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AÇÃO PENAL E EXTINÇÃO

DE PUNIBILIDADE

Prof. Clodovil Moreira Soares


DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AÇÃO PENAL: definição
• “Ação é o direito subjetivo de se
invocar do Estado-Juiz a aplicação do
direito objetivo a um caso concreto.”
(TOURINHO FILHO)

• “Ação penal é o direito subjetivo


público de exigir do Estado a prestação
jurisdicional sobre uma determinada
relação de direito penal.”
(JORGE ALBERTO ROMEIRO)
• CUMPRE OBSERVAR QUE:

“Não se pode confundir o direito de ação com a


ação, propriamente dita. Direito de ação é o direito
de se exigir do Estado o exercício da jurisdição.
Ação, todavia, é o ato jurídico, ou mesmo a
iniciativa de se ir à justiça, em busca do direito, com
efetiva prestação da tutela jurisdicional,
funcionando como a forma de se provocar o Estado
a prestar a tutela jurisdicional.”
(Renato Brasileiro, 2020)
CARACTERÍSTICAS
1. É UM DIREITO PÚBLICO;
2. DIREITO SUBJETIVO;
3. DIREITO AUTÔNOMO;
4. DIREITO ABSTRATO;
5. DIREITO DETERMINADO;
6. DIREITO ESPECÍFICO;
7. INSTRUMENTAL;
 “Ação é o direito público, subjetivo, autônomo,
abstrato e instrumental de exigir do Estado
que, pelo exercício da jurisdição, dê um
provimento para resolver uma controvérsia
penal.” (M.Zanóide)

 É um instituto da natureza mista, penal


(Arts. 100 a 106, CP) e processual penal
(Arts. 24 a 62 CPP).
CONDIÇÕES GERAIS DA AÇÃO PENAL
 Com a reforma do CPP através da Lei 11.719/08 as condições
da ação penal limitam-se as seguintes:
1. LEGITIMIDADE ad causam (para agir)
• Legitimidade Ordinária: Ministério Público – Art. 129, CF.
• Legitimidade Extraordinária: Ofendido ou seu representante legal; o
dever de punir continua sendo do Estado.
• Sucessão Processual: quando o ofendido ou seu representante legal
falece ou está ausente, oportunizando que o cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão (CADI) ofereça a peça inicial acusatória.
2. INTERESSE DE AGIR (necessidade, adequação e utilidade)

3. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO (?)

4. JUSTA CAUSA (lastro probatório mínimo)


4. Explicando a JUSTA CAUSA (lastro probatório
mínimo)

• O STF sintetizou, no Informativo nº 869 (HC


129678/SP), o trinômio que caracteriza a justa
causa:
• No que se refere à justa causa, considerou
presente o trinômio que a caracteriza:
• Tipicidade, punibilidade e viabilidade.
– A tipicidade é observada em razão de a conduta ser
típica.
– A punibilidade, em face da ausência de prescrição.
– E a viabilidade, ante a materialidade, comprovada
com o evento morte, e a autoria, que deve ser
apreciada pelo tribunal do júri.
Art. 395, II, CPP
JUSTA CAUSA DUPLICADA:
A Lei de Lavagem, em seu art. 2º, §1º, diz que a
denúncia será instruída com indícios suficientes da
existência da infração penal antecedente, ainda que
desconhecidos ou isento de pena o autor, ou extinta a
punibilidade da infração penal antecedente. O crime de
lavagem de capitais é um crime acessório ou
parasitário, devendo haver o suporte probatório
mínimo do crime de lavagem, mas também do crime
antecedente. Do contrário, haverá rejeição da pena
acusatória com base no art.395, III.

- JUSTA CAUSA TRIPLICADA (?)


● CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DA AÇÃO
PENAL:
- A. Representação do ofendido;
- B. Requisição do Ministro da Justiça;
- C. Provas novas (no IP arquivado por
ausência ou insuficiência de elementos
probatórios);
- D. Provas novas preclusão da impronúncia;
- E. Laudo Pericial nos crimes contra a
propriedade imaterial;
- F. Autorização da Câmara dos Deputados
(nos processos contra o Presidente da
República, Vice e contra os Ministros).
● CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE;

● CONDIÇÃO DE PROSSEGUIBILIDADE.
CONDIÇÃO DE PROSSEGUIBILIDADE (CONDIÇÃO
SUPERVENIENTE DA AÇÃO)

- Não se confunde com a condição específica de


procedibilidade, que é sinônimo de condição específica da
ação penal, sendo necessária para se instaurar/proceder à
persecução penal.

- No caso da condição de prosseguibilidade, denominada por


alguns doutrinadores como condição superveniente da ação, a
ação penal já está em andamento e esta deve ser
implementada para que o processo possa seguir seu curso
normal.
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME DE
ESTELIONATO. LEI N. 13.964/2019. PACOTE ANTICRIME. AÇÃO PENAL
CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE REPRESENTAÇÃO
DA VÍTIMA. INEXISTÊNCIA DE RIGOR FORMAL. REGISTRO DE OCORRÊNCIA
POLICIAL. PRECEDENTES DO STF E STJ. 1. Com o advento da Lei n. 13.964/19
(Pacote Anticrime), o crime de estelionato, antes processado mediante ação penal
pública incondicionada, passará a ter o seu processamento mediante ação pública
condicionada à representação. 2. A representação da vítima para a investigação ou
deflagração de ação penal prescinde de qualquer rigor formal, bastando a
demonstração inequívoca de que a vítima tem interesse na persecução penal, o
que ocorreu na hipótese dos autos, visto que a vítima foi à delegacia registrar
ocorrência, narrou os fatos e apontou o paciente como autor do estelionato. 3.
Ordem denegada.(Acórdão 1237747, 07042783620208070000, Relator: WALDIR
LEÔNCIO LOPES JÚNIOR, 3ª Turma Criminal, data de julgamento: 12/3/2020,
publicado no PJe: 23/3/2020. Pág.: Sem Página Cadastrada.)
ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL:
(QUANTO A LEGITIMAÇÃO ATIVA)

I – AÇÃO PENAL PÚBLICA: é aquela movida pelo


Estado-administração através do Ministério Público,
iniciando-se por denúncia.
- INCONDICIONADA: sendo esta a regra, e cabe ao
MP promovê-la (Art.129, I da CF) independentemente da
manifestação de vontade, de quem quer que seja.
( Art. 100, CP);

- CONDICIONADA: é também chamada de


semiplena. Subordina-se á condição de presença da
manifestação de vontade, representação, do ofendido, ou
requisição do ministro da justiça. ( Art. 100, § 1º. CP).
II – AÇÃO PENAL PRIVADA:
é aquela em que o direito de acusar pertence, exclusiva ou
subsidiariamente, ao ofendido ou a quem tenha qualidade para
representá-lo, mas o direito de punir continua sendo do Estado.

- EXCLUSIVA: propriamente dita, hipóteses que também somente


procede mediante queixa-crime, ou seja, hipótese que a iniciativa da ação
penal é conferida, com exclusividade ao particular. (Art. 24, parágrafo primeiro
do CPP). Caso esteja morto ou ausente, esta legitimidade passa ao cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão (CADI).

- PERSONALISSÍMA: sua titularidade é exclusiva do ofendido. Não há


sucessão processual. Único caso: induzimento a erro essencial ou ocultação de
impedimento (Art. 236 do CP).

- SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA: ação penal acidentalmente privada ou


ação penal supletiva. O titular originário é o MP, o qual fica inerte, sendo
possível a queixa- crime subsidiária pelo particular. ( Art. 5º. inc LIX da CF e Art.
29 do CPP)
CRITÉRIO DE DETERMINAÇÃO DA
ESPÉCIE DE AÇÃO PENAL
Art. 100. A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a
declara privativa do ofendido.

§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público,


dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou
de requisição do Ministro da Justiça.

