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A questão ... não é onde e quando a mente se inicia. A mente de alguma...
forma está ali desde o início, onde quer que o "ali" possa estar.
Jerome Bruner, In Search ofMind
200
Em grande parte como resultado dessas mudanças, os bebês exibem notáveis
conquistas na mobilidade e na coordenação. Aos três meses de idade, os
bebês estão apenas começando a conseguir rolar sobre seu próprio corpo.
Seus pais sabem que eles vão permanecer mais ou menos no mesmo lugar onde
são colocados. Com sete a oito meses, começam a engatinhar e, por volta
de um ano, começam a andar. Durante todo esse período, os bebês também se
tornam muito mais capazes de alcançar objetos e agarrá-los. Eles cutucam,
batem, apertam, empurram e puxam quase tudo em que podem colocar suas
mãos e freqüentemente colocam objetos na boca para aprender sobre eles.
Essa combinação de mobilidade e curiosidade cada vez maiores significa
que os pais precisam estar constantemente atentos para impedir que os
bebês se machuquem ou que destruam as coisas.
MUDANÇAS BIOLÓGICAS
As amplas mudanças que ocorrem no comportamento motor e na capacidade
cognitiva dos bebês entre as idades de dois meses e meio e um ano
dependem de mudanças em seu corpo, músculos, ossos e cérebro.
TAMANHO E FORMA
Durante o primeiro ano de vida, a maior parte dos bebês saudáveis
triplica em peso e cresce aproximadamente 25 cm. O típico bebê de um ano
de idade nos Estados Unidos pesa cerca de nove quilos e mede 70 a 75 cm.
Como mostra a Figura 5.2, o índice de crescimento físico é maior nos
primeiros meses após o nascimento; então, pouco a pouco, estreita durante
o resto da fase de bebê e da infância, até a adolescência, quando há
outra explosão de crescimento.
FIGURA 5.1
As diferenças no tamanho, na força, na forma e no controle motor entre
bebês bem pequenos e aqueles que estão em seu segundo ano de vida são
evidentes no contraste entre bebê que está apoiado no colo de sua mâe e o
bebê mais velho, que está começando usar um pilão.
201
FIGURA 5.2
A altura dos bebas quase dobra e seu peso aumenta cinco ou seis vezes
durante os três primeiros anos de vida. (Extraído do Centro Nacional de
Estatística da Saúde do Departamento áe Saúde, Educação e Bem-Estar dos
Estados Unidos, 1976.)
Figura 5.3
As proporções de altura corporal representadas pela cabeça, tronco e
pernas em diferentes estágios do denvolvimento. Durante o período fetal,
a cabeça é responsável por quase 50% do altura do corpo. A cabeça diminui
de 25% da altura do corpo no nascimento para 12% na idade adulta.
(Extraída de Robbíns et ai., 1929.)
202
MÚSCULOS E OSSOS
À medida que os bebês crescem, os ossos e os músculos necessários para
sustentar seu volume e mobilidade crescentes passam por um crescimento
correspondente. A maioria dos ossos de um recém-nascido é relativamente
mole e só endurece pouco a pouco, à medida que os minerais são neles
depositados nos meses após o nascimento. Os ossos da mão e do pulso estão
entre os primeiros a endurecer (Tanner, 1990). Isso ocorre no final do
primeiro ano, tornando mais fácil para o bebê escolher objetos, pegá-los
e brincar com eles. Ao mesmo tempo, os músculos dos bebês aumentam em
altura e espessura, um processo que vai continuar durante toda a infância
e até o final da adolescência. Na fase de bebê, os aumentos na massa
muscular estão intimamente associados ao desenvolvimento da capacidade do
bebê para ficar de pé sozinho e para andar.
O CÉREBRO
Todo o sistema nervoso continua a crescer em tamanho e complexidade entre
o terceiro e o décimo segundo mês. Chama especialmente a atenção um
aumento no número de sinapses, que atinge um nível de densidade de quase
o dobro do que será na adolescência. Esse crescimento na densidade
sináptica é tão rápido e extensivo que recebeu um nome especial -
sinaptogênese exuberante (Huttenlocher e Dabholkar, 1997). Os
pesquisadores do desenvolvimento acreditam que o cérebro produza
maciçamente as sinapses e que, com o passar do tempo, essas sinapses
sejam seletivamente reforçadas ou eliminadas, dependendo da experiência
do indivíduo. Essa idéia é muito próxima da idéia darwiniana de que a
evolução ocorre por um processo de reprodução casual e subseqüente
seleção natural. Como resultado da superprodução precoce de sinapses,
os bebês estão preparados para estabelecer conexões neurais em
virtualmente todo tipo de experiência que possam ter. Com o tempo, o
ambiente faz sua contribuição: as sinapses que são regularmente usadas
florescem e são fortalecidas, embora aquelas que continuem não-utilizadas
sejam gradualmente "expurgadas" - ou seja, elas atrofiam e morrem.
