas não vistas. Folhas pinadas, estipelas ausentes; folíolos 9,
lanceolados a ovais, 3-4x1,5-2cm, pubescente, cartáceos, base arredondada, ápice obtuso a emarginado.
Inflorescência racemosa, ramiflora. Flores brancas; hipanto ausente; bractéola-1, largamente oval,
1mm compr.; cálice 3-4 segmentado; pétala-1, estandarte orbicular, obtuso, 1,8-2cm compr.; androceu
polistêmone, dialistêmone, anteras homomórficas; ovário verde. Fruto legume, elíptico, 1-1,5x0,8-1cm,
glabro; semente-1, elíptica, vermelho escuro.
Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, fr., E. Córdula et al. 48 (UFP); 09.II.2007, fl.fr., E. Córdula et al.
214 (HUEFS, RB, UFP).
Comentários: popularmente conhecida como brinquinho. Distribui-se na Bahia, Ceará,
Minas Gerais e Pernambuco em solo arenoso (Ireland 2007), sendo endêmica da caatinga (Cardoso &
Queiroz 2007). Em Mirandiba é comum em vegetação arbustiva densa em solo arenoso e profundo.
Em Pernambuco há registro para Buíque, Ibimirim, Maniçobal e Mirandiba. São arbustos com
inflorescências ramifloras, flores com apenas uma pétala (estandarte) e ovário verde.
33.3.33. Vigna peduncularis (Kunth.) Fawc. & Rendle, Fl. Jamaica 4(2): 68. 1920.
Prancha 21, fig. D.
Trepadeiras herbácea; ramos glabrescentes; estípulas deltóides, 4-5mm compr. Folhas
trifolioladas, estipeladas; folíolo distal deltóide, 9-10x7-8cm, laterais assimétricos e menores, glabros,
membranáceos, base obtusa, ápice agudo. Inflorescência pseudoracemosa, nodosa, axilar. Flores
liláses; hipanto ausente; bractéolas-2, ovais, opostas, 2,5-3mm compr.; cálice campanulado, 5-laciniado,
lacínias triangulares; estandarte suborbicular, obtuso, 1,5cm compr., carenas torcidas 270°; androceu
diadelfo, anteras homomórficas. Fruto legume, linear, 10-12x0,5-0,7cm, pubescente; sementes
reniformes, marrons.
Material examinado: Serra das Umburanas, 23.VI.2007, fl.fr., E. Córdula et al. 309 (HUEFS, RB, UFP).
Comentários: popularmente conhecida como feijão-do-mato. Distribui-se da América
Central até o norte da Argentina; no Brasil encontra-se no Amazonas, Nordeste, Sudeste e Centro
Oeste (Maréchal et al. 1978). Na caatinga ocorre em manchas de florestas estacionais, matas ciliares
ou ambientes antropizados. Em Mirandiba foi coletado em afloramento rochoso, após as chuvas. Em
Pernambuco há registro para Jaqueira, Fernando de Noronha e Mirandiba. Facilmente reconhecida
pelas flores com carenas torcidas 270°.
33.3.34. Zornia brasiliensis Vogel, Linnaea 12: 62-63. 1838. Prancha 21, fig. G.
Ervas eretas; ramos vilosos; estípulas peltadas, 1,5cm compr. Folhas pinadas, estipelas
ausentes; folíolos-4, digitados, espatulados, distais 2,5-3cm compr., laterais menores, pubescentes,
pontuações glandulares, membranáceos, base atenuada, ápice mucronado. Inflorescência racemosa,
espiciforme, axilar; brácteas-2,
opostas, peltadas, lanceoladas, 7-9mm compr. Flores amarelas; hipanto ausente; bractéolas
não vistas; cálice campanulado, 4-laciniado, lacínia superior emarginada, inferior linear, margens
fimbriadas; estandarte orbicular, emarginado, 1cm compr.; androceu monadelfo, anteras dimórficas.
Fruto lomento, 3-6 articulado, artículos suborbiculares, ca. 2mm, istmo marginal, revestido com cerdas
plumosas, 1-2 artículos exsertos da bráctea; sementes reniformes, marrons.
Material examinado: Serra das Umburanas, 10.II.2007, fl.fr., E. Córdula et al. 207 (HUEFS, UFP); 18.IV.2007,
fl.fr., E. Córdula et al. 251 (UFP); Vertentes, 22.VI.2007, fl.fr., E. Córdula et al. 304 (RB, UFP).
Comentários: Zornia brasiliensis é abundante no Nordeste do Brasil e Venezuela, em campos e
margens de rios (Mohlenbrock 1961). Em Mirandiba é muito comum em todos os tipos de ambientes
visitados. Em Pernambuco há registro para Ibimirim, Mirandiba, Petrolândia e Triunfo. Assemelha-se
a Z. myriadena, diferindo desta pelo hábito ereto, a inflorescência racemosa espiciforme e os frutos 3-6
articulados sem pontuações glandulares. Diferencia-se de Z. sericea pelas folhas pinadas.
33.3.35. Zornia myriadena Benth. in Mart. Fl. bras. 15(14): 85. 1859.
Ervas prostradas; ramos pubescentes, pontuações glandulares; estípulas peltadas, 5mm
compr. Folhas pinadas, estipelas ausentes; folíolos-4, digitados, espatulados, distais 1,5-2x0,5-0,7cm
compr., laterais menores, glabrescentes, pontuações glandulares, membranáceos, base atenuada, ápice
emarginado. Flores solitárias, amarelas; hipanto ausente; brácteas-2, opostas, não-peltadas, lanceoladas,
4-5mm compr.; bractéolas não vistas; cálice campanulado, 4-laciniado, lacínia superior emarginada,
inferior linear, margens fimbriadas; estandarte oboval, 9mm compr.; androceu monadelfo, anteras
dimórficas. Fruto lomento, 10-20 articulado, artículos quadrangulares, 1,5-2mm, istmo central, glabro,
pontuações glandulares, 7-17 artículos exsertos da bráctea; sementes quadrangulares, marrons.
Material examinado: Serra do Tigre, 17.IV.2007, fl.fr., E. Córdula et al. 247 (HUEFS, RB, UFP).
Comentários: Zornia myriadena é distribuída no nordeste do Brasil e Caribe, ocorrendo em
savanas e afloramentos rochosos (Mohlenbrock 1961). No Nordeste é encontrada em caatinga sobre
solo arenoso e, comumente, como uma planta colonizadora em áreas degradadas. Em Mirandiba
ocorre em solos rasos e pedregosos, em áreas antropizadas. Em Pernambuco há registro para Buíque,
Custódia, Mirandiba, Panelas e Serra Talhada. Caracteriza-se pelo hábito prostrado, as flores solitárias
e os frutos com 7 a 17 artículos com pontuações glandulares.
33.3.36. Zornia sericea Moric., Pl. Nouv. Amer.: 126-127. 1844. Prancha 21, fig. J.
Ervas prostradas; ramos seríceos; estípulas peltadas, 2cm compr. Folhas bifolioladas,
estipelas ausentes; folíolos estreitamente ovais, 3-4x1-2cm, seríceos, cartáceos, base assimétrica, ápice
mucronado. Inflorescência racemosa, espiciforme, axilar; brácteas-2, opostas, peltadas, ovais, 1,5-
2x0,6-0,8cm. Flores amarelas; hipanto ausente; bractéolas não vistas; cálice campanulado, 4-laciniado,
lacínia superior emarginada, inferior linear, margens fimbriadas; estandarte suborbicular, obtuso, 1,3cm
compr.; androceu monadelfo, anteras dimórficas. Fruto lomento, 3-6 articulado, artículos quadrangulares,
3x3mm, istmo marginal, equinado, revestido com cerdas plumosas, artículos totalmente inclusos na
bráctea; sementes reniformes, marrons.
Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, fl. fr., E. Córdula et al. 31 (HUEFS, RB, UFP); Areia Malhada,
21.VI.2007, fl. fr., E. Córdula et al. 300 (UFP).
Comentários: Zornia sericea distribui-se no nordeste do Brasil e Venezuela (Mohlenbrock 1961).
Na caatinga ocorre principalmente sobre solos arenosos, assim como em Mirandiba. Em Pernambuco
há registro para Buíque, Mirandiba e Petrolina. Diferencia-se das demais espécies do gênero pelas
folhas bifolioladas.
Prancha 20. Figura A. Desmodium glabrum. Ramo fértil. B. Desmodium procumbens. Ramo fértil. C.
Indigofera microcarpa. Ramo fértil. D. Indigofera suffruticosa. Ramo fértil. E. Lonchocarpus araripensis.
Fruto. F. Amburana cearensis. Fruto aberto. G. Sesbania exasperata. Ramo fértil. H-I. Stylosanthes scabra. H.
Ramo. I. Fruto. J. Stylosanthes viscosa. Fruto. L. Aeschynomene viscidula. Ramo fértil. M. Tephrosia purpurea
subsp. purpurea. Ramo fértil. N. Aeschynomene evenia var. evenia. Folha. O. Luetzelburgia auriculata. Fruto.
P. Trischidium molle. Ramo fértil. Q. Dioclea violacea. Fruto aberto. Dioclea grandiflora. Fruto aberto. S.
Prancha 21. Figura A. Macroptilium martii. Ramo. B. Macroptilium gracile. Ramo fértil. C.
Macroptilium bracteatum. Ramo fértil. D. Vigna peduncularis. Ramo fértil. E-F. Erythrina velutina. E.
Folha. F. Flor. G. Zornia brasiliensis. Ramo fértil. H. Crotalaria bahiensis. Ramo fértil. I. Crotalaria
incana. Ramo fértil. J. Zornia sericea. Ramo fértil. L. Centrosema pascuorum. Ramo fértil. M.
Rhynchosia mínima. Ramo fértil. N. Centrosema virginanum. Ramo fértil.
34. Limnocharitaceae
Anderson Alves-Araújo & Jefferson Rodrigues Maciel
Limnocharitaceae consiste de três gêneros e oito espécies nativas das regiões tropicais
e subtropicais de ambos os hemisférios. De acordo com Haynes & Holm-Nielsen (1992) no Brasil
ocorrem dois gêneros: Limnocharis e Hydrocleys e sete espécies. Os autores afirmam que o semi-árido do
nordeste do Brasil foi o provável centro de origem das espécies de Hydrocleys, gênero ao qual pertence
a única espécie registrada em Mirandiba. A família se caracteriza por ser formada de espécies aquáticas,
com flores amarelas e seiva leitosa. Embora não seja muito representativa do ponto de vista econômico,
Limnocharitaceae apresenta um bom potencial para uso ornamental de suas espécies.
34. 1. Hydrocleys martii Seub., in Mart. Fl. bras. 3(1): 116. 1847. Prancha 22, fig. A.
Ervas aquáticas, emersas, estoloníferas, perenes. Folhas 1,5-4,7x0,9-3,4cm, elípticas a
ovais, agudas a obtusas, inteiras, simples, base cordada, 5-9 nervada. Inflorescências 1-muitas flores;
bráctea 1,5-3cm comp., elípticas a lanceoladas. Flores amarelas 1,7-3,2cm, hermafroditas, diclamídeas,
hipóginas, dclínas; sépalas 3, persistentes, elípticas, obtusas a agudas; pétalas 3, livres; estames 12, livres;
estaminódios numerosos; gineceu 4-carpelar, apocárpico. Fruto não observado.
Material examinado: Serra do Tigre, 19.VI.2007, K. Pinheiro et al. 278 (UFP, MO); Serra das Umburanas,
23.VI.2007, Y. Melo et al. 308 (UFP).
Comentários: nativa da América do Sul foi coletada em açude e lagos temporários onde é
um dos elementos mais importantes dentre as macrófitas aquáticas. Esta espécie pode ser caracterizada
por apresentar flores amarelas com numerosos estaminódios. Os materiais analisados em Mirandiba
discordam da descrição apresentada por Haynes & Holm-Nielsen (1992) quanto ao número de carpelos.
Segundo os autores esta espécie apresenta 5-8 carpelos, porém foram encontrados apenas quatro
carpelos nas flores do material examinado. Aparentemente esta espécie não possui nenhuma importância
econômica e aplicação na região, mas seu potencial para uso ornamental dever ser considerado.
35. Loasaceae
José Iranildo Miranda de Melo
Loasaceae inclui ca. 15 gêneros e 292 espécies distribuídas nas Américas, um gênero com duas
espécies na Ásia e África e um com três espécies na Polinésia. No Brasil são encontrados cinco gêneros
e aproximadamente 20 espécies, dispersas principalmente nas caatingas. Em Mirandiba, para este
tratamento foi incluida apenas Aosa rupestris (Hook.) Weigend. apesar da ocorrência de duas especies
na area.
35.1. Aosa rupestris (Hook.) Weigend, Nasa Conq. S. Amer.: 218. 1997.
Prancha 22, fig. B.
Ervas, ca. 25cm alt.; tricomas gloquideados e glandulosos, entremeados por setáceos, urticantes,
nas partes vegetativas e reprodutivas. Folhas alternas; lâmina 3,6-7,6x2,2-6,3cm, membranácea, hastada,
pinatissecta, lobos ovados a ovado-triangulares, denteados, ápice obtuso, margem ciliada, com tricomas
setáceos, base levemente cordada; pecíolo 1,2-4,2cm; venação broquidódroma. Inflorescência 3,5-
3,8cm, terminal, panícula, laxa; pedúnculo 15-17,3cm, estriado. Flores 0,6-0,8cm, pedicelo 0,3-1cm;
cálice ca. 5mm, turbinado, lacínios ca. 3,5x2mm, ovados, opostos às pétalas; corola ca. 7mm, pétalas
0,6-0,7x1,5-2mm, ungüiculadas, cuculadas, alvas, porção inferior internamente amarela; escamas
nectaríferas 1,5-2mm, involutas, vermelhas, portando 3 estaminódios cada; estames ca. 60 diferentes
classes de tamanho, unidos na base, anteras oblongas, ca. 1mm; ovário ca. 1mm, ínfero, turbinado;
estilete ca. 2,5mm; estigma capitado. Frutos não observados.
Material examinado: Serra das Umburanas, 23.VI.2007, Y. Melo et al. 310 (UFP).
Comentários: ocorre apenas no Brasil, nos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Bahia
(Weigend 2004), associada à vegetação do semi-árido, geralmente como rupícola. Na área de estudo,
foi encontrada em fenofase de floração em junho em caatinga arbustiva. Aosa rupestris é reconhecida,
principalmente, pelo hábito herbáceo, associado aos tricomas gloquideados e glandulosos, entremeados
por setáceos, urticantes, nas partes vegetativas e reprodutivas, pelas folhas hastadas, pinatissectas e
corola alva com pétalas ungüiculadas, cuculadas.
36. Loganiaceae
Aline Melo, Anderson Alves-Araújo & Marccus Alves
freqüentemente escorpióide, às vezes reduzida a uma única flor. Flor bissexuada, actinomorfa ou
raramente zigomorfa, diclamídea; cálice 4-5-mero, diali ou gamossépalo; corola 4-5-mera, gamopétala,
infundibuliforme a campanulada, lobos valvares a imbricados; estames alternipétalos, epipétalos,
isostêmones; ovário súpero, 2-5 locular, placentação axial, geralmente pluriovulado; estilete terminal
único. Fruto cápsula septicida, raramente loculicida ou circuncisa, baga ou drupa.
1. Ervas até 15cm alt., nervação peninérvea, fruto cápsula loculicida�������������������������Spigelia anthelmia
1’. Arbustos 1-2m alt., nervação acródroma, fruto baga�������������������������������������������Strychnos rubiginosa
36.1. Spigelia anthelmia L., Sp. pl. 149. 1753. Prancha 22, fig. C.
Ervas até 15cm alt., anuais, eretas. Folhas 6-15x2-6cm, verticiladas, lanceoladas, membranáceas,
sésseis, peninérveas, margem inteira e ciliada, pareada, base atenuada, ápice acuminado. Inflorescência
8-14cm de compr., terminal. Flores 5-10mm compr.; cálice 5-mero, gamossépalo; corola 5-mera,
gamopétala, infundibuliforme a campanulada; estames 5 inclusos, anteras 0,5-1mm, lanceoladas,
filiformes; ovário globoso, glabro; estigma cônico, piloso na extremidade distal. Fruto 0,5x0,5cm,
verdes, cápsula loculicida bipartida, muricada, estilete persistente; sementes marron-ferrugíneas.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1438 (UFP).
Material adicional: PERNAMBUCO: Campus da UFPE, 25.III.1985, M. Barbosa et al s.n. (UFP); Campus da
UFPE, 20. VIII.1 992, A. F. Lira et al s.n. (UFP); Mata de Camurujipe, 9.IX.1997, M. L.Guedes et al 5171 (UFP).
Comentários: é uma espécie neotropical com ampla distribuição na América Central, Caribe
e América do Sul. No Brasil pode ser encontrada no Acre, Amapá, Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba,
Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Goiás e São Paulo (Chiappeta 2002). Na caatinga ocorre em
substrato arenoso-argiloso. É amplamente utilizada como vermicida, o que justifica seu nome vulgar:
lombrigueira.
36. 2. Strychnos rubiginosa DC., Prodr. 9: 16. 1845. Prancha 22, fig. D.
Arbustos a arvoretas, 1-2m alt., pilosos. Folhas 1-3,5x1-2cm, opostas, ovadas a lanceoladas,
coriáceas, peciolada, nervação acródroma, margem inteira, base obtusa, ápice obtuso levemente atenuado,
raro emarginado. Inflorescência 2-8mm de comp., terminal, panícula. Flores 1-2mm compr.; cálice
5-mero, gamossépalo, sépalas ovadas, ápice acuminado, margens pilosas; corola 5-mera, gamopétala,
infundibuliforme; estames 5, anteras ovais; ovário bilocular, estigma filiforme. Fruto 0,5-2x0,5-2cm,
Prancha 22. Figura A. Hydrocleys martii. Hábito. B. Aosa rupestris. Hábito. C. Spigelia anthelmia.
Hábito. D. Strychnos rubiginosa. Hábito.
marrom, baga, globoso a elipsóide, glabro, unilocular; sementes-2, discóides, com testa lisa.
Material examinado: Fazenda Malhada da Areia, 9.II.2007, Y. Melo 123 (UFP); Fazenda Vertentes, 19.V.2007,
M. C. Pessoa 164 (UFP, JPB, RB, MO); Sítio Areia Malhada, 16.IV.2007, L. L. Santos 222 (UFP, JPB, RB, MO).
Comentários: esse gênero possui 200 espécies pantropicais, com cerca de 60 ocorrentes no
Brasil e tendo a Amazônia como centro de diversidade neotropical do gênero. A espécie ocorre nos
estados do Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina,
Paraná, Minas Gerias e Mato Grosso e está distribuída pela caatinga, cerradão e mata atlântica (PR).
Na caatinga, a espécie ocorre em área arbustiva aberta ou densa de substrato arenoso de origem
sedimentar.
37. Loranthaceae
Maria de Fátima de Araújo Lucena & Tiago Pontes Arruda
BURGER, W.; KRUIJT, J. 1983. Loranthaceae. In: Burger, W. (ed.). Flora Costaricensis.
Fieldiana Botany. 40(13): 29-58.
GIBSON, D. N. 1967. Loranthaceae. Flora do Peru. Fieldiana Botany, 40(13) 29-58.
EICLHER, A. W. 1868. In: MARTIUS, C. Flora Brasiliensis, 5(2): 1-136.
DUENAS, G. H. del C., FRANCO R. P. 2001. Sinopsis de las Loranthaceae de Colombia.
Caldasia, 23(1): 81-99.
ou glândula presente ou ausente na base do ovário, gineceu 1-6-locular, estilete filiforme, estigma
capitado, punctiforme ou bilobado, ovário súpero, raro ínfero, séssil ou estipitado, óvulos anátropos,
placentação central livre, pseudo-central livre, basal ou axilar. Fruto cápsula, raro indeiscente, raro
carnoso; sementes 2-muitas, sem endosperma.
Lythraceae sensu lato é composta por 32 gêneros e aproximadamente 600 espécies, com
distribuição pantropical e alguns representantes herbáceos de regiões temperadas. Ocupam habitats
diversificados, incluindo áreas brejosas, cerrados, campos áridos e pedregosos e mais raramente
florestas tropicais. Nove gêneros ocorrem no Brasil, sendo Cuphea e Diplusodon os mais representativos.
No Nordeste e no semi-árido ocorrem 51 (Cavalcanti 2006a) e 43 (Cavalcanti 2006b) espécies de
Lythraceae, respectivamente, 12 das quais ocorrem na Caatinga.
1. Tubo floral com cálcar na base; ovário com glândula nectarífera dorsal
bem desenvolvida na base. Flores zigomorfas; anteras dorsifixas����������������������� Cuphea impatientifolia
1’. Tubo floral sem cálcar na base; ovário sem glândula nectarífera.
Flores actinomorfas; anteras basifixas���������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
2. Flores hexâmeras; tubo floral cilíndrico, mais longo que largo.
Ovário 1-2- locular. Subarbustos terrestres. Frutos indeiscentes��������������������������� Pleurophora anomala
2’. Flores tetrâmeras; tubo floral campanulado a globoso, tão longo quanto largo.
Ovário 3-4-locular. Ervas aquáticas ou terrestres anuais. Frutos deiscentes�������������������Rotala ramosior
Prancha 23. Figuras A-F. Cuphea impatientifolia. A, Hábito; B, parte da inflorescência; C, flor, sem as
pétalas, em vista lateral; D, pistilo com glândula na base; E, fruto; F, semente. G-I. Pleurophora
anomala. G, ramo florífero; H, flor em vista longitudinal-dorsal; I, pistilo. J-O. Rotala ramosior. J,
Hábito; K, folha, face adaxial; L, flor em vista longitudinal; M, pistilo; N, fruto marcescente; O, cápsula.
38.3. Rotala ramosior (L.) Koehne in Mart., Fl. bras. 13(2): 194. 1877.
Prancha 23, fig. J-O.
Ervas, anuais, eretas, não ramificadas, 10-30cm alt.; glabras. Folhas 6-25x1,5-5cm opostas,
membranáceas, estreito-elípticas, base aguda, atenuada, uma nervura central evidente, as laterais
inconspícuas. Inflorescência racemo espiciforme, frondoso. Flores sésseis a subsésseis, profilos ca.
3mm compr., lineares, ápice agudo; tubo floral oblongo, globoso no fruto, 2,5-3mm compr., sépalas
1-1,2mm compr.; epicálice ausente; pétalas 4, 1,5-3mm compr., arroxeadas, caducas no fruto; estames
5, anteras basifixas; ovário sem glândula na base. Fruto cápsula septicida, 3,5-4x3-3,1mm; sementes
numerosas.
Material examinado: Fazenda Tigre, 17.V.2007, M. C. Pessoa et al. 132 (CEN,UFP).
39. Malpighiaceae
A família Malpighiaceae é formada por cerca de 75 gêneros e 1300 espécies que se distribuem
nas regiões tropicais e subtropicais de ambos os hemisférios. No Brasil ocorrem aproximadamente 45
gêneros e 300 espécies. Em Mirandiba foram registradas cinco espécies de cinco gêneros distintos e
coletadas principalmente em vegetação arbustiva e arbustiva-arbórea. Não são apresentadas descrições
dos táxons envolvidos por não terem sido enviadas pelo colaborador convidado até o fechamento
do livro. Sendo assim os organizadores da Flora de Mirandiba se responsabilizaram pela chave de
identificação confeccionada, identificação e comentários das espécies.
39.1. Banisteriopsis pubipetala (A. Juss.) Cuatrec., Ciencia (Mexico) 23: 142. 1964.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, K. Pinheiro & M. Alves 68 (CEPEC, UFP); Cacimba Nova,
31.III.2006, K. Pinheiro et al. 93 (CEPEC, UFP).
39.4. Ptilochaeta bahiensis Turcz., Bull. Soc. Imp. Naturalistes Moscou 16: 52. 1843.
Material examinado: Serra do Tigre, 09.II.2007, K. Pinheiro 207 (UFP).
Comentários: Ptilochaeta bahiensis é caracterizada por ser uma arvoreta com até 3m alt. e com
flores sem glândulas de óleo nas sépalas. Foi coletada em caatinga arbustiva-arbórea densa sobre solo
pedregoso.
geminadas ou em tríades, axilares ou terminais. Flores com epicálice por vezes presente, com ou sem
brácteas basais, brácteas filiformes a elípticas, pilosas; cálice 5-mero, piloso, campanulado com ápice
truncado ou não; corola 5-mera, caduca ou não, glabra ou com tricomas marginais no ápice, base ou
abaxialmente; estames 10 a muitos, unidos ou não pela base, agrupados no ápice ou ao longo do tubo
estaminal, pilosos ou glabros; tubo estaminal livre ou completamente adnado a nervura central da pétala
desde a base, glabro, integralmente piloso ou apenas na base; estiletes unidos ou não pela base, 1-10,
glabros ou pilosos; estigmas capitados, linear-papilosos, penicilados, plumosos ou multífidos. Fruto
cápsula ou esquizocarpo, 2 a 3-valvar, deiscência apical ou lateral, glabro ou piloso. Esquizocarpáceos:
mericarpo glabro ou piloso, mútico, rostrado ou aristado, inflado, lateralmente comprimido ou dividido
internamente em duas cavidades com deiscência apical ou lateral. Cápsulas: loculicidas, membranáceas
e/ou cartáceas, apicalmente ou inteiramente corniculadas ou sem cornículos, hirsutas apenas no ápice
ou com tricomas estrelados apenas nos septos; sementes reniformes, obovóides, subovóides, elipsóides,
deltóides ou tetragonais, por vezes corniculadas, reticuladas ou não, glabras, verrucosas ou pilosas.
Malvaceae s.l. tem distribuição pantropical, podendo ocorrer também em zonas temperadas e
um total de 250 gêneros e 4200 espécies (Souza & Lorenzi 2008). No Brasil ocorrem aproximadamente
73 gêneros e 375 espécies (Barroso 1978), onde a região semi-árida possui 25 gêneros e 130 espécies;
Pavonia com 26 espécies, Helicteres com 14, Sida e Waltheria com 13 cada consistem nos gêneros mais
representativos (França & Sobrinho 2006). Em Mirandiba, Malvaceae está representada por 12 gêneros
e 23 espécies, sendo Sida o maior deles, com seis espécies.
24(1): 444-449.
FRYXELL, P.A. 1978. Neotropical segregates from Sida L. (Malvaceae). Brittonia, 30(4):
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1. Árvores���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
1’. Ervas ou arbustos��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
2. Folhas simples, base assimétrica; tubo estaminal ausente; ginóforo presente���������� Apeiba tibourbou
2’. Folhas compostas, base simétrica; tubo estaminal presente; ginóforo ausente��������������������������������������3
3. Tronco sem intumescência, com estrias longitudinais verdes; ramos e
tronco não aculeados; pétalas recobertas por tricomas em tufos����������������Pseudobombax marginatum
3’. Tronco com intumescência, sem estrias longitudinais verdes; ramos e
tronco aculeados; pétalas vilosas����������������������������������������������������������������������������������������������Ceiba glaziovii
4. Fruto cápsula�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5
4’. Fruto esquizocárpico������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������ 11
13’. Epicálice com bractéolas 5mm compr.; mericarpos 12-14; arista apical 0,5mm compr., aristas dorsais
1mm compr.................................................................................................Malvastrum scabrum
14. Mericarpos inflados ou basalmente constrictos formando duas cavidades......................................15
14’. Mericarpos nunca constrictos nem formando duas cavidades ou inflados......................................17
15. Inflorescência paniculada; tubo estaminal piloso; mericarpos constrictos formando duas cavidades,
apiculado; semente glabra.........................................................................................Wissadula contracta
15’. Flores solitárias; tubo estaminal glabro; mericarpo inflado, mútico; semente pilosa.....................16
16. Ramos densamente pilosos, revestidos por tricomas estrelados; cálice 4-5mm compr.; corola 6-8mm
compr.; mericarpos revestidos por tricomas simples..........................................Herissantia crispa
16’. Ramos pilosos, revestidos por tricomas simples, curtos ou alongados esparsos;
cálice 5-9mm compr.; corola 12-14mm compr.; mericarpos revestidos por tricomas
estrelados......................................................................................................................Herissantia tiubae
17. Pedicelo adnado a 3 ou mais bractéolas��������������������������������������������������������������������������������������������������� 18
17’. Pedicelo nunca adnado a bractéolas�������������������������������������������������������������������������������������������������������� 19
18. Pedicelo adnado à 3 bractéolas; partes livres dos estames no ápice do tubo
estaminal..............................................................................................................Sidastrum micranthum
18’. Pedicelo adnado ao pecíolo de uma folha ou bráctea; partes livres dos estames ao longo do tubo
estaminal.................................................................................................................................Sida ciliaris
19. Tubo estaminal revestido ao menos em parte por tricomas bipartidos.............................................20
19’. Tubo estaminal glabro ou revestido apenas por tricomas estrelados e/ou simples.........................21
20. Folhas elípticas a ovadas; mericarpos 2mm compr., aristas 1mm compr......................Sida regnellii
20’. Folhas lineares; mericarpos 6mm compr., aristas 3mm compr.....................................Sida linifolia
21. Folhas alterno-espiraladas.................................................................................................................22
21’. Folhas alterno-dísticas.....................................................................................................................23
22. Mericarpo com deiscência apical................................................................................... Sida spinosa
22’. Mericarpo com deiscência lateral.............................................................................. Sida glomerata
23. Aristas do mericarpo 1-2mm compr........................................................................ Sida galheirensis
23’. Aristas do mericarpo 3mm compr.............................................................................. Sida cordifolia
40.3. Corchorus argutus H.B.K., Nov. Gen. Sp. 5: 337-338. 1821 [1823].
Subarbustos, ca. 40cm alt., ramos pilosos, tricomas simples, alinhados longitudinalmente.
