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Projeto de Pesquisa – Mestrado

Universidade Estadual de Campinas – IFCH/Unicamp


Orientadora: Prof. Inara Luisa Marin
Orientando: Gabriel Lima de Oliveira
Julho/2019

Metapsicologia e psicologia clínica na construção do conceito de Pulsão em “Além

do Princípio do Prazer”

Resumo: No artigo “Além do princípio do prazer”, Sigmund Freud expõe o conjunto

de quatro fatos cujos elementos confrontam um dos fundamentos de seu sistema

explicativo, o princípio do prazer. Tal confronto leva Freud a formular a hipótese de um

caráter regressivo da pulsão, iniciando uma reformulação de seu quadro teórico. No

entanto, o argumento freudiano que procura justificar a nova conjectura possui

dificuldades exegéticas em virtude do forte teor especulativo. Devido a este fator e ao

caráter polêmico das ideias do texto, a recepção das novas teses foi marcada por

resistências, levando a linhas interpretativas que negam o valor da obra no cânone

psicanalítico e também a leituras que procuram fundamentar as teses especulativas a

partir da observação de fenômenos clínicos, afastando-se assim da fundamentação

contida no próprio texto. A presente pesquisa procura investigar a hipótese levantada

por Freud, reconstituindo seu argumento de modo a evidenciar as diferentes maneiras

em que metapsicologia e psicologia clínica são articuladas em seu interior. A hipótese

da pesquisa procura demonstrar que existem três etapas diferentes no texto

caracterizadas por nexos específicos entre esses campos, a saber: i) subordinação da

metapsicologia à psicologia; ii) tradução de sintomas clínicos em termos

metapsicológicos; iii) cisão entre metapsicologia e clínica. Nesse sentido, essa

abordagem oferecerá indicações epistemológicas a respeito da particularidade do uso

1
conceitual nas diferentes partes do texto, evitando interpretações que procurem na

psicologia clínica a justificativa de conceitos estritamente metapsicológicos.

Introdução e justificativa, com síntese da bibliografia fundamental

Exposição da questão

Em “Além do princípio do prazer”1 (1920), Sigmund Freud enfrenta a tarefa de

compreender um conjunto de fenômenos subjacentes às neuroses traumáticas, de

transferência e de destino, bem como uma brincadeira infantil. Esses fatos apresentam

como elemento comum a busca por repetir situações que não causam nenhum tipo de

prazer, o que desafia um dos pontos centrais de seu quadro teórico, o princípio do

prazer. Este princípio articula a hipótese de que o funcionamento dos processos

psíquicos é impulsionado visando o prazer, sendo este compreendido como uma

grandeza quantitativa relacionada à diminuição de tensão do organismo. Por outro lado,

os estímulos, fonte de aumento da excitação psíquica e, consequentemente, de tensão,

são sentidos como desprazer. Dessa forma, Freud postula a existência de uma

organização subjetiva, o aparelho psíquico, tendo o princípio do prazer como seu

regulador.

1
Daqui em diante, adotaremos a sigla APP para se referir ao artigo “Além do princípio do prazer”.

2
Correlacionado ao princípio de prazer está o conceito de pulsão 2, atuando, em

linhas gerais, como uma força de caráter constante cuja fonte de estímulo é endógena.

Dessa maneira, é postulada uma pressão permanente que exige o trabalho do aparelho

psíquico na direção da diminuição deste aumento de excitação, impelindo-o ao

movimento. O conjunto de fenômenos apresentados em APP contraria tais teses ao

apontar para um tipo de movimento não regulado pelo princípio do prazer. Para

fundamentar o elemento anômalo manifestado em tais fatos, Freud reelabora o conceito

de pulsão, redefinindo o caráter de seu movimento:

Mas de que modo se relaciona o caráter impulsivo e a compulsão à repetição?


Aqui se nos impõe a ideia de que viemos a deparar com uma característica
geral das pulsões, talvez de toda a vida orgânica ou, pelo menos,
explicitamente enfatizada. Uma pulsão seria um impulso, presente em todo
organismo, tendente à restauração de um estado anterior, que esse ser vivo
teve de abandonar por influência de perturbadoras forças externas, uma
espécie de elasticidade orgânica ou, se quiserem, a expressão da inércia da
vida orgânica. Tal concepção da pulsão soa estranha, pois já nos habituamos
a ver nela o fator que impele à mudança e ao desenvolvimento, e devemos
agora reconhecer ali a expressão da natureza conservadora do vivente.3

Essa passagem indica uma mudança na investigação psicanalítica em torno do

conceito de pulsão. Como o próprio autor assinala, há um estranhamento em considerar

que a pulsão possui um caráter regressivo, uma vez que ao caracterizá-la como uma

força que impele constantemente o aparelho psíquico em direção ao movimento, esta

era tomada como uma mola propulsora para o desenvolvimento individual e da espécie.