O padrão de desenvolvimento cerebral apresenta diferenças, dependendo da
região do cérebro em questão (Huttenlocher e Dabholkar, 1997; Johnson,
1999). Dos dois e meio aos quatro meses de idade, o córtex visual sofre
uma onda explosiva na criação de novas sinapses. Essa proliferação de
novas sinapses parece crucial para as mudanças associadas à primeira
mudança biossociocomportamental aos dois e meio a três meses de idade
(ver Capítulo 4, p. 190). Mudanças similares ocorrem nas outras áreas do
cérebro, mas mais lentamente. No córtex motor, uma explosão vigorosa na
formação de novas sinapses, aproximadamente aos seis meses de idade,
acompanha mudanças no alcance coordenado e nos movimentos das pernas.
Várias evidências indicam que mais ou menos entre os sete e os nove meses
de idade há uma explosão no desenvolvimento do córtex central que é
refletida por aumentos em várias medidas da atividade cerebral. A área
pré-frontal do córtex desempenha um papel particularmente importante no
desenvolvimento do comportamento voluntário. Quando essa área começa a
funcionar de uma nova maneira, em algum momento entre o sétimo e o nono
mês, a capacidade dos bebês para se controlar aumenta e eles podem, por
exemplo, inibir a ação de agarrar objetos atrativos que eles vêem. Com
a capacidade emergente para inibir a ação, eles podem também controlar
melhor aquilo que fazem (Harman e Fox, 1997). Na verdade, começam a
conseguir parar e pensar (Diamond et ai., 1994).
FIGURA 5.4
(No alto) Nos primeiros meses após o nascimento, a coordenação entre os
olhos e as mãos requer esforço. (Abaixo) Somente após alguns meses de
atenção e prática, os bebês conseguem realizar ações complexas, como
comer com uma colher.
DESENVOLVIMENTO PERCEPTO-MOTOR
Um dos desenvolvimentos mais dramáticos do primeiro ano de vida é o
enorme aumento na capacidade dos bebês para explorar seu ambiente,
olhando para ele, movimentando-se em torno dele, escutando o que se passa
nele e manipulando o que existe nele. O perceber e o agir estão
intimamente conectados. Por exemplo, seria quase impossível para os bebês
se deslocarem de um lugar para outro se suas ações motoras coordenadas
não fossem constantemente moduladas por informações perceptuais sobre a
disposição do ambiente e por sua orientação espacial. Os bebês, da mesma
forma que os adultos, percebem, para obter informações sobre como agir e,
depois, agem, para obter mais informações (Gibson, 1997).
ALCANÇAR E AGARRAR
No Capítulo 4, vimos evidências de que, logo após o nascimento, a
percepção e a ação estão vinculadas - quando os bebês percebem um objeto
se mover diante deles, estendem a mão em sua direção. No início, as
percepções e as ações envolvidas no alcançar e no agarrar ainda não estão
coordenadas. Os bebês podem alcançar um objeto, mas não conseguem fechar
suas mãos em torno dele, em geral porque fecham as mãos muito cedo.
Então, como uma parte da mudança biossociocompor-tamental em torno dos
dois meses e meio, os bebês começam a adquirir controle voluntário sobre
seus movimentos quando alcançam um objeto. Ao mesmo tempo, alcançar e
agarrar começam a se tornar ações coordenadas na seqüência apropriada. De
início, a coordenação necessária para ter êxito no alcançar e no agarrar
requer concentração, e é provável que os bebês olhem várias vezes os
objetos que as suas mãos querem pegar. Com a prática, sua coordenação
percepto-motora pouco a pouco melhora, embora haja diferenças individuais
marcantes na rapidez e no vigor dos seus movimentos para alcançar (Thelen
et ai., 1993; Vbn Hofsten, 1997) (ver Figura 5.4). Por volta dos cinco
meses de idade, os bebês podem aferir quando um objeto está além do seu
alcance (Yonas e Hartman, 1993). Aos nove meses de idade, a maioria dos
bebês consegue guiar seus movimentos com um único olhar, e os movimentos
que usam para alcançar e agarrar os objetos parecem tão bem-integrados e
automáticos, quanto um reflexo (Mathew e Cook, 1990). Esse é o momento em
que os cuidadores precisam arrumar suas casas "à prova de bebês",
colocando objetos perigosos ou frágeis fora do alcance. Também têm que
estar atentos para o surgimento repentino de itens inesperados no
carrinho de supermercado, se o bebê está sendo levado junto às compras.
No período entre os 7 e os 12 meses de idade, os movimentos motores finos
das mãos e dos dedos tornam-se expressivamente mais sutis e melhor
coordenados. Como indica a Figura 5.5, os bebês de sete meses de idade
ainda não conseguem usar seus po-legares em oposição a seus dedos para
pegar os objetos, mas aos 12 meses, conseguem mover seus polegares e
outros dedos para posições adequadas ao tamanho do objeto que estão
tentando
204
agarrar. Quando seu alcançar e agarrar tornam-se melhor coordenados e
mais precisos, suas explorações dos objetos tornam-se mais aprimoradas.
Além disso, eles se tornam cada vez mais capazes de realizar seqüências
de ações mais complicadas, como beber de uma caneca, comer com uma colher
e tirar peças de uma caixa (Connolly e Dalgleish, 1989).
