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Análise do Valor

Módulo: Desenvolvimento de Produto


Prof. Osíris Canciglieri Junior, PhD.
osiris.canciglieri@pucpr.br
Sumário

1. Análise do Valor ...................................................................................... 3


1.1. Introdução ........................................................................................ 3
1.2. Histórico ........................................................................................... 4
1.3. Conceitos ......................................................................................... 5
1.3.1. Conceitos básicos ..................................................................... 5
1.3.2. Custo ......................................................................................... 6
1.3.3. Valor .......................................................................................... 6
1.4. Metodologia (Plano de Trabalho) ..................................................... 7
1.4.1. Fase de Preparação .................................................................. 8
1.4.2. Fase de Informação .................................................................. 9
1.4.3. Fase de Análise....................................................................... 10
1.4.4. Fase de Criatividade ............................................................... 15
1.4.5. Fase de Julgamento ................................................................ 16
1.4.6. Fase de Implantação ............................................................... 17
1.5. Referências Bibliográficas .............................................................. 17
1. Análise do Valor

1.1. Introdução

Segundo os chineses, a palavra “crise” é representada por dois ideogramas:


um, o perigo/risco; o outro, as oportunidades veladas, ocultas onde são
normalmente apresentadas as oportunidades para que o ser humano possa
medir-se, conhecer-se e, portanto, progredir. A Análise do Valor surgiu durante
a Segunda Guerra Mundial com a crise de matérias-primas. O engenheiro
Lawrence D. Miles, da empresa General Electric Co., foi o idealizador da
Análise do Valor, isto é, criando uma função do produto visando incrementar o
seu valor.

“A Análise do Valor é, portanto, um método que se aplica a um produto


visando ressaltar a sua função principal, eliminando funções
desnecessárias e/ou indesejáveis, sem desconsiderar funções
secundárias que sejam necessárias, resultando no incremento do seu
valor. Esse valor está diretamente associado à qualidade, à
confiabilidade, à durabilidade desejada, à segurança e a custos”.
(Lawrence D. Miles)

A Análise do Valor não deve ser confundida com revisão de projeto e muito
menos como um processo de redução de custos. Ela é o pensamento centrado
em funções, o trabalho desenvolvido por um grupo de especialistas, a
aplicação da criatividade e o plano de trabalho sistematizado.
1.2. Histórico

- Durante a Segunda Guerra Mundial, a indústria civil teve que recorrer a


materiais alternativos.

- O engenheiro Lawrence D. Miles, da General Electric, criou uma


metodologia de análise visando à redução de custos, sem alterar ou até
melhorando a qualidade dos produtos.

- 1955 – Miles implantou a metodologia da Análise do Valor no Arsenal


Bélico.

- 1959 – Foi fundada a Save (Sociedade Americana de Engenheiros do


Valor).

- 1960 – Início de implantação da metodologia na Europa e Japão.

- 1963 – Obrigatoriedade de uma Análise de Valor em todas as compras


acima de US$100.000,00 para o Departamento de Defesa dos EUA.

- 1965 – Criada a Sociedade Japonesa de Engenheiros de Valor.

- 1977 – Utilização da metodologia pelos ministérios e agências por ordem do


Senado Americano.

- 1970 – Utilização da metodologia em outras áreas (otimização do valor da


energia e na administração).

- 1978 – Criação da Fundação Francesa de Análise do Valor.

- 1984 – Criação da Associação Brasileira de Engenharia e Análise do Valor.

- Atualmente essa técnica está sendo utilizada por países da Europa, Índia e
África do Sul.

- No Brasil, o primeiro evento ocorreu em 1964 e, em seguida, a G.E. do


Brasil passou a aplicar essa técnica.
1.3. Conceitos

1.3.1.Conceitos básicos
- Produto: é o resultado de qualquer atividade humana, quer seja por meio
de um esforço físico ou mental (ex.: trabalho industrial, artístico e literário,
bem como um objeto, um sistema, um processo, um procedimento, um
projeto).

- Função: é o exercício de atividades ou tarefas que um produto, sistema ou


serviço executa (ex.: trocar calor, controlar sistema etc.). Elas podem ser
divididas em:

a) Funções de uso – geram o valor de uso do produto (ex.: suportar peso,


fornecer energia);

b) Funções de estima – são as subjetivas, isto é, as de difícil


quantificação (ex.: melhorar aparência, aumentar beleza etc.).

