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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
FACULDADE DE DIREITO

PLANO DE AULA
Aula 1: A Questão do Método em Hart
Link para aula: https://youtu.be/I6mUABjXS8g

I. INFORMAÇÕES GERAIS

Prof. Dr. Saulo Monteiro Martinho de Matos

TEORIA DO DIREITO
1.1 DISCIPLINA

1.4 ANO /
1.2 DATA 1.3 CARGA HORÁRIA 60h 2021
SEMESTRE

2 SÚMULA
A pergunta “O que é o Direito?”. A virada metodológica de H. L. A. Hart. Método de cima para baixo (top
down) e de baixo para cim (bottom up). Senso comum acerca do Direito. Filosofia da linguagem ordinária.
Questões recorrentes acerca da natureza do Direito.

3 METODOLOGIA

Aula expositiva sobre o capítulo 1 do livro “O Conceito de Direito” de H. L. A. Hart.

4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1. Introdução ao problema da teoria do direito.
1.1. Teoria do Direito como parte da teoria política.
1.2. Instituições, autoridade e legitimidade.
1.3. A teoria do direito no século XX: o debate Hart e Dworkin.
2. A pergunta “O que é o Direito?”
2.1. Dimensões da pergunta “O que é o Direito?”.
2.1.1. Conteúdo (o quê?).
2.1.2. Propósito (por quê?)
2.1.3. Efeito (para quê?)
2.1.4. Forma ou método (como?).
2.2. Questões recorrentes na teoria do direito
2.2.1. Obrigação jurídica e poder coercitivo: como o Direito se diferencia e como se relaciona
com ordens baseadas em ameaças?
2.2.2. Relação entre Direito e Moralidade: como a obrigação jurídica se diferencia e se relaciona
com a obrigação moral?
2.2.3. Normas (rules) jurídicas (seguir uma regra): O que são normas (rules) e em que medida o
Direito é uma questão de normas (rules)?
2.3. A primazia da questão acerca da norma.
2.3.1. Diferença entre comportamento baseado em normas e comportamento habitual ou
forçado;
2.3.2. Variedade de estruturas da norma jurídica;
2.3.3. Obrigação jurídica;
2.3.4. Diferentes formas de normatividade relacionadas com a noção de norma.
3. O método de cima para baixo (top down): teorias clássicas do Direito.
3.1. Semelhança entre as críticas de Hart às teorias clássicas do conceito e a crítica de Wittgenstein.
3.2. Crítica de Hart às teorias clássicas do Direito
3.2.1. Preocupação excessiva com conceitos abstraídos das condições nas quais eles são
aplicados;
3.2.2. Cegueira com relação aos interesses sociais e individuais que precisam ser considerados,
em conjunto com problemas práticos, para o uso e desenvolvimento dos conceitos
jurídicos.
3.2.3. A crença de que é possível distinguir entre a essência (Wesen) e a consequência jurídica
(Folge) de uma regra jurídica ou conceito.
3.2.4. Recusa em formular a pergunta: por que essa lei é assim e assim? No céu dos conceitos,
ninguém pergunta sobre o porquê.
3.2.5. Falsa aproximação entre direito e matemática.
4. A virada metodológica de H. L. A. Hart: o método de baixo para cima (bottom up)
4.1. A estrutura do argumento de Hart: do núcleo conceitual para as áreas fronteiriças.
4.2. Núcleo conceitual: fenomenologia do uso do termo “direito” por um cidadão médio britânico.
4.2.1. Normas proibindo e permitindo certos tipos de comportamento sob pena de sanção;
4.2.2. Normas que obrigam certas pessoas a compensarem outras pessoas em caso de danos
causados a elas;
4.2.3. Normas que especificam o que deve ser feito em caso de testamento, contratos e outros
negócios jurídicos capazes de conferir direitos e de estatuir obrigações;
4.2.4. Tribunais que determinam quais são as normas e quais elas são infringidas, e que
determinam a punição ou compensação a ser paga;
4.2.5. Um corpo legislativo para elaborar novas leis e abolir outras.
4.3. Zona cinzenta ou casos fronteiriços: Direito internacional, costumes, direitos humanos etc.
5. Principais características da linguagem de direitos:
5.1. Determinação dos conceitos pelo uso.
5.2. Força performativa: mesmo em atos de fala com força de criação, há condições de verdade
ou, mais precisamente, de sucesso.
5.3. Derrotabilidade: não existem conjuntos de condições individualmente necessárias e
conjuntamente suficientes de modo que toda aplicação putativa de um conceito jurídico terá
um valor de verdade determinante dependendo da satisfação ou não dessas condições.
5.4. Textura aberta da linguagem ou dos conceitos: possibilidade da surpresa.
6. Considerações finais: “O erro fundamental consiste na crença de que os conceitos jurídicos sejam
fixos ou fechados no sentido de que é possível defini-los exaustivamente em termos de um conjunto
de condições necessárias e suficientes; de modo que para qualquer caso real ou imaginário é possível
dizer, com certeza, se ele se insere ou não no escopo do conceito (...)” (H. L. A. Hart, O Céu de Conceitos
de Jhering e a Moderna Teoria Analítica do Direito, p. 304).
6.1. Clarificação conceitual: o Direito é, sobretudo, um fenômeno linguístico e a teoria do Direito
objetiva esclarecer pontos obscuros da prática linguística dos direitos;
6.2. Análise conceitual: instrumentos linguísticos (teoria da definição) e ponto de vista
hermenêutico; e antirreducionismo;
6.3. Primazia da prática: o Direito é uma prática social e a teoria do direito tem por objeto essa
prática;
6.4. Anti-essencialismo: a teoria do direito não deve ser caracterizada como uma busca pela
essência ou natureza do Direito;
6.5. Modéstia: a teoria do direito deve ser modesta no sentido de não buscar definições exageradas
sobre o Direito.