§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do


ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.

§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de


ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo
legal.

§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente


por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na
ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
CRITÉRIO DE DETERMINAÇÃO DA
ESPÉCIE DE AÇÃO PENAL
A espécie de ação penal é determinada pelo código
penal. Se o legislador, após tipificar a conduta, nada
disser quanto ao exercício da ação penal, por exclusão, a
ação penal será pública.

Será Ação Pública Condicionada quando mencionar: a


ação “somente se procede mediante representação” ou “
somente se procede mediante requisição” , ao final do
artigo ou do capítulo.

Será Ação Privada quando mencionar a expressão:


“somente se procede mediante queixa”
Vamos praticar!
• Homicídio simples
• Art. 121. Matar alguem:
• Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

• Furto
• Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa
alheia móvel:
• Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

(artigo não diz nada, cap. e seguintes também) – regra.


Ameaça
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou
gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe
mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante
representação.

Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a
dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
(...)
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente
se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do
art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
AÇÃO PENAL - PRINCÍPIOS
• INTRANSCENDÊNCIA:
• Possui status constitucional e estrita relação com o princípio
da pessoalidade da pena e da vedação da responsabilidade
objetiva no Direito Penal. Logo, a responsabilização penal
não pode transcender o condenado;

• É aplicável tanto para a Ação Pública, quanto para a Ação


Privada.
AÇÃO PENAL - PRINCÍPIOS
I. AÇÃO PENAL PÚBLICA:

• OPORTUNIDADE/(CONVENIÊNCIA)
• DISPONIBILIDADE
• INDIVISIBILIDADE
PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL
PÚBLICA
1º. PRINCIPIO DA OFICIALIDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA: A
ação penal publica é promovida pelo MP, órgão oficial do Estado, daí falar
em Principio da Oficialidade, ou seja, a investigação preparatória da ação
penal, em regra é feita pela policia judiciária, que é órgão do Estado.
Policia Judiciária e MP são os órgãos do Estado.

2º. PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE OU DA LEGALIDADE DA


AÇÃO PENAL PÚBLICA/discricionariedade regrada:
O MP tem o dever de promover a ação penal, não podendo deixar de fazê-
lo por razões de oportunidade ou conveniência, pois presentes as condições
da ação, entra as quais, a justa causa, deve o MP promovê-la. A
possibilidade de Transação Penal, nas infrações de menor potencial
ofensivo, acordo de não persecução penal, colaboração premiada,
mitigaram o princípio da Obrigatoriedade da ação penal pública.
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida
por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a
lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de
representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para
representá-lo.
§ 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado
ausente por decisão judicial, o direito de representação
passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou
irmão.
§ 2o Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento
do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a
ação penal será pública.
EXCEÇÕES:
PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL
PÚBLICA
3º. PRINCÍPIO DA (IN) DIVISIBILIDADE DA AÇÃO PENAL
PÚBLICA: A ação penal deve ser promovida contra todos os autores do
crime, a acusação deve abranger todos aqueles que concorreram para a
pratica da infração penal, ou seja, o MP deve oferecer a denúncia contra
todos os autores, coautores e eventuais partícipes do crime. (doutrina)

4º. O PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE: também denominada de


Principio da Indesistibilidade, pelo qual, é vedado ao MP desistir da ação
penal. O Princípio da Indisponibilidade alcança, inclusive, a fase recursal,
sendo assim o MP não pode desistir da ação penal, ou tampouco, de
recurso que haja interposto. (Art. 42 e Art. 576, CPP)

Art. 101. Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo


legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em
relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva
proceder por iniciativa do Ministério Público.
PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA
1º. Princípio da Oportunidade e Conveniência da
Ação Penal Privada: Cabe ao ofendido exercer ou não,
o direito de queixa, a seu exclusivo critério, ou seja, o
ofendido não está obrigado a promover a ação penal
privada, ninguém pode obrigá-lo a exercer o direito de
queixa.

