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Resumo
1. Introdução
2. Procedimentos metodológicos
O primeiro passo da pesquisa consistiu em um levantamento bibliográfico geral -
via internet - dos diferentes gêneros da produção brasileira sobre a relação família-
escola: livros, artigos científicos, trabalhos em congressos, teses e dissertações, com o
objetivo de subsidiar a decisão sobre o tipo de produção a ser focalizado. Esse contato
geral com a bibliografia brasileira revelou uma produção em crescimento, mas ainda
pouco numerosa, especialmente no que se refere a livros e artigos em periódicos. Diante
desse cenário, tomou-se a decisão de investigar a produção do conhecimento sobre a
temática realizada nos programas de pós-graduação brasileiros que, além de mais
significativa numericamente, supõe-se que esteja na origem de boa parte dos livros e
artigos científicos sobre o tema.
A base documental principal do estudo foi o Banco de Teses e Dissertações da
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior1, em razão de
sua abrangência. Esse Banco disponibiliza dados sobre teses e dissertações produzidas
em todo o Brasil a partir de 1987. Ao iniciarmos a pesquisa, em 2009, o Banco CAPES
apresentava teses e dissertações defendidas até o ano de 2007. Assim, delimitamos um
1
O Banco de Teses e Dissertações da CAPES está disponível no endereço
http://www.capes.gov.br/servicos/banco-de-teses.
recorte temporal de dez anos, focalizando trabalhos defendidos entre 1997 e 2007.
Porém, em uma segunda etapa de nossa investigação, já em 2013, verificando que
estavam disponíveis no Banco os resumos de trabalhos defendidos até o ano de 2011,
decidimos estender a pesquisa até eles. Dessa forma, foram mapeadas as teses e
dissertações do período compreendido entre 1997 e 2011.
Para realizar esse mapeamento, utilizamos ferramenta disponibilizada pelo
Banco CAPES, procedendo à busca por assunto/ano base com o uso dos seguintes
descritores: escola família; escolar familiar; prática educativa familiar.
A partir daí, iniciou-se a primeira etapa da pesquisa propriamente dita, com o
levantamento de todas as teses e dissertações de cada ano do período 1997-2011, o que
resultou em uma lista de trabalhos das mais diferentes áreas do conhecimento.
Em seguida, procedeu-se à seleção dos trabalhos que efetivamente abordavam a
relação família-escola, o que foi feito por meio da leitura do título e, se necessário, do
resumo e das palavras-chave constantes na ficha referente a cada obra. Para essa
seleção, tornou-se importante definir qual a concepção de relação família-escola com a
qual trabalharíamos. Com base no contato com a literatura sociológica na área,
adotamos a concepção proposta por Silva (2002), para quem a relação família-escola
inclui todo tipo de ligação e de interações entre atores familiares e escolares, admitindo
“um continuum que vai desde a cooperação ao conflito” (SILVA, 2002, p.101). Sendo
assim, na análise dos títulos, resumos e palavras-chave, consideramos que abordavam a
relação família-escola os trabalhos que focalizavam a influência/ação de uma instância
sobre a outra, as interações entre elas (colaboração x tensões) ou as representações de
uma sobre a outra.
Chegamos, por meio dessa seleção, a um conjunto de 266 trabalhos, os quais
foram organizados por ano de defesa, em planilhas contendo os seguintes dados: ano;
tipo (dissertação de mestrado, tese de doutorado, mestrado profissional); título;
programa/universidade; área de conhecimento; orientador; palavras-chave.
Esse procedimento evidenciou que a área de conhecimento existente nas fichas
do Banco CAPES nem sempre é precisa. Em especial, há um grande número de
trabalhos classificados como da área de “Educação”, a qual é por demais abrangente,
podendo incluir estudos vinculados à Psicologia da Educação, à Sociologia da
Educação, à Filosofia da Educação, à Política, à Didática, dentre outros. Sendo assim,
uma outra etapa do trabalho consistiu na classificação dos trabalhos por área de
conhecimento, a qual levou em conta a área identificada na ficha do Banco CAPES, mas
3. Resultados
Gráfico 1
2
As análises aqui apresentadas estão sujeitas às limitações do banco de dados utilizado. Por exemplo, os
valores menores tanto do início quanto do final da série podem se dever a resumos não enviados pelos
autores. No primeiro caso, pelo fato do Banco se encontrar em seus primórdios e, no segundo caso, em
razão da proximidade temporal entre o momento da coleta de dados e o ano de defesa.
Tabela 1
ESTADO DA ARTE 1 0 1 1
TOTAL 39 227 266 266
Fonte: produção própria a partir de dados da pesquisa
Tabela 2
Distribuição dos trabalhos por instituição
Gráfico 2
16
14
12
10 QUANTIDADE DE
DISSERTAÇÃO
8
QUANTIDADE DE TESE
6
0
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Fonte: produção própria a partir de dados da pesquisa
No que se refere à distribuição dos trabalhos por instituição (Tabela 3), destaca-
se isoladamente o número de trabalhos da UFMG, seguida, com diferença significativa,
pela PUC-Rio e FURB (Fundação Universidade Regional de Blumenau). Nos casos da
UFMG e da PUC-Rio, esse destaque deve ser relacionado à existência de dois grupos de
pesquisa sobre o tema: respectivamente, o OSFE (Observatório Sociológico Família-
Escola) e o SOCED (Grupo de Pesquisas em Sociologia da Educação).
