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ORIENTAÇÕES SOBRE GORDURA TRANS

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta terça-feira (17),


por unanimidade, uma resolução que determina a eliminação da gordura trans nos
alimentos industrializados no Brasil. As empresas terão que reduzir a utilização até julho
de 2021, e não poderão mais usá-la definitivamente a partir de 2023.

A gordura trans também é conhecida como gordura vegetal hidrogenada. É


usada para melhorar o aspecto e também aumentar o prazo de validade de alimentos
industrializados. Ela é formada através de um processo químico: óleos vegetais líquidos,
como o óleo de soja, são transformados em gordura sólida com o uso de hidrogênio.
Quanto mais hidrogenada, mais consistente a gordura fica.
Ela também aparece durante o aquecimento de óleos para a fritura doméstica ou
industrial em processos que envolvem altas temperaturas por longos períodos.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a eliminação global desse
ingrediente pode evitar 500 mil mortes por ano. A gordura trans eleva o colesterol ruim,
reduz o colesterol bom e aumenta o risco de infarto e AVC.

A gordura trans está em alimentos como:

 Biscoitos salgados, doces e outros alimentos assados

 Pipoca de micro-ondas

 Pizzas e salgados congelados

 Manteiga vegetal e margarina em barra

 Creme para café

 Glacê pronto para uso

 entre outros
Eliminação em etapas

A decisão da diretoria colegiada do órgão estabeleceu que o processo ocorrerá em duas


etapas:

1) a adequação da indústria alimentícia ao limite de até 2% de gorduras trans sobre


a quantidade total de gorduras do alimento produzido, o que deve ocorrer até 1 de
julho de 2021;

2) a eliminação total de ácidos graxos trans da composição de produtos até 1º de


janeiro de 2023

Atualmente não há quantidade máxima definida pela agência. Os produtos


importados também precisarão seguir essas regras.

Para os óleos refinados, como os de soja e canola, por exemplo, os ácidos graxos
trans não serão banidos. A Anvisa decidiu estabelecer um limite diferente para esse
grupo de produtos, levando em conta que os óleos vegetais passam por altas
temperaturas no processo de refinamento, o que acaba produzindo a gordura
trans, que não é adicionada de forma proposital.
Com isso, até 1° de julho de 2021, todos os óleos vegetais disponíveis nas
prateleiras de supermercados deverão ter, no máximo, 2% de gordura trans na
composição. O descumprimento dessas regras poderá acarretar advertências e até
multas, a serem definidas pela agência.

O objetivo da Anvisa com as mudanças é reduzir a ingestão de gordura trans a


menos de 1% do Valor Energético Total (VET) ingerido pela população diariamente,
como recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com a agência,
essa ingestão hoje chega a quase 2% entre os adolescentes, por exemplo.

"Dependendo do recorte populacional que você faz, essa quantidade é bem mais alta. A
gente tem grupos mais vulneráveis na população. Como a gordura trans tem um preço
mais barato que os substitutos, as populações mais vulneráveis, que tem menor pode
aquisitivo, acabam sendo mais expostas a esses alimentos com maior teor", explica a
Gerente Geral de Alimentos da Anvisa, Thalita Lima.

Por que é difícil zerar o consumo de gordura trans?


A gordura trans que está sendo combatida pela agência é aquela que tem origem no
processo industrial. É quando se adiciona hidrogênio aos óleos vegetais líquidos para
que eles fiquem com consistência sólida.

É isso que, muitas vezes, deixa crocante, dá textura e um prazo maior de validade para
biscoitos, pipoca de microondas, pratos congelados, massas instantâneas e chocolates.
Os ácidos graxos trans também surgem no processo de refinamento dos óleos vegetais
e no aquecimento para fritura doméstica ou industrial de alguns produtos.
Mas também existe a gordura trans natural, que surge no processo de digestão dos
animais ruminantes (por exemplo: boi, carneiro, cabra) e está presente em carnes, leite
e queijos.
"São quantidades pequenas, que não oferecem tanto risco aos consumidores, mas que
estão naturalmente presentes na alimentação", explica Thalita.

Risco de desenvolvimento de doenças

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo de gordura


trans acima de 1% do Valor Energético Total que uma pessoa ingere diariamente já
aumenta de forma significativa o risco de desenvolvimento e morte por doenças
cardiovasculares, principalmente as que atingem os vasos sanguíneos do coração. Isso
porque, ao ser ingerido, esse tipo de gordura favorece o aumento do colesterol ruim
(LDL) e diminui o colesterol bom (HL).
Em maio deste ano, a OMS alertou que pelo menos 5 bilhões de pessoas no
mundo correm risco de desenvolver doenças relacionadas ao consumo de gordura trans.
A organização estima que o ingrediente cause 500 mil mortes por ano no mundo.
No Brasil, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte e de internação
hospitalar. Em 2015, foram 424.058 óbitos causado por enfarte agudo do miocárdio,
hipertensão, arritmias e outras complicações cardiovasculares, 31% do total.

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