Folhas 3,5-8,5x0,7-1,7cm compr., elípticas a lanceoladas, acuminadas, atenuadas a truncadas, serreadas;
pecíolo 3-4mm compr., piloso; estípulas 2-3mm, lineares a lanceoladas, pilosas. Flores aos pares, axilares
ou terminais; cálice 4mm compr., piloso, 3 brácteas 1mm compr. na base, pilosa, tricomas antrorsos;
corola 5mm compr., glabra; androceu diplo a polistêmone, estames livres na base, 4mm compr.; ovário
piloso; estilete 1mm compr., glabro; estigma multífido. Fruto cápsula, 2,5-5x0,2-0,3cm, elíptica, 3-valvar,
deiscência apical-longitudinal, glabro; sementes 1,5-2x1mm, deltóides, reticuladas, glabras.
Material examinado: Fazenda Tigre, 30. V. 2006, M. F. A. Lucena et al. 1439a (UFP), Serra do Tigre, 31. V.
2006, J. R. Maciel et al. 492 (UFP).
Comentários: espécie com distribuição na América do Sul. No Brasil ocorre em todas as
regiões, com registro em Pernambuco para o município de Ouricuri (Tschá 2002). Apesar de confundida
com Corchorus hirtus, diferencia-se desta por apresentar ramos pilosos, com tricomas simples alinhados
longitudinalmente, cápsula 3-valvar e sementes deltóides.
40.5. Herissantia crispa (L.) Brizicky, J. Arnold Arbor. 49(2): 279. 1968.
Prancha 24, fig. A.
Subarbustos, eretos a decumbentes, ramos densamente pilosos, tricomas estrelados. Folhas
2,7-6,6x2,4-4,5cm, inteiras, alterno-espiraladas, ovadas, acuminadas a mucronadas, cordadas a sagitadas,
denteadas; pecíolo 3-3,6cm compr., piloso; estípulas 3-12mm compr., lineares, pilosas. Flores solitárias,
axilares; epicálice ausente; cálice 4-5mm compr., piloso; corola 6-8mm compr., branca, glabra; estames
ca. 30, 1mm compr., partes livres no ápice do tubo estaminal; tubo estaminal 2mm compr., glabro;
estiletes 10-14, 3mm compr.; estigmas capitados. Fruto esquizocárpico, mericarpos 10-14, 10-15x10-
15mm, múticos, inflados, pilosos, tricomas simples; sementes 2x2mm, marrons, reniformes, pilosas,
tricomas simples.
Material examinado: Várzea do Tiro, 10.III.2008, B. S. Amorim et al. 256 (UFP); Fazenda Troncão, 16.IV.2007,
Y. Melo et al. 133 (UFP); Vertentes, 07.II.2007, M. T. Vital et al. 58 (UFP); Fazenda Areias, 31.V.2006, E. Córdula et al. 86
(UFP).
Comentários: Herissantia crispa tem distribuição pantropical (Fryxell 1997). É empregada na
região do semi-árido na produção de mel (Santos et al. 2005) e como forrageira (Batista et al. 2005).
Espécie morfologicamente semelhante a H. tiubae por possuir mericarpo inflado, separando-se desta
pela presença de tricomas estrelados nos ramos e tricomas simples nos mericarpos.
40.6. Herissantia tiubae (K. Schum.) Brizicky, Bol. Soc. Portug. Ci. Nat. 5: 130. 1955.
Prancha 24, fig. B.
Subarbustos eretos, ramos pilosos, tricomas simples, curtos ou alongados esparsos. Folhas
5-6,5x2-4,3cm, alterno-espiraladas, ovadas, acuminadas, sagitadas, denteadas; pecíolo 1,2-2cm compr.,
piloso; estípulas 3-5mm compr., lineares, pilosas. Flores solitárias, axilares; epicálice ausente; cálice
5-9mm compr.; corola 12-14mm compr., pétalas brancas, amareladas na base; estames ca. 40, 2mm
compr., partes livres no ápice do tubo estaminal; tubo estaminal 4 mm compr., glabro; estiletes 10-14,
3mm compr., glabro; estigmas capitados, glabros. Fruto esquizocárpico, mericarpos 10-14, 19-20x18-
23mm, múticos, inflados, pilosos, tricomas estrelados; sementes 2x2mm, marrons, reniformes, pilosas
dorsalmente, tricomas simples.
Material examinado: Mirandiba, Fazenda Tigre, 12.III.2008, B. S. Amorim et al. 272 (UFP); Areia Malhada,
16.IV.2007, M C. Pessoa et al. 117 (MO, RB, SP, UFP), Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1407 (SP, UFP).
Comentários: distribuição restrita à América tropical (Fryxell 1997). É empregada na região
do semi-árido na produção do mel (Santos et al. 2005) e como forragem para o gado (Batista et al. 2005).
Espécie morfologicamente semelhante a H. crispa por possuir mericarpo inflado, separando-se desta
por apresentar tricomas simples nos ramos e estrelados nos mericarpos.
40.7. Malvastrum scabrum (Cav.) A. Gray, U.S. Expl. Exped., Phan.: 147. 1854.
Prancha 24, fig. C.
Subarbustos eretos, ramos marrons, pilosos, tricomas estrelados. Folhas 6,2-9,3x5-8cm,
alterno-espiraladas, ovadas, mucronadas, truncadas a deltóides, denteadas; pecíolo 2,5-5,5cm compr.,
piloso; estípulas 2mm compr., lineares, pilosas. Inflorescência corimbosa congesta, terminal e flores
solitárias axilares; epicálice 3-bracteolado; bractéolas 5mm compr., filiformes, pilosas; cálice 8mm
compr., piloso; corola 8mm compr., glabra; estames ca. 30, 2mm compr., partes livres no ápice do
tubo estaminal; tubo estaminal 3mm compr., base pilosa; estiletes 12-14, 3mm compr., glabros; estigma
capitado. Fruto esquizocárpico, mericarpos 12-14, tri-aristados, pilosos; arista apical-1, 0,5mm compr.,
aristas dorsais-2, 1mm compr.; sementes 1x1,5mm, reniformes, marrons, glabras.
Material examinado: Fazenda Troncão, 16.IV.2007, J. R. Maciel et al. 389 (UFP); Serra do Tigre, 30.III.2006, K.
Pinheiro et al. 69b (UFP).
Material adicional: PERNAMBUCO: Caruaru, 25.V.2002, A. M. S. Reis et al. 129 (PEUFR).
Comentários: apresenta distribuição na América do Sul, abrangendo Peru, Argentina e
Brasil Stevens (2008). Malvastrum A. Gray diferencia-se facilmente restante dos gêneros por apresentar
epicálice tri-bracteolado e mericarpos triaristados. Malvastrum scabrum se diferencia de M. tomentosum pela
inflorescência e epicálice mais longos, pelos mericarpos, incluindo as aristas apical e dorsais maiores,
além da maior densidade de tricomas na superfície dos mericarpos.
40.8. Malvastrum tomentosum (L.) S.R. Hill subsp. tomentosum, Brittonia 32: 466.
1980. Prancha 24, fig. D.
Subarbustos eretos, ramos marrons, pilosos, tricomas estrelados. Folhas 1-1,4x0,7-
1cm, alternas, ovadas, acuminadas, atenuadas a truncadas, denteadas; pecíolo 4mm compr., piloso;
estípulas 2-3mm compr., lineares, pilosas. Inflorescência racemosa ou flores solitárias, terminais ou
axilares; epicálice 3-bracteolado; bractéolas 2mm compr., filiformes, pilosas, tricomas simples; cálice
3mm, densamente piloso; corola 3mm, glabra; estames 15, 1mm compr., partes livres no ápice do
tubo estaminal; tubo estaminal 2mm compr., base pilosa, tricomas simples; estiletes 5, 2mm compr.,
glabros; estigma capitado. Fruto esquizocárpico, mericarpos (5) 10-14, 2x2mm, tri-aristados, superfície
dorsal densamente pilosa, arista apical-1, 0,2mm compr., aristas dorsais-2, 0,5mm compr., sementes
1,5x1,5mm, reniforme,s glabras.
Material examinado: Serra do Tigre, 08.I.2007, Y. Melo et al. 91 (UFP).
Comentários: citada por S. Hill (com. pes.) para os estados da Bahia, Paraíba, Pernambuco,
Minas Gerais e Mato Grosso, além de registros em áreas secas na Venezuela. Diferencia-se de M.
scabrum pela inflorescências e epicálice menores, pelo tamanho reduzido dos mericarpos e das aristas
apical e dorsais, além dos tricomas menos densos na superfície dos mericarpos.
40.10. Pavonia cancellata (L.) Cav., Diss. 3: 135. 1787. Prancha 24, fig. E-F.
Subarbustos decumbentes, ramos pilosos, tricomas simples e estrelados esparsos. Folhas
2,7-3,8x2-4cm, alterno-dísticas, deltóides, acuminadas, sagitadas, denteadas; pecíolo 0,6-2,4cm compr.,
piloso; estípulas 3mm compr., lineares, pilosas, tricomas simples. Flores solitárias, axilares e terminais;
epicálice 13mm compr., piloso, tricomas simples, 12-14 bractéolas; cálice 9mm compr., piloso; corola
22-24mm compr., pétalas amarelas, base púrpura, glabra; estames ca. 40, 1mm compr., partes livres
ao longo do tubo estaminal; tubo estaminal 9mm compr., glabro; estiletes 10, 4mm, glabros; estigmas
capitados. Fruto esquizocárpico, mericarpos 5, 5x5mm, tri-rostrados a múticos, reticulados, glabros;
rostro 0,5cm, piloso, tricomas simples retrorsos; sementes 3x2mm, obovóides, vináceas, pilosas,
tricomas simples.
Material examinado: Cipaúba, 13.III.2008, B. S. Amorim et al. 283 (SP, UFP); Areia Malhada, 21.VI.2007, Y.
Melo et al. 230 (UFP); Fazenda Areias, 31.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1465 (SP, UFP).
Comentários: espécie de distribuição neotropical, ocorrendo desde a América do Norte
até a América do Sul (Esteves 1998). No Brasil distribui-se em vários estados, associada a diferentes
ambientes como caatinga, cerrado e restinga (Esteves 1998). É utilizada na produção de mel (Santos et
al. 2005). Diferencia-se das demais por apresentar epicálice com 12 a 14 bractéolas e pelo número de
estigmas corresponderem ao dobro do número de carpelos.
40.11. Pseudobombax marginatum (A. St.-Hill.) A. Robyns, Bull. Jard. Bot. Brux. 33:
73. 1963.
Árvores, ca. 12m alt., tronco com ritidoma cinza, estrias longitudinais verdes. Folhas compostas,
digitadas, 5 folíolos sésseis a subsésseis, 4,7-17,5x0,2-0,5cm, obovado-oblongos, arredondados ou
acuminados , decurrentes, inteiros, membranáceos a cartáceos; pecíolo cilíndrico, intumescido nas
extremidades, estriado longitudinalmente, glabro a pubescente. Flores solitárias, geminadas ou em
tríades, geralmente nas extremidades dos ramos; cálice campanulado com ápice truncado; pétalas
lineares a oblongo-lineares, base glabra, ápice obtuso, recobertas por tricomas em tufos; estames
brancos; tubo estaminal dividindo-se em 5 falanges, totalmente viloso ou apenas no terço inferior;
estigma 5-lobado. Fruto cápsula 10,5-16cm compr., obovóide, 5-valvar, valvas 3-4cm larg.; sementes
7-8x5-6mm, arredondas, tricomas longos refescentes.
Material examinado: Serra do Tigre, Fazenda Tigre, 04.X.2006, Y. Melo et al. 102 (UFP).
Comentários: possui distribuição exclusiva na América do Sul. No Brasil, esta espécie
apresenta-se distribuída nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. Nesta última ocorre na caatinga,
sobre serras e em vegetação de transição entre caatinga e floresta montana. Conhecida pelo nome
popular de Embiratanha. É facilmente reconhecida por ser pouco ramificada, pelas folhas compostas,
pelas flores geralmente solitárias, brancas e pelos frutos obovóides. Pseudobombax marginatum é próxima
de P. grandiflorum (Cav.) A. Robyns, diferindo pelos folíolos sésseis e pelo tubo estaminal dividindo-se
em 5 feixes, enquanto esta tem os folíolos peciolulados e os estames livres a partir do tubo estaminal.
A casca é utilizada, em forma de chá, para dores de coluna e como lambedor, para hérnia e dores nos
rins como fitoterápico local.
40.12. Sida ciliaris L., Syst. Nat. 2: 1145. 1759. Prancha 24, fig. G.
Subarbustos, eretos, ramos pilosos, tricomas estrelados. Folhas simples 0,8-2,1x0,5-1cm,
alterno-dísticas, elípticas, acuminadas, cordadas, inteiras na porção basal, serreadas na porção distal;
pecíolo 0,4-0,6cm compr., piloso; estípulas 3mm compr., lineares, pilosas, tricomas simples. Flores
solitárias, terminais; epicálice ausente, pedicelo adnado ao pecíolo de uma folha ou bráctea, 7mm compr.,
piloso, tricomas simples; cálice 2mm compr., piloso; corola 4mm compr., pétalas roxas, glabras; estames
ca. 8, 1mm compr., partes livres ao longo do tubo estaminal; tubo estaminal 2mm compr., glabro;
estiletes 5, 2mm compr., glabros; estigmas capitados. Fruto esquizocárpico, mericarpos 5, 4x5mm,
bi-aristados, rugosos dorsalmente, tricomas estrelados no ápice dos retículos, deiscência lateral, aristas
1mm, tricomas estrelados no ápice, sementes 2x2mm, reniformes, marrons, pilosas, tricomas simples.
Material examinado: Cipauba, 13.III.2008, B. S. Amorim et al. 281 (MO, RB, SI, SP, UFP); Fazenda Tigre,
17.IV.2007, Y. Melo et al. 146 (UFP).
Material adicional: PERNAMBUCO: Serra Talhada, 17.IV.1971, E. P. Heringer et al. 10 (PEUFR); PARAÍBA:
Gurinhém, 08.VII.1994, L. P. Félix et al. 6541 (PEUFR); Mamanguape, 22.V.1994, S. M. Rodrigues et al. 86 (PEUFR).
Comentários: o gênero apresenta distribuição pantropical, com poucas espécies ocorrendo
em regiões temperadas (Fryxell 1997). Sida ciliaris é uma espécie polimórfica com distribuição desde o
sul dos Estados Unidos à Argentina e também no oeste das Antilhas (Woodson et al. 1965). É utilizada
localmente na produção de mel (Santos et al. 2005) e como forrageira (Batista et al. 2005). Diferencia-se
das outras espécies do gênero pelo pedicelo adnado ao pecíolo de uma bráctea.
40.13. Sida cordifolia L., Sp. pl. 2: 684. 1753. Prancha 24, fig. H.
Subarbustos, eretos, ramos densamente pilosos, tricomas estrelados curtos, simples esparsos.
Folhas 3-5,7x1,7-3,2cm, alterno-dísticas, ovadas a elípticas, mucronadas, truncadas a cordadas, serreadas;
pecíolo 1,3-3,3cm compr., densamente piloso; estípulas 7-13mm compr., lineares, densamente pilosas.
Inflorescência em panícula ou flores solitárias, terminal ou axilar; epicálice ausente; cálice 6mm compr.,
10-costado, densamente piloso; corola 7-9mm compr., glabro, pétalas amarelas, glabras; estames ca.
30, 1mm compr., partes livres no ápice do tubo estaminal; tubo estaminal 3mm compr., base pilosa,
tricomas simples; estiletes 5, 3mm compr., glabros; estigmas capitados. Fruto esquizocárpico, mericarpos
8-12, 8x5mm, bi-aristados, reticulados, glabros, deiscência lateral; arista 3mm, pilosa, tricomas simples
retrorsos, sementes 2x2mm, reniformes, marrons, glabras.
Material examinado: Fazenda Pau de Leite, 10.III.2008, B. S. Amorim et al. 250 (UFP); Fazenda Vertentes,
19.IV.2007, L. G. Souza et al. 48 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, E. Córdula et al. 62 (SP, UFP).
Comentários: encontrada em praticamente todos os estados brasileiros, sendo bem
distribuída no Nordeste (Baracho 1998). Tem importância na produção melífera (Santos et al. 2005) e
como forrageira (Batista et al. 2005). Diferencia-se de Sida galheirensis por apresentar maior densidade
de tricomas nos ramos.
40.14. Sida galheirensis Ulbr., Sp. Pl. 2: 683-686. 1753. Prancha 24, fig. I.
Subarbustos, eretos, ramos pilosos, tricomas estrelados. Folhas 2,4-4,1x1,1-2,6cm, alterno-
dísticas, elípticas a ovadas, acuminadas, cordadas a atenuadas, denteadas; pecíolo 9-15mm compr., piloso;
estípulas 5-12mm compr., lineares, pilosas. Inflorescência corimbosa ou flores solitárias, axilares ou
terminais; epicálice ausente; cálice 6mm compr., 10-costado, piloso; corola 9-12mm compr., amarela,
base arroxeada, glabra; estames ca. 30, 1mm compr., partes livres no ápice do tubo estaminal, piloso; tubo
estaminal 3mm, glabro; estiletes 5, 3mm, glabros; estigmas capitados. Fruto esquizocárpico, mericarpos
10, 3x4mm, bi-aristados, reticulados, glabros, deiscência lateral; aristas 1-2mm, pilosas, tricomas simples
e retrorsos, sementes 2x1mm, reniformes, marrons, glabras.
Material examinado: Várzea do Tiro, 10.III.2008, B. S. Amorim et al. 257 (UFP); Areia Malhada, 16.IV.2007,
P. Gomes et al. 271 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, M.F.A. Lucena et al. 1455 (UFP).
Comentários: única espécie do gênero endêmica e amplamente distribuída no Nordeste do
Brasil (Baracho 1998). É utilizada na produção melífera (Santos et al. 2005) e como forrageira (Batista
et al. 2005). Diferencia-se de Sida cordifolia por apresentar menor densidade de tricomas nos ramos,,
também pela morfologia do mericarpo e comprimento das aristas.
40.17. Sida regnellii R.E. Fr., Sp. Pl. 2: 683-686. 1753. Prancha 24, fig. M.
Subarbustos, eretos, ramos pilosos, tricomas estrelados e curtos, simples e alongados. Folhas
1,1-2,3x0,6-1,7cm, alterno-dísticas, elípticas a ovadas, mucronadas, cordadas, serreadas; pecíolo 2-7mm
compr., piloso; estípulas 3-4mm compr., lineares, pilosas. Inflorescência panículada, corimbosa ou
flores solitárias, axilares ou terminais; epicálice ausente; cálice 6mm compr., piloso; corola 8mm compr.,
amarela, glabra; estames ca. 40, 1mm compr., partes livres no ápice do tubo estaminal; tubo estaminal
3mm, piloso, tricomas estrelados esparsos e bífidos; estiletes 8, 2mm compr., glabros, deiscência lateral;
estigmas enegrecidos, capitados. Fruto esquizocárpico, mericarpos 8, 2x2mm, bi-aristados, reticulados,
glabros; aristas 1mm compr., pilosas, tricomas simples e retrorsos; sementes 2x1mm, reniformes,
marrons, glabras.
Material examinado: Fazenda Areias, 31.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1467 (SP, UFP).
Materiais adicional: RIO GRANDE DO SUL: Estância Santa Tereza, 10.XI.1968,
A. Krapovickas et al. 13789 (IPA); Estância Santa Tereza, 17.III.1950, B. Rambo SJ46360 (SPF); São
Leopoldo, 21.V.1949, B. Rambo 41674 (SP); ARGENTINA: Corrientes, 15.I.1992, A. Krapovickas et al.
43950 (SP).
Comentários: conhecida até então para a região Sul do Brasil (Baracho 1998), mas com
coletas também registradas para os estados do Paraná e Minas Gerais. Diferencia-se das demais espécies
congêneres pelo tamanho reduzido do mericarpo e das aristas e por apresentar tricomas estrelados
esparsos e bífidos ao longo do tubo estaminal.
40.18. Sida spinosa L. Sp. Pl. 2: 683-684. 1753. Prancha 24, fig. N.
Subarbustos, eretos, ramos verdes, esparsamente pilosos, tricomas estrelados. Folhas 1,1-
1,9x0,6-0,8cm, alterno-espiraladas, elípticas, acuminadas, atenuadas, serreadas; pecíolo 5-12mm compr.,
piloso tricomas estrelados; estípulas 2-4mm compr., lineares, pilosas, tricomas simples. Flores isoladas,
axilares e terminais; epicálice ausente; cálice 6-7mm compr., membranáceo, densamente piloso,
tricomas estrelados; corola 6mm compr., glabra; estames ca. 20, 1mm compr., partes livres no ápice
do tubo estaminal; tubo estaminal 2-3mm compr., piloso, tricomas simples; estiletes 10, 1mm compr.,
glabros; estigma capitado. Fruto esquizocárpico, mericarpos 5, 5x4mm, bi-aristados, reticulados, piloso
apicalmente, tricomas simples, deiscência apical; arista 1mm compr., pilosa, tricomas simples; sementes
1x1,5mm, reniformes, glabras.
Material examinado: BRASIL. Pernambuco: Mirandiba, Fazenda dos Lucas, 22.VII.08, K. Pinheiro et al. 1167
(UFP); Fazenda Pau de Leite, 17.VII.08, K. Pinheiro et al. 965 (UFP); Fazenda Boa Esperança, 12.VII.08 K. Pinheiro et al. 843
(UFP).
Material adicional: PERNAMBUCO: Caruaru, Brejo dos Cavalos 20.X.96, G. S. Baracho et al. 196 (UFP); Serra
Talhada, 12.VII.96, Siqueira-Filho et al. 66 (UFP); Pesqueira, Serra do Ororobá, 22.08.95, Márcia Correia 321 (UFP).
Comentários: Espécie amplamente distribuída no Novo Mundo e com registro para África
do Sul. É usada como planta medicinal (Agra et al. 2005) e na produção de mel (Santos et al. 2005).
Diferencia-se das outras espécies do gênero porá apresentar deiscência apical do mericarpo.
40.19. Sidastrum micranthum (A. St.-Hil.) Fryxell, Brittonia 30(4): 452. 1978.
Prancha 24, fig. O.
Subarbustos, eretos, ramos densamente pilosos, tricomas estrelados. Folhas 1,9-6,5x1-4,8cm,
alternas, ovadas, mucronadas, levemente cordadas, serreadas; pecíolo 10-26mm compr., densamente
piloso; estípulas 2-9mm compr., lineares, pilosas. Inflorescência paniculada ou em glomérulos, axilares
ou terminais; epicálice ausente; pedicelo adnado a 3 bractéolas; cálice 4mm compr., membranáceo,
densamente piloso; corola 5mm compr., rósea, glabra; estames ca. 15, 1mm compr., partes livres no
ápice do tubo estaminal; tubo estaminal 3mm, esparsamente piloso; estiletes 5, 1mm, glabro; estigma
capitado. Fruto esquizocárpico, mericarpos 5, 3x4mm, bi-aristados, lisos, revestidos por indumento
membranáceo, esparsamente piloso; aristas 1mm compr., pilosas; sementes 2x2mm, reniformes,
marrons, glabras.
Material examinado: Várzea do Tiro, 10.III.2008, B. S. Amorim et al. 258 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.2007,
L. L. Santos et al. 229 (MO, RB, SP, UFP).
Material adicional: PERNAMBUCO: Caruaru, 13.VIII.1994, M. F. Sales 274 (PEUFR).
Comentários: gênero distribuído do México e Antilhas até a Argentina (Fryxell 1997). No Brasil,
suas espécies distribuem-se nos estados da região Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, apresentando três
espécies nesta última (Esteves 2006). Diferencia-se dos outros gêneros de Malvaceae por possuir flores
diminutas reunidas em inflorescências glomerosas, paniculadas, racemiformes ou solitárias. Sidastrum
micranthum distribui-se na América do Sul, na Venezuela, Bolívia e no Brasil, sendo frequentemente
encontrada nas regiões Nordeste e Sudeste. Distingui-se das demais espécies de Sidastrum por apresentar
os mericarpos revestidos por indumento membranáceo.
40.20. Waltheria albicans Turcz. Bull. Soc. Imp. Naaturalistes Moscou 31(2): 214.
1858.
Subarbustos, ramos flexuosos, ocreolados, seríceos, pilosos, tricomas estrelados e tricomas
estipitado-glandulosos amarelos. Folhas 1,9-5,3x1,2-4,3cm compr., elípticas a ovadas, apiculadas,
circulares a cordadas, denteadas; pecíolo 3-5-11-28mm compr., densamente tomentosas e seríceo
adaxialmente, densamente velutina e seríceo abaxialmente; estípulas 6-7mm compr., linear-triangulares a
lanceoladas, pilosas. Inflorescência glomerosa a paniculiforme, axilar ou terminal. Flores com brácteas
5-6mm compr., lanceoladas, pilosas adaxialmente, tricomas simples; cálice 5mm compr., seríceo;
corola 4-5mm compr., glabra, pétalas ungüiculadas 0,8-1,6mm compr., 1,5-4,5mm largura; estames 5,
tubo estaminal 1-1,5mm em flores brevistilas e 2-4mm em flores longistilas; estilete 0.7mm compr.,
homostílico, seríceo, brácteas 0,4mm compr.; estigma plumoso, 0,5mm compr. em flores brevistilas
e 1mm em flores longistilas. Fruto cápsula, 3x2mm, 1-locular, membranácea, densamente serícea,
glândula séssil subapicalmente; sementes 2x1,5mm, obovóides, reticuladas, glabras.
Material examinado: Baixio Grande, 19.IV.2007, K. Mendes et al. 12 (UFP); Fazenda Vertentes, 19.IV.2007, L.
L. Santos et al. 263 (UFP).
Comentários: gênero tropical e subtropical com cerca de 60 espécies, 53 delas americanas,
tendo o Brasil como maior centro de endemismo (Saunders 2007). No nordeste do Brasil ocorrem 13
espécies do gênero (Barbosa 2006). Em Pernambuco, ocorrem 8 espécies, destas, 4 são da flora local
(Saunders 1995). Waltheria albicans é habitualmente distílica no Brasil, mas também pode ocorrer como
homostílica. Espécie comum em áreas de Caatinga é utilizada como indicadora desde tipo de vegetação,
menos frequentemente é encontrada nas transições Cerrado-Caatinga ou em Vegetações de Cerrado
com algum grau de perturbação. As flores geralmente são polinizadas por abelhas e Lepidoptera em
geral. Inflorescência com brácteas e cálice glandulares.
40.21. Waltheria brachypetala Turcz., Bull. Soc. Imp. Naturalistes Moscou 31(1):
215. 1858.