Rachel Karniol (1989) descobriu que há uma seqüência invariante na
maneira em que os bebês manipulam os objetos, à medida que suas
habilidades motoras finas aperfeiçoam-se durante os nove primeiros meses
de idade. Eles começam simplesmente girando um objeto, depois passam a
movê-lo, sacudi-lo e segurá-lo com uma das mãos e depois com as duas
mãos. Depois conseguem usá-lo como parte de uma seqüência de ações para
alcançar um objetivo, como encaixar um bloco em um espaço vazio. Essas
seqüências proporcionam exemplos clássicos para teorias que encaram o
desenvolvimento como uma seqüência de mudanças qualitativas na
organização da biologia e do comportamento da criança.
FIGURA 5.5
Desde tenra idade, os bebês encontram maneiras de pegar os objetos, mas a
boa coordenação do polegar e do indicador requer, pelo menos, um ano para
ser conseguida.
(Adaptada de Halverson, 1931.)
LOCOMOÇÃO
O progresso na locomoção, a capacidade de se mover sozinho, é fundamental
para o padrão das mudanças desenvolvimentais que ocorrem próximo ao fim
do primeiro ano da vida pós-natal. A capacidade de se mover sozinho
separa os bebês de seus cuidadores de uma maneira distinta, que modifica
as condições básicas para seu desenvolvimento posterior. Também lhes
proporciona um campo mais amplo para a exploração dos objetos em seu
ambiente, dos quais agora podem aproximar-se ou se afastar engatinhando,
tocar e empurrar. No entanto, antes dos bebês conseguirem se mover
eficientemente pelo ambiente, devem ser capazes de integrar os movimentos
de muitas partes dos seus corpos. O engatinhar - primeira maneira efetiva
dos bebês se locomoverem - requer alguns meses para se desenvolver e
progride através de fases (ver Figura 5.6). Durante o primeiro mês
de vida, quando os movimentos parecem estar controlados fundamentalmente
por reflexos subcorticais, os bebês podem, ocasionalmente, se arrastar
por curtas distâncias, impulsionados por movimentos rítmicos de estímulo
dos seus artelhos ou joelhos. Mais ou menos aos dois meses de idade, esse
reflexo de estímulo desaparece, mas ainda passarão mais cinco ou seis
meses antes de os bebês conseguirem engatinhar sobre suas mãos e joelhos
(Adolph et ai., 1998).
205
FIGURA 5.6
As fases do desenvolvimento do arrastar e do engatinhar: (a) Os recém-
nascidos se arrastam, fazendo movimentos de impulso com seus joelhos e
artelhos. (b) A cabeça pode ser mantida de pé, mas os movimentos das
pernas diminuem, (c) O controle sobre o movimento da cabeça e dos ombros
aumentou, (d) A habilidade para sustentar a parte superior do corpo com
os braços aumenta, (e) Os bebês têm dificuldade para coordenar os ombros
e o tronco; quando o tronco é levantado, a cabeça abaixa, (f) Os bebês
conseguem manter o tronco levantado, mas não conseguem coordenar os
movimentos dos braços e das pernas e, por isso, tendem a balançar o corpo
para frente e para trás. (g) Os movimentos coordenados dos braços e das
pernas permitem ao bebê engatinhar. (Extraída de McGraw, 1975.)
Embora eles consigam manter suas cabeças de pé por volta dos dois meses
de idade, os bebês pequenos ainda têm dificuldade para mover seus braços
de uma maneira coordenada. Karniol (1989) estabelece esse marco no final
do terceiro mês. Uma vez que conseguiram coordenar seus movimentos de
braço, os bebês conseguem realizar pequenos movimentos de um lado para o
outro, para cima e para baixo, ou de rotação. Pouco depois, conseguem
associar suas mãos e joelhos, mas tendo conseguido chegar a esse ponto,
tudo o que alguns conseguem fazer é balançar para frente e para trás,
porque seus braços e pernas ainda não estão atuando de uma maneira
coordenada. Logo depois, podem ser capazes de, realmente, mover-se e é
provável que se movam para frente e para trás. A maior parte dos bebês
consegue engatinhar em superfícies regulares com alguma habilidade quando
estão com oito a nove meses de idade. Alguns atingem esse marco sem
primeiro arrastar a barriga, mas se não passarem por essa experiência
intermediária, demoram mais a adquirir coordenação (Adolph et ai, 1998).
Seja por qualquer uma dessas vias, os vários componentes do engatinhar
estão presentes na ação coordenada do corpo todo, os bebês exploram seu
ambiente de uma nova maneira, adquirindo novas informações sobre o mundo
e como se mover nele.