2º. Princípio da Disponibilidade da Ação Penal


Privada: é possível oferecer queixa-crime e, durante o
trâmite processual, desistir.
3º. Princípio da Indivisibilidade da Ação Penal
Privada:
Como o Ofendido não esta obrigado a promover a ação
penal privada, ou seja, não está obrigado a formular a
queixa, mas se quiser fazê-lo, terá que acusar todos
aqueles que contribuíram para a prática do delito, sendo
assim, a queixa-crime deve compreender todos aqueles
que concorreram para a pratica do delito, como os
autores, co-autores e participes, e cabe ao MP intervir, na
ação penal privada como custos legis, com a função
básica, de zelar pela observância do Principio da
Indivisibilidade. (art.48 CPP).
AÇÃO PENAL PÚBLICA
Ao oferecer a Denúncia, o MP formaliza a acusação
imputando ao denunciado a prática de um fato
penalmente relevante, deduzindo em juízo a pretensão
punitiva Estatal, formalizando a acusação.
Art. 102 do CP - A representação será
irretratável depois de oferecida a denúncia.

VERIFICANDO NO CURSO DO PROCESSO CAUSA DE NULIDADE


ABSOLUTA OU DE EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO
DO MÉRITO:
Segundo o STJ, o fato de a denúncia já ter
sido recebida não impede o Juízo de
primeiro grau de, logo após o oferecimento
da resposta do acusado, prevista nos Arts.
396 e 396-A do Código de Processo Penal,
reconsiderar a anterior decisão e rejeitar a
peça acusatória, ao constatar a presença de
uma das hipóteses elencadas nos incisos do
art. 395 do Código de Processo Penal,
suscitada pela defesa.
QUESTÕES POLÊMICAS RELATIVAS A DENÚNCIA:

1. Pode o Promotor oferecer a Denúncia, e requerer desde


logo a absolvição do acusado?

2. A denúncia pode ser aditada para incluir novos crimes,


como para incluir coautores e partícipes?
PRAZO PARA A DENÚNCIA
● Estando o réu solto, 15 dias. Se preso, 5 dias. O excesso de prazo
não invalida a denúncia. O prazo conta do recebimento do inquérito.
Quando não houver inquérito, do recebimento, pelo Promotor, das
peças de informação.

CAUSAS DE REJEIÇÃO DA DENÚNCIA


(Nova redação do Art. 395/ Lei 11.719/08)
a) For manifestamente inepta; (deve atender os requisitos
contidos no Art. 41)
b) Faltar pressuposto processual ou condição para o
exercício da ação penal;
c) Faltar justa causa para o exercício da ação penal.
“Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com
todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos
pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando
necessário, o rol das testemunhas.”

• 1. EXPOSIÇÃO DO FATO CRIMINOSO, COM TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS;

• 2. CLASSIFICAÇÃO DO DELITO;

• 3. INDIVIDUALIZAÇÃO DO ACUSADO;

• 4. ROL DE TESTEMUNHAS;

• 5. PEDIDO DE CONDENAÇÃO;

• 6. ENDEREÇAMENTO;

• 7. NOME E ASSINATURA.
- ALGUMAS OBSERVAÇÕES:

• Uma vez rejeitada a denúncia, não há coisa julgada


material. Assim, sanado o vício, a inicial pode ser novamente
ofertada, exceto no caso de extinção da punibilidade.

• A jurisprudência tem entendido que a decisão que recebe


a denúncia ou queixa não tem caráter decisório, não
precisando de fundamentação.

• Não cabe recurso da decisão que recebe a denúncia ou


queixa, apenas Habeas-Corpus. Da decisão que rejeita, cabe
recurso em sentido estrito.
AÇÃO PENAL PÚBLICA
AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REQUISIÇÃO
DO MINISTRO A JUSTIÇA

HIPÓTESES

Crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro no exterior –


Extraterritorialidade Hipercondicionada (art. 7º, §3º, “b”, CP):
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições
previstas no parágrafo anterior:
b) houve requisição do Ministro da Justiça

Crime de injúria praticado contra o Presidente da República (art. 141, I, c/c art.
145, §único, CP);
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um
terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo
estrangeiro;
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da
Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante
representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem
como no caso do § 3o do art. 140 deste Código.
AÇÃO PENAL PRIVADA
● A ação penal privada difere-se da pública em razão
da legitimidade para agir, cujo titular é o ofendido
ou seu representante legal.