Arbustos, ramos marrons, tomentosos, tricomas estrelados, levemente cobertos por tricomas
estrelado-estiptados, ferrugíneos. Folhas distalmente dísticas, 3,8-6,5x1,5-2,2cm compr., lanceoladas,
obtusas a acuminadas, circulares, denteadas; pecíolo 4-7mm compr., piloso; estípulas 3-4mm compr.,
lanceoladas, levemente tomentosas, tricomas estrelados. Inflorescência escorpióide, axial ou terminal;
bractéolas filiformes; brácteas elípticas, obovadas ou ovadas, 5mm compr., levemente tomentosas
abaxialmente, tomentosas adaxialmente; cálice 6mm compr., densamente tomentosos e hirsutos;
corola 6mm compr., amarela, glabra; estames 5, tubo estaminal 1.8-2mm compr. nas flores brevistilas
e 2-3.5mm compr. nas flores longistilas, glabro; estilete 1-1.8mm compr., velutino em flores brevistilas
e 4-5.2 mm compr. e tomentoso em flores longistilas; estigma oblongo, plumoso, brácteas ca. 0.2 mm
em flores brevistilas. Fruto cápsula, 3x2mm, 1-locular, parcialmente deiscente no ápice, verde, tricomas
estrelados; sementes 2-2.5x1.5-1.8mm, obovóides, reticuladas, glabras.
Material examinado: Areia Malhada, 20.VI.2007, Y. Melo et al. 300 (UFP); Serra do Tigre, 16.IV.2007, K.
Mendes et al. 05 (UFP); Areia Malhada, 8.II.2007, Y. Melo et al. 124 (UFP);, Cacimba Nova, 31.III.2006, K. Pinheiro et al. 84
(UFP).
Comentários: espécie encontrada apenas na Caatinga, indicadora deste ambiente, raramente
encontrada também em florestas secundárias em solos rochosos ou arenosos. Anteriormente Waltheria
brachypetala Turcz era reconhecida como sinônimo ou confundida com W. ferruginea A. St.-Hil., que
atualmente é considerada endêmica dos arredores de Grão Mogol, Minas Gerais (Saunders 1995).
Espécie distílica. Flores geralmente abrem durante apenas um dia inteiro. Waltheria brachypetala se
diferencia de W. ferruginea pelas folhas de mesma cor e brácteas e cálice seríceos.
40.22. Waltheria operculata Rose, Contr. U.S. Natl. Herb. 5: 183. 1899.
Ervas, ramos estrigosos, tricomas simples. Folhas 2,1-5,2x0,7-1,7cm compr., elípticas,
acuminadas, atenuadas, denteadas; pecíolo 6-10mm compr., piloso; estípulas 8-11x3-5mm, lanceoladas
a oblíquas, margens setosas a ciliadas. Inflorescência glomerosa, terminal; brácteas 3-6x1-4mm compr.,
elípticas, setosas ou ciliadas; cálice 5-6mm compr., setoso, tricomas simples marginais e estrelados
agrupados nas nervuras; corola 4-5mm compr., aderida ao tubo estaminal até 1,4mm compr., glabra;
estames 3,3mm compr., imbricados ao estilete, agrupados em tubo até 2mm compr., filetes livres 1,1mm
compr.; estilete 1.1-1,5mm compr., glabro, tricomas simples e bífidos na base; estigma 1.6x0.7mm,
plumoso. Fruto cápsula, 3x1,5mm, 1-locular, deiscência apical, glabro subapicalmente, opérculo setoso
ou estrigoso, tricomas simples; sementes 2x1,4x1,1mm, sub-obovóide, lateralmente comprimidas, ápice
bissulcado, divididas em 3-faces lateralmente, reticuladas, verrucosas, glabras.
Material examinado: Areia Malhada, 21.VI.2007, Y. Melo et al. 228 (UPF); Serra das Umburanas, 18.IV.2007,
Prancha 24. Figura A. Herissantia crispa. Mericarpo. B. Herissantia tiubae. Mericarpo. C. Malvastrum
scabrum. Mericarpo. D. Malvastrum tomentosum subsp. tomentosum. Mericarpo. E-F. Pavonia
cancellata. E. Mericarpo. F. Mericarpo. G. Sida ciliaris. Mericarpo. H. Sida cordifolia. Mericarpo. I. Sida
galheirensis. Mericarpo. J. Sida glomerata. Mericarpo. L. Sida linifolia. Mericarpo. M. Sida regnellii.
Mericarpo. N. Sida spinosa. Mericarpo. O. Sidastrum micranthum. Mericarpo. P. Wissadula contracta.
Mericarpo.
258 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
L. L. Santos et al. 247 (UFP), Fazenda Troncão, 16.IV.2007, J.R. Maciel et al. 398 (UFP); Serra do Tigre, 31.III.2006, K. Pinheiro et
al. 98b (UFP).
Comentários: espécie amplamente encontrada na vegetação de Caatinga do Brasil (Saunders
1995). No Brasil, é confundida com duas espécies distílicas rizomatosas perenes: Waltheria bracteosa A.
St.-Hil. & Naudin, prostrada, densamente entrelaçada, com pedúnculos eretos e W. macropoda Turcz,
ereta e com poucas brácteas.
40.24. Wissadula contracta (Link) R.E. Fr., Kongl. Svenska Vetensk. Handl. 43(4): 60.
1908. Prancha 24, fig. P.
Subarbustos eretos, ramos pilosos, tricomas estrelados. Folhas 8,5-9,5x5,3-7,8cm, alternas,
elípticas, mucronadas, cordadas, inteiras; pecíolo 2,3-7cm, piloso; estípulas 3mm, lineares, pilosas.
Inflorescência paniculada, terminal ou axilar. Flor sem epicálice; cálice 2mm, piloso; corola 4mm
compr., glabra; estames ca. 20, 2mm compr., partes livres no ápice do tubo estaminal; tubo estaminal
1mm compr., hialino, piloso, tricomas simples na base; estiletes 6, 2mm compr.; estigma capitado.
Fruto cápsula mericarpos 10, constrictos, apiculados, cavidade superior deiscente, inferior indeiscente,
esparsamente piloso, tricomas simples; sementes 2x2mm, reniformes, marrons, glabras.
Material examinado: Fazenda Tigre, 30. V. 2006, K. Pinheiro 141 et al. (UFP).
Material adicional: PERNAMBUCO: Caruaru, 21.VI.2002, A. M. S. Reis et al. 30 (PEUFR); Sertânia,
20.VI.2000, R. C. Barreto 14 (IPA); Ouricurí, 01.IV.1971, E. P. Heringer et al. 489 (IPA).
Comentários: gênero largamente distribuído nos Neotrópicos, desde os Estados Unidos até a
Argentina, estendendo-se também no velho mundo (Fryxell 1997). Nove espécies ocorrem no Nordeste
do Brasil (Esteves 2006). Distingue-se morfologicamente do restante dos gêneros de Malvaceae por
apresentar mericarpos constrictos, apiculados e divididos em duas cavidades. Wissadula contracta tem
distribuição desde a América do Norte e Central, a América do Sul, onde ocorre na Venezuela e no Brasil.
No Brasil, a espécie ocorre nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Pernambuco. Caracteriza-
se por apresentar lâmina foliar cordiforme, inflorescência racemosa e mericarpos apiculados.
41. Marsileaceae
Augusto César Pessôa Santiago & Sergio Romero da Silva Xavier
JOHNSON, D.M. 1986. Systematics of the New World Species of Marsilea (Marsileaceae).
Systematic Botany Monographs, 11: 1-87.
JOHNSON, D.M. 1995. Marsileaceae. In: MORAN, R.C. & RIBA, R. 1995. Psilotaceae a
Salviniaceae. In: DAVIDSE, G., SOUZA, S.M. & KNAPP, S. (eds.). Flora Mesoamericana. Universidad
Nacional Autónoma de México, Ciudad de México, 1: 393-394.
MICKEL, J.T. & BEITEL, J.M. 1988. Pteridophyte flora of Oaxaca, Mexico. Memoirs of
the New York Botanical Garden, 46: 1-568.
260 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
TRYON, R.M. & STOLZE, R.G. 1994. Pteridophyta of Peru – Part IV. Marsileaceae-
Isoetaceae. Fieldiana, Botany 34: 1-123.
XAVIER, S.R.S. Inéd. Pteridófitas da Caatinga: Lista Anotada, Análise da Composição
Florística & Padrões de Distribuição Geográfica. Tese de Doutorado. Universidade Federal Rural
de Pernambuco, Recife, PE. 2007.
41.1. Marsilea deflexa A. Braun, Monatsber. Konigl. Preuss. Akad. Wiss. Berlin 1863:
421. 1864. Prancha 24, fig. A.
Ervas, aquáticas ou palustres. Rizoma delgado, enraizando-se nos nós e entrenós. Frondes
até ca. 4,5cm compr.; pecíolo longo, 1,5-3,0cm compr., flexível, cilíndrico e glabro; lâmina foliar
dividida em quatro pinas cuneadas; pinas 0,9-1,5cm compr., 0,8-1,5cm larg., glabras; frondes férteis
com 1-4 esporocarpos na ¼ porção basal do pecíolo. Esporocarpos obovados, 3,5-5,0mm compr.,
retangulares ou quadrados na vista lateral, densamente coberto por tricomas claros e quando nus,
revelam-se castanho escuros e com costelas laterais conspícuas, sem rafe ou dentes.
Material examinado: Serra das Umburanas, 23.VI.2007, Y. Melo et al. 309 (UFP).
Comentários: o material fértil de M. deflexa, pode ser facilmente distinguido pelo esporocarpo
angular, relativamente grande e pelas costelas laterais conspícuas. Pode-se acrescentar ainda, a
inserção destes na ¼ porção basal do pecíolo e a ausência de rafe ou dentes. Contudo, espécimes
estéreis são praticamente indistintos das outras espécies da sua secção (Clemys). Esta espécie pode
apresentar diferenciação nas frondes quando em terra ou na água, neste último caso apresentando
maior comprimento da fronde, além disso, podem formar híbridos com M. polycarpa. Marsilea deflexa
esta distribuída no México, América Central e América do Sul. No Brasil, ocorre nas Regiões Norte e
Nordeste, estando presentes em áreas de Caatinga e também de Floresta Atlântica. Em Mirandiba a
espécie foi coletada em área periodicamente alagada.
42. Menispermaceae
Niara Moura Porto
Trepadeiras herbáceas, às vezes arbustos, raramente árvores, dióicas, perenes. Folhas alternas,
às vezes peltadas, simples, raramente triofolioladas; lâminas deltóides, ovais, oblongas, cordiformes ou
orbiculares, margem inteira ou lobada, actinódromas, 3-11 nervadas, raramente peninérveas, pecíolo
com ápice e/ou base alargados, estípulas ausentes. Inflorescências geralmente racemosas, paniculadas
ou fasciculadas, raro espiciformes, caulifloras ou axilares. Flores unissexuadas, mono ou diclamídeas;
sépalas 3-12 ou mais, raramente 1, livres ou conatas, em 2 ou mais verticilos, imbricadas ou valvares;
pétalas 1-6 ou ausentes, livres ou conatas, em geral imbricadas; estames 3-6 ou mais, raramente 2,
livres ou concrescidos em sinandro, anteras rimosas, introrsas ou extrorsas; estaminódios presentes
ou ausentes; ovário apocárpico, carpelos 3, 6 ou mais, raramente 1, livres entre si, 2-ovulados, 1óvulo
abortivo, estigma terminal, inteiro ou lobado. Fruto drupa, oblongo-ovóide, obovóide, elipsóide ou
comprimido, estipitado ou séssil, epicarpo lenhoso, coriáceo ou membranáceo, mesocarpo carnoso
ou fibroso, endocarpo lenhoso, externamente rugoso ou levemente tuberculado; semente com ou sem
endosperma; embrião reto ou curvo.
Menispermaceae está constituída de 75 gêneros e cerca de 500 espécies (Ortiz et al. 2007),
ocorrem principalmente em florestas tropicais e subtropicais, algumas em climas temperados, sendo
a Amazônia o maior centro de diversidade genética (Krukoff & Barneby 1970). A família é ricaem
compostos químicos e farmacológicos, especilamente de Chondodrendron, que são usadas na preparação
de curare (Bisset 1988).
BARBOSA-FILHO, J.M.; AGRA, M.F. & THOMAS, G. 1997. Botanical, chemical and
pharmacological investigation on Cissampelos species from Paraíba (Brazil). Journal of Brazilian
Association for the Advancement of Science, 49: 386-394.
BISSET, N. G. 1988. Curare-botany, chemistry, and pharmacology. Acta Amazônica, 18:
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KRUKOFF, B. A. & BARNEBY, R. C. 1970. Suplementary notes on American Menispermaceae-
VI. Memory New York Botanic Garden, 20: 1-70.
ORTIZ, R. C.; KELLOGG, E. A. & WERFF, H. 2007. Molecular phylogeny of the moonseed
family (Menispermaceae): implications for morphological diversification. American Journal of
Botany, 94(8): 1425-1438.
RHODES, D. G. 1975. A revision of the genus Cissampelos. Phytolologia, 30: 415-485.
43. Molluginaceae
Katarina Pinheiro & Marccus Alves
Ervas anuais, glabras ou raramente pilosas. Folhas verticiladas, alternas, raramente opostas,
simples, estípulas ausentes, sésseis, margem inteira. Inflorescência terminal ou axilar, raramente com
flor solitária. Flores bissexuadas, raramente unissexuais, actinomorfas, monoclamídeas, pediceladas;
tépalas 5, raramente 4, livres, persistentes; estames 3-muitos, livres ou soldados na base; ovário súpero,
globoso ou oblongo, óvulos pouco a muitos por loco, placentação axial, estiletes 3-5, livres. Frutos
aquênio ou cápsula loculicida; sementes numerosas, reniformes.
43.1. Mollugo verticillata L., Sp. pl. 1: 89. 1753. Prancha 25, fig. B-D.
Ervas anuais, terrestres, glabras. Folhas 0,8-1,7cm x 0,7-1,2cm, verticiladas, simples, sésseis,
lineares a espatuladas, ápice agudo, base atenuada, ápice agudo, base atenuada. Inflorescência umbela,
brácteas deltóides na base, inconspícuas, persistentes; pedicelos 0,5-1,2cm. Flores bissexuais, 5-meras;
tépalas ca. 1-3mm compr., elípticas-oblongas, alvas; estames 3-5, unidos na base, filetes alargados na
base, 1-1,5 mm compr.; ovário súpero, globoso, 3-locular, 3-carpelar, estiletes 3, estigmas globosos 3,
livres. Fruto cápsula septicida, , globoso, placentação axial; sementes castanhas, remiformes ca. 20,
testa ornamentada.
Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.07, D. Araújo et al. 234 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.07, L. L. Santos
et al. 224 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.07, M. T. Vital et al. 114 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.07, P. Gomes et al. 285 (UFP).
Comentários: espécie ampla distribuição no Brasil e em Mirandiba, comum na maioria
do ambientes com solo de origem sedimentar mas também presente em solo cristalino. Predomina
ambientes levemente antropizados e de caatinga aberta. Utilizada como forrageira por caprinos.
44. Moringaceae
Kalinne Mendes & Marccus Alves
Comentários: seus usos econômicos são diversos como a arborização de ruas, os frutos, folhas
e raízes comestíveis, as folhas com atividade antioxidante e redutora de colesterol, as sementes produtoras
de óleo de alta qualidade e purificadoras de água (McConnachie et al. 1996, Lorenzi et al. 2003, Chumark
et al. 2008;). Popularmente conhecida como lírio-branco e quiabo-de-quina. Amplamente utilizada pela
comunidade local na purificação de cisternas. Acredita-se que o uso da mesma em Mirandiba, tem
propriciado a sua dispersão por áreas de caatinga com algum grau de antropização.
45. Myrtaceae
Marcos Sobral
Myrtaceae é uma família pantropical com cerca de 133 gêneros e mais de 3800 espécies (Wilson
et al. 2001). No Brasil existem cerca de 20 gêneros, com aproximadamente 1000 espécies (Landrum &
Kawasaki 1997). Em Mirandiba foram encontradas três espécies dos gêneros Eugênia e Campomanesia.
LANDRUM, L.R. & KAWASAKI, M.L. 1997. The genera of Myrtaceae in Brazil: an illustrated
synoptic treatment and identification keys. Brittonia, 49: 508-536.
WILSON, P.G., O´BRIEN, M.M., GADEK, P.A. & QUINN, C.J. 2001. Myrtaceae revisited:
a reassessment of infrafamilial groups. American Journal of Botany, 88: 2013-2025.
1. Ramos com folhas novas surgindo juntamente com as flores, essas axilares
e com bractéolas (pequenas brácteas localizadas na base da flor) lineares,
Comentários: espécie brasileira relativamente freqüente nos cerrados da Bahia, Minas Gerais
e São Paulo, é ocasionalmente coletada em caatinga. Em Mirandiba foi observada em caatinga arbustiva.
Somente material com flores e folhas jovens foi coletado em Mirandiba; a descrição das folhas adultas
e frutos foi baseada nas coletas adicionais citadas.
46. Nyctaginaceae
Yanna Melo & Marccus Alves
Nyctaginaceae apresenta distribuição pantropical sendo mais bem representada nos neotrópicos
que nos paleotrópicos. A família constitui cerca de 30 gêneros e 400 espécies, no Brasil ocorrem 10
DUKE, J.A. 1961. Flora of Panama. Part IV. Fascicle IV. Annals of the Missouri Botanical
Garden, 48(1): 1-106.
FURLAN, A. 1996. A tribo Pisonieae Meisner (Nyctaginaceae) no Brasil. Tese de
Doutorado, USP.
SCHMIDT, J.A. 1872. Nyctaginaceae. In: MARTIUS, C. & EICHLER, A.G. Flora brasiliensis,
14(2): 345-376.
46.1. Boerhavia diffusa L., Sp. pl. 1:3. 1753. Prancha 25, fig. E.
Ervas perenes; ramo cilíndrico, pubescente, decumbente a ascendente. Folhas simples,
opostas, pecioladas, pubescentes, orbiculares, ápice agudo, base eqüilátera; lâmina 1,0-3,0x2,5-
6,5cm, membranácea, inteira. Inflorescência paniculiforme, axilar. Flores subsésseis; bissexuadas,
monoclamídeas, cálice 2-2,6mm compr., infundibuliforme, corolóide, piloso, tricomas glandulares, parte
inferior 1,2-1,3mm compr., verde, parte superior 0,8-1,3mm compr., púrpura; estames 2, conectados
à fauce, exsertos, anteras rimosas, filetes purpúreos; estigma capitado; ovário súpero, uniovulado,
placentação central; invólucro 0,4-0,8x0,8-1,1mm, ovado, agudo, piloso, pêlos glandulares. Fruto
aquênio, verde, piloso, tricomas glandulares, sementes 0,8-1,8x1,8-2,1mm, testa lisa.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, K. Pinheiro & M. Alves 55 (UFP); Serra do Tigre, 30.III.2006,
K. Pinheiro & M. Alves 64 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro & D. Araújo 144 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007,
M. T. Vital et al. 118 (UFP).
Comentários: o centro de diversidade do gênero Boerhavia L. (introduzido no Brasil) é o
sudeste dos Estados Unidos. Boerhavia diffusa L. tem distribuição pantropical e é vulgarmente conhecida
como pega-pinto e erva-tostão. Em Mirandiba, ocorre em áreas de caatinga arbustiva e arbóreo-arbustiva
densa além de áreas antropizadas. A dispersão da espécie em ambiente de caatinga está possivlemnte
relacionda acaprinocultura extensiva na área.
Prancha 25. Figura A. Marsilea deflexa. Hábito. B-D. Mollugo verticilata. B. Hábito. C. Semente. D. Fruto.
E. Boerhavia diffusa. Hábito. F. Nymphaea ampla. Hábito.
47. Nymphaeaceae
Bruno Sampaio Amorim, Anderson Alves-Araújo & Marccus Alves
Nymphaea e 2 de Victoria (Barroso 1978), para o semi-árido são registradas duas espécies: Nymphaeae
amazonum Mert. & Zucc e N. ampla (Salisb) DC. (França 2006).
48. Onagraceae
Jefferson Rodrigues Maciel & Marccus Alves
48.1. Ludwigia erecta (L.) Hara, J. Jap. Bot. 28(10): 292. 1953. Prancha 26, fig. A.
Ervas anuais, eretas, terrestres. Folhas 3-7x1-2,5cm, alternas, elípticas a ovais, inteiras,
acuminadas, aequilaterais, glabras. Flores solitárias, axilares, bissexuadas; sépalas 3-5mm compr., ovais,
ápice agudo, margens ciliadas; pétalas amarelas; estames 4; ovário tetralocular, pluriovulado. Fruto
cápsula, 1,5-2cm compr., deiscência irregular, pedicelado, 4-nervado, glabro; sementes plurisseriadas,
livres no endocarpo, obovadas.
- Flora de Mirandiba 271
Famílias Monografadas
Material examinado: Fazenda Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1453 (UFP); Fazenda
Troncão, 16.IV.2007, M. T. Vital et al. 95 (UFP); Fazenda Vertentes, 19.IV.2007, M. C. Pessoal et al. 159
(UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, D. Araújo et al. 238 (UFP, MO); Fazenda Troncão, 16.IV.2007, K.
Pinheiro et al. 222 (UFP); Estrada para a Fazenda Troncão, 16.IV.2007, J. S. Silva et al. 159 (UFP).
Comentários: espécie com amplo espectro de ocorrência, desde o sudeste dos EUA até o
Paraguai. Assim como é característico no gênero, é encontrada ocorrendo em áreas sazonalmente alagadas,
sendo observada na caatinga florando logo após as primeiras chuvas. Diferencia-se da outra espécie
aqui tratada pelo comprimento dos frutos (1,5-2cm) e a presença de quatro nervuras pronunciadas,
além da superfície glabra, entre outras características. Aparentemente não possui aplicação econômica,
embora possa se tornar invasora de lavouras.
48.2. Ludwigia octovalvis (Jacq.) P. H. Raven, Kew Bulletin 15: 476, 1962.
Prancha 26, fig. B.
Arbustos perenes, eretos, terrestres. Folhas 5-8x0,6-1cm, alternas, linear a elípticas, levemente
crenadas, ápice agudo, aequilaterais, pubescentes. Flores solitárias, axilares, bissexuadas; sépalas 6-9mm
compr., ovais, ápice agudo, pubescentes; pétalas amarelas; estames 8; ovário tetralocular, pluriovulado.
Fruto cápsula, 3-5cm comp., deiscência irregular, séssil, multi-nervado, pubescente; sementes
plurisseriadas, livres no endocarpo, hemisféricas, irregulares.
Material examinado: Serra do Tigre, 07.IV.2007, Y. Melo et al. 278 (UFP, MO); Serra das Umburanas, 23.VI.2007,
Y. Melo et al. 304 (UFP); Serra das Umburanas, 16.IV.2007, C. E. L. Lourenço et al. 262 (UFP).
Comentários: encontrada em ambientes úmidos, com floração ao longo do período chuvoso.
É caracterizada pelos frutos maiores e com mais nervuras evidentes, além da pubescência. Não apresenta
potencial econômico, mas pode se comportar como invasora de plantações.
49. Orchidaceae
Gabriel de Melo Faria & Jefferson Rodrigues Maciel
Orchidaceae está constituída por cerca de 700 gêneros e mais de 20.000 espécies e com ampla
districuição, excetuando-se os pólos e áreas desérticas. A família é amplamente conhecida pelo uso
ornamental. Em Mirandiba o único gênero registrado foi Vanilla Mill., o qual é formado por cerca de
100 espécies, das quais aproximadamente 30 ocorrem no Brasil.
FRAGA, C. N. 2002. Notas taxômicas para espécies brasileiras de Vanilla Mill. (Ochidaceae).
Boletim de Biologia do Museu Mello Leitão (Nova Série), 13: 45-52.
ROLFE, R. A. 1896. A revision of the genus Vanilla. The Journal of the Linnean Society,
Botany, 32: 439-478.
49.1. Vanilla palmarum Lindl., Gen. Sp. Orchid. Pl., 436. 1840. Prancha 26, fig. C.
Ervas epífitas a terrestres escandentes, perenes. Raiz adventícia, axilar, velame presente.
Caule 0,4mm de larg., verde, cilíndrico, glabro. Folhas 9,7x3,6cm, crassas, inteiras, lanceoladas a
elípticas, inteiras, crassas, alternas, glabras, ápice acuminado, atenuado ou acuneado, paralelinérveas,
9-nervadas. Inflorescência axilar, cima escorpióide, portando de seis a oito flores. Flores bissexuadas,
3-4cm compr.; cálice esverdeado; corola amarelo esverdeada.
Material examinado: Fazenda Baixio Grande, 19.IV.2007, J. R. Maciel et al. 453 (UFP, MO).
Comentários: única espécie registrada para Mirandiba é conhecida apenas de uma coleta
em área de caatinga arbórea realizada no início da estação chuvosa. Pode ser caracterizada na flora de
Mirandiba pelo hábito epífítico, o caule esverdeado, volúvel e folhas paralelinérveas. Não há indícios
de que esta espécie tenha aplicação econômica na região, mas é provável que apresente potencial valor
ornamental.
50. Oxalidaceae
Maria Carolina de Abreu & Margareth Ferreira de Sales
Árvores, arbustos ou mais comumente ervas; bulbosas, caulescentes eretas ou prostradas. Folhas
alternas, subopostas, pseudoverticiladas, compostas trifolioladas ou multipinadas; estípulas presentes ou
ausentes. Inflorescências cimosas, 1-2-fidas, cimas ou umbeliformes, plurifloras ou unifloras. Flores
vistosas, actinomorfas, diclamídeas, pentâmeras; sépalas 5, unidas a raro livres, imbricadas, verdes ou
vináceas; pétalas 5, livres na base, conadas na porção mediana, imbricadas, amarelas, róseas, roxas,
liláses ou mais raramente, brancas; estames 10, unidos em dois ciclos de tamanhos distintos, os maiores
alternipétalos, ligulados ou não, os curtos opositipétalos, anteras ovóideas, bitecas e rimosas; pistilo
único, ovário súpero, geralmente pentalobado, carpelos 5, lóculos 5, óvulos pêndulos, estiletes 5, livres,
terminais, estigmas curtamente bífidos, lobados ou captados. Fruto baga, pentalobada ou cápsula,
membranácea, pentalobada, com cálice e estiletes persistentes, deiscência loculicida explosiva; sementes
com testa ornamentada.
Oxalidaceae compreende cerca de 900 espécies, alocadas em seis gêneros com distribuição
tropical e subtropical. Oxalis L. destaca-se como o mais representativo, com cerca de 800 espécies.
Conhecidas popularmente como azedinhas possuem potencial ornamental (Oxalis violacea Vell., O.
triangularis A.St.-Hil., O. bepleurifolia A. St.-Hil.), medicinal (Oxalis acetocella L., O. amara A. St.-Hil., O.
bahiensis Prog., O. corniculata L.) e alimentício (O. tuberosa Mol.). No Brasil são cerca de 136 espécies
registradas nos diversos tipos vegetacionais. No estado de Pernambuco foram citadas nove espécies das
quais Oxalis divaricata e O. glaucescens ocorrem em Mirandiba
50.1. Oxalis divaricata Mart. ex Zucc., Denkscr. Ak. Muench. Ser. 1. 9: 169. 1825.
Prancha 26, fig. D-E.
Ervas ou raramente subarbustos delicados, 20-30cm alt., eretos, ramificados; ramos alternos,
híspidos, com alguns tricomas glandulares. Folhas subopostas, opostas, ou pseudo-verticiladas,
trifolioladas; pecíolo 0,6-1,5cm compr.; raque 2-4mm compr.; folíolo terminal estreitamente oval-oblongo
ou oboval, glabro a ligeiramente pubescente; folíolos laterais semelhantes ao terminal. Inflorescência
cimeiras dicasiais, multifloras. Flores tristílicas; sépalas livres, oval-lanceoladas a ovais; pétalas 7–9mm
compr., amarelo-intensas; estames eretos; estiletes flores brevistilas, glabros; estiletes flores mesostilas
e longistilas pubescentes; ginóforo 0,2-0,8mm compr.; ovário obclavado, 5-anguloso, glabro, óvulos 3
por lóculo, estigmas bilobados. Fruto cápsula 3-4,5x4-5mm, globoso-elipsóide; sementes 2 por lóculo,
1-2x0,5-1mm, ovóides, marrons a alaranjadas.
Material examinado: Fazenda Tigre, 30.III.2006, M. F. A. Lucena et al. 1169 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006,
K. Pinheiro et al. 120 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1414 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, L.
L. Santos et al. 253 (UFP).
Comentários: espécie restrita ao Brasil, com ocorrência nas regiões Nordeste (Bahia, Ceará,
Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Piauí), Centro- Oeste (Goiás) e Sudeste (Minas Gerais e Rio de
Janeiro). Pode ser reconhecida pelo hábito herbáceo ou raramente subarbustivo delicado, pelos tricomas
glandulares nos ramos, folíolos glabros a ligeiramente pubescentes e flores amarelas. Em Mirandiba foi
encontrada em vegetação arbustivo-arbórea densa, em solo areno-argilo-pedregoso.