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TABELA 5.1 IDADE (EM MESES) EM QUE OS BEBES ATINGEM MARCOS NO SEU
DESENVOLVIMENTO MOTOR
MUDANÇAS COGNITIVAS
Assim como muitos psicólogos antigamente acreditavam que os recém-
nascidos experimentassem o mundo como uma confusão de sensações, também
acreditavam que os processos cognitivos - processos psicológicos através
dos quais as crianças adquirem, armazenam e usam o conhecimento sobre o
mundo - eram construídos lentamente no decorrer da fase de bebê e da
primeira infância. Certamente, há uma evidência universal de que entre os
3 e os 12 meses de idade, os bebês estão adquirindo uma maior capacidade
de manipular os objetos em seus ambientes, de pensar sistematicamente
sobre seu ambiente e de lembrar suas experiências. No entanto, os
psicólogos do desenvolvimento estão, hoje em dia, profundamente divididos
em suas concepções sobre as idades em que os bebês atingem vários marcos
cognitivos. Seus desacordos refletem incerteza tanto sobre os melhores
métodos de avaliar as mudanças cognitivas quanto sobre as fontes e a
natureza do próprio desenvolvimento cognitivo.
Desenvolvimento sensório-motor
207
Figura 5.8
Aos 7 meses e 29 dias de idade, Parks Bonifay está praticando esqui
aquático. Embora a prática precoce possa acelerar o desenvolvimento motor
na infância, não parece afetar as habilidades motoras básicas a longo
prazo.
Por volta dos cinco anos, no entanto, quando as crianças aches são
consideradas grandes o bastante para poderem se locomover sozinhas, elas
começam a passar muitas horas em complexas atividades e brincadeiras que
servem para melhorar suas habilidades motoras. Dentro de poucos anos,
estão treinadas em subir em árvores altas e em cortar trepadeiras e
galhos enquanto balançam alto, acima do chão, de uma maneira que
pressagia habilidades perceptuais e motoras normais, talvez até
excepcionais. Embora a prática precoce especial não pareça ter vantagens
a longo prazo no desenvolvimento de atividades motoras básicas, como bem
sabe qualquer um que tenha experimentado algum esporte com que não estava
familiarizado, ou tentado tocar violino, as habilidades motoras
especializadas não são adquiridas sem uma prática extensiva e, em
alguns casos, também anos de instrução. Reconhecendo esse fato, o
treinamento especializado em habilidades extremamente valorizadas, como
tocar um instrumento musical ou dançar, é iniciado muito cedo em muitas
culturas, produzindo níveis elevados de profi-
208
Para entender a descrição de Piaget do desenvolvimento sensório-motor, é
importante ter em mente sua idéia central de que o ponto final de todos
os estágios cognitivos é uma maneira qualitativamente nova de conhecer o
mundo. O ponto final do desenvolvimento sensório-motor é a capacidade de
retratar o mundo mentalmente e pensar sobre ele sem ter de primeiro agir
nele. Ele chamou essa nova maneira de conhecer de representação. Piaget
acreditava que a representação começava a emergir por volta dos oito
meses de idade, mas que só se tornava plenamente desenvolvida entre os 18
e 24 meses de idade. Como veremos, a questão de quando e como a
representação surge é um ponto de controvérsia importante entre as várias
teorias de desenvolvimento cognitivo durante a fase de bebê e além dela.
No Capítulo 4, descrevemos os dois primeiros subestágios. Durante os
subes-tágios 1 e 2, os bebês progridem do movimento difuso e da atividade
reflexa simples para a capacidade de prolongar ações que eles considerem
agradáveis (reações circulam primárias). No primeiro subestágio, o eu e o
mundo ainda estão indiferenciados; ou seja, os bebês não têm consciência
do mundo como algo separado deles. Mesmo no final do segundo subestágio,
os bebês parecem ter pouco ou nenhum entendimento de que suas ações são
separadas do ambiente. Piaget acreditava que era entre as idades de 4 ou
5 meses e 12 meses que os bebês começavam a formar uma idéia de uma
realidade externa, e que essa idéia lhes permitisse relacionar os objetos
e as pessoas em seu mundo de uma nova maneira. Esse crescimento cognitivo
ocorre quando eles completam os subestágios 3 e 4 do desenvolvimento
sensório-motor (ver Tabela 5.2). (Os subestágios 5 e 6 serão abordados no
Capítulo 6.)
209
OS ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DE PIAGET E OS SUBESTÁGIOS
SENSÓRIO-MOTORES
FIGURA 5.7
Em vez de procurar atrás da seu brinquedo desaparece, parece confuso.
Esse tipo de comportamento levou Piaget a concluir que os objetos que não
estão mais à vista
deixam de existir para bebês cm menos de oito meses de idade.
211
FIGURA 5.8
Segundo os critérios de Piaget, os bebês que ainda têm de conseguir uma
compreensão estável da permanência do objeto não conseguem acompanhar o
movimento de um trem de brinquedo, quando ele entra em um túnel.
(Extraída deBower, 1979.)
Descrevendo a figura:
O bebê percebe o trem saindo do túnel.
O bebê observa o trem se aproximar do túnel.
O bebê observa o trem entrar no túnel.
Os olhos do bebê permanecem fixados na entrada do túnel.
