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COMO PASSEI EM 2º LUGAR NO ICMS/SP 2009

(30/01/2013)
Ivan Ozawa Ozai

O título (um pouco escandaloso, diga-se de passagem) foi para chamar sua atenção
para um aspecto importantíssimo do estudo no momento em que estamos agora: período
pós-edital. Estou escrevendo para dar uma sugestão de estudos para quem já está há um
tempo aí nessa estrada. É algo que nunca comentei abertamente, mas gostaria de
compartilhar com vocês aqui do grupo NEAF ICMS SP, pois talvez possa ajudar alguém.
Claro, sinta-se livre para compartilhar com quem quiser.

Quando sai o edital é uma mistura de emoções. Por um lado, ficamos animados
com a novidade, o que nos faz estudar mais. Por outro, surge aquela ansiedade, que às
vezes vira desespero, e acaba dificultando nossa concentração. Começamos a duvidar da
nossa capacidade, do nosso método, do nosso cronograma etc.

Vou sugerir algo que é geralmente ignorado pelos concursandos. É o que, na minha
forma de ver, fez com que eu passasse bem classificado no ICMS/SP 2009.

Garanto para vocês que não sou nenhum gênio e, tampouco, sou dos mais
disciplinados nos estudos. Pelo contrário, sempre fui muito preguiçoso. Eu tenho certeza
de que quando saiu o edital eu não estava entre os mais bem preparados, até porque à
época do concurso eu trabalhava em período integral. Logo, só tinha o período da noite e
os fins de semana para estudar. Provavelmente, eu sabia bem menos do que os 100
melhores colocados no concurso. Ok, então como é que eu passei tão bem classificado?

Vou explicar: dois meses antes da prova eu não estava melhor preparado do que os
demais; duas semanas antes da prova eu não estava melhor preparado do que os demais;
dois dias antes da prova eu não estava melhor preparado do que os demais. Mas no dia da
prova eu estava muito, mas muito bem preparado. Eu estava nos meus 100%! E vou
explicar o porquê.

No período pós-edital é muito comum a gente começar a perder o foco. E o foco, no


caso, deve ser a revisão. Tudo isso que eu estou escrevendo, então, é só para falar disso:
revisão. Daí você já vê a importância que dou para isso. A revisão é o que você deve fazer
nas 2 últimas semanas que antecedem a prova.

Nessas 2 últimas semanas, então, você não vai estudar da mesma forma que vinha
estudando no seu dia-a-dia. Você deve revisar o conteúdo. O que isso quer dizer?

No dia-a-dia, no período pós-edital, eu basicamente resolvia questões, pois nessa


época isso é mais importante (e eficiente) do que estudar teoria. Eu sempre marcava
minha porcentagem de acertos, que variava entre 60% a 90%, conforme a matéria. Bom,
pare agora por um instante e pense. Imagino que você tenha uma porcentagem
semelhante à minha de acertos. Então, pergunto: o que acontece com os outros 10% a
40%? Por que eu e você nunca chegamos a 100% de acertos (ao menos não na maioria das
matérias)?

São assuntos que nós temos dificuldade de assimilar, ou então que temos maior
propensão a esquecer. Você já deve ter passado muito por isso. Você tenta resolver a
questão e não consegue ou então não sabe a resposta. Assim que vê o gabarito e o
comentário do professor você diz: é claro, só podia ser isso! Não é que você não
compreenda o conteúdo. O que ocorre é que você simplesmente não consegue lembrá-lo
por muito tempo.

A questão é que nossa capacidade de memorização é limitada. Com o tempo, parte


do conhecimento que fomos adquirindo vai ficando para trás. Vamos aprendendo coisas
novas e esquecendo outras que já sabíamos. Obviamente, não é que o novo conteúdo
substitui o anterior, mas é simplesmente que o cérebro vai “deixando de lado” aquelas
informações “menos úteis”. Então, é certo que muito do que você estuda se mantém fresco
no cérebro por um dia, dois dias, uma semana, mas após um tempo muita coisa começa a
ser naturalmente esquecida.