As funções podem ainda ser classificadas em:

c) Função básica – responsável pela principal finalidade de um produto


(razão de ser);

d) Função secundária – auxilia o desempenho da função básica


(geralmente existe por requisito de projeto).

Outra classificação de funções é:

e) Função necessária – é a que o usuário faz questão de ter e se dispõe a


pagar por ela;
f) Função desnecessária – na grande maioria das vezes é função
decorrente de modificações que a tornaram dispensável, ou por requisito
de projeto.

1.3.2.Custo
É comum confundir “custo” com “preço”. O custo representa a soma das
despesas necessárias à manufatura do objeto. Pode-se citar o material, a mão-
de-obra direta ou indireta, encargos sociais e despesas gerais de fabricação
(luz, aluguel etc.) como componentes do custo. Pode-se, também, atribuir o
custo da função, o preço pago pelos equipamentos, gastos de instalação
(montagem, construção civil), entre outros. A informação de custo é de suma
importância na Análise do Valor, para quantificar as funções envolvidas em seu
estudo.

1.3.3.Valor
A palavra “valor” pode representar significados diferentes para muitas pessoas,
que geralmente acabam confundindo com as palavras custo e preço. De
acordo com Aristóteles, pode-se ter o valor Econômico, Político, Moral,
Estético, Jurídico, Religioso e Social. Desses vários tipos de valor, somente
o valor econômico pode ser considerado objetivo, pois é o único que pode ser
mensurado quantitativamente, enquanto os demais admitem somente
avaliações subjetivas.

Para a metodologia Análise do Valor, o valor econômico é considerado


fundamental porque nele é definido o valor mínimo a ser gasto para adquirir ou
produzir um produto com , a estima e a qualidade e o uso requeridos. Todavia,
o valor econômico pode apresentar subdivisões de ordem subjetiva e
quantitativa, e pode ser dividido em:

- Valor de uso – menor quantidade de dinheiro necessária para que o


produto apresente o uso que dele se espera;
- Valor de estima – é a quantidade de dinheiro necessária para dotar um
produto (de beleza, de estima etc.);

- Valor de custo – é a quantidade que representa a soma de custos de mão-


de-obra, matéria-prima, despesas gerais, dentro outras necessárias para a
manufatura do produto;

- Valor de troca – é a quantidade de dinheiro que equivale à troca do


produto no mercado.

Função
Valor =
Custo

1.4. Metodologia (Plano de Trabalho)

Podem-se definir as etapas ou fases da Metodologia Análise do valor como


ilustrado no Erro! Fonte de referência não encontrada.:
Quadro 1 – Fases da Análise do Valor

1.1 Escolher o objeto


1.2 Determinar o objeto
Medidas
1. Fase de Preparação 1.3 Compor o grupo de trabalho
preparatórias
1.4 Escolher o local de trabalho
1.5 Planejar atividades
2.1 Coletar as informações
Conhecer a
2. Fase de Informação 2.2 Obter os custos
situação atual
2.3 Descrever as funções
3.1 Analisar as funções
Analisar a
3. Fase de Análise 3.2 Determinar funções críticas
situação atual
3.3 Identificar o grau de liberdade
Gerar 4.1 Obter ideias
4. Fase de Criatividade
alternativas 4.2 Selecionar e agrupar ideias
5.1 Julgar ideias
Definir e viabilizar
5. Fase de Julgamento 5.2 Viabilizar tecnicamente
ideias
5.3 Viabilizar economicamente
6.1 Emitir o relatório
Apresentar e
6.2 Consolidar as propostas e recomendações
6. Fase de Implantação implantar
6.3 Acompanhar a implantação
proposições
6.4 Aferir resultados

1.4.1.Fase de Preparação
Nessa fase deve ser definido o objeto que será estudado, o objetivo a ser
alcançado, a equipe que trabalhará no projeto, o local de trabalho e o
planejamento das atividades, como descritas a seguir:

- Determinar o objetivo a ser cumprido – para o presente caso será


estudada a possibilidade de diminuição do custo de fabricação da unidade
de pré-fracionamento (Figura 1);

- Compor o grupo de trabalho para a realização do projeto – selecionar o


pessoal capacitado para a realização do projeto;

- Escolher o local de trabalho – definir local silencioso, com mesa de


reunião onde se possam utilizar quadros negros, flip charts e outros
artifícios empregados na ilustração do problema;

- Planejar atividades (Cronograma de Trabalho):

Cronograma
Dias 1 2 3 4 5
Fase M T M T M T M T M T
Preparação X
Informação X X
Análise X X
Criatividade X X
Julgamento X X
Implantação X X