2
Como pontua Luiz Hanns (1996) a tradução do termo Trieb é uma das mais polêmicas na obra freudiana.
O termo em alemão denota uma grande gama de significados, como afirma o autor: “Abarca um princípio
maior que rege os seres viventes e que se manifesta como força que coloca em ação os seres de cada
espécie; que aparece fisiologicamente "no" corpo somático do sujeito como se brotasse dele e o
aguilhoasse; e, por fim, que se manifesta "para" o sujeito, fazendo-se representar ao nível interno e
íntimo, como se fosse sua vontade ou um imperativo pessoal. No texto freudiano também, a palavra
mantém estas características de uso. Estes significados estão todos muito próximos e sempre
correlacionados com um núcleo básico de sentido: algo que "propulsiona", "coloca em movimento"”
(p.331). Contudo, após o estabelecimento da “The Standard Edition of the Complete Psychological
Works of Sigmund Freud”, traduzida para o inglês por J. Strachey, o termo Trieb foi traduzido por
instinto, o que aproximou a psicanálise de uma linguagem naturalista, conforme aponta Tavares (2013).
Na obra freudiana o termo Instintik aparece poucas vezes, conotando o instinto animal. Partilho do ponto
de vista de Hanns e Tavares que traduzem o termo Trieb por pulsão uma vez que está mais próximo do
uso alemão, contudo diversas traduções optam pela opção de instinto. Em vista de tal problema irei alterar
os trechos em que determinados tradutores optaram por instinto.

3
FREUD, 1920/2010a, p.202

3
Ao contrário, a hipótese conceitua a pulsão como uma força que busca “estados

anteriores”, que em última instância leva Freud a questionar o que seria um suposto

estado primitivo no qual a pulsão anseia. Diante de tal problemática, Freud desenvolve

um argumento especulativo que recorre à distintas áreas do conhecimento para

prosseguir suas investigações. Entre os postulados concebidos, é apontada a existência

de uma força que busca o estado anterior à existência da vida, que é deduzida ser a

matéria inorgânica. Assim, a tendência regressiva da pulsão consistiria, em última

instância, em uma força que se empenha na direção da morte do organismo. Tais ideias,

Freud apresenta cautelosamente de modo hipotético, mas a partir de 1923 passa a aceitá-

la por completo, o que leva ao desenvolvimento de um novo leque de questões para a

psicanálise. 4

Entretanto, ao contrário dos demais textos de Freud, as hipóteses de APP foram

recebidas com amplas resistências, inclusive por parte dos seguidores de Freud.

Segundo Ernest Jones (1957/1975), autor da mais reconhecida biografia de Freud, as

críticas podiam ser esquematizadas em dois níveis: apontamentos de caráter

metodológico, indicando as incoerências presentes na construção conceitual do

argumento de APP e críticas à ideia de que a pulsão conduziria em última instância à

matéria inorgânica. Jones aponta que entre os intérpretes, surgiram duas linhas de

leitura: a primeira fundamentada a partir de árduas críticas às teses de APP e

caracterizada pela recusa da incorporação das hipóteses de APP ao cânone psicanalítico,

e a segunda linha interpretativa iniciada por Melanie Klein, buscou encontrar aplicações

estritamente clínicas do conteúdo especulativo do argumento de APP, encontrando na

observação da mais tenra infância a justificativa das teses acerca da pulsão

4
A partir do artigo “O Eu e o isso” (1923) Freud passa a adotar as hipóteses de APP do ponto de vista
topográfico, estabelecendo uma nova divisão do aparelho psíquico em Eu, Isso e Super-Eu.

4
Segundo Jones, ambas as linhas interpretativas apresentam um distanciamento das

propostas iniciais de APP. Jones rebate a primeira linha interpretativa afirmando que até

o final de sua vida, Freud manterá o desenvolvimento das investigações de APP, o que

torna incoerente a tentativa de eliminação dessa hipótese do cânone freudiano. Também

pontua que apesar da tentativa de Klein de introduzir a pulsão em um contexto

observável clinicamente, o que diminuiria os problemas apontados pelos críticos ao

método especulativo de Freud, essa investigação também se distanciou da teoria original

de Freud. Jones então sugere uma opção interpretativa a partir da consideração das

distinções existentes entre as os aspectos especulativos e as observações clínicas.

Contudo, apesar da indicação, ele não progride nesse tipo de análise. A presente

investigação aceita a sugestão de Jones e procura desenvolvê-la. Para tanto, a pesquisa

será orientada pela seguinte pergunta: quais relações são estabelecidas entre

metapsicologia5 e psicologia clínica na construção do conceito de pulsão em APP?

As diferentes interpretações revelam a dificuldade exegética desta obra,

principalmente na especulação que procura fundamentar o caráter regressivo da pulsão.

Ciente desta situação, pretende-se possibilitar indicações epistemológicas que

evidenciam as diferentes etapas do argumento de APP, caracterizadas por nexos

específicos entre campo clínico e metapsicológico. Essa abordagem permitirá uma

interpretação atenta às particularidades do uso dos conceitos em diferentes momentos da

obra.