50.2. Oxalis glaucescens Norlind, Ark. Bot. 14(6): 15-16, 1915. Prancha 26, fig. F-G.
Ervas prostradas, 6-15cm alt.; ramos numerosos, partindo da porção proximal do caule,
alguns ascendentes, tomentosos. Folhas opostas a pseudoverticiladas, trifolioladas; pecíolo 1-1,8cm
compr.; raque 1–2mm; folíolos terminal e laterais acentuadamente obcordiforme a obcordado, pilosos.
Inflorescência cimeiras unicasiais, uni ou biflora. Flores distílicas; sépalas livres, oval-elípticas; pétalas
4,2–7mm compr.; amarelo-pálido; estames curtos glabros; longos pubescentes, ligulados; estiletes
puberulentos, ginóforo 0,5-0,8mm compr.; ovário 0,5-0,7mm compr., globoso-piriforme, puberulento,
óvulo 1 por lóculo; estigmas discóides. Fruto cápsula 4,5-6x3-5,5mm, globoso-achatada, profundamente
5-angulosa, pubescente, sépalas persistentes, patentes; semente 1 por lóculo, 1,8-2x0,9-1mm, elipsóide,
5-6 costada.
Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, D. Araújo et al. 230 (UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, M. C.
Pessoa et al. 122 (PEUFR, UFP); Serra da Gia, 31.V.2006, J. R. Maciel 487 (UFP); Serra do Tigre, 30.III.2006, K. Pinheiro & M.
Alves 58 (PEUFR, UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena 1434 (UFP).
Comentários: espécie exclusiva do Brasil, com ocorrência nas regiões Nordeste (Bahia,
Ceará, Pernambuco e Piauí), em vegetação de Caatinga, Centro–Oeste (Mato Grosso) e Sudeste
(Minas Gerais), em Cerrado. É facilmente reconhecida pelo hábito herbáceo prostrado, com ramos
partindo da porção proximal do caule, e pela cápsula globoso-achatada, profundamente 5-angulosa,
com sépalas persistentes e patentes. Em Mirandiba foi coletada em locais sombreados, em geral em
áreas sedimentares.
51. Papaveraceae
Tiago Arruda Pontes & Maria de Fátima de Araújo Lucena
Ervas anuais ou perenes, raramente arbustos ou árvores, geralmente com látex laranja, amarelo
ou branco-leitoso; estípulas ausentes. Folhas simples, alternas a sub-opostas, inteiras a freqüentemente
lobadas e cortadas. Inflorescência axilar ou terminal, racemosa, paniculada ou, raro,flores solitárias.
Flores bissexuadas, actinomorfas, diclamídeas; pétalas 4 ou 6, livres ou unidas na base, vistosas,
prefloração imbricada; sépalas 2 ou 3, livres, caducas; polistêmones, estames livres ou conados, filetes
petalóides ou filiformes, anteras tetrasporangiadas, bitecas, rimosas; gineceu sincárpico, ovário súpero,
2-pluricarpelar, unilocular, 1-pluriovulados, placentação parietal, estilete curto-ausente, estigma fundido,
usualmente discóide, persistente no fruto, em número igual ao número de carpelos; nectários ausentes.
Frutos geralmente cápsula, poricida (deiscência basipétala ou acropétala) ou longitudinalmente deiscente
por valvas, às vezes explosiva; sementes numerosas, pequenas, freqüentemente ariladas, endosperma
oleoso.
Prancha 26. Figura A. Ludwigia erecta. Ramo com frutos. B. Ludwigia octovalvis. Ramo com frutos. C.
Vanilla palmarum. Hábito. D-E. Oxalis divaricata D. Hábito. E. Flor. F-G. Oxalis glaucescens F. Hábito. G.
Flor.
52. Passifloraceae
Diogo Amorim de Araújo
52.1. Passiflora cincinnata Mast., in Gard., Chron. 37: 966. 1868. Prancha 27, fig. A-B.
Trepadeiras herbáceas; caule cilíndrico, estriado, glabro. Folhas membranáceas, lâmina 4,3-
8x 1,5-4,5cm, glândulas 2, sésseis, discóides, no terço basal do pecíolo; (3-)5-lobadas, lobos oblongos,
lobo central 5,5-11x2-4cm, lobos laterais 3,7-4x1,6-2cm, ápices mucronados. Brácteas persistentes,
verticiladas, oval-lanceoladas, convexas, margem inteira, glândulas na base. Flores solitárias; 3,6-12cm
diâm.; hipanto curto-campanulado, 7 mm compr.; sépalas de face externa verde, face interna violácea,
corniculadas; pétalas violáceas, linear-lanceoladas; corona violácea, duas séries externas 3cm compr.,
ápice fimbriado, com faixas róseas e alvas na região central, duas séries internas 0,5cm compr., séries
intermediárias, filamentos curtos azul-claro; opérculo 1cm compr., membranoso, margem filamentosa;
límen 3mm compr., envolto no androginóforo; androginóforo reto; ovário globoso, glabro. Fruto
bacóide, globoso, glabro, verde; sementes ovadas, reticuladas.
Material examinado: Fazenda Baixio Grande, 19.IV.2007, J. R. Maciel et al. 450 (UFP); Vertentes, 18.IV.2007,
D. Araújo et al. 260. (UFP).
Comentários: conhecida popularmente como “maracujá-de-mochila”, esta espécie é utilizada
para a produção de suco em escala local nas pequenas cidades do interior do Estado. Possui ampla
distribuição geográfica, ocorrendo desde o Paraguai até a Venezuela, do leste do Brasil ao oeste da
Bolívia (Killip 1938). No Brasil é coletada entre os estados do Pará e São Paulo e ocorre do litoral ao
sertão do estado de Pernambuco.
52.2. Passiflora foetida L., Sp. pl.: 959. 1753. Prancha 27, fig C-D.
Trepadeiras herbáceas; caule cilíndrico, estriado, piloso a hirsuto, tricomas glandulares
viscosos nos ramos, folhas, estípulas e brácteas. Folhas membranáceas; lâmina 4-6x5-13cm. 3-lobada,
oboval, ápices agudos, base cordada, margem serreada ciliato-glandulosa, lobo central 2-3x1-2cm,
lobo lateral 1-3x0,8-1cm. Brácteas persistentes, verticiladas, pinatissectas, tricomas glandulares na
margem. Flores isoladas a pareadas; 3-6cm diâm.; hipanto curto-campanulado; sépalas de face externa
verde, interna branca, oblongas, corniculadas, ápice agudo, margem lisa, glândulas ausentes; pétalas,
branco-arroxeadas, oblongas, ápice arredondado; corona 5 séries filamentosas, séries externas 0,5-
1cm compr., brancos, com base vináceas a arroxeadas, séries internas ca. 2mm compr., vináceos a
arroxeados; opérculo, membranoso, margem denteada, límen cupuliforme, não envolvendo a base do
androginóforo, membranoso, androginóforo reto; ovário globoso, glabro a hirsuto. Fruto bacóide,
oblongo-elíptico, verde-amarelado; sementes oblongas reticuladas.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, K. Pinheiro et al. 37 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.2007, D.
Araújo et al. 245 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, D. Araújo et al. 255 (UFP); Vertentes, 19.IV.2007, D. Araújo et al. 268
(UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro et al. 108 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.2007, D. Araújo et al. 319 (UFP); Serra do
Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1451 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.2007, K. Pinheiro et al. 225 (UFP).
Comentários: possui frutos com polpa escassa, que inflam e ao serem pressionados estouram,
daí o nome popular “maracujá-de-estralo”. É conhecida também como “maracujá-catinga” pois seus
tricomas glandulares secretam uma mucilagem de odor fétido. Largamente distribuída do sul da América
do Sul ao sul da América do Norte. No Brasil pode ser encontrada praticamente em todos os tipos
vegetacionais. É considerada planta invasora de cultivos e relacionada a áreas perturbadas.
52.3. Passiflora luetzelburgii Harms, Repert. Spec. Nov. Regni Veg. 19: 32. 1923.
Prancha 27, fig. E-F.
Trepadeiras herbáceas; caule cilíndrico, liso, velutino, tricomas alvos. Folhas cartáceas,
glândulas 2 na porção basal do pecíolo, sésseis, amarronzadas; lâmina 3-5x1,5-4,5cm, 3-lobada (lobos
laterais reduzidos) ou inteira, as vezes no mesmo indivíduo, oblonga a oval, base cordada, margem
levemente crenada, revoluta, face adaxial vilosa e abaxial tomentosa; ápice agudo. Brácteas caducas,
verticiladas, oblongo-lanceoladas, ápice agudo, corniculado, margem serreada. Flores isoladas; 3-4cm
diâm., eretas; hipanto tubular, levemente dilatado na base, vináceo com base esverdeada; sépalas vermelhas,
oblongo-lanceoladas, aristadas, corniculadas, ápice arredondado, margem lisa, glândula ausente; pétalas
vermelhas, oblongas, ápice agudo; corona filamentosa 2 séries, série externa, brancos com base roxa,
série interna, roxa; opérculo ca. 3mm alt., membranoso, filiforme; límen anular, envolvendo a base
do androginóforo, membranoso, denticulado; disco nectarífero presente; androginóforo reto; ovário
elíptico, estipitado, 3-anguloso, glabro. Fruto bacóide, oblongo-elíptico, verde; sementes cordiformes,
reticuladas.
Material examinado: Serra do Tigre, 29.III.2006, D. Araújo 77 (UFP); Estrada para Cacimba Nova, 09.II.2007,
M. T. Vital et al. 65 (UFP).
Comentários: endêmica do semi-árido nordestino, conhecida apenas para os estados do Piauí,
Pernambuco e Bahia. Suas plântulas possuem raízes até três vezes maiores que a parte aérea. Parte da
planta é caducifólia na estação seca, restando apenas aquelas da porção mais apical dos ramos.
53. Piperaceae
Juliana Santos Silva & Maria Carolina Abreu
Prancha 27. Figuras A-B. Passiflora cincinnata. A. Hábito. B. Semente. C-D. Passiflora foetida. C. Hábito.
D. Semente. E-F. Passiflora luetzelburguii. E. Hábito. F. Semente. G-H. Peperomia pellucida G. Ramo. H.
Aspecto geral da espiga. I-J. Microtea tenuifolia. I. Hábito. J. Aquênio. L-M. Plumbago scandens. L. Hábito.
GUIMARÃES, E. F., ICHASO, C. L. F. & COSTA, C. G. 1984. Peperomia. In: Reitz P. R. Flora
Ilustrada Catarinense, Herbário Barbosa Rodrigues. Itajaí, SC.
GUIMARÃES, E. F. 1988. Flora Fanerogâmica da Reserva do Parque Estadual das Fontes do
Ipiranga, São Paulo, Brasil. Piperaceae. Hoehnea, 15: 46-51.
GUIMARÃES, E. F. & GIORDANO, L. C. S. 2004. Piperaceae do Nordeste brasileiro I:
estado do Ceará. Rodriguésia, 55(84): 21-46.
53.1. Peperomia pellucida (L.) Kunth, Nov. gen. Sp. 1:64. 1815. Prancha 27, fig. G-H..
Ervas, 20-30cm alt., terrestre, suculenta, com pontuações translúcidas; caule ereto, ramificado,
glabro. Folhas opostas, glabras; pecíolo 0,8-3,3cm; lâmina 1,9-3x1,9-3,5cm, membranácea, cordada,
base cordada, ápice agudo, nervação campilódroma. Inflorescência espiga, 1,5-4,6 cm, axilares; raque
glabra; pedúnculo 3-5mm; bractéolas 0,3-0,4mm, arredondado-peltadas; flores esparsamente dispostas;
estames 2, laterais, adnatos às paredes do ovário; ovário 0,4-0,5mm, globoso, imerso numa depressão
da raque. Fruto drupa, 0,6-1x0,4-0,5mm, elipsóide, séssil, longitudinalmente estriado.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1429 (UFP, PEUFR).
Material adicional: PERNAMBUCO: São Lourenço da Mata, Estação ecológica do Tapacurá, 20.II.1977, I. Pontual
1518 (PEUFR).
Comentários: ocorre amplamente nas Américas. No Brasil distribui-se desde a Amazônia até
o Paraná em locais úmidos, principalmente, em paredões. Conhecida como erva-de-jaboti ou língua-de-
sapo, caracteriza-se pelo porte herbáceo, folhas alternas, espigas axilares e drupa séssil, longitudinalmente
estriada. É popularmente usada no combate à tosse e à dor de garganta e no tratamento das doenças do
coração, hipertensão e reumatismo, sendo ainda consumida como excelente salada. No município de
Mirandiba, a espécie ocorre com poucos indivíduos habitando áreas sombreadas de caatinga arbustiva,
em solo arenoso.
54. Phytolaccaceae
Diogo Amorim de Araújo & Katarina Romênia Pinheiro Nascimento
1-ovulado, placentação central, óvulo ascendente; estiletes introrsos, geralmente terminais, quando
presente em número igual ao de carpelos, livres ou raramente conatos; estigma lateral ou terminal,
alongado, capitado, cristado, decorrente ou penicelado. Fruto aquênio, baga, drupa ou sâmara; sementes
subglobosas, globosas, obovóides, raramente alongadas, testa membranácea a crustácea, lisa, rugosa ou
equinada.
Phytolaccaceae apresenta cerca de 20 gêneros e 65 espécies distribuídas principalmente nos
neotrópicos. No Brasil ocorrem nove gêneros e cerca de 30 espécies (Udulutshc et al, 2007) em diferentes
ecossistemas. Em Mirandiba está represnetada apenas por Microtea tenuifolia Moq.
54.1. Microtea tenuifolia Moq. in DC., Prodr. 13(2): 18. 1849. Prancha 27, fig I-J.
Ervas, perenes; caule sulcado, glabro. Folhas alternas a subfasciculadas, subssésseis; lâmina
3-6x0,3-0,9cm, glabra, membranácea, espatulada, base aguda, ápice obtuso a agudo as vezes mucronado,
margem inteira a crenulada; estípulas ausentes. Inflorescência racemo composto, laxifloro, terminal
a por vezes axiliar. Flores pediceladas; bráctea linear-lanceoladas, ápice agudo, ca. 1mm compr.;
pedicelo ca. 0,1cm compr.; tépalas 5, glabras, elípticas a ovadas, ápice agudo, nervura central fortemente
proeminente; estames 6-8, livres, filetes ca. 0,1cm compr.; ovário súpero, elipsóide, glabro; estiletes 2,
terminais, livres, levemente involutos; estigmas 2, indiferenciados. Fruto aquênio, elipsóide a globóide,
glabros, 1-1,5x0,8-1mm, superfície fortemente retículada, estilete persistente.
Material examinado: Fazenda Troncão, 16.IV.2007, J. R. Maciel et al. 393 (UFP); Estrada
para o Sítio Malhada da Areia, 16.IV.2007, D. A. Araújo et al. 209 (UFP); Fazenda Vertentes, 19.IV.2007,
M. C. Pessoa et al. 157 (UFP); Fazenda Vertentes, 19.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 158 (UFP); Sítio Areia
Malhada, 20.IV.2007, Y. Melo et al. 225 (UFP).
Comentários: espécie também coletada nos estados da Bahia e Minas Gerais. Em Mirandiba
ocorre em áreas de caatinga arbustiva e ambientes parcialmente antropizados.
55. Plumbaginaceae
Katarina Pinheiro & Marccus Alves
Ervas, subarbustos a arbustos, eretos a escandentes, perenes, raro anuais, hermafroditas, glabros.
Folhas simples, alternas, pecioladas ou amplexicaules, oblongas, ovais ou lanceoladas, membranáceas
a coriáceas; estípulas ausentes. Inflorescência cimosa, cincínio, espiga, racemo ou panícula. Flores
bissexuais, hipóginas, sésseis ou pediceladas, diclamídeas, pentâmeras, actinomorfas; sépalas conatas,
livres no ápice, membranáceas ou escariosas, às vezes glandulosas, vistosas ou não, lobos-5; corola
conata, lobos livres-5, tubo longo e estreito; estames hipóginos, opostos aos lobos da corola, anteras
rimosas, bitecas; ovário súpero, 1-locular, 1-ovular, placentação basal, estiletes-5, livres ou conatos,
estigmas-5, filiformes ou capitados. Fruto aquênio, raro cápsula, deiscência por opérculo, raro valvas;
semente-1, embrião reto, endosperma amiláceo ou ausente.
Plumbaginaceae tem distribuição cosmopolita, com 10 gêneros e cerca de 400 espécies com
maior diversidade na Ásia e Mediterrâneo e habitando preferencialmente locais semi-áridos, secos e
salinos.. No Brasil ocorrem 2 gêneros, Plumbago L. e Limonium Boiss, com uma espécie cada. Alguns
táxons são importantes economicamente, sendo utilizados como medicamentos e ornamentais.
55.1. Plumbago scandens L., Sp. pl. ed. 2: 215. 1762. Prancha 27, fig. M-L.
Subarbustos, 0,5-1m, escandente. Folhas pecioladas a amplexicaules, alternas, glabras,
lâmina 2-3,5x0,8-2cm, lanceolada a oblongo-lanceolada, membranácea, ápice agudo a acuminado, base
cuneada a atenuada, margem inteira, peninérvea, pecíolo 0,5cm compr. Inflorescência racemo, ereta;
brácteas lanceoladas 2 mm compr., pedicelo 1mm compr. Flores sésseis ou pediceladas, sépalas-5,
conatas, tubo 1-8mm compr.,; corola, 5-mera, lobos 1-1,8cm compr., ovais, ápice truncado, estames-5,
exsertos, 1-2cm compr., isodínamos; ovário súpero, 5-carpelar, 1-locular, 1-ovular, estilete terminal,
indiviso, estigma terete, glanduloso. Fruto cápsula; sementes oblongas a ovais.
Material examinado: Brejo do Gama, 02.X.2006, Y. Melo et al. 81 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro
et al. 152 (UFP); Vertentes, 21.VI.2007, Y. Melo et al. 233 (UFP).
Comentários: distribui-se no sudeste da Flórida, Texas, Arizona; México, América Central,
Oeste da Índia e América do Sul. No Brasil é encontrada em ambientes diversos, incluindo áreas de
caatinga. Em Mirandiba foi coletada em subosque de caatinga arbóreo-arbustiva e caatinga arbustiva
em regeneração.
56. Poaceae
Jefferson Rodrigues Maciel, Regina Célia de Oliveira & Maria Bernadete Costa-e-Silva
56.1. Antephora hermaphrodita (L.) Kuntze, Rev. gen. pl. 2: 759. 1891.
Ervas anuais, cespitosas; colmo 70-90cm, ereto. Bainha foliar pilosa; lígula 2mm, membranosa;
lâmina foliar 6-13x0,5-0,7cm, linear-lanceolada, aguda, pilosa próximo à base e esparsamente pilosa
ou com tricomas só na nervura central no resto da superfície. Inflorescência panícula espiciforme,
hermafrodita. Espiguetas agrupadas num invólucro de cerdas epinescentes, 3,5-4,5x2mm, 4 espiguetas
por agrupamento, mas só duas desenvolvidas com 2 antécios, acrópetas, oval, paleácea; gluma inferior
presente, glabra; gluma superior mútica, glabra; antécio inferior reduzido ao lema, lema inferior glabro
e sem aristas; antécio superior fértil, oval, agudo, estramíneo, coriáceo, liso lema superior com ápice
inteiro, não voltado para fora da espigueta.
Material examinado: Fazenda Troncão, 16.IV.2007, J. R. Maciel et al. 405 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, J.
R. Maciel et al. 176 (UFP, MO); Serra do Tigre, 31.V.2006, K. Pinheiro et al. 191(UFP).
Comentários: nativa, ocorrendo desde o México até o nordeste do Brasil. Muito freqüente
na caatinga, sendo encontrada principalmente nas áreas alteradas. É caracterizada pelo agrupamento
de espiguetas em um invólucro de consistência dura. Não apresenta potencial forrageiro tampouco é
utilizada na região.
em outras áreas de caatinga A. elliptica (Nees) Kunth e A. setifolia Kunth. Essas se diferenciam entre si
pela forma da panícula e pelo tamanho das aristas. Não há indicações de seu potencial forrageiro.
56.3. Axonopus capillaris (Lam.) Chase, Proc. Biol. Soc. Wash. 24: 133. 1911.
Ervas anuais, cespitosas; colmo 23-41cm, ereto. Bainha foliar glabra; lígula 0,3-0,4mm,
membranoso-ciliada; lâmina foliar 2,5-7,0x0,2-0,5cm, lanceolada, aguda, glabra ou com cílios esparsos na
porção inferior da margem. Inflorescência em racemos, digitada, laxa, hermafrodita. Espiguetas sem
invólucro, 1,0-1,2x0,4-0,6mm, acrópeta, elíptica a linear-elíptica, aguda, solitária, 2 antécios, estramínea;
gluma inferior ausente; gluma superior mútica, glabra ou pilosa sobre as nervuras, 2-4 nervadas; antécio
inferior reduzido ao lema, lema inferior 2-4 nervados, glabro e sem aristas; antécio superior fértil1,1-
1,2x0,3-0,5mm, elíptico, agudo, estramíneo, papiloso, lema superior com ápice inteiro, ápice do lema
não voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.
Material examinado: Areia Malhada, 16.IV.2007, D. Araújo et al. 218 (UFP, RB, MO); Fazenda do Projeto Chico
Torres, 30.V.2006, J. R. Maciel et al. 186 (UFP, RB, MO).
Comentários: de ampla distribuição nos neotrópicos, ocorrendo em locais arenosos, sendo
mais freqüente na borda que no interior das matas da caatinga. Dentre as espécies encontradas na área,
poderia ser confundida, com as espécies de Paspalum, das quais se diferencia, entre outros aspectos,
pelas espiguetas solitárias.
56.4. Bouteloua americana (L.) Scribn., Proc. Acad. Nat. Sci. Philadelphia 43(2): 306-
307. 1891.
Ervas anuais, cespitosas; colmo ca. 20cm, ereto. Bainha foliar glabra; lígula 0,5mm, ciliada;
lâmina foliar 3,5-6x0,2-0,3cm, linear, aguda, esparsamente pubescente na face adaxial. Inflorescência
racemosa, contraída, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 9-11x1-2mm, basítona, solitárias, 2
antécios, linear, paleácea; gluma inferior presente, glabra; gluma superior mútica, glabra, 1 nervada;
antécio inferior desenvolvido, lema inferior glabro, sem aristas; antécio superior neutro, estramíneo,
liso, lema superior com ápice tripartido, prolongando em aristas de 7-8mm, ápice do lema não voltado
para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro & D. Araújo 147 (UFP).
Comentários: nativa, com ampla distribuição nas Américas, mas no Brasil sua maior dispersão
fica no Nordeste. Aproxima-se de B. americana por aspectos do hábito e da inflorescência, mas pode ser
distinguida pelo comprimento das aristas e pela pilosidade do lema inferior. Além disso, essas espécies
compartilham boa palatabilidade, embora o potencial forrageiro seja baixo.
56.5. Bouteloua aristidoides (Kunth) Griseb., Fl. Brit. W. I.: 537. 1864.
Ervas anuais, cespitosas; colmo ca. 20cm, ereto. Bainha foliar glabra; lígula 0,5mm, ciliada;
lâmina foliar 3,6-5x0,1-0,3cm, linear, aguda, esparsamente lanada. Inflorescência em racemos, contraída,
hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 5-7x1-1,5mm, basítona solitárias, 2 antécios, linear, paleácea;
gluma inferior presente glabra; gluma superior mútica, glabra, 1 nervada; antécio inferior desenvolvido,
lema inferior piloso, sem aristas; antécio superior neutro, estramíneo, liso, lema superior com ápice
tripartido, prolongando-se em aristas de 4mm, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea
sem cílios evidentes.
Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. R. Maciel et al. 430 (UFP, MO); Serra do Tigre,
30.III.2006, J. R. Maciel et al. 134 (UFP).
Comentários: nativa, amplamente distribuída nas Américas. Espécie de fácil reconhecimento
por seu pequeno porte e inflorescências racemosas contraídas, aproximando-se de Bouteloua sp. por
esses caracteres e se separando por apresentar as aristas do ápice tripartido com 4mm de comprimento.
Seu potencial forrageiro é baixo embora seja palatável.
solitárias, oboval, paleácea; gluma inferior presente, glabra; gluma superior gluma superior mútica,
glabra; antécio inferior hermafrodita, lema inferior, aristado, arista inteira, piloso próximo ao ápice;
antécio superior neutro, paleáceo, liso, lema superior com ápice aristado, arista inteira, ápice do lema
não voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.
Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, P. Gomes et al. 279 (UFP, RB, MO); Serra do Tigre, 17.IV.2007,
J. R. Maciel et al. 412 (UFP, RB, MO).
Comentários: amplamente distribuída nas Américas e nos trópicos do velho Mundo. No
Brasil ocorre em praticamente todo o país. Foi encontrada em áreas abertas e antropizadas. C. virgata
se diferencia das demais espécies aqui tratadas pela espigueta basítona com os antécios aristados. É
forrageira promissora, mas não foi constatado seu uso na região.
56.15. Enteropogon mollis (Nees) Clayton, Kew Bull. 37: 419. 1982.
Ervas anuais, cespitosas; colmo 53-70cm, ereto. Bainha foliar glabra; lígula 1mm, ciliada;
lâmina foliar 8-14,5x0,2-0,4cm, linear a linear-lanceolada, aguda, pubescente em ambas as faces.
Inflorescência em racemos, laxa, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 8-12,5mm, 2-antécios,
solitárias, basítona, linear, paleácea; gluma inferior presente, aristulada, glabra; gluma superior aristulada,
glabra; antécio inferior hermafrodita, lema inferior glabro e aristado, antécio superior neutro, paleáceo,
lema superior com ápice aristado, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios
evidentes.
Material examinado: Serra do Tigre, Fazenda Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro & D. Araújo 135 (UFP, RB); Serra
da Gia, 30.V.2006, J. R. Maciel et al. 192 (UFP).
Comentários: ocorre na América Central, Equador e Brasil. Muito comum na caatinga,
podendo ser encontrada em solos arenosos ou pedregosos, com mais freqüência nas bordas de matas
e áreas abertas. Caracterizada por apresentar 2 antécios aristados por espigueta e não possuir arista
tripartida. Não há indicações de seu uso econômico.
56.16. Eragrostis cilianensis (All.) Vignolo ex Janch., Mitt. Naturwiss. Vereins. Univ.
Wien 5: 110. 1907.
Ervas anuais, cespitosa; colmo 32-61cm, ereto. Bainha foliar glabra; lígula 0,5-0,6(1,0)mm,
ciliada; lâmina foliar 7,5-19,2x0,3-0,8cm, linear a linear-lanceolada, glabra, com glândulas na nervura
central da superfície abaxial. Inflorescência em panícula, contraída a aberta, hermafrodita. Espiguetas
sem invólucro, 4,0-11,0x3,0-4,0mm, basítona, oval a lanceolada, 7-23 antécios, solitária, olivácea ou
verde-clara; gluma inferior presente, glabra, gluma superior mútica, glabra; antécios hermafroditas,
lemas sem aristas, glabros, com ápice inteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea
sem cílios evidentes.
Material examinado: Serra do Tigre, Fazenda Tigre, 30.V.2006, J. R. Maciel et al. 201 (UFP).
Comentários: nativa da Europa, atualmente distribuída nas regiões tropicais e subtropicais do
Mundo. Coletada em áreas alteradas, afloramentos rochosos e bordas e interiores de mata. A coloração
e o aspecto inflado da espigueta caracterizam esta espécie, tornando-a distinta das demais. Seu potencial
econômico é desconhecido.
56.17. Eragrostis ciliaris (L.) R. Br., Narr. Exped. Zaire: 478. 1818.
Ervas anuais, cespitosa; colmo 19-60cm, ereto. Bainha foliar glabra na superfície e densamente
pilosa nas margens; lígula 0,3-0,5mm, pilosa; lâmina foliar 3,5-12,0x0,1-4,0cm, linear, aguda, glabra, sem
glândula. Inflorescência em panícula, contraída, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 2,0-3,0x1,5-
2,0mm, basítona, elíptica, 8-12 antécios, solitárias, estramínea a vinácea; gluma inferior presente, glabra;
gluma superior mútica, glabra; antécios hermafroditas, lema sem aristas, glabros, 3-nervados, com ápice
inteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea com cílios evidentes.
Material examinado: Fazenda Tigre, Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro et al. 107 (UFP, RB, MO).