1.4.2.Fase de Informação
Nessa fase, o grupo faz um levantamento das informações necessárias para o
desenvolvimento do projeto Análise do Valor, que nesse caso será o da
unidade de pré-fracionamento. Essa fase pode ser dividida em:

- Coleta de informações – o conhecimento de todas as informações sobre o


objeto que está sendo analisado, por parte do grupo de trabalho, constitui-
se na porta de entrada para a utilização da Análise do Valor. Nessa etapa, o
grupo deve fazer o levantamento de dados sobre o objeto que está sendo
analisado, recorrendo a desenhos, palestras com especialistas, entre
outros;

- Obtenção dos custos – nessa fase é necessário fazer o levantamento de


todos os custos envolvidos no produto. Se o objeto for um empreendimento,
é necessário se ter os custos de equipamentos, construção e montagem
para cada um dos sistemas que serão analisados;

- Descrição das funções – com a execução dos passos anteriores, o grupo


de trabalho estará em condições de iniciar a descrição de funções, que são
fundamentais para a clara compreensão do produto em análise. É
importante salientar que uma função, obrigatoriamente, expressa uma
atividade desempenhada por um produto, e isso não deve ser confundido
com o que se faz com esse produto. Duas perguntas que auxiliam a
identificação das funções são: “Para que serve isto?” ou “o que isto faz?”.
1.4.3.Fase de Análise
Nessa fase são feitas as análises das funções, a determinação das funções
críticas e a identificação dos graus de liberdade.

- Análise das funções – ao se analisar as funções de um subsistema ou


sistema (destilação atmosférica, destilação a vácuo etc.) deve-se relacionar
a importância relativa da função com o seu respectivo custo. A essa relação
dá-se o nome de índice de valor da função. As funções com índice de
valor inferior a 1 (um) seriam chamadas de funções críticas. A Erro! Fonte
de referência não encontrada. apresenta o fluxograma de um sistema de
pré-fracionamento de derivados de petróleo e, logo após, o Erro! Fonte de
referência não encontrada. descreve os componentes, custos e respectiva
descrição de funções de cada elemento do sistema.

Figura 1 – Fluxograma da unidade de pré-fracionamento

Vapor (alta pressão)

B - 03

P - 03
Torre
condensado Vapor T - 01 P - 04

(retificação)
SG - 01

tratamento (água)
p/ tanque
P - 02 p/ tanque

ar P - 07
P - 05

carga
P - 01

B - 01 P - 06 B - 02
ar
Quadro 2 – Custos e descrições das funções
Descrições das funções
Custos
Componentes Código Função
(US$ x 1.000)
Permutador P – 01 Trocador de calor 64.87
Permutador P – 02 Trocador de calor 68.00
Permutador P – 03 Trocador de calor 55.66
Permutador P – 04 Trocador de calor 38.15
Permutador P – 05 Trocador de calor 35.67
Permutador P – 06 Trocador de calor 70.02
Permutador P – 07 Trocador de calor 13.76
Bomba B – 01 A/B Elevar pressão 46.08
Bomba B – 02 A/B Elevar pressão 18.43
Bomba B – 02 A/B Elevar pressão 31.23
Torre T – 01 Fracionar óleo 210.85
Vaso SD – 01 Separar liq/vapor 4.70
Vaso SG – 01 Separar água/nafta 80.80
Tubulações Tubos + válvulas Conduzir fluídos 156.40
Instrumentação Lista Controlar processo 180.46
Instrumentação
Cabos/iluminação Fornecer energ. ele. 60.00
Elétrica
Total 1133.08

Para facilitar a análise, os componentes que possuem a mesma função devem


ser agrupados, e o novo custo da função será igual à somatória dos custos dos
componentes agrupados. No caso da unidade de pré-fracionamento
apresentada na Erro! Fonte de referência não encontrada., a tabela deverá
ficar conforme ilustrado no Erro! Fonte de referência não encontrada..

Quadro 3 – Tabela simplificada

Componentes Função Custos (US$ x 1.000)


Permutadores Trocador de Calor 344.13
Bombas Elevar pressão 95.74
Torre Fracionar oleo 210.85
Vaso Separar liq/vapor 4.70
Vaso Separar água/nafta 80.80
Tubulações Conduzir fluídos 156.40
Instrumentação Controlar o processo 180.46
Instr. elétrica Fornecer energ. elétrica 60.00
Total 1133.08

- Determinação das funções críticas – a determinação do grau de


importância é feita através da aplicação da Análise Numérica Funcional,
quando todas as funções são comparadas entre si, duas a duas, e a cada
comparação escolhe-se a função mais importante com o seu respectivo
grau de importância. Esse grau pode ser atribuído obedecendo aos
seguintes critérios:

- 1 = Função pouco mais importante;

- 3 = Função mais importante;

- 5 = Função muito mais importante.