Psicologia clínica, metapsicologia e epistemologia


5
O termo metapsicologia foi criado por Freud para demarcar a especificidade de sua concepção teórica
em relação às análises psicológicas que até então tomavam como objeto a consciência, investigada a
partir da observação do comportamento humano. O campo inaugurado por ele diferencia-se da psicologia
ao tomar como objeto de pesquisa o estudo de uma realidade supra-sensível, os processos psíquicos
inconscientes , sendo estes descritos a partir de três vias: a tópica, que procura compreender as cisões
presentes no aparelho psíquico, analisando os processos característicos de cada instância; a dinâmica, cujo
foco são os conflitos entre os diferentes elementos do psiquismo e, finalmente, a econômica que investiga
as variações de quantidades de energia e seus destinos. Tal abordagem tríplice é considerada pelo autor
como a mais completa para descrever o funcionamento do aparelho psíquico.

5
No início do artigo “As pulsões e seus destinos” (1915), Freud esquematiza de

maneira concisa algumas características epistemológicas do saber psicanalítico,

explicitando algumas relações existentes entre o campo teórico e clínico na constituição

de seu pensamento:

O verdadeiro início da atividade científica consiste, antes, na descrição de


fenômenos, que serão depois agrupados, ordenados e correlacionados. Já na
descrição, não se pode evitar a aplicação de determinadas ideias abstratas ao
material, ideias tomadas de algum lugar, por certo não somente das novas
experiências [...] No princípio, elas devem manter certo grau de
indeterminação; não se pode contar aí com uma clara delimitação de seus
conteúdos. Enquanto se encontram nesse estado, chegamos a um
entendimento quanto ao significado, remetendo-nos continuamente ao
material experiencial, do qual parecem ter sido extraídas, mas que, na
verdade, lhes é subordinado. Portanto, elas têm a rigor o caráter de
convenções, embora seja o caso de dizer que não são escolhidas de modo
arbitrário, mas sim determinadas por significativas relações com o material
empírico, relações essas que imaginamos poder adivinhar antes mesmo que
as possamos reconhecer e demonstrar.6

Esta passagem oferece indicações exegéticas ao intérprete de textos psicanalíticos, duas

delas são de maior interesse para os objetivos desta proposta de investigação, a saber: i)

o caráter processual e fundamentalmente inacabado do seu quadro teórico, contrário à

pretensão de formalização da psicanálise em um sistema coeso, pois, precisamente

devido a essa incompletude sistêmica, o processo de construção conceitual comporta

certo “grau de indeterminação” que o leva a confrontar continuamente com o material

experiencial em um processo de determinação recíproca. Desta forma, pode-se entender

como parte integrante da construção do pensamento freudiano a revisão e reelaboração

de suas hipóteses, indicando a possibilidade de acompanhar os movimentos de

construção de seu edifício conceitual tendo ciência de suas indeterminações, conflitos

internos e das tentativas de superá-los; ii) o caráter de convenção existente na

formalização dos conceitos freudianos7. Para tal feito, Freud recorre a especulações

utilizando ideias abstratas “tomadas de algum lugar”, seja da ciência, dos mitos, da arte.
6
FREUD, 1915/2013a, p.15-7
7
Em “Introdução à epistemologia freudiana” (1984), Paul-Laurent Assoun aponta que tanto a censura
aos aspectos sistemáticos do saber quanto a referência às convenções como forma de compreender o
processo argumentativo, são influências da obra de Ernst Mach, particularmente “Conhecimento e erro”
(1905). Pretendo investigar essa influência durante a pesquisa.

6
O aspecto convencional que estas ideias ocupam no argumento freudiano pretende

investigar as exigências internas ao desenvolvimento do argumento que levaram Freud a

fazer uso de tais elementos.

Contudo, em APP Freud dá indícios de transformações em seu processo

epistemológico ao elaborar a hipótese do caráter regressivo da pulsão. Neste artigo

Freud afirma que o caráter regressivo da pulsão é a terceira etapa de teoria das pulsões,

sendo precedido pela extensão do conceito de sexualidade em “Três ensaios para uma

teoria sexual” (1905) e pela tese do narcisismo (1914):

o terceiro passo na teoria das pulsões, que aqui empreendo, não pode
reivindicar a mesma certeza dos outros dois anteriores, a extensão do
conceito de sexualidade e a tese do narcisismo. Essas inovações foram
transposições diretas da observação para a teoria, sem maiores fontes de erros
do que as inevitáveis nesses casos. É certo que também a asserção do caráter
regressivo das pulsões baseia-se em material observado, isto é, nos fatos da
compulsão à repetição. Mas talvez eu tenha superestimado o significado
deles. De toda maneira, só é possível levar adiante essa ideia combinando
repetidamente o factual e o apenas excogitado, assim afastando-nos da
observação8,

A passagem permite cogitar uma peculiaridade na construção argumentativa de

APP quando comparada com as precedentes. Até então o vínculo estabelecido entre o

material observado e o campo conceitual era caracterizado pelo autor como

“transposição direta”, no qual, aparentemente, havia a possibilidade de intercâmbio

entre os dados de uma psicologia clínica e conceitos metapsicológicos. Com APP, Freud

aponta para um momento de cisão entre metapsicologia e psicologia clínica, uma vez

que a especulação o afastou do material da observação. Pode-se conjecturar que há,

portanto, um momento da reflexão de APP em que o registro empírico e o conceitual se

separam, não sendo possível mais essa transposição.