Piaget declarava que os bebês reagem dessa maneira porque não conseguem
representar o objeto para eles próprios quando ele está fora do alcance
da sua vista. Para Piaget, a capacidade para entender que os objetos
continuam a existir quando estão fora do alcance da vista só é
demonstrada depois que os bebês começam a procurar ativamente o objeto
ausente, como quando - em um teste piagetiano clássico - eles descobrem
um brinquedo que o experimentador acabou de esconder sob um pedaço de
pano ou atrás de uma barreira. Segundo Piaget, essa habilidade se inicia
em torno dos oito meses de idade. Inicialmente, no entanto, a percepção
dos bebês da permanência do objeto é incompleta. Ao procurar os objetos
que desapareceram, os bebês entre 8 e 12 meses de idade tendem a cometer
um erro característico: se, após eles terem conseguido encontrar um
objeto escondido em um lugar, o objeto seja escondido em um novo lugar,
bem diante dos seus olhos, eles ainda vão buscar o objeto onde
anteriormente o encontraram. Suponhamos, por exemplo, que um objeto seja
escondido sob a coberta A e o bebê tenha permissão para recuperá-lo.
Então, à plena vista do bebê, o objeto é colocado sob a coberta B. Quando
tem permissão para recuperar o objeto uma Segunda vez, o bebê irá,
caracteristicamente, procurar sob a coberta A, onde o objeto foi
encontrado antes, em vez de sob a coberta B, onde o bebê acabou de vê-lo
ser colocado (Piaget, 1954) (ver Figura 5.9). Piaget interpretou esse
padrão de resposta como evidência de que a criança se lembrou da
existência do objeto, mas não conseguiu raciocinar sistematicamente sobre
ele. Piaget acreditava que a representação verdadeira, a capacidade de
manter na mente a existência de um objeto ausente e raciocinar sobre esse
objeto ausente, só aparece nos últimos meses do segundo ano, após a
ocorrência de outros desenvolvimentos nas maneiras sensório-motoras de
conhecer.
FIGURA 5.9
Nesta seqüência filmada, um objeto colocado no círculo à esquerda (por,
B), e depois ambos os círculos (posic. A e B) são cobertos com um pano se
vista do bebê. Em uma experiência anterior, o objeto foi colocado no
círculo da mão direita (posição B), e o bebê recuperou-o corretamente.
Desta vez embora permanecendo orientado para o objeto oculto na posição
B, o bebê levanta o pano da posição A, ondec objeto foi oculto antes.
(Cortesia de A. Diamond.)
214
DESTAQUE 5.2 PERCEPÇÃO INTERMODAL
215
Baillargeon, eles olharam mais tempo para um "evento impossível" do que
para um evento possível. Esses resultados levaram Baillargeon (1993) a
concluir que, "ao contrário do que afirmou Piaget, bebês de três meses e
meio de idade já representam a existência de objetos oclusos [ocultos]"
(p. 272).
Aritmética do bebê
216
fazê-la cantar - somente no estágio 5 da inteligência sensório-motora,
quando os bebês começam a inventar novas maneiras para atingir seus
objetivos, através da experimentação ativa, eles começam a apreciar
relações causais externas a eles. Como foi observado na Tabela 5.2, esse
marco é caracteristicamente alcançado após os 12 meses de idade.
Entretanto, Alan Leslie e sua equipe têm declarado que Piaget interpretou
erroneamente a natureza do pensamento causal. Na opinião de Leslie, o
conhecimento primitivo sobre a causalidade física é inato - não requer
experiência prévia do mundo para se desenvolver (Leslie, 1994; Leslie e
Keeble, 1987). Esses pesquisadores apresentaram a crianças de seis meses
de idade (as de menor idade que puderam testar de maneira confiável) uma
tela de computador em que um ponto parecia colidir com um segundo,
fazendo mover o segundo. Em um caso, o segundo ponto movia-se
imediatamente, sugerindo causa. No outro caso, havia um atraso no
movimento do segundo ponto, sugerindo uma ausência de causa. Os
pesquisadores mostraram várias vezes seguidas o evento causal aos bebês e
depois lhes mostraram um evento causal diferente ou um evento "não-
causal". Os bebês olharam mais tempo o evento não-causal, corroborando,
assim, o argumento de Leslie de que eles eram sensíveis à causalidade,
quando ela está manifestada nessas circunstâncias simplificadas, mesmo
que os eventos que eles testemunhassem não estivessem de modo algum
conectados com suas próprias ações.
217
tela que se movia 180°, eles não olharam duas vezes mais para esse evento
possível do que para o evento impossível ao qual tinham sido habituados!
Quando Cohen e Cashon combinaram os resultados de todas as experiências
usando diferentes combinações de graus de rotação da tela e presença ou
ausência de um obstáculo, obtiveram os resultados descritos na Figura
5.12. Como indica a figura, a variável crítica responsável pelo espaço de
tempo durante o qual os bebês olharam foi a similaridade das condições de
testagem com as condições da habituação: quando as telas se moveram mais
além nas condições de teste do que nas condições de habituação, ou algum
objeto novo era introduzido nas condições de testagem, a atenção dos
bebês não foi afetada pelo fato de eventos serem possíveis ou
impossíveis.