Comentários: nativa dos trópicos e subtrópicos do Mundo e atualmente naturalizada nas
Américas. Geralmente é encontrada como ruderal ou em áreas alteradas. Pode ser confundida com
E. tenella distiguindo-se, porém, pela panícula de ramos contraídos. Seu potencial forrageiro é baixo,
mas por crescer em áreas pobres pode contribuir significativamente na fixação do solo e na falta de
melhores pastagens pode se tornar uma boa opção.
56.18. Eragrostis hypnoides (Lam.) B. S. P., Prelim. Cat. N. York Pl.: 69. 1888.
Ervas anuais, estoloníferas; colmos 3,5-30,0cm, prostrados. Bainha foliar glabra; lígula
ciliada, aprox. 0,5mm; lâmina foliar, 0,5-2,0x0,1-0,3mm, linear, aguda, glabra a esparsamente pilosa
na face adaxial, densamente pilosa face abaxial. Inflorescência em panícula, contraída, hermafrodita.
Espiguetas sem invólucro, 7-15x0,1-0,2cm, 4-6 antécios, basítona, oval, solitárias, estramínea; gluma
inferior presente, glabra, gluma superior mútica, glabra; antécios hermafroditas, lemas glabros e sem
aristas, 3-nervados, lemas com ápice inteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea
sem cílios evidentes.
Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, L. G. Souza 20 (UFP).
Comentários: ocorre desde o Canadá até a Argentina. Tem preferência por cursos d’águas
e ambientes relativamente úmidos. Caracteriza-se por ser estolonífera, com colmos prostrados, pelo
pequeno porte e por suas lâminas foliares muito pequenas.
56.19. Eragrostis maypurensis (Kunth) Steud., Syn. Pl. Glumac. 1: 276. 1854.
Ervas anuais, cespitosas; colmo 15-32cm, ereto. Bainha foliar glabra, sem glândulas; lígula
0,3mm, ciliada, lâmina foliar 3,7-9,0x0,2-0,4cm, linear a lanceolada, aguda, esparsa a densamente pilosa
na superfície abaxial. Inflorescência em panícula, contraída a aberta, hermafrodita. Espiguetas sem
invólucro, 0,5-1,0x0,1-0,3cm, basítona, 12-18 antécios, linear-oblonga, solitárias, estramínea; gluma
inferior presente, glabra; gluma superior mútica, glabra; antécios hermafroditas, lemas glabros e sem
aristas, 3-nervados, com ápice inteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios
evidentes.
294 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
56.20. Eragrostis pilosa (L.) P. Beauv., Essai. Agrost. 71. 162, 165. 1812.
Ervas anuais, cespitosas; colmo 30-60cm, ereto. Bainha foliar glabra; lígula 0,3-0,5mm,
ciliada; lâmina foliar 5,5-15,0x0,2-0,4cm, linear a linear-lanceolada, aguda, glabra. Inflorescência em
panícula, laxa, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 3,0-5,0x0,6-1,0mm, basítona, 4-10 antécios,
estreitamente ovada, solitárias, esverdeada; gluma inferior presente, glabra, gluma superior mútica,
glabra; antécios hermafroditas, lemas glabros e sem aristas, 3-nervados, ápice inteiro, ápice do lema não
voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.
Material examinado: Cacimba Nova, 30.III.2006, J. R. Maciel et al. 143 (UFP).
Comentários: nativa das regiões temperadas do Velho Mundo e introduzida no Novo Mundo.
Encontrada em áreas alteradas de solo arenoso ou rochoso. Dentre as espécies de Eragrostis aqui
estudadas, E. pilosa pode ser distinguida, além dos caracteres ressaltados na chave, pela panícula com
ramos longos e flexíveis. É invasora de lavouras e seu potencial forrageiro aparentemente é baixo.
56.21. Eragrostis tenella (L.) P. Beauv. ex Roem. & Schult., Syst. Veg. 2: 576. 1817.
Eragrostis amabilis (L.) Nees, Bot. Beechey Voy. 251. 1838.
Ervas anuais, cespitosas; colmo 15-37cm, ereto. Bainha foliar glabra; lígula 0,2-0,3mm,
pilosa; lâmina foliar 3,0-7,7x0,2-0,3cm, lanceolada a liner-lanceolada, aguda, glabra. Inflorescência
em panícula, laxa, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 1,3-2,1x0,9-1,2mm, elíptica, 4-9 antécios,
basítonas, solitárias, elípticas, esverdeada ou estramínea; gluma superior presente, mútica, glabra; gluma
inferior presente, mútica, glabra; antécios hermafroditas, lemas glabros, sem aristas, 3-nervados, com
ápice inteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta; pálea com cílios evidentes.
Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, J. R. Maciel et al. 135 (UFP); Serra do Tigre, Fazenda Tigre,
30.V.2006, J. R. Maciel et al.180 (UFP); Vertentes, 19.IV.2007, D. Araújo et al. 271 (UFP).
Comentários: nativa do Velho Mundo. Vastamente distribuída no Brasil, esta espécie
normalmente se comporta como ruderal. Foi coletada em áreas alteradas ou na borda de matas. Dentre
as espécies de Eragrostis se aproxima mais de E. ciliaris (L.) R. Br., de quem se separa por possuir
espiguetas menores e panícula aberta. É invasora e não apresenta potencial forrageiro.
piloso nas nervuras dorsal e marginal, ápice não voltado para fora da espigueta, pálea pilosa nas margens
dorsal e marginal.
Material examinado: Cacimba Nova, 30.III.2006, J. R. Maciel et al. 141 (UFP); Cacimba Nova, 30.III.2006, J.
R. Maciel et al. 142 (UFP).
Comentários: encontrada em solo arenoso e areno-argiloso muito úmido. Possui espiguetas
multifloras que a aproxima de D. aegyptium, E. indica e das espécies de Eragrostis, mas pode ser separada
desta última pelos ramos unilaterais e das duas primeiras pela inflorescência como panícula típica de
ramos alternos. Seu potencial forrageiro é desconhecido.
56.24. Melinis repens (Willd.) Zizka., Biblioth. Bot. 138: 55. 1988.
Rhynchelytrum repens (Willd.) C. E. Hubb., Bull. Misc. Inform.: 110. 1934.
Ervas anuais, cespitosas; colmo 60-100cm, ereta. Bainha foliar glabra ou pubescente; lígula
1,5mm, ciliada; lâmina foliar 3-11x0,2-0,4cm, linear, aguda, glabra. Inflorescência em panícula, laxa a
contraída, hermafrodita. Espiguetas invólucro, 7-9x3-4mm, acrópeta, pareadas, 2 antécios, oval, rósea;
gluma inferior presente, pilosa; gluma superior 5-7 nervada, aristada, pilosa; antécio inferior masculino,
pálea e lema presentes; lema inferior piloso e com aristas; antécio superior hermafrodita, castanho, liso,
lema superior com ápice inteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios
evidentes.
Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. R. Maciel et al. 436 (UFP, RB).
Comentários: espécie pantropical com ampla distribuição no país. É encontrada em solos
pobres de áreas alteradas ou margeando estradas em densas populações. É facilmente caracterizada
por suas inflorescências rosadas e o potencial econômico está relacionado ao seu agressivo poder de
invasora.
56.26. Panicum trichoides Sw., Prodr. veg. Ind. Occ.: 24. 1788.
Ervas anuais, cespitosas; colmo ca. 70cm, semi prostrado. Bainha foliar pilosa; lígula 1mm,
membranoso-ciliada; lâmina foliar 5-7x1,3-1,6cm, elíptico-lanceolada, glabra a esparsamente pilosa.
Inflorescência em panícula, aberta, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 1-1,1x0,3mm, acrópeta,
elípticas, 2 antécios, estramínea; gluma inferior, 3-nervada, glabra; gluma superior, 5-nervada, mútica,
esparsamente pilosa; antécio inferior neutro, lema e pálea presentes; lema inferior glabro e sem aristas;
antécio superior hermafrodita, oval, estramíneo, papiloso; lema superior com ápice inteiro, ápice do
lema não voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.
Material examinado: Serra do Tigre, Fazenda Tigre, 30.V.2006, J. R. Maciel et al 173 (UFP); Serra do Tigre,
Fazenda Tigre, 30.V.2006, J. R. Maciel et al 178 (UFP); Fazenda Areias, 30.V.2006, J. R. Maciel et al. 185 (UFP).
Comentários: nativa da América tropical. Foi encontrada no interior da mata com muita
freqüência e nas bordas de matas de áreas pedregosas e arenosas. A inflorescência em panícula aberta
e com formato piramidal a distingue das demais espécies de Panicum neste trabalho. Seu potencial
forrageiro é desconhecido.
56.27. Panicum venezuelae Hack., Oesterr. Bot. Zeitschr. 51: 368. 1901.
Ervas anuais, cespitosas; colmo 70cm, prostrado. Bainha foliar pilosa; lígula ca. 0,5mm,
membranosa; lâmina foliar 2,5-7x0,5-0,9cm, lanceolada, aguda, esparsamente pilosa em ambas as faces.
Inflorescência panícula espiciforme, contraída, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 2-2,2x0,6-
1mm, acrópeta, aguda, pareadas, 2 antécios, elíptica, estramínea; gluma inferior presente, 3-nervada,
pilosa; gluma superior, 7-nervada, mútica, pilosa; antécio inferior neutro, lema e pálea presentes, antécio
superior hermafrodita, mútico, alvo, liso; lema superior com ápice inteiro, ápice do lema não voltado
para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.
Material examinado: Serra do Tigre, Fazenda Tigre, 30.V.2006, J. R. Maciel et al. 177 (UFP).
Comentários: nativa da América Central e Brasil. Foi encontrada na sombra de mata, onde tinha
uma freqüência alta. É fácil de caracterizar, pois sua inflorescência tipicamente contraída e suas pequenas
espiguetas lhe conferem aspecto particular. Seu potencial forrageiro também é desconhecido.
- Flora de Mirandiba 297
Famílias Monografadas
56.28. Paspalum fimbriatum Kunth, Nov. Gen. Sp. 1: 93-94. 1815 [1816].
Ervas anuais, cespitosas; colmo 0,4-1m, ereto. Bainha foliar glabra a pilosa; lígula ca 2mm,
membranosa; lâmina foliar 4,5-22x0,6-1,5cm, linear a lanceolada, aguda, pilosa em ambas as faces,
tricomas tuberculados. Inflorescência panícula, laxa, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, (2)3-
3,6x(2)2,9-4mm, acrópeta, oval, apiculada, pareada, 2 antécios, paleácea a vinácea; gluma inferior
ausente; gluma superior, fimbriada, mútica, glabra; antécio inferior neutro, lema presente, pálea ausente;
lema inferior glabro e sem aristas; antécio superior hermafrodita, estramíneo, liso, lema superior com
ápice inteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.
Material examinado Serra do Tigre, 17.IV.2007, J. R. Maciel et al. 410 (UFP, RB, MO); Cacimba Nova,
30.III.2006, J. R. Maciel 147 (UFP).
Comentários: nativa. Ocorre desde os EUA, Caribe até o Nordeste do Brasil. É muito
freqüente na caatinga, sendo uma das espécies típicas deste bioma. Sua espigueta fimbriada a torna
muito distinta das demais espécies de Paspalum. Seu potencial forrageiro é baixo.
Material examinado: Areia Malhada, 16.IV.2007, D. Araújo et al. 225 (UFP); Canhotinho, 30.III.2006, J. R.
Maciel et al. 136 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. R. Maciel et al. 427 (UFP, RB, MO).
Comentários: espécie endêmica da caatinga,é muito freqüente e típica deste bioma, sendo
encontrada em todo os tipos de solo, em borda e interiores de matas mais abertas. A forma da espigueta
desta espécie a torna facilmente reconhecida, inconfundível com as demais aqui tratadas.
56.32. Sporobolus pyramidatus (Lam.) Hitchc., U.S.D.A Misc. Publ. 243: 84. 1936.
Ervas perenes, cespitosas; colmo ca. 70cm, ereto. Bainha foliar pilosa só no ápice; lígula
0,8-1mm, ciliada; lâmina foliar 9-10,5cmx0,3-0,4cm, linear, aguda, face abaxial esparsamente pilosa.
Inflorescência panícula típica, laxa ou contraída, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 1,7-2x0,2-
0,5mm, basípeta, solitárias, 1 antécio, oval, estramínea; gluma inferior presente, glabra; gluma superior
mútica, glabra; antécio inferior hermafrodita, pálea e lema presentes; lema inferior glabro e sem aristas;
antécio superior ausente.
Material examinado: Cacimba Nova, 30.III.2006, J. R. Maciel et al. 148 (UFP).
Comentários: nativa dos Neotrópicos possui ampla distribuição. Foi encontrada em solos
arenosos ou pedregosos, em áreas abertas ou no interior da mata. Dentre as espécies aqui tratadas se
separa por apresentar espigueta uniflora com pálea e lemas membranosos. Seu potencial forrageiro é
desconhecido.
antécio inferior hermafrodita, pálea e lema presentes, lema inferior glabro e sem aristas; lema com ápice
inteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.
Material examinado: Fazenda Troncão, 16.IV.2007, J. R. Maciel et al. 390 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, J.
R. Maciel et al. 175 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. R. Maciel et al. 431 (UFP, RB).
Comentários: espécie pantropical. No Brasil ocorre na região Nordeste. Foi encontrada em
áreas alteradas e abertas da caatinga. Os sulcos profundos, as nervuras proeminentes e os espinhos
tuberculados tornam esta espécie facilmente caracterizável. Seu potencial econômico é desconhecido.
56.34. Urochloa fusca (Sw.) B.F. Hansen & Wunderlin, Novon 11(3): 368. 2001.
Ervas anuais, cespitosas; colmo 32-60cm, ereto. Bainha foliar glabra; lígula 1,5mm, ciliada;
lâmina foliar 9-20x0,8-1cm, linear-lanceolada, aguda, glabra. Inflorescência panícula típica, laxa,
hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 2,4-2,6x1,4-1,6mm, acrópeta, 2 antécios, elíptica, pareadas,
amarela; gluma inferior presente, 3-5 nervada, glabra; gluma superior 7-nervada, mútica, glabra; antécio
inferior neutro, lema presente, pálea ausente; lema inferior glabro e sem aristas; antécio superior
hermafrodita, estramíneo, rugoso, lema superior com ápice inteiro, ápice do lema não voltado para fora
da espigueta, pálea sem cílios evidentes.
Material examinado: Cacimba Nova, 30.III.2006, J. R. Maciel 150 (UFP, RB).
Comentários: nativa de ampla distribuição, sendo encontrada desde os EUA até o Brasil. Foi
coletada em áreas alteradas. Dentre as espécies aqui tratadas se caracteriza pela inflorescência piramidal
e pelo tamanho das espiguetas que é menor que as demais. Seu potencial forrageiro é bom, mas não
tem usos na região.
56.35. Urochloa mollis (Sw.) Morrone & Zuloaga, Darwiniana 31: 85. 1992.
Ervas anuais, cespitosas; colmo 28-45cm, ereto. Bainha foliar pubescente; lígula 1-1,5mm,
ciliada; lâmina foliar 3,8-10x0,7-1,5cm, lanceolada, aguda, pubescente. Inflorescência panícula
típica, laxa, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 3,5-4x2-2,8mm, acrópeta, 2 antécios, pareada,
elíptica, estramínea; gluma inferior presente, 5-nervada, pubescente; gluma superior 5-nervada, mútica,
pubescente; antécio inferior neutro, lema presente, pálea ausente; lema inferior glabro e sem aristas;
antécio superior hermafrodita, estramíneo, rugoso, lema superior com ápice inteiro, ápice do lema não
voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.
Material examinado: Areia Malhada, 16.IV.2007, D. Araújo et al. 224 (UFP, RB, MO); Cacimba Nova,
30.III.2006, J. R. Maciel et al. 145 (UFP, RB, MO); Fazenda Troncão, 16.IV.2007, J. R. Maciel et al. 392 (UFP, RB, MO).
Comentários: nativa, ocorrendo desde o México até a Bolívia. Foi coletada em áreas alteradas,
bordas de estrada e de mata. Diferencia-se das demais espécies do gênero aqui tratadas pelo tamanho
das espiguetas, que é a maior. Seu potencial forrageiro é bom, mas não foram observados usos desta
espécie no município.
56.36. Urochloa plantaginea (Link) Webster, Syst. Bot. 13: 607. 1988.
Ervas anuais, cespitosas; colmo 30-57cm, ereto. Bainha foliar glabra; lígula ciliada 1mm;
lâmina foliar 9-15x0,7-1cm, linear-lanceolada, glabra, aguda. Inflorescência panícula típica, laxa
hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 3x1,3-1,5mm, acrópeta, 2 antécios, pareadas, elíptica,
estramínea; gluma inferior presente, 3-5 nervada, glabra; gluma superior 7-nervada, mútica, pubescente;
antécio inferior neutro, pálea e lema presentes; lema inferior glabro e sem aristas; antécio superior
hermafrodita, estramíneo, rugoso, lema superior com ápice inteiro, ápice do lema não voltado para fora
da espigueta, pálea sem cílios evidentes.
Material examinado: Cacimba Nova, 30.III.2006, J. R. Maciel et al 151 (UFP, RB, MO).
Comentários: nativa, americana, ocorrendo desde os EUA até o Sul do Brasil. Dentre as
espécies aqui tratadas se aproxima de U. fusca, mas pode ser facilmente reconhecida pelas espiguetas
maiores. Seu potencial forrageiro é bom, mas em Mirandiba a espécie não é utilizada.
57. Polygalaceae
Juliana Santos Silva & Margareth Ferreira de Sales
MARQUES, M.C.M. 1979. Revisão das espécies do gênero Polygala L. (Polygalaceae) do estado
do Rio de Janeiro. Rodriguésia, 31(48): 69-339.
MARQUES, M.C.M. & GOMES, K. 2002. Polygalaceae. In: WANDERLEY, M.G.L.;
SHEPHERD, G. & GIULIETTI, A.M. (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo, 2:
229-259.
MARQUES, M.C.M. & PEIXOTO, A.L. 2007. Estudo taxonômico de Polygala subgênero
Ligustrina (Chodat) Paiva (Polygalaceae). Rodriguésia, 58(1): 95-146.
57.2. Polygala paniculata L., Syst. nat. ed. 10. 2: 1154. 1759. Prancha 28, fig. A-E.
Ervas, eretas, 15-40cm de alt. Folhas alternas, glabrescentes; lâmina 10,4-12,6x0,8-1mm,
membranácea, linear, base arredondada, ápice mucronado, margem revoluta; pecíolo 0,5-0,7mm compr.
Inflorescência racemosa, terminal; brácteas caducas. Flores róseas, glabrescentes; pedicelo ca. 1mm
compr., glabro; sépalas externas abaxiais 1-1,1mm compr., elípticas; adaxial 1,3-1,4mm compr., rômbica,
ápice agudo a arrendondado, margem íntegra; sépalas internas 3,4-4mm compr., elípticas, curtamente
ungüiculadas, ápice redondo; pétalas laterais 2,8-3mm compr., elípticas, ápice arrendondado; carena
cristada; estames 8, filetes livres 0,1-0,2mm compr., antera poricida; ovário 0,4-1mm compr., elipsóide,
estilete ereto, terminando em uma cavidade pré-estigmática cimpiforme, extremidade superior com
apêndice evidente. Fruto cápsula 3-4x0,8-1mm, elipsóide; sementes 2-2,5mm compr., elipsóides,
apendiculadas, pilosas.
Material examinado: Fazenda Baixa Grande, 19.IV.2007, J. R. Maciel et al. 452 (UFP). Serra das Umburanas,
18.IV.2007, K. Mendes et al. 9 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, L. L. Santos et al. 246 (UFP).
Comentários: ocorre desde os Estados Unidos até a Argentina, incluindo Antilhas. No Brasil
é referida para as regiões Norte, Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste nas matas de restinga e em áreas
perturbadas. Vassourinha ou barba-de-são-pedro, como é popularmente conhecida, pode ser distinguida
pelas folhas lineares, flores róseas, carena cristada e estilete ereto. Tem um forte potencial econômico,
principalmente para indústria farmacêutica, devido à presença de cumarinas, saponinas, salicilato de
metila e de óleo essencial em suas raízes e folhas. É utilizada no tratamento da asma, bronquite crônica
57.3. Polygala violacea Aubl., Hist. Pl. Guiane 2: 735. 1775. Prancha 28, fig. F-J.
Ervas, eretas, 1,8-30cm alt. Folhas alternas; pecíolo 1-2,5mm compr., velutino-viloso; lâmina
3-4,2x1,3-2,1mm, membranácea, elíptica, base aguda, ápice mucronulado, face abaxial velutina, adaxial
velutino-pubescente.
Inflorescência racemosa, terminal ou supra-axilar; brácteas 1-2mm compr., triangulares.
Flores liláses; pedicelo 1,2-2mm compr., pubescente a glabro; sépalas externas duas, unidas, 2mm
compr., elípticas, ápice agudo, margem glanduloso-ciliada; sépalas internas 3-3,2mm compr.,
orbiculares, curtamente ungüiculadas, ápice emarginado; pétalas laterais 2,8-4mm compr., obovadas,
ápice arredondado, vilosa na base, carena cuculada, ápice simples; estames 8, filetes livres, 1,5-2,5mm
compr., antera poricida; ovário 1-1,3mm compr., orbicular; estilete curvo, tufo de tricomas próximo ao
estigma. Fruto cápsula 3,5-4x2,5-3mm, elipsóide; sementes 3-4mm compr., oblongas, apendiculadas,
velutinas.
Material examinado: Fazenda Areias, 31.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1472 (UFP); Fazenda Troncão,
16.IV.2007, M. T. Vital et al. 89 (UFP); Serra do Tigre, 30.III.2006, K. Pinheiro et al. 72 (UFP); Serra do Tigre, 31.V.2006, J. R.
Maciel 489 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. S. Silva et al. 189 (UFP, PEUFR); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, L.
L. Santos et al. 243b (UFP, PEUFR, MO); Serrotinho, 31.III.2006, M. F. A. Lucena et al. 1184 (UFP).
Comentários: espécie com distribuição na América do Sul (Brasil, Bolívia, Equador, Guiana
e Venezuela) e na América do Central (Cuba). No Nordeste, ocorre nos estados da Bahia, Ceará,
Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte, principalmente, em áreas com algum grau de antropização.
No município de Mirandiba, cresce em vegetação de caatinga arbustiva sobre solo areno-quartzoso
profundo. Distingue-se de Polygala paniculata pelas suas folhas elipíticas, flores lilases, carena com ápice
simples e pelo estilete curvo com um tufo de tricomas próximo ao estigma. O chá de suas raízes é
bastante utilizado no tratamento da tosse, diarréia e das hemorróidas.
58. Polygonaceae
Efigênia de Melo
Ervas, arbustos, árvores ou trepadeiras lenhosas, caule articulado, com nós marcados,
freqüentemente ocos. Folhas simples, alternas, membranáceas, cartáceas ou coriáceas, ócrea tubulosa,
borda truncada, inteira, freqüentemente caduca, deixando cicatriz na base do pecíolo. Inflorescência
tirso ou diplotirso, racemiforme ou paniculiforme, ereta, multiflora, glabra ou pubescente. Flor
pouco vistosa, monoclamídea ou diclamídea, trímera ou pentâmera, perianto tepalóide, bissexuada
ou unissexuada por aborto, pedicelada ou subséssil; tépalas 3-6, livres ou soldadas na base, brancas,
Prancha 28. Figuras A-E. Polygala paniculata A. Hábito. B. Flor. C. Fruto. D. Gineceu. E. Semente.
Figuras F-J. Polygala violacea. F. Ramo. G. Flor. H. Gineceu. I. Fruto. J. Semente
esverdeadas ou vináceas, pétalas reduzidas ou vestigiais, estames 6-9, rara vezes mais, carpelos 2-3,
ovário súpero, trígono-ovalado, unilocular, uniovulado, estiletes 2-3, livres ou unidos; estigmas capitados
ou decorrentes. Fruto antocarpo, seco ou carnoso, indeiscente, cálice persistente na frutificação.
Polygonaceae apresenta 43 gêneros e 1100 espécies (Judd et al. 2002) de ampla distribuição
geográfica, em regiões tropicais e temperadas. No Brasil foram registrados nove gêneros com espécies
nativas ou espontâneas. Na região semi-árida ocorrem 29 espécies, sendo 18 de Coccoloba, seis de
Polygonum, uma de Rumex, três de Ruprechtia e uma de Triplaris.
58.1. Triplaris gardneriana Wedd, Ann. Sci. Nat. 13: 265. 1849.
Árvores, 4-15m alt.; ramos glabros, nós delineados, sem espessamento, entrenós fistulosos.
Folhas 9-14x3-5cm, lâmina elíptica a oval-lanceolada, ápice agudo, base arredondada às vezes,
assimétrica, margem plana, raro ondulada, cartácea a subcoriácea, face adaxial glabra a esparsamente
pubescente, nervação plana, face abaxial pubérula ou pubescente, nervação proeminente; ócreas
2-5cm compr., caducas; pecíolo 1-2cm compr., glabro ou esparsamente pubescente. Inflorescência
diplotirsos, paniculiformes, densifloros 10-30cm compr., raque pubescente, pedicelos 2-3mm compr.,
exclusos; brácteas 1-1,5mm compr., triangulares, densamente pubescentes; ocréolas 3-5mm compr.,
campanuladas, membranáceas, glabras ou pubescentes. Flores 2-3,5mm compr., unissexuadas, perianto
unido na base, flor estaminada, hipanto tubuloso, estames 9, epitépalos, exclusos; flor pistilada 2-5mm
compr., hipanto tubuloso-campanulado, pétalas vestigiais, estiletes inclusos. Fruto 2-4,5cm compr.,
pseudosâmara, cálice frutificado expandido, trialado, tubo do cálice envolvendo o pericarpo, glabro
ou pubescente, alas espatuladas, verde-amareladas ou vináceas; pericarpo trígono-ovalado, tricostado;
pedicelos frutificados 3-5mm compr., não engrossado.
Material examinado: Salinas, 04.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1622 (UFP, HUEFS).
Comentários: espécie de ampla distribuição na América do Sul, Argentina, Paraguai, Peru e
Brasil, onde ocorre nos estados de Pernambuco, Ceará, Goiás, Maranhão, Alagoas, Bahia, Piauí, Mato
Grosso, Minas Gerais e Paraná. Na Caatinga é freqüente em planícies inundáveis de rios temporários
e matas ciliares, em altitudes de 300-500 metros. Conhecida popularmente na região Nordestina como
“pajeú”. Floresce e frutifica entre maio e setembro.
59. Pontederiaceae
Polyhanna Gomes & Marccus Alves
Ervas, anuais ou perenes, aquáticas flutuantes, livres ou fixas, emersas ou submersas. Folhas
simples, alternas, cordadas à lineares, sésseis ou pecioladas. Inflorescências unifloras, espiciformes,
paniculadas ou umbeliformes, 1-200 flores, terminais ou axilares, hipsófilo presente. Flores trímeras;
zigomorfas ou actinomorfas, azuis, amarelas, brancas, róseas ou lilases; tépalas 6, soldadas na base;
estames 3-6, epipétalos, heterostilia comum; ovário súpero, tricarpelar, placentação parietal ou basal,
óvulos 1-muitos. Frutos cápsulas ou nucóides; sementes ovado-truncadas, testa lisa ou ornamentada.
Pontederiaceae possui 6-9 gêneros e 30-35 espécies, sendo representada no Brasil por
aproximadamente 18 espécies pertencentes a 4 gêneros (Gomes 2000). Em Mirandiba, a família é
representada por 4 espécies, distribuídas em 2 gêneros. De acordo com Barret (2004) e Castroviejo
& Galán (2007) seus representantes possuem distribuição pantropical com centro de diversidade na
América do Sul, especialmente no Brasil, sendo encontrados em variados ambientes de água doce,
desde rios, lagos a ambientes temporariamente úmidos ou alagados.
59.1. Eichhornia crassipes (Mart.) Solms. in DC., Monogr. Phan. 4: 527. 1883. Prancha
29, fig. A.
Ervas, aquáticas, flutuantes, ca. 13cm alt.. Folhas 2,5-5,5cm, oblongas, ápice obtuso, margem
inteira; pecíolo inflado. Inflorescência 12-12,5cm compr., espiciforme, flores 4-6. Flor séssil, zigomorfa;
tépalas 6, pilosas, lilases a azuis, guia de néctar amarelo e roxo; estames 6, 3 maiores (7-10mm compr.)
e 3 menores (5mm compr.), filete piloso; ovário glabro, estilete 24-25mm piloso, estigma capitado.