● As principais razões para o estado ter conferido ao


ofendido o direito de acusar, são:

A) Tenuidade da lesão a sociedade.


B) Caráter privado do bem jurídico.
C) Evitar um mal maior com a publicidade do
processo e a pecha da vitimização.
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE NAS AÇÕES PENAIS
PRIVADAS

Em razão dos princípios da oportunidade e disponibilidade, temos


causas extintivas da punibilidade próprias à ação penal privada.

1. DECADÊNCIA:
É a perda do direito de queixa ou representação por não ter
sido exercido no prazo legal (seis meses – Art. 103, CP),
acarretando a extinção da punibilidade. (CP, Art. 107, inciso
IV).É um instituto que se opera somente antes do
oferecimento da queixa ou da representação.
2. RENÚNCIA:
É o ato unilateral e voluntário pelo qual a vítima manifesta
a vontade de não ingressar com a ação penal, abdicando
do direito de oferecer queixa-crime, extinguindo-se a
punibilidade. Pode ser expressa ou tácita (CP, Art. 104,
caput). Ocorre antes do oferecimento da queixa.
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE NAS AÇÕES PENAIS
PRIVADAS

Art. 103 - Salvo disposição expressa em


contrário, o ofendido decai do direito de
queixa ou de representação se não o
exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses,
contado do dia em que veio a saber quem é
o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art.
100 deste Código, do dia em que se esgota
o prazo para oferecimento da denúncia. –
DECADÊNCIA – 6 MESES, VER SUM 594
STF.
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE NAS AÇÕES PENAIS
PRIVADAS

Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando


renunciado expressa ou tacitamente.
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a
prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a
implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do
dano causado pelo crime. – RENÚNCIA TÁCITA OU EXPRESSA
AO DIREITO DE QUEIXA.

- A RENÚNCIA EM RAZÃO DE ACORDO ENTRE AS PARTES


NO JECRIM, ART. 74, DA LEI 9.O99/95.
3. PERDÃO:

É o ato pelo qual a vítima resolve perdoar o autor do crime,


seja no processo ou fora do processo, podendo ser
expresso ou tácito (CPP, Art. 106, § 2º.). Ocorre, via de regra,
quando já iniciado o processo. Só produz efeito aos
querelados que aceitarem, é um ato bilateral.

Art. 105. O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se


procede mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação.

Art. 106. O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito:


I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita;
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito
dos outros;
III - se o querelado o recusa, não produz efeito.
§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato
incompatível com a vontade de prosseguir na ação.
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a
sentença condenatória.
BREVE SÍNTESE...

RENÚNCIA PERDÃO

Decorre do princípio da Decorre do princípio da disponibilidade.


oportunidade/conveniência

É ato unilateral (não depende de É ato bilateral (depende de aceitação do


aceitação do querelado) querelado)

Concedida antes do início do processo Concedido após o início do processo até o


trânsito em julgado

Por força do princípio da Por força do princípio da indivisibilidade, o


indivisibilidade, a renúncia em relaçãoperdão em relação a um querelado se
a um querelado se estende aos demais estende aos demais, desde que haja
aceitação
4. PEREMPÇÃO:

É a extinção do direito de ação, pelo desinteresse ou


negligência do querelante em prosseguir na ação. A queixa
já deve ter sido oferecida para que ocorra a perempção
com base nos motivos estabelecidos pelo Art. 60 do CPP:

a)O querelante deixa de promover o andamento do


processo por mais de 30 dias;

b) Em caso de falecimento ou incapacidade do querelante


não houver prosseguimento em 60 dias, ressalva Art. 36
CPP;

c) Ausência do querelante a ato essencial do processo ou


falta de pedido de condenação;
d)Extinção do querelante pessoa jurídica s/ sucessor.
A QUEIXA-CRIME
É a petição inicial da ação penal privada, intentada pelo
ofendido ou seu representante legal, por um advogado, onde
será narrado o fato que consubstancia a infração penal.

