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117750-Texto Do Artigo-217177-1-10-20160718
117750-Texto Do Artigo-217177-1-10-20160718
e Crescimento na Economia
Brasileira: 1955-1998
RESUMO
Este artigo analisa se o progresso técnico seguiu o padrão Marx-viesado, poupador de trabalho
e consumidor de capital, na economia brasileira no período 1955-1998. Este padrão de
progresso técnico é subjacente à concepção marxiana da tendência declinante da taxa de lucro.
O padrão Marx-viesado foi predominante no período em estudo. Contudo, três fases no
dinamismo do progresso técnico foram observadas. A primeira (1955-1975) caracterizou-se
por um elevado dinamismo, a segunda (1975-19991) por uma forte redução no dinamismo
do progresso técnico e a terceira (1991-1998) por uma certa retomada deste. A participação
dos salários na renda mostrou-se relativamente constante no período em estudo. A taxa de
lucro declinou entre 1955 e 1998 devido à evolução da produtividade do capital. A
lucratividade teve certa recuperação nos anos 90. A taxa de acumulação de capital caiu após
1975 devido à queda na taxa de lucro, apresentando certa retomada nos anos 90.
PALAVRAS-CHAVE
crescimento econômico, progresso técnico, economia brasileira, economia clássica-marxiana.
ABSTRACT
This paper analyzes if technical change followed the labor-saving, capital-using Marx-biased
pattern in the Brazilian economy over the period 1955-1998. This form of technical change
underlies Marxs explanation of the falling rate of profit. Growth and distribution schedules
showed that the Marx-biased pattern was predominant in the whole period in study. However,
it was observed three phases in the dynamism of technical change. The first (1955-1975) is
characterized by a high dynamism, the second (1975-1991) by a strong reduction, and the
third (1991-1998) by a certain regain in the dynamism of technical change. The wage share
was relatively constant in the period of study. The profit rate declined between 1955 and 1998
due to the path of capital productivity. The profitability had some recovery in the 1990s. The
capital accumulation declined after 1975 due to the fall in profit rate, but it also presented
some recuperation in the 1990s.
KEY WORDS
economic growth, technical change, brazilian economy, marxian and classical economics
JEL Classification
O11, O3, O57
INTRODUÇÃO
FIGURA 1
c, w
x
dk dk
y
g kk i
rk
c
z
c c
w
w w declividade = - k
e,v
g k +d r+d p
FIGURA 2
A B C
Os conceitos de progresso técnico neutro podem ser definidos a partir dos movimentos da relação de
distribuição-crescimento. Progresso técnico Harrod-neutro é representado pelo movimento da técnica
A para a B, progresso técnico Solow-neutro pelo movimento da técnica B para a C e progresso técnico
Hicks-neutro pelo movimento da técnica A para a C.
FIGURA 3
x+ 1
w+1
x
p +1 p p
r+ 1 + d r+d
O progresso técnico Marx-viesado possui gx > 0 e gp < 0. Este padrão de progresso técnico associado
a uma participação constante dos salários na renda nacional pode levar a uma queda da taxa de lucro.
FIGURA 4
x, R$1998por trabalhador
1998
15000
12500
10000
7500
5000
2500 1955
p
0.25 0.5 0.75 1 1.25 1.5 1.75
FIGURA 5
1998
15000
12500
10000
7500
1991
1975
5000
2500
1955
p
0.2 0.4 0.6 0.8 1
FIGURA 6
13500 0,9
9000 0,6
efetiva efetiva
4500 0,3
corrigida corrigida
0 0
55 59 63 67 71 75 79 83 87 91 95 55 59 63 67 71 75 79 83 87 91 95
4. DISTRIBUIÇÃO E LUCRATIVIDADE
FIGURA 7
300 x
0,45
1949 = 100
w
1-f
200
0,35
100
0,25 0
55 59 63 67 71 75 79 83 87 91 95 55 59 63 67 71 75 79 83 87 91 95
FIGURA 8
95 1.8
70 1.3
45 0.9
20 0.4
55 58 61 64 67 70 73 76 79 82 85 88 91 94 97 55 58 61 64 67 70 73 76 79 82 85 88 91 94 97
A taxa bruta de lucro na economia brasileira caiu substancialmente após 1973, vindo a estabilizar-se
após 1990 e a crescer no período 1994-1998. O comportamento da taxa de lucro é determinado pela
evolução da produtividade do capital.
FIGURA 9
20 95
15 70
10 45
5 20
55 58 61 64 67 70 73 76 79 82 85 88 91 94 97 55 58 61 64 67 70 73 76 79 82 85 88 91 94 97
1350
15
900
10
450
5 0
55 58 61 64 67 70 73 76 79 82 85 88 91 94 97 55 58 61 64 67 70 73 76 79 82 85 88 91 94 97
A taxa de acumulação no período 1955-1998 atingiu seu máximo em 1975, apresentando uma tendên-
cia de queda até 1992, quando volta a crescer. A taxa de acumulação é influenciada pela taxa bruta de
lucro e pela taxa de investimento. A taxa de investimento atingiu, na segunda metade dos anos 70, seu
máximo, tendo a partir de então apresentado uma tendência de queda. O investimento líquido por
trabalhador também apresentou um declínio a partir do final dos anos 70.
1 A análise do presente texto tem seu arcabouço teórico na tradição clássica-marxiana, a qual analisa
a economia em uma perspectiva de longo prazo. Esta tradição possui complementaridades com a
concepção keynesiana, que analisa a economia em uma perspectiva de curto prazo. Estas escolas de
pensamento referem-se a períodos de tempo distintos. Logo, é possível, como apontam DUMÉNIL
& LÉVY (1999), incorporar elementos keynesianos na análise clássica-marxiana. Em particular, esta
última tradição tem muito a ganhar ao considerar na sua análise elementos keynesianos que se
referem aos constrangimentos financeiros ao investimento. FOLEY (1987), por exemplo, é uma
tentativa nesta direção.
1980 1985 1988 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998
VA 31,3 31,6 28,6 25,7 23,8 22,7 21,6 21 20,6 20 18,2 19,1
PO 15,5 14,6 13,9 13,9 13,8 13,5 13,4 12,9 12,4
Fonte: IBGE (várias publicações).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(aam@pucrs.br)
Agradeço a Duílio Berni, Carlos Cinquetti, Raul Bastos e a dois pareceristas por comentários a uma
versão preliminar deste texto. Este trabalho foi parcialmente financiado pela FAPERGS. Os erros que
permanecem são de minha responsabilidade.
(Recebido em abril de 2001. Aceito para publicação em agosto de 2001).