O trecho também aponta três momentos em que houve “inovações” na teoria das

pulsões. Com o objetivo de compreender o caráter inovador da etapa que se propõe a

8
FREUD, 1920/2010a, p.233

7
investigar, será necessário apontar alguns elementos das etapas apontadas como

precedentes, indicando mudanças teóricas particularmente importantes para o objetivo

da pesquisa.

A extensão do conceito de sexualidade e a tese do narcisismo

Em “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”(1905), Freud faz o primeiro uso

do conceito de pulsão9. Neles, Freud redefine a problemática da sexualidade humana ao

desvinculá-la da perspectiva de uma teoria sexual baseada na função reprodutiva como

fundamento de práticas normativas e de classificações de desvios em termos de

perversões sexuais. A partir da interpretação das fantasias sexuais presente no discurso

de seus pacientes, do exame de práticas consideradas perversas e da observação do

comportamento de crianças, Freud postula que a sexualidade humana tem como

princípio a busca de um prazer como fim em si mesmo, não estando relacionado a

priori com a função reprodutiva. Freud passa a interpretar os diferentes fenômenos

sexuais a partir do conceito de pulsão, particularmente de pulsão parcial, dando ênfase

ao aspecto não integrado da busca pelo prazer. O aspecto parcial é em virtude da origem

da pulsão, gerada em múltiplas zonas erógenas produtoras de estímulos que visam a

satisfação de maneira desarticulada. Na primeira versão dos ensaios, não há uma

concepção precisa do conceito geral de pulsão, uma vez que o argumento conceitual

está fortemente vinculado com a diversidade do material empírico estudado pelo autor.

Apenas em 1915, Freud acrescenta ao texto uma concepção precisa do conceito geral de

pulsão

Por pulsão não podemos entender, primeiramente, outra coisa senão o


representante psíquico de uma fonte endossomática de estímulos que não
para de fluir, à diferença do ‘estímulo’, que é produzido por excitações
isoladas oriundas de fora. Assim, ‘pulsão’ é um dos conceitos na demarcação

9
Garcia-Roza (2018, p.79) aponta que Freud utiliza a expressão “trieb” desde os textos de 1890, contudo
tal termo ainda não é definido de maneira clara, apresentando-se ainda em um nível terminológico e não
conceitual.

8
entre o psíquico e o físico. A mais simples e imediata suposição sobre a
natureza das pulsões seria que elas não possuem qualidade nenhuma em si,
devendo ser considerados apenas como medida da exigência de trabalho feito
à psique. O que diferencia as pulsões uma das outras e as dota de atributos
específicos é a relação com suas fontes somáticas e suas metas. A fonte da
pulsão é um processo excitatório num órgão, e sua meta imediata consiste na
remoção desse estímulo no órgão10

Nessa passagem a pulsão é localizada na demarcação entre o físico e o psíquico. Assim,

Freud pensa a pulsão não inteiramente no interior do aparelho psíquico. A parte capaz

de ser apreendida pelo aparelho psíquico é chamada de representante psíquico, contudo

parte da pulsão permanece exterior ao aparelho psíquico. Outra relação estabelecida

neste trecho é a contraposição entre natureza somática da pulsão e os estímulos

perceptíveis. Ambos elementos, interiores e exteriores, são tomados pelo aparelho

psíquico a partir da mesma grandeza: a quantidade de tensão no organismo. Contudo, ao

contrário do meio externo cujos estímulos são descontínuos, a pulsão é caracterizada

enquanto força constante. É a partir desse caráter constante que impulsiona o organismo

que Freud postula que “são as pulsões, e não os estímulos externos, os verdadeiros

motores dos progressos que conduziram o sistema nervoso, com sua infindável

capacidade de realização, ao seu tão elevado patamar de desenvolvimento”11; postulado

que será contestado na revisão de 1920, como se pretende demonstrar na pesquisa.

A dimensão do conflito decorrente do caráter parcial da pulsão foi sobreposta a

um segundo conflito em 1910, entre a dimensão sexual e não-sexual do psiquismo. Em

“Concepção psicanalítica do transtorno psicogênico de visão”, Freud evidencia a

oposição entre pulsões sexuais e pulsões do Eu, na qual as primeiras buscam a

satisfação de maneira autônoma, o que acarreta um risco ao organismo, enquanto as

segundas asseguraram que as funções vitais sejam conservadas.