Contraposições similares sobre a precocidade do bebê foram recentemente
relatadas em testes envolvendo "eventos impossíveis", incluindo a
evidência de Wynn de habilidades precoces em números e a evidência de
Leslie da compreensão precoce da causa física. Em algumas dessas
contrademonstrações, os pesquisadores não conseguiram produzir evidência
de atenção diferencial a eventos impossíveis (indicando que os bebês não
tinham algum conceito do possível). Em outras, através de manipulações
experimentais como aquelas na contrademonstração para o experimento de
Baillargeon, eles concluíram que os achados originais realmente
resultaram de respostas primitivas à novidade e não de compreensão
precoce (Bogartz et ai., 1997; Cohen, 1998; Cohen et ai., 1998; Haith e
Benson, 1998; Rivera et ai., 1999).
218
DESTAQUE 5.3 AÇÃO E ENTENDIMENTO
A hipótese de Piaget de que as próprias atividades das crianças são a
força motriz do seu desenvolvimento conduziu muitos psicólogos a
estudarem as conseqüências desenvolvmentais do movimento restrito ou
estimulado desde muito cedo na vida. Uma idéia básica que guia essa
pesquisa é que a locomoção não apenas permite aos bebês aprender como
mover seus corpos no espaço, mas também lhes proporciona um novo
entendimento dos objetos, incluindo outras pessoas e eles próprios, que
preenchem um determinado espaço. Como observou Selma Fraiberg (1959):
O tempo muda a perspectiva da pessoa. Uma cadeira, por exemplo, é um
objeto de uma certa dimensão quando vista por um bebê de seis meses de
idade colocado sobre um sofá e de outra quando percebida por um bebê de
oito meses que está levantando um tapete. É até muito provável que uma
criança dessa idade, confrontada em vários momentos com perspectivas
diferentes da mesma cadeira, não enxergue uma cadeira, mas várias
cadeiras, cada uma correspondendo a uma perspectiva. É quando ela começa
a andar sozinha que descobre o que é realmente uma cadeira, (p. 52)
Um estudo clássico demonstrando um vínculo próximo entre a experiência
motora e o entendimento das relações espaciais foi realizado por Richard
Held e Alan Hein (1963) com gatinhos que foram criados desde o nascimento
na total escuridão, Quando os gatinhos atingiram idade suficiente para
andar, foram colocados, dois de cada vez, em um aparelho chamado
carrossel de gatinhos". Um gatinho, preparado para empurrar o carrossel,
controlava os movimentos do carrossel, de forma que o que ele via
dependia de como ele o movia, O outro gatinho era carregado na gôndola do
carrossel e, exceto por movimentos da cabeça, seus movimentos não
controlavam o que ele via. Em vez disso, as experiências visuais do gato
passivo eram controladas em grande parte pelas ações do gatinho que
impulsionava o carrossel. Foram proporcionadas a cada dupla de gatinhos
três horas de experiência visual no carrossel todos os dias, durante 42
dias. Após essas sessões, eles voltavam para o escuro. Assim, a única
experiência visual que os gatinhos tinham, e portanto, a única
oportunidade que tinham para coordenar a visão e o movimento, era o tempo
que passavam no carrossel.
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CATEGORIZANDO; CONHECIMENTO SOBRE TIPOS DE COISAS
221
Um bebê de três meses de idade vendo um mobile com blocos gravados com um
A, que se move quando o bebê chuta. Após três sessões de três minutos,
cada uma com um A de cor diferente, o bebê vai chutar o mobile mesmo com
uma quarta cor. Mas, se uma nova forma for gravada nos blocos usados na
quarta sessão (por exemplo, um B), o bebê não vai chutar o mobile.
A capacidade dos bebês pequenos para reagir a várias categorias também
foi demonstrada usando um procedimento de condicionamento operante que
demanda mais resposta ativa por parte dos bebês do que a técnica do olhar
diferencial. Em um dentre muitos desses estudos, foram mostrados a bebês
de três meses de idade cubos gravados com a letra "A" pendentes de um
mobile. Se eles chutassem suas pernas, que estavam ligadas ao mobile por
um cordão, o mobile se movia (ver Figura 5.14) (Hayneet ai., 1987). Na
segunda e na terceira sessões, acordos cubos gravados com a letra "A" foi
trocada (digamos que de azul para verde e de verde para vermelho). No
final das três sessões, os bebês chutavam em uma freqüência
consistentemente alta para fazer mexer o mobile com os cubos estavam
gravados com a letra "A". Finalmente, foram mostrados aos bebês mobiles
em que os cubos estavam gravados com letras da mesma forma, mas de outra
cor (um A preto, por exemplo) ou diferentes, tanto na forma, quanto na
cor (um B preto, por exemplo). Os bebês chutaram em freqüências elevadas
em resposta ao mobile do teste com a mesma forma e uma nova cor, mas não
ao mobile com a nova forma. Aparentemente, eles categorizaram os mobiles
segundo a forma específica das formas gravadas nos cubos e, por isso,
quando a forma da letra mudou, eles não responderam-mais a ela.