O grau de importância pode ser obtido pela média aritmética das notas
fornecidas por cada elemento do grupo ou por outro critério a ser estabelecido
pelo grupo.

O somatório dos graus de importância de cada função, dividido pela soma total,
fornece o percentual de importância da função (% IF).

A decisão que determina se a função é mais importante que a outra é fruto da


gama de informações assimiladas nas fases anteriores e do nível de
conhecimento técnico sobre o assunto. O caráter subjetivo da decisão sempre
vai existir, e o consenso geral na escolha deve procurar ser obtido, mas não
deve despender muito tempo na sua obtenção, pois poderá prejudicar o
andamento do trabalho.

As funções críticas são aquelas que devem ser priorizadas pelo grupo para a
busca de soluções alternativas com o objetivo de aumentar seus valores. Elas
são identificadas pela obtenção do Índice de Valor (I.V.), que é a relação entre
a percentagem de importância da função e a percentagem do seu respectivo
custo. São consideradas funções críticas aquelas que apresentam o I.V. menor
que 1 (um) (I.V. < 1 significa que está se gastando muito pela importância da
função, ou seja, pagando mais do que ela realmente vale).

A identificação das funções críticas visa estabelecer uma ordem de abordagem


na fase de Criatividade, caso o grupo não disponha de tempo suficiente para
abordar todas as funções. Essa ordem não tem que ser obrigatoriamente
obedecida, mas uma nova ordem pode ser criada pela aplicação de Paretto ou
baseada na complexidade e gama de informações disponíveis para as funções.

Se for considerado o exemplo da unidade de pré-fracionamento, pode-se


determinar as funções críticas a partir do fluxograma:

- A – Trocar calor;

- B – Elevar pressão;

- C – Fracionar óleo;

- D – Separar líquido/vapor;

- E – Separar água/nafta;

- F – Conduzir fluídos;

- G – Controlar processo;

- H – Fornecer energia elétrica.

Supondo que o grupo de Análise do Valor tenha aplicado Análise Numérica


Funcional e chegado ao seguinte resultado:

A B C D E F G H Importância % IF
A A1 C5 A3 A3 F1 A1 A1 9 12.16
B C5 B3 B3 F1 B1 B1 8 10.18
C C5 C5 C5 C5 C5 35 47.92
D D1 F3 G1 D1 2 2.70
E F3 G1 E1 1 1.35
F F3 F3 14 18.91
G G3 5 6.78
H 0 0.00
74 100.0

Através dos resultados da Análise Numérica Funcional pode-se chegar ao


percentual de importância de cada função (% IF e, posteriormente, ao Índice de
Valor de cada função:
IV = %IF
%C

A tabela abaixo apresenta os resultados:

Função % IF %C IV
A Trocar calor 12,16 30,37 0.40
B Elevar pressão 10,81 8.45 1.28
C Fracionar óleo 47.29 18.60 2.54
D Separar líquido/vapor 2.70 0.41 6.58
E Separar água/nafta 1.35 7.13 0.19
F Conduzir fluidos 18.91 13.80 1.37
G Controlar processo 6.78 15.92 0.43
H Fornecer energia elétrica 0 5.29 0

As funções críticas seriam:

- H (fornece energia elétrica);

- E (Separar água/nafta);

- A (Trocar calor);

- G (Controlar processo).

Mas se for levado em conta, também, Paretto, a ordem na prioridade de


abordagem das funções ficaria da seguinte maneira:

Ordem Função IV %C
a
1 Trocar calor 0.40 30.37
a
2 Controlar processo 0.43 15.92
a
3 Separar água/nafta 0.19 7.13
a
4 Fornecer energia elétrica 0 5.29

- Identificar o Grau de Liberdade (GL)

- GL1 – Necessidade: verificar se é realmente preciso realizar a função


estudada. Se não for preciso, este sistema não será mais implantado,
pois existe uma solução diferente que satisfaz a necessidade exigida. Se
for preciso, deve-se avaliar o grau seguinte.
- GL2 – Princípio: questionar a concepção ou a disciplina que rege como
desempenhar a função, verificando se existe outro princípio que possa
ser utilizado;

- GL3 – Conformação: buscar nova forma, formato ou desenho de o que


está sendo utilizado para realizar a função;

- GL4 – Recursos: identificar a possibilidade de serem utilizados


materiais, especificação ou meios diferentes daqueles propostos para o
real;

- GL5 – Procedimento: verificar se no processo de fabricação ou


montagem do elemento usado para realizar a função, existem
procedimentos que possam ser otimizados.