10
FREUD, 1905/2016, p.66-7
11
FREUD, 1915/2013, p.23

9
Contudo, no artigo “Introdução ao narcisismo” (1914), Freud apresenta a hipótese

que o Eu, até então uma instância inibidora da pulsão sexual, também é objeto da

sexualidade. Ao estudar um caso de parafrenia 12através da autobiografia de Daniel Paul

Schreber13, Freud atenta para um investimento amoroso em direção ao Eu, que leva o

doente a diminuir seu interesse pela realidade externa. No artigo de 1914, Freud

transpõe a observação do quadro de parafrenia a um conceito metapsicológico, o

narcisismo, postulando uma etapa do desenvolvimento sexual em que o Eu é tomado

como objeto da pulsão sexual. Com essa tese, os contornos do dualismo entre pulsão

sexual e pulsão do Eu passam a ficar cada vez menos claros. Como aponta Inara Marin

(2009), esse artigo representou um problema para Freud, o de manter o dualismo

pulsional incluindo a tese do narcisismo. A autora aponta que entre 1914-1920 Freud

defenderá um ponto de vista contraditório, admitindo ambas ideias, mesmo sendo

contrárias. Será apenas com APP que conseguirá desenvolver essa contradição através

de um novo dualismo, entre pulsão de vida e pulsão de morte.

A psicologia clínica na formulação do problema de APP

Logo nos dois primeiros parágrafos do texto, Freud faz uma breve referência aos

problemas ligados os nexos entre conceituação teórica e prática clínica que não se deve

subestimar a importância:

Não é de nosso interesse investigar em que medida, estabelecendo o princípio


do prazer, nos afiliamos a um sistema filosófico particular, historicamente
assentado. Chegamos a tais especulações na tentativa de descrever e dar
conta dos fatos que diariamente observamos em nossa área. 14

Ao afirmar a importância do dado factual para a construção teórica, é possível

compreender que, nessa passagem, Freud aponta que os conceitos estão subordinados
12
O termo parafrenia foi introduzido por Freud ao tratar pacientes com duas características fundamentais:
megalomania e perda de interesse com a realidade exterior. O quadro clínico também é chamado de
dementia precox, na definição de Emil Kraepelin, e também denominado como esquizofrenia, segundo a
definição Eugen Bleuler.
13
“Observações psicanalíticas sobre um caso de paranoia relatado em autobiografia” (1911),
14
FREUD, 1920/2010a, p. 162.

10
aos dados no que se refere à função terapêutica do saber psicanalítico. A psicologia

clínica apresenta, assim, um conjunto de fenômenos possíveis de serem descritos,

agrupados e tratados terapeuticamente a partir de um saber especulativo. Como aponta a

passagem, esse saber procura criar um quadro explicativo que não se filia,

necessariamente, a um sistema teórico já desenvolvido, uma vez que apresenta uma

relação permanente com o factual. Dessa forma, caso sejam apresentados dados que

contradizem os fundamentos do sistema teórico, este terá que ser revisto.

Essa é a estratégia argumentativa utilizada por Freud ao introduzir uma série de

fenômenos que contrariam o princípio do prazer. Freud definirá o princípio do prazer a

partir de dois pressupostos: i) o princípio do prazer é incitado por um aumento de

excitação vivida enquanto desprazer e procura abaixar essa quantidade de tensão, o que

gera a sensação de prazer. ii) o aparelho psíquico procura manter a sua excitação interna

o mais baixa possível.

Freud apresenta uma série de quatro casos que possuem a característica de uma

busca por uma experiência de desprazer sem vinculação com qualquer tipo de prazer.

Primeiramente são apresentados os sonhos em casos de neuroses traumáticas, na qual o

doente, após ter vivido um acidente inesperado, passa a retornar constantemente à

situação traumática através de seus sonhos. Freud aponta a relevância desse dado, uma

vez que contraria as teses apresentadas em "A interpretação dos sonhos” (1900) na qual

os sonhos são processos nos quais há uma vivência imaginária de uma realização de

desejo e o doente não deseja voltar a situação traumática. A segunda situação se

assemelha a primeira porque também diz respeito a uma vivência de perigo, Freud

observa uma brincadeira realizada por seu neto após sua mãe o deixar. A criança

representa sua saída através do lançamento de um carretel e sua chegada com a puxada

capaz de trazer o objeto de novo a seu domínio. Freud nota que o fato da mãe da criança

11
ir embora era motivo de desprazer e, ao contrário, o retorno causava alegria a ela; os

mesmos afetos eram vividos com o lançamento e a puxada do carretel 15. Contudo Freud

nota que seu neto repetia compulsivamente o lançamento, não dando a mesma

importância à volta, como se a criança procurasse vivenciar a experiência de separação

repetidas vezes. O terceiro caso são as neuroses de transferência, fenômeno que ocorre

na relação entre analista e analisante, no qual há uma atualização de vivências penosas

ligadas ao complexo de Édipo, as quais o analisante procura repetir detalhadamente. Por

fim, Freud nomeia um conjunto de fenômenos como neuroses de destino, casos em que

o indivíduo parece vivenciar passivamente situações de dor, nas quais tem se a

impressão de que são produzidas fora de sua influência, revivida como um destino.