Embora a habilidade dos bebês pequenos para formar categorias seja bem
estabelecida, os pesquisadores do desenvolvimento divergem sobre a
maneira como o processo de categorização ocorre durante o primeiro ano da
vida pós-natal. Em geral, supõe-se que as categorias formadas nas
experiências que acabamos de descrever baseiam-se na similaridade
perceptual. (Nos exemplos dados, a similaridade envolve a aparência dos
objetos: os "As" parecem diferentes dos "Bs"; os gatos são mais peludos e
têm cabeças diferentes dos cachorros, pernas mais curtas que os cavalos,
e assim por diante). Dada a experiência limitada dos bebês de três e
quatro meses de idade de objetos e eventos, assim como sua habilidade
limitada para agarrar objetos com suas mãos e para se movimentar
sozinhos, não surpreende que características perceptuais proporcionem a
base dominante para a formação de categorias.
222
transforma a aquisição de informações percetuais em categorias
conceituais primitivas, sem a necessidade de os bebês atuarem diretamente
sobre o que vêem. Além disso, ela acredita que a categorização perceptual
é um processo mais primitivo, porque ocorre automaticamente, enquanto a
categorização conceitual requer um processo consciente, em que os bebês
começam a pensar sobre os conteúdos de suas categorias.
Aqueles que acreditam que a categorização segue um conjunto único de
princípios durante o início do desenvolvimento proporcionam uma
explicação alternativa ao comportamento dos bebês do estudo de Mandler e
MacDonough. Eles dizem que, embora os bebês de 9 a 11 meses de idade
parecessem estar realizando uma distinção conceitual entre as aves e os
aviões, eles estavam, na verdade, exibindo uma habilidade maior para
realizar distinções perceptuais mais especializadas. Neste caso, por
exemplo, os bebês poderiam ter percebido que as caudas dos pássaros e
aquelas dos aviões eram um pouco diferentes e os categorizaram tendo como
base essa diferença perceptual. Segundo essa perspectiva, o
desenvolvimento da categorização ocorre porque os bebês, pouco a pouco,
vão adquirindo mais informações sobre os objetos do seu mundo,
até que, em um determinado ponto, os padrões perceptuais são integrados
ao conhecimento das funções para formar categorias mais complexas
(DeLoache et ai., 1998; Quinn e Eimas, 1997).
223
FIGURA 5.15
Bebês de sete meses de idade tratam aves ou aviões de brinquedo de
plástico que são perceptualmente similares como se fossem membros da
mesma categoria. Bebês de 9 a tratam como membros d diferentes, apesar da
Sua similaridade perceptual.
FIGURA 5.16
Resultados de estudos de retenção da memória em bebês com 2 a 18 meses de
idade. Observe que os bebês de seis meses de idade foram testados tanto
nas tarefas do mobile, quanto nas tarefas do trem. (Os dados para a
tarefa do mobile sõo extraídos de Vander Linde et ai., 1985 (dois meses
de idade); Greco et oi., 1986 (três meses de idade); e Hill et oi., 1988
(seis meses de idade). Os dados para a tarefa do trem foram extraídos de
Hartshorn e Rovee-Collier, 1997.
O DESENVOLVIMENTO DA MEMÓRIA
Já verificamos que há ampla evidência de que os bebês adquirem
consistentemente habilidades e conhecimento durante o primeiro ano da sua
vida pós-natal. Mas ainda não examinamos a questão de como eles retêm
essa habilidade e esse conhecimento com o passar do tempo -como eles se
lembram. A memória, como outras funções cognitivas, sofre mudanças
desenvolvimentais no início da fase de bebê.
224
Mudanças na memória e na classificação
Tendo como objetivo mostrar que os bebês começam a se lembrar desde tenra
idade, Rovee-Collier e sua equipe concluíram que o desenvolvimento da
memória no decorrer do primeiro ano de vida é um processo contínuo que
não envolve nenhum princípio novo de aprendizagem ou de recordação (Hayne
e Rovee-Collier, 1995; Rovee-Collier, 1997). Essa conclusão é paralela à
visão de que o desenvolvimento da categorização é, também, um processo
gradual de mudança e que não envolve o aparecimento de habilidades
qualitativamente novas (Quinn e Eimas, 1998; Rovee-Collier e Hayne,
2000).
Quando as crianças estão com seis ou sete meses de idade, elas começam a
desempenhar um papel mais ativo em conseguir que os adultos as ajudem.
Christine Mosier e Barbara Rogoff (1994) estudaram o desenvolvimento do
comportamento de busca de ajuda em bebês de 6 a 13 meses de idade. Elas
solicitaram que as mães descrevessem eventos breves, em que os bebês
provavelmente precisariam da ajuda delas. Por exemplo, um brinquedo foi
colocado fora de alcance em uma prateleira ou no chão. Em cerca de 40%
dos experimentos com bebês de 6 meses de idade, os bebês olharam várias
vezes para o brinquedo e para suas mães e fizeram sons como "ugh", para
fazer com que suas mães lhes dessem o brinquedo. Os bebês que estavam com
um ano de idade buscaram a ajuda de suas mães em 75% dos episódios.
Significativamente, somente alguns bebês de 6 meses de idade apontaram ou
emitiram um som reconhecível para comunicar seu objetivo. Em conseqüência
disso, os bebês de 6 meses de idade tiveram que depender quase
exclusivamente do entendimento de suas mães sobre o que eles queriam. Os
bebês de um ano de idade também permaneceram dependentes do conhecimento
privilegiado e da boa vontade de suas mães para atingir seus objetivos,
mas eram claramente mais aptos a indicar suas necessidades através de
sons e palavras convencionais.