Material examinado: Distrito Salinas, 04.X.2006, Y. Melo et al. 101 (UFP); Rio Pajeú, 19.VI.2007, P. Gomes et
al. 304 (UFP, RB).
Comentários: espécie nativa do Brasil, encontrada desde o Pará ao Rio Grande do Sul;
introduzida mundialmente nos trópicos e subtrópicos (Gomes 2000, Horn, 1987). É o único representante
da família com habito flutuante livre (Horn 1987). Apresenta reprodução vegetativa intensa, sendo bem
sucedida na colonização de ambientes aquáticos lênticos (Barret 2004) e eutrofizados (Castroviejo &
Galán 2007). É utilizada como medicinal, ornamental, na alimentação de animais, na obtenção de
celulose e remediador de ambientes aquáticos lênticos (Gomes 2000, Castroviejo & Galán 2007).
Popularmente conhecida como aguapé, baronesa, muriru ou orelha de burro.
59.2. Eichhornia paniculata (Sprengel) Solms. in DC. & C. DC., Monogr. Phan. 4: 530.
1882. Prancha 29, fig. B-E.
Ervas, aquáticas, fixas, 29-47cm alt.. Folhas 11-12x4-6cm, cordadas, ápice obtuso, margens
inteiras; pecíolo delgado, esponjoso. Inflorescência panícula, 7,5-13cm compr., flores 28-30. Flor
pedicelada, zigomorfa; tépalas 6, pilosas, roxas, guia de néctar roxo intenso; estames 6, 3 maiores (8mm
compr.), 3 menores (2mm compr.), filete piloso; ovario glabro, estilete 12mm compr., piloso, estigma
capitado.
Material adicional: PERNAMBUCO: Alagoinha, 29.VII.1995, M. Alves et al. 203-95 (UFP), IV. 1997, F. Melo
s/n° (UFP); Caruaru, VIII.1996, M. Alves et al. 5496 (UFP).
Comentários: espécie comum no Nordeste do Brasil ocorrendo em Alagoas, Bahia, Ceará,
Paraíba e Pernambuco, com ocorrências disjuntas em outros países da América do Sul (Horn 1987).
Ocorre preferencialmente em alagados temporários, formando populações isoladas (Gomes 2000).
Conhecida popularmente como balsa, pavoã, baronesa ou aguapé. Populações da espécie foram
observadas no local de estudo, porém o material coletado encontra-se seriamente danificado.
59.3. Heteranthera limosa Willd., Ges. Naturf. Fr. Neue Schr. 3: 439. 1801. Prancha 29,
fig. F-H.
Ervas, aquáticas, fixas, 5-12cm alt.. Folhas 3-10cm, oblongo-ovóides, ápice agudo a acuminado,
margens inteiras; pecíolo delgado. Inflorescência 2,5-6,5cm compr ., uniflora. Flor séssil, zigomorfa;
tépalas 6, glabras, lilases, guia de néctar amarelo; 3 estames, 1 maior (1,1mm compr.) e dois menores
(5mm compr.), filete piloso; ovário glabro, estilete 10-13mm compr., glabro, estigma capitado.
Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, J. S. Silva et al. 178 (UFP), M. T. Vital et al. 116 (UFP); Serra
das Umburanas, 18.VI.2007, P. Gomes et al. 296 (UFP, RB), 23.VI.2007, Y. Melo et al. 307 (UFP, RB).
Comentários: espécie encontrada em todo continente americano (Horn 1987, Gomes 2000)
amplamente distribuída no Brasil, desde Pará a Rio Grande do Sul (Gomes 2000). Suas folhas apresentam
elevada plasticidade fenotípica (Horn 1987, Gomes 2000). É bastante similar morfologicamente a H.
oblongifolia Mart, distinguindo desta pelo número de flores por inflorescência. O tamanho e a pilosidade
do estilete utilizado por Gomes (2000) como caráter para separá-las não se mostrou útil para delimitação
dos espécimes ocorrentes na área de estudo. Ocorre em áreas temporariamente alagadas.
59.4. Heteranthera oblongifolia Mart. in Roem. & Schult., Syst. Veg. 7: 1148. 1830.
Prancha 29, fig. I- K.
Ervas, aquáticas, fixas, 2-11cm alt.. Folhas 4,5-17cm, oblongo-orbiculadas, ápice acuminado,
margens inteiras. Inflorescência 2-5,5cm, bifloras. Flor 1, séssil, pedicelada; zigomorfa; tépalas 6,
glabras, brancas, guia de néctar amarelo intenso; 3 estames, 1 maior (6mm compr.), 2 menores (4mm
compr.), filetes pilosos; ovário glabro, estilete 7-10mm compr., piloso estigma capitado.
Material examinado: açude nas proximidades da Fazenda Tigre, 17.VI.2007, D.A. Araújo et al. 237 (UFP, RB,
MO), Fazenda Tigre, 17.VI.2007, L.G.R. Souza et al. 37 (UFP), 30.V.2006, K. Pinheiro et al. 151 (UFP, RB).
Comentários: espécie muito comum no Nordeste do Brasil, com distribuição ampla nos
Neotrópicos (América do Sul e América Central) e áreas subtropicais adjacentes (Gomes 2000,
Castroviejo & Galán 2007). Ocorre preferencialmente em ambientes aquáticos lênticos eutrofizados
(Castroviejo & Galán 2007). Em Mirandiba é encontrada em alagados sazonais.
Prancha 29. Figura A. Eichhornia crassipes. Ramo com folhas de pecíolos inflados. B-E. Eichhornia
paniculata. B. Ramo com inflorescência jovem. C. Flor em vista frontal. D. Flor em vista lateral. E. Flor
em vista em corte transversal. F-H. Heteranthera limosa. F. Ramo com inflorescência uniflora
senescente. G. Flor em vista frontal. H. Gineceu com estigma capitado e estilete piloso. I-K.
Heteranthera oblongifolia. I. Ramo com inflorescência biflora senescente. J. Gineceu com estigma
capitado e estilete piloso. K. Androceu com três estames.
60. Portulacaceae
Alexa Araújo de Oliveira Paes Coelho
Ervas suculentas, raramente arbustos ou pequenas árvores, anuais ou perenes, ramos eretos
a prostrados; tricomas axilares curtos a longos, esbranquiçados, raramente ausentes. Folhas simples,
crassas, alternas a subopostas; sésseis a subsésseis; lineares, obovadas, espatuladas, lanceoladas, oblongo-
lanceoladas até oblongo-lineares; base geralmente cuneada a subarredondada; ápice agudo, arredondado
a emarginado. Inflorescências terminais. Flores com cálice 2 (-5) sépalas, verdes, persistentes a
decíduas, escariosas a herbáceas, livres ou unidas na base. Corola 2 (-5) pétalas. Androceu 1-numerosos
estames, livres ou raramente adnatos à corola. Gineceu sincárpico, 2-8 carpelos; ovário unilocular,
multiovulado, placentação central livre ou basal; estiletes unidos na base, 3-10 ramos estigmáticos,
papilosos. Fruto cápsula com deiscência transversal (pixídio) ou valvar; sementes reniformes, escultura
lisa a papilosa, tuberculada ou caliculada.
60.1. Portulaca elatior Mart. ex Rohrb. In: Mart. Fl. bras. 14(2): 302. t.69. 1872.
Prancha 30, fig. A-C.
Ervas, 20-80cm alt., caule ereto, ramificado desde a base. Folhas cilindricas, pecíolo
0,3-0,6mm compr.; tricomas axilares esbranquiçados a amarelados, esparsos a abundantes, nunca
cobrindo as folhas; lâmina 10-25x0,5mm, lineares, ápices obtusos a agudos, glabras, folhas involucrais
5-10. Inflorescência 3-8 flores, sem brácteas. Flores amarelas; sépalas 4-6,5x1,5-2mm, glabras,
obovadas, não carenadas; pétalas 5-7x2-3,5mm, obovadas; estames 10-15; estilete 1-3mm , 5-7 ramos
estigmáticos. Fruto 2-4mm, deiscência transversal, pedicelo 1-1,5mm; sementes tuberculadas, 0,5-
0,8mm, negras.
Material examinado: Estrada para Cacimba Nova, 31.III.2006, K. Pinheiro et al. 88 (UFP, HUEFS); Serra
das Umburanas, 18.IV.2007, J. R. Maciel et al. 437 (UFP, HUEFS); Estrada para Cacimba Nova, 31.III.2006, K. Pinheiro et al.
89 (UFP).
Comentários: ocorre desde as Antilhas até o Brasil, passando pela Venezuela e Colômbia.
No Brasil ocorre em Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco,
Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Sergipe. Portulaca elatior é caracterizada por apresentar
hábito ereto, pouco comum em Portulaca, com caules variando entre 20 e 80cm de altura. O caule
é bastante ramificado desde a base, apresentando cor verde ou avermelhado, neste último caso
quando encontrado em ambientes semi-áridos. As folhas são lineares e pouco suculentas, com um
pecíolo evidente de cerca de 2mm compr. e bem diferenciado pela cor castanha. Além disto, é
possível observar uma nervura central saliente na face abaxial, da base do pecíolo até mais ou menos
cerca de 4mm acima, porém nunca alcançando a porção mediana da lâmina foliar.
60.2. Portulaca halimoides L. Sp. pl. (ed.2): 639. 1762. Prancha 30, fig. D-F.
Ervas, 5-20 cm compr.; caule semi-prostrado a prostrado, ramificado desde a base. Folhas
cilíndricas, pecíolo 0,3-0,8mm compr.; tricomas axilares presentes, abundantes, cobrindo as folhas;
lâminas 6-10x1-1,5mm, oblongas, ápice obtuso a arredondado, glabras; folhas involucrais 4-8.
Inflorescência 2-6 flores, sem brácteas. Flores brancas, amarelas ou rosa- claras; sépalas 2-3,5x1-
3mm, glabras, subcartáceas, não carenadas; pétalas obovadas, 2-4,5x1-1,5mm.; estames 4-18; estilete
1-3mm, 3-6 ramos estigmáticos. Fruto 1-3mm, deiscência transversal, pedicelo 1-1,5mm compr.;
sementes tuberculadas, 0,3-0,5mm, negras, brilho metálico.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro 163 (UFP, HUEFS); Fazenda Tigre, 17.IV.2007,
L. L. Santos et al. 230 (UFP, HUEFS); Fazenda Baixo Grande, 19.IV.2007, Y. Melo et al. 191(UFP, HUEFS); Fazenda Tigre,
17.IV.2007, L. G. R. Souza 22 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. S. Silva 190 (UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, M. T.
Vital et al. 113 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, P. Gomes et al. 292 (UFP); Fazenda Vertentes, 18.IV.2007, M. C. Pessoa
et al. 151 (UFP).
Comentários: Portulaca halimoides ocorre em todo o continente americano desde os Estados
Unidos até o Brasil, passando pela região Andina. No Brasil ocorre principalmente nos estados do
Nordeste e Sudeste e menos freqüentemente nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte. É caracterizada
por possuir o caule bastante ramificado desde a base, principalmente em plantas que ocorrem em
áreas de restinga ou próximo a áreas mais úmidas. A espécie é bem caracterizada pela presença
de flores pediceladas e cápsula com pedicelo desenvolvido, característica muito rara no gênero.
Além do pedicelo desenvolvido, a espécie é facilmente reconhecível por apresentar geralmente 4
pétalas, entre 6-12 estames e pelo tamanho das sementes que geralmente atingem apenas 0,5mm de
comprimento.
60.3. Portulaca mucronata Link., Enum. Hort. Berol.2: 2. 1822. Prancha 30, fig. G-I.
Ervas, 10-25cm alt., caule ereto, ramificado desde a base; raízes espessadas. Folhas cilindricas,
pecíolos 1-3mm compr., tricomas axilares pouco abundantes sem cobrir as folhas, lâminas 15-20x0,5-
10mm, planas, lanceolado-espatuladas, ápice agudo, glabras, folhas involucrais 4-8. Inflorescência
2-5 flores, sem brácteas. Flores amarelas; sépalas 4-8mm compr., glabras, obovais, não carenadas;
pétalas 6-12x3mm, obovadas; estames 10-30; estilete 2-4mm compr., 5-7 ramos estigmáticos. Fruto
2-4mm, deiscência transversal, séssil; sementes 0,3-0,6mm compr., superfície com ornamentação
formada apenas por células esteluladas acinzentadas a negras, discreto brilho metálico.
Material examinado: Fazenda Areias, 31.V.2006, M. F. A. Lucena 1471 (UFP, HUEFS); Estrada para
Cacimba Nova, 31.III.2006, K. Pinheiro et al. 86 (UFP, HUEFS); Fazenda Vertentes, 19.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 152 (UFP);
Sítio Areia Malhada, 20.VI.2007, Y. Melo et al. 224 (UFP).
Comentários: Portulaca mucronata distribui-se na América do Sul, incluindo Venezuela,
Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. No Brasil ocorre do Norte ao Sul, principalmente em locais
arenosos do interior ou em restingas. Geralmente é encontrada em borda de mata. É uma espécie
que apresenta hábito ereto, com caules que podem alcançar 30 cm de altura, raízes espessadas e
discreta pilosidade na axila das folhas. Indivíduos coletados em ambientes semi-ruderais apresentam
porte mais baixo e caule delgado. Outra característica importante da espécie é a superfície lisa das
sementes.
60.4. Portulaca umbraticola Kunth in H.B.K., Nov. Gen. Sp. 6: 58. 1823.
Prancha 30, J-M.
Ervas, anuais, 15-30cm alt.; caule ereto a prostrado, ramificado desde a base. Folhas com
pecíolos 1-2mm compr.; tricomas axilares bastante reduzidos e inconspícuos; lâminas 20-35x10-
15mm, obovais a espatuladas, ápice arredondado a obtuso, algumas vezes chegando a agudo nas
folhas involucrais, glabras; folhas involucrais 2-4. Inflorescência 1-2 flores, brácteas 1-2mm compr.
Flores brancas, amarelas ou púrpuras; sépalas ca. 5mm compr., glabras, dorso levemente carenado;
pétalas 8-15x4-8mm, obovais; estames 20-40; estilete 2-6mm, 5-8 ramos estigmáticos, mesma
coloração das pétalas. Fruto 2-4mm compr, deiscência transversal, pedicelo ca. 0,5mm, parte basal
do pixídio com margem alada, membranácea 0,5-1mm compr.; sementes 0,5-0,8mm, tuberculadas,
superfície externa com células esteluladas, cinzenta a negras.
Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, D. Araújo et al. 231 (UFP).
Comentários: Portulaca umbraticola ocorre em quase todo o continente americano desde os
Estados Unidos até a Argentina, passando pelo México e Antilhas. Freqüentemente é encontrada em
ambientes ruderais, borda de caminho e como invasora de culturas. É uma espécie bem caracterizada
pela presença de uma ala membranácea ao redor do fruto, que chega, algumas vezes, a cobrir o
opérculo. A cor das pétalas pode variar desde amarelo, até branco, rosa, púrpura ou tons de alaranjado.
Os estiletes e estigmas também podem variar de cor, de acordo com a cor das pétalas. Diferencia-se
de P. oleracea pela morfologia do botão floral e do fruto e o tamanho maior das flores.
60.5. Talinum triangulare (Jacq.)Willd., Sp. pl. 2: 862. 1800. Prancha 30, fig. N-O.
Ervas, 15-60cm alt.; caule ereto, glabro, simples ou ramificado. Folhas alternas ou
subopostas, pecíolo 1-1,5mm compr., lâminas 20-100x20-40mm, obovais, ápices emarginados, bases
cuneadas. Inflorescência em cimeiras monocasiais, pedúnculo triangular 2-10cm compr., pedicelo
ca. 1cm compr. Flores róseas; sépalas 4-5x2-3mm, persistentes, obovais; pétalas 7-8x5-6mm;
estames 20-40; estilete 1-2mm compr. Fruto 2-5mm compr. globoso, amarelo, freqüentemente
com pontos avermelhados, deiscência valvar; sementes tuberculadas, superfície levemente estriada,
0,8-1mm compr., marrom-escuras a negras.
Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, L. G. R. Souza 34 (UFP); Serra do Tigre, 30.III.2006,
K. Pinheiro et al. 65 (UFP).
Comentários: a espécie é muito variável quanto ao porte e as folhas. Em relação ao porte,
podem ocorrer plantas pequenas com ca. 15cm de altura ou plantas bem mais altas com ca. 80cm de
altura. As folhas são discolores e podem variar de tamanhos. Talinum triangulare é distinguível de T.
paniculatum principalmente pelo pedúnculo cilíndrico, mas pode também ser diferenciada pela presença
de pontuações avermelhadas na base do fruto e pela inflorescência que nesta espécie constitui uma
cimeira monocasial, enquanto que em T. paniculatum é uma cimeira dicasial. As folhas são utilizadas para
a alimentação humana. (Kissmann & Groth 1995).
Prancha 30. Figuras A-C. Portulaca elatior. A. Hábito. B. Face abaxial da folha. C. fruto. D-F. Portulaca
halimoides. D. Hábito. E. Face abaxial da folha. F. Fruto. G-I. Portulaca mucronata. G. Hábito. H. Face
adaxial da folha. I. Futo. J-M. Portulaca umbraticola. J. Hábito. L. Face adaxial da folha. M. Fruto. N-O.
Talinum triangulare. N. Hábito. O. Fruto.
61. Pteridaceae
Augusto César Pessôa Santiago & Sergio Romero da Silva Xavier
61.1. Adiantum deflectens Mart., Icon. Pl. Crypt.: 94. 1834. Prancha 31, fig. A-B.
Ervas terrestres. Rizoma curto reptante a quase ereto. Frondes 9,0-13cm compr., pecíolo
4,3-5,2cm compr., delgado e glabro, assim como a raque; lâmina foliar 1-pinada, linear a largamente
lanceolada, ambas superfícies glabras e opacas; pinas atingido 1,4cm compr., cuneadas-flabeladas,
pecioladas com articulação nítida no ápice do peciólulo expandido, glabras, as apicais semelhante as
pinas laterais, segmentos estéreis serreados, segmentos férteis divididos em lobos; venação livre, visível
em ambas superfícies, terminando em dentes. Soros lineares a oblongos, retos a ligeiramente arqueados,
vários por segmento, um por lobo; indúsio pouco desenvolvido.
Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 135 (UFP).
Comentários: esta espécie possui grande variedade morfológica, podendo apresentar
reprodução vegetativa através das gemas na raque alongada, podendo ser caracterizada pelas pinas com
parte laminar articulada ao pecíolo. Adiantum deflectens pode ser confundida com A. lunulatum (Roxb.)
Burm, também presente na flora pernambucana, porém distingue-se pelas pinas flabeladas, articuladas,
curto-pecioladas, pela venação terminando em dentes e pelos esporos de cor creme. O gênero Adiantum
é um dos mais representativos na flora pernambucana, com 19 espécies, sendo A. deflectens a única
ocorrente em ambiente de Caatinga, além das áreas de Floresta Atlântica. A espécie é amplamente
distribuída nos Neotrópicos e ocorre em todas as regiões brasileiras. Normalmente está associada ao
ambiente de barrancos, por vezes na presença de rochas, sob a sombra de outras espécies.
61.2. Doryopteris concolor (Langsd. & Fisch.) Kuhn, Bot. Ost-Afrika 3(3): 19. 1879.
Prancha 31, fig. C.
Ervas terrestres. Rizoma curto, compacto, recoberto por escamas bicolores. Frondes até
29,5cm compr.; pecíolos 3-18cm compr., cilíndricos, sulcados, com um feixe vascular em “v”, glabros,
com escamas na base iguais, na forma, às do rizoma; lâmina foliar pedata, bipinatífida a quadripinatífida
na base, glabra nas duas faces, cartáceas, sem gemas na base; venação livre, terminando em hidatóides
na face superior; margem das frondes férteis membranáceas, modificadas em um indúsio, sem venação.
Soros marginais contínuos, às vezes interrompidos no enseio ou ápice; esporângios sobre as terminações
das nervuras.
Material examinado: Serra do Tigre, 31.V.2006, J. R. Maciel 488 (UFP).
Comentários: esta espécie se caracteriza pela venação livre, pecíolo sulcado e glabro e pela
margem da fronde fértil modificada num indúsio. As frondes de D. concolor podem ser consideradas
subdimórficas, mas são iguais em seu contorno, a diferença aparece nas dimensões (maiores nas
frondes férteis). A descrição acima corresponde a variação conjunta das frondes férteis e estéreis do
material examinado. Esta espécie já foi inserida no gênero Cheilantes Sw., mas suas características estão
mais relacionadas como o gênero Doryopteris. Estudos recentes sobre a filogenia da família (Prado et
al. 2007), indicam que estes dois gêneros são parafiléticos, mas D. concolor está fortemente relacionada
com outras espécies da secção Doryopteris. Sua distribuição é pantropical e está presente em todas as
regiões brasileiras. Em Pernambuco ocorre em áreas de Floresta Atlântica e Caatinga, onde é registrada
em condições semelhantes a Adiantum deflectens, porém pode ser encontrada em afloramentos rochosos
mais expostos ao sol.
62. Rhamnaceae
Rita Baltazar de Lima
62.1. Crumenaria decumbens Mart., Nov. Gen. Sp. Pl. 2(1): 68. 1826.
Ervas decumbentes, 20-35cm alt.; ramos cilíndricos, estriados; estípulas 2-3x0,5-1mm,
lanceoladas. Folhas pecioladas; pecíolo 5-1mm compr.; lâmina 10-30x7-15mm, membranáceas, ovais,
base cordada a obtusa, ápice agudo, margem inteira ou serreada na metade proximal, face adaxial glabra,
face abaxial com tricomas ao longo das nervuras. Inflorescências axilares, umbeliformes, geralmente
1-3-flora. Flores monoclinas 2-3mm compr., pedicelo 0,4-0,7mm compr.; hipanto pubescente; lacínios
do cálice 0,5-0,6x0,4-0,5mm; pétalas cuculadas, 0,4-0,6mm compr.; estames 0,3-0,5mm compr., anteras
ovais; ovário 3-carpelar, 3-locular, 3 estiletes, livres na metade distal. Flores díclinas estaminadas
2-3mm compr., pedicelo 0,5-1,3mm compr., morfologicamente similares às flores monoclinas, exceto
os pistilódios, livres no ápice. Frutos esquizocarpos obovados, alados, com tricomas papilosos, 5-6mm
compr., pedicelo 1-2,5mm compr.; mericarpos 4-4,5x3-3,5mm larg.; alas 0,3-0,4mm larg.; sementes
obovais, castanhas, ca. 3x2mm.
Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, C. E. L. Lourenço et al. 262a (UFP, JPB); Fazenda
Tigre, 17.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 127 (UFP, JPB, MO); Serra da Gia, 31.VI.2006, J. R. Maciel 487 (UFP, JPB); Serra do Tigre,
30.V.2006, K. Pinheiro 212 (UFP).
Comentários: ocorre na Caatinga, comumente encontrada em áreas abertas com solos
arenosos. Facilmente reconhecível, quando comparada às demais espécies do gênero, por apresentar as
folhas muito desenvolvidas para o padrão genérico. As demais espécies têm as folhas muito reduzidas
ou são subáfilas. Sem potencial econômico conhecido.
62.2. Ziziphus cotinifolia Reiss. in Mart., Fl. bras. 11(1): 87. 1861.
Árvores ou arbustos, 4-5m alt., espinescentes; ramos tortuosos, castanhos a acinzentados;
espinhos quando jovens pubescentes, passando a glabros; estípulas ovais, precocemente decíduas.
Folhas com pecíolo 3-5mm compr.; lâmina 3-6x2,5-4cm, cartáceas, subarredondadas a ovaia, obtusa
a aguda, raro subcordada ou assimétrica, ápice arredondado a obtuso ou agudo, às vezes emarginado,
margem serreada, face adaxial pubescente a glabrescente, face abaxial velutina a pubescente ou pubérula
ao longo das nervuras. Inflorescência tirsos axilares, congestos, velutinos a pubescentes, multifloras.
Flores monoclinas 4-5mm compr., pedicelo 1,5-2,5mm compr.; sépalas 1,5x1-1,5mm, ápice caloso;
pétalas conchiformes 1,3-1,5mm compr., unhas 0,8-1mm compr.; estames 1,5-1,7mm compr., anteras
ovais; disco nectarífero glabro, crasso; ovário glabro, passando a velutino após a fecundação, 2-carpelar,
2-locular, um óvulo por lóculo; estiletes livres e patentes na metade distal. Frutos drupas elipsóides,
quando recém-formados velutinos, passando a pubérulos e lenticelados.
Material examinado: Estrada para o Sítio Areia Malhada, 16.IV.2007, L. L. Santos et al. 218 (UFP); Serra
das Umburanas, 18.IV.2007, L. G. R. Souza, 33 (UFP, JPB, MO); Serra do Tigre, 08.XI.2007, Y. Melo et al. 113 (UFP, JPB);
17.IV.2007, J. R. Maciel et al. 422 (UFP,JPB); 30.III.2006, K. Pinheiro & M. Alves 56 (UFP); Sem especificação do local, 19.IV.2007,
L. G. R. Souza 44 (UFP).
Comentários: espécie endêmica da Caatinga. Muito semelhante a Z. joazeiro Mart., com a
qual tem sido muito confundida, mas reconhecida pelo porte geralmente menor, folhas geralmente
subarredondadas, frutos imaturos com tricomas. Ziziphus joazeiro, geralmente forma copa mais
expandida, tem as folhas ovaladas e o fruto é glabro em todas as fases de desenvolvimento. Em algumas
áreas as duas espécies ocorrem simpatridamente. Seu potencial econômico é o mesmo atribuído ao Z.
joazeiro, sobretudo para o uso medicinal e forrageiro para o gado bovino e caprino.
63. Rubiaceae
Maria Regina de Vasconcellos Barbosa, Clara Emanuela Lima Lourenço,
Maria do Céo Rodrigues Pessoa & Alena de Sousa Melo
Rubiaceae é uma das famílias mais diversas de Angiospermas, com cerca de 600 gêneros e 13
mil espécies e com ampla distribuição mundial, sendo os dois maiores centros de diversidade a América
Central e a América do Sul. No Nordeste brasileiro há registro de 66 gêneros e 307 espécies, das quais
cerca de 53 espécies ocorrem no Bioma Caatinga, sendo porém, mais de 50% predominantemente de
outros tipos de vegetação que não a caatinga. Em Mirandiba foram reconhecidas 9 espécies, das quais
duas são consideradas endêmicas da caatinga, Guettarda angelica e Mitracarpus longicalyx.
63.1. Borreria dasycephala (Cham. & Schltdl.) Bacigalupo & E. L.Cabral, Op. Bot. Belg.
7: 306. 1996.
Diodia dasycephala Cham. & Schltdl., Linnaea 3: 348. 1828.
Ervas monóicas, eretas, até 25cm alt.; caule cilíndrico ou 4-anguloso, ramificado ou não, verde-
claro, piloso nos primeiros entrenós próximos à base, o restante pubérulo ou glabro; bainha estipular
3-4mm compr., fimbriada, 6-7 lacínias, 2-3mm compr., glabra ou pubérula. Folhas opostas, subsésseis;
lâmina 2-4,5x0,5–1,5cm, membranácea, lanceolada ou oblongo-lanceolada, base atenuada, ápice agudo
a acuminado, margem serrilhada, glabras; nervuras secundárias 3-4 pares, impressas. Inflorescência
glomérulos involucrados, terminais ou axilares, sésseis, multifloros; 2-4 brácteas, 1,1-2,5x0,2–0,5cm,
foliáceas, lanceoladas, com acúleos ao longo da nervura central na face dorsal. Flores andróginas,
sésseis; cálice cupuliforme, denticulado, 2-lobado lateralmente, lobos ca. 2mm compr., filiformes,
pubérulos; hipanto ca. 2mm, pubérulo; corola valvar, infundibuliforme, alva, tubo ca. 2mm compr.,
externamente glabro, internamente com anel de tricomas na porção mediana, lobos 4, ca. 1mm compr.,
deltóides; estames 4, exsertos, inseridos junto à fauce, filetes ca. 0,75mm compr., anteras dorsifixas,
ca. 1mm compr.; estilete ca. 3,5mm compr., exserto, estigma bilobado, disco bilobado glabro, ovário
bilocular, uniovulado. Fruto capsular septicida, mericarpos indeiscentes; sementes elípticas, 2x0,75mm,
lisas, castanhas.