Como dito anteriormente, os conceitos devem organizar a experiência clínica e

possibilitar um manejo terapêutico para esta. É elaborada então a hipótese de uma

“compulsão à repetição” que se sobrepõe ao princípio do prazer devido a um caráter

elementar e, portanto, anterior a este. Para procurar justificar tal suposição, Freud inicia

uma nova etapa de sua investigação, na qual supõe-se que há uma mudança na relação

estabelecida entre prática clínica e campo conceitual.

Uma especulação forçada

A qualificação de “uma especulação forçada” (oft weitausholende Spekulation) é

usada por Freud no início da sessão IV de APP para denominar a etapa que aí se inicia.

Nela, seu argumento se distancia progressivamente de recursos do campo clínico,

recorrendo a distintas áreas do conhecimento, com o intuito de compor os meios para

explorar sua hipótese. Essa é a parte considerada mais polêmica do texto, onde se

concentram as divergências teóricas provenientes de diferentes linhas interpretativas.

15
O caso é relatado entre os parágrafos 6 à 8 da segunda sessão de APP (1920/2010a, p.171-3)

12
Para justificar a hipótese da anterioridade da compulsão à repetição em relação ao

princípio do prazer, Freud transforma uma série que aparecia enquanto uma anomalia da

prática clínica em um problema metapsicológico. Para tanto, busca dar à compulsão à

repetição um tratamento econômico, ou seja, uma análise que privilegie a quantidade, a

origem e os destinos da energia no interior do aparelho psíquico. Dessa forma, Freud

passa a tratá-la a partir da mesma grandeza do princípio do prazer: o acúmulo de tensão

no organismo e sua descarga. No desenvolvimento do seu problema, o autor faz uso da

teoria do trauma, elaborada em conjunto com Breuer em 1895 em “Estudos sobre

histeria”. Seu argumento se ocupa primeiramente da diferenciação entre energia em

estado livre e ligada. No primeiro caso, a energia flui livremente, sem o controle do

aparelho psíquico, enquanto no segundo, ela está incorporada (ligada) a determinadas

partes do aparelho. Com esses elementos, Freud introduz o tópico da vivência de dor

traumática. Essa experiência é compreendida a partir de um ponto de vista econômico

como uma grande soma de excitações advindas de uma fonte externa capaz de romper

as proteções do organismo, invadindo-o sem que este esteja preparado. Segundo essa

teoria, em tais situações o aparelho psíquico utiliza como mecanismo de defesa o

“contrainvestimento”, no qual há o “desligamento” de somas energéticas que até então

estavam ligadas a certas regiões do aparelho psíquico com o intuito de criar, em torno

do local da irrupção, ligações suficientemente fortes que dominem o influxo invasor.

Freud conclui o desenvolvimento do problema acerca da manifestação clínica da

compulsão à repetição ao se “arriscar” a interpretar os sintomas da repetição a partir da

analogia destes com a vivência de dor. Na seguinte passagem Freud apresenta sua

hipótese de leitura para o caso das neuroses traumáticas, o mesmo raciocínio será

estendido às demais manifestações trabalhadas nas sessões anteriores:

13
Creio que podemos nos arriscar a ver a neurose traumática ordinária como a
consequência de uma vasta ruptura contra estímulos[...] Se os sonhos dos
neuróticos que sofreram acidentes fazem os doentes voltarem regularmente à
situação do acidente, então eles não se acham a serviço da realização de
desejo, cuja satisfação alucinatória tornou-se, sob domínio do princípio do
prazer, função dos sonhos. Mas podemos supor que desse modo eles
contribuem para outra tarefa, que deve ser resolvida antes que o princípio do
prazer possa começar seu domínio. Tais sonhos buscam lidar
retrospectivamente com o estímulo [...] a outra tarefa do aparelho psíquico,
controlar ou ligar a excitação, teria precedência, não em oposição é certo,
mas de forma independente dele e sem consideração por ele, em parte16.

Freud justifica a hipótese da anterioridade da compulsão à repetição em relação ao

princípio do prazer ao definir o princípio cuja função é controlar os estímulos,

possibilitando que a excitação seja regulada pelo princípio prazer. Considera-se que,

embora seja uma etapa em que o autor não utiliza dados empíricos para construir seu

argumento, o campo clínico aparece como exigência última da interpretação dos

sintomas. Os passos seguintes parecem apresentar o estabelecimento de um outro nexo

entre metapsicologia e psicologia clínica no qual há uma interrupção das relações entre

os campos, não havendo mais possibilidades de encontrar elementos equivalentes entre

um campo e outro.