Tabela 3
Distribuição dos trabalhos por instituição – Sociologia
Universidades (siglas) Número de trabalhos por
Universidade
UFMG 15
PUC-Rio e FURB 7
UFF e PUC-SP 6
UFRJ, UFSC 4
Tabela 4
Número de trabalhos por orientador
Número de trabalhos por
ORIENTADOR
orientador
Maria Alice Nogueira 12
Léa Paixão 6
Zaia Brandão 5
Nadir Zago 4
21,6% dos trabalhos apontam apenas “educação básica”, sem especificar o nível de
ensino dentro dela); (ii) da porcentagem significativa de resumos que não explicitaram o
nível de ensino abordado. Mas, de toda forma, fica clara a predominância de estudos
que investigaram a educação básica (no total, 70,5% dos trabalhos) e, dentro dela, o
ensino fundamental (35,3% no mínimo, pois boa parte daqueles que mencionam
“Educação Básica” provavelmente focalizem o ensino fundamental).
TABELA 5
Número de trabalhos por nível de ensino pesquisado
NÍVEL DE ENSINO N %
FUNDAMENTAL I 17 19,3
FUNDAMENTAL II 7 8
FUNDAMENTAL I E/OU II 7 8
MÉDIO 10 11,4
SUPERIOR 3 3,4
TOTAL 88 100
TABELA 6
Número de trabalhos por número de famílias pesquisadas
Nº de famílias Nº de trabalhos %
ATÉ 10 21 23,9
DE 11 A 20 8 9,1
DE 21 A 30 7 8
ACIMA DE 30 5 5,7
SEM IDENTIFICAÇÃO
DO Nº DE FAMÍLIAS 25 28,4
NÃO SE APLICA* 22 25
TOTAL 88 100
* Inclui pesquisas que não tomaram as famílias como campo empírico (n = 12) e trabalhos cujo resumo não permitiu
identificar se a família foi tomada como campo empírico (n = 10).
Fonte: produção própria a partir de dados da pesquisa
brasileiros (Nogueira, Viana, Portes). Os únicos autores de língua inglesa citados mais
de uma vez nos resumos foram Basil Bernstein (3 menções) e Anete Laureau (2
menções).
Coletadas as principais informações referentes à abordagem teórico-
metodológica dos trabalhos, chegamos, finalmente, ao principal foco de nosso interesse:
a identificação dos objetos de pesquisa abordados e dos principais resultados
encontrados. A sociologia das relações família-escola, tal qual vem sendo desenvolvida
nos países ocidentais, tem se estruturado em torno de alguns subtemas, os quais
orientaram o levantamento dos objetos de pesquisa dos 88 trabalhos, bem como a
formação posterior de agrupamentos considerando as afinidades temáticas. Dessa
forma, definimos cinco agrupamentos, apresentados na tabela 8. Evidentemente, trata-se
de uma divisão que tem objetivos analíticos, havendo fortes interseções entre os
diferentes agrupamentos, as quais em muitos casos tornaram difícil o trabalho de
classificação.
Tabela 8
Número de trabalhos por objeto de estudo
OBJETO N N %
TOTAL
1 INFLUÊNCIA
(Influência da família e da escola na
trajetória/desempenho escolar) 26 36 41,0
2 ESTRATÉGIAS
(Estratégias / práticas educativas;
internacionalização; migrações; dever de casa; pais- 18 23 26,0
professores)
2.1 – Escolha do estabelecimento 5
3 CONCEPÇÕES
(Modos de socialização familiar e escolarização dos
filhos; significados atribuídos à escolarização; 11 11 12,5
representações; expectativas e ambições)
4 INTERAÇÕES
(Participação/contatos/aproximação/parceria escola- 11 11 12,5
família)
TOTAL 88 88 100
Fonte: produção própria a partir de dados da pesquisa
Considerações finais
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
3
Além disso, cabe ressaltar que os corpus analisados nesses trabalhos são diversos (teses e dissertações,
anais de eventos); os períodos focalizados também não coincidem, variando entre 1980 e 2011; as áreas
de origem dos trabalhos componentes dos corpus também divergem (Psicologia, Sociologia, Educação).
NOGUEIRA, M. A., ROMANELLI, G., ZAGO, N. (orgs.) (2000). Família & Escola -
trajetórias de escolarização em camadas médias e populares. Petrópolis: Vozes.
ROMANELLI, G., NOGUEIRA, M.A., ZAGO, N. (orgs.) (2013). Família & Escola –
novas perspectivas de análise. Petrópolis: Vozes.
THIN, D. (2006). Para uma análise das relações entre famílias populares e escola:
confrontação entre lógicas socializadoras. Revista Brasileira de Educação, ANPED, v.
11, n. 32, p. 211-225.