● Na queixa crime o conteúdo é o mesmo expresso no Art.


41 do CPP.
● O autor é chamado de querelante e o acusado de
querelado.
Quando oferecida através de Advogado a procuração deve conter
poderes especiais para oferecer a queixa. (Art. 44)
DA PRAZO QUEIXA-CRIME
O prazo é de seis meses, em regra a contar do
conhecimento do autor dos fatos.

ADITAMENTO DA QUEIXA-CRIME
a) O Ministério público para incluir circunstâncias que melhor caracterizem ou
classifiquem o crime ou tenham relevância na aplicação da pena [tríduo
legal] ; (CPP, 45 e 46, § 2º. do CPP).

b) Ao querelante, dentro do prazo decadencial, para incluir co-autor


desconhecido e circunstâncias que agravem a imputação; (CPP, Art. 48)

c) Não é possível incluir os participeis ou co-autores se excluídos pelo


querelante na inicial.
PRAZO PARA AJUIZAMENTO DE AÇÃO
PENAL PRIVADA

Nos crimes de ação penal privada, caso o


querelado esteja preso, tem o querelante o
prazo de 05 dias para o ajuizamento da
ação (interpretação extensiva). O comum é
de que o querelado esteja solto, e o prazo
para o querelante ajuizar a ação privada é
de 06 meses.
Art. 259. A impossibilidade de
identificação do acusado com o seu
verdadeiro nome ou outros qualificativos
não retardará a ação penal, quando certa
a identidade física. A qualquer tempo, no
curso do processo, do julgamento ou da
execução da sentença, se for descoberta a
sua qualificação, far-se-á a retificação, por
termo, nos autos, sem prejuízo da
validade dos atos precedentes.
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o
réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do
Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15
dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se
houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16),
contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério
Público receber novamente os autos.
§ 1º. Quando o Ministério Público dispensar o inquérito
policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da
data em que tiver recebido as peças de informações ou a
representação
§ 2º. O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias,
contado da data em que o órgão do Ministério Público receber
os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo,
entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos
demais termos do processo.
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada
quando:
I - for manifestamente inepta;
II - faltar pressuposto processual ou condição
para o exercício da ação penal; ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação
penal.
Parágrafo único. (Revogado).
AÇÃO PENAL ADESIVA
AÇÃO PENAL INDIRETA

AÇÃO PENAL POPULAR


BIBLIOGRAFIA

 REFERÊNCIAS BÁSICAS:
 AVENA, Norberto. Processo Penal Esquematizado. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo : MÉTODO,
12ª. Ed. 2020.
 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal: volume único - 8. ed. Ver. Ampl. E atual –
Salavador: Ed. Juspodivm, 2020.
 LOPES Júnior, Aury. Direito Processual Penal, 17ª. ed. São Paulo; Saraiva, 2020.
 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. São Paulo: Forense,
16ª.ed- 2020.
 ROQUE ARAÚJO, Fábio & NEGRI COSTA, Klaus. Processo Penal - Didático. Salvador; Editora Jus
Podivm, 2ª.Ed.2019.

 REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES
 FEITOZA, Denilson. Direito Processual Penal: Teoria, Crítica e Práxis. 6ª.Ed. Nitéroi,RJ: Impetus, 2009.
 POLASTRI LIMA, Marcellus. Manual de Processo Penal, Rio de Janeiro: Editora: Lumen Juris. 2007
 RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 12.ª edição – 884 páginas. Editora: Lumen Juris. 2007.
 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de Processo Penal.
São Paulo: Saraiva. 2006.

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