A pulsão, conforme a definição de 1905/1915, é localizada em uma região fora do

aparelho psíquico, sendo incorporada a este somente por meio de seu “representante

psíquico”. Dessa maneira, a pulsão é tratada, sobretudo, através de seu aspecto de

energia ligada. Em APP Freud assume outra posição: “Talvez não seja muito arriscado

supor que os impulsos que partem as pulsões não obedecem ao tipo de processo nervoso

‘ligado’, mas àquele livremente móvel, que pressiona por descarga” 17. Essa mudança

teórica possibilita a Freud o levantamento de novas questões acerca da vida pulsional,

principalmente a respeito do componente que está fora do controle do aparelho psíquico

e, portanto, fora do princípio do prazer.

16
FREUD, 1920/2010a, p.194
17
FREUD, 1920/2010a, p.198

14
Em busca do aspecto mais elementar da pulsão, Freud levanta a hipótese segundo

a qual a pulsão é uma força que visa restabelecer estados anteriores. A definição é vaga:

o que são os esses estados anteriores? Esse ponto possibilitou diferentes tipos de

interpretação acerca da pulsão18, sendo considerado um dos mais obscuros da obra.

Procurando elaborar o que é esse movimento que busca estados cada vez mais

primitivos, Freud radicaliza seu argumento através de perguntas de alto teor

especulativo, como a respeito da precedência da morte em relação à vida, da existência

de uma pulsão que impele para a morte, da origem da relação sexual e da possibilidade

de uma força unificadora tal qual o Eros grego. Para prosseguir no desenvolvimento de

tais questões Freud recorre a teses retiradas das ciências biológicas, da mitologia e da

filosofia para buscar meios que tornem possível seu pensamento. Este desenvolvimento

levará a postular a existência de duas forças, geradoras de um novo conflito pulsional.

De um lado pulsão de vida, força de união que procura retornar a uma suposta fusão

existente em um estado primordial, de outro, pulsão de morte, força que busca retornar à

quietude anterior da existência da vida, na qual a matéria inorgânica estaria em um

estado livre de tensões.

Para interpretar as diferentes passagens da obra, a pesquisa assume uma

abordagem interpretativa que privilegia a compreensão dos vínculos internos da

construção argumentativa. Procuramos compreender o papel ocupado pelos diferentes

elementos e a coerência estabelecida entre eles, independentemente da comprovação de

sua veracidade. Além deste aspecto, pretende-se compreender o desenvolvimento desse

argumento tendo como referência as tensões internas da obra de Freud, particularmente


18
Pretendo investigar na pesquisa as interpretações de Joel Whitebook (2017), André Green (1986), Gerd
Kimmerle (1999) e Luiz Roberto Monzani (1989). Os dois primeiros representam uma linha interpretativa
contrária à nossa hipótese, os autores procuram justificar as teses apresentadas acerca do caráter
regressivo a partir de uma referência empírica, particularmente através de argumentos que buscam na vida
infantil o significado deste retorno. Já Kimmerle e Monzani, atentando aos aspectos epistemológicos de
Freud, procuram compreender o uso que Freud faz da biologia e da filosofia a partir de seu valor de
convenção metapsicológica.

15
nos problemas deixados em aberto a partir do artigo “Introdução ao narcisismo” e na

definição de pulsão de 1905/1915, conforme indicamos acima.

A hipótese da pesquisa indica três momentos em APP, caracterizados por

diferentes nexos entre metapsicologia e psicologia clínica, esquematizados da seguinte

forma:

- (i) Seções I-III. Etapa na qual metapsicologia está subordinada ao exame do

material empírico – formulação do problema a partir da experiência clínica.

- (ii) Seção IV, parágrafos 1-4 da seção V. Etapa na qual os sintomas clínicos são

traduzidos em termos metapsicológicos com o intuito de justificar a hipótese da

anterioridade da compulsão à repetição em relação ao princípio do prazer.

- (iii) Seção V a partir do 5°parágrafo, Seção VI e VII. – Etapa caracterizada por uma

cisão entre campo metapsicológico e clínico. A conceituação é estritamente

metapsicológica, havendo a impossibilidade de tradução em termos de experiência

clínica.

Tais indicações epistemológicas poderão oferecer aos leitores de APP certas

recomendações acerca da particularidade do uso dos conceitos, evitando interpretações

que simplesmente neguem o valor da obra ou que busquem na psicologia clínica a

justificativa de fatores estritamente metapsicológicos.

Objetivos

O objetivo geral da pesquisa é investigar os diferentes nexos estabelecidos entre

metapsicologia e psicologia clínica na construção da hipótese do caráter regressivo da

pulsão em APP.

16
Para tanto, os objetivos específicos são: (i) investigar os aspectos epistemológicos

da metapsicologia freudiana em APP; (ii) realizar uma leitura de APP que pontue as

diferentes partes da argumentação freudiana a partir da transformação das articulações

estabelecidas entre metapsicologia e psicologia clínica; iii) analisar os elementos da

parte denominada como especulativa, procurando indicar as exigências internas ao

desenvolvimento do argumento que justificam sua utilização.