Ok. Então, com o que uma revisão deve se preocupar?

Simples, com os 10% a 40%.

Isso porque aqueles 60% a 90% que você acerta sempre é o conteúdo que já ficou
gravado na sua memória. Você já viu esse conteúdo o suficiente para lembrá-lo por um
tempo razoável. Essas são as questões que você nunca erra porque já conhece bem. Se
você ficar, então, 2 semanas sem ver esse material (isto é, se você não estudar esse
conteúdo nas duas semanas anteriores à prova) você não terá praticamente nenhum
prejuízo.

Está aí, então, um primeiro ponto. Se vou revisar, por exemplo, direito tributário,
não me parece eficiente pegar um conjunto de esquemas que eu tenho direito tributário e
estudar toda a matéria, do começo ao fim. Vou perder um tempo enorme com um monte
de coisa que eu já estou cansado de saber. E o pior: como eu já sei a maior parte desse
conteúdo, chega um momento da revisão em que o meu cérebro “liga no automático”, quer
dizer, eu passo a nem prestar atenção direito no que eu estou supostamente revisando,
porque é tudo muito monótono (eu já sei a maior parte das coisas que está lá). E aí os
10% a 40% (que era o que eu realmente deveria revisar) passam despercebidos junto com
o restante da matéria. Definitivamente: essa não é a melhor forma de revisar!

Como fazer então?

Vou dizer o que eu fiz. Antes de chegar nas semanas da revisão (ou seja, no período
que vocês estão vivendo agora), quando eu resolvia os exercícios eu fazia um asterisco
naquelas questões que eu errava sempre, e também nas que eu achava difíceis, e ainda nas
que eu achava muito relevantes para as semanas da revisão. Ou seja, eu marcava aquelas
questões que representavam os 10% a 40% que eu costumava errar ou que tratavam de
assuntos sobre os quais eu não tinha muito segurança. Então, a minha semana de revisão
foi muito tranquila (se é que se pode chamar de tranquilo estudar todo dia até a meia-
noite...), porque bastava eu fazer as questões que eu havia marcado nas semanas
anteriores. Nas duas últimas semanas antes da prova todos estavam muito ansiosos. Eu
também, é óbvio, mas pelo menos eu já sabia o que fazer: bastava pegar todas aquelas
questões com asterisco e resolvê-las. Simples assim.

Esse então é o segundo ponto: não deixe para se preocupar com a revisão no
momento em que chegar a hora da revisão. O material da revisão deve ser preparado a
partir de hoje!

Um terceiro ponto é: sempre que possível, estude por questões comentadas.


Quando eu fazia os meus asteriscos nas questões que eu achava relevante, eu sublinhava
os trechos comentados mais relevantes. Assim, a revisão ficava mais consistente. Os
comentários adicionam informações que às vezes a questão não aborda.

Um parêntese: para quem está estudando pelo NEAF é mais fácil ainda. Basta criar um
arquivo do Word para cada matéria. Faça um [CRTL + C] nas questões que você quer
revisar e um [CTRL + V] no arquivo, acrescentando eventual comentário do prof. que
você tenha achado relevante. Assim, no dia da revisão, seu material estará já todo
compilado, pronto para usar! Só não se esqueça de copiar também o gabarito.
Pronto. Já fiz a propaganda do curso, senão o Alessandro e Yves me matam... rs...