Referência social
230
Aos nove meses de idade, as crianças começam a entender algumas
expressões comuns como "quer sua mamadeira?" "dá tchau" e "biscoito?",
quando são usadas em situações altamente específicas, em geral
rotineiras. Uma menina observada por Elizabeth Bates e sua equipe tocou
sua cabeça quando lhe perguntaram "onde estão seus pensamentos?".
Outra trouxe sua boneca favorita quando foi solicitada a "trazer uma
boneca", mas não entendeu a palavra "boneca" para se referir a nenhuma
outra boneca que não a sua (Bates et ai., 1979).
A Tabela 5.3 resume as mudanças importantes que convergem para criar uma
mudança biossociocomportamental no desenvolvimento de bebês entre os sete
e nove meses de idade (Brazelton, 1990; Emde et ai, 1976; Fischer e Rose,
1994). Enquanto os eventos biológicos cruciais na mudança
biossociocomportamental aos dois meses e meio envolviam mudanças nas
conexões entre o córtex sensorial do cérebro e o tronco cerebral, a
mudança que ocorre dos sete aos nove meses envolve mudanças nos lobos
frontais do córtex cerebral, que são essenciais para o planejamento e a
execução de ação deliberada. Igualmente importantes são os aumentos na
força de músculos e ossos que são necessários para dar suporte à
locomoção.
Domínio comportamental
Início do engatinhar.
Medo de altura.
Coordenação do alcançar e do pegar.
Seqüências de ação coordenadas para atingir objetivos.
Permanência do objeto exibida nas ações.
Memória retrospectiva.
Medo como reação à novidade.
Balbucio.
Domínio social
Medo de estranhos.
Nova reação emocional ao cuidador (apego). Referência social.
RESUMO
MUDANÇAS BIOLÓGICAS
- Embora haja uma grande variação individual, a maior parte dos bebês
saudáveis triplica o seu peso durante o primeiro ano de vida. As mudanças
no tamanho são acompanhadas por mudanças nas proporções totais do corpo
que são importantes para a conquista final do andar equilibrado.
- O endurecimento dos ossos e os aumentos na massa muscular contribuem
para o desenvolvimento do engatinhar, do andar e de movimentos
coordenados dos braços e das mãos.
- Há uma produção maciça de sinapses entre as idades de 3 e 12 meses, que
são, então, reduzidas em seu número como um resultado da experiência.
- O desenvolvimento no córtex pré-frontal torna possível o controle e o
planejamento voluntário que começam a emergir entre os 3 e os 12 meses de
idade.
DESENVOLVIMENTO PERCEPTO-MOTOR
233
A locomoção, que se inicia durante a segunda metade do primeiro ano de
vida, provoca uma mudança fundamental nos relacionamentos dos bebês com
seus ambientes. O controle motor do corpo inicia-se na cabeça e no
pescoço e procede gradativamente para o tronco e as pernas. Dos sete aos
oito meses, os bebês começam a se arrastar ou engatinhar, usando uma
combinação de movimentos das pernas e dos braços. O andar ocorrerá em
alguns meses, mais ou menos em torno do primeiro aniversário. O
desenvolvimento motor pode ser acelerado pela prática extensiva, mas a
prática precoce tem pouca influência sobre o nível final de proficiência
das habilidades motoras básicas.
MUDANÇAS COGNITIVAS
- Segundo Piaget, os bebês progridem através de dois subestágios
sensório-motores adicionais, antes do final do primeiro ano de vida.
Entre o quarto e o oitavo mês, eles prestam uma atenção maior aos objetos
externos e prolongam ações que produzem interessantes mudanças no seu
ambiente (subes-tágio 3). Entre o oitavo e o décimo segundo mês de idade,
eles adquirem a capacidade para coordenar ações separadas, a fim de
atingir um objetivo (subes-tágio 4).
- Importantes mudanças ocorrem na capacidade dos bebês para atuar sobre
objetos que estão fora da sua vista:
234
- Mais ou menos ao mesmo tempo em que os bebês começam a engatinhar, eles
mostram sinais de serem capazes de recordar de objetos e pessoas que não
estão presentes
e de atividades que eles não praticaram, apenas observaram.
- O desenvolvimento da memória e as habilidades de categorização
combinam-se para tornar os bebês mais apreensivos quando se deparam com
eventos que não lhes são familiares.
PALAVRAS-CHAVE
apego, p. 228
balbucio, p. 230
categorização, p. 219
categorização conceitual, p. 221
categorização perceptual, p. 221
disponibilidades, p. 204
imitação protelada, p. 224
intencionalidade, p. 208
intersubjetividade primária, p. 228
intersubjetividade secundária, p.
229
jargão, p. 230
locomoção, p. 204
percepção intermodal, p. 214
permanência do objeto, p. 210
processos cognitivos, p. 206
reações circulares secundárias, p. 208
referência social, p. 229
sinaptogênese exuberante, p. 202
zona de desenvolvimento proximal, p. 227