Plano de trabalho e cronograma de sua execução

Para alcançar o objetivo geral, a pesquisa se desenvolverá através das seguintes

etapas:

Etapa I - Leitura, sistematização e análise da bibliografia acerca da epistemologia da

psicanálise freudiana. Nessa etapa será investigada as condições do saber psicanalítico,

com ênfase nas particularidades de seu aspecto metapsicológico e de sua prática

terapêutica.

Etapa II - Leitura, sistematização e análise da bibliografia dos artigos metapsicológicos

acerca da temática da pulsão, entre eles: “Três Ensaios sobre a teoria da sexualidade”

(1905), “Concepção psicanalítica do transtorno psicogênico da visão” (1910);

“Introdução ao narcisismo” (1914); “As pulsões e seus destinos” (1915); “Além do

princípio do prazer” (1920); “O eu e o isso” (1923).

Etapa III - Leitura, sistematização e análise da bibliografia do debate, dos comentários e

de textos secundários acerca da temática envolvendo o objeto da pesquisa.

Etapa IV - Confrontação dos resultados e do material desenvolvido nas etapas

anteriores, de modo que seja averiguada a hipótese da pesquisa. Organizar o material

para a dissertação.

17
Ademais, pretendo submeter à FAPESP um pedido de Bolsa de Estágio de

Pesquisa no Exterior (BEPE), com o intuito de desenvolver a pesquisa em uma

universidade estrangeira de excelência no campo epistemológico da psicanálise.

Preliminarmente, cogito realizar um estágio de pesquisa na Université Paris-Diderot

com o professor Patrick Guyomard, importante nome que vem contribuindo no estudo

da epistemologia da psicanálise, principalmente na relação entre teoria e prática, com

destaque para sua tese: “Recherche sur les rapports entre la théorie et la pratique en

psychanalyse” (1999). Igualmente me interessa a orientação da professora Monique

David-Ménard, vinculada à mesma instituição, cuja pesquisa acerca do papel da

biologia na obra freudiana trouxe considerável avanço na epistemologia da psicanálise,

com destaque para sua tese “Pour une épistémologie de la métaphore biologique en

psychanalyse” (1978).

Cronograma:

Atividade/Período 1º Sem. 2º Sem. 3º Sem. 4º Sem. 5º Sem. 6º Sem.


Realização das disciplinas
Etapa I
Redação do relatório parcial
Estágio no exterior
Etapa II
Etapa III
Etapa IV
Redação da dissertação

Métodos

A metodologia de trabalho consiste, basicamente, em: (i) análise e interpretação

dos textos citados na bibliografia, recorrendo aos textos no idioma original quando

18
necessário; (ii) análise e interpretação da literatura secundária; (iii) elaboração de

relatórios com os dados das análises e interpretações de textos, visando a verificação da

hipótese da pesquisa; (iv) estágio de pesquisa no exterior; (v) discussão dos relatórios e

dos rumos da pesquisa com a professora orientadora e seu grupo de pesquisa; (vi)

participação de encontros de pesquisa e congressos, apresentando os resultados da

pesquisa em andamento; (vii) redação da dissertação.

Referência bibliográficas

Bibliografia Primária
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Sigmund Freud, Volume 6. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
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Obras Completas de Sigmund Freud, Volume 9. São Paulo: Companhia das Letras,
2013b. _______, “Introdução ao narcisismo” (1914) In: Obras Completas de Sigmund
Freud, Volume 12. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
_______, “Pulsões e seus destinos” (1915) Belo Horizonte: Autêntica, 2013a.
_______, “Além do Princípio do Prazer” (1920) In: Obras Completas de Sigmund
Freud, Volume 14. São Paulo: Companhia das Letras, 2010a.
_______, “O Eu e o Isso” (1923) In: Obras Completas de Sigmund Freud, Volume 16.
São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
_______, “Mal estar na civilização” (1930) In: Obras Completas de Sigmund Freud,
Volume 18. São Paulo: Companhia das Letras, 2010b.
Bibliografia secundária

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_________, Freud, a filosofia e os filósofos. Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves,
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Brasileira, 2007.
DAVID-MÉNARD, M. “Pour une épistémologie de la métaphore biologique en
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Psicopatologia da Université Paris Diderot, 1978.
FINGERMANN, D. Os paradoxos da repetição. São Paulo: Annablume, 2014.
FULGENCIO, L. O método especulativo em Freud. São Paulo: Educ, 2008.

19
GARCIA ROZA, Introdução à metapsicologia freudiana Volume 3. Rio de Janeiro:
Zahar, 1995.
______________, Freud e o Inconsciente. Rio de janeiro: Zahar,1996.
GIACOIA, O. Além do princípio do prazer: um dualismo incontornável. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2008.
GREEN, A. A pulsão de morte. São Paulo: Escuta, 1986.
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HANNS, L. Dicionário comentado do alemão de Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
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