Material examinado: Fazenda Areia Malhada, 20.VI.2007, Y. Melo et al. 301 (UFP); Fazenda Areias, 31.V.2006,
E. Córdula et al. 88 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro & D. Araújo 31 (UFP).
Comentários: Borreria dasycephala ocorre do Equador até o norte da Argentina; no Brasil há
referências para Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, e no Nordeste para o Ceará Maranhão, Paraíba
e Pernambuco. Caracteriza-se pelo cálice com 2 lacínios, estigma bilobado e fruto com mericarpos
indeiscentes. É facilmente confundida com B. verticillata, que também apresenta cálice com 2 lacínios,
mas se diferencia pelo fruto, que nesta última é deiscente desde o ápice.
63.3. Diodella apiculata (Willd. ex Roem. & Schult.) Delprete, Fl. Illustr.
Catar.,Rubiaceas 1: 169. 2004.
Spermacoce apiculata Willd. ex Roem. & Schult., Systema Vegetabilium 3: 531. 1818.
Diodia apiculata (Willd. ex Roem. & Schult. ) K. Schum., Bot. Jahrb. Syst. 10: 313. 1889.
Ervas monóicas, eretas, 20-30cm alt.; caule e ramos angulosos, castanho-estriados, jovens
hirsutos; bainha estipular ca. 2mm compr., fimbriada, 7-12 lacínias, 5-10mm compr., hirsuta. Folhas
opostas, sésseis; lâmina 2,5-3,5x0,3-0,6cm, cartácea, linear-lanceolada, base atenuada, ápice acuminado
ou mucronado, mucron ca. 5mm, margem ciliada, pubérula a escabra; nervuras secundárias 2-4
pares, impressas. Inflorescência glomérulos não involucrados, axilares, sésseis, 1-2-(4) flores. Flores
andróginas, sésseis; cálice 4-lobado, lobos 1,5-2mm compr., subulados, ciliados, pubérulos ou escabros;
hipanto turbinado, 1,5-2mm compr., densamente piloso; corola valvar, infundibuliforme, lilás, tubo
4-7mm compr., pubérulo externamente, internamente com anel de tricomas na base, lobos 4, ca.
1,5mm compr., agudos, pilosos apicalmente no dorso; estames 4, exsertos, presos juntos à fauce da
corola, filetes 0,5mm compr., anteras dorsifixas ca. 1mm, estilete ca. 4 mm compr., glabro, estigma
capitado, bilobado, disco inteiro glabro, ovário bilocular, uniovulado. Fruto esquizocarpo, mericarpos
indeiscentes, lobos do cálice persistentes, 2,5-3x2-3,5mm, obovado, pubescente a híspido; sementes,
1,5-2x1,2-1,5mm, obovais, plano-convexas, com estrias longitudinais.
Material examinado: Fazenda Vertentes, 19.IV.2007, M. C.Pessoa et al. 155 (UFP); L. G. R. Souza 42 (UFP);
Serra do Tigre, 30.III.2006, K. Pinheiro & M. Alves 73 (UFP), 17.IV.2007, E. Córdula et al. 242 (UFP); M. T. Vital et al. 107
(UFP); J. R. Maciel et al. 416 (UFP, JPB, MO); M. C.Pessoa et al. 126 (UFP, JPB); M. C. Pessoa et al. 125 (UFP); Serra das
Umburanas, 18.IV.2007, C. E. L. Lourenço et al. 263 (UFP, JPB).
Comentários: Diodia apiculata tem ampla distribuição na região neotropical, do México até o
Paraguai. No Brasil ocorre em todas as regiões. Caracteriza-se por apresentar esquizocarpos obovados,
com mericarpos indeiscentes.
63.4. Guettarda angelica Mart. ex Müll. Arg., Flora 58: 450. 1875.
Arbustos monóicos, 2-2,5m alt.; ramos cilíndricos, castanhos ou ferrugíneos, lenticelados,
glabros, hirsutos quando jovens; estípulas livres, 5-7mm compr., inteiras, triangulares, caudadas,
externamente hirsutas. Folhas opostas; pecíolo 5-12mm compr., hirsuto; lâmina 6-9x2-4cm, papirácea
a cartácea, lanceolada, base aguda raro obtusa, ápice agudo, margem crenada, discolores, face superior
pubérula, face inferior serícea; 7-9 pares de nervuras secundárias. Inflorescência cimas dicotômicas
axilares não involucradas, pedunculadas, 7-9-(12)flores; pedúnculo hirsuto. Flores andróginas, sésseis;
bractéola floral ca. 5mm, linear, hirsuta; cálice truncado, ca. 2mm compr., com 1 lobo ca. 0,5mm compr.,
arredondado, velutino; hipanto ca. 1mm, globoso, velutino; corola imbricada, hipocrateriforme, alvo-
amarelada, tubo 11-15mm compr., tomentoso externamente e glabro internamente, 5-6 lobos, 4-5mm
compr., oblongos, glabros; estames 5-6, inclusos, junto à fauce, anteras sésseis, dorsifixas, ca. 2,5mm
compr., apiculadas; estilete 9-10mm, incluso, pubérulo, estigma capitado, disco inteiro, piloso, ovário
tetralocular, uniovulado, óvulos pêndulos. Fruto drupa globosa, alva, imatura verde, vilosa; pirênio
6x4mm, globoso.
Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, M. T. Vital et al. 119 (UFP, JPB, MO); M. C. Pessoa
et al. 147 (UFP, JPB, RB, MO); M. C. Pessoa et al. 144 (UFP, JPB, RB, MO). Fazenda Tigre, 17.IV.2007, P. Gomes et al. 290 (UFP,
JPB, RB, MO); Fazenda Troncão, 18.IV.2007, C. E. L. Lourenço et al. 268 (UFP, JPB, RB, MO)
Comentários: Guettarda angelica é comum na caatinga, ocorrendo na Depressão Sertaneja
nordestina do Ceará a Bahia onde é conhecida popularmente como Angélica. É facilmente reconhecida
no campo pelas inflorescências em cimas dicotômicas e pelas drupas globosas.
63.5. Mitracarpus longicalyx E.B. Souza & M.F.Sales, Brittonia 53(4): 482. 2001
(2002).
Ervas monóicas, eretas ou decumbentes, 15-20cm alt.; caule anguloso, ramificado ou não,
castanho, hirsuto; bainha estipular 1-3mm compr., fimbriada, 7-9 lacínias lineares, hirsuta. Folhas
opostas, sésseis; lâmina 1,8-3x0,4-0,8cm compr., papirácea ou cartácea, elíptica ou lanceolada, base
atenuada, ápice agudo, margem ciliada, escabras; 3-4 nervuras secundárias indistintas. Inflorescência
glomérulos involucrados, terminais ou axilares, sésseis, multifloros; 4 brácteas 2-2,5x0,7-1,6cm, foliáceas,
elípticas, hirsutas ou híspidas. Flores andróginas, sésseis, bractéolas laciniadas ca. 3mm compr.; cálice
4-lobado, 2 maiores 3-4mm compr., vináceos no ápice, 2 menores 2-3mm, hialinos, paleáceos, margem
ciliada; hipanto turbinado 1-1,5mm; corola valvar, hipocrateriforme, alva, tubo 3-4mm, externamente
pubérulo ou glabrescente, internamente com anel de tricomas no terço inferior, lobos 4, 1-1,5mm
compr., triangulares, pubérulo-papilosos externamente, glabros internamente; estames 4, exsertos,
presos juntos à fauce, anteras subsésseis, dorsifixas, ca. 1mm; estilete filiforme bífido, exserto, 3-5mm
compr., glabro, ramos 0,8-1mm compr., estigma papiloso, disco inteiro, glabro, ovário bilocular,
uniovulado, óvulos basais. Fruto cápsula circuncisa, separando-se em duas partes, a apical caduca, com
o cálice persistente, 2x1mm, oblonga, glabra; sementes obovóides, 0,7-1x0,4-0,5mm, plano-convexas,
face ventral com depressão em forma de X prolongando-se na face dorsal em duas depressões semi-
circulares apicais.
Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.07, M. C. Pessoa et al. 149 (UFP, JPB, RB, MO); C. E. L.
Lourenço et al. 265 (UFP). Mirandiba, 18.IV.07, D. Araújo et al. 248 (UFP).
Comentários: Mitracarpus longicalyx foi descrita como típica de caatingas com solos arenosos,
com ocorrência nos estados da Bahia, Ceará, Pernambuco e Piauí. Distingue-se das demais espécies de
Rubiaceae em Mirandiba, pelo tipo de fruto, e de M. scabrellus, pelas sementes com depressões semi-
circulares dorsais.
63.7. Richardia grandiflora (Cham. & Schltdl.) Steud., Nomencl. Bot. ed. 2: 459.
1841.
Richardsonia grandiflora Cham. & Schltdl., Linnaea 3: 351. 1828.
Ervas ou subarbustos prostrados, monóicos, 20-60cm alt.; ramos tetrágonos, flexuosos,
hirsutos; bainha estipular ca. 3mm, fimbriadas, 6-8 lacínios ciliados, hirsuta. Folhas opostas; pecíolo
4-5mm compr., hirsuto; lâmina 2-5x0,5-2cm, membranácea, lanceolada, base atenuada, ápice agudo,
margem inteira, escabra a híspida em ambas as faces; 2-3 pares de nervuras secundárias. Inflorescência
glomérulos involucrados capituliformes, terminais, sésseis, multifloros; 4 brácteas, 1-2,5x0,5-1cm,
foliáceas, ovadas, escabras a híspidas. Flores andróginas, sésseis; bractéolas 2-3x1-2mm, lineares,
glabras; cálice 6-lobado, lobos 6-7mm compr., acuminados, ciliados, híspidos ou escabros; hipanto
1,5-2mm compr., papiloso; corola valvar, infundibuliforme, lilás, tubo 10-20mm compr., glabro
externamente, internamente com um anel de tricomas no terço inferior, lobos 6, ca. 5mm, triangulares,
pilosos no ápice; estames 6, exsertos, presos junto à fauce, filetes ca. 1mm compr., anteras 1,5-2mm
compr.; estilete exserto, 10-20mm, trífido no ápice, glabro; estigma coleariforme; disco inteiro, glabro;
ovário trilocular, uniovulado. Fruto esquizocarpo 1,2-1,5x1-1,2mm, obovóide ou oblongo, mericarpos
indeiscentes, muricado-papilosos na face dorsal; sementes 0,5-1mm compr., plano-convexas, semi-
cilíndricas, sulcadas na face ventral.
Material examinado: Fazenda Areias, 31.V.2006, E. Córdula et al. 87 (UFP); Sítio Areia Malhada, 21.VI.2007,
Y. Melo et al. 229 (UFP); Fazenda Vertentes, 19.IV.2007, M. C.Pessoa et al. 154 (UFP, JPB); L. G. R. Souza 41 (UFP); Estrada para
o Sítio Areia Malhada, 16.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 116 (UFP, JPB); Fazenda Baixa Grande, 19.IV.2007, M. T. Vital et al. 133
(UFP, JPB); Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1436 (UFP).
Comentários: Richardia grandiflora ocorre do Brasil até o nordeste da Argentina. No Brasil,
é uma espécie freqüente em todas as regiões. Caracteriza-se por apresentar inflorescências capitadas
terminais, com brácteas involucrais, corola hexâmera, ovário trilocular, estilete trífido e frutos separando-
se em três mericarpos indeiscentes papilosos.
63.8. Staelia virgata (Link ex Roem. & Schult.) K. Schum., in Mart., Fl. bras. 6(6): 76.
1888.
Spermacoce virgata Link ex Roem. & Schult., Syst. Veg. 3: 281. 1818.
Ervas ou subarbustos monóicos, eretos ou prostrados, 20-50cm alt.; ramos cilíndricos ou
tetrágonos (jovens), estriados, amarelo-esverdeados, vilosos; bainha estipular 2,5-4mm, fimbriada, 5-8
lacínias glandulares, 1-4mm, pubérula a hirsuta. Folhas opostas cruzadas, sésseis; lâmina 2-4,6x0,3-1cm,
membranácea, linear a estreitamente elíptica, base atenuada, ápice agudo, margem revoluta, glabras ou
glabrescentes, estrigosa ou escabra nas nervuras; 2-3 pares de nervuras secundárias. Inflorescência
glomérulos involucrados, axilares, sésseis, multifloros; brácteas 2, 2,0-4x0,3-0,5cm, foliáceas, linear-
lanceoladas, escabras. Flores andróginas, sésseis; bractéolas 1-2mm, lineares, glabras; cálice 2-lobado,
lobos subulados ca. 2mm compr., pubérulos; corola valvar, infundibuliforme, alva ou rosada, tubo
4-6mm, pubérulo externamente, internamente com um anel de tricomas no terço inferior, 4 lobos,
1-2mm, oval-triangulares, pubescentes no ápice; estames 4, exsertos, inseridos junto à fauce da corola,
filete ca. 1mm, anteras 0,7-1mm compr.; hipanto turbinado, ca. 1mm compr., estrigoso ou viloso; estilete
bífido, 5-8mm compr., glabro; estigma papiloso, disco inteiro, glabro, ovário bilocular, uniovulado.
Fruto cápsula com deiscência transverso-oblíqua, 1,1x1mm oblonga ou obovada, separando-se em
duas porções independentes, coroadas pela sépala correspondente, escabra; sementes 1-1,2x0,5-0,7mm,
plano-convexas, semi-cilíndricas, sulcadas ao redor do estrofíolo.
Material examinado: Estrada para o Sítio Areia Malhada, 16. IV. 2007, M. C. Pessoa et al. 115 (UFP, JPB, RB,
MO); D. Araújo et al 210 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 146 (UFP, JPB); Serra do Tigre, 31.V.2006,
J. R. Maciel 490 (UFP, JPB).
Comentários: Staelia virgata ocorre na Bolívia, Brasil, Argentina e Paraguai, sendo uma espécie
de ampla distribuição no Brasil. Em Pernambuco ocorre desde o litoral até o sertão. Difere das demais
espécies que ocorrem em Mirandiba pelos frutos de deiscência transverso-oblíqua.
63.9. Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K. Schum., in Mart., Fl. bras. 6(6): 347.
1889
Gardenia formosa Cham. & Schltdl., Linnaea 4: 200. 1829.
Arbustos ou arvoretas, monóicas, ca. 2m alt.; ramos cilíndricos, estriados, cinza, glabros,
quando jovens castanhos, tomentosos; estípulas livres, 4-5mm compr., inteiras, deltóides, ápice
acuminado, externamente pubérulas, internamente com coléteres. Folhas opostas; pecíolo canaliculado,
0,8-1,3cm compr., tomentoso; lâmina 9-15x5-7cm, cartácea, largamente lanceolada, raro lanceolado-
obovada, base aguda, ápice agudo ou curto acuminado, margem inteira, face abaxial lanosa, face adaxial
vilosa; 7-11 pares de nervuras secundárias. Inflorescência dicásios compostos, terminais, 3-7 flores;
pedúnculo 1,5-4cm; bráctea deltóide, 1-3mm compr.. Flores andróginas, sésseis; bractéolas deltóides,
1-2mm compr.; cálice campanulado, 1-2mm, denteado, dentes 5, ca. 1mm compr., pubérulo; hipanto
7-8mm compr., velutino; corola imbricada, contorta, hipocrateriforme, amarela, tubo ca. 10cm compr.,
externamente velutino, internamente glabro, exceto na fauce, 5-lobada, lobos 2-3cm compr., obtusos,
crassos, pubérulos externamente; estames exsertos, inseridos na fauce, anteras sésseis, dorsifixas, ca.
1cm compr., curtamente apiculadas; estilete glabro, estigma bilamelar; ovário bilocular, pluriovulado,
disco inteiro, glabro. Fruto anfissarcídio bacóide, 3,5-5,5x3-4,5cm, globoso ou subgloboso, pericarpo
firme, estriado; sementes envolvidas por polpa carnosa, 0,8-1,2cm compr., planas, lisas.
Material examinado: Próximo a Serra das Umburanas, 18.IV.2007, P. Gomes et al. 297 (UFP, JPB, RB, MO).
Material adicional : PARAÍBA: São José dos Cordeiros, Fazenda Almas, 23.III.2003, I. B. Lima et al. 90 (JPB).
Comentários: Tocoyena formosa tem distribuição neotropical, do Suriname ao Paraguai. No
Brasil, encontra-se em todas as regiões, em vários tipos de vegetação. Caracteriza-se por apresentar
folhas tomentosas e anfissarcídios bacóides globosos, rígidos.
64. Salicaceae
Tiago Arruda Pontes, Maria de Fátima Araújo Lucena, Jefferson
Rodrigues Maciel & Marccus Alves
65. Santalaceae
Maria de Fátima de Araújo Lucena & Tiago Pontes Arruda
BURGER, W. & KRUIJT, J. 1983. Loranthaceae. In: W. BURGER (ed.). Flora Costaricensis.
Fieldiana Botany 40(13): 58, 29-58.
KUIJT, J. 2003. Monograph of Phoradendron (Viscaceae). Systematic Botany Monographs,
66: 1–643.
WATSON, L. DALLWITZ, M. J. 1992. onwards. The families of flowering plants:
descriptions, illustrations, identification, and information retrieval. Version: 9th September 2008.
Disponível em: http://delta-intkey.com. acessado em 30 de outubro de 2008.
65.1 Phoradendron affine (Pohl ex DC.) Engler & K.Krause, Nat. Pflaz. 166: 191.
1935.
Hemiparasitas aéreas, inermes, dióicas; ramos angulosos, dicasiais, estriados, glabros. Folhas
inteiras, obovadas a elípticas, opostas, 2-4x1-1,5cm, membranáceas, glabras, ápice mucronado, base
atenuada. Brácteas e bractéolas anelares, crassas, persitentes, margens bidentadas. Inflorescência
espiga, axilar, (1-2), por axila, eixo floral composto de 2-4 conjuntos de espigas secundárias. Flores
unissexuais, monoclamídeas. Flores masculinas na base das espigas e menores que as pistiladas, ca. 1mm
diâm.; cupuliformes, verruculosas, sépalas-3, deltóides, semi-crassas, pubescentes; estames-3, sésseis,
ca. < 1mm compr., epissépalos, tecas transversas. Flores femininas na porção distal das espigas, ca.
2mm diâm., cupuliformes, verruculosas, sépalas-3, 2-3mm compr., semelhantes às estaminadas; ovário
súpero, plano-achatado, obopiriforme mucilaginoso, estilete diminuto, estigma capitado, protuberante.
Fruto não observado.
Material examinado: Estrada para Cacimba Nova, 31.III.2006, K. Pinheiro et al. 82 (UFP); Serra das Umburanas,
10.II.2007, Y. Melo et al. 129 (UFP); 18.IV.2007, L. G. R. Souza 29 (UFP); Serra do Tigre, 02.X.2006, K. Pinheiro 199 (UFP);
Serra do Tigre, 31.V.2006, K. Pinheiro 193 (UFP); Vertentes, 19.IV.2007, P. Gomes et al. 300 (UFP).
Comentários: Gênero exclusivamente neotropical com ca. 240 espécies (Kruijt, 2003);
estendendo-se às zonas temperadas dos Estados Unidos a Argentina (Burger & Kruijt 1983). Diferencia-
se de Dendrophthora Eichler pela presença de anteras biloculares, flores sempre dispostas em fileiras
múltiplas, longitudinais e regulares nos entrenós. Em Mirandiba, Phoradendron affine habita a copa de
árvores diversas. Foi registrada em áreas de caatinga arbustiva densa ou arbórea-arbustiva com altitudes
proximas a 500msm. As flores apresentam coloração amarelo-alaranjada.
66. Sapindaceae
Marcondes Albuquerque de Oliveira
Lianas, árvores, raro arbustos e ervas. Folhas alternas, 3-folioladas, bi ou triternadas, raro
pinadas ou simples, com ou sem estípulas. Inflorescência, tirsos, corimbos ou panículas terminais ou
axilares, com gavinhas terminais. Flores em geral diminutas, actinomorfas ou ligeiramente zigomorfas,
diclamídeas, dialipétalas, dialisépalas, tetrâmeras ou pentâmeras, com peças de tamanhos diferentes,
branco-esverdeadas, unissexuais ou hermafroditas; estames geralmente 8, livres, e em geral disposto
em um único lado da flor, anteras dorsifixas ou basifixas; ovário súpero, 3-locular, óvulos de 1-2 por
lóculo, estigma de 1-3, estilete terminal ou ginobásico, central ou excêntrico, geralmente 3-lobulado;
disco glandular diversificado entre as pétalas e os estames. Fruto cápsula, drupa ou sâmara; sementes
globóides ou comprimidas, ariladas ou não.
66.1. Allophylus quercifolius (Mart.) Radlk. Nat. Pflanz. 3(5): 312. 1895.
Arvoreta, 4-5m alt.; caule principal cilíndrico, cinéreo, comumente lenticelado, tricomas
seríceos e hialinos quando jovens. Folhas trifolioladas; pecíolo 1-4cm compr., folíolo central 2-7,7x1-
3cm, base atenuada, ápice agudo, margem duplo-serrada à largamente denteada, revoluta; folíolos
laterais 1-3x0,7-1,5cm, adaxialmente tomentosos, abaxialmente lanosos, nErvasção eucamptódroma,
membranáceos. Inflorescência tirsos axilares, pedúnculo ca. 1,2cm compr., bracteado. Flor masculina
pedicelo ca. 2mm compr.; sépalas 4, externas 2, 1,5-2mm compr., ovais ou obovais, membrano-coriáceas,
internas 2, 1,2-1,5mm compr., ovais, côncavas, ambas indumentadas dorsalmente; pétalas 4, 1-1,5mm
compr., espatuladas, membranáceas, dorsalmente estrigosas; estames 6-7, 2-2,5mm compr., filetes,
indumentados, anteras menores 1mm, rimosas, dorsifixas; flor feminina ovário ca. 1mm diâm.; estilete
1, estigma bífido; disco nectarífero achatado ou ligeiramente ondulado. Fruto drupa, 3-6x2,5mm,
ovóide, alaranjado a avermelhado quando maduros; sementes 1-4x2-3mm, ovóides a obovóides,
adnadas basalmente.
Material examinado: Serra das Umburanas, Alto dos Correios, 10.II.2007, Y. Melo et al. 132 (UFP).
Material adicional: PERNAMBUCO: Floresta, Res. Biol. Serra Negra, 08.III.1995, S. S. Lira 15 (PEUFR).
Comentários: Allophylus é tido como pantropical apresentando cerca de 200 espécies
(Reitz 1980), das quais 25 são registradas no Brasil (Radlkofer 1900).Allophylus quercifolius está restrita
a região Nordeste, sendo encontrada nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Sergipe e Pernambuco.
Em Mirandiba foi encontrada crescendo em solos arenosos e próximos a afloramentos rochosos. É
facilmente reconhecida pelo hábito arbóreo, folíolos de margem partida e tirsos diminutos. Conhecida
vulgarmente pelos nomes de goiaba-brava (Pernambuco) e pau-de-vaqueiro (Sergipe).
66.2. Cardiospermum corindum L., Sp. pl. ed. 2, (1): 526. 1762.
Lianas; ramos de 5-7 sulcados, verdes a amarronzados,,tricomas híspidos; estípulas 2, ca. 1mm
compr., triangulares, extra-axilares. Folhas tri-ternadas, ráquis alado, pecíolo 2-2,5cm compr., cilíndrico;
foliólulos séssil; folíolo central 2-6,5x1-2,5cm; folíolos inferiores 1,0-3,5x0,5-2,0cm, ovais a obovais;
base atenuada e assimétrica, ápice acuminado a agudo, margem partida ou esparsadamente denteada,
adaxialmente pubescente, abaxialmente denso-piloso, nervação eucamptódroma, membranáceos.
Inflorescência corimbos axilares, eixo 1-10cm compr., pedúnculo 2-3mm compr., brácteas e bractéolas
ca. 1mm compr., triangulares, basalmente indumentadas. Flores masculinas sépalas 4, externas 2,
menores que 2mm comp., obovais, subcoriáceas, internas ca. 4mm comp., obovais, membranáceas,
glabrescentes; pétalas 4, ca. 3mm compr., obovais, glabras, dois pares de escamas dimorfas conadas
às pétalas, membranáceas; estames 8, duas classes de alturas, maiores 3, ca. 3mm compr., menores 5,
ca. 2mm compr., excêntricos, pilosos, alvos; anteras menores que 1mm. Flores femininas ovário ca.
2mm diâm., estilete 1, ca. 1mm compr., plumosos; glândulas nectaríferas 2, dentiformes. Fruto cápsula,
2-3,0x1,5-2cm, inflada, globosa a esférica, cartácea, castanho-claro; cálice persistente, pubescentes;
sementes 2-3mm diâm., cordiformes, situadas na parte central dos frutos, glabras, negrescentes.
Material examinado: Estrada para o Sítio Areia Malhada, 16.IV.2007, fl, K. Mendes et. al. 02 (UFP); Idem,
16.IV.2007, fl, D. Araújo et al. 212 (UFP); estrada para Cacimba Nova, 31.III.2006, fl, fr, K. Pinheiro & M. Alves 85 (UFP); Fazenda
Baixa Grande, 19.IV.2007, fl, fr, M .T. Vital et al. 134 (UFP); Serra da Gia, 31.V.2006, fl, fr, J. R. Maciel 491 (UFP); Fazenda
Vertentes, 19.IV.2007, fl, fr, L. L. Santos et al. 267 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, bt, E. Córdula et al .254 (UFP);
66.3. Serjania glabrata Kunth., Nov. Gen. Sp. ed. 4(5): 110. 1821.
Lianas; ramos cilíndricos, 8-sulcados, recobertos por tricomas estrigosos; verde-claros a
marrom-escuros, estrias vináceas. Folhas tri-ternadas, pecíolo ca. 2-6cm compr.; estípulas 2, triangulares;
folíolos ovais a rômbicos, base atenuada à oblíqua, ápice acuminado, margem largamente serrada, folíolos
superiores 3-8x2-6cm, inferiores 2,5-6,5x1-3,5cm, seríceos, nervação eucamptódroma, membranáceos.
Inflorescência tirsóide, axilar, pedúnculo 3,5-13,5cm comp., raque 3-7cm comp.; pedicelo 4-5mm
comp.; brácteas na base do pedicelo ca de 1mm comp., foliáceas. Flores hermafroditas, sépalas 5, sendo
2 externas ovais, côncavas, ca. 4mm e 3 internas ovais, imbricadas, ca. 2mm, coriáceas, dorsalmente
tomentosas; pétalas 4, oblogo-obovais, ungüiculadas, membranáceas, ca. 3-5m; dois pares de escamas
dimorfas conadas às pétalas, estames 8, pilosos, atingindo alturas diferentes, maiores 5, ca. 5mm, menores
3, ca. 3mm, anteras ca. 1mm comp., dorsifixas; ovário ca. 3mm comp., tomentoso, estigma trífido;
disco nectarífero 4-lobado, abaixo dos estames. Fruto sâmara, 2,5x1,5-2,5cm, com três alas, papirácea,
glabros, com alguns tricomas próximos às sementes, esverdeados, cálice e estigma persistentes; semente
globóide, ca. 5mm diâm., densamente pilosa.
Material examinado: Salinas, Sítio do Sr. Zildécio, 04.X.2006, Y. Melo et al. 99 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.2007,
E. Córdula et al. 232 (UFP); 02.X.2006, K. Pinheiro et al. 200 (UFP); 08.II.2007, Y. Melo et al. 115 (UFP); Fazenda Tigre,
17.IV.2007, J. S. Silva et al. 175 (UFP); 17.IV.2007, C. E. Lourenço et al. 257 (UFP); Vertentes, 19.IV.2007, D. Araújo et al. 257
(UFP); Idem, 02.X.2006, M. F. A Lucena et al. 1590 (UFP); 19.IV.2007, L. G. R. Souza 43 (UFP); 07.II.2007, M. T. Vital et al.
56 (UFP).
Comentários: Serjania é um dos maiores de Sapindaceae com aproximadamente 250
espécies, encontradas em diversos ecossistemas florestais dos trópicos. Serjania glabrata apresenta ampla
distribuição, ocorrendo em vários países da América do Sul (Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador,
Paraguai, Peru e Trindad e Tobago). No Brasil é encontrada em diversos estados brasileiros, nos
mais diferentes tipos vegetacionais (Reitz 1980, Somner 1988, Oliveira & Zickel 2002). É facilmente
reconhecida pelos frutos samarídeos trialados, sendo conhecida vulgarmente como: ariú, saia-de-ariú,
mata-fome, timbó e folha de carne. Em Mirandiba ocorre geralmente ao longo das estradas em caatinga
arbustiva aberta.