Revisar com base em material teórico é muito complicado, porque o conteúdo é


grande demais. Revisar com base em esquemas pode funcionar, mas o problema é o tempo
que se perde para prepará-los, a menos que alguém (um professor, por exemplo) tenha
preparado para você. Se não me engano, já estão vendendo livros que se propõem a isso,
mas sinceramente nunca vi para saber se são bons. Mas, ainda assim, essa forma de
revisão é muito perigosa, porque nem sempre é fácil filtrar aquilo que você deveria
revisar. Então, você corre o risco de revisar muito mais conteúdo do que precisaria, e aí
caímos no problema que eu comentei no primeiro ponto acima. Você perde o foco e a sua
revisão se torna ineficiente (lembre-se: ser estratégico é tudo neste momento). Por fim,
estudar com base em questões secas (sem comentários) pode resolver sim. Essa é forma
pela qual eu revisei, por exemplo, legislação do ICMS. O único material que eu tinha era um
livro de questões só com gabarito sem comentários do Pedro Diniz. Mas certamente se eu
tivesse um material comentado teria sido muito melhor.

O quarto ponto, e último, é como você deve estruturar as 2 semanas de revisão.


Note que poderia ser mais ou menos do que 2 semanas, mas esse tempo me parece
razoável.

Mais um parêntese: É bom deixar claro novamente que nessas duas semanas que
antecedem a prova seus estudos serão completamente diferentes das semanas
anteriores. Essas semanas são dedicadas exclusivamente para a revisão. Sua revisão
será do dia 11/03 a 22/03. Leve isso em conta, então, agora para recalcular seu tempo
de estudo. Seus dias de estudo “normal” só vão até o dia 10/03. Após esse dia, é só
revisão.

Ok, como você vai coletar o material a partir de hoje, já terá muita coisa para
estudar nas duas semanas da revisão. E como estruturar o cronograma da revisão?

Aqui entramos na própria “filosofia” da revisão. Para mim, a ideia da revisão é a


seguinte. No período normal de estudos eu acertava sempre entre 60% a 90%, pois esse é
o conteúdo que já estava na minha “memória de longo prazo”. Se eu ficasse dois meses
sem ver esse conteúdo, provavelmente eu começaria a esquecê-lo. Porém, se eu ficar
apenas duas semanas sem vê-lo, não tem muito problema. Ele vai estar lá, bem guardado
na minha memória. Ok, então se logo antes da prova eu estudar os 10% a 40% que eu
costumava errar, esses 10% a 40% ainda estarão suficientemente frescos no dia da prova,
e se somarão aos 60% a 90% que eu acertava sempre. Em tese, no dia da prova estarei
100% preparado!

Óbvio que isso é apenas teórico, mas garanto que vocês conseguirão aumentar
muito o nível de acertos no dia da prova. Isso foi fundamental para a minha aprovação no
ICMS/SP 2009. Um mês antes da prova eu certamente estava longe de passar bem
colocado, pois meu foco não era estar bem preparado a qualquer momento. Meu foco era
estar pronto no dia da prova. E cheguei na prova com muita confiança, pois sabia que, ao
menos teoricamente, eu estava 100% preparado naquele dia. Isso fez toda diferença!

Para você ter uma ideia, no dia-a-dia, quando eu praticava questões, eu raramente
conseguia acertar mais de 80% das questões. Isso ocorria em pouquíssimas matérias.
Talvez só conseguisse isso em direito tributário e português (mas isso porque eu,
desavisadamente, só estudava português com as provas da ESAF, já que meu foco original
era para a SRFB; se fosse com provas da FCC certamente esse nível de acertos seria bem
menor...). A minha média de acertos de todas as matérias devia ser em torno de 70% a
75%. Na prova do ICMS/SP 2009, mesmo com todas as circunstâncias desfavoráveis de
qualquer prova (quer dizer, você está submetido a uma pressão muito maior do que
quando faz questões em casa), eu acertei 84,12%! Muito acima do que eu conseguia fazer
normalmente! E olha que pelo tempo apertado da P1 eu não consegui fazer nenhuma das
15 questões de matemática e estatística. Chutei todas direto na folha do gabarito e só
consegui 1 único ponto dessas matérias!