Como exemplo de aplicação do conceito Grau de Liberdade, analise a função


“conduzir líquidos de uma unidade industrial que está sendo proposta de ser
realizada através de um tubo de aço 1020 de 8 polegadas de diâmetro”.

Conduzir
GL1 Necessidade É necessária? Sim!
líquidos
GL2 Princípio Duto Tambor, galão, caminhão, balde etc.
GL3 Conformação Tubo 8” Duto quadrado, tubo de 6” etc.
GL4 Recursos Aço 1020 PVC, fibra de vidro, manilha de concreto
GL5 Procedimentos Atuar no plano de montagem visando a sua otimização

1.4.4.Fase de Criatividade
A finalidade da fase de Criatividade é obter o maior número possível de ideias
para realizar as funções do produto, atendendo o objetivo estipulado. Convém
salientar que o objetivo que se busca é aumentar o valor da função, e isso
pode ser conseguido tanto pela redução do custo como pelo aumento na
função, desde que pertinente. A fase de criatividade pode ser dividida em:
- Fase de obtenção de ideias;

- Seleção e agrupamento de ideias.

1.4.5. Fase de Julgamento


As ideias selecionadas na fase anterior deverão, agora, ser julgadas pelo
grupo, e aquelas que forem consideradas viáveis farão parte das propostas
e/ou recomendações a serem incorporadas ao relatório do grupo. A ferramenta
proposta para utilização no julgamento das ideias é denominada de Feri. Cada
uma dessas quatro letras representa uma pergunta que requer uma resposta
do tipo SIM ou NÃO. A saber:

- F - a ideia atende a função? O que se quer saber é se a ideia for


implantada, a função será realizada?

- E - a ideia pode ser executada técnica e politicamente? O que se pretende


com “ser executada tecnicamente” é verificar se a solução proposta utiliza
tecnologia, materiais e padrões de uso conhecidos e aceitos no âmbito das
indústrias. Já com “executada politicamente” pretende-se saber se não
estamos sugerindo o óbvio para o executor da ideia que, naturalmente, já
faria aquilo. Ou então se a ideia, caso seja implantada, venha trazer
problemas de risco à segurança ou ao meio ambiente.

- R - a ideia atende o objetivo proposto? No início dos trabalhos, um dos


objetivos foi definido para o grupo como: reduzir custos, reduzir peso,
aumentar a qualidade, aumentar a segurança, entre outros. Em outras
palavras, a pergunta quer saber se a ideia atende a esse objetivo
estipulado;

- I – o investimento é:

 Zero ou menor que o atual? – o investimento atual é o que se refere à


solução original a qual a ideia proposta irá substituir. Se o novo
investimento for zero ou menor que a solução original, a ideia será
aprovada nesse item.

 Maior que o atual? – no caso de a ideia proposta requerer investimento


maior que a solução original, deve-se fazer uma análise custo-benefício
ou verificar se há possibilidade de amortização do investimento ao longo
da vida do empreendimento. Para facilitar o desenvolvimento dessa fase
propõe-se o quadro a seguir:

Análise do Valor
Fase de Julgamento
Objeto: Folha:
Função:
Ideia F E R I

No preenchimento desse quadro, quando não se tem as informações


necessárias, coloca-se um ponto de interrogação (?) para uma avaliação
posterior, quando essas informações forem levantadas. Após esse estudo é
necessário fazer uma análise de viabilidade do ponto de vista técnico e
econômico.

1.4.6. Fase de Implantação


Na fase de implantação é necessário emitir relatórios sobre o estudo até o
momento, efetuar a consolidação as propostas, fazer recomendações,
acompanhar a implantação e, por fim, aferir os resultados.

1.5. Referências Bibliográficas

MILES, L. D. Techniques of Value Analysis and Engineering. Lawrence D.


Miles Value Foundation, 1989.
PEREIRA FILHO, Rodolfo Rodrigues. Análise do Valor: processo de melhoria
contínua. São Paulo: Nobel, 1994, p. 186.

CSILLAG, João Mario. Análise do Valor: metodologia do valor. 4. ed. São


Paulo: Atlas, 1995, p. 370.

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