67. Sapotaceae
Eduardo Bezerra de Almeida Jr.
Sapotaceae apresneta cerca de 450 espécies, alocadas em 11 gêneros com distribuição nas
regiões Neotropicais. Habita preferencialmente ambiente de floresta úmida e regiões com baixa altitude,
onde apresenta ampla diversidade de espécies. Possui grande importância econômica devido ao látex e
os frutos utilizados na alimentação.
67.1. Sideroxylon obtusifolium (Humb. ex Roem. & Schult.) T. D. Penn., Syst. Veg. Fl.
Peru 4: 802. 1819.
Árvores, 6-12m alt., latescentes, espinescentes; ramos cilíndricos, tomentoso-glabros,
ferrugíneos. Folhas opostas ou em fascículos opostos, tomentosas; pecíolo 3-5mm compr., puberulento;
lâmina 2,8-3,5x1,7-2-3cm, elíptica, base aguda, ápice redondo, margem inteira, cartácea, às vezes
coriácea, nervação broquidódroma. Inflorescência cimosa, axilares, 4-6 flores. Flores 5-6mm compr.,
esverdeadas, bissexuais; pedicelo 2-3mm compr., tomentoso; cálice dialissépalo, sépalas 6, 2-3mm
compr., dispostas em duas séries, tomentosas; corola 2mm compr., lobos 5, glabros; estames 5, filetes
1mm compr., estaminóides 5; ovário súpero, 1-2mm compr., globoso, velutino; estilete 4mm compr.
Fruto 8-15mm compr., elipsóide, glabro.
Material examinado: Salinas, 04.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1617 (UFP, PEUFR, RB, MO).
Comentários: espécie conhecida pelos nomes de quixaba, quixaba-preta e rompe-gibão, com
distribuição na Venezuela, Equador e Peru. No Brasil, Sideroxylon obtusifolium é a única espécie registrada
sendo encontrada do nordeste do país até a região sul (Santa Catarina) e centro-oeste (Pantanal). Possui
como caracteres de reconhecimento os espinhos nos ramos, as folhas pequenas, opostas e pilosas.
A quixabeira é uma árvores de madeira dura cuja casca tem propriedades adstringentes, tonificantes
e antidiabéticas; as folhas e frutos são forrageiros, podem ser usados como alimento para o gado.
Ocorre em áreas de caatinga, floresta decídua e nas florestas inundáveis do Pantanal. Em Mirandiba foi
encontrada em área arbustiva sobre solos arenosos e em caatinga arbórea densa.
68. Schrophulariaceae
Schrophulariaceae sofreu uma nova circunscrição com base em dados filogenéticos. Neste
sentido diversos gêneros que antes pertenciam a esta família foram transferidos para Plantaginaceae,
inclusive os quatro gêneros registrados em Mirandiba. No entanto a circunscrição tradicional de
Schrophulariaceae inclui 400 gêneros e cerca de 4.500 espécies, dos quais 32 gêneros e aproximadamente
140 espécies ocorrem no Brasil. A maior parte das espécies ocorrem na caatinga, campo rupestre
e cerrado. Em Mirandiba foram registradas seis espécies distribuídas em quatro gêneros. Não são
apresentadas descrições dos táxons envolvidos por não terem sido enviadas pelo colaborador convidado
até o fechamento do livro. Sendo assim os organizadores da Flora de Mirandiba se responsabilizaram
pela chave de identificação confeccionada, identificação e comentários das espécies.
69. Selaginellaceae
Sérgio Romero da Silva Xavier & Augusto César Pessôa Santiago
69.1. Selaginella convoluta (Arn.) Spring, in Mart., Fl. bras. 1(2): 131. 1840. Prancha
32, fig. A-B.
Ervas terrestres. Caule ereto, curto, não articulado. Ramos 3,0-4,2mm larg. incluindo os
microfilos, formando uma roseta; rizóforos ventrais na base do caule. Microfilos laterais 2,0-3,2x1,3-
70. Solanaceae
Maria de Fátima Agra
Ervas, arbustos, trepadeiras ou árvores, raro epífitas, glabras ou com vários tipos de
pubescência, inermes ou aculeadas, hermafroditas ou andromonóicas em algumas espécies de Solanum.
Folhas alternas, ou aos pares, geminadas, simples, lobadas ou compostas, inteiras, denteadas; pecíolos
geralmente presentes, estípulas ausentes. Inflorescências em cimeiras, agrupadas ou reduzidas a
uma flor, terminais ou aparentemente axilares ou laterais, com ou sem brácteas ou bractéolas. Flores
actinomorfas ou zigomorfas, geralmente 5-meras; cálice cupuliforme, tubuloso ou campanulado,
lobado ou fendido, geralmente acrescente no fruto; corola simpétala, valvar, imbricada, rotácea,
campanulada, tubular, infundibuliforme ou hipocrateriforme, geralmente lobada; estames insertos no
tubo, alternando com os lobos da corola, às vezes parcialmente fusionados, ou 1 ou mais reduzidos a
estaminódios, anteras com deiscências poricidas ou longitudinais; pistilo-1, ovário com ou sem disco
nectarífero basal, geralmente bi-carpelar, uni a plurilocular, uni a pluriovular, estilete solitário. Fruto
baga ou cápsula, geralmente polispérmico, raro aquênio; sementes com o embrião curvo ou quase reto,
central, endosperma presente.
bastante delgado, flores inconspícuas com a corola tubulosa de cor arroxeada a marrom. Flores e frutos
em abril.
71. Turneraceae
Maria de Fátima Agra, Kiriaki Nurit-Silva, Rafael Costa-Silva & Géssica Gomes-Costa
Ervas, arbustos, raramente árvores, eretos ou decumbentes, inermes, pilosos, tricomas simples
(glandulares e eglandulares) e estrelados, hermafroditas. Folhas alternas, simples, inteiras, com ou sem
estipulas, crenadas ou denteadas, sésseis ou pecioladas, com ou sem nectários extraflorais. Inflorescências
em monocásios, dicásios, capítulos, racemos ou flores solitárias; pedicelos freqüentemente providos
de 2 profilos. Flores actinomorfas, homostílas ou heterostílas, sépalas 5, soldadas na base; pétalas 5,
ungüiculadas ou liguladas, livres ou adnatas ao tubo do cálice, alvas a amarelas, raro vermelhas; cálice
tubuloso ou campanulado; tubo floral com ou sem corona, 5 glândulas ou lobos entre a corona e o
androceu; estames 5, ante-sépalos, às vezes exsertos, filetes livres ou adnatos ao cálice ou tubo floral,
anteras rimosas, dorsifixas ou basifixas; ovário súpero ou levemente ínfero, tri-carpelar, unilocular,
estilete 3, filiformes, coniventes ou divergentes, óvulos1-numerosos, anátropos, placentação parietal,
raro basal. Fruto cápsula, 3-valvar, loculicida, cálice ás vezes persistente; sementes numerosas raro
solitárias, obovóides, retas ou curvas, testa crustácea, reticulada, proeminente, bege a marrom, embrião
reto, endosperma presente.
1. Ervas eretas a decumbentes; nectários basais ausentes; flores homostílicas������������� Turnera pumilea
1’. Ervas, subarbustos ou arbustos; nectários basais presentes; flores heterostílicas �������������������������������2
2. Inflorescências em capítulos globosos; tricomas estrelados na face abaxial����� Turnera blanchetiana
var. blanchetiana
2’. Inflorescências em capítulos laxos ou flores solitárias; folhas sem tricomas
estrelados na face abaxial�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
3. Folhas obovadas, ápice agudo; flores solitárias, corola alva com interior do
tubo roxo; profilo linear-lanceolado������������������������������������������������������������������������������������ Turnera subulata
3’. Folhas elípticas, ápice acuminado; inflorescências em capitulos laxos,
corola amarela; profilo subulado����������������������������������������������������������������������������������Turnera melochioides
71.1. Turnera blanchetiana Urb. var. blanchetiana, Jahrb. Konigl. Bot. Gart.
Berlin 2: 130. 1883.
Arbustos, 50-70cm alt.; caule e ramos pubescentes, tricomas glandulares e eglandulares.
Folhas pecioladas, pecíolo 7-12mm compr., lâmina 43-60x18-34mm, oval-elíptica, cartácea, base
obtusa ou truncada, ápice agudo, margem crenada a dentada, discolor, face adaxial pubescente, tricomas
simples, face abaxial tomentosa, cinza-amarelado, tricomas simples e estrelados; nectários extraflorais
na base da lâmina e no pecíolo, cupuliformes, 1-3mm diâm.. Inflorescências em capítulos globosos;
profilos-2, oblongos, acuminados, 3-5x1cm. Flores heterostílicas; cálice campanulado, 9-14cm compr.;
corola amarela, pétalas 12-15mm compr., ápice truncado; filetes 4-5mm compr., anteras 2x1mm
compr.; ovário 3-4mm compr., piloso, estiletes 3-3,5mm compr., pubescentes, estigmas penicelados.
Fruto cápsula, ovóide, 8-9mm, piloso; sementes numerosas, 3-4x1,5, obovóides, paredes do retículo
pouco proeminentes.
Material examinado: Fazenda Baixio Grande, 07.II.2007, M. T. Vital et al. 60 (JPB, UFP).
Material adicional PARAÍBA: Município de Maturéia, Pico do Jabre, M. F. Agra et al. 6037 (JPB).
Comentários: espécie com duas variedades, T. blanchetiana var. blanchetina e T. blanchetiana
var. subspicata Urb.), ambas restritas à América do Sul, sendo T. blanchetiana var. blanchetina exclusiva
da flora brasileira, com distribuição no Nordeste (Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco,
Piauí e Rio Grande do Norte) e norte de Minas Gerais, ocorrendo em áreas montanhosas, em altitudes
acima de 500m. A outra variedade, T. blanchetiana var. subspicata, ocorrre emáreas de cerrado na Bolívia,
Paraguay e Brasil (Mato Grosso. Em Mirandiba, a espécie foi encontrada em caatinga arbórea, a 590m
de altitudes, habitando solo arenoso.
71.2. Turnera melochioides Cambess., in A. St.-Hil., Fl. Bras. Merid. 2: 219. 1830.
Subarbustos a arbustos, eretos, 30-60cm alt.; seríceos, tricomas simples. Folhas subsésseis;
pecíolo 3-5mm compr., lâmina 55-70x9-15mm, elíptica, membranácea, ápice acuminado, base decurrente,
margem dentada; nectários extraflorais-2 na base da lâmina, opostos, discóides. Inflorescências em
capítulos laxos, foliáceos, pilosos; pedúnculo totalmente adnato ao pecíolo ou parcialmente, 2-3mm
compr.; profilos subulados, 3-5x1mm. Flores heterostílicas, pedicelo 2-3mm compr., cálice campanulado,
6-7mm compr., viloso externamente, lobos elíptico-lanceolados; corola amarelo-alaranjada, 20-23mm
compr.; filetes 0,8-1mm compr., anteras 1,2-1,5mm compr., oval-oblongas; ovário elipsóide, ca. 1,8-
2mm compr., hírsuto; estiletes filiformes, 1-1,5mm compr., estigma flagelado. Fruto cápsula, elipsóide,
5-6x1-1,5mm; sementes numerosas, obovado-oblonga, curvada, paredes do retículo proeminentes,
aréolas amplas.
Material examinado: Fazenda Vertentes, 19.IV.2007, L. G. R. Souza 46 (UFP, JPB). Material adicional:
PERNAMBUCO: Araripina, Serra da Rodagem, 07. VIII. 1986, V. C. Lima 363 (IPA).
Comentários: espécie exclusiva da América do Sul, encontrada na Bolívia e no Brasil (Bahia,
Goiás, Mato Grosso, Pará, Pernambuco e Piauí), ocorrendo em áreas de caatinga e cerrado, geralmente
em afloramentos rochosos. Na área de estudo a espécie foi encontrada na caatinga arbustiva-arbórea
densa.
72. Urticaceae
Kalinne Mendes & Marccus Alves
Ervas, arbustos, árvores ou lianas, monóicas ou dióicas, raramente latescentes, por vezes
com tricomas urticantes. Folhas alternas ou opostas, simples, geralmente estipuladas, margem inteira
ou serreada; pecioladas. Inflorescências terminais ou axilares, cimosas, freqüentemente espiciformes,
flores congestas. Flores unissexuais, monoclamídeas, raro aclamídeas; masculinas actinomorfas, cálice
2-6-mero, gamo ou dialissépalo, prefloração valvar ou imbricada; estames 1-5, opositissépalos, livres
entre si, anteras ovadas ou globosas, rimosas; femininas actinomorfas ou zigomorfas, cálice 2-5-mero,
gamo ou dialissépalo, gineceu súpero, bicarpelar, um dos carpelos extremante reduzido, placentação
ereta. Frutos núcula ou drupa.
FRIIS, I. 1989. A revision of Pilea (Urticaceae) in Africa. Kew Bulletin, 44 (4): 557-600.
72.1. Pilea hyalina Fenzl., Nov. Gen. Sp. Pl.: 4-5. 1849.
Ervas, ca. 40cm alt., caule e ramos crassos, hialinos. Folhas 1,5-7x1-4cm, simples, opostas,
ovadas, denteadas, face adaxial glabrescente a puberulenta, abaxial glabra, membranáceas; pecíolo
1,2-7cm compr. Inflorescência tirsóide, 1,5-2,5cm compr., axilar, multiflora; bráctea diminuta,
caduca. Flores masculinas 1mm compr., actinomorfas, cálice 2-mero, gamossépalo, prefloração
valvar, isostêmones, opositissépalos, filete glabro, anteras rimosas. Flores femininas 0,3mm comp.,
zigomorfas, cálice 3-mero, gamossépalo, prefloração valvar; estigma penicilado, ovário glabro. Fruto
aquênio, 0,5mm compr., base assimétrica, superfície verruculosa, pontuações castanho-escuras.
Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1442 (UFP).
Comentários: Pilea hyalina apresneta cálice zigomorfo devido a maior largura da sépala
mediana em relação às laterais que em tamanho assemlham-se à estaminódios). Segundo Friis (1989),
são incialmente inflexas e na maturidade reflexas, forçando a ejeção do aquênio. Pilea hyalina ocorre
desde a América Central até a Argentina, sendo encontrada em todo o Brasil. Em Mirandiba, foi
observada em subosque de caatinga arbórea densa em ambiente rochoso de origem cristalina.
73. Verbenaceae
Verbenaceae e Laminaceae são famílias próximas e muitas vezes difíceis de serem reconhecidas
em campo. A grande variabilidade morfológica da família dificulta a identificação. Para o Brasil são
estimados16 gêneros com cerca de 250 espécies, comuns em ambientes savanícolas, como caatingas,
cerrados e campos rupestres. Em Mirandiba, foram contabilizadas sete espécies, sendo Lantana L. o
gênero mais representativo com três espécies. Priva bahiensis DC. é bastante comum nas áreas antropizadas
e na zona urbana, não tendo sido por esta razão incluída na lista aqui apresnetada. Não são apresentadas
descrições dos táxons envolvidos por estas não terem sido enviadas pelo colaborador convidado até o
fechamento do livro. Sendo assim os organizadores da Flora de Mirandiba se responsabilizaram pela
chave de identificação confeccionada, identificação e comentários das espécies.
74. Violaceae
Bruno Sampaio Amorim & Marccus Alves
Ervas eretas ou decumbentes, ramos pilosos, tricomas simples. Folhas elípticas a obovadas,
acuminadas ou agudas, atenuadas, fimbriadas ou inteiras, camptódromas; pecíolo piloso; estípulas
lineares a lanceoladas, pilosas. Inflorescências em racemo terminal ou flores solitárias, axilares ou
terminais; cálice 5-mero, actinomorfo, piloso; corola 5-mera, zigomorfa, glabra ou pilosa, pétala
anterior 1, maior, ungüiculada, base dilatada, intermediárias 2, ungüiculadas ou lanceoladas, pétalas
posteriores 2, lineares ou lanceoladas; estames 5, apêndices terminais presentes, uniformes ou não,
estame anterior 1, calcarado ou não, estames intermediários 2, estames posteriores 2; estilete, piloso
ou glabro; estigma capitado, glabro. Fruto cápsula, globosa ou elipsóide, reticulada, glabra; sementes
subglobosas, reticuladas ou glabras.
AGRA, M.F.; BARACHO, G.S.; NURIT, K.; BASÍLIO, I.J.L.D.; COELHO, V.P.M.
2007. Medicinal and poisonous diversity of the flora of “Cariri Paraibano”, Brazil. Journal of
Ethnopharmacology, 111: 383–395.
SOUZA, J.P. 2006. Violaceae. In: GIULIETTI, A. M.; CONCEIÇÃO, A.; QUEIROZ, L. P.
(eds). Diversidade e Caracterização das Fanerógamas do semi-árido brasileiro. Instituto Milênio
do semi-árido. Ministério da Ciência e Tecnologia. 1: 226.
SOUZA, J. P. & SOUZA, V. C. 2002a. A new combination in Hybanthus (Violaceae) from
South América. Brittonia, 54(2): 92–93.
SOUZA, J. P. & SOUZA, V. C. 2002b. Violaceae. In: WANDERLEY, M. G.; SPHEPHERD,
G. J.; GIULIETTI, A. M. (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. São Paulo, 2: 353-
363.
SOUZA, J. P. & SOUZA, V. C. 2003. A new species of Hybanthus (Violaceae) from north-
eastern Brazil. Botanical Journal of the Linnean Society, 151: 503–506.
74.1. Hybanthus calceolaria (L.) Oken, Allg. Naturgesch. 3(2): 1376. 1841. Prancha 32,
fig. C-D.
Ervas decumbentes, 20cm alt., ramos pilosos, tricomas simples. Folhas 1,5-2,5x0,8-1,2cm,
alterno-espiraladas, elípticas a obovadas, acuminadas, atenuadas, serreadas, camptódromas; pecíolo
3-4mm compr., piloso; estípulas 3-4mm compr., lanceoladas, pilosas. Flores solitárias, axilares ou
terminais; cálice 5-6mm compr., fimbriado, piloso; corola 10-12mm compr., pilosa, pétala anterior
1,5cm compr., ungüiculada, base dilatada, pétalas intermediárias 2, 0,7x0,3cm compr., ungüiculadas,
pétalas posteriores 2, 0,3cm compr., lineares; estames 5, 2-3mm compr., estames não calcarados,
estames anteriores 2, apêndice terminal 1mm compr., estames intermediários 2, apêndice terminal
0,5mm compr., estame posterior 1, apêndice terminal 0,5mm compr., filetes geniculados, apêndices
terminais assimétricos; estilete 6mm compr., piloso; estigma capitado, glabro. Fruto cápsula, 0,6x0,4cm,
elipsóide, pilosa; sementes 0,2x0,2 mm subglobosas,reticuladas, glabras.
Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, K. Pinheiro et al. 90 (UFP).
Material adicional: ALAGOAS: Piranhas, Fazenda Poço da Ingazeira, 27.IV.2005, D. Coelho 695 (UFP).
CEARÁ: Caucaia, 27.IV.2006, A. Alves-Araújo et al. 166 (UFP). PERNAMBUCO: Cabo de Santo Agostinho, Praia de Itapoama,
07.IV.2006, V.E.L. Lins et al. 16 (UFP). Vitória de Santo Antão, 11.VII.1961, S. Tavaves 653 (IPA).
Comentários: Hybanthus calceolaria tem ampla distribuição no Brasil, ocorrendo praticamente
em todos os estados, exceto na região Sul, sendo bastante comum em dunas e restingas (Souza &
Souza 2002b). Possui aplicação na medicina popular no tratamento de amebas, verminoses e tosses,
sendo suas raízes utilizadas como emenagogo (Agra et al. 2007). Esta espécie diferencia-se de Hybanthus
communis pela corola pilosa, apêndices estaminais com comprimentos diferenciados, estilete piloso e
fruto elipsóide.
74.2. Hybanthus communis (A. St.-Hil.) Taub., Nat. Pflanzenfam. 6(119): 333. 1895.
Prancha 32, fig. E-F.
Ervas eretas, 30cm alt., ramos pilosos, tricomas simples. Folhas 4,5x6,5cm compr., alternas,
espiraladas, elípticas, agudas, atenuadas, camptódromas; pecíolo 5-7mm compr., piloso; estípulas
3-5mm, lineares, pilosas. Inflorescências em racemos terminais ou flores solitárias, axilares; cálice
3-4mm compr., margens inteiras estas pilosas juntamente com a nervura central; corola glabra, pétala
anterior 8mm compr., ungüiculada, pétalas intermediárias 4mm compr., lanceoladas, pétalas posteriores
3mm compr., lanceoladas; estames calcarados, 2-2,5mm compr., filetes subsésseis, apêndices terminais
1mm compr., simétricos; estilete 3mm compr., piloso; estigma capitado. Fruto cápsula, 0,5x0,4cm,
globosa, glabra; sementes 0,2x0,2cm, subglobosas, reticuladas, glabras.
Material examinado: Serra da Umburanas, 18.IV.2007, M. C. Pessoa et al 143 (UFP).
Material adicional: ALAGOAS: Piranhas, 08.VII.2005, D. V. Braga et al. (IPA-73881); PERNAMBUCO:
Recife, Parque do IPA, 01.III.1936, Vasconcelos- Sobrinho s.n. (UFP-00049). RIO GRANDE DO SUL: Guaíba, Serra do Sudeste,
03.XII.1989, C. Schlindwein 363 (UFP). SERGIPE: Canindé do São Francisco, 09.VII.2005, D. V. Braga et al. (IPA-73871).
Comentários: ocorre na Venezuela, Peru, Paraguai, Argentina e Uruguai e no Brasil, nos
estados de Mato Grosso, Maranhão, Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de
Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul (Souza & Souza 2002b). Hybanthus communis diferencia-
se de H. calceolaria por não apresentar corola glabra, apêndices estaminais de mesmo comprimento,
estilete glabro e fruto globoso.
350 Flora de Mirandiba -
Famílias Monografadas
75. Vitaceae
Júlio Antonio Lombardi
Lianas com gavinhas opostas às folhas, raramente subarbustos, arbustos, ou arvoretas; glabros
ou pilosos, tricomas simples ou ramificados; ramos vegetativos de crescimento monopodial produzindo
ramos reprodutivos curtos. Folhas alternas, pecioladas, estipuladas, simples ou compostas, lobadas
ou não. Inflorescências compostas, cimosas ou racemosas, opostas às folhas ou raramente extra-
axilares. Flores pediceladas ou mais raramente sésseis, actinomorfas, monóclinas ou funcionalmente
díclinas, hipogínicas; cálice (4-)5-mero, gamosépalo; corola (4-)5-mera, pétalas livres ou unidas no ápice,
valvares, quase sempre caducas na antese ou logo após; estames 4(-5), livres entre si, opostos às pétalas,
anteras (2-)4-esporangiadas, ditecas; quase sempre com disco nectarífero intraestaminal, anular, adnato
à parede do ovário em graus variados; ovário bicarpelar, bilocular, súpero; estilete central, estigma
obscuro, discóide, capitado ou raramente 4-lobado; óvulos dois em cada lóculo, ascendentes, anátropos.
Fruto baga ou anfisarco, uma a duas ou mais sementes.
Vitaceae inclui 13 a 15 gêneros que ocorrem nas regiões tropicais, subtropicais e temperadas
do mundo. No Brasil, apenas o gênero Cissus ocorre naturalmente com 44 espécies, principalmente
em áreas de mata, mas também presentes em campos, restingas e cerrado. Poucas espécies ocorrem
na região de caatinga, mas estas incluem espécies com notáveis adaptações aos ambientes xéricos,
como a presença de xilopódios e ramos renovados a cada estação em Cissus simsiana (aqui tratada) ou
ramos perenes e suculentos em C. decidua e C. bahiensis, das quais apenas a primeira registrada para
Mirandiba.
75.2. Cissus simsiana Schult. & Schult. f., Mant. 3: 246. 1827.
Lianas; ramos com nós engrossados; tricomas não ramificados, não glandulares. Folhas
digitadas, raramente algumas com folíolos conatos e trifolioladas ou mesmo simples trilobadas; lâminas
4,5-11,6x4,5-11,7 cm; folíolos (3-)5, elípticos ou obovados, ápice agudo, margem serreada ou denteada,
base cuneada, glabros em ambas as faces, pubérulos na face adaxial, vilosos ou tomentosos na face
abaxial principalmente ao longo das nervuras, às vezes com domácias pilosas nas axilas das nervuras
secundárias na face abaxial, herbáceos. Inflorescência umbeliforme, raro com ramos volúveis;
pedúnculos verdes, tomentosos. Flores conoidais em botão; cálice verde-amarelado, glabro ou esparso
pubérulo; pétalas verde-amareladas ou avermelhadas, glabras ou esparso pubérulas; disco discóide,
esverdeado a rosado. Fruto baga, amarela a púrpura, esférica.
Material examinado: próximo a Serra das Umburanas, 18.IV.2007, L. G. R. Souza 31 (HRCB, UFP); Fazenda
Baixa Grande, 19.IV.2007, J. R. Maciel et al. 446 (HRCB, UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. R. Maciel et al. 432 (HRCB,
UFP); próximo a Serra das Umburanas, 18.IV.2007, D. Araújo et al. 253 (HRCB, UFP); próximo a Serra das Umburanas, 18.IV.2007,
D. Araújo et al. 250 (HRCB, UFP); próximo a Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. S. Silva et al. 192 (HRCB, UFP); Serra do Tigre,
31.V.2006, K. Pinheiro 190 (HRCB, UFP).
Comentários: ocorre no Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina, em ampla variedade de
ambientes, em matas, campos, cerrados, e vegetação secundária. No Brasil só não ocorre na Amazônia,
sendo bastante comum nas áreas de caatinga, freqüentemente coletada nos estudos florísticos do
Nordeste. Pode ser facilmente reconhecida pelos ramos com nós grossos e pelas folhas digitadas.
75.3. Cissus tinctoria Mart. in Spix & Martius, Reise Bras. 1: 368. 1823.
Lianas, secas enegrecidas e frágeis; tricomas não ramificados ou raro alguns malpiguiáceos,
não glandulares. Folhas simples, 3-5-lobadas ou não; lâminas 5,1-16,3x3-20,4cm, oblongas, triangulares,
ou elípticas, ápice acuminado, margem denticulada, base cordada, subcordada, truncada, ou cuneada,
glabras ou pubérulas ao longo das nervuras principais na face adaxial, pubérulas na face abaxial,
membranáceas ou papiráceas, comumente levemente buladas, secas membranáceas. Inflorescência
umbeliforme; pedúnculos verdes, pubérulos. Flores elipsoidais ou conoidais em botão; cálice verde-
amarelado, glabro; pétalas verde-amareladas, glabras; disco côncavo, amarelo. Fruto baga, púrpura,
esférica.
Material examinado: Fazenda Baixio Grande, 19.IV.2007, Y. Melo et al. 185 (UFP); estrada próxima a Fazenda
Tigre, 17.IV.2007, D. Araújo et al. 243 (UFP).
Comentários: esta espécie apresenta variações morfológicas cujo padrão de ocorrência
coincide com sua disjunção geográfica, com populações no Norte-Nordeste e no Sudeste do Brasil.
No Norte e no Nordeste as folhas são relativamente menores, e os botões florais são elipsóides, em
contraste com marcadamente conoidais no Sudeste. Não existem, no entanto, diferenças suficientes
entre as duas populações, quando secos espécimes de ambas possuem as características cor enegrecida
e textura membranácea das folhas.
76. Zygophyllaceae
Jefferson Rodrigues Maciel & Marccus Alves
Ervas perenes ou anuais, terrestres. Folhas opostas, compostas, estípulas presentes; folíolos
ovais a elípticos, acuminados, oblíquos, margem inteira, glabra na superfície adaxial e lanada na superfície
abaxial. Flores bissexuadas, díclinas, actinomorfas, diclamídeas, hipóginas, pentâmeras; pétalas livres;
sépalas lanceoladas, agudas; estames livres, epipétalos; antera rimosa; ovário súpero, sincápico, carpelos
10, lóculos 10, placentação axilar, 1 semente por lóculo. Fruto esquizocárpico; mericarpos 10.
Prancha 32. Figuras A-B. Selaginella convoluta. A. Hábito. B. Vista dorsal do ramo. C-D. Hybanthus
calceolaria. C. Androceu. D. Fruto. E-F. Hybanthus communis. E. Androceu. F. Fruto. G. Kallstroemia
tribuloides. Ramo com fruto.
Capa -
Papel Miolo -
Capa -