5 BIBLIOGRAFIA

5.1 BIBLIOGRAFIA BÁSICA


HART, H. L. A. O Conceito de Direito. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2007, “Cap. I: Questões
persistentes”, p. 5–22.

HART, H. L. A. Ensaios sobre Teoria do Direito e Filosofia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010, “Ensaio 12: O Céu dos
Conceitos de Jhering e a moderna Teoria do Direito”, p. 299–313.

5.2 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR


STAVROPOULOS, Nicos. Hart’s Semantics. In: COLEMAN, Jules (Org.). Hart’s Postscript. Oxford:
Oxford Univ. Press, 2001, pp. 59–98.

KRAMER, Matthew. H. L. A. Hart: the nature of Law. Cambridge: Polity, 2018, p. 1–31.
CHIASSONI, Pierluigi. The model of ordinary analysis. In: D’ALMEIDA, Luís Duarte; EDWARDS,
James; DOLCETTI, Andrea (Org.). Reading HLA Hart’s The Concept of Law. Oxford: Hart Publishing, 2013,
p. 444–482.

LACEY, Nicola. Revisiting Chapter I of the Concept of Law. In: D’ALMEIDA, Luís Duarte; EDWARDS, James;
DOLCETTI, Andrea (Org.). Reading HLA Hart’s The Concept of Law. Oxford: Hart Publishing, 2013, p. 483–
492.

GLOCK, Hans-Johann. Dicionário Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.

LIVET, Pierre. As Normas. Petrópolis: Vozes, 2009.

PERUZZO JÚNIOR, Léo. PABLOS, Mayara. Wittgenstein e Hart: regras de reconhecimento,


normatividade e indeterminação do direito. In: DALL’AGNOL, Darlei et al. (Org.). Wittgenstein em
retrospectiva. Florianópolis: UFSC, 2012, p. 191-204.

5.3 FILMES, PODCASTS E LIVROS RECOMENDADOS

A CHEGADA. Direção de Denis Villeneuve. Culver City (EUA): Sony Pictures, 2016.

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