Outro parêntese: lembra daquela recomendação dos professores de, nesses casos,
chutar todas as questões em uma única letra? Pois é, não contrarie a estatística como eu
fiz. Nesse dia eu estava tão confiante que pensei que a minha sorte iria me ajudar. Ao
invés de chutar todas em uma única letra, eu decidi tentar “psicografar” as respostas na
folha de gabarito, e fui chutando tudo aleatoriamente. Resultado: acertei 1 de 15...

Bom, voltando então ao quarto ponto. Como você deve estruturar o cronograma
das 2 semanas da revisão? Comece de trás para frente. Primeiro pense naquele conteúdo
que você tende a esquecer mais rapidamente e também no conteúdo que é mais relevante
para a prova. Essas matérias ficarão para o último dia antes da prova (22/03). Para o dia
21/03, use o mesmo raciocínio. Então, a ideia é que você vá hierarquizando as matérias,
com base na relevância do conteúdo e no tempo que você demora para esquecê-lo, e assim
vá caminhando de trás para frente, quer dizer, vá determinando o cronograma do dia
22/03 para o dia 11/03.

Note que a semana do dia 17/03 a 22/03 é a semana da revisão fina. É a última
vez que você verá aquele conteúdo. Então, deve ser planejada meticulosamente. A semana
que vai do dia 11/03 ao dia 16/03 é, na verdade, uma pré-revisão.

Peraí, então eu vou revisar o mesmo conteúdo duas vezes? Exatamente isso.
A semana da pré-revisão vai servir para duas coisas:

1 - preparar seu cérebro para a semana seguinte, quer dizer, você ajusta seu
cérebro para se adaptar à nova forma de estudos;

2 - aprender qual a melhor forma de revisar na semana seguinte. Ou seja, é quase


como um ensaio. Você usa a primeira semana para entender como você se adapta a
revisões (quanto tempo leva para revisar cada matéria, quais matérias demoram mais,
qual a melhor forma de revisar determinadas matérias etc.) e, então, ajusta com maior
detalhamento o conteúdo e o cronograma do que vai estudar na segunda semana.

Ok, recapitulando:

1º ponto - Na sua revisão, não perca tempo revendo todo o conteúdo de cada
matéria! Isso é extremamente ineficiente. Além de você gastar muito mais tempo do que o
necessário (e tempo, neste momento, é precioso), você perde o foco da revisão. A revisão
deve ser sempre personalizada. O seu material de revisão vai ser completamente diferente
do material do seu amigo. O seu material de revisão consiste nos 10% a 40% das questões
que você erra com frequência.

2º ponto - Não deixe para se preocupar com a revisão apenas no momento em que
chegar a hora da revisão. O material da revisão é preparado agora, a partir de hoje! Todo o
período pós-edital deve ser usado para uma única finalidade: preparar o material da
revisão.

3º ponto - Se possível, estude por questões comentadas. Marque as questões que


você quer ver na revisão com um asterisco e sublinhe comentários do professor que você
acha importante reler na época da revisão.

4º ponto - A revisão é dividida em dois períodos: pré-revisão (11/03 a 16/03) e


revisão fina (17/03 a 22/03). A revisão fina é a revisão definitiva. A pré-revisão serve para
já ir preparando o seu cérebro para a revisão fina. Além disso, como na pré-revisão você
acaba vendo o material que vai ver novamente na revisão fina, esse período ajuda a avaliar
e planejar de modo mais preciso como você estudará na sua semana final de estudos. Para
estruturar o cronograma da revisão, comece pelo dia 22/03 e então vá voltando até chegar
ao dia 11/03. Você não precisa montar o cronograma agora. Comece a estruturar o
cronograma uma ou duas semanas antes do período da revisão.

Lembre-se: sua preparação deve deixar você pronto para o dia da prova. Nem um
dia antes nem um dia depois.

Esse texto ficou maior do que eu pretendia, mas espero que possa ajudar.

Qualquer dúvida, é só escrever.

Abraços, bons estudos e ótima revisão!

Ivan Ozai
(30-1-13)

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